Este documento discute princípios e métodos de proteção fitossanitária em agricultura. Ele destaca a importância do planejamento e conhecimento do ciclo da cultura e seus inimigos. Prevenção é melhor do que remediar, através de solo equilibrado, diversidade biológica e condução adequada da cultura. Vários meios de proteção são descritos, incluindo quarentena, luta genética, cultural, biológica, biotécnica, física e química (com produtos natur
2. Necessário planeamento.
Exige-se conhecimento:
do ciclo da cultura
da biologia de pragas e doenças potenciais
dos meios de protecção e das suas
capacidades
da influência do clima da região
…
PRINCÍPIOS GERAIS – PREVENIR
3. Vale mais prevenir que remediar:
criar condições para que os agentes nocivos
não atinjam níveis populacionais elevados
PRINCÍPIOS GERAIS – PREVENIR
Solo equilibrado, corrigido e nutrido
(preocupação com o teor de MO)
Enquadramento bio-diverso
Instalação correcta da cultura
Gestão adequada da canópia (arejamento)
6. A quarentena
visa prevenir a introdução e difusão de pragas
exóticas, através do controlo de vegetais
importados de outros países ou regiões suspeitas
O controlo deve ir além do material vegetal
plantas, partes de plantas, estacas, bolbos,
sementes,
também a meios de transporte, embalagens
7. O material vegetal é inspeccionado e tem de
vir acompanhado por documentos oficiais
A inspeção é feita nas fronteiras terrestres,
marítimas e aéreas e pode originar:
• proibição de entrada
• submissão a quarentena (sentido estrito)
• submissão a tratamento à entrada
• futura observação em cultura
9. A utilização da resistência genética é um
dos métodos de controlo
mais eficientes,
de fácil acesso pelos produtores,
económico,
A resistência genética a doenças pode ser
definida como a capacidade do hospedeiro
em impedir o desenvolvimento do patogénio
10. cultivares resistentes a doenças
resistências geral, específica e retardante
tolerância
cultivares resistentes a pragas
cultivar imune
cultivar resistente por
não preferência, antibiose, tolerância
11. Portugal tem instituições de renome, na área
do melhoramento das plantas:
Estação Nacional de Fruticultura Vieira
Natividade – Alcobaça
Estação de Melhoramento de Plantas – Elvas
Núcleo de Melhoramento do Milho – Braga
Estação Agronómica Nacional – Oeiras
Centro de Investigação das Ferrugens do
Cafeeiro – Oeiras
12. No plano nacional, são êxitos conhecidos
linhas de cereais resistentes às ferrugens
variedades de meloeiro resistentes ao oídio
No plano internacional cita-se a criação de
linhas de cafeeiro com elevado potencial
produtivo e resistente à ferrugem (Hemileia
vastatrix),
doença responsável pela destruição de
plantações de cafeeiro em todo o mundo
13. 13
Cafeeiro – cultivar ‘Oeiras'
resistente a Hemileia
vastatrix
Exemplo
Centro de Investigação
das Ferrugens do Cafeeiro
- Oeiras
14. Métodos clássicos:
seleção massal
enxertia
hibridação
Métodos modernos (biologia celular):
micropropagação ou multiplicação
vegetativa in vitro
haploidização
cultura de embriões
fusão de protoplastos
15. A biologia celular (excetuando a cultura de
protoplastos) não faz mais que as técnicas
ancestrais de reprodução faziam ao nível da
planta
Os Organismos Geneticamente modificados
não são autorizados em Agricultura Biológica
A transgenética permite hoje a manipulação dos
genes contidos no ADN e a alteração do genoma
de um ser vivo
16. 16
Exemplo
Em 1867 as vinhas durienses foram invadidas por uma praga
temível: a filoxera (Daktylosphaera vitifoliae , Homoptera)
17. Este grave problema só foi ultrapassado quando as videiras europeias
começaram a ser enxertadasem Vitis de origem norte-americana
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,ERT87973-15259-87973-3934,00.html
19. 1) medidas diretas
eliminação de focos de praga, doença, ou
infestantes
eliminação de restos de cultura infetados
eliminação de plantas hospedeiras
eliminação de infestantes
redes (aves, afídios, moscas de hortícolas)
20. 2) medidas indiretas
qualidade sanitária das sementes
seleção da cultura
rotações, consociações
solo: preparação, trabalho, fertilização,
cobertura do solo
condução: compassos, podas, gestão da
copa
sementeira: profundidade, densidade,
compassos
21. 2) medidas indiretas
fertilização
a) Correcção do pH (calcário, enxofre, MO)
b) Adição de MO p/ suporte de antagonistas —
competição + supressividade
(bom controlo de podridões das raízes)
c) Adubos verdes, adubações equilibradas
24. Trabalho do solo e gestão de resíduos
a) Enterramento/destruição de resíduos
vegetais (pirale, pedrado, mineiras, ...)
b) Lavoura de Verão contra pragas e
patogénios (alfinetes, fungos diversos, ...)
c) Supressão de órgãos doentes em árvores
(frutos mumificados, ramos c/ moniliose,
oídio, ...)
25. 25
2) medidas indirectas
Fruto com podridão, no processo de mumificação.
Os frutos mumificados nos ramos são importante
fonte de inóculo
p://www.ufrgs.br/agrofitossan/galeria/tipos.asp?id_nome=2&Pagina=2
31. exemplos clássicos
Rodolia cardinalis
1888, California Icerya purchasi (Austrália)
Aphelinus mali
anos 1920, Europa Eriosoma lanigerum
Encarsia perniciosi
1958-60, França Quadraspidiotus perniciosus
33. Conservação dos auxiliares nativos
COMO ?
Usando pesticidas não agressivos
Introduzindo diversidade no ecossistema
Bandas de compensação ecológica (BCE)
Bordaduras ervadas
Adubos verdes
Sebes
...
34. Sebes (de preferência compostas)
Efeito abrigo para auxiliares
— Cada espécie da sebe abriga uma fauna
particular
fauna auxiliar mais rica
Diversidade de plantas na sebe
Estrutura da copa mais complexa
Família botânica habitual na região
43. 43
injeções de vapor no solo
— desinfeção/desinfestação e monda
termoterapia
— desinfeção de sementes e plantas
monda térmica
— choque térmico sobre infestantes
solarização
ruídos sonoros
45. Apesar da sua natureza existem
algumas substancias autorizadas em
MPB
São produtos de origem natural:
mineral, vegetal, animal ou
microbiana, sem perigo para o
ambiente e a saúde
47. A utilização deste tipo de produtos deve ser a
ultima opção na proteção das culturas em
Agricultura Biológica.
48. 1. Qual a importância da praga? Qual? Quanto? Como?
A estimativa de risco é o primeiro passo
- avaliar quantitativamente (através de diferentes métodos de amostragem) e
qualitativamente (factores de nocividade) das pragas, doenças ou infestantes.
2. A praga/ doença é tolerável?
O segundo passo deve consistir na análise da população de pragas, doenças ou
infestantes e comparação com o nível económico de ataque, através da
avaliação dos prejuízos e do custo das medidas de luta previsíveis.
3. O que fazer?
Em terceiro lugar, é necessário fazer uma escolha racional dos meios de luta
disponíveis.
4. Quando e o que fazer?
Finalmente, decidir o que, como e quando agir – processo de tomada de decisão.
49. Estimativa do risco
A importância do inimigo da cultura é determinada através da avaliação
quantitativa (intensidade de ataque) e da análise da influência dos fatores
que possam contribuir para aumentar ou diminuir prejuízos (fatores de
nocividade).
Quando se abordam as pragas, doenças e infestantes é importante conhecer:
• …o que fazem
• …o que comem
• …onde estão
50. Métodos de amostragem
São diversos os métodos de amostragem utilizados na estimativa do risco quantitativa,
dependendo do inimigo e da cultura em causa (Tabela do próximo slide).
Os métodos podem ser:
• Diretos: recolhem-se dados quantitativos a partir da observação direta de um certo
número de órgãos vegetais;
• Indiretos: baseados na captura de inimigos e auxiliares através de dispositivos
apropriados.
51.
52. Observação visual
A observação visual consiste na observação de um número de unidades
(folhas, insetos, sintomas….) que constituem a amostra. Devem ser
representativas da parcela ou unidade cultural homogénea.
Deve-se também procurar e quantificar os auxiliares presentes.
Por exemplo: parasitóides de lagartas, sirfídios e crisopídeos.
53. Observação visual
Por exemplo, para a lagarta-do-tomate, Helicoverpa armigera deve observar-
se 5 plantas inteiras por cada 100 m2, e procurar ovos, lagartas, excrementos
húmidos, folhas e/ou frutos recentemente atacados
Fig. 2. Lagarta-do-tomate, Helicoverpa armigera: (a) ovos, (b) folhas e (c)
frutos atacados recentemente
54. Técnica das pancadas
Esta técnica de monitorização consiste na utilização de um saco próprio e na
realização de batidas com um bastão em ramos selecionados, recolhendo-se
o material para num frasco colocado na extremidade do saco.
O material é depois observado e contado em laboratório.
55. Armadilhas
Para a estimativa do risco utiliza-se diferentes tipos de armadilhas:
• armadilhas de interceção – dispositivos que capturam insetos acidentalmente,
pouco seletivos.
• armadilhas de atração – dispositivos que capturam insetos baseados na resposta a
estímulos de luz, cor, alimento ou acasalamento, que têm caráter seletivo.
As armadilhas fornecem informação sobre:
• época de atividade das espécies
• ciclo de vida das espécies
• densidade populacional das espécies
• distribuição das espécies na parcela
56. (a) Placas cromotrópicas, (b) armadilhas solares, (c) armadilhas easy, (d)
copos tephri e (e) armadilhas tipo delta
57. Cinta armadilha
É um dispositivo em cartão canelado ou outros materiais, colocados nos troncos
das árvores ou colo da planta, para capturar larvas que se deslocam, normalmente,
em busca de refúgio para hibernar.
Este método é utilizado por exemplo, para o bichado-da-fruta, Cydia pomonella,
através da colocação de cintas em cartão canelado opaco para capturar lagartas
enquanto procuram um lugar para pupar.
Após a captura é necessário contar o número de indivíduos capturados e colocar
em insetário ou manga de postura, para determinar a data de início da eclosão dos
ovos e os primeiros adultos
58. (a) Cartão canelado num tronco de uma árvore,
(b) contagem do número de insetos capturados (pupas)
(c) colocação em insetário ou manga de postura, para determinar a data de início da
eclosão dos ovos e os primeiros adultos
59. Pit-fall ou armadilha de queda
Para monitorizar os artópodes do solo, ou outros animais com hábitos terrestres,
utilizam-se recipientes de plástico (ou outro material) enterrados ao nível do solo e
contendo uma substância líquida (detergente, álcool ou formol, entre outros) que
irá matar e conservar os artrópodes capturados.
Os artópodes ou outros animais são conservados e identificados em laboratório.
60. Fatores de nocividade e períodos de risco
A estimativa do risco quantitativa deve ser sempre acompanhada por uma avaliação
dos fatores de nocividade que podem influenciar as pragas e doenças e dos
períodos de risco – estimativa do risco qualitativa.
1. Fatores de nocividade - fatores que podem influenciar, positiva ou
negativamente, a evolução das populações dos inimigos das culturas (pragas, doenças
e infestantes).
• histórico da parcela ou cultura
• fatores abióticos: humidade relativa, temperatura
• fatores bióticos: presença de auxiliares, existência de abrigo ou alimento alternativo
• fatores culturais: enrelvamento, densidade da cultura
• aspetos técnicos e económicos: meios de luta utilizados, valor da colheita.
61. Fatores de nocividade e períodos de risco
2. Períodos de risco – período de tempo de maior probabilidade de ocorrência de
níveis populacionais acima dos níveis económicos de ataque, durante o ciclo cultural,
e para cada inimigo da cultura.
Como a estimativa do risco quantitativa é muito exigente em tempo, deve
restringir-se apenas aos períodos de risco.
62. Modelos de previsão
São modelos matemáticos, baseados em condições ambientais
diretamente relacionados com o desenvolvimento do inimigo da cultura,
nas caraterísticas do ciclo biológico da espécie em causa e da cultura, e por
vezes em fatores de nocividade que podem influenciar positiva ou
negativamente o desenvolvimento da praga ou doença.
Estes modelos são normalmente utilizados para pelos serviços de avisos
que informam os agricultores sobre o risco de ataque dos inimigos das
culturas.
63. Nível económico de ataque
Para responder à questão se o nível da praga/doença é aceitável, os agricultores
biológicos deve comparar os resultados da estimativa de risco com o nível económico
de ataque – densidade máxima a que deve ser tomada decisão de intervenção para
impedir que o inimigo da cultura cause prejuízo.
O nível económico de ataque é a densidade de um inimigo da cultura em que a
utilização de um meio de luta assegurará retorno económico. Um nível económico de
ataque é o nível da população de inimigo da cultura ou a extensão dos estragos, no
qual o valor da colheita destruída excede o custo do controlo do inimigo da cultura.
económico de ataque ajuda a poupar dinheiro ao produtor e a minimizar os efeitos
ambientais.
64.
65. Os produtos fitofarmacêuticos tem de cumprir o disposto no anexo
II do regulamento (substancias base autorizadas).
Tem de estar autorizados/homologados para o seu uso em
Portugal pela DGAV.
Toda a informação relativa aos produtos encontra-se disponível no
SIFITO – Sistema de Gestão das Autorizações de Produtos
Fitofarmacêuticos.
https://sifito.dgav.pt/
66. O Uso de Cobre em Agricultura biológica
O cobre é permitido nas formulações de hidróxido de cobre, oxicloreto de cobre,
sulfato (tribásico) de cobre e óxido de cuproso
A sua utilização tem de cumprir os limites máximos de 28 kg/ha de cobre
ao longo de um período de sete anos (ou seja, em média 4 kg/ha/ano).