SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 34
Química de Carboidratos

                                      Prof. André L. Fachini Souza
                                      Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
                                      Departamento de Solos e Recursos Naturais

                                      Lages, SC




Molécula de glucose



          Departamento de Solos e Recursos Naturais. Centro de Ciências
          Agroveterinárias Campus Lages – www.cav.udesc.br     1
Resumo

Resumo
 1 Introdução
           Características gerais (4)
           Obesidade no Brasil (5)

 2 Monossacarídeos e dissacarídeos
           Carboidratos (6)
           Estereoisomeria (8)
           Monossacarídeos (D-aldoses e D-cetoses) (9)
           Epímeros (11)
           Ciclização de monossacarídeos e conformação (12)
           Derivados de hexoses (15)
           Açúcares redutores (16)
           Ligação glicosídica (17)
           Exemplos de dissacarídeos (18)
           Hidrólise da ligação glicosídica (19)
 3 Polissacarídeos
           Polissacarídeos (20)
           Homopolissacarídeos (amido, glicogênio, celulose e quitina) (21)
                                                             2
           Heteropolissacarídeos (peptídeoglicano, outros, fibras) (30)
Introdução
Carboidratos




               3
Introdução
  Características gerais

 São as biomoléculas mais abundantes da Terra;
 Fotossíntese: > 100 bilhões de toneladas de CO2 e H2O → celulose +
produtos;
 Oxidação de carboidratos é a via central de obtenção de energia dos
organismos não-fotossintetizantes;
 Também apresentam função estrutural (celulose em plantas)
 Funções diversas (determinam os grupos sanquíneos (A,B,O), tecido
conectivo de animais, lubrificação das junções esqueléticas, etc);
 Complexos de carboidratos ligados covalentemente a proteínas ou
lipídios podem atuar como sinalizadores intracelulares;
 A dieta do brasileiro é composta de alto nível de carboidratos

                                                     4
Obesidade no Brasil

  O aumento da obesidade no
 Brasil é atribuído, entre
 outros fatores, ao aumento
 no consumo de carboidratos
                                                                70 %




FONTE: Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE)          5
Monossacarídeos e dissacarídeos
  Carboidratos

São polihidroxialdeídos e polihidroxicetonas e seus derivados, ou
substâncias que, por hidrólise fornecem esses compostos.




    Grupo                                                 Grupo
  funcional                                              funcional
   aldeído                                                cetona
   (aldose)                                              (cetose)




Obs.: Podem conter N, P ou S                       6
Monossacarídeos e dissacarídeos
     Carboidratos

            monossacarídeo

                  Dissacarídeo (2-20 = oligossacarídeo)

                                                             Polissacarídeo (> 20)


                         CARBOIDRATOS MAIS COMUNS



      monossacarídeos             oligossacarídeos                  polissacarídeos


                                     dissacarídeos
                                                                         amido,
 pentoses           hexoses            maltose,                        glicogênio,
                                       lactose,                         celulose
   ribose,          glicose,                                             quitina
                                       sacarose
desoxirribose      galactose,
                                       trealose
                    frutose                                    7
                    manose
Monossacarídeos e dissacarídeos
  Estereoisomeria

Estereoisomeria: todos os monossacarídeos, exceto a diidroxicetona,
contém um ou mais átomos de C assimétrico (quiral) e, assim, ocorrem
em formas oticamente ativa




Número de estereoisômeros (N) = 2n onde n = número de C quirais
                                                    8
Monossacarídeos e dissacarídeos
 Monossacarídeos
D-aldoses




                             9
Monossacarídeos e dissacarídeos
 Monossacarídeos
D-cetoses




                             10
Monossacarídeos e dissacarídeos
  Epímeros
São isômeros que diferem na configuração de apenas um C assimétrico
(quiral). Se a configuração se modifica apenas no C quiral mais distante
da carbonila, são isômeros, mas não epímeros




                                                       11
Monossacarídeos e dissacarídeos
 Ciclização de monossacarídeos
Monossacarídeos com 5 ou mais átomos de C ocorrem, em geral, na
forma cíclica (em anel). A formação do anel ocorre em solução aquosa


                                          (6 átomos de C)




                                               C anomérico




OH do C-1 para                                         OH do C-2 para
  baixo = α                                               cima = β
                                                     12
                       (36%)           (64%)
Monossacarídeos e dissacarídeos
 Ciclização de monossacarídeos
Ciclização da frutose (5 átomos de C)         C anomérico




          Anel piranose                         Anel furanose
   6 átomos (5C + 1O) → Aldoses         5 átomos (4C + 1O) → Cetoses




                                                   13
             pirano                                  furano
Monossacarídeos e dissacarídeos
Ciclização de monossacarídeos
Conformação do anel




                                          14
Monossacarídeos e dissacarídeos

Derivados de hexoses




                                 15
Monossacarídeos e dissacarídeos
 Açúcares redutores
Monossacarídeos podem ser oxidados por agentes oxidantes brandos
como íons cúpricos (Cu2+). O grupo carboxil (C=O) é oxidado a um grupo
carboxila (COOH)




                                                      16
Monossacarídeos e dissacarídeos
 Ligação glicosídica
É a ligação entre a hidroxila (OH) do C anomérico de um
monossacarídeo e um grupo OH qualquer de outro monossacarídeo




                                                C anomérico livre =
                                                açúcar redutor




                                                17
Monossacarídeos e dissacarídeos
Exemplos de dissacarídeos




                                      18
Monossacarídeos e dissacarídeos
 Hidrólise da ligação glicosídica
1- Química: ácida H2SO4 0,5 mol/L /5 horas / 100°C, ou

                   TFA 2 mol/L /5 horas / 100°C


2- Enzimática: glicosidases   Amido = amilase
                              Celulose = celulase
                              Lactose = lactase




                                                          19
Polissacarídeos
Polissacarídeos
       HOMOPOLISSACARÍDEOS     HETEROPOLISSACARÍDEOS

         Linear   Ramificado    Linear   Ramificado




          1 único tipo de        2 ou mais tipos de
          monossacarídeo                       20
                                 monossacarídeos
Polissacarídeos

 Homopolissacarídeos

1- Polissacarídeos de armazenamento

      Amido (células de plantas)
      Glicogênio (células de animais)
                                         Grânulos de amido em um cloroplasto
2- Polissacarídeos estruturais

      Celulose (células de plantas)
      Quitina (exoesqueleto)

                                        Grânulos de glicogênio em um hepatócito

                                                   21
Polissacarídeos
 Amido

Amido = amilose + amilopectina




                                 = (D-glicose (α1→4) D-glicose)n




Amilopectina


                                             22
Polissacarídeos
 Amido




            (A)                                             (B)

Em sua conformação mais estável apresenta cadeia curva (A). As ligações do
tipo (α1→4) forçam a amilose, a amilopectina e o glicogênio a assumirem uma
estrutura helicoidal (B) e estreitamente compacta             23
Polissacarídeos
Amido


               Amilopectina
   Amilose
               (ramificada)
    (linear)




                              24
Polissacarídeos
 Glicogênio

Mesma estrutura da amilopectina [cadeia principal de D-glicose ligada
em (α1→4) com pontos de ramificação em (α1→6)], porém é mais
ramificado.

     8-12 resíduos




                                                   25
Polissacarídeos

 Celulose
Cadeia linear = (D-glicose β(1→4) D-glicose)n


                   (β1→4)         (β1→4)




                                        Fazem pontes de H entre
                                        si, por isso são insolúveis
                                                  em água

                                              26
Polissacarídeos
 Celulose




A conformação mais estável é aquela na qual um monossacarídeo é rodado
180° relativamente ao monossacarídeo precedente, formando uma cadeia
reta e estendida. Várias cadeias estendidas lado a lado podem formar
                                                           27
uma rede estabilizada por pontes de H inter- e intracadeia
Polissacarídeos
 Celulose
Organismos capazes de metabolizar celulose




Fungos da madeira possuem celulase




                                     Protozoário Tryconinpha possui
                                     a enzima celulase que auxilia no
                                       metabolismo da celulose que
                                      serve de alimento para ambos
  Bactérias presentes no rúmen
                                                   28
    também possuem celulase
Polissacarídeos
 Quitina
Cadeias lineares. Forma fibras estendidas similares à da celulose. Não é
digerível por vertebrados




                  (β1→4)          (β1→4)         (β1→4)




   (N-acetil-glucosamina)n                           29
Polissacarídeos
 Heteropolissacarídeos

Peptídeoglicano – parede celular bacteriana. É o que define bactérias
Gram positivas e Gram negativas




                                                   30
Polissacarídeos

Outros heteropolissacarídeos importantes



           Algas (carragenana, alginato, ágar)
Origem     Microrganismos (xantana)
           Plantas
                     Sementes (leguminosas) guar, alfarroba,
                     locusta, jataí
                     Frutos - pectina
                     Exsudados – goma arábica, goma karaya
                     Bulbos – glucomanana (fins dietéticos)




                                                 31
Polissacarídeos

Outros heteropolissacarídeos importantes




                                                                       Chocolate de
    Alfarrobeira          Alfarroba = manose:galactose (4:1)            alfarroba




                          Goma guar = manose:galactose (2:1)


Planta nativa da Índia (Cyamopsis Tetragonolobus ou Cyamopsis Psoraloides)
                                                                32
Polissacarídeos

Outros heteropolissacarídeos importantes

 Goma Karaya – extraída de exsudado de Sterculia urens e Cochlospermum
gossypium

 Goma arábica – extraída de Acacia senegal




 Glucomanana – extraída de plantas
orientais (Amorphophallus konjac -
Konjac)                                                33
Polissacarídeos

Outros heteropolissacarídeos importantes

Fibras dietéticas: são heteropolissacarídeos que não são
metabolizados pelo organismo. São capazes de reduzir a taxa de
colesterol, ligando-se à ele e eliminando-o. Também são capazes de se
ligarem à cátions importantes, por isso sua ingestão deve ser
moderada.
Recomendação: 20-35 g/dia


 Fibras solúveis: aveia, laranja, maça, leguminosas
 Fibras insolúveis: folhas e cereais




                                                       34

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A base molecular dos seres vivos
A base molecular dos seres vivosA base molecular dos seres vivos
A base molecular dos seres vivos
César Milani
 
Carboidratos e Lipídios
Carboidratos e LipídiosCarboidratos e Lipídios
Carboidratos e Lipídios
acessoriaem21ma
 

Mais procurados (20)

1 quimica carboidratos
1   quimica carboidratos1   quimica carboidratos
1 quimica carboidratos
 
Carboidratos
CarboidratosCarboidratos
Carboidratos
 
Carboidratos
CarboidratosCarboidratos
Carboidratos
 
Lipidios
LipidiosLipidios
Lipidios
 
Carboidratos
CarboidratosCarboidratos
Carboidratos
 
Metabolismo de lipídeos fsp
Metabolismo de lipídeos fspMetabolismo de lipídeos fsp
Metabolismo de lipídeos fsp
 
Apresentação carboidratos
Apresentação carboidratosApresentação carboidratos
Apresentação carboidratos
 
Lipidios
Lipidios Lipidios
Lipidios
 
Bioquimica das proteínas
Bioquimica das proteínasBioquimica das proteínas
Bioquimica das proteínas
 
Lipidios
LipidiosLipidios
Lipidios
 
Proteinas
ProteinasProteinas
Proteinas
 
Aula Proteinas
Aula ProteinasAula Proteinas
Aula Proteinas
 
Carboidratos
CarboidratosCarboidratos
Carboidratos
 
A base molecular dos seres vivos
A base molecular dos seres vivosA base molecular dos seres vivos
A base molecular dos seres vivos
 
Carboidratos e Lipídios
Carboidratos e LipídiosCarboidratos e Lipídios
Carboidratos e Lipídios
 
Aminoácidos e proteínas
Aminoácidos e proteínasAminoácidos e proteínas
Aminoácidos e proteínas
 
Aula - Carboidratos.pdf
Aula - Carboidratos.pdfAula - Carboidratos.pdf
Aula - Carboidratos.pdf
 
Carboidratos
CarboidratosCarboidratos
Carboidratos
 
42951 carboidratos --introdução.2012
42951 carboidratos --introdução.201242951 carboidratos --introdução.2012
42951 carboidratos --introdução.2012
 
Introdução à bioquímica
Introdução à bioquímicaIntrodução à bioquímica
Introdução à bioquímica
 

Semelhante a Carboidratos aula

Aula 01 Química dos Processos
Aula 01 Química dos ProcessosAula 01 Química dos Processos
Aula 01 Química dos Processos
Tiago da Silva
 
Edwineycupertino microsoft power point - carboidratos 1
Edwineycupertino microsoft power point - carboidratos 1Edwineycupertino microsoft power point - carboidratos 1
Edwineycupertino microsoft power point - carboidratos 1
Antonio Albino Albino
 
Aula 6. Carboidratos_transparencias
Aula 6.  Carboidratos_transparenciasAula 6.  Carboidratos_transparencias
Aula 6. Carboidratos_transparencias
primaquim
 
6. Carboidratos
6.  Carboidratos6.  Carboidratos
6. Carboidratos
primaquim
 
8 Carboidratos
8 Carboidratos8 Carboidratos
8 Carboidratos
fernando
 

Semelhante a Carboidratos aula (20)

Carboidratos aula (2)
Carboidratos aula (2)Carboidratos aula (2)
Carboidratos aula (2)
 
Aula 01 Química dos Processos
Aula 01 Química dos ProcessosAula 01 Química dos Processos
Aula 01 Química dos Processos
 
Glicidios
GlicidiosGlicidios
Glicidios
 
Edwineycupertino microsoft power point - carboidratos 1
Edwineycupertino microsoft power point - carboidratos 1Edwineycupertino microsoft power point - carboidratos 1
Edwineycupertino microsoft power point - carboidratos 1
 
Chos 2015 alunos
Chos 2015 alunosChos 2015 alunos
Chos 2015 alunos
 
Aula 2. Estudo dos carbohidratos Quimica UNISAVE.pptx
Aula 2. Estudo dos carbohidratos Quimica UNISAVE.pptxAula 2. Estudo dos carbohidratos Quimica UNISAVE.pptx
Aula 2. Estudo dos carbohidratos Quimica UNISAVE.pptx
 
sdfgsdfgsdfgCarboidratos
sdfgsdfgsdfgCarboidratossdfgsdfgsdfgCarboidratos
sdfgsdfgsdfgCarboidratos
 
carboidratos2018.pptx
carboidratos2018.pptxcarboidratos2018.pptx
carboidratos2018.pptx
 
Aula 6. Carboidratos_transparencias
Aula 6.  Carboidratos_transparenciasAula 6.  Carboidratos_transparencias
Aula 6. Carboidratos_transparencias
 
6. Carboidratos
6.  Carboidratos6.  Carboidratos
6. Carboidratos
 
Carboidratos.ppt
Carboidratos.pptCarboidratos.ppt
Carboidratos.ppt
 
Aula2 joao
Aula2 joaoAula2 joao
Aula2 joao
 
Carboidratos
CarboidratosCarboidratos
Carboidratos
 
Aula top de carboidratos
Aula top de carboidratosAula top de carboidratos
Aula top de carboidratos
 
Carboidratos
CarboidratosCarboidratos
Carboidratos
 
8 Carboidratos
8 Carboidratos8 Carboidratos
8 Carboidratos
 
Carboidratos
CarboidratosCarboidratos
Carboidratos
 
Carboidratos
CarboidratosCarboidratos
Carboidratos
 
Membrana
MembranaMembrana
Membrana
 
Bioquímica da digestão carboidratos.pptx
Bioquímica da digestão carboidratos.pptxBioquímica da digestão carboidratos.pptx
Bioquímica da digestão carboidratos.pptx
 

Mais de Rodolfo Pimentel Oliveira

1a aula sangue (composição, caracterização geral e origem das células sangü...
1a aula   sangue (composição, caracterização geral e origem das células sangü...1a aula   sangue (composição, caracterização geral e origem das células sangü...
1a aula sangue (composição, caracterização geral e origem das células sangü...
Rodolfo Pimentel Oliveira
 
Propriedades físico químicas da água e sua importância limnológica2
Propriedades físico químicas da água e sua importância limnológica2Propriedades físico químicas da água e sua importância limnológica2
Propriedades físico químicas da água e sua importância limnológica2
Rodolfo Pimentel Oliveira
 

Mais de Rodolfo Pimentel Oliveira (20)

Proteínas final
Proteínas finalProteínas final
Proteínas final
 
Aula parasito
Aula parasitoAula parasito
Aula parasito
 
Geologia - Geoturismo
Geologia - GeoturismoGeologia - Geoturismo
Geologia - Geoturismo
 
Governo lula
Governo lulaGoverno lula
Governo lula
 
Petróleo
PetróleoPetróleo
Petróleo
 
1a aula sangue (composição, caracterização geral e origem das células sangü...
1a aula   sangue (composição, caracterização geral e origem das células sangü...1a aula   sangue (composição, caracterização geral e origem das células sangü...
1a aula sangue (composição, caracterização geral e origem das células sangü...
 
Metabolismo2
Metabolismo2Metabolismo2
Metabolismo2
 
Caatinga
CaatingaCaatinga
Caatinga
 
Parque nacional da serra da canastra 2
Parque nacional da serra da canastra 2Parque nacional da serra da canastra 2
Parque nacional da serra da canastra 2
 
Hanseníase
HanseníaseHanseníase
Hanseníase
 
Freire (2)
Freire (2)Freire (2)
Freire (2)
 
Extinção kt 2
Extinção kt 2Extinção kt 2
Extinção kt 2
 
Epigenética
EpigenéticaEpigenética
Epigenética
 
Distribuição espacial de peixes(1)
Distribuição espacial de peixes(1)Distribuição espacial de peixes(1)
Distribuição espacial de peixes(1)
 
Propriedades físico químicas da água e sua importância limnológica2
Propriedades físico químicas da água e sua importância limnológica2Propriedades físico químicas da água e sua importância limnológica2
Propriedades físico químicas da água e sua importância limnológica2
 
Um passo rumo a evolução do ensino de
Um passo rumo a evolução do ensino deUm passo rumo a evolução do ensino de
Um passo rumo a evolução do ensino de
 
Poster 3 2.1
Poster 3 2.1Poster 3 2.1
Poster 3 2.1
 
Translocacao genica
Translocacao genicaTranslocacao genica
Translocacao genica
 
Lipídios - Geral
Lipídios - Geral Lipídios - Geral
Lipídios - Geral
 
Dna – Metabolismo
Dna – MetabolismoDna – Metabolismo
Dna – Metabolismo
 

Carboidratos aula

  • 1. Química de Carboidratos Prof. André L. Fachini Souza Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC Departamento de Solos e Recursos Naturais Lages, SC Molécula de glucose Departamento de Solos e Recursos Naturais. Centro de Ciências Agroveterinárias Campus Lages – www.cav.udesc.br 1
  • 2. Resumo Resumo 1 Introdução  Características gerais (4)  Obesidade no Brasil (5) 2 Monossacarídeos e dissacarídeos  Carboidratos (6)  Estereoisomeria (8)  Monossacarídeos (D-aldoses e D-cetoses) (9)  Epímeros (11)  Ciclização de monossacarídeos e conformação (12)  Derivados de hexoses (15)  Açúcares redutores (16)  Ligação glicosídica (17)  Exemplos de dissacarídeos (18)  Hidrólise da ligação glicosídica (19) 3 Polissacarídeos  Polissacarídeos (20)  Homopolissacarídeos (amido, glicogênio, celulose e quitina) (21) 2  Heteropolissacarídeos (peptídeoglicano, outros, fibras) (30)
  • 4. Introdução Características gerais  São as biomoléculas mais abundantes da Terra;  Fotossíntese: > 100 bilhões de toneladas de CO2 e H2O → celulose + produtos;  Oxidação de carboidratos é a via central de obtenção de energia dos organismos não-fotossintetizantes;  Também apresentam função estrutural (celulose em plantas)  Funções diversas (determinam os grupos sanquíneos (A,B,O), tecido conectivo de animais, lubrificação das junções esqueléticas, etc);  Complexos de carboidratos ligados covalentemente a proteínas ou lipídios podem atuar como sinalizadores intracelulares;  A dieta do brasileiro é composta de alto nível de carboidratos 4
  • 5. Obesidade no Brasil  O aumento da obesidade no Brasil é atribuído, entre outros fatores, ao aumento no consumo de carboidratos 70 % FONTE: Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE) 5
  • 6. Monossacarídeos e dissacarídeos Carboidratos São polihidroxialdeídos e polihidroxicetonas e seus derivados, ou substâncias que, por hidrólise fornecem esses compostos. Grupo Grupo funcional funcional aldeído cetona (aldose) (cetose) Obs.: Podem conter N, P ou S 6
  • 7. Monossacarídeos e dissacarídeos Carboidratos monossacarídeo Dissacarídeo (2-20 = oligossacarídeo) Polissacarídeo (> 20) CARBOIDRATOS MAIS COMUNS monossacarídeos oligossacarídeos polissacarídeos dissacarídeos amido, pentoses hexoses maltose, glicogênio, lactose, celulose ribose, glicose, quitina sacarose desoxirribose galactose, trealose frutose 7 manose
  • 8. Monossacarídeos e dissacarídeos Estereoisomeria Estereoisomeria: todos os monossacarídeos, exceto a diidroxicetona, contém um ou mais átomos de C assimétrico (quiral) e, assim, ocorrem em formas oticamente ativa Número de estereoisômeros (N) = 2n onde n = número de C quirais 8
  • 9. Monossacarídeos e dissacarídeos Monossacarídeos D-aldoses 9
  • 10. Monossacarídeos e dissacarídeos Monossacarídeos D-cetoses 10
  • 11. Monossacarídeos e dissacarídeos Epímeros São isômeros que diferem na configuração de apenas um C assimétrico (quiral). Se a configuração se modifica apenas no C quiral mais distante da carbonila, são isômeros, mas não epímeros 11
  • 12. Monossacarídeos e dissacarídeos Ciclização de monossacarídeos Monossacarídeos com 5 ou mais átomos de C ocorrem, em geral, na forma cíclica (em anel). A formação do anel ocorre em solução aquosa (6 átomos de C) C anomérico OH do C-1 para OH do C-2 para baixo = α cima = β 12 (36%) (64%)
  • 13. Monossacarídeos e dissacarídeos Ciclização de monossacarídeos Ciclização da frutose (5 átomos de C) C anomérico Anel piranose Anel furanose 6 átomos (5C + 1O) → Aldoses 5 átomos (4C + 1O) → Cetoses 13 pirano furano
  • 14. Monossacarídeos e dissacarídeos Ciclização de monossacarídeos Conformação do anel 14
  • 16. Monossacarídeos e dissacarídeos Açúcares redutores Monossacarídeos podem ser oxidados por agentes oxidantes brandos como íons cúpricos (Cu2+). O grupo carboxil (C=O) é oxidado a um grupo carboxila (COOH) 16
  • 17. Monossacarídeos e dissacarídeos Ligação glicosídica É a ligação entre a hidroxila (OH) do C anomérico de um monossacarídeo e um grupo OH qualquer de outro monossacarídeo C anomérico livre = açúcar redutor 17
  • 19. Monossacarídeos e dissacarídeos Hidrólise da ligação glicosídica 1- Química: ácida H2SO4 0,5 mol/L /5 horas / 100°C, ou TFA 2 mol/L /5 horas / 100°C 2- Enzimática: glicosidases Amido = amilase Celulose = celulase Lactose = lactase 19
  • 20. Polissacarídeos Polissacarídeos HOMOPOLISSACARÍDEOS HETEROPOLISSACARÍDEOS Linear Ramificado Linear Ramificado 1 único tipo de 2 ou mais tipos de monossacarídeo 20 monossacarídeos
  • 21. Polissacarídeos Homopolissacarídeos 1- Polissacarídeos de armazenamento Amido (células de plantas) Glicogênio (células de animais) Grânulos de amido em um cloroplasto 2- Polissacarídeos estruturais Celulose (células de plantas) Quitina (exoesqueleto) Grânulos de glicogênio em um hepatócito 21
  • 22. Polissacarídeos Amido Amido = amilose + amilopectina = (D-glicose (α1→4) D-glicose)n Amilopectina 22
  • 23. Polissacarídeos Amido (A) (B) Em sua conformação mais estável apresenta cadeia curva (A). As ligações do tipo (α1→4) forçam a amilose, a amilopectina e o glicogênio a assumirem uma estrutura helicoidal (B) e estreitamente compacta 23
  • 24. Polissacarídeos Amido Amilopectina Amilose (ramificada) (linear) 24
  • 25. Polissacarídeos Glicogênio Mesma estrutura da amilopectina [cadeia principal de D-glicose ligada em (α1→4) com pontos de ramificação em (α1→6)], porém é mais ramificado. 8-12 resíduos 25
  • 26. Polissacarídeos Celulose Cadeia linear = (D-glicose β(1→4) D-glicose)n (β1→4) (β1→4) Fazem pontes de H entre si, por isso são insolúveis em água 26
  • 27. Polissacarídeos Celulose A conformação mais estável é aquela na qual um monossacarídeo é rodado 180° relativamente ao monossacarídeo precedente, formando uma cadeia reta e estendida. Várias cadeias estendidas lado a lado podem formar 27 uma rede estabilizada por pontes de H inter- e intracadeia
  • 28. Polissacarídeos Celulose Organismos capazes de metabolizar celulose Fungos da madeira possuem celulase Protozoário Tryconinpha possui a enzima celulase que auxilia no metabolismo da celulose que serve de alimento para ambos Bactérias presentes no rúmen 28 também possuem celulase
  • 29. Polissacarídeos Quitina Cadeias lineares. Forma fibras estendidas similares à da celulose. Não é digerível por vertebrados (β1→4) (β1→4) (β1→4) (N-acetil-glucosamina)n 29
  • 30. Polissacarídeos Heteropolissacarídeos Peptídeoglicano – parede celular bacteriana. É o que define bactérias Gram positivas e Gram negativas 30
  • 31. Polissacarídeos Outros heteropolissacarídeos importantes Algas (carragenana, alginato, ágar) Origem Microrganismos (xantana) Plantas Sementes (leguminosas) guar, alfarroba, locusta, jataí Frutos - pectina Exsudados – goma arábica, goma karaya Bulbos – glucomanana (fins dietéticos) 31
  • 32. Polissacarídeos Outros heteropolissacarídeos importantes Chocolate de Alfarrobeira Alfarroba = manose:galactose (4:1) alfarroba Goma guar = manose:galactose (2:1) Planta nativa da Índia (Cyamopsis Tetragonolobus ou Cyamopsis Psoraloides) 32
  • 33. Polissacarídeos Outros heteropolissacarídeos importantes  Goma Karaya – extraída de exsudado de Sterculia urens e Cochlospermum gossypium  Goma arábica – extraída de Acacia senegal  Glucomanana – extraída de plantas orientais (Amorphophallus konjac - Konjac) 33
  • 34. Polissacarídeos Outros heteropolissacarídeos importantes Fibras dietéticas: são heteropolissacarídeos que não são metabolizados pelo organismo. São capazes de reduzir a taxa de colesterol, ligando-se à ele e eliminando-o. Também são capazes de se ligarem à cátions importantes, por isso sua ingestão deve ser moderada. Recomendação: 20-35 g/dia  Fibras solúveis: aveia, laranja, maça, leguminosas  Fibras insolúveis: folhas e cereais 34