SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 21
A aprendizagem
Aprendizagem 
Definição: A aprendizagem é um processo através do qual os seres vivos 
adquirem novos conhecimentos, desenvolvem novas competências e mudam os 
seus comportamentos, ou seja, a aprendizagem é uma modificação de 
comportamentos e de atitudes relativamente duradoura, que deriva da 
experiência e da prática e não da maturação ou de transformações físicas e 
fisiológicas. 
Existem 4 tipos de aprendizagem: 
• Aprendizagem por habituação; 
• Aprendizagem por condicionamento 
clássico; 
• Aprendizagem por condicionamento 
operante; 
• Aprendizagem por observação e por 
imitação;
Aprendizagem por habituação 
A aprendizagem por habituação consiste na diminuição da tendência para 
responder a um certo estímulo. Este tipo de aprendizagem não associativa dá 
origem a que o ser humano consiga ignorar o que lhe é familiar e a focar o que 
realmente lhe interessa. 
A habituação torna possível que nos desliguemos de estímulos desnecessários e 
nos concentremos nas tarefas que estamos a realizar. Através dela respondemos 
a novos estímulos que podem ser perigosos e ignoramos estímulos que já 
reconhecemos serem inofensivos. 
Exemplo: Imaginemos que o Bruno está em casa a estudar e que o vizinho de baixo 
começa a martelar pregos na parede. Ao início, Bruno desconcentra-se e não 
consegue estudar, mas depois, habitua-se ao barulho e consegue novamente 
concentrar-se no seu estudo. Nesta fase é como se o barulho proporcionado pelo 
martelo não existisse.
Aprendizagem por condicionamento clássico 
O que é? 
É uma forma de aprendizagem em que um estímulo neutro, ao ser 
sucessivamente emparelhado com um estímulo incondicionado, acaba, ao fim 
de algum tempo e em virtude deste condicionamento, por provocar o mesmo 
tipo de resposta do que o estímulo com o qual foi emparelhado. Torna – se 
assim um estímulo que por si só provoca uma resposta condicionada, similar à 
desencadeada pelo estímulo incondicionado ou natural.
Experimentação de Pavlov 
Pavlov ao estudar a fisiologia da digestão, 
descobriu que os cães utilizados salivavam 
perante estímulos que não a comida (o som 
dos passos do tratador ou a sua simples 
presença). Tal descoberta levou a que Pavlov 
desenvolve-se estudos que consistiam na 
apresentação ao cão de um estímulo neutro (o 
som de uma campainha) e logo imediatamente 
a seguir um prato com carne em pó. O cão 
responde a este estímulo (não - condicionado) 
salivando. Depois de emparelhar o som da 
campainha e a comida várias vezes (20 vezes 
pelo menos) Pavlov verificou que o som da 
campainha era suficiente para produzir a 
resposta de salivação. Como os cães não 
salivam naturalmente em resposta a sons, 
Pavlov concluiu que a salivação era uma 
resposta resultante de aprendizagem: o cão foi 
condicionado a salivar quando a campainha 
toca (resposta condicionada).
Exemplos em seres 
humanos 
O condicionamento clássico está sempre presente no 
nosso quotidiano. Por exemplo, o Miguel é um 
individuo que esteve na guerra do Vietname, onde 
via e ouvia aviões de guerra, que disparavam tiros 
mortíferos, a passar mesmo por cima da sua cabeça. 
Agora, Miguel mora numa cidade pacata mas, no 
entanto, quando Miguel ouve o som de um avião 
comercial, associa esse som ao de um avião de guerra 
e sentimentos como o medo, o perigo e o desespero 
despertam no Miguel como se estivesse perante uma 
situação de guerra. Aqui, o estímulo neutro – o som 
do avião comercial - é emparelhado com o estímulo 
incondicionado – o som do avião de guerra – que 
provoca uma resposta incondicionada ou natural – 
incómodo e medo, causados pelo som intenso. Por 
causa desta associação o estímulo neutro perde a sua 
neutralidade e passa a provocar o mesmo tipo de 
resposta do que o estímulo incondicionado (que 
provoca uma dada resposta sem ter de ser associado 
a nada).
Existem cinco princípios básicos na aprendizagem 
por condicionamento clássico. 
1 – Aquisição: formação de uma resposta 
aprendida a um estímulo neutro (não 
produtor de resposta) por o 
associarmos a um estímulo não 
condicionado. 
2 -Extinção: enfraquecimento e eventual 
desaparição da resposta aprendida. A 
extinção é, em suma, o resultado da 
repetida apresentação do estímulo 
condicionado sozinho. 
3 -Recuperação espontânea: 
reemergência de uma resposta 
condicionada extinta após algum 
tempo de descanso. 
4– Generalização: Fala-se de 
generalização do estímulo quando a 
resposta condicionada é provocada 
não só pelo estímulo condicionado 
original como também por outros 
estímulos semelhantes a este. 
5 – Discriminação: consiste na aptidão de 
discernir estímulos semelhantes, 
produzindo a resposta apenas no 
estímulo correcto.
Aprendizagem por condicionamento operante 
A aprendizagem por condicionamento operante consiste em associar um 
comportamento às suas consequências e efeitos. O condicionamento operante 
é uma forma de aprendizagem em que um dado comportamento de carácter 
ativo (operante no meio) é reforçado ou enfraquecido tendo em conta as suas 
consequências: conforme as consequências da acção assim ela tenderá a 
aumentar ou a diminuir (ou a extinguir-se) no futuro.
Considera-se que o condicionamento operante foi descoberto por Edward 
Thorndike mais ou menos na mesma época em que Pavlov descobria os reflexos 
condicionados nos seus experimentos com cães. 
O experimento de Thorndike consistia no seguinte: colocou um gato no interior 
de uma caixa com aspecto de jaula. No exterior estava, à vista do gato, um 
recipiente com comida. O animal só poderia sair da caixa se carregasse num 
pedal que, accionado, abria uma pequena porta. O gato começou a arranhar e a 
morder ao acaso várias partes da caixa até que, de uma forma eventualmente 
acidental, pressionou o pedal que a abria e obteve a comida desejada. A partir 
daí, várias vezes colocado no interior da caixa, o gato gastou cada vez menos 
tempo para dela sair. Da primeira vez que repetiu a situação Thorndike reparou 
que o gato escapou da caixa em 15 segundos. Esta mudança de comportamento 
significava que o gato tinha aprendido não mediante um reflexo condicionado 
mas mediante tentativas cada vez mais eficazes que traduziam um papel activo 
na aprendizagem. 
Thorndike explicou esta aprendizagem gradual e progressiva através da lei do 
efeito: «Respostas ou comportamentos seguidos por consequências ou efeitos 
satisfatórios tendem a repetir-se; respostas seguidas por consequências 
desagradáveis tendem a não se repetir».
Experimentação Experimentação d dee S Skkininnneerr 
O primeiro projeto de investigação de Skinner 
consistia numa análise do comportamento 
alimentar dos ratos. Skinner utilizou um artefacto 
por ele próprio construído e que tem hoje o seu 
nome: «A caixa de Skinner». Colocou dentro um 
rato com fome. O rato só poderia obter comida 
pressionando uma alavanca que libertava 
pequenas bolas de queijo de um recipiente numa 
das paredes da caixa. O rato começou 
imediatamente a explorar a caixa e ao fim de 
algum tempo, acidentalmente, pressionou a 
alavanca e a comida caiu. Progressivamente, o 
animal começou a pressionar a alavanca em 
intervalos de tempo cada vez menores. 
Segundo Skinner isso significava que aprendeu a obter comida mediante uma 
resposta condicionada pelas consequências ou efeitos da sua acção 
A partir desta e de muitas outras experimentações Skinner definiu a tese essencial 
do condicionamento operante: um organismo tende a repetir as respostas que têm 
consequências favoráveis.
Reforço e punição 
O condicionamento operante é segundo Skinner uma forma de 
aprendizagem na qual a probabilidade de ocorrência de uma resposta 
ou comportamento aumenta ou diminui conforme a sua consequência é 
um reforço (positivo ou negativo) ou uma punição. 
Reforço: toda e qualquer consequência de uma ação que fortalece a 
nossa tendência para a repetir. 
Punição: toda e qualquer consequência de uma ação que enfraquece a 
nossa tendência para a repetir. 
Há ações que têm consequências boas e outras que têm 
consequências más, por exemplo, se fazemos dieta para emagrecer e 
emagrecemos efetivamente, é considerada uma acção com boas 
consequências. Por outro lado, se assaltássemos um banco, podíamos 
ser detidos pela policia e aí a ação realizada seria considerada uma 
ação com más consequências.
Reforço positivo ou 
negativo 
Reforço positivo: estamos perante uma situação de reforço positivo sempre que 
uma ação, em virtude das suas consequências, nos permite obter algo 
agradável. 
Tendemos, por isso, a repeti-la, de modo a fazer com que o reforço ocorra de novo. 
Ex: Estudar muito para conseguir ingressar na universidade. 
Reforço negativo: estamos perante uma situação de reforço negativo sempre que 
uma ação tem como consequência evitar uma situação indesejável, remover um 
obstáculo ou pôr termo a uma situação desagradável. Tende por isso a ser repetida. 
Ex: Trabalhar bem e evitar assim ser despedido.
Punição 
Punir um comportamento é tornar provável que ele não se repita ou pelo menos 
que diminua a sua frequência. 
Por exemplo, se a Marta ajuda os pais na lida da casa para poder ir sair à noite com 
os amigos, é muito provável que o comportamento se repita no futuro para poder 
sair com os amigos sempre que queira. O comportamento – ajudar os pais na lida da 
casa – é reforçado negativamente: é um meio para evitar algo desagradável (não 
poder sair com os amigos). 
Se a Marta recusa ajudar os pais na lida da casa, os pais proíbem-na de sair com os 
amigos. Assim, estamos perante uma punição, um meio para retirar algo agradável 
ou para evitar que se repita algo de desagradável.
Aprendizagem por observação e imitação 
A aprendizagem por observação é uma forma muito frequente de aprendizagem 
que ocorre quando o comportamento de um indivíduo é influenciado ou 
condicionado pelo comportamento de outros indivíduos denominados modelos. 
É uma aprendizagem social porque ocorre em contexto social. Tendo em conta 
que aprendemos identificando-nos e imitando um modelo (indivíduo que 
«demonstra» ou efetua uma ação constituindo-se como potencial exemplo a 
seguir), este tipo de aprendizagem recebe também o nome de aprendizagem por 
modelação. 
Formas de aprendizagem observacional: 
• Aprendemos observando os outros, sem que essa 
observação se traduza necessariamente em imitação; 
• Aprendemos observando os outros e sendo diretamente 
reforçados, por os imitarmos adequadamente; 
• Aprendemos observando as consequências dos 
comportamentos dos outros (aprendizagem por 
condicionamento vicariante ou indireto).
Condições necessárias para haver aprendizagem observacional: 
• Atenção 
• Retenção 
• Execução 
• Motivação e reforço 
Não é suficiente observar. Deve-se prestar 
atenção ao que o modelo observado faz, 
identificando a sua conduta. 
Para imitar o comportamento de um 
modelo temos de o armazenar activamente 
na memória, o que implica a representação 
mental das acções do modelo observado e a 
prática dos elementos, sequências ou 
etapas do comportamento. 
Memorizado o comportamento desejado, é 
necessário convertê-lo em acção, o que 
pode exigir bastante tempo e treino. 
O desempenho de algo que adquirimos 
mediante observação depende da 
motivação ou incentivo para o efectuar.
Factores que influenciam a aprendizagem observacional: 
• Nível de desenvolvimento do observador 
Conforme vamos crescendo somos capazes de concentrar a nossa atenção durante 
mais tempo, de processar cada vez melhor a informação e de nos auto-motivarmos. 
• Estatuto do modelo 
As crianças, por exemplo, revelam uma acentuada tendência para imitarem as acções 
de pessoas que consideram prestigiadas, famosas e de quem gostam (pais, irmãos 
mais velhos, professores, atletas, heróis de filmes de acção, estrelas rock). Esta 
tendência depende da idade e dos interesses da criança.
• Consequências vicariantes 
Observando as consequências das acções dos potenciais modelos obtemos 
informação sobre o que é apropriado para nós e sobre as prováveis consequências 
da imitação da conduta de quem observamos. As consequências positivas (que não 
são necessariamente de reconhecido valor moral) motivam os observadores. 
• Autoeficácia 
Os observadores tendem a imitar determinados modelos quando acreditam que são 
capazes de aprender e de desempenhar o comportamento - modelo, isto é, quando 
possuem um certo nível de autoconfiança e de autoeficácia.
Experimentação de Bandura 
Para demonstrar a sua teoria sobre a aprendizagem por 
modelação, Bandura mostrou a crianças com quatro anos de 
idade um filme em que um adulto esmurrava e pontapeava um 
boneco insuflável. Bandura dividiu o grupo de 66 crianças em 
três grupos de 22 elementos cada. No filme um modelo adulto 
encaminhava-se na direção do boneco insuflável e ordenava-lhe 
que saísse da sua frente, o boneco não «obedecia» e era 
vítima de uma série de atos agressivos. Todas as crianças 
assistiram a estes comportamentos agressivos mas o pequeno 
filme tinha um final diferente por cada grupo de crianças, ou 
seja, três versões diferentes das consequências do 
comportamento do adulto eram exibidas.
Experimentação de Bandura 
Assim, um grupo de crianças viu que o adulto agressivo era 
recompensado por um outro adulto que o elogiava chamando-lhe 
«campeão» e lhe dava uma grande quantidade de doces e 
de refrigerantes. Bandura designou este grupo de crianças 
como grupo do modelo recompensado; o segundo grupo de 
crianças, que, é claro, estava a ver o filme numa sala diferente, 
assistiu a uma versão final completamente diferente: o adulto 
agressivo foi asperamente censurado por um outro adulto que 
lhe chamou «má pessoa». Bandura deu a este grupo de 
crianças o nome de grupo do modelo punido; quanto ao 
terceiro grupo, assistiu aos comportamentos agressivos mas 
não lhe foi exibido nenhum final mostrando se as 
consequências de tais comportamentos eram positivas ou 
negativas. Bandura deu-lhe o nome de grupo de condição 
neutral.
Depois da exibição das diferentes versões do filme foi permitido às crianças dos 
vários grupos brincarem com o boneco insuflável e outros brinquedos. 
Como Bandura previra, as crianças do grupo que vira o adulto ser recompensado 
pelo seu comportamento agressivo mostraram maior índice de agressividade do 
que as outras, imitando os actos do adulto. 
As crianças de todos os grupos tinham aprendido de igual modo a reproduzir 
mentalmente os diversos comportamentos agressivos observados, isto é, estavam 
em condições de desempenhar o comportamento do modelo igualmente bem e de 
forma precisa. 
Que conclusões retirou Bandura destes resultados? 
• O que condiciona a «performance» do que foi 
aprendido é a expectativa do reforço. 
• O factor motivação é crucial para a «performance» 
ou desempenho efectivo do que foi aprendido. 
• Há muito mais probabilidade de que um indivíduo 
imite um comportamento se houver da sua parte a 
expectativa de que tal produzirá reforço ou 
recompensa. 
Assim, virtualmente, todas as 
crianças eram capazes de 
imitar o comportamento 
agressivo visionado, mas a 
tendência a traduzir o 
aprendido em comportamento 
efectivo era bem mais 
acentuada no grupo do 
modelo recompensado do que 
no grupo do modelo punido.
Relação entre aprendizagem e memória 
É a aprendizagem que determina o nosso pensamento, a nossa linguagem, as 
motivações, as atitudes e a personalidade. Existem aprendizagens simples e 
aprendizagens complexas que implicam uma actividade mental diversificada. 
Inerente aos processos de aprendizagem está a memória. Só a memória nos 
possibilita reter o que aprendemos, para responder adequadamente à 
situação presente e proporcionar a possibilidade de projectar o futuro. A 
memória é a condição que torna possíveis os processos de aprendizagem. 
Só aprendemos quando o que adquirimos é retido e passível de recuperação. 
O próprio conceito de aprendizagem implica o de memória. Com efeito, a 
aprendizagem é uma mudança relativamente estável no comportamento 
como resultado da prática e da experiência. A estabilidade e a mudança 
dependem da memória: o novo saber só é novo se o anterior não tiver 
desaparecido e enquadra-se ou engloba os saberes possuídos como 
ultrapassados. Não poderíamos aplicar o saber adquirido a novas situações 
sem a relativa permanência que a memória assegura.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Processos Mentais 1 - A Percepção
Processos Mentais 1 - A PercepçãoProcessos Mentais 1 - A Percepção
Processos Mentais 1 - A Percepção
Jorge Barbosa
 
Psicologia b – tema 2 percepção
Psicologia b – tema 2 percepçãoPsicologia b – tema 2 percepção
Psicologia b – tema 2 percepção
Silvia Revez
 

Mais procurados (20)

Aprendizagem Social Bandura
Aprendizagem Social BanduraAprendizagem Social Bandura
Aprendizagem Social Bandura
 
Valor aspetual
Valor aspetualValor aspetual
Valor aspetual
 
Processos Mentais 1 - A Percepção
Processos Mentais 1 - A PercepçãoProcessos Mentais 1 - A Percepção
Processos Mentais 1 - A Percepção
 
António Damásio
António Damásio  António Damásio
António Damásio
 
Memorial- Análise por Capítulos
Memorial- Análise por CapítulosMemorial- Análise por Capítulos
Memorial- Análise por Capítulos
 
O conformismo
O conformismoO conformismo
O conformismo
 
Análise do poema Nao sei quantas almas tenho
Análise do poema Nao sei quantas almas tenhoAnálise do poema Nao sei quantas almas tenho
Análise do poema Nao sei quantas almas tenho
 
Psicologia B
Psicologia  BPsicologia  B
Psicologia B
 
Resumos de Português: Heterónimos De Fernando Pessoa
Resumos de Português: Heterónimos De Fernando PessoaResumos de Português: Heterónimos De Fernando Pessoa
Resumos de Português: Heterónimos De Fernando Pessoa
 
Recursos expressivos
Recursos expressivosRecursos expressivos
Recursos expressivos
 
Processos Conativos
Processos ConativosProcessos Conativos
Processos Conativos
 
A motivação
A motivaçãoA motivação
A motivação
 
Esquecimento e memoria
Esquecimento e memoriaEsquecimento e memoria
Esquecimento e memoria
 
Memoria
MemoriaMemoria
Memoria
 
Cesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-SistematizaçãoCesário Verde-Sistematização
Cesário Verde-Sistematização
 
Amor de perdição
Amor de perdiçãoAmor de perdição
Amor de perdição
 
Psicologia 12º
Psicologia 12ºPsicologia 12º
Psicologia 12º
 
Lista obras textos educação Literária Secundário
Lista obras textos educação Literária  SecundárioLista obras textos educação Literária  Secundário
Lista obras textos educação Literária Secundário
 
Psicologia b – tema 2 percepção
Psicologia b – tema 2 percepçãoPsicologia b – tema 2 percepção
Psicologia b – tema 2 percepção
 
Fernando Pessoa Nostalgia da Infância
Fernando Pessoa Nostalgia da InfânciaFernando Pessoa Nostalgia da Infância
Fernando Pessoa Nostalgia da Infância
 

Destaque

Psicologia da aprendizagem
Psicologia da aprendizagemPsicologia da aprendizagem
Psicologia da aprendizagem
na educação
 
Condicionamento operante
Condicionamento operanteCondicionamento operante
Condicionamento operante
Tiago Malta
 
Aprendizagem no Condicionamento Operante
Aprendizagem no Condicionamento OperanteAprendizagem no Condicionamento Operante
Aprendizagem no Condicionamento Operante
CatarinaNeivas
 

Destaque (20)

Aprendizagem
AprendizagemAprendizagem
Aprendizagem
 
Teorias Da Aprendizagem Material Para Alunos
Teorias Da Aprendizagem Material Para AlunosTeorias Da Aprendizagem Material Para Alunos
Teorias Da Aprendizagem Material Para Alunos
 
Tipos De Aprendizagem
Tipos De AprendizagemTipos De Aprendizagem
Tipos De Aprendizagem
 
Psicologia da aprendizagem
Psicologia da aprendizagemPsicologia da aprendizagem
Psicologia da aprendizagem
 
Condicionamento
CondicionamentoCondicionamento
Condicionamento
 
Condicionamento operante
Condicionamento operanteCondicionamento operante
Condicionamento operante
 
Trabalho slides behavorismo 2014
Trabalho slides behavorismo 2014Trabalho slides behavorismo 2014
Trabalho slides behavorismo 2014
 
Lei do efeito
Lei do efeitoLei do efeito
Lei do efeito
 
Aprendizagem no Condicionamento Operante
Aprendizagem no Condicionamento OperanteAprendizagem no Condicionamento Operante
Aprendizagem no Condicionamento Operante
 
Processo de Aprendizagem
Processo de AprendizagemProcesso de Aprendizagem
Processo de Aprendizagem
 
Construtivismo
ConstrutivismoConstrutivismo
Construtivismo
 
Cérebro e Aprendizagem
Cérebro e AprendizagemCérebro e Aprendizagem
Cérebro e Aprendizagem
 
Construtivismo[1]
Construtivismo[1]Construtivismo[1]
Construtivismo[1]
 
Construtivismo
ConstrutivismoConstrutivismo
Construtivismo
 
Teorias Construtivistas
Teorias ConstrutivistasTeorias Construtivistas
Teorias Construtivistas
 
Teorias Behavioristas
Teorias BehavioristasTeorias Behavioristas
Teorias Behavioristas
 
Jean piaget
Jean piagetJean piaget
Jean piaget
 
A Psicologia da Aprendizagem
A Psicologia da AprendizagemA Psicologia da Aprendizagem
A Psicologia da Aprendizagem
 
Teorias da aprendizagem
Teorias da aprendizagemTeorias da aprendizagem
Teorias da aprendizagem
 
Condicionamiento Operante
Condicionamiento OperanteCondicionamiento Operante
Condicionamiento Operante
 

Semelhante a A aprendizagem

Primórdios do behaviorismo Pavlov
Primórdios do behaviorismo PavlovPrimórdios do behaviorismo Pavlov
Primórdios do behaviorismo Pavlov
Débora Prado
 
Processos Mentais 3 - Aprendizagem
Processos Mentais 3 - AprendizagemProcessos Mentais 3 - Aprendizagem
Processos Mentais 3 - Aprendizagem
Jorge Barbosa
 
Behaviorismo comportamento respondente
Behaviorismo comportamento respondenteBehaviorismo comportamento respondente
Behaviorismo comportamento respondente
Talita Queiroz
 
Psicologiadaaprendizagem 140124113741-phpapp01 (1)
Psicologiadaaprendizagem 140124113741-phpapp01 (1)Psicologiadaaprendizagem 140124113741-phpapp01 (1)
Psicologiadaaprendizagem 140124113741-phpapp01 (1)
Márcia Franco
 
Aula 1 - Conceitos básicos de Etologia.pdf
Aula 1 -  Conceitos básicos de Etologia.pdfAula 1 -  Conceitos básicos de Etologia.pdf
Aula 1 - Conceitos básicos de Etologia.pdf
JooRafaelAssis
 

Semelhante a A aprendizagem (20)

A aprendizagem
A aprendizagemA aprendizagem
A aprendizagem
 
APRENDIZAGEM
APRENDIZAGEMAPRENDIZAGEM
APRENDIZAGEM
 
Primórdios do behaviorismo Pavlov
Primórdios do behaviorismo PavlovPrimórdios do behaviorismo Pavlov
Primórdios do behaviorismo Pavlov
 
behaviorismo_em_pavlov_e_skinner.ppt
behaviorismo_em_pavlov_e_skinner.pptbehaviorismo_em_pavlov_e_skinner.ppt
behaviorismo_em_pavlov_e_skinner.ppt
 
Processos Mentais 3 - Aprendizagem
Processos Mentais 3 - AprendizagemProcessos Mentais 3 - Aprendizagem
Processos Mentais 3 - Aprendizagem
 
teoria de ensaio erro.docx
teoria de ensaio erro.docxteoria de ensaio erro.docx
teoria de ensaio erro.docx
 
Aprendizagem[1]
Aprendizagem[1]Aprendizagem[1]
Aprendizagem[1]
 
Manual ABA
Manual ABAManual ABA
Manual ABA
 
Passo 5 2007 1
Passo 5 2007 1Passo 5 2007 1
Passo 5 2007 1
 
Condicionamento reflexo
Condicionamento reflexoCondicionamento reflexo
Condicionamento reflexo
 
Behaviorismo comportamento respondente
Behaviorismo comportamento respondenteBehaviorismo comportamento respondente
Behaviorismo comportamento respondente
 
Psicologia evolucionista
Psicologia evolucionistaPsicologia evolucionista
Psicologia evolucionista
 
Material de apoio-Teorias de Aprendizagem2023.pdf
Material de apoio-Teorias de Aprendizagem2023.pdfMaterial de apoio-Teorias de Aprendizagem2023.pdf
Material de apoio-Teorias de Aprendizagem2023.pdf
 
Tipos de Aprendizagem
Tipos de AprendizagemTipos de Aprendizagem
Tipos de Aprendizagem
 
Psicologiadaaprendizagem 140124113741-phpapp01 (1)
Psicologiadaaprendizagem 140124113741-phpapp01 (1)Psicologiadaaprendizagem 140124113741-phpapp01 (1)
Psicologiadaaprendizagem 140124113741-phpapp01 (1)
 
Psicologiadaaprendizagem 140124113741-phpapp01
Psicologiadaaprendizagem 140124113741-phpapp01Psicologiadaaprendizagem 140124113741-phpapp01
Psicologiadaaprendizagem 140124113741-phpapp01
 
Aprendizagens Comportamentais.ppt
Aprendizagens Comportamentais.pptAprendizagens Comportamentais.ppt
Aprendizagens Comportamentais.ppt
 
Aula 1 - Conceitos básicos de Etologia.pdf
Aula 1 -  Conceitos básicos de Etologia.pdfAula 1 -  Conceitos básicos de Etologia.pdf
Aula 1 - Conceitos básicos de Etologia.pdf
 
01 introdução
01   introdução01   introdução
01 introdução
 
O behaviorismo.docx resumo
O behaviorismo.docx resumoO behaviorismo.docx resumo
O behaviorismo.docx resumo
 

Mais de Luis De Sousa Rodrigues (20)

O essencial para os exames de filosofia
O essencial para os exames de filosofiaO essencial para os exames de filosofia
O essencial para os exames de filosofia
 
Unidade funcional do cérebro
Unidade funcional do cérebroUnidade funcional do cérebro
Unidade funcional do cérebro
 
Tipos de vinculação
Tipos de vinculaçãoTipos de vinculação
Tipos de vinculação
 
Tipos de aprendizagem
Tipos de aprendizagemTipos de aprendizagem
Tipos de aprendizagem
 
Teorias sobre as emoções
Teorias sobre as emoçõesTeorias sobre as emoções
Teorias sobre as emoções
 
Relações precoces
Relações precocesRelações precoces
Relações precoces
 
Raízes da vinculação
Raízes da vinculaçãoRaízes da vinculação
Raízes da vinculação
 
Processos conativos
Processos conativosProcessos conativos
Processos conativos
 
Perturbações da vinculação
Perturbações da vinculaçãoPerturbações da vinculação
Perturbações da vinculação
 
Perceção e gestalt
Perceção e gestaltPerceção e gestalt
Perceção e gestalt
 
Os processos emocionais
Os processos emocionaisOs processos emocionais
Os processos emocionais
 
Os grupos
Os gruposOs grupos
Os grupos
 
O sistema nervoso
O sistema nervosoO sistema nervoso
O sistema nervoso
 
O que nos torna humanos
O que nos torna humanosO que nos torna humanos
O que nos torna humanos
 
Maslow e a motivação
Maslow e a motivaçãoMaslow e a motivação
Maslow e a motivação
 
Lateralidade cerebral
Lateralidade cerebralLateralidade cerebral
Lateralidade cerebral
 
Freud 9
Freud 9Freud 9
Freud 9
 
Freud 8
Freud 8Freud 8
Freud 8
 
Freud 7
Freud 7Freud 7
Freud 7
 
Freud 6
Freud 6Freud 6
Freud 6
 

A aprendizagem

  • 2. Aprendizagem Definição: A aprendizagem é um processo através do qual os seres vivos adquirem novos conhecimentos, desenvolvem novas competências e mudam os seus comportamentos, ou seja, a aprendizagem é uma modificação de comportamentos e de atitudes relativamente duradoura, que deriva da experiência e da prática e não da maturação ou de transformações físicas e fisiológicas. Existem 4 tipos de aprendizagem: • Aprendizagem por habituação; • Aprendizagem por condicionamento clássico; • Aprendizagem por condicionamento operante; • Aprendizagem por observação e por imitação;
  • 3. Aprendizagem por habituação A aprendizagem por habituação consiste na diminuição da tendência para responder a um certo estímulo. Este tipo de aprendizagem não associativa dá origem a que o ser humano consiga ignorar o que lhe é familiar e a focar o que realmente lhe interessa. A habituação torna possível que nos desliguemos de estímulos desnecessários e nos concentremos nas tarefas que estamos a realizar. Através dela respondemos a novos estímulos que podem ser perigosos e ignoramos estímulos que já reconhecemos serem inofensivos. Exemplo: Imaginemos que o Bruno está em casa a estudar e que o vizinho de baixo começa a martelar pregos na parede. Ao início, Bruno desconcentra-se e não consegue estudar, mas depois, habitua-se ao barulho e consegue novamente concentrar-se no seu estudo. Nesta fase é como se o barulho proporcionado pelo martelo não existisse.
  • 4. Aprendizagem por condicionamento clássico O que é? É uma forma de aprendizagem em que um estímulo neutro, ao ser sucessivamente emparelhado com um estímulo incondicionado, acaba, ao fim de algum tempo e em virtude deste condicionamento, por provocar o mesmo tipo de resposta do que o estímulo com o qual foi emparelhado. Torna – se assim um estímulo que por si só provoca uma resposta condicionada, similar à desencadeada pelo estímulo incondicionado ou natural.
  • 5. Experimentação de Pavlov Pavlov ao estudar a fisiologia da digestão, descobriu que os cães utilizados salivavam perante estímulos que não a comida (o som dos passos do tratador ou a sua simples presença). Tal descoberta levou a que Pavlov desenvolve-se estudos que consistiam na apresentação ao cão de um estímulo neutro (o som de uma campainha) e logo imediatamente a seguir um prato com carne em pó. O cão responde a este estímulo (não - condicionado) salivando. Depois de emparelhar o som da campainha e a comida várias vezes (20 vezes pelo menos) Pavlov verificou que o som da campainha era suficiente para produzir a resposta de salivação. Como os cães não salivam naturalmente em resposta a sons, Pavlov concluiu que a salivação era uma resposta resultante de aprendizagem: o cão foi condicionado a salivar quando a campainha toca (resposta condicionada).
  • 6. Exemplos em seres humanos O condicionamento clássico está sempre presente no nosso quotidiano. Por exemplo, o Miguel é um individuo que esteve na guerra do Vietname, onde via e ouvia aviões de guerra, que disparavam tiros mortíferos, a passar mesmo por cima da sua cabeça. Agora, Miguel mora numa cidade pacata mas, no entanto, quando Miguel ouve o som de um avião comercial, associa esse som ao de um avião de guerra e sentimentos como o medo, o perigo e o desespero despertam no Miguel como se estivesse perante uma situação de guerra. Aqui, o estímulo neutro – o som do avião comercial - é emparelhado com o estímulo incondicionado – o som do avião de guerra – que provoca uma resposta incondicionada ou natural – incómodo e medo, causados pelo som intenso. Por causa desta associação o estímulo neutro perde a sua neutralidade e passa a provocar o mesmo tipo de resposta do que o estímulo incondicionado (que provoca uma dada resposta sem ter de ser associado a nada).
  • 7. Existem cinco princípios básicos na aprendizagem por condicionamento clássico. 1 – Aquisição: formação de uma resposta aprendida a um estímulo neutro (não produtor de resposta) por o associarmos a um estímulo não condicionado. 2 -Extinção: enfraquecimento e eventual desaparição da resposta aprendida. A extinção é, em suma, o resultado da repetida apresentação do estímulo condicionado sozinho. 3 -Recuperação espontânea: reemergência de uma resposta condicionada extinta após algum tempo de descanso. 4– Generalização: Fala-se de generalização do estímulo quando a resposta condicionada é provocada não só pelo estímulo condicionado original como também por outros estímulos semelhantes a este. 5 – Discriminação: consiste na aptidão de discernir estímulos semelhantes, produzindo a resposta apenas no estímulo correcto.
  • 8. Aprendizagem por condicionamento operante A aprendizagem por condicionamento operante consiste em associar um comportamento às suas consequências e efeitos. O condicionamento operante é uma forma de aprendizagem em que um dado comportamento de carácter ativo (operante no meio) é reforçado ou enfraquecido tendo em conta as suas consequências: conforme as consequências da acção assim ela tenderá a aumentar ou a diminuir (ou a extinguir-se) no futuro.
  • 9. Considera-se que o condicionamento operante foi descoberto por Edward Thorndike mais ou menos na mesma época em que Pavlov descobria os reflexos condicionados nos seus experimentos com cães. O experimento de Thorndike consistia no seguinte: colocou um gato no interior de uma caixa com aspecto de jaula. No exterior estava, à vista do gato, um recipiente com comida. O animal só poderia sair da caixa se carregasse num pedal que, accionado, abria uma pequena porta. O gato começou a arranhar e a morder ao acaso várias partes da caixa até que, de uma forma eventualmente acidental, pressionou o pedal que a abria e obteve a comida desejada. A partir daí, várias vezes colocado no interior da caixa, o gato gastou cada vez menos tempo para dela sair. Da primeira vez que repetiu a situação Thorndike reparou que o gato escapou da caixa em 15 segundos. Esta mudança de comportamento significava que o gato tinha aprendido não mediante um reflexo condicionado mas mediante tentativas cada vez mais eficazes que traduziam um papel activo na aprendizagem. Thorndike explicou esta aprendizagem gradual e progressiva através da lei do efeito: «Respostas ou comportamentos seguidos por consequências ou efeitos satisfatórios tendem a repetir-se; respostas seguidas por consequências desagradáveis tendem a não se repetir».
  • 10. Experimentação Experimentação d dee S Skkininnneerr O primeiro projeto de investigação de Skinner consistia numa análise do comportamento alimentar dos ratos. Skinner utilizou um artefacto por ele próprio construído e que tem hoje o seu nome: «A caixa de Skinner». Colocou dentro um rato com fome. O rato só poderia obter comida pressionando uma alavanca que libertava pequenas bolas de queijo de um recipiente numa das paredes da caixa. O rato começou imediatamente a explorar a caixa e ao fim de algum tempo, acidentalmente, pressionou a alavanca e a comida caiu. Progressivamente, o animal começou a pressionar a alavanca em intervalos de tempo cada vez menores. Segundo Skinner isso significava que aprendeu a obter comida mediante uma resposta condicionada pelas consequências ou efeitos da sua acção A partir desta e de muitas outras experimentações Skinner definiu a tese essencial do condicionamento operante: um organismo tende a repetir as respostas que têm consequências favoráveis.
  • 11. Reforço e punição O condicionamento operante é segundo Skinner uma forma de aprendizagem na qual a probabilidade de ocorrência de uma resposta ou comportamento aumenta ou diminui conforme a sua consequência é um reforço (positivo ou negativo) ou uma punição. Reforço: toda e qualquer consequência de uma ação que fortalece a nossa tendência para a repetir. Punição: toda e qualquer consequência de uma ação que enfraquece a nossa tendência para a repetir. Há ações que têm consequências boas e outras que têm consequências más, por exemplo, se fazemos dieta para emagrecer e emagrecemos efetivamente, é considerada uma acção com boas consequências. Por outro lado, se assaltássemos um banco, podíamos ser detidos pela policia e aí a ação realizada seria considerada uma ação com más consequências.
  • 12. Reforço positivo ou negativo Reforço positivo: estamos perante uma situação de reforço positivo sempre que uma ação, em virtude das suas consequências, nos permite obter algo agradável. Tendemos, por isso, a repeti-la, de modo a fazer com que o reforço ocorra de novo. Ex: Estudar muito para conseguir ingressar na universidade. Reforço negativo: estamos perante uma situação de reforço negativo sempre que uma ação tem como consequência evitar uma situação indesejável, remover um obstáculo ou pôr termo a uma situação desagradável. Tende por isso a ser repetida. Ex: Trabalhar bem e evitar assim ser despedido.
  • 13. Punição Punir um comportamento é tornar provável que ele não se repita ou pelo menos que diminua a sua frequência. Por exemplo, se a Marta ajuda os pais na lida da casa para poder ir sair à noite com os amigos, é muito provável que o comportamento se repita no futuro para poder sair com os amigos sempre que queira. O comportamento – ajudar os pais na lida da casa – é reforçado negativamente: é um meio para evitar algo desagradável (não poder sair com os amigos). Se a Marta recusa ajudar os pais na lida da casa, os pais proíbem-na de sair com os amigos. Assim, estamos perante uma punição, um meio para retirar algo agradável ou para evitar que se repita algo de desagradável.
  • 14. Aprendizagem por observação e imitação A aprendizagem por observação é uma forma muito frequente de aprendizagem que ocorre quando o comportamento de um indivíduo é influenciado ou condicionado pelo comportamento de outros indivíduos denominados modelos. É uma aprendizagem social porque ocorre em contexto social. Tendo em conta que aprendemos identificando-nos e imitando um modelo (indivíduo que «demonstra» ou efetua uma ação constituindo-se como potencial exemplo a seguir), este tipo de aprendizagem recebe também o nome de aprendizagem por modelação. Formas de aprendizagem observacional: • Aprendemos observando os outros, sem que essa observação se traduza necessariamente em imitação; • Aprendemos observando os outros e sendo diretamente reforçados, por os imitarmos adequadamente; • Aprendemos observando as consequências dos comportamentos dos outros (aprendizagem por condicionamento vicariante ou indireto).
  • 15. Condições necessárias para haver aprendizagem observacional: • Atenção • Retenção • Execução • Motivação e reforço Não é suficiente observar. Deve-se prestar atenção ao que o modelo observado faz, identificando a sua conduta. Para imitar o comportamento de um modelo temos de o armazenar activamente na memória, o que implica a representação mental das acções do modelo observado e a prática dos elementos, sequências ou etapas do comportamento. Memorizado o comportamento desejado, é necessário convertê-lo em acção, o que pode exigir bastante tempo e treino. O desempenho de algo que adquirimos mediante observação depende da motivação ou incentivo para o efectuar.
  • 16. Factores que influenciam a aprendizagem observacional: • Nível de desenvolvimento do observador Conforme vamos crescendo somos capazes de concentrar a nossa atenção durante mais tempo, de processar cada vez melhor a informação e de nos auto-motivarmos. • Estatuto do modelo As crianças, por exemplo, revelam uma acentuada tendência para imitarem as acções de pessoas que consideram prestigiadas, famosas e de quem gostam (pais, irmãos mais velhos, professores, atletas, heróis de filmes de acção, estrelas rock). Esta tendência depende da idade e dos interesses da criança.
  • 17. • Consequências vicariantes Observando as consequências das acções dos potenciais modelos obtemos informação sobre o que é apropriado para nós e sobre as prováveis consequências da imitação da conduta de quem observamos. As consequências positivas (que não são necessariamente de reconhecido valor moral) motivam os observadores. • Autoeficácia Os observadores tendem a imitar determinados modelos quando acreditam que são capazes de aprender e de desempenhar o comportamento - modelo, isto é, quando possuem um certo nível de autoconfiança e de autoeficácia.
  • 18. Experimentação de Bandura Para demonstrar a sua teoria sobre a aprendizagem por modelação, Bandura mostrou a crianças com quatro anos de idade um filme em que um adulto esmurrava e pontapeava um boneco insuflável. Bandura dividiu o grupo de 66 crianças em três grupos de 22 elementos cada. No filme um modelo adulto encaminhava-se na direção do boneco insuflável e ordenava-lhe que saísse da sua frente, o boneco não «obedecia» e era vítima de uma série de atos agressivos. Todas as crianças assistiram a estes comportamentos agressivos mas o pequeno filme tinha um final diferente por cada grupo de crianças, ou seja, três versões diferentes das consequências do comportamento do adulto eram exibidas.
  • 19. Experimentação de Bandura Assim, um grupo de crianças viu que o adulto agressivo era recompensado por um outro adulto que o elogiava chamando-lhe «campeão» e lhe dava uma grande quantidade de doces e de refrigerantes. Bandura designou este grupo de crianças como grupo do modelo recompensado; o segundo grupo de crianças, que, é claro, estava a ver o filme numa sala diferente, assistiu a uma versão final completamente diferente: o adulto agressivo foi asperamente censurado por um outro adulto que lhe chamou «má pessoa». Bandura deu a este grupo de crianças o nome de grupo do modelo punido; quanto ao terceiro grupo, assistiu aos comportamentos agressivos mas não lhe foi exibido nenhum final mostrando se as consequências de tais comportamentos eram positivas ou negativas. Bandura deu-lhe o nome de grupo de condição neutral.
  • 20. Depois da exibição das diferentes versões do filme foi permitido às crianças dos vários grupos brincarem com o boneco insuflável e outros brinquedos. Como Bandura previra, as crianças do grupo que vira o adulto ser recompensado pelo seu comportamento agressivo mostraram maior índice de agressividade do que as outras, imitando os actos do adulto. As crianças de todos os grupos tinham aprendido de igual modo a reproduzir mentalmente os diversos comportamentos agressivos observados, isto é, estavam em condições de desempenhar o comportamento do modelo igualmente bem e de forma precisa. Que conclusões retirou Bandura destes resultados? • O que condiciona a «performance» do que foi aprendido é a expectativa do reforço. • O factor motivação é crucial para a «performance» ou desempenho efectivo do que foi aprendido. • Há muito mais probabilidade de que um indivíduo imite um comportamento se houver da sua parte a expectativa de que tal produzirá reforço ou recompensa. Assim, virtualmente, todas as crianças eram capazes de imitar o comportamento agressivo visionado, mas a tendência a traduzir o aprendido em comportamento efectivo era bem mais acentuada no grupo do modelo recompensado do que no grupo do modelo punido.
  • 21. Relação entre aprendizagem e memória É a aprendizagem que determina o nosso pensamento, a nossa linguagem, as motivações, as atitudes e a personalidade. Existem aprendizagens simples e aprendizagens complexas que implicam uma actividade mental diversificada. Inerente aos processos de aprendizagem está a memória. Só a memória nos possibilita reter o que aprendemos, para responder adequadamente à situação presente e proporcionar a possibilidade de projectar o futuro. A memória é a condição que torna possíveis os processos de aprendizagem. Só aprendemos quando o que adquirimos é retido e passível de recuperação. O próprio conceito de aprendizagem implica o de memória. Com efeito, a aprendizagem é uma mudança relativamente estável no comportamento como resultado da prática e da experiência. A estabilidade e a mudança dependem da memória: o novo saber só é novo se o anterior não tiver desaparecido e enquadra-se ou engloba os saberes possuídos como ultrapassados. Não poderíamos aplicar o saber adquirido a novas situações sem a relativa permanência que a memória assegura.