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TRANSTORNOS DA INFÂNCIA PRECOCE E PRIMEIRA
INFÂNCIA
Existem diversos transtornos emocionais que qualquer ser humano está sujeito a ter,
inclusive as crianças e adolescentes. O tratamento adequado desses transtornos de forma e
em época adequadas, proporciona não só às crianças e adolescentes um melhor
desenvolvimento, senão também à família e, em última instância, à sociedade.
O contacto precoce íntimo da criança com a mãe, imediatamente depois do nascimento
terá um significado emocional muito grande para o futuro emocional da pessoa.
Os gestos e carinhos com que a mãe toca seu filho recém nascido, a conversa simbólica
cujo significado é mais sentido que compreendido pela criança, a sensação tranqüilizadora
que a criança sente quando sente seu corpo junto ao corpo da mãe, quando capta os
batimentos cardíacos no peito da mãe são experiências afetivas primordiais que ficarão
eternamente presentes no perfil afetivo dessa criança.
Esta etapa de relacionamento afetivo íntimo mãe-bebê tem sua influência mais marcante
entre os 3 e 10 anos (da infância precoce até a idade escolar, ou primeira infância). E nessa
etapa as crianças necessitam do relacionamento afetuoso com os adultos, de um contacto
que estimule segurança, confiança e proteção.
Alterações no relacionamento mãe-filho nessa faixa etária podem ter conseqüências
danosas ao desenvolvimento infantil e seqüelas que podem se perpetuar ao longo da vida
adulta. Essas conseqüências dependerão da época (quanto mais precoces piores), das
características afetivas inatas da criança, da personalidade da mãe e das circunstâncias
desse relacionamento.

Transtornos do sono - De 0 a 1 ano
Cada criança possui um ritmo próprio de sono que, habitualmente, não precisa
coincidir com o ritmo que a mãe ou os parentes desejam. Antes de 1 ano, satisfeitas as
necessidades fisiológicas (fome e sede) e quando não existem outros problemas
(cólicas, frio, calor...) o bebê rapidamente dorme. Isso confirma que o sono é
intimamente relacionado à saciedade, pois, durante os primeiros meses, o despertar está
estreitamente vinculado à sensação de fome e o adormecimento à sensação de
satisfação.
Ao passar do primeiro para o segundo ano a vigília vai se tornando cada vez mais
freqüente, pois começam a se ampliar os interesses das crianças, tornando-as mais
ativas. O ritmo habitual do sono pode estar comprometido quando existem dificuldades
em relação à alimentação ou com dificuldades de relacionamento.
No primeiro trimestre as dificuldades em conciliar o sono podem ser causadas por
vários fatores:
Inadequação do regime alimentar.
Incompatibilidade dos horários da criança com os horários da mãe.
Falta de estímulos em geral.
Superestimulação capaz de provocar hiperexcitabilidade.
Ausência de contacto materno.
Personalidade hiperativa da criança.
Falta de um ambiente mais acolhedor e tranqüilo.
Transtorno de Associação (veja na coluna ao lado).

Transtornos do sono - De 1 a 2 anos
Algumas vezes os transtornos do sono começam no segundo ano de vida. Nessa fase
a criança se excita com todas novidades e possibilidades (engatinhar, andar, pegar...)
A partir daí, dormir já não é somente uma resposta automática às necessidades
fisiológicas, uma vez que a criança precisa abstrair-se de seus interesses para poder
dormir. Pode produzir-se, nesta fase, um grau importante de ansiedade, fazendo com
que a criança tente manter-se acordada por todos os meio.
Também nessa fase a criança começa a se utilizar de todos os meios para manter sua
mãe por perto, tais como o choro, birras, manhas, etc. Para pegar no sono é necessário
alguns rituais, como canções de ninar, balanços, sucção do peito materno, recorrer a
objetos aconchegantes, tais como bixinhos de pelúcia, mantas de lã, paninhos, etc.
Entre os fatores externos capazes de provocar ansie
Entre os fatores externos capazes de provocar ansiedade e, conseqüentemente
perturbar o sono, os principais são a irregularidade dos horários, ambientes barulhentos
e agitados e a soperestimulação por parte dos pais e parentes.

Transtornos do sono - De 2 a 5 anos
A quantidade de horas que a criança dorme, assim como a profundidade do sono e
sua distribuição durante as 24 horas do dia, depende das diferentes etapas do
desenvolvimento, pois a evolução do sono é paralela ao processo de maturação cerebral
e funcional do organismo.
A possibilidade de separação da mãe ao ir para a cama é um dos motivos que
interferem no sono durante o segundo ano. Se a estimulação durante a vigília não é
adeqüada e não há uma boa relação mãe-filho, o sono não será de boa qualidade. Mas,
de modo geral, entre os 3 e 5 anos o sono tende a se normalizar, embora possam haver
alguns episódios de despertar no meio da noite, pedir para dormir com os pais, ter
sonhos desagradáveis, etc. Nessa fase as crianças recusam dormir de dia.
Também nessa época a criança experimenta o medo e a angustia de forma
combinada. Os medos podem ser bastante freqüentes, incluindo o medo do escuro,
medo de ficar sozinho, medos sobrenaturais, de animais. Por isso é comum que as
crianças peçam alguma luz acesa, normalmente do corredor, ou que tenham um
interruptor à mão ou, quando for mais sério o medo, pedem para dormir ou adormecer
com as mães.
Os medos se acalmam com a presença dos pais e, com o tempo, acabam por
desaparecer. Por isso é importante que os pais compreendam e tranqüilizem a criança.
Paola Gavilán Massa fala dos rituais e automatismos que aparecem nessa idade.
Esses rituais servem para tranqüilizar a criança, facilitando para que pegue no sono.
Algumas crianças chupam o dedo (polegar, quase sempre), outros só conseguem dormir
com algum objeto, como por exemplo, uma almofada, bixinhos de pelúcia, paninho, etc.
Terror Noturno
Um episódio de terror noturno se caracteriza pela criança que acorda gritando,
gesticulando e chorando. Ela se agita pedindo ajuda aos pais na tentativa de se livrar
das fantasias que o atacam.
Segundo o DSM.IV, a característica essencial do Transtorno de Terror Noturno é a
ocorrência repetida de terror durante o sono, representada por um despertar abrupto,
geralmente começando com um grito de pânico. O terror noturno habitualmente inicia
durante a primeira terça parte do principal episódio de sono e dura cerca de 1 a 10
minutos. Os episódios são acompanhados por excitação autonômica e manifestações
comportamentais de intenso medo. Durante um episódio, é difícil despertar ou confortar
o indivíduo mas, se a pessoa é desperta após o episódio de terror noturno, nenhum
sonho é recordado, ou então existem apenas imagens fragmentadas e isoladas.
Os episódios de terror noturno para ser considerados Transtorno de Terror Noturno,
devem causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social
ou ocupacional. Nas crianças, assim como em adultos, podem ocasionar um “dia
seguinte” cansativo e extenuante.
Durante um episódio típico de Terror Noturno, a pessoa se senta abruptamente na
cama gritando, com uma expressão aterrorizada e sinais autonômicos de intensa
ansiedade, como por exemplo, taquicardia, respiração rápida, rubor cutâneo, sudorese,
dilatação das pupilas, tônus muscular aumentado. Geralmente a pessoa não responde
aos esforços dos outros para despertá-la e, se despertada, mostra-se confusa e
desorientada por vários minutos.
Quando os pais acodem a criança esta demora a ter noção clara do que se passa,
permanecendo meio dormindo ainda por alguns momentos, por isso pode não
reconhecer de pronto as pessoas e dizer coisas incompreensíveis. Quando acorda
totalmente, vendo os pais ao seu lado, tranqüiliza-se.

Sonambulismo
A característica essencial do Transtorno de Sonambulismo são os episódios repetidos
de comportamento motor complexo, iniciado durante o sono, incluindo levantar-se da
cama e andar. Durante esses episódios, a pessoa apresenta uma redução do estado de
alerta, um olhar vazio e uma relativa ausência de resposta à comunicação com outras
pessoas.
Quando o sonâmbulo é desperta na manhã seguinte, pode ter uma recordação
precária do episódio. Após o episódio, quando é despertado, pode haver um breve
período de confusão ou dificuldade para orientar-se.
Os episódios de sonambulismo podem incluir uma variedade de comportamentos,
desde simplesmente se sentar na cama, olhar em volta ou remexer no cobertor ou no
lençol ou até se levantar, ir ao banheiro, sair do quarto, subir ou descer escadas, comer,
falar e mesmo sair de casa. Os sonâmbulos podem ainda falar ou até mesmo responder
a perguntas, mas seu discurso é relativamente confuso. Não é raro que essas pessoas
respondam solicitações de outros para cessarem suas atividades e voltarem para a
cama.
Particularmente na infância, o sonambulismo também pode incluir um comportamento
inadequado, como por exemplo, urinar em um armário, na sala, etc. A maior parte dos
episódios dura de alguns minutos a meia hora e podem terminar espontaneamente.
A criança sonâmbula se levanta durante a primeira parte da noite, agindo
automaticamente, com os olhos abertos, olhar fixo e movimentos inseguros. Depois de
andar algum tempo, costumam voltar à cama ou se deixam levar facilmente por qualquer
pessoa. A idade de aparecimento do sonambulismo se dá entre os 7 e 8 anos, com mais
freqüência em meninos.

Pesadelos
O DSM.IV fala de Transtorno de Pesadelo, cuja característica é a ocorrência repetida
de sonhos assustadores que levam ao despertar. A pessoa com pesadelos torna-se
plenamente alerta ao despertar, ao contrário dos sonâmbulos. Os pesadelos tipicamente
ocorrem em uma seqüência onírica extensa e elaborada, sendo altamente indutores de
ansiedade ou aterrorizantes. O conteúdo do sonho focaliza, mais comumente, um perigo
físico iminente, perseguições, ataques, ferimentos, morte. Em outros casos, o perigo
percebido pode ser mais sutil, envolvendo fracasso ou embaraço social, como estar em
situação vexatória, nu, mal vestido, enfim, qualquer situação traumática para (e só para)
a pessoa que sonha.
Ao despertar, pessoa com pesadelos podem descrever detalhadamente a seqüência e
o conteúdo do sonho.
As criança com pesadelos a criança se mexe muito, geme e termina por acordar
explicando aos pais os terrores pelos quais passou. Elas são prontamente
tranqüilizadas, embora algumas vezes têm medo de voltar a dormir. Normalmente os
pesadelos são expressão da ansiedade, concretizada em imagens dos sonhos que a
criança vive como reais.

Transtornos da Alimentação – De 0 a 1 Ano
O Transtorno de Alimentação da Primeira Infância consiste na falha persistente em
comer ou mamar adequadamente, que se reflete como um fracasso significativo para
ganhar peso ou uma perda de peso significativa ao longo de pelo menos 1 mês (Critério
do DSM.IV). Não se trata da conseqüência existe de uma condição gastrintestinal
orgânica ou outra condição clínica, como por exemplo, do refluxo gastro-esofágico, mas
uma perturbação alimentar de difícil explicação. Para que o transtorno alimentar seja
considerado de primeira infância seu início deve ocorrer antes dos 6 anos de idade.
Com freqüência os bebês com transtornos da alimentação são irritáveis e difíceis de
consolar principalmente durante a alimentação e, em outros momentos, eles podem ser
apáticos e retraídos, bem como apresentar atrasos no desenvolvimento.
Em alguns casos o Transtorno de Alimentação da Primeira Infância coexiste com
problemas na interação entre os pais e a criança, em geral caracterizados por reações
agressivas dos pais diante da recusa alimentar do bebê.
Pode existir uma associação entre o Transtorno de Alimentação da Primeira Infância e
dificuldades no ciclo sono-vigília, regurgitação freqüente e períodos imprevisíveis de
vigília. No primeiro ano as recusas alimentares também podem ser conseqüência de
separações traumáticas, porém, não é raro que aconteça o contrário, ou seja, que a
criança mostre uma necessidade excessiva de alimento.

Recusa Alimentar
Os primeiros transtornos alimentares na infância podem aparecer logo na lactância
através da recusa do peito materno ou da mamadeira. No começo dessa anorexia
algumas crianças demonstram apenas passividade diante da comida, não realizam os
movimentos de sucção e, depois de algum tempo, se negam a comer. As causas podem
ser fisiológicas, como por exemplo um reflexo de sucção mais lento, o fluxo do leite difícil
ou a forma inconveniente do mamilo, ou mesmo devido à pouca necessidade de
alimento.
As causas podem ainda ser psicológicas, neste caso, como uma reação negativa
automática desencadeada pela ansiedade da mãe. Ainda por razões psicológicas, a
criança pode apresentar recusa alimentar por ocasião do desmame do seio materno,
manifestando-se, além da recusa alimentar, choro, agitação e/ou vômitos. Essa situação
pode ser prevenida quando o desmame do seio é gradual.
Durante o primeiro ano a relação comida-mãe tem um papel fundamental no
desenvolvimento da criança. Às vezes, a recusa alimentar da criança reflete uma
carência de atenção materna. São importantes as reações dos pais a respeito dessas
dificuldades alimentares da criança. Normalmente os pais se desesperam diante da
inapetência de seus filhos mas, se forçam a alimentação com extrema rigidez, criam-se
círculos viciosos onde a hostilidade e tensão passam a predominar, convertendo os atos
de comer em verdadeiras lutas entre os pais e a criança.

Vômitos
No caso dos vômitos, o jato e a força do alimento expelido pela boca é proporcionada
por fortes contrações da musculatura abdominal e podem ter uma grande variedade de
causas. Entre essas causas as mais comum são o exceso de alimento oferecido,
seguido pela voracidade e rapidez com que alguma crianças mamam e por atitudes
extremadas das mães, sobreproteção ou de falta de atenção. A aerofagia, que é a
ingestão de ar junto com o leite, também pode ser uma das causas.
Alguns psicólogos acreditam que, com muita freqüência, os vômitos se devem a
dificuldades emocionais que a criança experimenta, e devem ser entendidos como uma
tentativa de chamar a atenção, uma espécie de protesto ou um medo de perda da mãe.

Regurgitação ou Ruminação
A característica da Ruminação ou Regurgitação é a volta espasmódica da alimentação
ingerida e re-mastigação de alimentos. Trata-se de uma dificuldade muito séria no
processo alimentar que começa entre os 3 e 6 meses de idade, podendo persistir
durante muito tempo.
O alimento parcialmente digerido é ejetado da boca ou, mais comumente, mastigado e
engolido de novo, é regurgitado sem náusea, esforço para vomitar, repugnância ou
transtorno gastrintestinal aparentes.
A Regurgitação não é devida a uma condição gastrintestinal ou outra condição clínica,
como por exemplo, ao refluxo gastro-esofágico.
Os bebês com Ruminação ou Regurgitação exibem uma posição característica de
tencionar e arquear as costas com a cabeça estirada para trás, projeta a mandíbula para
frente e faz movimentos de sucção com a língua. A regurgitação ou ruminação não
ocorre só depois que a criança se alimenta mas sim em qualquer momento e,
curiosamente, parece ocorrer mais vezes quando a criança se encontra sozinha.
A literatura enfatiza o fato das crianças com Regurgitação serem habitualmente
quietos, tristes, e que permanecem imóveis durante horas. Tem-se a nítida impressão
que elas experimentam algum prazer com a ruminação e podem continuar fazendo
movimentos de sucção como se buscassem alguma satisfação oral com isso.
Quando a regurgitação se regulariza, interrompe-se a perda de peso que a criança
vinha apresentando, caso contrário, o crescimento é deficiente, podendo aparecer
distrofia grave e desidratação e desnutrição.
Ainda que se possa evitar o ato de ruminação mediante constante atenção ou
distração à criança, uma melhora mais expressiva só pode se dar com o
restabelecimento de uma boa relação entre a mãe e a criança. Em algumas ocasiões a
regurgitação pode se confundir com os vômitos, sendo o aspecto voluntário da
regurgitação a principal diferença.

Transtornos Esfincterianos (da urina e da evacuação)
Durante os 2 primeiros anos de vida nenhuma criança têm ainda controle voluntário
dos esfíncteres e quando começam a controlá-los, o controle diurno aparece antes que o
noturno. O controle total dos esfíncteres aparece, na maioria das crianças, entre os 2 e 4
anos, tanto para o controle diurno quanto noturno, mas não podemos considerar
patológicos ainda, os descontroles até os 5 anos.
O desenvolvimento do controle voluntário dos esfíncteres depende de vários fatores.
Embora entre eles sejam importantes o treinamento, a aprendizagem e a maduração
neurofisiológica, esse controle costuma estar condicionado ao desenvolvimento afetivo
da criança, ou seja, ao equilíbrio da comunicação mãe-filho.
De acordo com as circunstâncias, o descontrole esfincteriano pode servir aos
propósitos emocionais da criança, como uma espécie de comunicação de seus
sentimentos para com a mãe, seja de satisfação ou de oposição. Podem coexistir com a
enurese a Encoprese (fazer cocô nas calças), o Sonambulismo e o Terror Noturno.

Enurese (esfíncter vesical)
Enurese é a falta de controle na emissão da urina, com micções completas na cama
ou na roupa que podem aparecer durante o dia ou a noite de forma involuntária, e que
se mantêm ou aparecem depois de ultrapassada a idade de aquisição normal do
controle esfincteriano. O controle esfincteriano normal deve ser alcançado em uma idade
cronológica de, no máximo, 5 anos. A enurese aparece mais freqüentemente em
meninos que em meninas.
Para a classificação da enurese falamos em 3 subtipos (DSM.IV):
Enurese Noturna. Este é o subtipo mais comum, definido como a passagem da urina
apenas durante o sono noturno. O evento enurético tipicamente ocorre durante o
primeiro terço da noite. Às vezes, o esvaziamento ocorre durante o estágio do sono de
movimentos oculares rápidos (REM), podendo a criança recordar um sonho que envolvia
o ato de urinar.
Enurese Diurna. Este subtipo é definido como a passagem da urina durante as horas
de vigília. A Enurese Diurna é mais comum no sexo feminino, sendo incomum após os 9
anos. O evento enurético ocorre mais habitualmente nas primeiras horas da tarde, em
dias de escola. A enurese diurna ocasionalmente se deve à relutância em usar o
banheiro, em virtude de ansiedade social ou de uma preocupação com a escola ou com
a atividade lúdica.
Enurese Noturna e Diurna. Este subtipo é definido como uma combinação dos dois
subtipos acima.
O grau de prejuízo associado à enurese decorre das limitações impostas às atividades
sociais da criança, como por exemplo, a dificuldade em pernoitar na casa de amigos,
acampamentos, etc, ou de seu efeito sobre a auto-estima. A criança com enurese
experimenta também uma dose de vergonha dos companheiros e tristeza diante das
punições por parte dos pais.
A prevalência da Enurese aos 5 anos
é de 7% para o sexo masculino e 3% para o sexo, aos 10 anos, é de 3% para o sexo
masculino e 2% para o sexo feminino e aos 18 anos, é de 1% para o sexo masculino e
menos de 1% para o sexo feminino.
A freqüência da enurese pode ser diária ou intermitente, piorando em alguma época
ou em alguma circunstância especial. A enurese é, talvez, um dos principais sintomas
utilizados pela criança para reclamar a atenção e mostrar a necessidade de ajuda,
refletindo de forma inconsciente, normalmente, conflitos internos mais ou menos sérios,
angústia e depressão.
É comum que a enurese apareça, na falta de uma personalidade irritável, depois do
nascimento de um irmão, depois de uma separação importante ou de algum outro
problema familiar grave, diante do qual a criança reage de forma regressiva.
Não se deve confundir a enurese com incontinência urinária de origem orgânica que,
normalmente, se segue a alguma infecção do trato urinário ou, mais gravemente, em
problemas neurológicos.

Encoprese
A encoprese é a evacuação intestinal parcial ou total na roupa que acontece depois da
idade normal de controle (mais de 4 anos), desde que não seja devida a algum tipo de
problema orgânico ou medicamentoso (laxante). Sua característica é a evacuação
repetida de fezes em locais inadequados, como por exemplo nas roupas, na cama ou no
chão (DSM.IV).
A encoprese freqüentemente está relacionada à constipação (intestino preso),
impactação e retenção de fezes. Em crianças escolares e pré-escolares a primeira
constipação pode se desenvolver por razões psicológicas, como a ansiedade diante da
possibilidade de defecar em local inadequado (escola, ônibus, festa, etc) ou à um padrão
de comportamento de oposição.
As predisposições fisiológicas à constipação intestinal incluem a desidratação
associada com doença febril, hipotireoidismo ou efeito colateral de algum medicamento.
Uma vez que a constipação se desenvolva, ela pode ser complicada por uma fissura
anal, defecação dolorosa e retenção fecal adicional. A consistência das fezes na
encoprese pode variar, sendo normal ou próxima ao normal, líquidas ou muito dura.
Como ocorre na enurese, a encoprese é mais freqüente em meninos que em meninas
e, comumente, a criança com encoprese pode ser também enurético.
A criança com encoprese com freqüência sente vergonha e pode ter o desejo de evitar
situações diferentes que poderiam provocar embaraços, como por exemplo, dormir na
casa de colegas, acampamentos ou viagens. Em geral essas crianças apresentam
algum traço de personalidade comuns, como por exemplo, dificuldades no controle da
agressão, são muito dependentes e toleram mal as frustrações.
O grau de prejuízo está relacionado ao efeito da encoprese sobre a auto-estima da
criança, seu grau de isolamento social e raiva, punição e rejeição por parte dos pais. O
fato da criança sujar-se com fezes pode ser deliberado ou acidental, resultando de sua
tentativa de limpar ou esconder as fezes evacuadas involuntariamente.
Quando a incontinência é claramente deliberada, características de Transtorno
Desafiador Opositivo ou Transtorno da Conduta também podem estar presentes.

Constipação
A constipação é a retenção fecal quando não existem anomalias anatômicas ou
causas dietéticas. A pesar de, aparentemente, não parecer um problema importante,
pode converter-se em um transtorno crônico e difícilmente reversível. A constipação na
criança é considerada, também, como uma forma de expressar sentimentos de
oposição, frustração e ansiedade.

Diarréia
Tanto em crianças quanto em adultos, as diarréias também se incluem entre os
transtornos gastrintestinais cuja origem é a ansiedade e a depressão, exceto nos casos
de uma possível ação de agentes infecciosos ou alergias alimentares.

Inspirado no Trabalho de Paola Gavilam Massa

referir:
Ballone GJ - Transtornos da Infância, in. PsiqWeb, Internet, disponível em
<www.virtualpsy.org/infantil/infancia.html> 2003
RANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS NA INFÂNCIA
O pensar, a capacidade de utilizar uma linguagem escrita, falada ou ainda de experimentar
sentimentos não nascem com a criança, estando profundamente relacionados a seu
desenvolvimento.
Desde o nascimento, o bebê vai tendo experiências na relação com a mãe ou com quem o
cuida que lhe vão permitindo, de forma rudimentar, classificar "o que é igual ou diferente". Ao
cuidar do bebê, a mãe deverá ser capaz de "traduzir", à sua maneira, as necessidades do
mesmo. Os gestos ou tipos de cuidados fazem com que o bebê aprenda a discriminar as suas
sensações do ambiente externo. Dessa maneira, é de suma importância que o cuidador tolere
sensivelmente o desconforto do bebê, administrando os cuidados necessários afetivamente,
para que dessa maneira a criança construa uma integrada condição emocional.
Existem, entretanto, transtornos psiquiátricos que podem ocorrer no desenvolvimento da
criança, os quais examinaremos a seguir e que são:
Transtornos da aprendizagem, transtornos das habilidades motoras e transtornos da
comunicação (linguagem)
Os transtornos da aprendizagem referem-se a dificuldades na leitura, na capacidade
matemática ou nas habilidades de escrita, medidas por testes padrões que estão
substancialmente abaixo do esperado, considerando-se a idade da criança, seu quociente de
inteligência (QI ) e grau de escolaridade.
No transtorno das habilidades motoras, o desempenho em atividades diárias que exigem
coordenação motora está abaixo do esperado para a idade, como por exemplo atraso para
sentar, engatinhar, caminhar, deixar cair coisas, fraco desempenho nos esportes ou caligrafia
insatisfatória. Muitas vezes essa criança é vista como desajeitada, tropeçando com freqüência
ou inábil para abotoar suas roupas ou amarrar os cadarços do sapato.
Nos transtornos da comunicação a perturbação pode manifestar-se por sintomas que incluem
um vocabulário limitado, erros grosseiros na conjugação de verbos, dificuldade para evocar
palavras ou produzir frases condizentes com sua idade cronológica. Os problemas de
linguagem também podem ser causados por perturbações na capacidade de articular sons ou
palavras.
Não é raro a presença de mais de um desses transtornos de aprendizagem em uma mesma
criança, muitas vezes estando associados com o transtorno de hiperatividade e déficit de
atenção. O tratamento das dificuldades de aprendizagem inclui muitas vezes reforço escolar,
tratamento psicopedagógico ou até mesmo encaminhamentos para escolas especiais,
dependendo da gravidade do problema. A baixa auto-estima, a repetência escolar e o
abandono da escola são complicações comuns nesses transtornos. Assim, a abordagem
psicopedagógica e o aconselhamento escolar são cruciais. Pode estar indicada também tanto a
psicoterapia individual quanto a de grupo ou familiar, conforme a situação. O tratamento com
medicação está indicado apenas em casos comprovadamente associados a transtornos que
exijam o uso de remédios, como o TDAH e quadros graves de depressão e fobia escolar.
Transtorno do déficit de atenção-hiperatividade
As crianças com esse transtorno são consideradas, com freqüência, crianças com um
temperamento difícil. Elas prestam atenção a vários estímulos, não conseguindo se concentrar
em uma tarefa única e, assim, cometendo erros muitas vezes grosseiros. É comum terem
dificuldade para manter a atenção, mesmo em atividades lúdicas e com freqüência parecem
não escutar quando chamadas. Muitas vezes não conseguem terminar seus deveres escolares,
tarefas domésticas ou deveres profissionais. Têm dificuldade para organizar tarefas, evitando,
antipatizando ou relutando em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante.
Costumam perder facilmente objetos de uso pessoal. Esquecem facilmente atividades diárias.
A hiperatividade aparece como uma inquietação, manifesta por agitação de mãos ou pés e não
conseguir permanecer parado na cadeira. São crianças que quase sempre saem de seus
lugares em momentos não apropriados, correm em demasia, têm dificuldade de permanecer
em silêncio, estando freqüentemente "a mil".
Outra característica desse transtorno é a impulsividade, que aparece em respostas
precipitadas mesmo antes de as perguntas terem sido completadas. Com freqüência, são
crianças que têm dificuldade de aguardar sua vez, interrompendo ou intrometendo-se em
assuntos alheios.
O transtorno deve ser diagnosticado e tratado ainda na infância para não causar maiores
prejuízos ao desenvolvimento interpessoal e escolar da criança. O tratamento inclui
psicoterapia individual e, às vezes, terapia familiar. Quase sempre faz-se necessário o uso de
medicação com um resultado muito satisfatório.
Transtornos do Comportamento Disruptivo
Os transtornos da infância diretamente relacionados com o comportamento são os
transtornos de oposição e desafio e o transtorno de conduta. São caracterizados por um
padrão repetitivo e persistente de comportamento agressivo, desafiador, indo contra as regras
de convivência social. Tal comportamento deve ser suficientemente grave, sendo diferente de
travessuras infantis ou rebeldia "normal" da adolescência. O Transtorno de oposição e desafio
(TOD) tem maior incidência na faixa etária dos 4 aos 12 anos e atinge mais meninos que
meninas. Tem como característica um comportamento opositor às normas, discute com
adultos, perde o controle, fica aborrecido facilmente e aborrece aos outros.
No Transtorno de Conduta, que é mais comum entre adolescentes do que crianças e é mais
comum também entre meninos, o padrão disfuncional de comportamento é mais grave que no
Transtorno de oposição e desafio. Eles freqüentemente agridem pessoas e animais, envolvemse em brigas, em destruição de propriedade alheia, furtos ou ainda agressão sexual. Sérias
violações de regras, como fugir de casa, não comparecimento sistemático à aula e
enfrentamento desafiador e hostil com os pais também são sinais da doença. Esse transtorno
está freqüentemente associado à ambientes psicossociais adversos, tais como: instabilidade
familiar, abuso físico ou sexual, violência familiar, alcoolismo e sinais de severa perturbação
dos pais.
A comorbidade desses transtornos com o abuso de substâncias e TDAH chega a quase 50%. O
tratamento dos transtornos de oposição e de conduta envolve principalmente psicoterapia
individual e familiar, e às vezes reclusão em unidades corretivas. O tratamento das
comorbidades é fundamental e pode necessitar de medicação (nos casos de TDAH) ou até
internação (em quadros graves de dependência química).
Transtornos Depressivos na Infância
O reconhecimento de transtornos depressivos na infância ocorreu no final da década de 60.
Surgiram então três conceitos:

sintomas depressivos análogos aos dos adultos não existem;
a depressão manifesta-se por sintomas específicos nessa faixa etária;
a sintomatologia depressiva surge mascarada por outros sintomas ou síndromes,
tais como hiperatividade, enurese, encoprese, déficit de aprendizagem e transtorno de
conduta.
Transtornos depressivos ocorrem tanto em meninos quanto em meninas. Os sintomas de
depressão podem ser : isolamento, calma excessiva, agitação, condutas auto e heteroagressivas, intensa busca afetiva, alternando atitudes prestativas com recusas de
relacionamento. A socialização está geralmente perturbada: pode haver recusa em brincar
com outras crianças e dificuldade para aquisição de habilidades. As queixas somáticas são
freqüentes: dificuldade do sono (despertar noturno, sonolência diurna), alteração do padrão
alimentar. Queixas de falta de ar, dores de cabeça e no estômago, problemas intestinais e suor
frio também são freqüentes.
A criança deprimida apresenta incapacidade para divertir-se, algumas vezes queixando-se de
estar aborrecida. Assistem muita televisão não se importando qual seja o programa. A baixa
auto-estima e a culpa excessiva, além da diminuição do rendimento escolar são característicos
da depressão. Apresentam também muita irritabilidade, sendo descritas pelos pais como mal
humoradas.
Os transtornos depressivos da infância podem ser classificados em duas formas bem distintas.
A primeira delas, a distimia que, etmológicamente significa "mal-humorado", é uma forma
crônica de depressão com início insidioso, podendo durar toda a vida da pessoa. Para firmar
este diagnóstico é preciso que o humor seja depressivo ou irritável e esteja presente quase
todos os dias por pelo menos um ano.
A outra forma de depressão, transtorno depressivo maior é caracterizada por períodos ou
crises apresentando uma síndrome depressiva completa (todos os sintomas descritos
anteriormente) por pelo menos duas semanas, causando importantes prejuízos na vida da
criança. Podem estar presentes alucinações, ideação ou condutas suicidas. Essa crise é
nitidamente diferente do funcionamento habitual da criança.
Os transtornos depressivos são bastante tratáveis hoje em dia, obtendo-se bons resultados.
Pais que desconfiem que um filho sofra desse mal devem levá-lo a um psiquiatra ou serviço de
psiquiatria para uma avaliação. O tratamento utiliza medicações antidepressivas e
acompanhamento psicológico. Internações são necessárias em duas situações: quando o
paciente fica psicótico (fora da realidade), o que é raro, ou quando existe risco de suicídio.
Transtornos Globais do Desenvolvimento (Autismo Infantil)
Esse grupo de transtornos é caracterizado por severas anormalidades nas interações sociais
recíprocas, nos padrões de comunicação estereotipados e repetitivos, além de um
estreitamento nos interesses e atividades da criança. Costumam se manifestar nos primeiros
cinco anos de vida . Existem várias formas de apresentação dos transtornos globais, não
havendo até o presente momento um consenso quanto à forma de classificá-los.
A forma mais conhecida é o Autismo Infantil, definido por um desenvolvimento anormal que
se manifesta antes dos três anos de vida, não havendo em geral um período prévio de
desenvolvimento inequivocamente normal. As crianças com transtorno autista podem ter alto
ou baixo nível de funcionamento, dependendo do QI, da capacidade de comunicação e do grau
de severidade nos seguintes itens:

prejuízo acentuado no contato visual direto, na expressão facial, posturas corporais e
outros gestos necessários para comunicar-se com outras pessoas.
fracasso para desenvolver relacionamentos com outras crianças, ou até mesmo com
seus pais.
falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com
outras pessoas (por exemplo: não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse ).
atraso ou ausência total da fala ( não acompanhado por uma tentativa para compensar
através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímicas ).
em crianças com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou
manter uma conversa.
uso repetitivo de mesmas palavras ou sons.
ausência de jogos ou brincadeiras variadas de acordo com a idade.
a criança parece adotar uma rotina ou ritual específico em seu ambiente, com extrema
dificuldade e sofrimento quando tem que abrir mão da mesma.
movimentos repetitivos ou complexos do corpo.
preocupação persistente com partes de objetos.
Outras formas de transtornos globais do desenvolvimento são:
Autismo atípico,
Síndrome de Rett,
Transtorno desintegrativo da infância,
Síndrome de Asperger.
O tratamento do transtorno autista visa principalmente uma educação especial com
estimulação precoce da criança. A terapia de apoio familiar é muito importante: os pais devem
saber que a doença não resulta de uma criação incorreta e necessitam de orientações para
aprenderem a lidar com a criança e seus irmãos. Muitas vezes se faz necessário o uso de
medicações para controlar comportamentos não apropriados e agressivos. O prognóstico
destes transtornos é muito reservado e costumam deixar importantes seqüelas ou falhas no
desenvolvimento dessas pessoas na idade adulta.
Transtornos de Tique
A manifestação predominante nessas síndromes é alguma forma de tique. Um tique é uma
produção vocal ou movimento motor involuntário, rápido, recorrente (repetido) e não rítmico
(usualmente envolvendo grupos musculares circunscritos), sem propósito aparente e que tem
um início súbito. Os tiques motores e vocais podem ser simples ou complexos. Os tiques
simples em geral são os primeiros a aparecer. Podem ser:

tiques motores simples:

piscar os olhos, balançar a cabeça, fazer caretas.

tiques vocais simples: tossir, pigarrear, fungar.
tiques motores complexos:

bater-se, saltar.

tique vocal complexo: coprolalia (uso de termos chulos), palilalia (repetição das
próprias palavras), ecolalia (repetição de palavras alheias).
O tratamento requer medicação e psicoterapia, principalmente para diminuir o isolamento
social que comumente ocorre nesse transtorno.
Transtornos da Excreção
Esse transtorno inclui a enurese e a encoprese . A enurese é caracterizada por eliminação de
urina de dia e/ou a noite, a qual é anormal em relação à idade da criança e não decorrente de
nenhuma patologia orgânica. A enurese pode estar presente desde o nascimento ou pode
surgir seguindo-se a um período de controle vesical adquirido. A enurese não costuma ser
diagnosticada antes da criança completar cinco anos de idade e requer, para ser caracterizada,
uma freqüência de duas vezes por semana, por pelo menos três meses.
A encoprese é a evacuação repetida de fezes em locais inadequados (roupas ou chão),
involuntária ou intencional. Para se fazer o diagnóstico é preciso que esse sintoma ocorra pelo
menos uma vez por mês, por no mínimo três meses em crianças com mais de quatro anos.
Ambas patologias podem ocorrer pelo nascimento de um irmão, separação dos pais ou outro
evento que possa traumatizar a criança. A encoprese deliberada pode significar grave
comprometimento emocional. Ambas podem durar anos, mas acabam evoluindo para uma
remissão espontânea. Esses transtornos comumente geram intenso sofrimento na criança,
levando a uma estigmatização, com conseqüente baixa da auto-estima. Geram também
isolamento social e perturbações no ambiente e nas relações familiares.
O tratamento abrange psicoterapia e utilização de medicamentos.
Transtornos de Ansiedade na Infância
A ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo e apreensão, caracterizado por
tensão ou desconforto derivados de uma antecipação de perigos. As crianças em geral não
reconhecem quando seus medos são exagerados ou irracionais. Uma maneira prática de
diferenciar ansiedade normal de ansiedade patológica é avaliar se a reação ansiosa é de curta
duração, auto limitada e relacionada ao estímulo do momento. Os sintomas de ansiedade
podem ocorrer em varias outras condições psiquiátricas tais como: depressões, psicoses,
transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético, entre outros. A causa dos
transtornos ansiosos infantís é muitas vezes desconhecida e provavelmente multifatorial,
incluindo fatores hereditários e ambientais diversos, com o peso relativo de cada fator
variando de caso a caso.
Transtorno da Ansiedade de Separação
Esse é o mais comum dos transtornos de ansiedade, acometendo 4% das crianças. Caracterizase por uma ansiedade não apropriada e excessiva em relação à separação do lar (pais) ou de
figuras importantes cuidadoras para a criança, inadequada para a fase do desenvolvimento da
criança. Essas crianças, quando ficam sozinhas, temem que algo possa acontecer para elas ou
para seus cuidadores (acidentes, seqüestro, assaltos, ou doenças) que os afastem
definitivamente de si. Demonstram um comportamento excessivo de apego aos seus
cuidadores, não permitindo o afastamento desses ou telefonando repetidamente para eles
afim de tranqüilizar-se sobre seus temores. É comum nessas crianças a ocorrência de recusa
escolar. Se a criança sabe que seus pais vão se ausentar apresenta manifestações somáticas de
ansiedade (dor abdominal, dor de cabeça, náusea, vômitos, palpitações, tonturas e sensação
de desmaio). Em muitos casos de crianças afetadas os pais foram ou são portadores de algum
transtorno de ansiedade.
A perturbação tem uma duração mínima de quatro semanas e causa sofrimento significativo
no funcionamento da vida da criança.
O tratamento requer psicoterapia individual com orientação familiar e intervenções
farmacológicas quando os sintomas são graves e incapacitantes. Quando há recusa escolar, o
retorno às aulas deve ser o mais rápido possível para evitar cronicidade e evasão. É muito
importante haver uma sintonia entre pais, escola e terapeuta.
Fobias específicas e Fobia social
As fobias específicas são definidas pela presença de medo excessivo e persistente, relacionado
a um determinado objeto ou situação. Exposta ao estímulo fóbico, a criança procura correr
para perto de um dos pais ou de alguém que a faça sentir-se protegida. Pode apresentar crises
de choro, desespero, imobilidade, agitação psicomotora ou até mesmo ataque de pânico. Os
medo mais comuns na infância são de pequenos animais, injeções, escuridão, altura e ruídos
intensos. Essas fobias diferenciam-se dos medos normais da infância por serem reações
excessivas, não adaptativas e que fogem do controle da criança.
Na fobia social a criança apresenta um medo persistente e intenso de situações onde julga
estar exposta à avaliação de outros , tendendo a sentir-se envergonhada ou humilhada. Essas
crianças relatam desconforto em situações como :

falar em sala de aula,
comer junto a outras crianças,
ir a festas,
escrever na frente de outros colegas,
usar banheiros públicos.
Quando expostas a essas situações é comum apresentarem sintomas físicos como palpitações,
tremores, calafrios, calores, sudorese e náusea.
O tratamento mais utilizado para essas fobias tem sido a psicoterapia cognitivocomportamental.
Colaboradoras

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Transtornos da infância e sono

  • 1. TRANSTORNOS DA INFÂNCIA PRECOCE E PRIMEIRA INFÂNCIA Existem diversos transtornos emocionais que qualquer ser humano está sujeito a ter, inclusive as crianças e adolescentes. O tratamento adequado desses transtornos de forma e em época adequadas, proporciona não só às crianças e adolescentes um melhor desenvolvimento, senão também à família e, em última instância, à sociedade. O contacto precoce íntimo da criança com a mãe, imediatamente depois do nascimento terá um significado emocional muito grande para o futuro emocional da pessoa. Os gestos e carinhos com que a mãe toca seu filho recém nascido, a conversa simbólica cujo significado é mais sentido que compreendido pela criança, a sensação tranqüilizadora que a criança sente quando sente seu corpo junto ao corpo da mãe, quando capta os batimentos cardíacos no peito da mãe são experiências afetivas primordiais que ficarão eternamente presentes no perfil afetivo dessa criança. Esta etapa de relacionamento afetivo íntimo mãe-bebê tem sua influência mais marcante entre os 3 e 10 anos (da infância precoce até a idade escolar, ou primeira infância). E nessa etapa as crianças necessitam do relacionamento afetuoso com os adultos, de um contacto que estimule segurança, confiança e proteção. Alterações no relacionamento mãe-filho nessa faixa etária podem ter conseqüências danosas ao desenvolvimento infantil e seqüelas que podem se perpetuar ao longo da vida adulta. Essas conseqüências dependerão da época (quanto mais precoces piores), das características afetivas inatas da criança, da personalidade da mãe e das circunstâncias desse relacionamento. Transtornos do sono - De 0 a 1 ano Cada criança possui um ritmo próprio de sono que, habitualmente, não precisa coincidir com o ritmo que a mãe ou os parentes desejam. Antes de 1 ano, satisfeitas as necessidades fisiológicas (fome e sede) e quando não existem outros problemas (cólicas, frio, calor...) o bebê rapidamente dorme. Isso confirma que o sono é intimamente relacionado à saciedade, pois, durante os primeiros meses, o despertar está estreitamente vinculado à sensação de fome e o adormecimento à sensação de satisfação. Ao passar do primeiro para o segundo ano a vigília vai se tornando cada vez mais freqüente, pois começam a se ampliar os interesses das crianças, tornando-as mais ativas. O ritmo habitual do sono pode estar comprometido quando existem dificuldades em relação à alimentação ou com dificuldades de relacionamento. No primeiro trimestre as dificuldades em conciliar o sono podem ser causadas por vários fatores: Inadequação do regime alimentar. Incompatibilidade dos horários da criança com os horários da mãe. Falta de estímulos em geral. Superestimulação capaz de provocar hiperexcitabilidade. Ausência de contacto materno.
  • 2. Personalidade hiperativa da criança. Falta de um ambiente mais acolhedor e tranqüilo. Transtorno de Associação (veja na coluna ao lado). Transtornos do sono - De 1 a 2 anos Algumas vezes os transtornos do sono começam no segundo ano de vida. Nessa fase a criança se excita com todas novidades e possibilidades (engatinhar, andar, pegar...) A partir daí, dormir já não é somente uma resposta automática às necessidades fisiológicas, uma vez que a criança precisa abstrair-se de seus interesses para poder dormir. Pode produzir-se, nesta fase, um grau importante de ansiedade, fazendo com que a criança tente manter-se acordada por todos os meio. Também nessa fase a criança começa a se utilizar de todos os meios para manter sua mãe por perto, tais como o choro, birras, manhas, etc. Para pegar no sono é necessário alguns rituais, como canções de ninar, balanços, sucção do peito materno, recorrer a objetos aconchegantes, tais como bixinhos de pelúcia, mantas de lã, paninhos, etc. Entre os fatores externos capazes de provocar ansie Entre os fatores externos capazes de provocar ansiedade e, conseqüentemente perturbar o sono, os principais são a irregularidade dos horários, ambientes barulhentos e agitados e a soperestimulação por parte dos pais e parentes. Transtornos do sono - De 2 a 5 anos A quantidade de horas que a criança dorme, assim como a profundidade do sono e sua distribuição durante as 24 horas do dia, depende das diferentes etapas do desenvolvimento, pois a evolução do sono é paralela ao processo de maturação cerebral e funcional do organismo. A possibilidade de separação da mãe ao ir para a cama é um dos motivos que interferem no sono durante o segundo ano. Se a estimulação durante a vigília não é adeqüada e não há uma boa relação mãe-filho, o sono não será de boa qualidade. Mas, de modo geral, entre os 3 e 5 anos o sono tende a se normalizar, embora possam haver alguns episódios de despertar no meio da noite, pedir para dormir com os pais, ter sonhos desagradáveis, etc. Nessa fase as crianças recusam dormir de dia. Também nessa época a criança experimenta o medo e a angustia de forma combinada. Os medos podem ser bastante freqüentes, incluindo o medo do escuro, medo de ficar sozinho, medos sobrenaturais, de animais. Por isso é comum que as crianças peçam alguma luz acesa, normalmente do corredor, ou que tenham um interruptor à mão ou, quando for mais sério o medo, pedem para dormir ou adormecer com as mães. Os medos se acalmam com a presença dos pais e, com o tempo, acabam por desaparecer. Por isso é importante que os pais compreendam e tranqüilizem a criança. Paola Gavilán Massa fala dos rituais e automatismos que aparecem nessa idade. Esses rituais servem para tranqüilizar a criança, facilitando para que pegue no sono. Algumas crianças chupam o dedo (polegar, quase sempre), outros só conseguem dormir com algum objeto, como por exemplo, uma almofada, bixinhos de pelúcia, paninho, etc.
  • 3. Terror Noturno Um episódio de terror noturno se caracteriza pela criança que acorda gritando, gesticulando e chorando. Ela se agita pedindo ajuda aos pais na tentativa de se livrar das fantasias que o atacam. Segundo o DSM.IV, a característica essencial do Transtorno de Terror Noturno é a ocorrência repetida de terror durante o sono, representada por um despertar abrupto, geralmente começando com um grito de pânico. O terror noturno habitualmente inicia durante a primeira terça parte do principal episódio de sono e dura cerca de 1 a 10 minutos. Os episódios são acompanhados por excitação autonômica e manifestações comportamentais de intenso medo. Durante um episódio, é difícil despertar ou confortar o indivíduo mas, se a pessoa é desperta após o episódio de terror noturno, nenhum sonho é recordado, ou então existem apenas imagens fragmentadas e isoladas. Os episódios de terror noturno para ser considerados Transtorno de Terror Noturno, devem causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional. Nas crianças, assim como em adultos, podem ocasionar um “dia seguinte” cansativo e extenuante. Durante um episódio típico de Terror Noturno, a pessoa se senta abruptamente na cama gritando, com uma expressão aterrorizada e sinais autonômicos de intensa ansiedade, como por exemplo, taquicardia, respiração rápida, rubor cutâneo, sudorese, dilatação das pupilas, tônus muscular aumentado. Geralmente a pessoa não responde aos esforços dos outros para despertá-la e, se despertada, mostra-se confusa e desorientada por vários minutos. Quando os pais acodem a criança esta demora a ter noção clara do que se passa, permanecendo meio dormindo ainda por alguns momentos, por isso pode não reconhecer de pronto as pessoas e dizer coisas incompreensíveis. Quando acorda totalmente, vendo os pais ao seu lado, tranqüiliza-se. Sonambulismo A característica essencial do Transtorno de Sonambulismo são os episódios repetidos de comportamento motor complexo, iniciado durante o sono, incluindo levantar-se da cama e andar. Durante esses episódios, a pessoa apresenta uma redução do estado de alerta, um olhar vazio e uma relativa ausência de resposta à comunicação com outras pessoas. Quando o sonâmbulo é desperta na manhã seguinte, pode ter uma recordação precária do episódio. Após o episódio, quando é despertado, pode haver um breve período de confusão ou dificuldade para orientar-se. Os episódios de sonambulismo podem incluir uma variedade de comportamentos, desde simplesmente se sentar na cama, olhar em volta ou remexer no cobertor ou no lençol ou até se levantar, ir ao banheiro, sair do quarto, subir ou descer escadas, comer, falar e mesmo sair de casa. Os sonâmbulos podem ainda falar ou até mesmo responder a perguntas, mas seu discurso é relativamente confuso. Não é raro que essas pessoas respondam solicitações de outros para cessarem suas atividades e voltarem para a cama. Particularmente na infância, o sonambulismo também pode incluir um comportamento inadequado, como por exemplo, urinar em um armário, na sala, etc. A maior parte dos episódios dura de alguns minutos a meia hora e podem terminar espontaneamente.
  • 4. A criança sonâmbula se levanta durante a primeira parte da noite, agindo automaticamente, com os olhos abertos, olhar fixo e movimentos inseguros. Depois de andar algum tempo, costumam voltar à cama ou se deixam levar facilmente por qualquer pessoa. A idade de aparecimento do sonambulismo se dá entre os 7 e 8 anos, com mais freqüência em meninos. Pesadelos O DSM.IV fala de Transtorno de Pesadelo, cuja característica é a ocorrência repetida de sonhos assustadores que levam ao despertar. A pessoa com pesadelos torna-se plenamente alerta ao despertar, ao contrário dos sonâmbulos. Os pesadelos tipicamente ocorrem em uma seqüência onírica extensa e elaborada, sendo altamente indutores de ansiedade ou aterrorizantes. O conteúdo do sonho focaliza, mais comumente, um perigo físico iminente, perseguições, ataques, ferimentos, morte. Em outros casos, o perigo percebido pode ser mais sutil, envolvendo fracasso ou embaraço social, como estar em situação vexatória, nu, mal vestido, enfim, qualquer situação traumática para (e só para) a pessoa que sonha. Ao despertar, pessoa com pesadelos podem descrever detalhadamente a seqüência e o conteúdo do sonho. As criança com pesadelos a criança se mexe muito, geme e termina por acordar explicando aos pais os terrores pelos quais passou. Elas são prontamente tranqüilizadas, embora algumas vezes têm medo de voltar a dormir. Normalmente os pesadelos são expressão da ansiedade, concretizada em imagens dos sonhos que a criança vive como reais. Transtornos da Alimentação – De 0 a 1 Ano O Transtorno de Alimentação da Primeira Infância consiste na falha persistente em comer ou mamar adequadamente, que se reflete como um fracasso significativo para ganhar peso ou uma perda de peso significativa ao longo de pelo menos 1 mês (Critério do DSM.IV). Não se trata da conseqüência existe de uma condição gastrintestinal orgânica ou outra condição clínica, como por exemplo, do refluxo gastro-esofágico, mas uma perturbação alimentar de difícil explicação. Para que o transtorno alimentar seja considerado de primeira infância seu início deve ocorrer antes dos 6 anos de idade. Com freqüência os bebês com transtornos da alimentação são irritáveis e difíceis de consolar principalmente durante a alimentação e, em outros momentos, eles podem ser apáticos e retraídos, bem como apresentar atrasos no desenvolvimento. Em alguns casos o Transtorno de Alimentação da Primeira Infância coexiste com problemas na interação entre os pais e a criança, em geral caracterizados por reações agressivas dos pais diante da recusa alimentar do bebê. Pode existir uma associação entre o Transtorno de Alimentação da Primeira Infância e dificuldades no ciclo sono-vigília, regurgitação freqüente e períodos imprevisíveis de vigília. No primeiro ano as recusas alimentares também podem ser conseqüência de separações traumáticas, porém, não é raro que aconteça o contrário, ou seja, que a criança mostre uma necessidade excessiva de alimento. Recusa Alimentar
  • 5. Os primeiros transtornos alimentares na infância podem aparecer logo na lactância através da recusa do peito materno ou da mamadeira. No começo dessa anorexia algumas crianças demonstram apenas passividade diante da comida, não realizam os movimentos de sucção e, depois de algum tempo, se negam a comer. As causas podem ser fisiológicas, como por exemplo um reflexo de sucção mais lento, o fluxo do leite difícil ou a forma inconveniente do mamilo, ou mesmo devido à pouca necessidade de alimento. As causas podem ainda ser psicológicas, neste caso, como uma reação negativa automática desencadeada pela ansiedade da mãe. Ainda por razões psicológicas, a criança pode apresentar recusa alimentar por ocasião do desmame do seio materno, manifestando-se, além da recusa alimentar, choro, agitação e/ou vômitos. Essa situação pode ser prevenida quando o desmame do seio é gradual. Durante o primeiro ano a relação comida-mãe tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança. Às vezes, a recusa alimentar da criança reflete uma carência de atenção materna. São importantes as reações dos pais a respeito dessas dificuldades alimentares da criança. Normalmente os pais se desesperam diante da inapetência de seus filhos mas, se forçam a alimentação com extrema rigidez, criam-se círculos viciosos onde a hostilidade e tensão passam a predominar, convertendo os atos de comer em verdadeiras lutas entre os pais e a criança. Vômitos No caso dos vômitos, o jato e a força do alimento expelido pela boca é proporcionada por fortes contrações da musculatura abdominal e podem ter uma grande variedade de causas. Entre essas causas as mais comum são o exceso de alimento oferecido, seguido pela voracidade e rapidez com que alguma crianças mamam e por atitudes extremadas das mães, sobreproteção ou de falta de atenção. A aerofagia, que é a ingestão de ar junto com o leite, também pode ser uma das causas. Alguns psicólogos acreditam que, com muita freqüência, os vômitos se devem a dificuldades emocionais que a criança experimenta, e devem ser entendidos como uma tentativa de chamar a atenção, uma espécie de protesto ou um medo de perda da mãe. Regurgitação ou Ruminação A característica da Ruminação ou Regurgitação é a volta espasmódica da alimentação ingerida e re-mastigação de alimentos. Trata-se de uma dificuldade muito séria no processo alimentar que começa entre os 3 e 6 meses de idade, podendo persistir durante muito tempo. O alimento parcialmente digerido é ejetado da boca ou, mais comumente, mastigado e engolido de novo, é regurgitado sem náusea, esforço para vomitar, repugnância ou transtorno gastrintestinal aparentes. A Regurgitação não é devida a uma condição gastrintestinal ou outra condição clínica, como por exemplo, ao refluxo gastro-esofágico. Os bebês com Ruminação ou Regurgitação exibem uma posição característica de tencionar e arquear as costas com a cabeça estirada para trás, projeta a mandíbula para frente e faz movimentos de sucção com a língua. A regurgitação ou ruminação não ocorre só depois que a criança se alimenta mas sim em qualquer momento e, curiosamente, parece ocorrer mais vezes quando a criança se encontra sozinha.
  • 6. A literatura enfatiza o fato das crianças com Regurgitação serem habitualmente quietos, tristes, e que permanecem imóveis durante horas. Tem-se a nítida impressão que elas experimentam algum prazer com a ruminação e podem continuar fazendo movimentos de sucção como se buscassem alguma satisfação oral com isso. Quando a regurgitação se regulariza, interrompe-se a perda de peso que a criança vinha apresentando, caso contrário, o crescimento é deficiente, podendo aparecer distrofia grave e desidratação e desnutrição. Ainda que se possa evitar o ato de ruminação mediante constante atenção ou distração à criança, uma melhora mais expressiva só pode se dar com o restabelecimento de uma boa relação entre a mãe e a criança. Em algumas ocasiões a regurgitação pode se confundir com os vômitos, sendo o aspecto voluntário da regurgitação a principal diferença. Transtornos Esfincterianos (da urina e da evacuação) Durante os 2 primeiros anos de vida nenhuma criança têm ainda controle voluntário dos esfíncteres e quando começam a controlá-los, o controle diurno aparece antes que o noturno. O controle total dos esfíncteres aparece, na maioria das crianças, entre os 2 e 4 anos, tanto para o controle diurno quanto noturno, mas não podemos considerar patológicos ainda, os descontroles até os 5 anos. O desenvolvimento do controle voluntário dos esfíncteres depende de vários fatores. Embora entre eles sejam importantes o treinamento, a aprendizagem e a maduração neurofisiológica, esse controle costuma estar condicionado ao desenvolvimento afetivo da criança, ou seja, ao equilíbrio da comunicação mãe-filho. De acordo com as circunstâncias, o descontrole esfincteriano pode servir aos propósitos emocionais da criança, como uma espécie de comunicação de seus sentimentos para com a mãe, seja de satisfação ou de oposição. Podem coexistir com a enurese a Encoprese (fazer cocô nas calças), o Sonambulismo e o Terror Noturno. Enurese (esfíncter vesical) Enurese é a falta de controle na emissão da urina, com micções completas na cama ou na roupa que podem aparecer durante o dia ou a noite de forma involuntária, e que se mantêm ou aparecem depois de ultrapassada a idade de aquisição normal do controle esfincteriano. O controle esfincteriano normal deve ser alcançado em uma idade cronológica de, no máximo, 5 anos. A enurese aparece mais freqüentemente em meninos que em meninas. Para a classificação da enurese falamos em 3 subtipos (DSM.IV): Enurese Noturna. Este é o subtipo mais comum, definido como a passagem da urina apenas durante o sono noturno. O evento enurético tipicamente ocorre durante o primeiro terço da noite. Às vezes, o esvaziamento ocorre durante o estágio do sono de movimentos oculares rápidos (REM), podendo a criança recordar um sonho que envolvia o ato de urinar. Enurese Diurna. Este subtipo é definido como a passagem da urina durante as horas de vigília. A Enurese Diurna é mais comum no sexo feminino, sendo incomum após os 9 anos. O evento enurético ocorre mais habitualmente nas primeiras horas da tarde, em dias de escola. A enurese diurna ocasionalmente se deve à relutância em usar o
  • 7. banheiro, em virtude de ansiedade social ou de uma preocupação com a escola ou com a atividade lúdica. Enurese Noturna e Diurna. Este subtipo é definido como uma combinação dos dois subtipos acima. O grau de prejuízo associado à enurese decorre das limitações impostas às atividades sociais da criança, como por exemplo, a dificuldade em pernoitar na casa de amigos, acampamentos, etc, ou de seu efeito sobre a auto-estima. A criança com enurese experimenta também uma dose de vergonha dos companheiros e tristeza diante das punições por parte dos pais. A prevalência da Enurese aos 5 anos é de 7% para o sexo masculino e 3% para o sexo, aos 10 anos, é de 3% para o sexo masculino e 2% para o sexo feminino e aos 18 anos, é de 1% para o sexo masculino e menos de 1% para o sexo feminino. A freqüência da enurese pode ser diária ou intermitente, piorando em alguma época ou em alguma circunstância especial. A enurese é, talvez, um dos principais sintomas utilizados pela criança para reclamar a atenção e mostrar a necessidade de ajuda, refletindo de forma inconsciente, normalmente, conflitos internos mais ou menos sérios, angústia e depressão. É comum que a enurese apareça, na falta de uma personalidade irritável, depois do nascimento de um irmão, depois de uma separação importante ou de algum outro problema familiar grave, diante do qual a criança reage de forma regressiva. Não se deve confundir a enurese com incontinência urinária de origem orgânica que, normalmente, se segue a alguma infecção do trato urinário ou, mais gravemente, em problemas neurológicos. Encoprese A encoprese é a evacuação intestinal parcial ou total na roupa que acontece depois da idade normal de controle (mais de 4 anos), desde que não seja devida a algum tipo de problema orgânico ou medicamentoso (laxante). Sua característica é a evacuação repetida de fezes em locais inadequados, como por exemplo nas roupas, na cama ou no chão (DSM.IV). A encoprese freqüentemente está relacionada à constipação (intestino preso), impactação e retenção de fezes. Em crianças escolares e pré-escolares a primeira constipação pode se desenvolver por razões psicológicas, como a ansiedade diante da possibilidade de defecar em local inadequado (escola, ônibus, festa, etc) ou à um padrão de comportamento de oposição. As predisposições fisiológicas à constipação intestinal incluem a desidratação associada com doença febril, hipotireoidismo ou efeito colateral de algum medicamento. Uma vez que a constipação se desenvolva, ela pode ser complicada por uma fissura anal, defecação dolorosa e retenção fecal adicional. A consistência das fezes na encoprese pode variar, sendo normal ou próxima ao normal, líquidas ou muito dura. Como ocorre na enurese, a encoprese é mais freqüente em meninos que em meninas e, comumente, a criança com encoprese pode ser também enurético.
  • 8. A criança com encoprese com freqüência sente vergonha e pode ter o desejo de evitar situações diferentes que poderiam provocar embaraços, como por exemplo, dormir na casa de colegas, acampamentos ou viagens. Em geral essas crianças apresentam algum traço de personalidade comuns, como por exemplo, dificuldades no controle da agressão, são muito dependentes e toleram mal as frustrações. O grau de prejuízo está relacionado ao efeito da encoprese sobre a auto-estima da criança, seu grau de isolamento social e raiva, punição e rejeição por parte dos pais. O fato da criança sujar-se com fezes pode ser deliberado ou acidental, resultando de sua tentativa de limpar ou esconder as fezes evacuadas involuntariamente. Quando a incontinência é claramente deliberada, características de Transtorno Desafiador Opositivo ou Transtorno da Conduta também podem estar presentes. Constipação A constipação é a retenção fecal quando não existem anomalias anatômicas ou causas dietéticas. A pesar de, aparentemente, não parecer um problema importante, pode converter-se em um transtorno crônico e difícilmente reversível. A constipação na criança é considerada, também, como uma forma de expressar sentimentos de oposição, frustração e ansiedade. Diarréia Tanto em crianças quanto em adultos, as diarréias também se incluem entre os transtornos gastrintestinais cuja origem é a ansiedade e a depressão, exceto nos casos de uma possível ação de agentes infecciosos ou alergias alimentares. Inspirado no Trabalho de Paola Gavilam Massa referir: Ballone GJ - Transtornos da Infância, in. PsiqWeb, Internet, disponível em <www.virtualpsy.org/infantil/infancia.html> 2003
  • 9. RANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS NA INFÂNCIA O pensar, a capacidade de utilizar uma linguagem escrita, falada ou ainda de experimentar sentimentos não nascem com a criança, estando profundamente relacionados a seu desenvolvimento. Desde o nascimento, o bebê vai tendo experiências na relação com a mãe ou com quem o cuida que lhe vão permitindo, de forma rudimentar, classificar "o que é igual ou diferente". Ao cuidar do bebê, a mãe deverá ser capaz de "traduzir", à sua maneira, as necessidades do mesmo. Os gestos ou tipos de cuidados fazem com que o bebê aprenda a discriminar as suas sensações do ambiente externo. Dessa maneira, é de suma importância que o cuidador tolere sensivelmente o desconforto do bebê, administrando os cuidados necessários afetivamente, para que dessa maneira a criança construa uma integrada condição emocional. Existem, entretanto, transtornos psiquiátricos que podem ocorrer no desenvolvimento da criança, os quais examinaremos a seguir e que são: Transtornos da aprendizagem, transtornos das habilidades motoras e transtornos da comunicação (linguagem) Os transtornos da aprendizagem referem-se a dificuldades na leitura, na capacidade matemática ou nas habilidades de escrita, medidas por testes padrões que estão substancialmente abaixo do esperado, considerando-se a idade da criança, seu quociente de inteligência (QI ) e grau de escolaridade. No transtorno das habilidades motoras, o desempenho em atividades diárias que exigem coordenação motora está abaixo do esperado para a idade, como por exemplo atraso para sentar, engatinhar, caminhar, deixar cair coisas, fraco desempenho nos esportes ou caligrafia insatisfatória. Muitas vezes essa criança é vista como desajeitada, tropeçando com freqüência ou inábil para abotoar suas roupas ou amarrar os cadarços do sapato. Nos transtornos da comunicação a perturbação pode manifestar-se por sintomas que incluem um vocabulário limitado, erros grosseiros na conjugação de verbos, dificuldade para evocar palavras ou produzir frases condizentes com sua idade cronológica. Os problemas de linguagem também podem ser causados por perturbações na capacidade de articular sons ou palavras. Não é raro a presença de mais de um desses transtornos de aprendizagem em uma mesma criança, muitas vezes estando associados com o transtorno de hiperatividade e déficit de atenção. O tratamento das dificuldades de aprendizagem inclui muitas vezes reforço escolar, tratamento psicopedagógico ou até mesmo encaminhamentos para escolas especiais, dependendo da gravidade do problema. A baixa auto-estima, a repetência escolar e o abandono da escola são complicações comuns nesses transtornos. Assim, a abordagem psicopedagógica e o aconselhamento escolar são cruciais. Pode estar indicada também tanto a psicoterapia individual quanto a de grupo ou familiar, conforme a situação. O tratamento com medicação está indicado apenas em casos comprovadamente associados a transtornos que exijam o uso de remédios, como o TDAH e quadros graves de depressão e fobia escolar.
  • 10. Transtorno do déficit de atenção-hiperatividade As crianças com esse transtorno são consideradas, com freqüência, crianças com um temperamento difícil. Elas prestam atenção a vários estímulos, não conseguindo se concentrar em uma tarefa única e, assim, cometendo erros muitas vezes grosseiros. É comum terem dificuldade para manter a atenção, mesmo em atividades lúdicas e com freqüência parecem não escutar quando chamadas. Muitas vezes não conseguem terminar seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais. Têm dificuldade para organizar tarefas, evitando, antipatizando ou relutando em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante. Costumam perder facilmente objetos de uso pessoal. Esquecem facilmente atividades diárias. A hiperatividade aparece como uma inquietação, manifesta por agitação de mãos ou pés e não conseguir permanecer parado na cadeira. São crianças que quase sempre saem de seus lugares em momentos não apropriados, correm em demasia, têm dificuldade de permanecer em silêncio, estando freqüentemente "a mil". Outra característica desse transtorno é a impulsividade, que aparece em respostas precipitadas mesmo antes de as perguntas terem sido completadas. Com freqüência, são crianças que têm dificuldade de aguardar sua vez, interrompendo ou intrometendo-se em assuntos alheios. O transtorno deve ser diagnosticado e tratado ainda na infância para não causar maiores prejuízos ao desenvolvimento interpessoal e escolar da criança. O tratamento inclui psicoterapia individual e, às vezes, terapia familiar. Quase sempre faz-se necessário o uso de medicação com um resultado muito satisfatório. Transtornos do Comportamento Disruptivo Os transtornos da infância diretamente relacionados com o comportamento são os transtornos de oposição e desafio e o transtorno de conduta. São caracterizados por um padrão repetitivo e persistente de comportamento agressivo, desafiador, indo contra as regras de convivência social. Tal comportamento deve ser suficientemente grave, sendo diferente de travessuras infantis ou rebeldia "normal" da adolescência. O Transtorno de oposição e desafio (TOD) tem maior incidência na faixa etária dos 4 aos 12 anos e atinge mais meninos que meninas. Tem como característica um comportamento opositor às normas, discute com adultos, perde o controle, fica aborrecido facilmente e aborrece aos outros. No Transtorno de Conduta, que é mais comum entre adolescentes do que crianças e é mais comum também entre meninos, o padrão disfuncional de comportamento é mais grave que no Transtorno de oposição e desafio. Eles freqüentemente agridem pessoas e animais, envolvemse em brigas, em destruição de propriedade alheia, furtos ou ainda agressão sexual. Sérias violações de regras, como fugir de casa, não comparecimento sistemático à aula e enfrentamento desafiador e hostil com os pais também são sinais da doença. Esse transtorno está freqüentemente associado à ambientes psicossociais adversos, tais como: instabilidade familiar, abuso físico ou sexual, violência familiar, alcoolismo e sinais de severa perturbação dos pais.
  • 11. A comorbidade desses transtornos com o abuso de substâncias e TDAH chega a quase 50%. O tratamento dos transtornos de oposição e de conduta envolve principalmente psicoterapia individual e familiar, e às vezes reclusão em unidades corretivas. O tratamento das comorbidades é fundamental e pode necessitar de medicação (nos casos de TDAH) ou até internação (em quadros graves de dependência química). Transtornos Depressivos na Infância O reconhecimento de transtornos depressivos na infância ocorreu no final da década de 60. Surgiram então três conceitos: sintomas depressivos análogos aos dos adultos não existem; a depressão manifesta-se por sintomas específicos nessa faixa etária; a sintomatologia depressiva surge mascarada por outros sintomas ou síndromes, tais como hiperatividade, enurese, encoprese, déficit de aprendizagem e transtorno de conduta. Transtornos depressivos ocorrem tanto em meninos quanto em meninas. Os sintomas de depressão podem ser : isolamento, calma excessiva, agitação, condutas auto e heteroagressivas, intensa busca afetiva, alternando atitudes prestativas com recusas de relacionamento. A socialização está geralmente perturbada: pode haver recusa em brincar com outras crianças e dificuldade para aquisição de habilidades. As queixas somáticas são freqüentes: dificuldade do sono (despertar noturno, sonolência diurna), alteração do padrão alimentar. Queixas de falta de ar, dores de cabeça e no estômago, problemas intestinais e suor frio também são freqüentes. A criança deprimida apresenta incapacidade para divertir-se, algumas vezes queixando-se de estar aborrecida. Assistem muita televisão não se importando qual seja o programa. A baixa auto-estima e a culpa excessiva, além da diminuição do rendimento escolar são característicos da depressão. Apresentam também muita irritabilidade, sendo descritas pelos pais como mal humoradas. Os transtornos depressivos da infância podem ser classificados em duas formas bem distintas. A primeira delas, a distimia que, etmológicamente significa "mal-humorado", é uma forma crônica de depressão com início insidioso, podendo durar toda a vida da pessoa. Para firmar este diagnóstico é preciso que o humor seja depressivo ou irritável e esteja presente quase todos os dias por pelo menos um ano. A outra forma de depressão, transtorno depressivo maior é caracterizada por períodos ou crises apresentando uma síndrome depressiva completa (todos os sintomas descritos anteriormente) por pelo menos duas semanas, causando importantes prejuízos na vida da criança. Podem estar presentes alucinações, ideação ou condutas suicidas. Essa crise é nitidamente diferente do funcionamento habitual da criança.
  • 12. Os transtornos depressivos são bastante tratáveis hoje em dia, obtendo-se bons resultados. Pais que desconfiem que um filho sofra desse mal devem levá-lo a um psiquiatra ou serviço de psiquiatria para uma avaliação. O tratamento utiliza medicações antidepressivas e acompanhamento psicológico. Internações são necessárias em duas situações: quando o paciente fica psicótico (fora da realidade), o que é raro, ou quando existe risco de suicídio. Transtornos Globais do Desenvolvimento (Autismo Infantil) Esse grupo de transtornos é caracterizado por severas anormalidades nas interações sociais recíprocas, nos padrões de comunicação estereotipados e repetitivos, além de um estreitamento nos interesses e atividades da criança. Costumam se manifestar nos primeiros cinco anos de vida . Existem várias formas de apresentação dos transtornos globais, não havendo até o presente momento um consenso quanto à forma de classificá-los. A forma mais conhecida é o Autismo Infantil, definido por um desenvolvimento anormal que se manifesta antes dos três anos de vida, não havendo em geral um período prévio de desenvolvimento inequivocamente normal. As crianças com transtorno autista podem ter alto ou baixo nível de funcionamento, dependendo do QI, da capacidade de comunicação e do grau de severidade nos seguintes itens: prejuízo acentuado no contato visual direto, na expressão facial, posturas corporais e outros gestos necessários para comunicar-se com outras pessoas. fracasso para desenvolver relacionamentos com outras crianças, ou até mesmo com seus pais. falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (por exemplo: não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse ). atraso ou ausência total da fala ( não acompanhado por uma tentativa para compensar através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímicas ). em crianças com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversa. uso repetitivo de mesmas palavras ou sons. ausência de jogos ou brincadeiras variadas de acordo com a idade. a criança parece adotar uma rotina ou ritual específico em seu ambiente, com extrema dificuldade e sofrimento quando tem que abrir mão da mesma. movimentos repetitivos ou complexos do corpo. preocupação persistente com partes de objetos. Outras formas de transtornos globais do desenvolvimento são:
  • 13. Autismo atípico, Síndrome de Rett, Transtorno desintegrativo da infância, Síndrome de Asperger. O tratamento do transtorno autista visa principalmente uma educação especial com estimulação precoce da criança. A terapia de apoio familiar é muito importante: os pais devem saber que a doença não resulta de uma criação incorreta e necessitam de orientações para aprenderem a lidar com a criança e seus irmãos. Muitas vezes se faz necessário o uso de medicações para controlar comportamentos não apropriados e agressivos. O prognóstico destes transtornos é muito reservado e costumam deixar importantes seqüelas ou falhas no desenvolvimento dessas pessoas na idade adulta. Transtornos de Tique A manifestação predominante nessas síndromes é alguma forma de tique. Um tique é uma produção vocal ou movimento motor involuntário, rápido, recorrente (repetido) e não rítmico (usualmente envolvendo grupos musculares circunscritos), sem propósito aparente e que tem um início súbito. Os tiques motores e vocais podem ser simples ou complexos. Os tiques simples em geral são os primeiros a aparecer. Podem ser: tiques motores simples: piscar os olhos, balançar a cabeça, fazer caretas. tiques vocais simples: tossir, pigarrear, fungar. tiques motores complexos: bater-se, saltar. tique vocal complexo: coprolalia (uso de termos chulos), palilalia (repetição das próprias palavras), ecolalia (repetição de palavras alheias). O tratamento requer medicação e psicoterapia, principalmente para diminuir o isolamento social que comumente ocorre nesse transtorno. Transtornos da Excreção Esse transtorno inclui a enurese e a encoprese . A enurese é caracterizada por eliminação de urina de dia e/ou a noite, a qual é anormal em relação à idade da criança e não decorrente de nenhuma patologia orgânica. A enurese pode estar presente desde o nascimento ou pode surgir seguindo-se a um período de controle vesical adquirido. A enurese não costuma ser diagnosticada antes da criança completar cinco anos de idade e requer, para ser caracterizada, uma freqüência de duas vezes por semana, por pelo menos três meses. A encoprese é a evacuação repetida de fezes em locais inadequados (roupas ou chão), involuntária ou intencional. Para se fazer o diagnóstico é preciso que esse sintoma ocorra pelo menos uma vez por mês, por no mínimo três meses em crianças com mais de quatro anos.
  • 14. Ambas patologias podem ocorrer pelo nascimento de um irmão, separação dos pais ou outro evento que possa traumatizar a criança. A encoprese deliberada pode significar grave comprometimento emocional. Ambas podem durar anos, mas acabam evoluindo para uma remissão espontânea. Esses transtornos comumente geram intenso sofrimento na criança, levando a uma estigmatização, com conseqüente baixa da auto-estima. Geram também isolamento social e perturbações no ambiente e nas relações familiares. O tratamento abrange psicoterapia e utilização de medicamentos. Transtornos de Ansiedade na Infância A ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo e apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivados de uma antecipação de perigos. As crianças em geral não reconhecem quando seus medos são exagerados ou irracionais. Uma maneira prática de diferenciar ansiedade normal de ansiedade patológica é avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, auto limitada e relacionada ao estímulo do momento. Os sintomas de ansiedade podem ocorrer em varias outras condições psiquiátricas tais como: depressões, psicoses, transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético, entre outros. A causa dos transtornos ansiosos infantís é muitas vezes desconhecida e provavelmente multifatorial, incluindo fatores hereditários e ambientais diversos, com o peso relativo de cada fator variando de caso a caso. Transtorno da Ansiedade de Separação Esse é o mais comum dos transtornos de ansiedade, acometendo 4% das crianças. Caracterizase por uma ansiedade não apropriada e excessiva em relação à separação do lar (pais) ou de figuras importantes cuidadoras para a criança, inadequada para a fase do desenvolvimento da criança. Essas crianças, quando ficam sozinhas, temem que algo possa acontecer para elas ou para seus cuidadores (acidentes, seqüestro, assaltos, ou doenças) que os afastem definitivamente de si. Demonstram um comportamento excessivo de apego aos seus cuidadores, não permitindo o afastamento desses ou telefonando repetidamente para eles afim de tranqüilizar-se sobre seus temores. É comum nessas crianças a ocorrência de recusa escolar. Se a criança sabe que seus pais vão se ausentar apresenta manifestações somáticas de ansiedade (dor abdominal, dor de cabeça, náusea, vômitos, palpitações, tonturas e sensação de desmaio). Em muitos casos de crianças afetadas os pais foram ou são portadores de algum transtorno de ansiedade. A perturbação tem uma duração mínima de quatro semanas e causa sofrimento significativo no funcionamento da vida da criança. O tratamento requer psicoterapia individual com orientação familiar e intervenções farmacológicas quando os sintomas são graves e incapacitantes. Quando há recusa escolar, o retorno às aulas deve ser o mais rápido possível para evitar cronicidade e evasão. É muito importante haver uma sintonia entre pais, escola e terapeuta. Fobias específicas e Fobia social
  • 15. As fobias específicas são definidas pela presença de medo excessivo e persistente, relacionado a um determinado objeto ou situação. Exposta ao estímulo fóbico, a criança procura correr para perto de um dos pais ou de alguém que a faça sentir-se protegida. Pode apresentar crises de choro, desespero, imobilidade, agitação psicomotora ou até mesmo ataque de pânico. Os medo mais comuns na infância são de pequenos animais, injeções, escuridão, altura e ruídos intensos. Essas fobias diferenciam-se dos medos normais da infância por serem reações excessivas, não adaptativas e que fogem do controle da criança. Na fobia social a criança apresenta um medo persistente e intenso de situações onde julga estar exposta à avaliação de outros , tendendo a sentir-se envergonhada ou humilhada. Essas crianças relatam desconforto em situações como : falar em sala de aula, comer junto a outras crianças, ir a festas, escrever na frente de outros colegas, usar banheiros públicos. Quando expostas a essas situações é comum apresentarem sintomas físicos como palpitações, tremores, calafrios, calores, sudorese e náusea. O tratamento mais utilizado para essas fobias tem sido a psicoterapia cognitivocomportamental. Colaboradoras