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Dra. Andréia Mortensen

Retorno ao trabalho: e o sono do bebê, como fica?

Frequentemente ouvimos mães preocupadas com seu retorno ao trabalho e como será a reação do bebê
que dorme sendo embalado ou amamentado. A verdade é que todas as crianças (e todas as mães)
vivenciam um período difícil quando precisam separar-se por causa do trabalho. Neste artigo, seguem
algumas dicas que levam em consideração o estado emocional de ambos, mãe e filho, para lidar com
essa separação.

Fatos importantes a serem considerados quando o retorno ao trabalho está próximo:

1) O desenvolvimento do ser humano no primeiro ano de vida é extraordinário, cada fase, uma
necessidade.

O bebê triplica de peso no primeiro ano, se desenvolve em todos os aspectos (motores, cognitivos),
começa a andar! Então, não se deve comparar um bebê recém-nascido com um de 4 meses, nem um
bebê de 4 meses com um de 1 ano, por exemplos, pois serão praticamente outros bebês.

Cada fase, uma necessidade: bebê novinho precisa muito de colo, aconchego, contato íntimo,
amamentação em livre demanda. É da natureza dos bebês quererem colo de suas mães; na verd     ade
esse é um ótimo hábito que foi desenvolvido em milhares de anos de evolução, pois os bebês que não
demandavam atenção faleciam e, por isso, a seleção natural fez com que aqueles que viviam no colo
sobrevivessem e esse gene foi passado adiante. Essas ne   cessidades vão diminuindo conforme sua
maturidade.

A dica é aproveitar essa fase inicial, em que temos disponibilidade, e ficar com o bebê no colo,
amamentar em livre demanda, sem privar o bebê do carinho e do colo de mãe que ele tanto precisa e tem
direito.

2) Os bebês são inteligentes e têm uma capacidade enorme de adaptação e de distinção de seus
cuidadores.

Eles podem reagir totalmente diferente com a mãe e com a babá ou com a professora do berçário (que
eles sabem que não é a mãe). A capacidade e a inteligência dos bebês de distinguir seus cuidadores
permite que eles criem modos de interação distintos com eles. Porém, é comum e esperado que o bebê
demande sempre mais da mãe, porque sabe que pode, porque confia mais nela.

Então, o bebê criará laços afetivos com o novo cuidador e eles se entenderão na nova forma de
adormecer. E, no final do dia e à noite, de volta aos braços da mãe, o bebê pedirá mais carinho, mais
afago, e muito provavelmente pedirá para mamar para adormecer, mesmo que não o faça com o cuidador
durante o dia. Afinal de contas estarão com saudades e sabem que mamãe pode oferecer o peito e
curtem estar nos braços de sua referência em amor e confiança.

3) Não compensa promover separação prévia para µacostumar¶ ou µpreparar¶ o bebê com o retorno
ao trabalho.

Não sofram por antecedência achando que têm de acostumar o bebê desde cedo a adormecer sozinho.
Bebês não têm maturidade neurológica e compreensão para tal, então essa é uma expectativa irreal. Eles
podem ter vários sentimentos e sensações que os perturbem durante a noite e precisam de nossa ajuda.
Bebês demandam a mãe, mesmo no período noturno, e, especialmente, se ficaram longe dela durante o
dia. A criança tem em sua mãe o referencial de segurança, estabilidade e afeto.

Um bebê nunca fica µmal-acostumado¶ por ter colo, embalo, acalanto, pelo contrário, precisam disso para
continuar a se desenvolver. Revisamos isso em meu artigo anterior µA natureza do sono dos bebês¶ (1).
Portanto, não faz sentido promover um afastamento prévio entre vocês µpensando no futuro¶; isso só
acaba gerando sofrimentos desnecessários para ambos, mãe e bebê. Se a criança não tem colo quando
pequeno, não tem no futuro, terá quando, então? Se seu marido tem uma viagem planejada para semana
que vem, para ficar um bom tempo fora, você, para se acostumar com a ausência dele, já vai se
preparando e deixa de dormir na mesma cama que ele, deixa de beijá-lo e de abraçá-lo? Ou faz o oposto
e trata de aproveitar ao máximo os últimos dias antes da viagem?
A questão, portanto, não é fazer o bebê 'se desacostumar' de colo, pois ninguém se desacostuma de uma
necessidade física ou psicológica. A questão é, sim, ajudar o bebê a criar confiança em outro cuidador.

4) "Treinar" ou condicionar o bebê a dormir sozinho vai contra sua natureza, e tem consequências.

Condicionar o bebê a adormecer sozinho não vai ajudá no próximo período de afastamento entre
                                                           -lo
vocês, pelo contrário. Para ajudá-lo, é necessário que exista acolhimento e apego entre vocês, contínuo e
íntimo, assim seu estado emocional vai se fortalecendo, ele se sente acolhido, importante e atendido, e
vai lidar melhor com outras situações de separação.

A maioria de planos de treinamento para bebês oferece o risco de dessensibilização dos sinais enviados,
especialmente quando há choro sem consolo envolvido. Em outras palavras, ao invés de ajudar a
descobrir o que os sinais enviados pelo seu bebê significam, esses métodos pedem que você os ignore.
Nem você nem seu bebê aprendem nada de bom com isso. E, com a separação durante o dia entre
vocês pelo retorno ao ao trabalho, a angústia do bebê tende a piorar (2).

Um estudo recente mostrou que os bebês têm capacidade de prever respostas estressantes. Eles foram
divididos em dois grupos, no primeiro as mães interagiam com eles continuamente, enquanto que no
segundo bebês foram ignorados por elas por somente dois minutos. Os níveis de cortisol, hormônio do
estresse, foram medidos após os experimentos. No dia seguinte, o grupo que foi ignorado teve níveis de
cortisol mais elevados do que o grupo controle, provando que eles têm capacidade de antecipar o
estresse (3).

O cortisol em níveis elevados no cérebro do bebê pode ser corrosivo. O cérebro do bebê está em pleno
desenvolvimento e a exposição desse hormônio por períodos prolongados mpede a conexão entre
                                                                             i
alguns nervos e provoca a degeneração de outros. É possível que bebês que são submetidos a muitas
noites de choro sem consolo sofram efeitos neurológicos prejudiciais que poderão ter implicações
permanentes no desenvolvimento neurológico. Para ler um compêndio de artigos científicos sobre o tema
cortisol e efeitos no desenvolvimento cerebral, veja a referência 4.

É preciso ter senso crítico e usar de discernimento quando recebemos conselhos que prometem milagres.
Esses métodos de condicionamento envolvem vários riscos; além dos efeitos neurológicos, podem criar
uma distância entre você e seu bebê, e ele perde a oportunidade de construir confiança no seu ambiente.

Algumas dicas práticas para mães preocupadas com retorno ao trabalho:

- Busca de um novo cuidador: procure um novo cuidador que tenha disponibilidade emocional, que
tenha chance de criar um laço afetivo com seu bebê, que tenha empatia e carinho, que o carregue no
colo, não o deixe chorar e que o embale para dormir. Não é qualquer pessoa que tem preparo emocional
para cuidar, acolher e maternar um bebê. É importante que ele se apegue ao novo cuidador, pois é
dependente por natureza e precisa desse vínculo. A dependência natural é um fato biológico, e não
resultado do excesso de mimo materno (5).

Sendo creche, babá, parente ou outro cuidador, lembre-se sempre da disponibilidade emocional como
requisito para cuidar de seu filho, pois não é simplesmente suprir suas necessidades físicas, mas é
também dar amor, ter interesse e prover o afeto materno na ausência da mãe. Visite várias creches,
procure locais onde dão colo, verifique se deixam os bebês o tempo todo em cadeiras, andadores ou
outros aparatos. Se for esse o caso, é sinal que estão desprezando a importância do acolhimento
emocional no início de vida do bebê que é tão crítico e fundamental para o resto de nossas vidas.

Para a criança não é suficiente que lhe troquem as fraldas e lhe deem comida. O mais necessário e nobre
alimento é o afeto, acompanhado de carinho, prazer e paz (6).

- Envolvimento de outra pessoa no ritual de sono: encoraje o pai, por exemplo, a participar do ritual de
sono do bebê desde cedo. Ele pode dar o banho e fazer uma massagem, por exemplo. Depois dos 3         -4
meses, em média, se o bebê sempre adormece no peito, pode        -se começar a alternar maneiras de
adormecer para que ele não crie uma associação forte de sugar para dormir (7). Essa dica não é
obrigatória considerando-se que os bebês têm capacidade de distinguir seus cuidadores (como citado no
início do texto) e vai aprender a adormecer de outra forma com quem µnão tem peitos¶. Existem crianças
que dormem mamando com suas mães em casa e na escolinha adormecem de outra forma com as
cuidadoras, sem problemas.
- Adaptação gradual: O bebê lidará melhor com essa separação se a adaptação for gradual, assim terá
uma chance de criar um apego com o novo cuidador antes de separações longas de sua mãe. Para que o
novo cuidador crie um bom apego com ele, criar chances de interação antes de deixá -los sozinhos é
importante.

Recomendo sempre que a mãe vá junto com o bebê e fique com ele no novo ambiente o tempo todo, pelo
menos no início. Assim ele vai se familiarizando com o local, mas com a segurança de ainda estar sob os
cuidados da mãe. Depois a mãe pode ir se afastando um pouco, gradualmente, enquanto dá a chance de
o bebê se apegar à nova cuidadora. Porém, não há receita pronta, é questão de observar a criança e ter
sensibilidade. A melhor qualidade que se pode esperar do cuidador é a empatia com o bebê. Novamente,
oriente que lhe dê bastante colo, não o deixe chorar, mostre quais são os sinais de sono do bebê, deixe
que ele durma as sonecas no colo para dar um consolo afetivo na ausência da mãe.

- E se o bebê tem ansiedade da separação?

Nos primeiros meses, a relação mãe e filho é altamente intuitiva, primitiva mesmo. O bebê não sabe que
nasceu e acha que o corpo da mãe é continuidade do seu e que o seio que o alimenta e lhe dá carinho e
prazer faz parte de um todo ao qual ele pertence. Então, gradualmente e após o sexto mês é que os
bebês vão se dando conta de que são outros seres e essa percepção de individualidade fica mais clara e
evidente. Assim, progressivamente, vai se estabelecendo o desenvolvimento psicoafetivo, motor,
alimentar e cognitivo da criança (6).

Algumas idéias práticas:

Pratique                  separações                  rápidas                 e                  diárias
Durante seus dias juntos crie oportunidades de expor seu bebê a separações visuais breves, seguras e
rápidas (brincar de esconder o rosto e logo reaparecer é ótimo e eles adoram!). Incentive que seu bebê
brinque com um brinquedo interessante ou com outra pessoa e, quando ele estiver feliz e distraído com o
brinquedo ou com a pessoa, caminhe calma e lentamente para outro quarto. Assobie, cante, murmure
uma canção ou fale, de modo que seu bebê saiba que você ainda está por perto, mesmo que não possa
vê-la. Pratique essas separações breves algumas vezes ao dia numa variedade de situações diferentes.

Evite           a           transferência             de            colo             para            colo
É muito comum passar o bebê do colo de um cuidador para outro. O problema é que cria ansiedade na
criança sair da segurança dos braços da mãe e ser fisicamente transferido para os braços de outra
pessoa que lhe é menos familiar. Essa separação física é a mais extrema na mente do bebê. Para reduzir
essas sensações de ansiedade faça a mudança com seu bebê num lugar neutro, como brincando no
chão ou sentado numa cadeirinha, cadeirão de alimentação ou bebê conforto. Peça para o cuidador
sentar do lado de seu bebê e interagir com ele, enquanto isso você fala um µtchau¶ rápido, porém positivo,
num tom feliz. Assim que você sair é um bom momento para o cuidador pegar seu bebê no colo, e a
vantagem é que o cuidador vai ser colocado na posição de µsalvador¶ e isso pode ajudá -los nessa relação.

Entenda       a      ansiedade        de      separação        como     um       sinal      positivo!
É perfeitamente normal - até maravilhoso - que seu filho tenha esse bom apego e que deseje essa
proximidade com você e sua presença constante. Parabéns! Isso é a evidência de que o laço afetivo que
você criou desde o início está seguro. Se for o caso, ignore educadamente as pessoas que te dizem o
oposto.

Relaxe em suas expectativas de independência, isso certamente irá ajudar seu bebê a relaxar também e
a ter menos ansiedade nos momentos de separação entre vocês (8).

- Lembre-se, o acolhimento na infância tem resultado positivo na vida adulta!
Uma pesquisa recente (9) revelou que a afeição maternal dada aos bebês torna  -os adultos mais bem
preparados para enfrentar os problemas da vida. Cientistas compararam dados das relações de afeto e
atenção e desempenho emocional de bebês de 8 meses com suas mães. Es as pessoas foram
                                                                                s
acompanhadas e testadas aos 34 anos de idade sobre vários sintomas emocionais. Qualquer que fosse o
meio social, ficou constatado que os bebês com bom apego emocional aos 8 meses tinham os níveis de
ansiedade, hostilidade e mal-estar mais baixos quando adultos. Isto confirma que as experiências na
primeira infância têm influências na vida adulta.

D.W. Winnicot, um pediatra famoso que depois se tornou psicanalista diz que a capacidade de ser feliz de
um ser humano depende, além de todos outros fatores, de um tempo (a infância até os seis anos, mas
principalmente o primeiro ano de vida), e de uma pessoa (uma mulher, a mãe). Se a mãe não está
presente, outro cuidador que entenda esses conceitos e que atenda as necessidades do bebê se faz
necessário.

É uma responsabilidade sim, de assustar! E é realmente intrigante que pessoas tenham filhos sem
saberem nada disso, sem se darem conta da importância desse relacionamento profundo, do vínculo
necessário que se forma nesse período, e quando as mães retornam ao trabalho fora de casa colocam
cuidadores em seu lugar que somente cuidam da parte física (6).

- Não ofereça mamadeira e nem desmame seu bebê: Com o retorno ao trabalho, muitas mães se
preocupam porque os bebês não aceitam a mamadeira e tentam todo tipo de bicos e leites artificiais
diferentes. Às vezes até mesmo o pediatra sugere o desmame. É situação comum bebês que rejeitam
veementemente a mamadeira, isso é sinal de inteligência, pois a primeira reação da natureza é mesmo
rejeitar outros tipos de alimentação que não o seio materno.

Na verdade é um erro acreditar que o bebê precisa de uma mamadeira quando você retorna ao trabalho e
que você deve acostumá-lo com antecedência. Se você treiná-lo a acostumar-se com uma mamadeira, o
que provavelmente acontecerá é um desmame precoce por confusão de bicos. Sempre ouvimos uma
história ou outra de bebês que não desmamaram, mas esse risco é grande e não há como prever, então é
melhor prevenir e alimentar seu bebê com um copinho.

Além disso, é preciso citar que, mesmo com a oferta de leite materno ordenhado em uma mamadeira,
muitos bebês rejeitam. Dr. González (10) explica esse fenômeno:

³E a razão é que os bebês não são bobos. Se a mãe não está em casa e a avó vem com uma mamadeira
(ou melhor ainda, com um copinho para evitar confusão de bicos), duas coisas podem acontecer.
Primeiro, se o bebê não estiver com fome, ele provavelmente não aceitará nada. Ele vai compensar isso
quando a mãe retornar. Muitos bebês dormem a maior parte do tempo quando estão distantes das mães,
e então vão mamar à noite. A outra possibilidade é, se o bebê estiver com fome (e especialmente se tiver
leite materno na mamadeira), ele poderá tomá-la e pronto. E ele deve estar pensando: µBem, ela não está
aqui, então é isso que eu tenho que fazer¶. Mas se a mãe está em casa e o bebê pode ver e sentir o peito,
como ele vai aceitar um copinho ou mamadeira? Ele deve pensar: µMinha mãe deve estar louca, ela tem o
peito aqui e quer me dar essa geringonça?¶ E ele insiste: µÉ o peito ou nada!¶ ´

Se o bebê é novinho e não há possibilidade de ordenha de leite materno, pode tentar uma alimentação
                                                                            -se
mista, com a mãe amamentando antes e depois do trabalho e o bebê tomando leite artificial durante o dia.
Muitas mães encontram soluções satisfatórias melhores que oferecer leite artificial: algumas levam seus
bebês para o trabalho (se o ambiente permite), outras trabalham meio período, algumas conseguem que
o bebê seja levado a elas para serem amamentados, outras ordenham e estocam seu leite. Se o bebê já
tiver mais de seis meses de idade, pode-se planejar que o bebê se alimente de comida na sua ausência,
embora há de se ter cautela se forem os primeiros alimentos.

A amamentação é parte essencial da vida do bebê até 2 anos no mínimo e auxilia na separação parcial
entre mãe e filho quando ela retorna ao trabalho fora de casa. Pode-se planejar ordenha de leite materno
e continuação da amamentação nos períodos que mãe e filhos estão juntos. O desmame junto com o
retorno ao trabalho pode ser bem traumático para o bebê (10):

³Quando você sai para o trabalho (ou quando sai com o cachorro), o seu bebê não sabe onde você está e
quanto tempo você vai demorar. Ele ficará muito assustado e chorará como se você fosse deixá-lo para
sempre. Vai levar alguns anos até que seu bebê seja capaz de ficar longe de você sem chorar e antes
que ele entenda que a µmamãe vai voltar logo¶. Toda vez que você voltar, vai abraçá-lo, amamentá-lo e o
bebê pensará: µoutro alarme falso!¶. Mas se você retornar ao trabalho e tentar desmamá-lo abruptamente
e ao mesmo tempo, quando você volta do trabalho, o bebê pede para mamar e você recusa, o que o bebê
irá pensar? µEla me abandonou porque não gosta mais de mim.¶ Esse é o pior momento para o
desmame.´

- Então como fica a alimentação do bebê? Se você volta a trabalhar quando o bebê tiver menos de 1
ano, planeje com antecedência como ordenhar (alugue ou compre uma bomba elétrica), estocar e
oferecer o leite materno para o bebê. Veja orientações na referência 11. Use um copinho ou mamadeira-
colher para oferecer o leite ordenhado e não mamadeira. Se ele tiver mais de 1 ano, pode alimentar-se de
sólidos e mamar quando estiverem juntos.

- Tenha mente aberta para cama familiar: Alguns bebês passam a mamar à noite com mais frequência
para compensar as mamadas perdidas durante o dia quando a mãe volta a trabalha fora. Isso é chamado
µamamentação em ciclo reverso¶ e é um mecanismo de sobrevivência de nossa espécie. Nesses casos,
praticar cama compartilhada e amamentar deitada pode ajudar a sacia as necessidade do bebê ao
                                                                        r
mesmo tempo em que os hormônios da amamentação auxiliam mãe e bebê a adormecerem novamente
(12-14). O bebê fica mais tranquilo ao saber que, mesmo passando o dia todo longe da mãe, à noite
estará com ela. A proximidade com o corpo materno sintoniza as pautas de sono do bebê com as da mãe
e regula o seu nível de excitação, temperatura corporal, o ritmo metabólico, níveis hormonais, ritmo
cardíaco, respiração e sistema imunológico, pois o efeito anti estresse do estreito contato físico libera
                                                                -
ocitocina, que fortalece o sistema imunológico do bebê (12-15).

Nem todas as famílias adotam cama compartilhada por receio de ser difícil conseguir que a criança durma
sozinha depois. A reflexão aqui é de que as necessidades mais intensas de pr ximidade se dão na
                                                                                 o
primeira infância: bebês têm necessidade de proximidade com a mãe (15) e a cama compartilhada
responderia a essas necessidades. Mais tarde, seria um outro momento, com o bebê com outra cognição,
maturidade e evolução.

Se a criança dorme longe dos pais à noite, fica longe durante o dia e, principalmente, se o bebê não
mama mais no peito (portanto não tem o contato íntimo da amamentação), precisa de alguma
compensação afetiva e se beneficiaria da proximidade da cama familiar. O mesmo acontece se o bebê
estiver em processo de angústia da separação, que se inicia entre 6 meses e vai até 2-3 anos, com
                                                                   -8
altos e baixos.

Quando os bebês sinalizam que precisam de contato corporal com os pais, mostrar empatia, entender e
acolher é excelente, pois a criança que se recusa a dormir pode estar precisando de mais contato
corporal com o pai e a mãe. É uma necessidade primitiva da criança ter contato íntimo com a pele do
corpo de outra pessoa enquanto adormece, mas isso se choca com todas as regras culturais que exigem
que as crianças durmam sozinhas (16).

- Procure seus direitos de licença maternidade de seis meses, negocie com o chefe, tire férias junto
com a licença, adie alguns planos, trabalhe meio período, procure um emprego mais flexível, procure
trabalhos que possa fazer em casa.

Esses dois meses a mais fazem toda a diferença para a criança: a amamentação ex       clusiva por 6 meses
diminui o risco de alergias (17), dermatite atópica (18), asma (19), infecções gastrointestinais (20),
doenças contagiosas (21), otite média, infecções respiratórias agudas, gastroenterite, infecções urinárias,
conjuntivite e candidíase oral (22). A introdução de alimentos aos 6 meses é feita na hora ideal, quando o
bebê já tem capacidade fisiológica para assimilar os alimentos novos (23). Muitos bebês têm reações
indesejadas com a introdução de alimentos antes dos seis meses, como prisão de ventre, refluxo, cólicas
e é claro que tudo isso atrapalha o sono. Se não tem outra solução, invista na ordenha, estoque e
oferecimento de leite materno para o bebê até os 6 meses. Veja na referência 11 como ordenhar e
estocar o leite materno e utilize um copinho ou mamadeira-colher para oferecer ao seu bebê. Muitas
mães que trabalham podem e devem investir na amamentação exclusiva por 6 meses e esse trabalho
todo compensa.

- Lidando com a separação: entenda a reação do bebê e mostre empatia (apesar do cansaço): sua volta
ao trabalho e afastamento é algo bem complicado para um bebê, porque é você a mãe dele, você é
insubstituível da forma que você é para seu filho. Outros cuidadores irão criar vínculos afetivos com seu
bebê, mas a mãe tem outro peso. Entenda a amamentação em ciclo reverso como uma forma de
compensação afetiva. Entenda e acolha as necessidades do bebê (que são simples, mas são intensas,
de muito contato íntimo, colo, peito). Esse acolhimento é essencial para o desenvolvimento de sua
autoestima no futuro.

O padrão de sono do bebê com outro cuidador pode mudar e essa mudança pode interferir no sono
noturno. O bebê cansado (caso não tire boas sonecas na escolinha, por exemplo) está secretando mais
cortisol, que causa agitação fisiológica, irritação e dificuldades de adormecer. A exaustão é
contraproducente com o sono, pois quanto mais exausto, mais lutará contra o sono e mais acordará à
noite. Se as sonecas estão muito curtas na escola é comum que o sono noturno também seja
influenciado. Orientar as cuidadoras a esticarem as sonecas, explicar a importância das sonecas durarem
pelo menos 1 hora para serem restauradoras, usar algum barulho estático ao fundo para ajudar nas
sonecas são atitudes que você pode tomar.

Dra. Andréia C. K. Mortensen

Referências:
1-             A             natureza          do           sono                   dos             bebês:
http://guiadobebe.uol.com.br/bb1ano/a_natureza_do_sono_do_bebe.htm
2- William Sears, Martha Sears, Robert Sears, James Sears. The Baby Sleep Book: The Complete Guide
to a Good Night's Rest for the Whole Family. Little, Brown and Company; 1 edition, 2005.

3- Haley DW, Cordick J, Mackrell S, Antony I, Ryan-Harrison M. Infant anticipatory stress. Biol Lett. 2010
Aug 25.

4- Sears, W. A ciência diz: choro prolongado no bebê pode ser prejudicial ao desenvolvimento cerebral
                                                                                                    -
http://www.askdrsears.com/html/10/handout2.asp

5- Bowlby, J. Attachment [Vol. 1 of Attachment and Loss]. London: Hogarth Press; New York, Basic
Books; Harmondsworth, UK: Penguin. 1982.

6- José Martins Filho. A Criança Terceirizada. Os descaminhos das relações familiares no mundo
contemporâneo. Editora Papirus, 2007.

7- Pantley, E. Soluções para noites sem choro. Editora M Books, 2005.

8- Pantley. E. No-Cry Separation Anxiety Solution: Gentle Ways to Make Good-Bye Easy from Six Months
to Six Years. Editora McGraw-Hill, 2010.

9- Maselko J, Kubzansky L, Lipsitt L, Buka SL. Mother's affection at 8 months predicts emotional distress
in adulthood. J Epidemiol Community Health. 2010 Jul 26.

10- Carlos González. My Child Won't Eat!: How to Prevent and Solve the Problem (La Leche League
International Book). 2005.

11- Extração e Conservação do Leite Materno: http://www.aleitamento.com

12- McKenna JJ, Why babies should never sleep alone: a review of the co-sleeping controversy in relation
to SIDS, bedsharing and breast feeding, Paediatr Respir Rev. 2005 Jun;6(2):134-52.

13- McKenna JJ, Mosko SS, Richard CA. Bedsharing promotes breastfeeding. Pediatrics. 1997 Aug;100(2
Pt 1):214-9.

14- Mosko S, Richard C, McKenna J, Drummond S, Mukai D.; Mosko S, Richard C, McKenna J. Maternal
sleep and arousals during bedsharing with infants. Sleep. 1997 Feb;20(2):142-50.

15- Margot Sunderland, The Science of Parenting. DK Publishing Inc. 2006.

16- Freud, Anna: Infância normal e patológica: Determinantes do Desenvolvimento, 4ª. ed., Ed.
Guanabara, RJ: 1987.

17- Anderson J, Malley K, Snell R. Is 6 months still the best for exclusive breastfeeding and introduction of
solids? A literature review with consideration to the risk of the development of allergies. Breastfeed Rev.
2009 Jul;17(2):23-31. Review.

18- Yang YW, Tsai CL, Lu CY. Exclusive breastfeeding and incident atopic dermatitis in childhood: a
systematic review and meta-analysis of prospective cohort studies. Br J Dermatol. 2009 Aug;161(2):373-
83. 2009 Feb 23. Review.

19- Fiocchi A, Assa'ad A, Bahna S; Adverse Reactions to Foods Committee; American College of Allergy,
Asthma and Immunology. Food allergy and the introduction of solid foods to infants: a consensus
document. Adverse Reactions to Foods Committee, American College of Allergy, Asthma and
Immunology. Ann Allergy Asthma Immunol. 2006 Jul;97(1):10-20; quiz 21, 77.

20- Kramer MS, Kakuma R. Optimal duration of exclusive breastfeeding. Cochrane Database Syst Rev.
2002;(1):CD003517. Review.

21- Duijts L, Jaddoe VW, Hofman A, Moll HA. Prolonged and exclusive breastfeeding reduces the risk of
infectious diseases in infancy. Pediatrics. 2010 Jul;126(1):e18-25. 2010 Jun 21.
22- Ladomenou, F., Moschandreas J., Kafatos A., et al. Protective effect of exclusive breastfeeding
against infections during infancy: a prospective. Study. Arch Dis Child. Published online September 27,
2010.

23- Kramer MS, Kakuma R. The optimal duration of exclusive breastfeeding: a systematic review. Adv Exp
Med Biol. 2004;554:63-77.

Esta página foi publicada em: 10/11/2010.

A natureza do sono do bebê

Após a leitura do artigo "O mau sono do filho pode ser culpa dos pais", publicado no site Guia do bebê
em 03/03/2010, gostaria de fazer alguns comentários.

O artigo ressaltou que a raiz de muitos problemas de sono estaria no fato de os pais auxiliarem seus
bebês a adormecerem e concluiu que eles deveriam ser treinados a fazê-lo sozinhos.

Tenho algumas críticas a esse raciocínio:

PRIMEIRO, é importante entender que essa inabilidade do bebê de adormecer sozinho, sem ajuda, é de
sua natureza. Antes de 2 ou 3 anos não há maturidade neurológica para tal. Então, ao 'treinar' um bebê a
adormecer sozinho estamos passando por cima de sua natureza do desenvolvimento, que acontece em
fases, em um aprendizado longo e complexo. A matéria parte do princípio de que é preciso condicionar os
bebês a não solicitarem aconchego à noite mesmo quando tivessem necessidade, como se uma
exigência para um bom sono bom seria apressar a independência do bebê.

SEGUNDO, as funções do choro, do embalo e do apego devem ser levadas em consideração.

O choro - No início da vida, o choro tem um amplo espectro de funções: bebês choram por fome,
necessidade de contato físico, frustração, outras necessidades físicas e emocionais. O choro de
frustração não pode ser considerado falso por não apresentar uma razão física visível. Experimentos
clássicos mostraram que simplesmente pegar o bebê no colo funciona perfeitamente como uma forma de
parar o choro, ainda que eles estivessem famintos (1,2). O choro atendido pelos pais tem importância
fundamental para a formação de vínculos e estabelecimento do laço afetivo familiar (3).

O embalo - O bebê precisa ter confiança máxima, conforto, segurança e outros sentimentos mais
complexos em quem lhe está adormecendo, que levam ao relaxamento relaxamento físico e mental. A
mãe acalenta o bebê com um embalo ritmado, lento, afagos leves e ao som de uma melodia delicada e
sussurrante de sua voz, e com isso o bebê se entrega e adormece. Deve        -se lembrar também que
embalar o bebê lhe confere estímulos sensoriais necessários ao estabelecimento do tônus muscular.

O apego - O colo e o apego, em conjunto com o embalo e a amamentação, são fatores críticos para a
continuação do desenvolvimento do bebê fora do útero materno. O bebê humano nasce em desamparo e
dependência quase absoluta e necessita ser visto e ouvido por sua mãe ou por outra figura de apego
primário, de quem procura e espera uma relação recíproca, na qual seus próprios sentimentos iniciais são
retribuídos (4). O bebê 'come amor' como se fosse comida e também a sensação de estar rodeado,
contido, visto e seguro (5).

Uma criança que se agarra a um adulto não está sendo mimada nem querendo chamar atenção, mas sim
está tentando reduzir o seu alto grau de excitação física e seus elevados níveis de substâncias químicas
estressantes, como o cortisol e, ao mesmo tempo, tenta ativar as compostos químicos cerebrais que
produzem sentimentos de bem-estar, como a ocitocina. Sua mãe é sua 'base neuroquímica' infalível.

Obrigar a criança a ser independente antes de ela estar geneticamente madura para tal é uma provável
causa do surgimento de um apego prolongado, enquanto que a criança que recebeu o cuidado amoroso
protetor com sua dependência natural reconhecida estará apta a aperfeiçoar suas potencialidades
primitivas de crescer, integrar-se, adaptar-se às exigências do ambiente, desenvolver outras relações
interpessoais, habilidades sociais, de convivência e aceitação do outro e de preservar a vida.

TERCEIRO, técnicas conhecidas como 'choro controlado' e variações em que o choro do bebê é ignorado
não oferecem garantias de noites de sono ininterruptas. Tal fato foi, inclusive, revelado em uma pesquisa
recente na qual, apesar de 69% dos pais acreditarem que essa técnica funcionaria, somente 1/6 dos pais
disseram que ela eliminou completamente os despertares noturnos. (6)

Ainda, pesquisas revelam que quando a crian cumpre um ano, as mães que haviam atendido
                                               ça
rapidamente o seu choro, tinham filhos que choravam muito menos que aquelas que haviam optado por
deixá-los                                         chorar                                     (7).

QUARTO, é mito que bebês que são treinados a dormir a noite toda nunca mais acordariam. O bebê
muda constantemente conforme seu desenvolvimento e isso interfere em seu sono. Então, é falaciosa a
prescrição de soluções eternas para que a criança dormir a noite toda, porque sempre que há mudanças
em sua vida (como entrada em escolinha ou mudança de professora, um atrito com amigo na escola,
mudança para nova casa, férias, doença, saltos de desenvolvimento e outros) há provavelmente uma
causa emocional para a mudança no padrão de sono. Nesses casos, é hora de direcionar todas as
atenções a seu filho para que se sinta emocionalmente seguro de as boas noites de sono voltarão.

QUINTO, a pesquisa citada (publicada originalmente em 2009 na revista "Child Development") tem falhas
metodológicas e erros de abordagem que não foram citados. Somente 85 famílias foram entrevistadas e
isso torna a amostragem não significativa. Além disso, o texto não deixa claro qual foi a porcentagem real
de casais que se adequaram às conclusões do grupo (se a margem de diferença for muito baixa, o estudo
deve ser refeito com grupo de amostragem mais amplo).

Os próprios autores concluem no final do artigo que, pelo fato de os dados serem baseados em amostras
não-clínicas, todas as implicações clínicas devem ser melhor examinadas adiante, em condições clinicas.
Os autores ainda discutem que os dados devem ser melhor explorados em outras culturas e em amostras
com mais variados status socioeconômicos para testar sua valia em ambientes que tenham diferentes
expectativas, filosofias e valores em se tratando de práticas de educação dos filhos em geral e do sono
dos bebês em particular.

Portanto, a abordagem dos pesquisadores passou por uma linha de pensamento que não considera
diferentes culturas, crenças e individualidades. Os pesquisadores concluem que todas essas são
características limitam a generalização dos resultados. Ainda mais, as associações relatadas entre o sono
e cognições maternas foram baseadas em percepções subjetivas e podem ter sido influenciadas pela
variância do método compartilhado.

Esses aspectos não foram incluídos no artigo que, portanto, não relatou com acuidade o que foi descrito
na pesquisa.

FINALMENTE, o artigo publicado continua a oferecer problemas na parte 'Avisos' de hábitos
possivelmente perniciosos ao sono.

Alimentá-lo fora do horário? Não é possível, posto que o bebê pequeno precisa mamar em livre demanda
para garantir que tenha todas suas necessidades de nutrição e também de sucção não nutritiva saciados.
Não há conselho mais prejudicial para o estabelecimento e continuidade da amamentação e,
consequentemente, para a saúde dos bebês, do que amamentar com horários predeterminados.

O artigo condena que o bebê durma com seus pais. As conclusões do artigo não consideram bases
antropológicas, culturais e tampouco fisiológicas.

O co-leito ou cama compartilhada é algo praticado desde os primórdios da raça humana. A necessidade
do bebê humano de estar em contato físico com a mãe vem dos tempos em que o ambiente era perigoso
e a sobrevivência dependia de contato direto com sua mãe. Somos parte dessa descendênci Além a.
disso, a cama compartilhada é comprovadamente de auxílio para estabelecimento da amamentação e
tem efeitos positivos no estabelecimento de ritmos respiratórios, na regulação de padrões de sono, da
taxa metabólica, de níveis hormonais, da produção enzimática (ajudando na habilidade do bebê de lutar
contra doenças), na taxa de batimentos cardíacos e no sistema imune (8, 9, 10). Pode também ajudar a
atender necessidades emocionais do bebê e da criança mais facilmente, levando em consideração os
picos de crescimento, a crise de ansiedade de separação que se inicia por volta dos 8 meses e outras
fases que vão além do primeiro e segundo ano de vida, nas quais o contato íntimo com a mãe faz toda a
diferença.

Portanto, ter um conceito previamente fechado, contrário a um arranjo de sono, pode dificultar a família a
lidar com as necessidades que o bebê e a criança manifestem.
ALGUMAS RECOMENDAÇÕES QUE EU DARIA AOS PAIS SERIAM:

- Investigue em que lugar o bebê dorme melhor: na mesma cama com os pais, no berço em outro
quarto, no berço no mesmo quarto porém distante da cama do casal, no berço no mesmo quarto junto à
cama? E onde você dorme melhor? Finalmente, onde você gostaria que seu bebê dormisse? A gama de
variações possíveis é grande, pode-se tentar alguns dos arranjos até descobrir como toda a família dorme
melhor.

- Alterne maneiras de auxiliar o bebê a adormecer, nem sempre mamando (a não ser nas primeiras
semanas quando é impossível manter um bebê acordado após as mamadas), nem sempre embalando,
às vezes peça para papai entrar na jogada! Ao aprender que pode adormecer de várias formas, é menos
provável que o bebê faça associações fortes de sono que podem levá-lo a requerê-las no meio da noite.

- Reconheça os sinais de sono do bebê: esfregar olhos, bocejar, diminuir atividades, ficar irritado, olhar
parado, chorar, em alguns casos, gritar. Crie rotinas de acordo com o cansaço e a necessidade de sono
da criança (que vai mudando conforme a maturidade), ou seja, uma sequência simples de eventos que
ajude a criança a identificar que a hora do sono está por vir.

- As sonecas são importantíssimas para o desenvolvimento do bebê e para o sono noturno. Ao
contrário do que se pode pensar, um bebê exausto luta contra o sono e tem dificuldades de permanecer
adormecido. Para serem restauradoras, as sonecas diurnas devem durar pelo menos 1 hora, em média,
para bebês maiores de 4 meses. Se o bebê não dorme espontaneamente esse tempo e acorda
aborrecido, precisa de ajuda para prolongar as sonecas. Você pode usar um sling e deixar o bebê dormir
nele. Se ele dorme em berço ou cama, preste atenção: quando acordar, tente colocá para dormir
                                                                                       -lo
novamente o mais rápido possível. Às vezes, ficar por perto para intervir antes de o bebê acordar
completamente é aconselhável. Esse processo pode ser demorado, mas vale a pena, pois o bebê vai
aprendendo a emendar ciclos de sono e tirar sonecas mais longas, que são importantes para um bom
sono noturno também.

Dra. Andréia C. K. Mortensen




Referências

1- Wolff, P.H. 1987. The development of behavioral states and the expression of emotion in early infancy:
New       proposals    for    investigation.    Chicago:     University   of   Chicago     Press.     (1987).
2- Our Babies, Ourselves. How biology and Culture shape the way we parent. Meredith F. Small. Anchor
Books.                                                                                                (1998).
3- Tocar: o Significado Humano da Pele. Ashley Montagu. Ed. Summus. (1988).
4- Bowlby, J. (1969,1982) Attachment [Vol. 1 of Attachment and Loss]. London: Hogarth Press; New York,
Basic             Books;              Harmondsworth,               UK:            Penguin             (1971).
5-     Babies    and     Their    Mothers     :   D.W.     Winnicott.    Merloyd    Lawrence.     (    1996).
6- Lynn Loutzenhiser, Regina Leader-Post. Have you been awake all night, trying desperately to put your
child back to sleep, or does your little one sleep like a baby? The study is being done in collaboration with
a contributing editor to Today's Parent magazine. The survey can be found at
http://uregina.ca/~loutzlyn/Research.html.                                                            (2009).
7-     Margot     Sunderland,     The     science     of    parenting.   DK     Publishing    Inc.    (2006).
8-J. McKenna et al., Bedsharing Promotes Breastfeeding, Pediatrics 100, no. 2: 214-219. (1997).
9- J. McKenna et al., "Sleep and Arousal Patterns of Co           -Sleeping Human Mother-Infant Pairs: A
Preliminary Physiological Study with Implications for the Study of the Sudden Infant Death Syndrome
(SIDS)," American Journal             of   Physical    Anthropology     82,   no.    3,   331-347 (1990).
10- A Reasonable Sleep. Evolution suggests that if we sleep with our babies, we might help some of them
escape sudden infant death syndrome. By Meredith F. Small DISCOVER 13:4. Medicine. (1992).

Esta página foi publicada em: 18/03/2010.
Saúde

A pior dor do mundo? Esqueça
Médico americano preconiza que a mulher
pode e deve tomar anestesia desde o começo
do trabalho de parto e ter seu bebê sem sofrimento

                                                             Christina Simons/Corbis/Latin Stock
Depois de horas e horas de dor indescritível, o bebê
nasce, perfeito, e a mãe esquece tudo o que passou.
Comovente, mas não obrigatório: segundo o anestesista
americano Gilbert Grant, autor do livro Enjoy Your labor
± A new approach to pain relief for childbirth (Aproveite o
parto ± uma nova abordagem do alívio da dor no
nascimento), o uso de anestesia peridural durante todo o
trabalho de parto, em doses que aumentam junto com a
dor, é perfeitamente viável ± ele aplica o método há
quinze anos ± e permite dar à luz com sofrimento zero.
No Brasil, apesar do número recorde de cesáreas, a
prática do parto normal realmente sem dor, com
anestesia do princípio ao fim, é pouco aplicada. O temor
à dor do parto é um dos motivos que incentivam a
prática das cesarianas ± no sistema privado de saúde,
elas chegam a 80% dos nascimentos. No outro extremo,
persiste a idéia de que tudo o que é natural é
obrigatoriamente desejável, o que leva à busca de
métodos exóticos como o parto na água, à luz de velas
ou, como num caso recente no Rio de Janeiro, ao som dos trinados de um cantor
lírico ± em geral sem uma gota de anestesia. "Ainda existe muito preconceito em
relação a fazer a analgesia da paciente assim que ela começa a sentir dor", diz
Marcelo Torres, diretor médico da Pro Matre e professor da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo, sobre o método preconizado por Gilbert Grant.
Baseado no Langone Medical Center da Universidade Nova York, o anestesista falou
à repórter Bel Moherdaui sobre o peso dos fatores culturais que associam o parto à
dor e defendeu vigorosamente a sua especialidade.

Como funciona ± Logo que a mulher chega ao hospital, aplicamos uma dose bem
leve da anestesia; conforme a dor aumenta, damos doses extras. Mesmo que o
parto demore várias horas, não há problema algum. A anestesia peridural pode ser
aplicada até ao longo de vários dias, tanto quanto for preciso. Acreditava -se que se
a mulher fosse anestesiada antes de alcançar 4 centímetros de dilatação a
progressão do parto cairia. Mas há pelo menos três anos sabemos que, pelo
contrário, a dilatação pode até aumentar com a anestesia. Acredito que no futuro
todas as parturientes vão receber anestesia antes de sentir dor. Mas é difícil mudar
algo tão arraigado culturalmente.




                                                  "O parto na água não é uma
          Floris Leeuwenberg/Corbis/Latin Stock
                                                   boa idéia para humanos"
Herança atávica ± Ao longo de 25 anos de prática da medicina, pude observar
que o desejo de enfrentar o parto sem anestesia decorre, principalmente, da
cobrança cultural. Na origem disso, muitas vezes de forma inconsciente, está a
referência religiosa, com a menção bíblica ao sofrimento no parto como castigo
coletivo às mulheres porque Eva pecou no Jardim do Éden. Existe muita pressão da
sociedade, dos amigos, dos parentes. Espera-se que elas agüentem a dor do parto,
porque isso é natural. Tenho certeza de que, se os homens dessem à luz, essa
discussão nem existiria. No meu livro falo que, evidentemente, ninguém pensaria
em fazer uma cirurgia de remoção do apêndice sem anestesia. Se todas as
mulheres soubessem quanto podem se beneficiar da anestesia peridural no parto
normal, um número muito maior optaria por ela. O maior problema é a falta de
informação, a ignorância. Já perdi a conta de quantas vezes ouvi, depois do parto,
a paciente dizer: "Se eu soubesse, não teria esperado tanto". Sabemos que a dor
do parto é a pior que a mulher vai sentir em toda a sua vida e que a peridural é
capaz de eliminar essa dor. Mas parece que há mulheres que não querem acreditar
nisso.

O tamanho da dor ± A comparação mais comum é com a dor da pedra nos rins.
Para um homem, é muito difícil imaginar. Aliás, para a mulher também. O mais
próximo nelas é a cólica menstrual, mas a dor do parto é 100 vezes mais forte,
então não é uma comparação muito justa. Ressalve-se que a dor é um fenômeno
totalmente subjetivo. Depende da pessoa que está sentindo. Na Índia, há quem
ande sobre brasa e não sinta nada. Temos de deixar cada indivíduo decidir quando
a dor se torna desconfortável. Eu, pessoalmente, prefiro não senti r. Se entrasse em
trabalho de parto, não ia querer dor alguma. Mas muitas mulheres querem a
experiência completa, como era no começo dos
tempos.
                                                                   Divulgação
Benefício zero ± Sentir dor não tem vantagem
nenhuma e ainda pode ser perigoso. Além do
sofrimento em si, há efeitos fisiológicos e psicológicos.
Quando se sente muita dor, as veias se estreitam, o
que diminui o fluxo de sangue para a placenta;
conseqüentemente, o bebê recebe menos sangue.
Algumas pesquisas mostram que as mulheres sob dor
intensa acabam desenvolvendo mais problemas
psicológicos depois do parto, como depressão e stress
pós-traumático, a doença dos veteranos de guerra. A
experiência pode deixar marcas profundas.

Segurança ± A anestesia peridural é muito segura. É
claro que podem acontecer problemas, como em tudo
na medicina. Mas existe maior probabilidade de alguma
coisa dar errado quando a paciente está a caminho do
hospital do que de haver algum problema co m a               AMPLA E IRRESTRITA
peridural. Cerca de 1% das pacientes tem dor de              Grant: "Sentir dor não tem
                                                               vantagem nenhuma"
cabeça muito forte, mas isso é tratável. Também é
possível ocorrer queda da pressão arterial da mãe, o que afeta o bebê, mas as
providências são rápidas e eficientes. No hospital em que trabalho, jamais
aconteceu de mãe ou bebê morrerem por causa da anestesia.

Experiência pessoal ± Tenho três filhas lindas. As três nasceram de cesariana. Se
tivesse sido parto normal, minha mulher teria recebido anestesia da mesma
maneira. Não deixo nenhuma mulher que eu conheça e ame ter filho sem peridural.
Já vi milhares de mulheres dar à luz e conheço bem a diferença.

Relaxamento perfeito ± Não existe melhor técnica de relaxamento do que
eliminar a dor no processo. Sem dor, a parturiente consegue respirar, ler uma
revista, sorrir. As celebradas técnicas de respiração até ajudam a relaxar um
pouco, mas não se comparam ao alívio dado pela medicação. Sem falar que a
mulher que não consegue respirar como aprendeu no curso pré-natal por causa da
dor muitas vezes se sente frustrada consigo mesma. Recentemente, uma paciente
minha tentou o parto normal dur ante horas, inclusive com peridural a partir de
certo ponto, mas não conseguiu e foi preparada para a cesariana. Quando
perguntei como se sentia, respondeu: "Eu sou um fracasso". Ela estava a minutos
de ter um bebê lindo e não conseguia viver a beleza do momento pelo excesso de
rigor consigo mesma.

Dose certa ± O grande passo aconteceu com o aperfeiçoamento da anestesia
peridural. Isso foi possível com o uso de diferentes drogas combinadas para tirar a
dor e manter a consciência. Pudemos dosar melhor a quantidade de cada
medicamento, aliviando a dor e reduzindo muito os efeitos colaterais. E a grande
vantagem da peridural é que ela tira a dor, mas não a capacidade de fazer força
para ajudar o bebê a sair, até porque a mulher não está totalmente exausta por ter
passado horas e horas sofrendo.

Na hora H ± Geralmente, a presença do pai ajuda a dar apoio emocional à mãe.
Mas eles sofrem muito com a dor delas. Se a mulher opta pela anestesia desde o
começo, o marido também se sente muito aliviado.

Parto na água ± É fantástico para peixes. Para os humanos, não acho uma idéia
tão boa.
PM Images/Getty Images




                             "Quando se sente muita
                            dor, as veias se estreitam,
                               o que diminui o fluxo
                            de sangue para a placenta.
                          O bebê recebe menos sangue.
                              Além disso, há o risco
                         de mais problemas psicológicos
                                  no pós-parto"

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Retorno ao trabalho e o sono do bebê

  • 1. Dra. Andréia Mortensen Retorno ao trabalho: e o sono do bebê, como fica? Frequentemente ouvimos mães preocupadas com seu retorno ao trabalho e como será a reação do bebê que dorme sendo embalado ou amamentado. A verdade é que todas as crianças (e todas as mães) vivenciam um período difícil quando precisam separar-se por causa do trabalho. Neste artigo, seguem algumas dicas que levam em consideração o estado emocional de ambos, mãe e filho, para lidar com essa separação. Fatos importantes a serem considerados quando o retorno ao trabalho está próximo: 1) O desenvolvimento do ser humano no primeiro ano de vida é extraordinário, cada fase, uma necessidade. O bebê triplica de peso no primeiro ano, se desenvolve em todos os aspectos (motores, cognitivos), começa a andar! Então, não se deve comparar um bebê recém-nascido com um de 4 meses, nem um bebê de 4 meses com um de 1 ano, por exemplos, pois serão praticamente outros bebês. Cada fase, uma necessidade: bebê novinho precisa muito de colo, aconchego, contato íntimo, amamentação em livre demanda. É da natureza dos bebês quererem colo de suas mães; na verd ade esse é um ótimo hábito que foi desenvolvido em milhares de anos de evolução, pois os bebês que não demandavam atenção faleciam e, por isso, a seleção natural fez com que aqueles que viviam no colo sobrevivessem e esse gene foi passado adiante. Essas ne cessidades vão diminuindo conforme sua maturidade. A dica é aproveitar essa fase inicial, em que temos disponibilidade, e ficar com o bebê no colo, amamentar em livre demanda, sem privar o bebê do carinho e do colo de mãe que ele tanto precisa e tem direito. 2) Os bebês são inteligentes e têm uma capacidade enorme de adaptação e de distinção de seus cuidadores. Eles podem reagir totalmente diferente com a mãe e com a babá ou com a professora do berçário (que eles sabem que não é a mãe). A capacidade e a inteligência dos bebês de distinguir seus cuidadores permite que eles criem modos de interação distintos com eles. Porém, é comum e esperado que o bebê demande sempre mais da mãe, porque sabe que pode, porque confia mais nela. Então, o bebê criará laços afetivos com o novo cuidador e eles se entenderão na nova forma de adormecer. E, no final do dia e à noite, de volta aos braços da mãe, o bebê pedirá mais carinho, mais afago, e muito provavelmente pedirá para mamar para adormecer, mesmo que não o faça com o cuidador durante o dia. Afinal de contas estarão com saudades e sabem que mamãe pode oferecer o peito e curtem estar nos braços de sua referência em amor e confiança. 3) Não compensa promover separação prévia para µacostumar¶ ou µpreparar¶ o bebê com o retorno ao trabalho. Não sofram por antecedência achando que têm de acostumar o bebê desde cedo a adormecer sozinho. Bebês não têm maturidade neurológica e compreensão para tal, então essa é uma expectativa irreal. Eles podem ter vários sentimentos e sensações que os perturbem durante a noite e precisam de nossa ajuda. Bebês demandam a mãe, mesmo no período noturno, e, especialmente, se ficaram longe dela durante o dia. A criança tem em sua mãe o referencial de segurança, estabilidade e afeto. Um bebê nunca fica µmal-acostumado¶ por ter colo, embalo, acalanto, pelo contrário, precisam disso para continuar a se desenvolver. Revisamos isso em meu artigo anterior µA natureza do sono dos bebês¶ (1). Portanto, não faz sentido promover um afastamento prévio entre vocês µpensando no futuro¶; isso só acaba gerando sofrimentos desnecessários para ambos, mãe e bebê. Se a criança não tem colo quando pequeno, não tem no futuro, terá quando, então? Se seu marido tem uma viagem planejada para semana que vem, para ficar um bom tempo fora, você, para se acostumar com a ausência dele, já vai se preparando e deixa de dormir na mesma cama que ele, deixa de beijá-lo e de abraçá-lo? Ou faz o oposto e trata de aproveitar ao máximo os últimos dias antes da viagem?
  • 2. A questão, portanto, não é fazer o bebê 'se desacostumar' de colo, pois ninguém se desacostuma de uma necessidade física ou psicológica. A questão é, sim, ajudar o bebê a criar confiança em outro cuidador. 4) "Treinar" ou condicionar o bebê a dormir sozinho vai contra sua natureza, e tem consequências. Condicionar o bebê a adormecer sozinho não vai ajudá no próximo período de afastamento entre -lo vocês, pelo contrário. Para ajudá-lo, é necessário que exista acolhimento e apego entre vocês, contínuo e íntimo, assim seu estado emocional vai se fortalecendo, ele se sente acolhido, importante e atendido, e vai lidar melhor com outras situações de separação. A maioria de planos de treinamento para bebês oferece o risco de dessensibilização dos sinais enviados, especialmente quando há choro sem consolo envolvido. Em outras palavras, ao invés de ajudar a descobrir o que os sinais enviados pelo seu bebê significam, esses métodos pedem que você os ignore. Nem você nem seu bebê aprendem nada de bom com isso. E, com a separação durante o dia entre vocês pelo retorno ao ao trabalho, a angústia do bebê tende a piorar (2). Um estudo recente mostrou que os bebês têm capacidade de prever respostas estressantes. Eles foram divididos em dois grupos, no primeiro as mães interagiam com eles continuamente, enquanto que no segundo bebês foram ignorados por elas por somente dois minutos. Os níveis de cortisol, hormônio do estresse, foram medidos após os experimentos. No dia seguinte, o grupo que foi ignorado teve níveis de cortisol mais elevados do que o grupo controle, provando que eles têm capacidade de antecipar o estresse (3). O cortisol em níveis elevados no cérebro do bebê pode ser corrosivo. O cérebro do bebê está em pleno desenvolvimento e a exposição desse hormônio por períodos prolongados mpede a conexão entre i alguns nervos e provoca a degeneração de outros. É possível que bebês que são submetidos a muitas noites de choro sem consolo sofram efeitos neurológicos prejudiciais que poderão ter implicações permanentes no desenvolvimento neurológico. Para ler um compêndio de artigos científicos sobre o tema cortisol e efeitos no desenvolvimento cerebral, veja a referência 4. É preciso ter senso crítico e usar de discernimento quando recebemos conselhos que prometem milagres. Esses métodos de condicionamento envolvem vários riscos; além dos efeitos neurológicos, podem criar uma distância entre você e seu bebê, e ele perde a oportunidade de construir confiança no seu ambiente. Algumas dicas práticas para mães preocupadas com retorno ao trabalho: - Busca de um novo cuidador: procure um novo cuidador que tenha disponibilidade emocional, que tenha chance de criar um laço afetivo com seu bebê, que tenha empatia e carinho, que o carregue no colo, não o deixe chorar e que o embale para dormir. Não é qualquer pessoa que tem preparo emocional para cuidar, acolher e maternar um bebê. É importante que ele se apegue ao novo cuidador, pois é dependente por natureza e precisa desse vínculo. A dependência natural é um fato biológico, e não resultado do excesso de mimo materno (5). Sendo creche, babá, parente ou outro cuidador, lembre-se sempre da disponibilidade emocional como requisito para cuidar de seu filho, pois não é simplesmente suprir suas necessidades físicas, mas é também dar amor, ter interesse e prover o afeto materno na ausência da mãe. Visite várias creches, procure locais onde dão colo, verifique se deixam os bebês o tempo todo em cadeiras, andadores ou outros aparatos. Se for esse o caso, é sinal que estão desprezando a importância do acolhimento emocional no início de vida do bebê que é tão crítico e fundamental para o resto de nossas vidas. Para a criança não é suficiente que lhe troquem as fraldas e lhe deem comida. O mais necessário e nobre alimento é o afeto, acompanhado de carinho, prazer e paz (6). - Envolvimento de outra pessoa no ritual de sono: encoraje o pai, por exemplo, a participar do ritual de sono do bebê desde cedo. Ele pode dar o banho e fazer uma massagem, por exemplo. Depois dos 3 -4 meses, em média, se o bebê sempre adormece no peito, pode -se começar a alternar maneiras de adormecer para que ele não crie uma associação forte de sugar para dormir (7). Essa dica não é obrigatória considerando-se que os bebês têm capacidade de distinguir seus cuidadores (como citado no início do texto) e vai aprender a adormecer de outra forma com quem µnão tem peitos¶. Existem crianças que dormem mamando com suas mães em casa e na escolinha adormecem de outra forma com as cuidadoras, sem problemas.
  • 3. - Adaptação gradual: O bebê lidará melhor com essa separação se a adaptação for gradual, assim terá uma chance de criar um apego com o novo cuidador antes de separações longas de sua mãe. Para que o novo cuidador crie um bom apego com ele, criar chances de interação antes de deixá -los sozinhos é importante. Recomendo sempre que a mãe vá junto com o bebê e fique com ele no novo ambiente o tempo todo, pelo menos no início. Assim ele vai se familiarizando com o local, mas com a segurança de ainda estar sob os cuidados da mãe. Depois a mãe pode ir se afastando um pouco, gradualmente, enquanto dá a chance de o bebê se apegar à nova cuidadora. Porém, não há receita pronta, é questão de observar a criança e ter sensibilidade. A melhor qualidade que se pode esperar do cuidador é a empatia com o bebê. Novamente, oriente que lhe dê bastante colo, não o deixe chorar, mostre quais são os sinais de sono do bebê, deixe que ele durma as sonecas no colo para dar um consolo afetivo na ausência da mãe. - E se o bebê tem ansiedade da separação? Nos primeiros meses, a relação mãe e filho é altamente intuitiva, primitiva mesmo. O bebê não sabe que nasceu e acha que o corpo da mãe é continuidade do seu e que o seio que o alimenta e lhe dá carinho e prazer faz parte de um todo ao qual ele pertence. Então, gradualmente e após o sexto mês é que os bebês vão se dando conta de que são outros seres e essa percepção de individualidade fica mais clara e evidente. Assim, progressivamente, vai se estabelecendo o desenvolvimento psicoafetivo, motor, alimentar e cognitivo da criança (6). Algumas idéias práticas: Pratique separações rápidas e diárias Durante seus dias juntos crie oportunidades de expor seu bebê a separações visuais breves, seguras e rápidas (brincar de esconder o rosto e logo reaparecer é ótimo e eles adoram!). Incentive que seu bebê brinque com um brinquedo interessante ou com outra pessoa e, quando ele estiver feliz e distraído com o brinquedo ou com a pessoa, caminhe calma e lentamente para outro quarto. Assobie, cante, murmure uma canção ou fale, de modo que seu bebê saiba que você ainda está por perto, mesmo que não possa vê-la. Pratique essas separações breves algumas vezes ao dia numa variedade de situações diferentes. Evite a transferência de colo para colo É muito comum passar o bebê do colo de um cuidador para outro. O problema é que cria ansiedade na criança sair da segurança dos braços da mãe e ser fisicamente transferido para os braços de outra pessoa que lhe é menos familiar. Essa separação física é a mais extrema na mente do bebê. Para reduzir essas sensações de ansiedade faça a mudança com seu bebê num lugar neutro, como brincando no chão ou sentado numa cadeirinha, cadeirão de alimentação ou bebê conforto. Peça para o cuidador sentar do lado de seu bebê e interagir com ele, enquanto isso você fala um µtchau¶ rápido, porém positivo, num tom feliz. Assim que você sair é um bom momento para o cuidador pegar seu bebê no colo, e a vantagem é que o cuidador vai ser colocado na posição de µsalvador¶ e isso pode ajudá -los nessa relação. Entenda a ansiedade de separação como um sinal positivo! É perfeitamente normal - até maravilhoso - que seu filho tenha esse bom apego e que deseje essa proximidade com você e sua presença constante. Parabéns! Isso é a evidência de que o laço afetivo que você criou desde o início está seguro. Se for o caso, ignore educadamente as pessoas que te dizem o oposto. Relaxe em suas expectativas de independência, isso certamente irá ajudar seu bebê a relaxar também e a ter menos ansiedade nos momentos de separação entre vocês (8). - Lembre-se, o acolhimento na infância tem resultado positivo na vida adulta! Uma pesquisa recente (9) revelou que a afeição maternal dada aos bebês torna -os adultos mais bem preparados para enfrentar os problemas da vida. Cientistas compararam dados das relações de afeto e atenção e desempenho emocional de bebês de 8 meses com suas mães. Es as pessoas foram s acompanhadas e testadas aos 34 anos de idade sobre vários sintomas emocionais. Qualquer que fosse o meio social, ficou constatado que os bebês com bom apego emocional aos 8 meses tinham os níveis de ansiedade, hostilidade e mal-estar mais baixos quando adultos. Isto confirma que as experiências na primeira infância têm influências na vida adulta. D.W. Winnicot, um pediatra famoso que depois se tornou psicanalista diz que a capacidade de ser feliz de um ser humano depende, além de todos outros fatores, de um tempo (a infância até os seis anos, mas principalmente o primeiro ano de vida), e de uma pessoa (uma mulher, a mãe). Se a mãe não está
  • 4. presente, outro cuidador que entenda esses conceitos e que atenda as necessidades do bebê se faz necessário. É uma responsabilidade sim, de assustar! E é realmente intrigante que pessoas tenham filhos sem saberem nada disso, sem se darem conta da importância desse relacionamento profundo, do vínculo necessário que se forma nesse período, e quando as mães retornam ao trabalho fora de casa colocam cuidadores em seu lugar que somente cuidam da parte física (6). - Não ofereça mamadeira e nem desmame seu bebê: Com o retorno ao trabalho, muitas mães se preocupam porque os bebês não aceitam a mamadeira e tentam todo tipo de bicos e leites artificiais diferentes. Às vezes até mesmo o pediatra sugere o desmame. É situação comum bebês que rejeitam veementemente a mamadeira, isso é sinal de inteligência, pois a primeira reação da natureza é mesmo rejeitar outros tipos de alimentação que não o seio materno. Na verdade é um erro acreditar que o bebê precisa de uma mamadeira quando você retorna ao trabalho e que você deve acostumá-lo com antecedência. Se você treiná-lo a acostumar-se com uma mamadeira, o que provavelmente acontecerá é um desmame precoce por confusão de bicos. Sempre ouvimos uma história ou outra de bebês que não desmamaram, mas esse risco é grande e não há como prever, então é melhor prevenir e alimentar seu bebê com um copinho. Além disso, é preciso citar que, mesmo com a oferta de leite materno ordenhado em uma mamadeira, muitos bebês rejeitam. Dr. González (10) explica esse fenômeno: ³E a razão é que os bebês não são bobos. Se a mãe não está em casa e a avó vem com uma mamadeira (ou melhor ainda, com um copinho para evitar confusão de bicos), duas coisas podem acontecer. Primeiro, se o bebê não estiver com fome, ele provavelmente não aceitará nada. Ele vai compensar isso quando a mãe retornar. Muitos bebês dormem a maior parte do tempo quando estão distantes das mães, e então vão mamar à noite. A outra possibilidade é, se o bebê estiver com fome (e especialmente se tiver leite materno na mamadeira), ele poderá tomá-la e pronto. E ele deve estar pensando: µBem, ela não está aqui, então é isso que eu tenho que fazer¶. Mas se a mãe está em casa e o bebê pode ver e sentir o peito, como ele vai aceitar um copinho ou mamadeira? Ele deve pensar: µMinha mãe deve estar louca, ela tem o peito aqui e quer me dar essa geringonça?¶ E ele insiste: µÉ o peito ou nada!¶ ´ Se o bebê é novinho e não há possibilidade de ordenha de leite materno, pode tentar uma alimentação -se mista, com a mãe amamentando antes e depois do trabalho e o bebê tomando leite artificial durante o dia. Muitas mães encontram soluções satisfatórias melhores que oferecer leite artificial: algumas levam seus bebês para o trabalho (se o ambiente permite), outras trabalham meio período, algumas conseguem que o bebê seja levado a elas para serem amamentados, outras ordenham e estocam seu leite. Se o bebê já tiver mais de seis meses de idade, pode-se planejar que o bebê se alimente de comida na sua ausência, embora há de se ter cautela se forem os primeiros alimentos. A amamentação é parte essencial da vida do bebê até 2 anos no mínimo e auxilia na separação parcial entre mãe e filho quando ela retorna ao trabalho fora de casa. Pode-se planejar ordenha de leite materno e continuação da amamentação nos períodos que mãe e filhos estão juntos. O desmame junto com o retorno ao trabalho pode ser bem traumático para o bebê (10): ³Quando você sai para o trabalho (ou quando sai com o cachorro), o seu bebê não sabe onde você está e quanto tempo você vai demorar. Ele ficará muito assustado e chorará como se você fosse deixá-lo para sempre. Vai levar alguns anos até que seu bebê seja capaz de ficar longe de você sem chorar e antes que ele entenda que a µmamãe vai voltar logo¶. Toda vez que você voltar, vai abraçá-lo, amamentá-lo e o bebê pensará: µoutro alarme falso!¶. Mas se você retornar ao trabalho e tentar desmamá-lo abruptamente e ao mesmo tempo, quando você volta do trabalho, o bebê pede para mamar e você recusa, o que o bebê irá pensar? µEla me abandonou porque não gosta mais de mim.¶ Esse é o pior momento para o desmame.´ - Então como fica a alimentação do bebê? Se você volta a trabalhar quando o bebê tiver menos de 1 ano, planeje com antecedência como ordenhar (alugue ou compre uma bomba elétrica), estocar e oferecer o leite materno para o bebê. Veja orientações na referência 11. Use um copinho ou mamadeira- colher para oferecer o leite ordenhado e não mamadeira. Se ele tiver mais de 1 ano, pode alimentar-se de sólidos e mamar quando estiverem juntos. - Tenha mente aberta para cama familiar: Alguns bebês passam a mamar à noite com mais frequência para compensar as mamadas perdidas durante o dia quando a mãe volta a trabalha fora. Isso é chamado µamamentação em ciclo reverso¶ e é um mecanismo de sobrevivência de nossa espécie. Nesses casos,
  • 5. praticar cama compartilhada e amamentar deitada pode ajudar a sacia as necessidade do bebê ao r mesmo tempo em que os hormônios da amamentação auxiliam mãe e bebê a adormecerem novamente (12-14). O bebê fica mais tranquilo ao saber que, mesmo passando o dia todo longe da mãe, à noite estará com ela. A proximidade com o corpo materno sintoniza as pautas de sono do bebê com as da mãe e regula o seu nível de excitação, temperatura corporal, o ritmo metabólico, níveis hormonais, ritmo cardíaco, respiração e sistema imunológico, pois o efeito anti estresse do estreito contato físico libera - ocitocina, que fortalece o sistema imunológico do bebê (12-15). Nem todas as famílias adotam cama compartilhada por receio de ser difícil conseguir que a criança durma sozinha depois. A reflexão aqui é de que as necessidades mais intensas de pr ximidade se dão na o primeira infância: bebês têm necessidade de proximidade com a mãe (15) e a cama compartilhada responderia a essas necessidades. Mais tarde, seria um outro momento, com o bebê com outra cognição, maturidade e evolução. Se a criança dorme longe dos pais à noite, fica longe durante o dia e, principalmente, se o bebê não mama mais no peito (portanto não tem o contato íntimo da amamentação), precisa de alguma compensação afetiva e se beneficiaria da proximidade da cama familiar. O mesmo acontece se o bebê estiver em processo de angústia da separação, que se inicia entre 6 meses e vai até 2-3 anos, com -8 altos e baixos. Quando os bebês sinalizam que precisam de contato corporal com os pais, mostrar empatia, entender e acolher é excelente, pois a criança que se recusa a dormir pode estar precisando de mais contato corporal com o pai e a mãe. É uma necessidade primitiva da criança ter contato íntimo com a pele do corpo de outra pessoa enquanto adormece, mas isso se choca com todas as regras culturais que exigem que as crianças durmam sozinhas (16). - Procure seus direitos de licença maternidade de seis meses, negocie com o chefe, tire férias junto com a licença, adie alguns planos, trabalhe meio período, procure um emprego mais flexível, procure trabalhos que possa fazer em casa. Esses dois meses a mais fazem toda a diferença para a criança: a amamentação ex clusiva por 6 meses diminui o risco de alergias (17), dermatite atópica (18), asma (19), infecções gastrointestinais (20), doenças contagiosas (21), otite média, infecções respiratórias agudas, gastroenterite, infecções urinárias, conjuntivite e candidíase oral (22). A introdução de alimentos aos 6 meses é feita na hora ideal, quando o bebê já tem capacidade fisiológica para assimilar os alimentos novos (23). Muitos bebês têm reações indesejadas com a introdução de alimentos antes dos seis meses, como prisão de ventre, refluxo, cólicas e é claro que tudo isso atrapalha o sono. Se não tem outra solução, invista na ordenha, estoque e oferecimento de leite materno para o bebê até os 6 meses. Veja na referência 11 como ordenhar e estocar o leite materno e utilize um copinho ou mamadeira-colher para oferecer ao seu bebê. Muitas mães que trabalham podem e devem investir na amamentação exclusiva por 6 meses e esse trabalho todo compensa. - Lidando com a separação: entenda a reação do bebê e mostre empatia (apesar do cansaço): sua volta ao trabalho e afastamento é algo bem complicado para um bebê, porque é você a mãe dele, você é insubstituível da forma que você é para seu filho. Outros cuidadores irão criar vínculos afetivos com seu bebê, mas a mãe tem outro peso. Entenda a amamentação em ciclo reverso como uma forma de compensação afetiva. Entenda e acolha as necessidades do bebê (que são simples, mas são intensas, de muito contato íntimo, colo, peito). Esse acolhimento é essencial para o desenvolvimento de sua autoestima no futuro. O padrão de sono do bebê com outro cuidador pode mudar e essa mudança pode interferir no sono noturno. O bebê cansado (caso não tire boas sonecas na escolinha, por exemplo) está secretando mais cortisol, que causa agitação fisiológica, irritação e dificuldades de adormecer. A exaustão é contraproducente com o sono, pois quanto mais exausto, mais lutará contra o sono e mais acordará à noite. Se as sonecas estão muito curtas na escola é comum que o sono noturno também seja influenciado. Orientar as cuidadoras a esticarem as sonecas, explicar a importância das sonecas durarem pelo menos 1 hora para serem restauradoras, usar algum barulho estático ao fundo para ajudar nas sonecas são atitudes que você pode tomar. Dra. Andréia C. K. Mortensen Referências: 1- A natureza do sono dos bebês: http://guiadobebe.uol.com.br/bb1ano/a_natureza_do_sono_do_bebe.htm
  • 6. 2- William Sears, Martha Sears, Robert Sears, James Sears. The Baby Sleep Book: The Complete Guide to a Good Night's Rest for the Whole Family. Little, Brown and Company; 1 edition, 2005. 3- Haley DW, Cordick J, Mackrell S, Antony I, Ryan-Harrison M. Infant anticipatory stress. Biol Lett. 2010 Aug 25. 4- Sears, W. A ciência diz: choro prolongado no bebê pode ser prejudicial ao desenvolvimento cerebral - http://www.askdrsears.com/html/10/handout2.asp 5- Bowlby, J. Attachment [Vol. 1 of Attachment and Loss]. London: Hogarth Press; New York, Basic Books; Harmondsworth, UK: Penguin. 1982. 6- José Martins Filho. A Criança Terceirizada. Os descaminhos das relações familiares no mundo contemporâneo. Editora Papirus, 2007. 7- Pantley, E. Soluções para noites sem choro. Editora M Books, 2005. 8- Pantley. E. No-Cry Separation Anxiety Solution: Gentle Ways to Make Good-Bye Easy from Six Months to Six Years. Editora McGraw-Hill, 2010. 9- Maselko J, Kubzansky L, Lipsitt L, Buka SL. Mother's affection at 8 months predicts emotional distress in adulthood. J Epidemiol Community Health. 2010 Jul 26. 10- Carlos González. My Child Won't Eat!: How to Prevent and Solve the Problem (La Leche League International Book). 2005. 11- Extração e Conservação do Leite Materno: http://www.aleitamento.com 12- McKenna JJ, Why babies should never sleep alone: a review of the co-sleeping controversy in relation to SIDS, bedsharing and breast feeding, Paediatr Respir Rev. 2005 Jun;6(2):134-52. 13- McKenna JJ, Mosko SS, Richard CA. Bedsharing promotes breastfeeding. Pediatrics. 1997 Aug;100(2 Pt 1):214-9. 14- Mosko S, Richard C, McKenna J, Drummond S, Mukai D.; Mosko S, Richard C, McKenna J. Maternal sleep and arousals during bedsharing with infants. Sleep. 1997 Feb;20(2):142-50. 15- Margot Sunderland, The Science of Parenting. DK Publishing Inc. 2006. 16- Freud, Anna: Infância normal e patológica: Determinantes do Desenvolvimento, 4ª. ed., Ed. Guanabara, RJ: 1987. 17- Anderson J, Malley K, Snell R. Is 6 months still the best for exclusive breastfeeding and introduction of solids? A literature review with consideration to the risk of the development of allergies. Breastfeed Rev. 2009 Jul;17(2):23-31. Review. 18- Yang YW, Tsai CL, Lu CY. Exclusive breastfeeding and incident atopic dermatitis in childhood: a systematic review and meta-analysis of prospective cohort studies. Br J Dermatol. 2009 Aug;161(2):373- 83. 2009 Feb 23. Review. 19- Fiocchi A, Assa'ad A, Bahna S; Adverse Reactions to Foods Committee; American College of Allergy, Asthma and Immunology. Food allergy and the introduction of solid foods to infants: a consensus document. Adverse Reactions to Foods Committee, American College of Allergy, Asthma and Immunology. Ann Allergy Asthma Immunol. 2006 Jul;97(1):10-20; quiz 21, 77. 20- Kramer MS, Kakuma R. Optimal duration of exclusive breastfeeding. Cochrane Database Syst Rev. 2002;(1):CD003517. Review. 21- Duijts L, Jaddoe VW, Hofman A, Moll HA. Prolonged and exclusive breastfeeding reduces the risk of infectious diseases in infancy. Pediatrics. 2010 Jul;126(1):e18-25. 2010 Jun 21.
  • 7. 22- Ladomenou, F., Moschandreas J., Kafatos A., et al. Protective effect of exclusive breastfeeding against infections during infancy: a prospective. Study. Arch Dis Child. Published online September 27, 2010. 23- Kramer MS, Kakuma R. The optimal duration of exclusive breastfeeding: a systematic review. Adv Exp Med Biol. 2004;554:63-77. Esta página foi publicada em: 10/11/2010. A natureza do sono do bebê Após a leitura do artigo "O mau sono do filho pode ser culpa dos pais", publicado no site Guia do bebê em 03/03/2010, gostaria de fazer alguns comentários. O artigo ressaltou que a raiz de muitos problemas de sono estaria no fato de os pais auxiliarem seus bebês a adormecerem e concluiu que eles deveriam ser treinados a fazê-lo sozinhos. Tenho algumas críticas a esse raciocínio: PRIMEIRO, é importante entender que essa inabilidade do bebê de adormecer sozinho, sem ajuda, é de sua natureza. Antes de 2 ou 3 anos não há maturidade neurológica para tal. Então, ao 'treinar' um bebê a adormecer sozinho estamos passando por cima de sua natureza do desenvolvimento, que acontece em fases, em um aprendizado longo e complexo. A matéria parte do princípio de que é preciso condicionar os bebês a não solicitarem aconchego à noite mesmo quando tivessem necessidade, como se uma exigência para um bom sono bom seria apressar a independência do bebê. SEGUNDO, as funções do choro, do embalo e do apego devem ser levadas em consideração. O choro - No início da vida, o choro tem um amplo espectro de funções: bebês choram por fome, necessidade de contato físico, frustração, outras necessidades físicas e emocionais. O choro de frustração não pode ser considerado falso por não apresentar uma razão física visível. Experimentos clássicos mostraram que simplesmente pegar o bebê no colo funciona perfeitamente como uma forma de parar o choro, ainda que eles estivessem famintos (1,2). O choro atendido pelos pais tem importância fundamental para a formação de vínculos e estabelecimento do laço afetivo familiar (3). O embalo - O bebê precisa ter confiança máxima, conforto, segurança e outros sentimentos mais complexos em quem lhe está adormecendo, que levam ao relaxamento relaxamento físico e mental. A mãe acalenta o bebê com um embalo ritmado, lento, afagos leves e ao som de uma melodia delicada e sussurrante de sua voz, e com isso o bebê se entrega e adormece. Deve -se lembrar também que embalar o bebê lhe confere estímulos sensoriais necessários ao estabelecimento do tônus muscular. O apego - O colo e o apego, em conjunto com o embalo e a amamentação, são fatores críticos para a continuação do desenvolvimento do bebê fora do útero materno. O bebê humano nasce em desamparo e dependência quase absoluta e necessita ser visto e ouvido por sua mãe ou por outra figura de apego primário, de quem procura e espera uma relação recíproca, na qual seus próprios sentimentos iniciais são retribuídos (4). O bebê 'come amor' como se fosse comida e também a sensação de estar rodeado, contido, visto e seguro (5). Uma criança que se agarra a um adulto não está sendo mimada nem querendo chamar atenção, mas sim está tentando reduzir o seu alto grau de excitação física e seus elevados níveis de substâncias químicas estressantes, como o cortisol e, ao mesmo tempo, tenta ativar as compostos químicos cerebrais que produzem sentimentos de bem-estar, como a ocitocina. Sua mãe é sua 'base neuroquímica' infalível. Obrigar a criança a ser independente antes de ela estar geneticamente madura para tal é uma provável causa do surgimento de um apego prolongado, enquanto que a criança que recebeu o cuidado amoroso protetor com sua dependência natural reconhecida estará apta a aperfeiçoar suas potencialidades primitivas de crescer, integrar-se, adaptar-se às exigências do ambiente, desenvolver outras relações interpessoais, habilidades sociais, de convivência e aceitação do outro e de preservar a vida. TERCEIRO, técnicas conhecidas como 'choro controlado' e variações em que o choro do bebê é ignorado não oferecem garantias de noites de sono ininterruptas. Tal fato foi, inclusive, revelado em uma pesquisa
  • 8. recente na qual, apesar de 69% dos pais acreditarem que essa técnica funcionaria, somente 1/6 dos pais disseram que ela eliminou completamente os despertares noturnos. (6) Ainda, pesquisas revelam que quando a crian cumpre um ano, as mães que haviam atendido ça rapidamente o seu choro, tinham filhos que choravam muito menos que aquelas que haviam optado por deixá-los chorar (7). QUARTO, é mito que bebês que são treinados a dormir a noite toda nunca mais acordariam. O bebê muda constantemente conforme seu desenvolvimento e isso interfere em seu sono. Então, é falaciosa a prescrição de soluções eternas para que a criança dormir a noite toda, porque sempre que há mudanças em sua vida (como entrada em escolinha ou mudança de professora, um atrito com amigo na escola, mudança para nova casa, férias, doença, saltos de desenvolvimento e outros) há provavelmente uma causa emocional para a mudança no padrão de sono. Nesses casos, é hora de direcionar todas as atenções a seu filho para que se sinta emocionalmente seguro de as boas noites de sono voltarão. QUINTO, a pesquisa citada (publicada originalmente em 2009 na revista "Child Development") tem falhas metodológicas e erros de abordagem que não foram citados. Somente 85 famílias foram entrevistadas e isso torna a amostragem não significativa. Além disso, o texto não deixa claro qual foi a porcentagem real de casais que se adequaram às conclusões do grupo (se a margem de diferença for muito baixa, o estudo deve ser refeito com grupo de amostragem mais amplo). Os próprios autores concluem no final do artigo que, pelo fato de os dados serem baseados em amostras não-clínicas, todas as implicações clínicas devem ser melhor examinadas adiante, em condições clinicas. Os autores ainda discutem que os dados devem ser melhor explorados em outras culturas e em amostras com mais variados status socioeconômicos para testar sua valia em ambientes que tenham diferentes expectativas, filosofias e valores em se tratando de práticas de educação dos filhos em geral e do sono dos bebês em particular. Portanto, a abordagem dos pesquisadores passou por uma linha de pensamento que não considera diferentes culturas, crenças e individualidades. Os pesquisadores concluem que todas essas são características limitam a generalização dos resultados. Ainda mais, as associações relatadas entre o sono e cognições maternas foram baseadas em percepções subjetivas e podem ter sido influenciadas pela variância do método compartilhado. Esses aspectos não foram incluídos no artigo que, portanto, não relatou com acuidade o que foi descrito na pesquisa. FINALMENTE, o artigo publicado continua a oferecer problemas na parte 'Avisos' de hábitos possivelmente perniciosos ao sono. Alimentá-lo fora do horário? Não é possível, posto que o bebê pequeno precisa mamar em livre demanda para garantir que tenha todas suas necessidades de nutrição e também de sucção não nutritiva saciados. Não há conselho mais prejudicial para o estabelecimento e continuidade da amamentação e, consequentemente, para a saúde dos bebês, do que amamentar com horários predeterminados. O artigo condena que o bebê durma com seus pais. As conclusões do artigo não consideram bases antropológicas, culturais e tampouco fisiológicas. O co-leito ou cama compartilhada é algo praticado desde os primórdios da raça humana. A necessidade do bebê humano de estar em contato físico com a mãe vem dos tempos em que o ambiente era perigoso e a sobrevivência dependia de contato direto com sua mãe. Somos parte dessa descendênci Além a. disso, a cama compartilhada é comprovadamente de auxílio para estabelecimento da amamentação e tem efeitos positivos no estabelecimento de ritmos respiratórios, na regulação de padrões de sono, da taxa metabólica, de níveis hormonais, da produção enzimática (ajudando na habilidade do bebê de lutar contra doenças), na taxa de batimentos cardíacos e no sistema imune (8, 9, 10). Pode também ajudar a atender necessidades emocionais do bebê e da criança mais facilmente, levando em consideração os picos de crescimento, a crise de ansiedade de separação que se inicia por volta dos 8 meses e outras fases que vão além do primeiro e segundo ano de vida, nas quais o contato íntimo com a mãe faz toda a diferença. Portanto, ter um conceito previamente fechado, contrário a um arranjo de sono, pode dificultar a família a lidar com as necessidades que o bebê e a criança manifestem.
  • 9. ALGUMAS RECOMENDAÇÕES QUE EU DARIA AOS PAIS SERIAM: - Investigue em que lugar o bebê dorme melhor: na mesma cama com os pais, no berço em outro quarto, no berço no mesmo quarto porém distante da cama do casal, no berço no mesmo quarto junto à cama? E onde você dorme melhor? Finalmente, onde você gostaria que seu bebê dormisse? A gama de variações possíveis é grande, pode-se tentar alguns dos arranjos até descobrir como toda a família dorme melhor. - Alterne maneiras de auxiliar o bebê a adormecer, nem sempre mamando (a não ser nas primeiras semanas quando é impossível manter um bebê acordado após as mamadas), nem sempre embalando, às vezes peça para papai entrar na jogada! Ao aprender que pode adormecer de várias formas, é menos provável que o bebê faça associações fortes de sono que podem levá-lo a requerê-las no meio da noite. - Reconheça os sinais de sono do bebê: esfregar olhos, bocejar, diminuir atividades, ficar irritado, olhar parado, chorar, em alguns casos, gritar. Crie rotinas de acordo com o cansaço e a necessidade de sono da criança (que vai mudando conforme a maturidade), ou seja, uma sequência simples de eventos que ajude a criança a identificar que a hora do sono está por vir. - As sonecas são importantíssimas para o desenvolvimento do bebê e para o sono noturno. Ao contrário do que se pode pensar, um bebê exausto luta contra o sono e tem dificuldades de permanecer adormecido. Para serem restauradoras, as sonecas diurnas devem durar pelo menos 1 hora, em média, para bebês maiores de 4 meses. Se o bebê não dorme espontaneamente esse tempo e acorda aborrecido, precisa de ajuda para prolongar as sonecas. Você pode usar um sling e deixar o bebê dormir nele. Se ele dorme em berço ou cama, preste atenção: quando acordar, tente colocá para dormir -lo novamente o mais rápido possível. Às vezes, ficar por perto para intervir antes de o bebê acordar completamente é aconselhável. Esse processo pode ser demorado, mas vale a pena, pois o bebê vai aprendendo a emendar ciclos de sono e tirar sonecas mais longas, que são importantes para um bom sono noturno também. Dra. Andréia C. K. Mortensen Referências 1- Wolff, P.H. 1987. The development of behavioral states and the expression of emotion in early infancy: New proposals for investigation. Chicago: University of Chicago Press. (1987). 2- Our Babies, Ourselves. How biology and Culture shape the way we parent. Meredith F. Small. Anchor Books. (1998). 3- Tocar: o Significado Humano da Pele. Ashley Montagu. Ed. Summus. (1988). 4- Bowlby, J. (1969,1982) Attachment [Vol. 1 of Attachment and Loss]. London: Hogarth Press; New York, Basic Books; Harmondsworth, UK: Penguin (1971). 5- Babies and Their Mothers : D.W. Winnicott. Merloyd Lawrence. ( 1996). 6- Lynn Loutzenhiser, Regina Leader-Post. Have you been awake all night, trying desperately to put your child back to sleep, or does your little one sleep like a baby? The study is being done in collaboration with a contributing editor to Today's Parent magazine. The survey can be found at http://uregina.ca/~loutzlyn/Research.html. (2009). 7- Margot Sunderland, The science of parenting. DK Publishing Inc. (2006). 8-J. McKenna et al., Bedsharing Promotes Breastfeeding, Pediatrics 100, no. 2: 214-219. (1997). 9- J. McKenna et al., "Sleep and Arousal Patterns of Co -Sleeping Human Mother-Infant Pairs: A Preliminary Physiological Study with Implications for the Study of the Sudden Infant Death Syndrome (SIDS)," American Journal of Physical Anthropology 82, no. 3, 331-347 (1990). 10- A Reasonable Sleep. Evolution suggests that if we sleep with our babies, we might help some of them escape sudden infant death syndrome. By Meredith F. Small DISCOVER 13:4. Medicine. (1992). Esta página foi publicada em: 18/03/2010.
  • 10. Saúde A pior dor do mundo? Esqueça Médico americano preconiza que a mulher pode e deve tomar anestesia desde o começo do trabalho de parto e ter seu bebê sem sofrimento Christina Simons/Corbis/Latin Stock Depois de horas e horas de dor indescritível, o bebê nasce, perfeito, e a mãe esquece tudo o que passou. Comovente, mas não obrigatório: segundo o anestesista americano Gilbert Grant, autor do livro Enjoy Your labor ± A new approach to pain relief for childbirth (Aproveite o parto ± uma nova abordagem do alívio da dor no nascimento), o uso de anestesia peridural durante todo o trabalho de parto, em doses que aumentam junto com a dor, é perfeitamente viável ± ele aplica o método há quinze anos ± e permite dar à luz com sofrimento zero. No Brasil, apesar do número recorde de cesáreas, a prática do parto normal realmente sem dor, com anestesia do princípio ao fim, é pouco aplicada. O temor à dor do parto é um dos motivos que incentivam a prática das cesarianas ± no sistema privado de saúde, elas chegam a 80% dos nascimentos. No outro extremo, persiste a idéia de que tudo o que é natural é obrigatoriamente desejável, o que leva à busca de métodos exóticos como o parto na água, à luz de velas ou, como num caso recente no Rio de Janeiro, ao som dos trinados de um cantor lírico ± em geral sem uma gota de anestesia. "Ainda existe muito preconceito em relação a fazer a analgesia da paciente assim que ela começa a sentir dor", diz Marcelo Torres, diretor médico da Pro Matre e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sobre o método preconizado por Gilbert Grant. Baseado no Langone Medical Center da Universidade Nova York, o anestesista falou à repórter Bel Moherdaui sobre o peso dos fatores culturais que associam o parto à dor e defendeu vigorosamente a sua especialidade. Como funciona ± Logo que a mulher chega ao hospital, aplicamos uma dose bem leve da anestesia; conforme a dor aumenta, damos doses extras. Mesmo que o parto demore várias horas, não há problema algum. A anestesia peridural pode ser aplicada até ao longo de vários dias, tanto quanto for preciso. Acreditava -se que se a mulher fosse anestesiada antes de alcançar 4 centímetros de dilatação a progressão do parto cairia. Mas há pelo menos três anos sabemos que, pelo contrário, a dilatação pode até aumentar com a anestesia. Acredito que no futuro todas as parturientes vão receber anestesia antes de sentir dor. Mas é difícil mudar algo tão arraigado culturalmente. "O parto na água não é uma Floris Leeuwenberg/Corbis/Latin Stock boa idéia para humanos"
  • 11. Herança atávica ± Ao longo de 25 anos de prática da medicina, pude observar que o desejo de enfrentar o parto sem anestesia decorre, principalmente, da cobrança cultural. Na origem disso, muitas vezes de forma inconsciente, está a referência religiosa, com a menção bíblica ao sofrimento no parto como castigo coletivo às mulheres porque Eva pecou no Jardim do Éden. Existe muita pressão da sociedade, dos amigos, dos parentes. Espera-se que elas agüentem a dor do parto, porque isso é natural. Tenho certeza de que, se os homens dessem à luz, essa discussão nem existiria. No meu livro falo que, evidentemente, ninguém pensaria em fazer uma cirurgia de remoção do apêndice sem anestesia. Se todas as mulheres soubessem quanto podem se beneficiar da anestesia peridural no parto normal, um número muito maior optaria por ela. O maior problema é a falta de informação, a ignorância. Já perdi a conta de quantas vezes ouvi, depois do parto, a paciente dizer: "Se eu soubesse, não teria esperado tanto". Sabemos que a dor do parto é a pior que a mulher vai sentir em toda a sua vida e que a peridural é capaz de eliminar essa dor. Mas parece que há mulheres que não querem acreditar nisso. O tamanho da dor ± A comparação mais comum é com a dor da pedra nos rins. Para um homem, é muito difícil imaginar. Aliás, para a mulher também. O mais próximo nelas é a cólica menstrual, mas a dor do parto é 100 vezes mais forte, então não é uma comparação muito justa. Ressalve-se que a dor é um fenômeno totalmente subjetivo. Depende da pessoa que está sentindo. Na Índia, há quem ande sobre brasa e não sinta nada. Temos de deixar cada indivíduo decidir quando a dor se torna desconfortável. Eu, pessoalmente, prefiro não senti r. Se entrasse em trabalho de parto, não ia querer dor alguma. Mas muitas mulheres querem a experiência completa, como era no começo dos tempos. Divulgação
  • 12. Benefício zero ± Sentir dor não tem vantagem nenhuma e ainda pode ser perigoso. Além do sofrimento em si, há efeitos fisiológicos e psicológicos. Quando se sente muita dor, as veias se estreitam, o que diminui o fluxo de sangue para a placenta; conseqüentemente, o bebê recebe menos sangue. Algumas pesquisas mostram que as mulheres sob dor intensa acabam desenvolvendo mais problemas psicológicos depois do parto, como depressão e stress pós-traumático, a doença dos veteranos de guerra. A experiência pode deixar marcas profundas. Segurança ± A anestesia peridural é muito segura. É claro que podem acontecer problemas, como em tudo na medicina. Mas existe maior probabilidade de alguma coisa dar errado quando a paciente está a caminho do hospital do que de haver algum problema co m a AMPLA E IRRESTRITA peridural. Cerca de 1% das pacientes tem dor de Grant: "Sentir dor não tem vantagem nenhuma" cabeça muito forte, mas isso é tratável. Também é possível ocorrer queda da pressão arterial da mãe, o que afeta o bebê, mas as providências são rápidas e eficientes. No hospital em que trabalho, jamais aconteceu de mãe ou bebê morrerem por causa da anestesia. Experiência pessoal ± Tenho três filhas lindas. As três nasceram de cesariana. Se tivesse sido parto normal, minha mulher teria recebido anestesia da mesma maneira. Não deixo nenhuma mulher que eu conheça e ame ter filho sem peridural. Já vi milhares de mulheres dar à luz e conheço bem a diferença. Relaxamento perfeito ± Não existe melhor técnica de relaxamento do que eliminar a dor no processo. Sem dor, a parturiente consegue respirar, ler uma revista, sorrir. As celebradas técnicas de respiração até ajudam a relaxar um pouco, mas não se comparam ao alívio dado pela medicação. Sem falar que a mulher que não consegue respirar como aprendeu no curso pré-natal por causa da dor muitas vezes se sente frustrada consigo mesma. Recentemente, uma paciente minha tentou o parto normal dur ante horas, inclusive com peridural a partir de certo ponto, mas não conseguiu e foi preparada para a cesariana. Quando perguntei como se sentia, respondeu: "Eu sou um fracasso". Ela estava a minutos de ter um bebê lindo e não conseguia viver a beleza do momento pelo excesso de rigor consigo mesma. Dose certa ± O grande passo aconteceu com o aperfeiçoamento da anestesia peridural. Isso foi possível com o uso de diferentes drogas combinadas para tirar a dor e manter a consciência. Pudemos dosar melhor a quantidade de cada medicamento, aliviando a dor e reduzindo muito os efeitos colaterais. E a grande vantagem da peridural é que ela tira a dor, mas não a capacidade de fazer força para ajudar o bebê a sair, até porque a mulher não está totalmente exausta por ter passado horas e horas sofrendo. Na hora H ± Geralmente, a presença do pai ajuda a dar apoio emocional à mãe. Mas eles sofrem muito com a dor delas. Se a mulher opta pela anestesia desde o começo, o marido também se sente muito aliviado. Parto na água ± É fantástico para peixes. Para os humanos, não acho uma idéia tão boa.
  • 13. PM Images/Getty Images "Quando se sente muita dor, as veias se estreitam, o que diminui o fluxo de sangue para a placenta. O bebê recebe menos sangue. Além disso, há o risco de mais problemas psicológicos no pós-parto"