O documento discute aspectos neuropsicológicos do autismo, incluindo déficits na cognição social, teoria da mente, coerência central, reconhecimento de emoções, linguagem e funções executivas. Escala de diagnóstico e rastreio do TEA são apresentadas, assim como instrumentos para avaliação de cognição social, teoria da mente e outras habilidades.
2. INTRODUÇÃO
• Os transtornos do neurodesenvolvimento
• As manifestações do TEA são, basicamente, comportamentais e qualitativas,
relacionadas à dificuldade na interação social e na comunicação, além de se
evidenciarem padrões de comportamento repetitivos e esteriotipados.
• Dois grupos de sintomas característicos
1. Déficits na comunicação e interações sociais
2. Comportamentos repetitivos e esteriotipados
3. ESCALAS DE DIAGNÓSTICO E RASTREIO DO TEA
• Children Autism Rating Scale
• Autism Diagnostic Observation
Schedule (16 a 35 meses)
• Checklist for Autism in Toddlers
• Autism Begavior Checklist
• Autism Screening Questionnaire
4. INTRODUÇÃO
• Necessária visão geral e multidisciplinar
• O diagnóstico requer discriminação de várias formas com que a criança
utiliza a linguagem, a comunicação simbólica e a atividade imaginativa, já
nos seus primeiros três anos de vida
• As alterações precoces do âmbito da socialização são consideradas o
elemento central do TEA, tendo enorme impacto na vida diária dos indivíduos
afetados e levando à dificuldades na adaptação social, no desenvolvimento
da linguagem verbal e não verbal e no comportamento.
• A adaptação ao meio, na perspectiva da neuropsicologia, é associado à
cognição social
5. INTRODUÇÃO
• Processos cognitivos como atenção, memória, linguagem e funções
executivas são necessárias para a cognição social, apesar de serem
construtos diferentes e usarem sistemas de processamento semi-
independentes.
• Tanto os prejuízos na cognição social como aqueles que afetam os
processos cognitivos têm sido considerados elementos centrais na
compreensão dos sintomas e da funcionalidade das pessoas com TEA
• A neuropsicologia permite um refinamento na avaliação das alterações da
linguagem, na função executiva e na cognição social, que pode auxiliar o
diagnóstico precoce e dar subsídios neurobiológicos e comportamentais para
o planejamento das intervenções mais efetivas
6. Capacidade de identificar, manipular e adequar o comportamento a partir das
informações sociais percebidas e processadas em um contexto específico
A COGNIÇÃO SOCIAL
7. COGNIÇÃO SOCIAL
• Psicologia social durante a revolução cognitiva
• Como as pessoas processam informações no contexto social, o que envolve
a percepção do outro, atribuições causais de si e dos outros, julgamento
social para a tomada de decisões e outros elementos.
• As possibilidades de dividir experiências com outras pessoas, compartilhar a
atenção, compreender o que o outro está sentindo (empatia) e reconhecer
expressões faciais constituem expressões da cognição social.
• Inclui as funções relacionadas à percepção social, como teoria da mente,
reconhecimento de emoções e coerência central.
8. OS MODELOS DA COGNIÇÃO SOCIAL
Modelo de Processamento
Interativo:
Modelo de processamento interativo:
proposto a partir de uma base neural
dividida em dois sistemas: um
reflexivo (relacionados a processos
automáticos modulados por estruturas
límbicas mais filogeneticamente
primitivas, como a amígdala) e outro
refletivo (processos voluntários mais
recentes que envolvem áreas
neocorticais como o lobo pré-frontal e
circuitos executivos relacionados
Modelo Conceitual
Dividido em 4 habilidades
1. Percepção emocional
2. Percepção social
3. Teoria da mente
4. Estilo de atribuição
9. COGNIÇÃO SOCIAL
• Habilidades de cognição social podem ser verificadas com base na Escala
de Comportamento Adaptativo (entrevista semiestruturada que verifica
habilidades de 4 domínios [AVD e autonomia, comunicação, socialização e
motricidade] na faixa dos 0 a 18 anos.
• Subteste de compreensão das escalas Wechsler de inteligência avalia
situações em que o indivíduo precisa fazer uma leitura dos sinais fornecidos
pelo ambiente social e observar padrões comportamentais. Dificuldades para
compreender senso comum, juízo social e provérbios podem ser inferidos
por meio desta tarefa.
• Inventários de habilidades sociais podem ser utilizados
11. TEORIA DA MENTE
• Teoria: o processo envolve um sistema de inferências sobre estados não
diretamente observáveis, mas que podem ser usados para predizer o
comportamento.
• Quatro módulos cerebrais que interagem formando a leitura mental
1. Detentor de intencionalidade: capacidade de interpretar determinado
estímulo ou situação a partir do seu desejo para uma meta específica
2. Direção do olhar: detecção do olhar do outro em direção ao estímulo/objeto
ou ao indivíduo, incluindo a interpretação de que o que o primeiro vê é o
mesmo que o segundo vê
12. TEORIA DA MENTE
• Quatro módulos cerebrais que interagem formando a leitura mental
3. Atenção compartilhada: a partir dos módulos anteriores, as informações são
captadas e enviadas para este. Percepção da relação de si, do outro e do
estímulo (olharia para um objeto e depois para a outra pessoa, inter-
relacionando-os).
4. Integração: das informações anteriores, obtendo a percepção do desejo,
intenção e crença do outro e originando assim um aparato teórico coerente.
A partir da integração desses módulos, o indivíduo forma sua capacidade para
compreender o comportamento do outro em um contexto específico e, com
essas informações, pode definir e direcionar o seu próprio comportamento
13. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA TEORIA DA
MENTE
Teste de Sally-Ann (situação da cesta/caixa): crianças com TEA têm
dificuldades para compreender o que a personagem pensava e antecipar o
seu comportamento com base no seu pensamento.
NEPSY-II (32 subtestes e 4 tarefas tardias que avaliam funções como
atenção, memória, aprendizagem, linguagem, processamento visuoespecial,
habilidade sensorio-motora, função executiva e percepção social). O
subteste de teoria da mente através de duas tarefas: 1- verbal (compreensão
e percepção da intenção de si e dos outros, decepção, crenças, emoções e
imitação) 2- contextual (habilidade de relacionar uma situação com a emoção
em um determinado contexto social).
Subteste de compreensão de metáforas da Bateria Montreal de Avaliação da
Comunicação. As respostas do TEA tendem a ser concretas
14. CAPACIDADE DE INTEGRAR FONTES DE INFORMAÇÕES PARA ESTABELECER SIGNIFICADO EM UM
CONTEXTO COM COERÊNCIA, PERCEBENDO O TODO DA INFORMAÇÃO TANTO VERBAL COMO VISUAL.
COERÊNCIA CENTRAL
15. COERÊNCIA CENTRAL
• São evidenciadas, no TEA, alterações no processamento gestáltico das
informações, privilegiando-se partes ao invés do todo.
• Podem ser reveladas na execução tardia da Figura Complexa de Rey, uma
vez que o foco da atenção recai nos detalhes da figura, e não na percepção
do todo.
• Dificuldades em tarefas verbais de integração de sentenças em um parágrafo
ou de identificação de figuras fragmentadas
16. As emoções são percebidas por meio de mudanças faciais sutis e também na modulação/entonação da
voz, que dão ênfase à emoção específica expressa em determinado contexto social
RECONHECIMENTO DE EMOÇÕES
17. RECONHECIMENTO DE EMOÇÕES
• Já nos primeiros meses os bebês respondem às expressões faciais
maternas; com 2 anos, as crianças mostram maior capacidade para nomear
as emoções; aos 3 já relatam experiências emocionais; e aos 4 já percebem
que as reações emocionais podem variar de pessoa para pessoa.
• TEA: alterações da identificação, processamento e prosódia afetiva de
emoções. Dificuldade na identificação de emoções primárias de medo, raiva,
surpresa e nojo.
18. INSTRUMENTOS PARA RECONHECIMENTO DE
EMOÇÕES
Subteste de reconhecimento de emoções da bateria NEPSY-II (reconhecer
emoções em faces de crianças).
Teste de conhecimento emocional (medida CE). 3 a 6 anos. Importante
ferramenta na abordagem precoce
Coeficiente de empatia e sistematização para crianças
Teste dos olhos
20. LINGUAGEM
• No TEA, déficits na linguagem tendem a ser globais e em geral são
percebidos logo nos primeiros anos de vida, quando são esperadas as
respostas imediatas aos chamados, bem como as expressões iniciais de
comunicação oral e, com o tempo, das capacidades de abstração e narrativa
• Impacto nas relações sociais, comunicação, expressão e compreensão de
intenções, crenças e desejos do outro.
• Dificuldades de abstração verbal e de narrativa podem ser inferidas por meio
dos subtestes Semelhança e Vocabulário das escalas Wechsler bem como
tarefas qualitativas como contar uma história (capacidade de seqüenciar).
• Alterações na prosódia (entonação monótona e robotizada). Subteste de
prosódia emocional da bateria MAC
21. Conjunto de processos cognitivos que permitem ao indivíduo engajar-se com propósito em atividades
socialmente relevantes, tomar decisões e monitorar o próprio comportamento para atingir metas
previamente estabelecidas
FUNÇÕES EXECUTIVAS
22. FUNÇÕES EXECUTIVAS
• Abrange diversas habilidades: iniciar determinada ação, estabelecer metas,
planejar e organizar os processos para seu cumprimento, inibir estímulos
distratores e respostas automáticas, monitorar a eficiência das estratégias
adotadas para resolução dos problemas e, quando necessária, criar novos
esquemas de atuação.
• TEA: dificuldades de planejamento, organização, flexibilidade mental,
controle inibitório e fluência verbal e visual.
• Teste de Classificação de Cartas de Wisconsin: expressam pensamentos
rígidos e dificuldades para avaliar novas estratégias diante de mudanças
• Respostas perserverativas em tarefas de fluência verbal fonológica e visual
23. FUNÇÕES EXECUTIVAS
• Problemas com a tarefa da Torre de Londres (demanda planejamento,
flexibilidade e organização) demonstrando impulsividade e rigidez
• Baixo desempenho em testes de memória episódica que envolvem
recordação serial (lista de rey), evidenciam falha no controle inibitório
• Baixo desempenho nos subtestes de linguagem nas escalas Wechsler, mas
têm escores médio nos de habilidades visuoconstrutivas e de memória.
• Instrumentos que priorizam inteligência não-verbal são indicados para
indivíduos não-verbais