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FLEXOR, Samson (1907-71). Nascido em Soroca (Romênia) e falecido em São Paulo (SP).
Filho de um engenheiro-agrônomo da Bessarábia, abandonou em 1924 seu país natal para se
fixar em França, cuja cidadania adotaria, e em Paris realizou toda a sua aprendizagem,
cursando sucessivamente a École Supérieure des Beaux Arts e as Academias Ranson e da
Grande Chaumière. Tomou parte pela primeira vez numa exposição pública em 1926, quando
expôs no Salon d'Automne um nu e algumas flores. No ano seguinte efetuava sua primeira
individual, efusivamente saudada pelo crítico André Salmon. A partir de então levou a vida
típica dos artistas da École de Paris, ligando-se a pintores como Lhote, Léger e Matisse,
participando de salões como o dos Indépendants (1928-35), o das Tuilleries (1936-39) e o dos
Surindépendants (do qual seria um dos fundadores, em 1929), e realizando diversas mostras
individuais, não apenas em Paris como ainda em Bruxelas, Lisboa, Stuttgart, Nova Iorque,
Montevidéu, etc. Na capital francesa pintou também uma série de murais, nos quais deu vazas
ao seu mundo de idéias, mais místico do que propriamente religioso.

Flexor começou a pintar sob a égide do Neo-impressionismo, e sua primeira especialidade
seria a pintura de nus. Mais tarde sofreu o impacto do Cubismo, e em especial do grupo da
Séction d'Or. Sua pintura, na década de 1930, envelopava um conteúdo expressionista numa
forma que, em última análise, reportava-se aos postulados cubistas, com ênfase na construção
do quadro. A Guerra de 1939 atingiu fundamente o artista, modificando-lhe a paleta - que se
restringiu aos cinzas e pretos - e lhe aprofundando a temática religiosa, ocorrendo com
freqüência crescente os temas da Via Sacra e da Paixão, tão condizentes, de resto, com o
trágico momento político por que atravessava então a Europa. Seria já no Brasil e em São
Paulo - para onde se transferiu em 1946 - que Flexor daria por concluída essa extensa série de
composições relacionadas com a Paixão de Cristo, nas quais repercute a índole de um
autêntico pintor expressionista.

Decorridos dois anos de fixação no Brasil, a linguagem plástica de Flexor principia a modificar-
se, sob o impacto da cor brasileira e do barroquismo dos Trópicos: numa individual efetuada
em 1948 em Paris, o pintor revela-se de posse de um colorido diferente e de uma nova
temática, postando-se, estilisticamente, a meio caminho entre o Figurativismo e o Não-
Figurativismo. Mais ou menos pela mesma época, motivado pela doutrinação do crítico Leon
Degand - a quem conhecera ainda em Paris, e que na época dirigia, em São Paulo, o Museu
de Arte Moderna -, adota abertamente o Abstracionismo, afastando-se de vez da
representação das formas e cores naturais. Seria, inclusive, um dos precursores da nova
tendência entre nós, tanto mais que, sempre estimulado por Degand, criaria em 1952 em São
Paulo o Ateliê Abstração, núcleo a partir do qual o Abstracionismo brasileiro iria desenvolver-
se, e no qual estudaram, entre outros, Jacques Douchez, Nicola, Raimo, Wega Nery e Alberto
Teixeira.

Uma das séries mais notáveis de Flexor surgiria em 1954: os "vai-e-vem diagonais", nos quais
ainda repercutem muito fortes os princípios colocados em circulação por Gleizes, Metzinger, La
Fresnaye e outros componentes do Grupo Section d'Or. O artista compraz-se, então, em
construir suas pinturas com rigor matemático, atenuando-o, porém pelo sensível colorido, de
fortes matizes. Nesse mesmo ano de 1954 integra a representação do Brasil na XXVII Bienal
de Veneza, e em 1955 sua obra é objeto de importante retrospectiva no Museu de Arte e de
História de Genebra. Na ocasião, o prefaciador da mostra, Charles Goerg, traça a evolução
estilística de Flexor, dizendo entre outras coisas:

- Suas primeiras obras brasileiras consagradas às "abstrações tropicais", traduzem um lirismo
formal e colorido. Segue-se um momento de serenidade, no qual, orientado por suas
predileções religiosas, Samson Flexor atinge uma síntese de expressão. Vem depois um
período de abstração fria e cristalina, próxima do Construtivismo e das preocupações óticas e
ambíguas da Op Art. Finalmente, dá-se o alçar vôo para as pesquisas muito recentes em que o
olho "escuta" as pulsações dos elementos e faz eclodir, na extensão da tela, estranhas
crateras, flores venenosas, ondas indomadas, signos de uma totalidade plástica e poética, a
que aspira Flexor.

Flexor (que em 1955 naturalizou-se brasileiro) efetuou em 1957 viagem aos Estados Unidos,
tendo então exposto na Roland de Aenlle Gallery de Nova Iorque; e em 1963 retornou, pela
última vez, a Paris, a fim de expor individualmente na Galerie Georges Bongers. Em meados
da década de 1960, sua pintura, após atravessar curto interlúdio em que o artista deu
prioridade ao gestual e à matéria, com belos efeitos de transparência e diafanização tonal,
retomou o filão figurativista, surgindo então os bípedes, grandes superfícies tomadas de alto a
baixo por configurações arquetípicas de seres humanos, monumentais e hieráticos.

Entre as individuais realizadas por Flexor no Brasil citem-se as de 1950, 1954 e 1961 no MAM
de São Paulo, as de 1955, 1961 e 1968 (retrospectiva) no MAM do Rio de Janeiro e a de 1960
no Museu de Arte de Belo Horizonte. No que respeita a coletivas devem ser mencionados o
Salão Nacional de Arte Moderna (1952 a 1961), a Bienal de São Paulo (1953 a 1967),
Cinqüenta Anos de Pintura Abstrata (Paris, 1957), Salon Comparaisons (Paris, 1964) e
Premissas 3 (São Paulo, 1966). As igrejas de Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro, o Clube Atlético Paulistano e várias residências particulares de São Paulo
possuem murais de sua autoria. Entre os museus que têm obras suas acham-se, no Brasil, os
de Arte Moderna de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, e no estrangeiro, o Museu Puschkin,
de Moscou, o Museu de Arte Moderna de Paris e o Museu de Arte e História de Genebra.

                              Aos pés da Cruz, óleo s/ tela, 1949;
                       1,30 X 0,95, Pinacoteca do Estado de São Paulo.

                            Geométrico grande, óleo s/ tela, 1954;
                     1,60 X 1,80, Museu de Arte Contemporânea da USP.

                                  Bípede, óleo s/ tela, 1967;
                       1,91 X 1,35, Pinacoteca do Estado de São Paulo.

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Flexor, samson

  • 1. FLEXOR, Samson (1907-71). Nascido em Soroca (Romênia) e falecido em São Paulo (SP). Filho de um engenheiro-agrônomo da Bessarábia, abandonou em 1924 seu país natal para se fixar em França, cuja cidadania adotaria, e em Paris realizou toda a sua aprendizagem, cursando sucessivamente a École Supérieure des Beaux Arts e as Academias Ranson e da Grande Chaumière. Tomou parte pela primeira vez numa exposição pública em 1926, quando expôs no Salon d'Automne um nu e algumas flores. No ano seguinte efetuava sua primeira individual, efusivamente saudada pelo crítico André Salmon. A partir de então levou a vida típica dos artistas da École de Paris, ligando-se a pintores como Lhote, Léger e Matisse, participando de salões como o dos Indépendants (1928-35), o das Tuilleries (1936-39) e o dos Surindépendants (do qual seria um dos fundadores, em 1929), e realizando diversas mostras individuais, não apenas em Paris como ainda em Bruxelas, Lisboa, Stuttgart, Nova Iorque, Montevidéu, etc. Na capital francesa pintou também uma série de murais, nos quais deu vazas ao seu mundo de idéias, mais místico do que propriamente religioso. Flexor começou a pintar sob a égide do Neo-impressionismo, e sua primeira especialidade seria a pintura de nus. Mais tarde sofreu o impacto do Cubismo, e em especial do grupo da Séction d'Or. Sua pintura, na década de 1930, envelopava um conteúdo expressionista numa forma que, em última análise, reportava-se aos postulados cubistas, com ênfase na construção do quadro. A Guerra de 1939 atingiu fundamente o artista, modificando-lhe a paleta - que se restringiu aos cinzas e pretos - e lhe aprofundando a temática religiosa, ocorrendo com freqüência crescente os temas da Via Sacra e da Paixão, tão condizentes, de resto, com o trágico momento político por que atravessava então a Europa. Seria já no Brasil e em São Paulo - para onde se transferiu em 1946 - que Flexor daria por concluída essa extensa série de composições relacionadas com a Paixão de Cristo, nas quais repercute a índole de um autêntico pintor expressionista. Decorridos dois anos de fixação no Brasil, a linguagem plástica de Flexor principia a modificar- se, sob o impacto da cor brasileira e do barroquismo dos Trópicos: numa individual efetuada em 1948 em Paris, o pintor revela-se de posse de um colorido diferente e de uma nova temática, postando-se, estilisticamente, a meio caminho entre o Figurativismo e o Não- Figurativismo. Mais ou menos pela mesma época, motivado pela doutrinação do crítico Leon Degand - a quem conhecera ainda em Paris, e que na época dirigia, em São Paulo, o Museu de Arte Moderna -, adota abertamente o Abstracionismo, afastando-se de vez da representação das formas e cores naturais. Seria, inclusive, um dos precursores da nova tendência entre nós, tanto mais que, sempre estimulado por Degand, criaria em 1952 em São Paulo o Ateliê Abstração, núcleo a partir do qual o Abstracionismo brasileiro iria desenvolver- se, e no qual estudaram, entre outros, Jacques Douchez, Nicola, Raimo, Wega Nery e Alberto Teixeira. Uma das séries mais notáveis de Flexor surgiria em 1954: os "vai-e-vem diagonais", nos quais ainda repercutem muito fortes os princípios colocados em circulação por Gleizes, Metzinger, La Fresnaye e outros componentes do Grupo Section d'Or. O artista compraz-se, então, em construir suas pinturas com rigor matemático, atenuando-o, porém pelo sensível colorido, de fortes matizes. Nesse mesmo ano de 1954 integra a representação do Brasil na XXVII Bienal de Veneza, e em 1955 sua obra é objeto de importante retrospectiva no Museu de Arte e de História de Genebra. Na ocasião, o prefaciador da mostra, Charles Goerg, traça a evolução estilística de Flexor, dizendo entre outras coisas: - Suas primeiras obras brasileiras consagradas às "abstrações tropicais", traduzem um lirismo formal e colorido. Segue-se um momento de serenidade, no qual, orientado por suas predileções religiosas, Samson Flexor atinge uma síntese de expressão. Vem depois um período de abstração fria e cristalina, próxima do Construtivismo e das preocupações óticas e ambíguas da Op Art. Finalmente, dá-se o alçar vôo para as pesquisas muito recentes em que o olho "escuta" as pulsações dos elementos e faz eclodir, na extensão da tela, estranhas crateras, flores venenosas, ondas indomadas, signos de uma totalidade plástica e poética, a que aspira Flexor. Flexor (que em 1955 naturalizou-se brasileiro) efetuou em 1957 viagem aos Estados Unidos, tendo então exposto na Roland de Aenlle Gallery de Nova Iorque; e em 1963 retornou, pela
  • 2. última vez, a Paris, a fim de expor individualmente na Galerie Georges Bongers. Em meados da década de 1960, sua pintura, após atravessar curto interlúdio em que o artista deu prioridade ao gestual e à matéria, com belos efeitos de transparência e diafanização tonal, retomou o filão figurativista, surgindo então os bípedes, grandes superfícies tomadas de alto a baixo por configurações arquetípicas de seres humanos, monumentais e hieráticos. Entre as individuais realizadas por Flexor no Brasil citem-se as de 1950, 1954 e 1961 no MAM de São Paulo, as de 1955, 1961 e 1968 (retrospectiva) no MAM do Rio de Janeiro e a de 1960 no Museu de Arte de Belo Horizonte. No que respeita a coletivas devem ser mencionados o Salão Nacional de Arte Moderna (1952 a 1961), a Bienal de São Paulo (1953 a 1967), Cinqüenta Anos de Pintura Abstrata (Paris, 1957), Salon Comparaisons (Paris, 1964) e Premissas 3 (São Paulo, 1966). As igrejas de Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, o Clube Atlético Paulistano e várias residências particulares de São Paulo possuem murais de sua autoria. Entre os museus que têm obras suas acham-se, no Brasil, os de Arte Moderna de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, e no estrangeiro, o Museu Puschkin, de Moscou, o Museu de Arte Moderna de Paris e o Museu de Arte e História de Genebra. Aos pés da Cruz, óleo s/ tela, 1949; 1,30 X 0,95, Pinacoteca do Estado de São Paulo. Geométrico grande, óleo s/ tela, 1954; 1,60 X 1,80, Museu de Arte Contemporânea da USP. Bípede, óleo s/ tela, 1967; 1,91 X 1,35, Pinacoteca do Estado de São Paulo.