Luís Sacilotto (1924-presente) foi um pintor brasileiro pioneiro do Concretismo em São Paulo. Estudou desenho de letras e pintura na década de 1940, adotando inicialmente um estilo figurativo expressionista. Posteriormente, influenciado pela obra de Calder e Kandinsky, abandonou o figurativismo em favor da abstração geométrica, usando chapas de cimento-amianto como suporte. Sacilotto participou de importantes exposições e grupos concretistas na década de 1950, destacando-se por seu rigor constr
1. SACILOTTO, Luís (1924). Nascido em Santo André (SP). Entre 1938 e 1943 freqüentou em
São Paulo o Instituto Profissional Masculino do Brás, cujo curso de desenho de letras concluiu.
Em seguida, e até 1947, estudou na Associação Paulista de Belas Artes, ao mesmo tempo em
que trabalhava como desenhista de letras na Hollerith, publicitário, desenhista de arquitetura e
projetista de esquadrias de alumínio. Sua primeira exposição deu-se em 1946 no Instituto dos
Arquitetos do Brasil - Seção Rio de Janeiro. No ano seguinte seria um dos participantes da
mostra 19 Pintores na Galeria Prestes Maia, em São Paulo, na qual expôs telas figurativas de
cunho expressionista. Conhecendo pela mesma época a obra abstrato-geométrica de Calder e
Kandinsky, abandonou o figurativismo inicial, e por volta de 1948, para emprestar a seus
trabalhos a aparência e a precisão de produtos industriais, adotou como suporte a chapa de
cimento-amianto, deixando de lado a tela tradicional.
Em 1949 tornou-se um dos pioneiros do Concretismo em São Paulo e no Brasil, ao lado de
Waldemar Cordeiro; do mesmo modo, nos anos iniciais da década de 1950 alguns de seus
trabalhos apontam-no como um dos precursores da Op Art a nível internacional. O próprio
Sacilotto costuma definir-se como "o mais concreto entre os artistas concretos" - título ao qual
decerto faz jus por sua fidelidade ao ideário concretista, mesmo depois de a tendência sair de
moda. Foi um dos signatários, em 1952, do manifesto do Grupo Ruptura, de cuja única
exposição participou. No mesmo ano integrou a representação brasileira à Bienal de Veneza e
conquistou no Salão Paulista de Arte Moderna o Prêmio Governador do Estado. Participou das
Exposições Nacionais de Arte Concreta de 1956 e 1957 respectivamente em São Paulo e no
Rio de Janeiro, bem como da Konkrete Kunst, em 1960, em Zurique. Entre 1957 e 1960
incursionou pelo tridimensional, produzindo relevos em alumínio pintado e uma série de
esculturas em latão e alumínio anodizado.
Sacilotto participou várias vezes da Bienal de São Paulo entre 1951 e 1965. Entre outros
eventos importantes nos quais figurou devem ser citados o Projeto Construtivo Brasileiro em
Arte (São Paulo e Rio de Janeiro, 1977), Tradição e Ruptura (São Paulo, 1984), Bienal Brasil
Século XX (São Paulo, 1994) e I Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 1997). Sua obra foi exposta
em retrospectiva em 1980 no MAM de São Paulo, além de merecer sala especial no Salão
Paulista de Arte Contemporânea de 1986. Em 1995 a Galeria Sylvio Nery da Fonseca, em São
Paulo, organizou pequena retrospectiva, com os trabalhos dos anos 50. Suas pinturas, do
mesmo modo como suas serigrafias, destacam-se por absoluto rigor costrutivo, invenção
formal e efeitos óticos e cromáticos. A seu respeito escreveu Frederico Morais em 1995:
- Concretista rigoroso, Sacilotto emprega um vocabulário geométrico deliberadamente restrito,
com o claro propósito de se concentrar, sempre, no essencial. Visualidade pura. E para isso se
vale de uma gama muito variada de recursos - interrupções rítmicas, torsões, cortes, dobras,
relevos, superposição de tramas lineares etc. Na aparente simplicidade, ou contenção de sua
obra, reside toda uma inteligência visual: há nela clareza, propriedade e transparência.
Rigorosas e processuais, suas obras não devem ser vistas, no entanto, como frias equações
ou demonstrações de teoremas matemáticos, mas como verdadeiras obras de arte.
Figura, carvão, 1947;
0,48 X 0,33, coleção particular.
Concretion, esmalte s/ alumínio, 1956;
0,60 X 0,80, Museu de Arte Contemporânea da USP.