1. WEGA Nery (1912). Nascida em Corumbá (MT). Residindo desde os seis anos de idade em
São Paulo, tornou-se professora em 1932, ano em que também passou a publicar poesias em
O Malho sob o pseudônimo de Vera Nunes. Em 1943, hospitalizada por longo período, retoma
o hábito antigo do desenho, e em mais poucos meses executa seus primeiros óleos. Em 1946
matricula-se na Escola de Belas Artes de São Paulo, e no ano seguinte começa a expor no
Salão Nacional de Belas Artes.
Em 1950 Wega integrou-se ao Grupo Guanabara, e em 1953, sentindo a necessidade de se
atualizar esteticamente, passou a freqüentar o Ateliê Abstração, de Flexor. Dois anos mais
tarde efetuou, no Museu de Arte de São Paulo, sua primeira individual, e em 1957 recebeu, na
IV Bienal de São Paulo, o prêmio de Melhor Desenhista Nacional. Nesse certame mereceria
salas especiais em 1963, 1971, 1973 e 1979. Em 1985 o Museu de Arte de São Paulo Assis
Chateaubriand dedicou-lhe uma retrospectiva, com 85 pinturas executadas entre 1946 e 1985.
Dos primeiros quadros, ainda hesitantes, de meados da década de 1940, às paisagens
imaginárias de sua maturidade, Wega percorreu extenso caminho, ao longo do qual pesquisou,
sofreu influências as mais diversas e foi sucessivamente realista, "impressionista" e
abstracionista, com incursões pelo onírico e o fantástico. Certas marinhas e cenas interioranas
de começos da década de 1950 revelam-na já de posse de toda a sua paixão pela cor,
achando-se resolvidas em tonalidades luminosas, que aplicadas em pinceladas lisas se
justapõem para formar, na superfície pictórica, um ritmo vibrátil. Quanto às figuras, não lhe
saem tão felizes; em compensação as mencionadas paisagens imaginárias representam seu
pleno desenvolvimento estilístico. Nelas o que se percebe é uma frenética procura de ritmo e
movimento, luminosidade e cor. Românticas e expressionistas, selvagens e sensíveis, tais
paisagens, quando surgiram, significaram um avanço na pintura brasileira de então, e ainda
hoje conservam muito de seu frescor e de sua originalidade.
Carrefour d'infinis, óleo s/ tela, 1968;
1,13 X 1,45, Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Hora crespuscular, óleo s/ tela, 1970;
0,72 X 0,91, Palácio Bandeirantes, SP.