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A SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922
SANTOS
1º SEM 2012
Trabalho Interdisciplinar possui como objetivo o estudo de
todo contexto e situação no momento em que a semana ocorreu
3
Sumário
1 Cubismo............................................................................................. 4
2 Futurismo........................................................................................... 8
3 Expressionismo................................................................................ 13
4 Dadaísmo......................................................................................... 15
5 SURREALISMO............................................................................... 20
6 SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 ....................................... 23
7 Música.............................................................................................. 19
8 Literatura.......................................................................................... 20
4
1 Cubismo
Influências
1.1
O marco inicial do Cubismo ocorreu em Paris, em 1907, com a tela Les
Demoiselles d'Avignon, pintura que Pablo Picasso levou um ano para finalizar.
Nesta obra, este grande artista espanhol retratou a nudez feminina de uma
forma inusitada, onde as formas reais, naturalmente arredondadas, deram
espaço a figuras geométricas perfeitamente trabalhadas. Tanto nas obras de
Picasso, quanto nas pinturas de outros artistas que seguiam esta nova
tendência, como, por exemplo, o ex-fauvista francês – Georges Braque – há
uma forte influência das esculturas africanas e também pelas últimas pinturas
do pós-impressionista francês Paul Cézanne, que retratava a natureza através
de formas bem próximas as geométricas.
Artistas
1.2
1.2.1 Pablo Picasso
O artista espanhol Pablo Picasso (25/10/1881-8/4/1973) destacou-se em
diversas áreas das artes plásticas: pintura, escultura, artes gráficas e cerâmica.
Picasso é considerado um dos mais importantes artistas plásticos do século
XX.
Nasceu na cidade espanhola de Málaga. Fez seus estudos na cidade
de Barcelona, porém trabalhou, principalmente na França. Seu talento para o
desenho e artes plásticas foi observado desde sua infância.
Suas obras podem ser divididas em várias fases, de acordo com a
valorização de certas cores. A fase Azul (1901-1904) foi o período onde
predominou os tons de azul. Nesta fase, o artista dá uma atenção toda especial
aos elementos marginalizados pela sociedade. Na Fase Rosa (1905-1907),
predomina as cores rosa e vermelho, e suas obras ganham uma conotação
lírica. Recebe influência do artista Cézanne e desenvolve o estilo artístico
conhecido como cubismo. O marco inicial deste período é a obra Les
5
Demoiselles d'Avignon (1907) , cuja característica principal é a decomposição
da realidade humana.
Em 1937, no auge da Guerra Civil Espanhola ( 1936-1939), pinta seu
mural mais conhecido: Guernica. Esta obra já pertence ao expressionismo e
mostra a violência e o massacre sofridos pela população da cidade de
Guernica.
Na década de 1940, volta ao passado e pinta diversos quadros
retomando as temáticas do início de sua carreira. Neste período, passa a
dedicar-se a outras áreas das artes plásticas: escultura, gravação e cerâmica.
Já na década de 1960, começa a pintar obras de artes de outros artistas
famosos: O Almoço Sobre a Relva de Manet e As Meninas do artista plástico
Velázquez, são exemplos deste período.
Já com 87 anos, Picasso realiza diversas gravuras, retomando
momentos da juventude. Nesta última fase de sua vida, aborda as seguintes
temáticas: a alegria do circo, o teatro, as tradicionais touradas e muitas
passagens marcadas pelo erotismo. Morreu em 1973 numa região perto de
Cannes, na França.
Principais obras de Picasso:
- Auto-retrato
- Absinto (Rapariga no café)
- A morte de Casagemas
- Evocação - O funeral de Casagemas
- Velho guitarrista cego
- Miseráveis diante do mar
- A Vida
- Mulher passando a ferro
- "Les Demoiselles d'Avignon"
- Retrato de Suzanne Bloch
- O ator
6
- Auto-retrato com capa
- Garçon à la pipe (Rapaz com cachimbo)
- Fernanda com um lenço preto
- Vasilhas
1.2.2 Kazimir Malevitch
Pintor e projetista russo (23/2/1878-15/5/1935). Reconhecido como um
dos precursores da arte abstrata geométrica. Kazimir Severinovich Malevitch
nasce em Kiev, na Ucrânia, e estuda pintura na cidade. Segue o estilo pós-
impressionista no início da carreira, mas, por volta de 1912, compõe imagens
de camponeses em estilo geométrico e pinturas de inspiração cubista, como O
Amolador de Facas (1912).
Inaugura em 1913 o movimento suprematista, que leva a simplicidade
para a arte geométrica. As pinturas dessa fase só são mostradas em 1915, em
Moscou, onde produz confusão entre o público sobre o que identificar como a
parte de cima e a de baixo de determinada figura.
Dedica-se ao ensino e à construção de modelos tridimensionais,
contribuindo com isso para o surgimento do construtivismo. Em 1922 muda-se
para Leningrado, atual São Petersburgo. Vai a Berlim em 1927 para
acompanhar a exposição de suas obras na escola Bauhaus.
No final da década de 20, retoma o figurativo, mas perde o apoio do
sistema político soviético, que exige a conversão dos artistas ao realismo
socialista. Morre pobre e esquecido em Leningrado.
1.2.3 Georges Braque
Assim Braque definiu seu trabalho: "Amo a regra que corrige a emoção.
Amo a emoção que corrige a regra". Junto com Pablo Picasso, ele inventou o
cubismo, revolucionando a pintura.
Georges Braque era filho e neto de pintores. Foi criado em Le Havre e,
ali, estudou na École des Beaux-Arts de 1897 a 1899.
Mudou-se para Paris e estudou com um mestre decorador em 1901.
Seu estilo inicial era impressionista. Entre 1902 e 1904, foi aluno da
7
Academie Humbert, também em Paris. Lá, fez amizade com Marie Laurencin e
Francis Picabia. Em 1907, depois de alguns meses em Antuérpia, participou de
uma exposição do Salão dos Independentes (Paris), apresentando obras mais
próximas do fauvismo.
Fez sua primeira exposição individual em 1908. No ano seguinte,
trabalhou com Picasso no desenvolvimento do cubismo.
Em 1911, casou-se com Marcelle Lapré. Em 1912, Braque e Picasso
começaram a incorporar em suas pinturas a técnica da colagem. A parceria
duraria até 1914, quando estourou a Primeira Guerra Mundial e Braque,
convocado, partiu para a frente de batalha. Em 1915, foi ferido em combate.
Após a guerra, a obra de Braque foi adquirindo liberdade, tornando-se
menos esquemática. Em 1922, expôs no Salão de Outono (Paris), o que lhe
rendeu fama. Fez ainda a cenografia para dois balés de Sergei Diaghilev.
Em 1925, mandou construir uma casa, chamando o arquiteto Auguste
Perret (o mesmo do teatro dos Champs-Élysées). No fim da década, sua obra
foi ficando mais realista.
Em 1930, comprou casa de campo em Varengeville, na Normandia,
onde passou a morar boa parte do tempo, usando seu ateliê de pintura e
escultura. Em 1931, elaborou as primeiras gravuras e começou a utilizar
motivos mitológicos. Sua pintura tornou-se então mais lírica.
Em 1933, Braque realizou a primeira retrospectiva de peso, num museu
da Basiléia (Suíça). Quatro anos depois, ganhou o primeiro prêmio na mostra
Carnegie International, em Pittsburgh (EUA).
Durante a Segunda Guerra Mundial, recolheu-se a Varengeville e
trabalhou com litogravura, gravura em metal e escultura.
A partir do fim da década de 1940, pintou pássaros, paisagens e
marinhas. Em 1954, desenhou os vitrais da igreja de Varengeville e, em 1958,
participou da Bienal de Veneza, que lhe dedicou uma sala especial.
Nos últimos anos de vida, mesmo com problemas de saúde, Georges
Braque continuou atuante, dedicando-se à pintura, à litografia e à joalheria.
8
1.2.4 Obras
Pablo Picasso - "Les Demoiselles d'Avignon" 1907
Pablo Picasso – ―Guernica‖ 1937
2 Futurismo
Época
2.1
Nos anos anteriores à Primeira Guerra mundial na Europa, os futuristas
acreditavam que uma nova forma de arte era necessária para mudar a
9
sociedade. Embora não defendessem teorias idênticas, todos eles impeliram a
pintura na direção de uma arte totalmente abstrata.
O futurismo surgiu numa época em que a Itália atravessava um período
difícil de ajuste social e político, presas entre as estruturas sociais superadas
de seu passado e os desafios de modernização de presente.
Origens e influências
2.2
Em seu manifesto, impresso na capa do jornal francês Le Figado em
1909, Filippo Marinneti glorificava a tecnologia, a velocidade e o dinamismo. A
guerra marcou o nascimento de um dos mais barulhentos e agressivos
movimentos de vanguarda. Seu chamado, baseado em ―arte + ação + vida =
futurismo‖, atraiu um núcleo de artistas, entre eles Boccioni, Balla, Severini,
Carrà e Russolo. Inspirados nas ideias do filósofo francês Henri Bergson, eles
viam o dinamismo como a principal força por trás de tudo.
Ideais
2.3
O Manifesto Futurista revelava o desejo de captar a energia invisível: ―...
o gesto que será reproduzido na tela não mais pode ser um momento fixo... ele
terá que ser a própria sensação dinâmica‖.
Os futuristas desejavam se ligar com tantas pessoas quanto possível,
criando um bombardeio constante de publicidade por meio de manifestos,
palestras, exposições e performances destinadas a provocar reações na
plateia.
Os pintores do movimento se proclamaram ―pioneiros de uma nova
sensibilidade transformada‖. Como sua técnica era incapaz de retratar o mundo
moderno e dinâmico em que viviam, eles combinaram elementos do
neoimpressionismo – como o pontilhismo – com uma análise fotográfica e as
formas fracionadas do cubismo. Substituindo os temas estáticos do cubismo
pela vida urbana, a vida noturna e o movimento da cidade, eles acrescentaram
artifícios pictóricos próprios e ―linhas de força‖ para transmitir movimento e
atrair o observador pra dentro da tela. Numa fase posterior, mais abstrata
(1913-1916), os futuristas voltaram-se para a escultura e a colagem-escultura.
Com a morte de alguns de seus líderes na guerra, o movimento desapareceu,
10
embora uma segunda onda futurista - que sempre glorificou a violência e a
guerra – estivesse intimamente ligada ao fascismo.
Artistas
2.4
2.4.1 Giacomo Balla
O italiano Balla foi o mais velho, o mais criativo e menos bombástico dos
futuristas. Nascido em Turim 1871 e com morte em Roma, 1958. Foi professor
de Severini e Boccioni, e graças à sua obsessão a tecnologia, em particular a
fotografia quadro a quadro, fez inúmeros estudos sobre o movimento, que
influenciaram suas obras, como, por exemplo, ―Movimentos Rápidos:
Caminhos em Movimento + Sequências Dinâmicas‖ (1913), onde recria a
velocidade de movimento de pássaros traçando linhas complexas, e repetindo
formas como numa sequência de quadros.
2.4.2 Carlo Carrà
Carlo (1881-1966) saiu de casa aos 12 anos para trabalhar como
decorador de murais. Ingressou na Accademia di Brera de Milão em 1906. Em
1910 ajudou a redigir o Manifesto Futurista, dando início à sua fase mais
popular e influente. Sua fase futurista terminou durante a Primeira Guerra,
quando ele conheceu o pintor Giorgio de Chirico e descobriu a pintura
metafísica.
2.4.3 Gino Severini
Severini foi aluno de Giacomo Balla e era um elo entre os cubistas
e os futuristas. Suas pinturas retratavam a dinâmica das ruas movimentadas,
dançarinos e trens, caracterizados pela fragmentação cubista e pelo uso de
cores fortes e formas geométricas.
A partir de 1913, suas obras se tornaram mais abstratas e líricas
baseadas nas possibilidades abstratas do divisionismo. Sua obra ―A Dança do
Pan-Pan no Monico‖(1960) possui como tema o movimento e o ritmo, perfeito
para exploração futurista.
11
2.4.4 Umberto Boccioni
Nascido em 1882, foi fundador do futurismo, e provavelmente o
mais talentoso dos pintores do movimento. Seus primeiros trabalhos foram
influenciados pelo simbolismo. Boccioni em certo momento acaba se
afastando dos temas sociais e se concentra e ilustrar suas teorias, em especial
as relativas ao dinamismo. Entusiasta da Primeira Guerra Mundial alistou-se
como voluntário em 1915, mas morreu num acidente durante o treinamento.
Obras
Caminhos em Movimento + Sequências Dinâmicas, Manifestação Intervencionista. Carlo Carrà, 1914,
A Rua Penetra na Cidade por Umberto Boccioni
12
Formas Únicas de Continuidade no
Espaço (Umberto Boccioni)
13
3 Expressionismo
Ideias
3.1
O expressionismo é um movimento artístico que procura a expressão
dos sentimentos e das emoções do autor, não tanto a representação objetiva
da realidade. Este movimento revela o lado pessimista da vida, desencadeado
pelas circunstâncias históricas de determinado momento. A face oculta da
modernização, o isolamento, a alienação, a massificação se fizeram presentes
nas grandes cidades e os artistas acharam que deveriam captar os
sentimentos mais profundos do ser humano, assim, o principal motor deste
movimento é a angústia existencial.
O maior objetivo é potencializar o impacto emocional do expectador
exagerando e distorcendo os temas. As emoções são representadas sem
existir um comprometimento com a realidade externa, mas com a natureza
interna e as impressões causadas no expectador. A força psicológica está
representada através de cores fortes e puras, nas formas retorcidas e na
composição agressiva. Desta forma, nem a perspectiva nem a
luz importam muito, visto que são propositalmente alteradas.
Influência e Contexto
3.2
Algumas raízes expressionistas podem ser encontradas nas pinturas
negras de Goya, que rompeu com as convicções com as quais eram
representadas as anatomias para mergulhar num mundo interior. Portanto, são
referências imediatas Van Gogh e Gaugain, tanto pela técnica como pela
profundidade psicológica.
O Grito (Munch)
O expressionismo começa com um período preliminar e está
representado pelo artista norueguês Munch (autor de O Grito) e pelo belga
Ensor.
14
O expressionismo desenvolveu-se principalmente na Alemanha, onde
surgiram importantes grupos de artistas, tais como: Die Brücke (A Ponte),
contemporâneo do movimento fauvista francês. Deste grupo, destacam-se
Nolde e Kirshner, artistas comprometidos com a política e a situação social do
seu tempo.
Outro grupo foi o Der Blaue Reiter (O Ginete Azul), formado em Munich,
em 1911, suas obras eram mais subjetivos e espirituais do que as obras do Die
Brücke. Os artistas do Ginete Azul pensavam que o sentido e o significado de
cada quadro estavam na percepção de cada expectador.
A I Guerra Mundial destrói o movimento, mas não o extingue, são
justamente as desgraças da guerra que motivam outros artistas a retratar toda
a dor provocada. Outros artistas deste movimento que se destacaram foram
Roault, Modigliani e Chagall.
15
4 Dadaísmo
Origem e Ideais
4.1
Movimento artístico e literário que refletiu um protesto niilista contra
todos os aspectos da cultura ocidental, especialmente o militarismo existente
durante e logo após a Primeira Guerra Mundial.
O termo ―dada‖, em francês, significa simplesmente "cavalo-de-pau"; diz-
se que foi selecionado ao acaso, num dicionário, pelo poeta, ensaísta e editor
Tristan Tzara, nascido em Roma.
O dadaísmo foi idealizado em 1916 por Tzara, pelo escritor alemão
Hugo Ball (1886-1927), pelo artista alsaciano Jean Arp, e outros jovens
intelectuais que moravam em Zurique, Suíça. Uma reação semelhante contra a
arte convencional aconteceu, simultaneamente, em Nova York e em Paris.
Depois da Primeira Grande Guerra o movimento chegou à Alemanha, e muitos
artistas do grupo de Zurique uniram-se aos dadaístas franceses em Paris.
Contudo, o grupo parisiense se desintegrou em 1922.
Para expressar a negação de todas as correntes e valores estéticos e
sociais, os dadaístas usaram frequentemente métodos artísticos e literários que
eram deliberadamente incompreensíveis. Suas performances teatrais e seus
manifestos eram concebidos para chocar ou desnortear o público, com o
objetivo de surpreender o público através de uma reconsideração de valores
estéticos aceitos. Para este fim, os dadaístas utilizaram novos materiais e
incluíram objetos achados no lixo das ruas, além de novas técnicas em suas
obras, como se permitissem ao acaso a determinação dos elementos que iriam
compor seus trabalhos.
O pintor e escritor alemão Kurt Schwitters destacou-se por suas
colagens com papel velho e materiais semelhantes, e o pintor francês Marcel
Duchamp exibiu como obras de arte produtos comerciais ordinários, que ele
mesmo chamou de ready-mades. Embora os dadaístas tenham empregado
técnicas revolucionárias, sua revolta contra os padrões estéticos vigentes
estava baseada em uma convicção profunda e originada ainda na tradição
romântica, na bondade essencial de humanidade, quando não corrompida
através de sociedade.
16
O Dadaísmo, como movimento artístico, declinou nos anos vinte, e
alguns de seus participantes tornaram-se proeminentes em outros movimentos
da arte moderna, especialmente o surrealismo.
Durante a década de 50 houve um ressurgimento do interesse pelo
Dadaísmo em Nova York, onde compositores, escritores, e artistas produziram
muitos trabalhos com características dadaístas.
Ainda que 1922 apareçam como o ano do fim do dadaísmo, fortes
ressonâncias do movimento podem ser notadas em perspectivas artísticas
posteriores. Na França, muitos de seus protagonistas integram o surrealismo
subsequente. Nos Estados Unidos, na década de 1950, artistas como Robert
Rauschenberg, Jasper Johns e Louise Nevelson retomam certas orientações
do movimento no chamado neodada.
Difícil localizar influências diretas do dadaísmo na produção brasileira,
mas talvez seja possível pensar que ecos do movimento dada cheguem pela
leitura que dele fazem os surrealistas, herdeiros legítimos do dadaísmo em solo
francês. Por exemplo, em obras variadas como as de Ismael Nery e Cicero
Dias; nas fotomontagens de Jorge de Lima, que podem ser aproximadas de
trabalhos correlatos de Max Ernst; na produção de Flávio de Carvalho. De
Carvalho, as performances, tão ao gosto das vanguardas - por exemplo, a
relatada no livro Experiência nº 2 -, e também seu projeto para a Fazenda
Capuava, construída em 1938, cujas motivações de aproximação arte e vida
lembram segundo algumas leituras, o Merzbau de Schwitters.
Origem do Nome
4.2
De acordo com a versão mais amplamente aceita, o nome "Dada" foi adotado no
cabaré de Hugo Ball, Café Voltaire, em Zurique, em 1916, durante uma das reuniões secretas
feitas por um grupo de jovens artistas e membros da Resistência, onde se incluíam Jean Arp,
Richard Hülsenbeck, Tristan Tzara, Marcel Janco, e Emmy Hennings; quando um estilete de
abrir correspondências caiu sobre um dicionário francês-alemão apontou a palavra dada, e ela
foi escolhida pelo grupo como apropriada para suas criações anti-estéticas e atividades de
protesto, que foram pensadas como uma reação aos valores pequeno-burgueses e ao
desespero perante a Primeira Guerra Mundial.
17
Um precursor do Dadaísmo, e que acabou tornando-se um de seus membros
principais, foi Marcel Duchamp, que em 1913 criou seu primeiro ready-made (hoje perdido), a
“Roda de Bicicleta”, que consistia em uma roda montada sobre o assento de um tamborete.
Características principais do dadaísmo
4.3
 Objetos comuns do cotidiano são apresentados de uma nova
forma e dentro de um contexto artístico;
 Irreverência artística;
 Combate às formas de arte institucionalizadas;
 Crítica ao capitalismo e ao consumismo;
 Ênfase no absurdo e nos temas e conteúdos sem lógica;
 Uso de vários formatos de expressão (objetos do cotidiano, sons,
fotografias, poesias, músicas, jornais, etc) na composição das
obras de artes plásticas;
 Forte caráter pessimista e irônico, principalmente com relação
aos acontecimentos políticos do mundo.
Artistas Dadaístas
4.4
Tristan Tzara
Marcel Duchamp
Hans Arp
Julius Evola
Francis Picabia
Max Ernst
Man Ray
Raoul Hausmann
Guillaume Apollinaire
Hugo Ball
Johannes Baader
Arthur Cravan
Jean Crotti
George Grosz
Richard Huelsenbeck
Marcel Janco
Clement Pansaers
Hans Richter
Sophie Täuber
18
Pintura no Dadaísmo
4.5
A pintura dadaísta foi um dos grandes mistérios da história da arte do
século XX. Os pintores deste movimento, guiados por uma anarquia instintiva e
um forte nihilismo, não hesitaram em anular as formas, técnicas e temas da
pintura, tal como tinham sido entendidos até aquele momento. Um exemplo
disso eram os quadros dos antimecanismos ou máquinas de nada, nos quais o
tema central era totalmente inédito para aqueles tempos.
Representavam artefatos de aparência mais poética do que mecânica, cuja
função era totalmente desconhecida. Para dificultar ainda mais sua análise, os
títulos escolhidos jamais tinham qualquer relação com o objeto central do
quadro. Não é difícil deduzir que, exatamente através desses antitemas, os
pintores expressavam sua repulsa em relação à sociedade, que com a
mecanização estava causando a destruição do mundo.
Um capítulo à parte merecem as colagens, que logo se transformaram no
meio ideal de expressão do sentimento dadaísta. Tratava-se da reunião de
materiais aparentemente escolhidos ao acaso, nos quais sempre se podiam ler
textos elaborados com recortes de jornais de diferente feição gráfica. A mistura
de todo tipo de imagens extraídas da imprensa da época faz desse tipo de
trabalho uma antecipação precoce da idealização dos meios de comunicação
de massa, que mais tarde viria a ser a artepop.
Escultura no Dadaísmo
4.6
A escultura dadaísta nasceu sob a influência de um forte espírito
iconoclasta. Uma vez suprimidos todos os valores estéticos adquiridos e
conservados até o momento pelas academias, os dadaístas se dedicaram por
completo à experimentação, improvisação e desordem. Os ready mades de
Marcel Duchamp não pretendiam outra coisa que não dessacralizar os
conceitos de arte e artista, expondo objetos do dia-a-dia como esculturas.
Um dos mais escandalosos foi, sem dúvida, o urinol que este artista
francês se atreveu a apresentar no Salão dos Independentes, competindo com
as obras de outros escultores. Sua intenção foi tão-somente demonstrar até
que ponto o critério subjetivo do artista podia transformar qualquer objeto em
obra de arte. Com exemplos desse tipo e outros, pode-se afirmar que Marcel
Duchamp é sem dúvida o primeiro pai da arte conceitual.
Apareceram também, como na pintura, os primeiros antimecanismos,
máquinas construídas com os elementos mais estapafúrdios e com o único
objetivo de serem expostas para desconcertar e provocar o público. Os críticos
não foram muito condescendentes com essas obras, que não conseguiam
compreender nem classificar. Tais manifestações, por mais absurdas e
insolentes que possam parecer, começaram a definir a plástica que surgiria nos
anos seguintes.
Fotografia e cinema dadaísta
4.7
Artistas de seu tempo, os dadaístas foram sem dúvida os primeiros a
incorporar o cinema e a fotografia à sua expressão plástica. E fizeram isso de
19
uma maneira totalmente experimental e guiada por uma espontaneidade inata.
O resultado desse novo materialismo foi um cinema completamente abstrato e
absurdo, por exemplo, o de diretores como Hans Richter e a fotografia
experimental de Man Ray e seus seguidores.
Foi exatamente Man Ray o inventor da conhecida técnica do raiograma, que
consistia em tirar a fotografia sem a câmara fotográfica, ou seja, colocando o
objeto perto de um filme altamente sensível e diante de uma fonte de luz.
Apesar de seu caráter totalmente experimental, as obras assim concebidas
conseguiram se manter no topo da modernidade tempo suficiente para passar
a fazer parte dos anais da história da fotografia e do cinema artísticos.
20
5 SURREALISMO
O movimento surrealista nasceu no início do século XX, em Paris, fruto
das teses de Sigmund Freud, criador da Psicanálise, e do contexto político
indefinido que marcou este período, especialmente a década de 20. Ele
questionava as crenças culturais então vigentes na Europa, bem como a
postura humana, vulnerável frente a uma realidade cada vez mais difícil de
compreender e dominar.
Pintura de Vladimir Kush
Esta escola artística e literária se insinua no interior dos movimentos de
vanguarda modernistas, englobando antigos adeptos do Dadaísmo – linhagem
cultural nascida em Zurique, em 1916, que primava pela irracionalidade, pela
censura a toda atitude moderada e era marcada por uma descrença total e um
negativismo radical.
A teoria freudiana tem um grande peso na constituição do ideário
surrealista, que valoriza acima de tudo o desempenho da esfera do
inconsciente no processo da criação. O surrealismo procura expressar a
ausência de racionalidade humana e as manifestações do subconsciente. Além
dos dadaístas, ele se inspira também na arte metafísica de Giorgio de Chirico.
Os surrealistas deslizam pelas águas mágicas da irrealidade,
desprezando a realidade concreta e mergulhando na esfera da absoluta
liberdade de expressão, movida pela energia que emana da psique. Eles
almejam alcançar justamente o espaço no qual o Homem se libera de toda a
repressão exercida pela Razão, escapando assim do controle constante do
Ego.
Os adeptos do Surrealismo se valem dos mesmos instrumentos que a
Psicanálise, o método da livre associação e a investigação profunda dos
impulsos oníricos, embora se esforcem para adaptar este manancial de
recursos aos seus próprios fins. Desta forma eles objetivavam retratar o espaço
descoberto por Freud no interior da mente humana, o inconsciente, através da
abstração ou de imagens simbólicas.
21
O marco oficial da instituição deste movimento é o lançamento
do Manifesto do Surrealismo, em outubro de 1924, por André Breton, que
também o subscreveu. Este documento tinha o propósito de criar uma nova
expressão artística acessível através do resgate das emoções e do impulso
humano.
A persistência da Memória (Salvador Dali - 1931)
Isto só seria viável a partir do momento em que cada ser conquistasse o
conhecimento de si mesmo, para então atingir o momento crítico no qual o
interior e o exterior se revelam completamente coerentes diante da percepção
humana. Ao mesmo tempo em que o Surrealismo pregava, como os dadaístas,
a demolição do corpo social, ele propunha a gestação de uma nova sociedade,
sustentada sobre outros alicerces.
O Surrealismo – expressão que foi apresentada inicialmente pelo poeta
cubista Guillaume Apolinaire, em 1917 – contava em suas fileiras com nomes
famosos como os de Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí, nas artes
plásticas; André Breton, no campo da literatura; e Buñuel, no cinema. Eles
lançam, em 1929, o Segundo Manifesto Surrealista, publicando ao mesmo
tempo o periódico A Revolução Socialista. Na década de 30 esta escola se
expande e inspira vários outros movimentos, tanto no continente europeu
quanto no americano. No Brasil ela se torna uma das várias vertentes
absorvidas pelo Modernismo.
22
23
6 SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922
Ideias
6.1
A Semana de arte moderna, de certa maneira, nada mais foi do que uma
ebulição de novas ideias totalmente libertadas, nacionalista em busca de uma
identidade própria e de uma maneira mais livre de expressão visto que era a
arte no Brasil era muito influenciada pelo modelo artístico internacional.
Almejava também uma ruptura com o passado e criar uma arte essencialmente
brasileira. Havia também a oposição que os jovens artistas começaram a
estabelecer entre sua arte e a arte do passado, a literatura, a pintura e a
música brasileira, combatendo particularmente o realismo e o parnasianismo,
transformados em doutrina oficial da República Velha. Cada dia da semana foi
dedicado especialmente a um determinado tema, respectivamente, pintura e
escultura, poesia, literatura e música. Representou uma verdadeira renovação
de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora da ruptura
com o passado e até corporal, pois a arte passou então da vanguarda, para o
modernismo. Seu objetivo principal, como já descrito, era renovar o ambiente
artístico e cultural da cidade com "a perfeita demonstração do que há em nosso
meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista
rigorosamente atual", como informava o Correio Paulistano a 29 de janeiro de
1922. Anita Malfatti era muito polêmica, por ter ideais inovadoras, e ao mesmo
tempo revolucionárias. As obras de Anita, que retratavam principalmente os
personagens marginalizados dos centros urbanos, causou desaprovação nos
integrantes das classes sociais mais conservadoras. A batalha dos modernistas
se colocava contra ao passadismo, ou seja, tudo aquilo que impedisse a
criação livre. Pode-se, assim, dizer que a proposta modernista era romper
esteticamente com o engrossamento da arte das escolas passadas e ampliar
os horizontes da arte antes delimitada pelos padrões acadêmicos. Como não
existia um ideal comum entre os participantes do evento eles se dividiram em
movimentos diferentes. Todos agradecidos pela herança deixada pela Semana
de Arte Moderna, que ganhou valor histórico com o passar dos anos.
24
Onde e Quando
6.2
A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22,
ocorreu na cidade de São Paulo no ano de 1922, de 11 a 18 de fevereiro, no
Teatro Municipal. Durante os sete dias de exposição, foram expostos quadros e
apresentadas poesias, músicas e palestras sobre a modernidade, o que deixou
indignados alguns escritores e artistas de renome. São Paulo dos anos 20 era
a cidade que melhor apresentava condições para a realização de tal evento.
Tratava-se de uma próspera cidade, que recebia grande número de imigrantes
europeus e modernizava-se rapidamente, com a implantação de indústrias e
reurbanização.
Era, enfim, uma cidade favorável a ser transformada num centro cultural
da época, abrigando vários jovens artistas. Ao contrário, o Rio de Janeiro, outro
polo artístico, se achava impregnado pelas ideias da Escola Nacional de Belas-
Artes, que, por muitos anos ainda, defenderia, com unhas e dentes, o
academicismo.
Por quê?
6.3
O Brasil passava por um momento de discordância no cenário artístico.
Uma parte dos artistas buscava a liberdade criadora, liberdade para se
expressar além dos limites da realidade. Do outro lado estavam os artistas
tradicionais que defendiam a arte como a cópia fiel do real. O ápice dessa
discussão foi o evento de 22, quando a nova arte foi exposta. O estilo europeu
desprezado pelos artistas modernistas era ainda muito apreciado no Brasil, o
que causou grande alvoroço e insatisfação por parte do público. Contribuiu
também para a recusa o fato de não se ter definido um padrão. O que os
expectadores viram no evento foram experiências dos artistas que procuravam
liberdade para criar. A popularização da renovação na arte brasileira aconteceu
após uma dura crítica feita pelo escritor Monteiro Lobato à exposição da pintura
expressionista de Anita Malfatti em 1917. O episódio ao contrário de derrubar a
corrente artística, serviu de incentivo para a Semana de Arte Moderna. Todo
novo movimento supõe negação ao passado e a semana de arte moderna não
foi diferente. Surgiu porque havia um bom número de artistas que desejavam a
liberdade na arte, o que não havia no Brasil da ‗‘República Velha‘‘. Tudo era
25
muito homogêneo e buscava um tal "purismo" que fechava a arte para a
criação. Além do mais, já surgira na Europa as vanguardas - movimentos de
experimentações e liberdades de ideias. A Semana aconteceu para trazer as
novas ideias do mundo, sendo, entretanto, bastante nacionalista.
Literatura
6.4
Somente duas obras foram lidas durante a semana:
Os Sapos de Manoel Bandeira foi lido por Mário de Andrade. O prólogo
de Paulicea Desvairada de Mário de Andrade foi lida pelo próprio autor Mário de
Andrade não pode ler seu poema devido a problemas na garganta. A plateia não
entendeu a poesia e ficou confusa. Quanto ao prólogo de Paulicea Desvairada, a
plateia vaiou o autor e muitos deixaram o teatro.
Oswald de Andrade
6.5
José Oswald de Sousa Andrade (São Paulo, 11 de janeiro de 1890 —
São Paulo, 22 de outubro de 1954) foi um escritor, ensaísta e dramaturgo
26
brasileiro. Era filho único de Jose Oswald Nogueira de Andrade e de Inês
Henriqueta Inglês de Sousa Andrade. Seu nome pronuncia-se com acento na
letra a (Oswáld).
Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que ocorreu 1922
em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário
brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo,
sendo o mais inovador entre estes.
Um dos mais importantes introdutores do Modernismo no Brasil, foi o
autor dos dois mais importantes manifestos modernistas, o Manifesto da
Poesia Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago, bem como do primeiro livro de
poemas do modernismo brasileiro afastado de toda a eloqüência romântica,
Pau-Brasil.
Foi um dos interventores na Semana de Arte Moderna de 1922. Esse
evento teve uma função simbólica importante na identidade cultural brasileira.
Por um lado celebrava-se um século da independência política do país
colonizador Portugal, e por outro consequentemente, havia uma necessidade
de se definir o que era a cultura brasileira, o que era o sentir brasileiro, quais os
seus modos de expressão próprios. No fundo procurava-se aquilo que Herder
definiu como alma nacional (volksgeist). Esta necessidade de definição do
espírito de um povo era contrabalançada, e nisso o modernismo brasileiro
como um todo vai a par com as vanguardas européias do princípio do século,
por uma abertura cosmopolita ao mundo.
Foi com surpresa e satisfação que Oswald de Andrade descobriu, na
sua estada em Paris na época do Futurismo e do Cubismo, que os elementos
de culturas até aí consideradas como menores, como a africana ou a polinésia,
estavam a ser integrados na arte mais avançada. Assim, a arte da Europa
industrial era renovada com uma revisitação a outras culturas e expressões de
outros povos. Oswald percebeu-se que o Brasil e toda a sua multiplicidade
cultural, desde as variadas culturas autóctones dos índios até a cultura negra
representavam uma vantagem e que com elas se poderia construir uma
identidade e renovar as letras e as artes. A partir daí, volta sua poesia para um
certo primitivismo e tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura
popular e erudita.
27
6.5.1 Obras
Poesia:
Sendo o mais inovador da linguagem entre os modernistas, abriu
caminhos que influenciaram muito a poesia brasileira posterior (como a de
Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Mello Neto, o Concretismo e
Manoel de Barros), bem como a obra do poeta francês Blaise Cendrars,
considerado um dos 10 maiores poetas franceses do século XX pelo poeta
Paul Eluard.
1925: Pau-Brasil
1927: Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade
1942: Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão
1946: O Escaravelho de Ouro
1947: O Cavalo Azul
1947: Manhã
1950: O Santeiro do Mangue
Romance:
Seus romances ainda não são devidamente conhecidos, porém
"Memórias Sentimentais de João Miramar", por exemplo, foi escrito antes de
1922, antecipando toda a linguagem do modernismo brasileiro.
1922-1934: Os Condenados (trilogia)
1924: Memórias Sentimentais de João Miramar
1933: Serafim Ponte Grande
1943: Marco Zero à Revolução Melancólica
Teatro:
1916: Mon Couer Balance e Leur Ame (parceria com Guilherme de
Almeida)
1934: O Homem e o Cavalo
1937: A Morta pelo homem
1937: O Rei da Vela; primeira encenação de seus textos em 1967, pelo
Teatro Oficina de São Paulo
Outros:
28
1990: Dicionário de bolso, publicação póstuma organizada por Maria
Eugênia Boaventura a partir de manuscritos do espólio do autor contendo
verbetes jocosos.
Victor Brecheret
6.6
29
Victor Brecheret (Farnese, 22 de fevereiro de 1894 — São Paulo, 17 de
dezembro de 1955) foi um escultor ítalo-brasileiro, considerado um dos mais
importantes do país. É responsável pela introdução do modernismo na
escultura brasileira. Sua figura ficou marcada pela boina que costumava vestir,
ressaltando uma imagem tradicional do "artista".
Nascido "Vittorio Breheret" (sem a letra 'c' no sobrenome) numa
pequena localidade não distante de Roma, filho de Augusto Breheret e Paolina
Nanni, esta última falecida quando o pequeno Vittorio tinha apenas seis anos
de idade. Foi abrigado pela família do tio materno, Enrico Nanni, e com sua
família emigrou para o Brasil ainda na infância.
Ainda moço frequentou as aulas de entalhe em gesso e mármore do
Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, onde mais tarde viria a utilizar o ateliê e
seus aprendizes para moldar suas obras. Amadureceu estudando na Europa,
onde entrou em contato com as vanguardas artísticas que ocorriam nas
décadas de 1910 e 1920. Trabalhou com o escultor italiano Arturo Dazzi, sendo
influenciado pela estética de pós-impressionistas como Ivan Meštrović, croata,
e os franceses Auguste Rodin e Émile-Antoine Bourdelle. Ligou-se a Emiliano
Di Cavalcanti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia
quando voltou ao Brasil e com eles participou da introdução do pensamento
vanguardista no Brasil.
Participou da Semana de Arte Moderna de 1922, expondo vinte
esculturas no saguão e nos corredores do Teatro Municipal de São Paulo. A
partir daí manteve paralelamente uma carreira na Europa e em seu país. Expôs
no Salão dos Independentes de Paris e fundou a Sociedade Pró Arte Moderna.
Em 1920 ganhou um concurso internacional de maquetes para a
construção de uma grande escultura em São Paulo (o futuro Monumento às
Bandeiras). Em 1923 o governo do Estado de São Paulo encomendou-lhe a
execução do Monumento às Bandeiras, projeto a que Brecheret viria a se
dedicar nos vinte anos seguintes. O Monumento às Bandeiras foi a maior obra
de Brecheret e demorou 33 anos para ser construído (1920—1953).
Em 1951 foi premiado como o melhor escultor nacional na primeira
Bienal de São Paulo.
No Brasil, tornou-se "Victor Brecheret" e já com mais de trinta anos de
idade recorreu à Justiça para inscrever seu registro nascimento tardiamente no
30
Registro Civil do Jardim América (município de São Paulo). Assim Brecheret
consolidava a sua nacionalidade brasileira, embora tivesse nascido na Itália.
Este tipo de "regularização" era muito comum entre imigrantes italianos na
primeira metade do século XX no Brasil.
6.6.1 Obras
Quando estudante do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, Brecheret
foi essencialmente um artesão, executando obras de teor clássico e romântico.
Na Europa, iniciou uma produção similar a de pós-impressionistas. Ao
entrar em contato com as vanguardas em curso naquela época no continente
europeu, passou a expressar sua obra com manifestações vindas do
construtivismo, expressionismo e cubismo, mas nunca chegando à abstração
pura. Em sua fase mais madura, Victor procurou realizar experimentos
estéticos que ligavam a escultura vernacular indígena brasileira com as
experiências que desenvolveu na Europa.
Em sua produção destacam-se:
 "Ídolo" (1921)
 "Monumento às Bandeiras" (1953)
 "Monumento a Duque de Caxias" (1960)
 "Depois do Banho" (1945)
 "O Índio e Sasuapara" (1951)
 "Fauno" (1942)
(Monumento às Bandeiras)
31
Antônio Gomide
6.7
Antônio Gomide (Itapetininga, SP, Brasil, 1895 – Ubatuba, SP, Brasil,
1967) foi um dos grandes nomes da Primeira Geração de Modernistas, ele foi
pintor, escultor e professor. Trouxe para a modernidade paulistana a
experiência vanguardista parisiense - Cubismo e Art Déco -, desenvolvendo
sua arte dentro das propostas da Semana de Arte Moderna de 22. Sua obra
apresenta mudanças de rumo ao longo de quase 50 anos de produção,
particularmente depois dos anos 30.
Pertencente a elite paulista, era um homem cultivado de bela aparência
física e esportista; praticava o boxe inglês e a esgrima. Filho de um jurista, sua
formação artística se deu em Genebra, onde já vivia com a família antes da
Primeira Guerra Mundial. Freqüentando com a irmã a Academia de Belas
Artes, foi aluno do simbolista Ferdinand Hodler e colega do pintor John Graz,
que se tornaria seu cunhado. Entretanto, o que marcaria profundamente sua
obra seria a experiência parisiense, a partir de 1923. Nesta oportunidade,
convive com os modernistas brasileiros Tarsila do Amaral e Victor Brecheret,
que lá estavam. Entra em contato também com a arte de Pablo Picasso,
Georges Braque, Francis Picabia, Gino Severini, André Lhote, entre outros.
Gomide destacava-se no grupo da Primeira Geração de Modernistas por
sua experiência com a técnica do afresco, a partir de 1924, quando teve com
mestre Marcel-Lenoir, em Toulouse. Neste período, aborda temas religiosos,
como faziam Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret.
32
Voltando ao Brasil, em 1928, Antônio Gomide passa a integrar-se cada
vez mais ao panorama nacional, residindo em São Paulo. Participa do cenário
artístico e político da cidade; alista-se nas tropas constitucionaliostas da
Revolução de 32. Neste mesmo ano, funda o CAM (Clube dos Artistas
Modernos), juntamente com Flávio de Carvalho, Carlos Prado e Di Cavalcanti.
Como Oswald e Tarsila, torna-se socialista e sua arte volta-se, no decorrer dos
anos 30, à temática nacional e popular, com ênfase na sensualidade e no ritmo
das figuras africanas. Sua pintura percorre os esquemas decorativos cubistas
do Art Déco - como nos cartões de estamparia, nos estudos de painéis e vitrais
e na arte religiosa dos anos 20 -, bem como uma fatura expressionista - nas
figuras toscas, com ausência de desenho. Além desta participação efetiva na
modernidade paulistana, pode ser recordada sua significativa produção de
painéis em afrescos e vitrais espalhados pela cidade, mantendo os esquemas
estilizados do Art Déco.
Nos anos 60, a perda de sua visão o obriga a mudar novamente seu
destino como artista. Em uma relutância em abandonar a arte, dedica-se à
lecionar, transmitindo para novas gerações a herança modernista. É a
escultura, no entanto, que permite o artista a continuar sua produção, apesar
da dificuldade em enxergar. Com a visão bastante comprometida, retira-se para
Ubatuba, onde vive em reclusão até a sua morte, em 1967.
(Puxada de Rede)
33
Di Cavalcanti
6.8
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido
como Di Cavalcanti, foi um importante pintor, caricaturista e ilustrador
brasileiro...
- Di Cavalcanti nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 6 de setembro
de 1897.
- Desde jovem demonstrou grande interesse pela pintura. Com onze
anos de idade teve aulas de pintura com o artista Gaspar Puga Garcia.
- Seu primeiro trabalho como caricaturista foi para a revista Fon-Fon, no
ano de 1914.
- Participou do Primeiro Salão de Humoristas em 1916.
- Mudou para a cidade de São Paulo em 1917.
- Em 1917, fez a primeira exposição individual para a revista "A Cigarra".
- No ano de 1919, fez a ilustração do livro Carnaval de Manuel Bandeira.
- Participou da Semana de Arte Moderna de 1922, expondo 11 obras de
arte e elaborando a capa do catálogo.
- Em 1923, foi morar em Paris como correspondente internacional do
jornal Correio da Manhã. Retornou para o Brasil dois anos depois e foi morar
na cidade do Rio de Janeiro.
- Em 1926, fez a ilustração da capa do livro O Losango de Cáqui de
Mário de Andrade. Neste mesmo ano participa como ilustrador e jornalista do
jornal Diário da Noite.
- Em 1927, colaborou como desenhista no Teatro de Brinquedo.
34
- Em 1928, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil.
- Em 1934, foi morar na cidade de Recife.
- Morou na Europa novamente entre os anos de 1936 e 1940.
- Em 1937, recebeu medalha de ouro pela decoração do Pavilhão da
Companhia Franco-Brasileira.
- Em 1938, trabalhou na rádio francesa Diffusion Française.
- Em 1948, faz uma exposição individual de retrospectiva no IAB de São
Paulo.
- Em 1953, foi premiado, junto com o pintor Alfredo Volpi, como melhor
pintor nacional na II Bienal de São Paulo.
- Em 1955, publicou um livro de memórias com o título de Viagem de
minha vida.
- Recebeu o primeiro prêmio, em 1956, na Mostra de Arte Sacra (Itália).
- Em 1958, pintou a Via-Sacra para a catedral de Brasília.
- Em 1971, ocorreu a retrospectiva da obra de Di Cavalcanti no Museu
de Arte Moderna de São Paulo.
- Morreu em 26 de outubro de 1976 na cidade do Rio de Janeiro.
Estilo artístico e temática:
- Seu estilo artístico é marcado pela influência do expressionismo,
cubismo e dos muralistas mexicanos (Diego Rivera, por exemplo).
- Abordou temas tipicamente brasileiros como, por exemplo, o samba. O
cenário geográfico brasileiro também foi muitoi retratado em suas obras como,
por exmeplo, as praias.
- Em suas obras são comuns os temas sociais do Brasil (festas
populares, operários, as favelas, protestos sociais, etc).
- Estética que abordava a sensualidade tropical do Brasil, enfatizando os
diversos tipos femininos.
- Usou as cores do Brasil em suas obras, em conjunto com toques de
sentimentos e expressões marcantes dos personagens retratados.
Obras
 Pierrete - 1922
 Pierrot - 1924
 Samba - 1925
35
 Samba - 1928
 Mangue - 1929
 Cinco moças de
Guaratinguetá - 1930
 Mulheres com frutas -
1932
 Família na praia - 1935
 Vênus - 1938
 Ciganos - 1940
 Mulheres protestando -
1941
 Arlequins - 1943
 Gafieira - 1944
 Colonos - 1945
 Abigail - 1947
 - Aldeia de
Pescadores - 1950
 Nu e figuras - 1950
 Retrato de Beryl -
1955
 Tempos Modernos -
1961
 Tempestade - 1962
 Duas Mulatas - 1962
 Músicos - 1963
 Ivette - 1963
 Rio de Janeiro Noturno
- 1963
 Mulatas e pombas -
1966
 Baile Popular - 1972
(Baile Popular)
Ismael Nery
6.9
Nasceu em Belém do Pará, em 1900. Nove anos depois, mudou-se com
a família para o Rio de Janeiro data, também, da morte de seu pai. Em 1915,
ingressou na Escola Nacional de Belas Artes. Viajou pela Europa em 1920,
tendo frequentado a Academia Julian, em Paris.
De volta ao Brasil, trabalhou em arquitetura no Patrimônio Nacional do
Ministério da Fazenda, onde conheceu o poeta Murilo Mendes que se tornaria
seu grande amigo. Em 1922, casou-se com a poetisa Adalgisa Ferreira. Dessa
união nasceram dois filhos. Nessa época realizou obras de tendência
expressionista.
Em 1926, deu início ao seu sistema filosófico de fundamentação católica
e neotomista, denominado por Murilo Mendes de Essencialismo. Sabe-se que
a abstração de tempo e espaço fundamenta suas idéias principais. No entanto,
Ismael Nery nunca chegou a escrever sobre elas. Apenas depoimentos de
amigos e alguns poemas seus referem-se a essa filosofia.
Em 1927 fez nova viagem a Europa, onde entrou em contato com
Chagall e outros surrealistas. Sua obra plástica sofreu, também, a influência
metafísica de De Chirico e do cubismo de Picasso. Seus temas remetem-se
sempre à figura humana. São retratos, auto-retratos e nus. São ausentes os
temas nacionais, indígenas e afro-brasileiros. Nery seguia uma orientação
menos regionalista, considerada por ele limitada.
Dedicou-se a várias técnicas aplicadas em desenhos e ilustrações de
livros. Foi, também, cenógrafo. Nos últimos anos de vida escreveu muitos
poemas, tendo destruído sua maioria. Murilo Mendes preservou alguns
desenhos e poesias de seu amigo, tendo sido responsável pela redescoberta
de Nery nos anos 60.
Em 1931, contraiu tuberculose. A partir daí, suas figuras tornaram-se
mais viscerais e mutiladas. Em 1934, aos trinta e três anos de idade, morreu no
Rio de Janeiro.
Entre várias exposições a respeito do artista, destacam-se as VIII e X
Bienais de São Paulo, a Retrospectiva de Ismael Nery, em 1966, no Rio de
Janeiro e a Retrospectiva Ismael Nery - 50 Anos Depois, em 1984, no MAC-
USP.
(Figura)
Vicente do Rego Monteiro
6.10
Nascido em Recife, em 1899, numa família de artistas. Já em 1911,
Vicente do Rego Monteiro estava em Paris (em companhia da irmã mais
velha), cursando, por pouco tempo, a Academia Julian. Talento precoce, em
1913 participou do Salão dos Independentes, na capital francesa. De volta ao
Brasil em 1917, dois anos mais tarde realizou, em Recife, sua primeira mostra
individual; em 1920 e 1921, apresentou-se no Rio de Janeiro, em São Paulo e
Recife.
Em São Paulo entrou em contato com os artistas e intelectuais que
desencadeariam a Semana de Arte Moderna, da qual participou com dez de
pinturas. Logo em seguida retornou a Paris, e integrou-se a tal ponto na vida
artística e cultural da capital francesa que nos anos 20, era um dos pintores
estrangeiros mais conceituados na França, com assídua e notável participação
em mostras duais e coletivas.
Alternando praticamente toda a sua existência entre a França e o Brasil,
Vicente só pouco antes de falecer desfrutou algum prestigio maior em sua terra
natal, onde nunca chegou a receber a consideração que sua importância
exigia. Em 1957, fixou-se no Brasil. passando a lecionar sucessivamente na
Escola de Belas-Artes de Recife, na de Brasília e de novo na de Recife. Em
1966 o Museu de Arte de São Paulo dedicou-lhe uma retrospectiva, o mesmo
tendo feito, após sua morte, em 1970, o Museu de Arte Contemporânea da
Universidade de São Paulo.
Muitas das melhores telas de Rego Monteiro perderam-se num incêndio,
no fim da década de 20; Anos mais tarde, o artista tentou reproduzi-las de
memória ou lançando mão de esboços e desenhos preliminares; mas,
evidentemente, as obras perderam muito em emoção e sentimento.
Em seus melhores momentos, Vicente é pessoal, embora aparentado a
outros artistas de seu tempo. Sua peculiaridade é a insistência com que
abordou temas nacionais, o que o transforma em precursor de uma tendência
artística latino-amencana. Seu mundo de ideias oscilava entre as figuras do
panteão americano e a Bíblia, os clássicos e outros temas grandiloqüentes,
que tornam sua arte grave e profunda. Mas ele sentiu também, como poucos, a
sedução do movimento fascinado que era pela dança e pelo esporte — e,
homem de seu tempo, em determinada fase da carreira viu-se empolgado pelo
não figurativismo.
Características de sua arte são a plasticidade, a sensação volumétrica
que se desprende dos planos, a textura quase imaterial, de tão leve, o forte
desenho, esquematizado. e a ciência da composição, que o torna um clássico,
preocupado com a construção das formas.
(Transeuntes)
Milton Dacosta
6.11
Milton Rodrigues Dacosta nasceu em Niterói, Rio de Janeiro, em 19 de
outubro de 1915. Em 1931 ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, mas
dois meses depois a Escola fechou. No mesmo ano participou da formação do
Núcleo Bernadelli, grupo de jovens artistas que se reuniam no porão do prédio
da Escola.
Inicialmente Dacosta pintou composições figurativas e paisagens. Expôs
entre os anos de 1933 a 1945 no Salão Nacional de Belas Artes, conquistando
o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro em 1944, com a obra ―Cena de Atelier‖.
Sua primeira exposição individual aconteceu em 1937 na Galeria Santo
Antônio.
O artista viajou para os Estados Unidos em 1944 e em seguida seguiu
para Paris, onde conhece Cícero Dias e Pablo Picasso e frequentou a
Academie de La Grande Chaumière.
Aos vinte anos casou-se com a pintora Maria Leontina, com quem teve
um filho, Alexandre Dacosta, também artista plástico, em 1959. A união durou
37 anos e terminou com a morte da pintora em 1984.
Na década de 50 aderiu ao abstracionismo geométrico. Nesse mesmo
ano expôs no Ministério da Educação e Cultura do Rio e representou o país na
XXV Bienal de Veneza. Dacosta recebeu na II Bienal de são Paulo o Prêmio de
Melhor Pintor Nacional, com a obra ―Construção‖. Entre 54 e 61 mudou-se para
o Rio de Janeiro.
Nos anos 60, o artista expõe uma série de gravuras coloridas em metal
com o tema ―Vênus‖, tornando-se constante esse estilo em suas obras.
Trabalhou como ilustrador de livros, principalmente ilustrador de algumas obras
do escritor Carlos Drummond de Andrade.
Faleceu em setembro de 1988, quatro anos após a morte de Maria
Leontina, no Rio de Janeiro.
(Figura Cabeçuda)
Lasar Segall
6.12
Biografia
Lasar Segall (Vilna Lituânia 1891 - São Paulo SP 1957). Pintor,
gravador, escultor, desenhista. De origem judaica, inicia estudos de arte, em
1905, na Academia de Desenho do mestre Antokolski, em Vilna, na Lituânia.
Muda-se para a Alemanha em 1906 e estuda na Escola de Artes Aplicadas e
na Academia Imperial de Belas Artes, em Berlim. Viaja para a cidade de
Dresden, onde frequenta a Academia de Belas Artes. Amplia seu contato com
a pintura impressionista e realiza, em 1910, a primeira mostra individual na
Galeria Gurlitt. No final de 1912, vem para o Brasil e no ano seguinte expõe em
São Paulo e Campinas. No mesmo ano retorna à Europa. Inicialmente, realiza
uma pintura de derivação impressionista, com influência de Jozef Israël e de
Paul Cézanne (1839-1906).
A partir de 1914, passa a interessar-se pelo expressionismo,
desenvolvendo-se plenamente nessa estética em 1917. Em 1919, em Dresden,
funda com Otto Dix (1891-1969), Conrad Felixmüller (1897-1977), Otto Lange
(1879-1944) e outros, o Dresdner Sezession Gruppe 1919, grupo que agrega
artistas expressionistas da cidade. Em 1921, publica o álbum de litografias
Bübüe e, em 1922, o Erinnerung an Wilna - 1917 com águas-fortes. Volta ao
Brasil, onde fixa residência em São Paulo, no ano de 1923. Na capital paulista,
Lasar Segall é destaque no cenário da arte moderna, considerado um
representante das vanguardas europeias. No ano seguinte, executa decoração
para o Baile Futurista do Automóvel Clube e para o Pavilhão Modernista de
Olívia Guedes Penteado (1872-1934). É um dos fundadores da Sociedade Pró-
Arte Moderna - Spam, em 1932, da qual se torna diretor até 1935. Dez anos
após sua morte, em 1967, a casa onde morava, na Vila Mariana, em São
Paulo, é transformada no Museu Lasar Segall.
(Emigrantes)
Anita Malfatti
6.13
Não fazia nem um mês desde que o Brasil deixara de ter imperador para
se transformar numa República, quando nasceu Anita Catarina Malfatti. São
Paulo, sua cidade natal, contava com menos de 50 mil habitantes - e acabara
de ganhar seu primeiro transporte coletivo, o bonde puxado a burro.
Os primeiros estudos artísticos de Anita foram orientados pela mãe.
Elisabete, de nacionalidade norte-americana, era pintora, desenhista e falava
vários idiomas. Anita se formou professora aos 19 anos, no Mackenzie, em São
Paulo. Nessa época, morreu seu pai, responsável pelo sustento da família. A
partir de então, a mãe passou a dar aulas de idiomas e de pintura, e Anita
começou a trabalhar como professora. No entanto, seu talento para a pintura
sensibilizou o tio e o padrinho de tal forma que eles juntaram dinheiro para
mandar a moça estudar na Academia de Belas-Artes de Berlim, na Alemanha.
Lá, Anita foi a uma grande exposição de pintura moderna. "Eram
quadros grandes. Havia emprego de quilos de tintas, e de todas as cores. Um
jogo formidável. Uma confusão, um arrebatamento, cada acidente de forma
pintado com todas as cores. O artista não havia tomado tempo para misturar as
cores, o que para mim foi uma revelação e minha primeira descoberta. Pensei:
o artista está certo", ela contaria muitos anos mais tarde, ao recordar sua
estada na capital alemã.
Ela acabava de ter contato com a arte dos rebeldes, desligados do
academicismo ensinado nas escolas. Na ocasião, Anita se deu conta de que
nada no mundo era incolor ou sem luz. Fascinada, aproximou-se do grupo e
passou a ter aulas, primeiro com Luís Corinth, o pintor daquelas telas, e depois
com Bischoff-Culm, aprendendo pintura livre e a técnica da gravura em metal.
A pintora voltou ao Brasil e realizou sua primeira exposição individual,
em 1914. Em seguida, foi para os Estados Unidos onde estudou com Homer
Boss, com a liberdade de pintar o que desejasse, livre de imposições.
Foi esse período que marcou a fase mais brilhante de sua criação. Anita
produziu telas como "O homem amarelo", "Mulher de cabelos verdes", "O
Japonês", ainda hoje tidas entre suas melhores obras.
Em 1917, São Paulo já contava com quase 500 mil habitantes - mas
ainda era uma cidade acanhada em termos de vida cultural. Nesse ano Anita
fez outra exposição, muito importante porque foi considerada a semente do
modernismo. "Foi ela, foram os seus quadros, que nos deram uma primeira
consciência de revolta e de coletividade em luta pela modernização das artes
brasileiras" disse o escritor Mário de Andrade, outro expoente do modernismo
brasileiro.
No entanto, o editor e autor Monteiro Lobato, em artigo publicado no
jornal "O Estado de S.Paulo", criticou a mostra, esperando atingir seu alvo
principal, os modernistas, como Di Cavalcanti, companheiros da pintora. Ela
recebeu mal a crítica. Entrou em depressão e parou de pintar. Um ano depois,
decidida a ser mais convencional, foi tomar aulas de natureza-morta com Pedro
Alexandrino Borges, e se tornou amiga da pintora Tarsila do Amaral.
Os trabalhos de Anita foram exibidos na Semana de Arte Moderna de
1922 e em outras exposições, onde foi premiada e consagrada. Em 1933,
conquistou a grande medalha de prata do Salão de Belas-Artes em São Paulo -
nesse ano, a cidade completava a marca de um milhão de habitantes. Expôs
na 1ª. Bienal paulista, em 1951. Quando a população paulistana passava dos
quatro milhões, em 1963, Anita mereceu sala especial nessa mesma
exposição.
A pintora teve um amigo, confidente, sua paixão platônica de toda uma
vida: Mario de Andrade. Ao que tudo indica, Mario sabia do amor de Anita, mas
os dois nunca falaram sobre isso. Ele morreu, solteiro, em 1945. No décimo
aniversário da morte do escritor, ela escreveu-lhe uma carta:
"Tenho medo de ter desapontado a você. Quando se espera tanto de um
amigo, este fica assustado, pois sabe que nós mesmos, nada podemos fazer e
ficamos querendo, querendo ser grandes artistas e tristes de ficarmos aquém
da expectativa."
Principais obras
 A boba
 As margaridas de Mário
 Natureza Morta - objetos de Mário
 A Estudante Russa
 O homem das sete cores
 Nu Cubista
 O homem amarelo
 A Chinesa
 Arvoredo
 Interior de Mônaco
(Mário de Andrade)
7 Música
Para a aristocracia elegante de São Paulo, ir a uma sala de concertos em
1922 implicava ouvir, principalmente, a música romântica europeia. A
apresentação de Heitor Villa-Lobos, único compositor convidado para a
Semana de Arte Moderna, ajudou a mudar isso apesar da reação negativa de
parte da plateia, avessa a qualquer novidade. Mais tarde, o Nacionalismo se
tornou bandeira, símbolo da resistência diante da dominação europeia e modo
de exprimir o novo segundo um país jovem, diferente em sua cultura
miscigenada.
Ernani Braga
Villa-Lobos apresentou uma série de três
espetáculos; Mostrou ao público paulista as seguintes
obras: no dia 13, a "Segunda Sonata", o "Segundo Trio" e
a "Valsa mística" (simples coletânea), "Rondante" (simples
coletânea), "A Fiandeira" e "Danças Africanas"; no dia
15, "O Ginete do Pierrozinho", "Festim Pagão", "Solidão",
"Cascavel" e "Terceiro Quarteto"; no dia 17, "Terceiro Trio",
"Historietas: a) Lune de Octobre, b)Voilà la Vie, c)Je Vis
San Retard, Car vite s'écoule la vie", "Segunda Sonata",
"Camponesa cantadeira" (suíte floral), "Num Berço
Encantado" (simples coletânaea),"Dança Infernal" e
"Quatuor" (com coro feminino).
Villa-Lobos não foi o único compositor moderno
interpretado na Semana de Arte Moderna. Junto com
suas obras foram interpretadas obras de Debussy, por
Guiomar Novaes, e obras de Eric Satie, por Ernani Braga,
o qual também interpretou "A Fiandeira", de Villa-Lobos.
O Teatro Municipal de São Paulo foi o primeiro palco
"erudito" a receber as obras de Villa-Lobos.
8 Literatura
1ª Fase
8.1
Os escritores de maior destaque dessa fase defendiam a reconstrução
da cultura brasileira sobre bases nacionais; promoção de uma revisão crítica de
nosso passado histórico e de nossas tradições culturais; eliminação definitiva
do nosso complexo de colonizados, apegados a valores estrangeiros. Portanto,
todas elas estão relacionadas com a visão nacionalista, porém crítica, da
realidade brasileira.
Os Movimentos literários Pau-Brasil defendiam a criação de uma poesia
primitivista, construída com base na revisão crítica de nosso passado histórico
e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e contrastes da realidade e
da cultura brasileiras. Antropofagia a exemplo dos rituais antropofágicos dos
índios brasileiros, nos quais eles devoram seus inimigos para lhes extrair força,
Oswald propõe a devoração simbólica da cultura do colonizador europeu, sem
com isso perder nossa identidade cultural. Verde-Amarelismo.
8.1.1 A revista Klaxon
Entre os fatos mais importantes, destacam-se a publicação da revista Klaxon,
lançada para dar continuidade ao processo de divulgação das ideias modernistas, e o
lançamento de quatro movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo,
a Antropofagia e a Anta.
2ª Fase
8.2
Na prosa, foi evidente o interesse por temas nacionais, uma linguagem mais brasileira,
com um enfoque mais direto dos fatos marcados pelo Realismo – Naturalismo do século
XIX. O romance focou o regionalismo, principalmente o nordestino, onde problemas como
a seca, a migração, os problemas do trabalhador rural, a miséria, a ignorância foram
ressaltados. Além do regionalismo, destacaram-se também outras temáticas, surgiu o
romance urbano e psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista. A
poesia da 2ª fase modernista percorreu um caminho de amadurecimento. No aspecto
formal, o verso livre foi o melhor recurso para exprimir sensibilidade do novo tempo, se
caracteriza como uma poesia de questionamento: da existência humana, do sentimento e
―estar-no-mundo‖, inquietação social, religiosa, filosófica e amorosa.
Modernismo 3ª fase ou Geração 45
8.3
O período é representado principalmente pela prosa. Passa por algumas
modificações. Poesia, prosa e os contos procuram uma literatura intimista (
buscaram uma poesia mais ―equilibrada e séria‖). Regionalismo mais sertanejo.
Nesta fase os autores fogem aos excessos. A poesia dessa geração oscila entre o
esteticismo subjetivo a poética experimentalista. Buscou uma pesquisa sobre a
linguagem, desenvolveu um traço formalizante, valorização da palavra escrita e
releitura dos costumes regionalista. Influências parnasianas e simbolistas.

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A Semana de 1922 e as vanguardas modernistas

  • 1. 3M4 A SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 SANTOS 1º SEM 2012 Trabalho Interdisciplinar possui como objetivo o estudo de todo contexto e situação no momento em que a semana ocorreu
  • 2. 3 Sumário 1 Cubismo............................................................................................. 4 2 Futurismo........................................................................................... 8 3 Expressionismo................................................................................ 13 4 Dadaísmo......................................................................................... 15 5 SURREALISMO............................................................................... 20 6 SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 ....................................... 23 7 Música.............................................................................................. 19 8 Literatura.......................................................................................... 20
  • 3. 4 1 Cubismo Influências 1.1 O marco inicial do Cubismo ocorreu em Paris, em 1907, com a tela Les Demoiselles d'Avignon, pintura que Pablo Picasso levou um ano para finalizar. Nesta obra, este grande artista espanhol retratou a nudez feminina de uma forma inusitada, onde as formas reais, naturalmente arredondadas, deram espaço a figuras geométricas perfeitamente trabalhadas. Tanto nas obras de Picasso, quanto nas pinturas de outros artistas que seguiam esta nova tendência, como, por exemplo, o ex-fauvista francês – Georges Braque – há uma forte influência das esculturas africanas e também pelas últimas pinturas do pós-impressionista francês Paul Cézanne, que retratava a natureza através de formas bem próximas as geométricas. Artistas 1.2 1.2.1 Pablo Picasso O artista espanhol Pablo Picasso (25/10/1881-8/4/1973) destacou-se em diversas áreas das artes plásticas: pintura, escultura, artes gráficas e cerâmica. Picasso é considerado um dos mais importantes artistas plásticos do século XX. Nasceu na cidade espanhola de Málaga. Fez seus estudos na cidade de Barcelona, porém trabalhou, principalmente na França. Seu talento para o desenho e artes plásticas foi observado desde sua infância. Suas obras podem ser divididas em várias fases, de acordo com a valorização de certas cores. A fase Azul (1901-1904) foi o período onde predominou os tons de azul. Nesta fase, o artista dá uma atenção toda especial aos elementos marginalizados pela sociedade. Na Fase Rosa (1905-1907), predomina as cores rosa e vermelho, e suas obras ganham uma conotação lírica. Recebe influência do artista Cézanne e desenvolve o estilo artístico conhecido como cubismo. O marco inicial deste período é a obra Les
  • 4. 5 Demoiselles d'Avignon (1907) , cuja característica principal é a decomposição da realidade humana. Em 1937, no auge da Guerra Civil Espanhola ( 1936-1939), pinta seu mural mais conhecido: Guernica. Esta obra já pertence ao expressionismo e mostra a violência e o massacre sofridos pela população da cidade de Guernica. Na década de 1940, volta ao passado e pinta diversos quadros retomando as temáticas do início de sua carreira. Neste período, passa a dedicar-se a outras áreas das artes plásticas: escultura, gravação e cerâmica. Já na década de 1960, começa a pintar obras de artes de outros artistas famosos: O Almoço Sobre a Relva de Manet e As Meninas do artista plástico Velázquez, são exemplos deste período. Já com 87 anos, Picasso realiza diversas gravuras, retomando momentos da juventude. Nesta última fase de sua vida, aborda as seguintes temáticas: a alegria do circo, o teatro, as tradicionais touradas e muitas passagens marcadas pelo erotismo. Morreu em 1973 numa região perto de Cannes, na França. Principais obras de Picasso: - Auto-retrato - Absinto (Rapariga no café) - A morte de Casagemas - Evocação - O funeral de Casagemas - Velho guitarrista cego - Miseráveis diante do mar - A Vida - Mulher passando a ferro - "Les Demoiselles d'Avignon" - Retrato de Suzanne Bloch - O ator
  • 5. 6 - Auto-retrato com capa - Garçon à la pipe (Rapaz com cachimbo) - Fernanda com um lenço preto - Vasilhas 1.2.2 Kazimir Malevitch Pintor e projetista russo (23/2/1878-15/5/1935). Reconhecido como um dos precursores da arte abstrata geométrica. Kazimir Severinovich Malevitch nasce em Kiev, na Ucrânia, e estuda pintura na cidade. Segue o estilo pós- impressionista no início da carreira, mas, por volta de 1912, compõe imagens de camponeses em estilo geométrico e pinturas de inspiração cubista, como O Amolador de Facas (1912). Inaugura em 1913 o movimento suprematista, que leva a simplicidade para a arte geométrica. As pinturas dessa fase só são mostradas em 1915, em Moscou, onde produz confusão entre o público sobre o que identificar como a parte de cima e a de baixo de determinada figura. Dedica-se ao ensino e à construção de modelos tridimensionais, contribuindo com isso para o surgimento do construtivismo. Em 1922 muda-se para Leningrado, atual São Petersburgo. Vai a Berlim em 1927 para acompanhar a exposição de suas obras na escola Bauhaus. No final da década de 20, retoma o figurativo, mas perde o apoio do sistema político soviético, que exige a conversão dos artistas ao realismo socialista. Morre pobre e esquecido em Leningrado. 1.2.3 Georges Braque Assim Braque definiu seu trabalho: "Amo a regra que corrige a emoção. Amo a emoção que corrige a regra". Junto com Pablo Picasso, ele inventou o cubismo, revolucionando a pintura. Georges Braque era filho e neto de pintores. Foi criado em Le Havre e, ali, estudou na École des Beaux-Arts de 1897 a 1899. Mudou-se para Paris e estudou com um mestre decorador em 1901. Seu estilo inicial era impressionista. Entre 1902 e 1904, foi aluno da
  • 6. 7 Academie Humbert, também em Paris. Lá, fez amizade com Marie Laurencin e Francis Picabia. Em 1907, depois de alguns meses em Antuérpia, participou de uma exposição do Salão dos Independentes (Paris), apresentando obras mais próximas do fauvismo. Fez sua primeira exposição individual em 1908. No ano seguinte, trabalhou com Picasso no desenvolvimento do cubismo. Em 1911, casou-se com Marcelle Lapré. Em 1912, Braque e Picasso começaram a incorporar em suas pinturas a técnica da colagem. A parceria duraria até 1914, quando estourou a Primeira Guerra Mundial e Braque, convocado, partiu para a frente de batalha. Em 1915, foi ferido em combate. Após a guerra, a obra de Braque foi adquirindo liberdade, tornando-se menos esquemática. Em 1922, expôs no Salão de Outono (Paris), o que lhe rendeu fama. Fez ainda a cenografia para dois balés de Sergei Diaghilev. Em 1925, mandou construir uma casa, chamando o arquiteto Auguste Perret (o mesmo do teatro dos Champs-Élysées). No fim da década, sua obra foi ficando mais realista. Em 1930, comprou casa de campo em Varengeville, na Normandia, onde passou a morar boa parte do tempo, usando seu ateliê de pintura e escultura. Em 1931, elaborou as primeiras gravuras e começou a utilizar motivos mitológicos. Sua pintura tornou-se então mais lírica. Em 1933, Braque realizou a primeira retrospectiva de peso, num museu da Basiléia (Suíça). Quatro anos depois, ganhou o primeiro prêmio na mostra Carnegie International, em Pittsburgh (EUA). Durante a Segunda Guerra Mundial, recolheu-se a Varengeville e trabalhou com litogravura, gravura em metal e escultura. A partir do fim da década de 1940, pintou pássaros, paisagens e marinhas. Em 1954, desenhou os vitrais da igreja de Varengeville e, em 1958, participou da Bienal de Veneza, que lhe dedicou uma sala especial. Nos últimos anos de vida, mesmo com problemas de saúde, Georges Braque continuou atuante, dedicando-se à pintura, à litografia e à joalheria.
  • 7. 8 1.2.4 Obras Pablo Picasso - "Les Demoiselles d'Avignon" 1907 Pablo Picasso – ―Guernica‖ 1937 2 Futurismo Época 2.1 Nos anos anteriores à Primeira Guerra mundial na Europa, os futuristas acreditavam que uma nova forma de arte era necessária para mudar a
  • 8. 9 sociedade. Embora não defendessem teorias idênticas, todos eles impeliram a pintura na direção de uma arte totalmente abstrata. O futurismo surgiu numa época em que a Itália atravessava um período difícil de ajuste social e político, presas entre as estruturas sociais superadas de seu passado e os desafios de modernização de presente. Origens e influências 2.2 Em seu manifesto, impresso na capa do jornal francês Le Figado em 1909, Filippo Marinneti glorificava a tecnologia, a velocidade e o dinamismo. A guerra marcou o nascimento de um dos mais barulhentos e agressivos movimentos de vanguarda. Seu chamado, baseado em ―arte + ação + vida = futurismo‖, atraiu um núcleo de artistas, entre eles Boccioni, Balla, Severini, Carrà e Russolo. Inspirados nas ideias do filósofo francês Henri Bergson, eles viam o dinamismo como a principal força por trás de tudo. Ideais 2.3 O Manifesto Futurista revelava o desejo de captar a energia invisível: ―... o gesto que será reproduzido na tela não mais pode ser um momento fixo... ele terá que ser a própria sensação dinâmica‖. Os futuristas desejavam se ligar com tantas pessoas quanto possível, criando um bombardeio constante de publicidade por meio de manifestos, palestras, exposições e performances destinadas a provocar reações na plateia. Os pintores do movimento se proclamaram ―pioneiros de uma nova sensibilidade transformada‖. Como sua técnica era incapaz de retratar o mundo moderno e dinâmico em que viviam, eles combinaram elementos do neoimpressionismo – como o pontilhismo – com uma análise fotográfica e as formas fracionadas do cubismo. Substituindo os temas estáticos do cubismo pela vida urbana, a vida noturna e o movimento da cidade, eles acrescentaram artifícios pictóricos próprios e ―linhas de força‖ para transmitir movimento e atrair o observador pra dentro da tela. Numa fase posterior, mais abstrata (1913-1916), os futuristas voltaram-se para a escultura e a colagem-escultura. Com a morte de alguns de seus líderes na guerra, o movimento desapareceu,
  • 9. 10 embora uma segunda onda futurista - que sempre glorificou a violência e a guerra – estivesse intimamente ligada ao fascismo. Artistas 2.4 2.4.1 Giacomo Balla O italiano Balla foi o mais velho, o mais criativo e menos bombástico dos futuristas. Nascido em Turim 1871 e com morte em Roma, 1958. Foi professor de Severini e Boccioni, e graças à sua obsessão a tecnologia, em particular a fotografia quadro a quadro, fez inúmeros estudos sobre o movimento, que influenciaram suas obras, como, por exemplo, ―Movimentos Rápidos: Caminhos em Movimento + Sequências Dinâmicas‖ (1913), onde recria a velocidade de movimento de pássaros traçando linhas complexas, e repetindo formas como numa sequência de quadros. 2.4.2 Carlo Carrà Carlo (1881-1966) saiu de casa aos 12 anos para trabalhar como decorador de murais. Ingressou na Accademia di Brera de Milão em 1906. Em 1910 ajudou a redigir o Manifesto Futurista, dando início à sua fase mais popular e influente. Sua fase futurista terminou durante a Primeira Guerra, quando ele conheceu o pintor Giorgio de Chirico e descobriu a pintura metafísica. 2.4.3 Gino Severini Severini foi aluno de Giacomo Balla e era um elo entre os cubistas e os futuristas. Suas pinturas retratavam a dinâmica das ruas movimentadas, dançarinos e trens, caracterizados pela fragmentação cubista e pelo uso de cores fortes e formas geométricas. A partir de 1913, suas obras se tornaram mais abstratas e líricas baseadas nas possibilidades abstratas do divisionismo. Sua obra ―A Dança do Pan-Pan no Monico‖(1960) possui como tema o movimento e o ritmo, perfeito para exploração futurista.
  • 10. 11 2.4.4 Umberto Boccioni Nascido em 1882, foi fundador do futurismo, e provavelmente o mais talentoso dos pintores do movimento. Seus primeiros trabalhos foram influenciados pelo simbolismo. Boccioni em certo momento acaba se afastando dos temas sociais e se concentra e ilustrar suas teorias, em especial as relativas ao dinamismo. Entusiasta da Primeira Guerra Mundial alistou-se como voluntário em 1915, mas morreu num acidente durante o treinamento. Obras Caminhos em Movimento + Sequências Dinâmicas, Manifestação Intervencionista. Carlo Carrà, 1914, A Rua Penetra na Cidade por Umberto Boccioni
  • 11. 12 Formas Únicas de Continuidade no Espaço (Umberto Boccioni)
  • 12. 13 3 Expressionismo Ideias 3.1 O expressionismo é um movimento artístico que procura a expressão dos sentimentos e das emoções do autor, não tanto a representação objetiva da realidade. Este movimento revela o lado pessimista da vida, desencadeado pelas circunstâncias históricas de determinado momento. A face oculta da modernização, o isolamento, a alienação, a massificação se fizeram presentes nas grandes cidades e os artistas acharam que deveriam captar os sentimentos mais profundos do ser humano, assim, o principal motor deste movimento é a angústia existencial. O maior objetivo é potencializar o impacto emocional do expectador exagerando e distorcendo os temas. As emoções são representadas sem existir um comprometimento com a realidade externa, mas com a natureza interna e as impressões causadas no expectador. A força psicológica está representada através de cores fortes e puras, nas formas retorcidas e na composição agressiva. Desta forma, nem a perspectiva nem a luz importam muito, visto que são propositalmente alteradas. Influência e Contexto 3.2 Algumas raízes expressionistas podem ser encontradas nas pinturas negras de Goya, que rompeu com as convicções com as quais eram representadas as anatomias para mergulhar num mundo interior. Portanto, são referências imediatas Van Gogh e Gaugain, tanto pela técnica como pela profundidade psicológica. O Grito (Munch) O expressionismo começa com um período preliminar e está representado pelo artista norueguês Munch (autor de O Grito) e pelo belga Ensor.
  • 13. 14 O expressionismo desenvolveu-se principalmente na Alemanha, onde surgiram importantes grupos de artistas, tais como: Die Brücke (A Ponte), contemporâneo do movimento fauvista francês. Deste grupo, destacam-se Nolde e Kirshner, artistas comprometidos com a política e a situação social do seu tempo. Outro grupo foi o Der Blaue Reiter (O Ginete Azul), formado em Munich, em 1911, suas obras eram mais subjetivos e espirituais do que as obras do Die Brücke. Os artistas do Ginete Azul pensavam que o sentido e o significado de cada quadro estavam na percepção de cada expectador. A I Guerra Mundial destrói o movimento, mas não o extingue, são justamente as desgraças da guerra que motivam outros artistas a retratar toda a dor provocada. Outros artistas deste movimento que se destacaram foram Roault, Modigliani e Chagall.
  • 14. 15 4 Dadaísmo Origem e Ideais 4.1 Movimento artístico e literário que refletiu um protesto niilista contra todos os aspectos da cultura ocidental, especialmente o militarismo existente durante e logo após a Primeira Guerra Mundial. O termo ―dada‖, em francês, significa simplesmente "cavalo-de-pau"; diz- se que foi selecionado ao acaso, num dicionário, pelo poeta, ensaísta e editor Tristan Tzara, nascido em Roma. O dadaísmo foi idealizado em 1916 por Tzara, pelo escritor alemão Hugo Ball (1886-1927), pelo artista alsaciano Jean Arp, e outros jovens intelectuais que moravam em Zurique, Suíça. Uma reação semelhante contra a arte convencional aconteceu, simultaneamente, em Nova York e em Paris. Depois da Primeira Grande Guerra o movimento chegou à Alemanha, e muitos artistas do grupo de Zurique uniram-se aos dadaístas franceses em Paris. Contudo, o grupo parisiense se desintegrou em 1922. Para expressar a negação de todas as correntes e valores estéticos e sociais, os dadaístas usaram frequentemente métodos artísticos e literários que eram deliberadamente incompreensíveis. Suas performances teatrais e seus manifestos eram concebidos para chocar ou desnortear o público, com o objetivo de surpreender o público através de uma reconsideração de valores estéticos aceitos. Para este fim, os dadaístas utilizaram novos materiais e incluíram objetos achados no lixo das ruas, além de novas técnicas em suas obras, como se permitissem ao acaso a determinação dos elementos que iriam compor seus trabalhos. O pintor e escritor alemão Kurt Schwitters destacou-se por suas colagens com papel velho e materiais semelhantes, e o pintor francês Marcel Duchamp exibiu como obras de arte produtos comerciais ordinários, que ele mesmo chamou de ready-mades. Embora os dadaístas tenham empregado técnicas revolucionárias, sua revolta contra os padrões estéticos vigentes estava baseada em uma convicção profunda e originada ainda na tradição romântica, na bondade essencial de humanidade, quando não corrompida através de sociedade.
  • 15. 16 O Dadaísmo, como movimento artístico, declinou nos anos vinte, e alguns de seus participantes tornaram-se proeminentes em outros movimentos da arte moderna, especialmente o surrealismo. Durante a década de 50 houve um ressurgimento do interesse pelo Dadaísmo em Nova York, onde compositores, escritores, e artistas produziram muitos trabalhos com características dadaístas. Ainda que 1922 apareçam como o ano do fim do dadaísmo, fortes ressonâncias do movimento podem ser notadas em perspectivas artísticas posteriores. Na França, muitos de seus protagonistas integram o surrealismo subsequente. Nos Estados Unidos, na década de 1950, artistas como Robert Rauschenberg, Jasper Johns e Louise Nevelson retomam certas orientações do movimento no chamado neodada. Difícil localizar influências diretas do dadaísmo na produção brasileira, mas talvez seja possível pensar que ecos do movimento dada cheguem pela leitura que dele fazem os surrealistas, herdeiros legítimos do dadaísmo em solo francês. Por exemplo, em obras variadas como as de Ismael Nery e Cicero Dias; nas fotomontagens de Jorge de Lima, que podem ser aproximadas de trabalhos correlatos de Max Ernst; na produção de Flávio de Carvalho. De Carvalho, as performances, tão ao gosto das vanguardas - por exemplo, a relatada no livro Experiência nº 2 -, e também seu projeto para a Fazenda Capuava, construída em 1938, cujas motivações de aproximação arte e vida lembram segundo algumas leituras, o Merzbau de Schwitters. Origem do Nome 4.2 De acordo com a versão mais amplamente aceita, o nome "Dada" foi adotado no cabaré de Hugo Ball, Café Voltaire, em Zurique, em 1916, durante uma das reuniões secretas feitas por um grupo de jovens artistas e membros da Resistência, onde se incluíam Jean Arp, Richard Hülsenbeck, Tristan Tzara, Marcel Janco, e Emmy Hennings; quando um estilete de abrir correspondências caiu sobre um dicionário francês-alemão apontou a palavra dada, e ela foi escolhida pelo grupo como apropriada para suas criações anti-estéticas e atividades de protesto, que foram pensadas como uma reação aos valores pequeno-burgueses e ao desespero perante a Primeira Guerra Mundial.
  • 16. 17 Um precursor do Dadaísmo, e que acabou tornando-se um de seus membros principais, foi Marcel Duchamp, que em 1913 criou seu primeiro ready-made (hoje perdido), a “Roda de Bicicleta”, que consistia em uma roda montada sobre o assento de um tamborete. Características principais do dadaísmo 4.3  Objetos comuns do cotidiano são apresentados de uma nova forma e dentro de um contexto artístico;  Irreverência artística;  Combate às formas de arte institucionalizadas;  Crítica ao capitalismo e ao consumismo;  Ênfase no absurdo e nos temas e conteúdos sem lógica;  Uso de vários formatos de expressão (objetos do cotidiano, sons, fotografias, poesias, músicas, jornais, etc) na composição das obras de artes plásticas;  Forte caráter pessimista e irônico, principalmente com relação aos acontecimentos políticos do mundo. Artistas Dadaístas 4.4 Tristan Tzara Marcel Duchamp Hans Arp Julius Evola Francis Picabia Max Ernst Man Ray Raoul Hausmann Guillaume Apollinaire Hugo Ball Johannes Baader Arthur Cravan Jean Crotti George Grosz Richard Huelsenbeck Marcel Janco Clement Pansaers Hans Richter Sophie Täuber
  • 17. 18 Pintura no Dadaísmo 4.5 A pintura dadaísta foi um dos grandes mistérios da história da arte do século XX. Os pintores deste movimento, guiados por uma anarquia instintiva e um forte nihilismo, não hesitaram em anular as formas, técnicas e temas da pintura, tal como tinham sido entendidos até aquele momento. Um exemplo disso eram os quadros dos antimecanismos ou máquinas de nada, nos quais o tema central era totalmente inédito para aqueles tempos. Representavam artefatos de aparência mais poética do que mecânica, cuja função era totalmente desconhecida. Para dificultar ainda mais sua análise, os títulos escolhidos jamais tinham qualquer relação com o objeto central do quadro. Não é difícil deduzir que, exatamente através desses antitemas, os pintores expressavam sua repulsa em relação à sociedade, que com a mecanização estava causando a destruição do mundo. Um capítulo à parte merecem as colagens, que logo se transformaram no meio ideal de expressão do sentimento dadaísta. Tratava-se da reunião de materiais aparentemente escolhidos ao acaso, nos quais sempre se podiam ler textos elaborados com recortes de jornais de diferente feição gráfica. A mistura de todo tipo de imagens extraídas da imprensa da época faz desse tipo de trabalho uma antecipação precoce da idealização dos meios de comunicação de massa, que mais tarde viria a ser a artepop. Escultura no Dadaísmo 4.6 A escultura dadaísta nasceu sob a influência de um forte espírito iconoclasta. Uma vez suprimidos todos os valores estéticos adquiridos e conservados até o momento pelas academias, os dadaístas se dedicaram por completo à experimentação, improvisação e desordem. Os ready mades de Marcel Duchamp não pretendiam outra coisa que não dessacralizar os conceitos de arte e artista, expondo objetos do dia-a-dia como esculturas. Um dos mais escandalosos foi, sem dúvida, o urinol que este artista francês se atreveu a apresentar no Salão dos Independentes, competindo com as obras de outros escultores. Sua intenção foi tão-somente demonstrar até que ponto o critério subjetivo do artista podia transformar qualquer objeto em obra de arte. Com exemplos desse tipo e outros, pode-se afirmar que Marcel Duchamp é sem dúvida o primeiro pai da arte conceitual. Apareceram também, como na pintura, os primeiros antimecanismos, máquinas construídas com os elementos mais estapafúrdios e com o único objetivo de serem expostas para desconcertar e provocar o público. Os críticos não foram muito condescendentes com essas obras, que não conseguiam compreender nem classificar. Tais manifestações, por mais absurdas e insolentes que possam parecer, começaram a definir a plástica que surgiria nos anos seguintes. Fotografia e cinema dadaísta 4.7 Artistas de seu tempo, os dadaístas foram sem dúvida os primeiros a incorporar o cinema e a fotografia à sua expressão plástica. E fizeram isso de
  • 18. 19 uma maneira totalmente experimental e guiada por uma espontaneidade inata. O resultado desse novo materialismo foi um cinema completamente abstrato e absurdo, por exemplo, o de diretores como Hans Richter e a fotografia experimental de Man Ray e seus seguidores. Foi exatamente Man Ray o inventor da conhecida técnica do raiograma, que consistia em tirar a fotografia sem a câmara fotográfica, ou seja, colocando o objeto perto de um filme altamente sensível e diante de uma fonte de luz. Apesar de seu caráter totalmente experimental, as obras assim concebidas conseguiram se manter no topo da modernidade tempo suficiente para passar a fazer parte dos anais da história da fotografia e do cinema artísticos.
  • 19. 20 5 SURREALISMO O movimento surrealista nasceu no início do século XX, em Paris, fruto das teses de Sigmund Freud, criador da Psicanálise, e do contexto político indefinido que marcou este período, especialmente a década de 20. Ele questionava as crenças culturais então vigentes na Europa, bem como a postura humana, vulnerável frente a uma realidade cada vez mais difícil de compreender e dominar. Pintura de Vladimir Kush Esta escola artística e literária se insinua no interior dos movimentos de vanguarda modernistas, englobando antigos adeptos do Dadaísmo – linhagem cultural nascida em Zurique, em 1916, que primava pela irracionalidade, pela censura a toda atitude moderada e era marcada por uma descrença total e um negativismo radical. A teoria freudiana tem um grande peso na constituição do ideário surrealista, que valoriza acima de tudo o desempenho da esfera do inconsciente no processo da criação. O surrealismo procura expressar a ausência de racionalidade humana e as manifestações do subconsciente. Além dos dadaístas, ele se inspira também na arte metafísica de Giorgio de Chirico. Os surrealistas deslizam pelas águas mágicas da irrealidade, desprezando a realidade concreta e mergulhando na esfera da absoluta liberdade de expressão, movida pela energia que emana da psique. Eles almejam alcançar justamente o espaço no qual o Homem se libera de toda a repressão exercida pela Razão, escapando assim do controle constante do Ego. Os adeptos do Surrealismo se valem dos mesmos instrumentos que a Psicanálise, o método da livre associação e a investigação profunda dos impulsos oníricos, embora se esforcem para adaptar este manancial de recursos aos seus próprios fins. Desta forma eles objetivavam retratar o espaço descoberto por Freud no interior da mente humana, o inconsciente, através da abstração ou de imagens simbólicas.
  • 20. 21 O marco oficial da instituição deste movimento é o lançamento do Manifesto do Surrealismo, em outubro de 1924, por André Breton, que também o subscreveu. Este documento tinha o propósito de criar uma nova expressão artística acessível através do resgate das emoções e do impulso humano. A persistência da Memória (Salvador Dali - 1931) Isto só seria viável a partir do momento em que cada ser conquistasse o conhecimento de si mesmo, para então atingir o momento crítico no qual o interior e o exterior se revelam completamente coerentes diante da percepção humana. Ao mesmo tempo em que o Surrealismo pregava, como os dadaístas, a demolição do corpo social, ele propunha a gestação de uma nova sociedade, sustentada sobre outros alicerces. O Surrealismo – expressão que foi apresentada inicialmente pelo poeta cubista Guillaume Apolinaire, em 1917 – contava em suas fileiras com nomes famosos como os de Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí, nas artes plásticas; André Breton, no campo da literatura; e Buñuel, no cinema. Eles lançam, em 1929, o Segundo Manifesto Surrealista, publicando ao mesmo tempo o periódico A Revolução Socialista. Na década de 30 esta escola se expande e inspira vários outros movimentos, tanto no continente europeu quanto no americano. No Brasil ela se torna uma das várias vertentes absorvidas pelo Modernismo.
  • 21. 22
  • 22. 23 6 SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 Ideias 6.1 A Semana de arte moderna, de certa maneira, nada mais foi do que uma ebulição de novas ideias totalmente libertadas, nacionalista em busca de uma identidade própria e de uma maneira mais livre de expressão visto que era a arte no Brasil era muito influenciada pelo modelo artístico internacional. Almejava também uma ruptura com o passado e criar uma arte essencialmente brasileira. Havia também a oposição que os jovens artistas começaram a estabelecer entre sua arte e a arte do passado, a literatura, a pintura e a música brasileira, combatendo particularmente o realismo e o parnasianismo, transformados em doutrina oficial da República Velha. Cada dia da semana foi dedicado especialmente a um determinado tema, respectivamente, pintura e escultura, poesia, literatura e música. Representou uma verdadeira renovação de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora da ruptura com o passado e até corporal, pois a arte passou então da vanguarda, para o modernismo. Seu objetivo principal, como já descrito, era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade com "a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual", como informava o Correio Paulistano a 29 de janeiro de 1922. Anita Malfatti era muito polêmica, por ter ideais inovadoras, e ao mesmo tempo revolucionárias. As obras de Anita, que retratavam principalmente os personagens marginalizados dos centros urbanos, causou desaprovação nos integrantes das classes sociais mais conservadoras. A batalha dos modernistas se colocava contra ao passadismo, ou seja, tudo aquilo que impedisse a criação livre. Pode-se, assim, dizer que a proposta modernista era romper esteticamente com o engrossamento da arte das escolas passadas e ampliar os horizontes da arte antes delimitada pelos padrões acadêmicos. Como não existia um ideal comum entre os participantes do evento eles se dividiram em movimentos diferentes. Todos agradecidos pela herança deixada pela Semana de Arte Moderna, que ganhou valor histórico com o passar dos anos.
  • 23. 24 Onde e Quando 6.2 A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu na cidade de São Paulo no ano de 1922, de 11 a 18 de fevereiro, no Teatro Municipal. Durante os sete dias de exposição, foram expostos quadros e apresentadas poesias, músicas e palestras sobre a modernidade, o que deixou indignados alguns escritores e artistas de renome. São Paulo dos anos 20 era a cidade que melhor apresentava condições para a realização de tal evento. Tratava-se de uma próspera cidade, que recebia grande número de imigrantes europeus e modernizava-se rapidamente, com a implantação de indústrias e reurbanização. Era, enfim, uma cidade favorável a ser transformada num centro cultural da época, abrigando vários jovens artistas. Ao contrário, o Rio de Janeiro, outro polo artístico, se achava impregnado pelas ideias da Escola Nacional de Belas- Artes, que, por muitos anos ainda, defenderia, com unhas e dentes, o academicismo. Por quê? 6.3 O Brasil passava por um momento de discordância no cenário artístico. Uma parte dos artistas buscava a liberdade criadora, liberdade para se expressar além dos limites da realidade. Do outro lado estavam os artistas tradicionais que defendiam a arte como a cópia fiel do real. O ápice dessa discussão foi o evento de 22, quando a nova arte foi exposta. O estilo europeu desprezado pelos artistas modernistas era ainda muito apreciado no Brasil, o que causou grande alvoroço e insatisfação por parte do público. Contribuiu também para a recusa o fato de não se ter definido um padrão. O que os expectadores viram no evento foram experiências dos artistas que procuravam liberdade para criar. A popularização da renovação na arte brasileira aconteceu após uma dura crítica feita pelo escritor Monteiro Lobato à exposição da pintura expressionista de Anita Malfatti em 1917. O episódio ao contrário de derrubar a corrente artística, serviu de incentivo para a Semana de Arte Moderna. Todo novo movimento supõe negação ao passado e a semana de arte moderna não foi diferente. Surgiu porque havia um bom número de artistas que desejavam a liberdade na arte, o que não havia no Brasil da ‗‘República Velha‘‘. Tudo era
  • 24. 25 muito homogêneo e buscava um tal "purismo" que fechava a arte para a criação. Além do mais, já surgira na Europa as vanguardas - movimentos de experimentações e liberdades de ideias. A Semana aconteceu para trazer as novas ideias do mundo, sendo, entretanto, bastante nacionalista. Literatura 6.4 Somente duas obras foram lidas durante a semana: Os Sapos de Manoel Bandeira foi lido por Mário de Andrade. O prólogo de Paulicea Desvairada de Mário de Andrade foi lida pelo próprio autor Mário de Andrade não pode ler seu poema devido a problemas na garganta. A plateia não entendeu a poesia e ficou confusa. Quanto ao prólogo de Paulicea Desvairada, a plateia vaiou o autor e muitos deixaram o teatro. Oswald de Andrade 6.5 José Oswald de Sousa Andrade (São Paulo, 11 de janeiro de 1890 — São Paulo, 22 de outubro de 1954) foi um escritor, ensaísta e dramaturgo
  • 25. 26 brasileiro. Era filho único de Jose Oswald Nogueira de Andrade e de Inês Henriqueta Inglês de Sousa Andrade. Seu nome pronuncia-se com acento na letra a (Oswáld). Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que ocorreu 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo, sendo o mais inovador entre estes. Um dos mais importantes introdutores do Modernismo no Brasil, foi o autor dos dois mais importantes manifestos modernistas, o Manifesto da Poesia Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago, bem como do primeiro livro de poemas do modernismo brasileiro afastado de toda a eloqüência romântica, Pau-Brasil. Foi um dos interventores na Semana de Arte Moderna de 1922. Esse evento teve uma função simbólica importante na identidade cultural brasileira. Por um lado celebrava-se um século da independência política do país colonizador Portugal, e por outro consequentemente, havia uma necessidade de se definir o que era a cultura brasileira, o que era o sentir brasileiro, quais os seus modos de expressão próprios. No fundo procurava-se aquilo que Herder definiu como alma nacional (volksgeist). Esta necessidade de definição do espírito de um povo era contrabalançada, e nisso o modernismo brasileiro como um todo vai a par com as vanguardas européias do princípio do século, por uma abertura cosmopolita ao mundo. Foi com surpresa e satisfação que Oswald de Andrade descobriu, na sua estada em Paris na época do Futurismo e do Cubismo, que os elementos de culturas até aí consideradas como menores, como a africana ou a polinésia, estavam a ser integrados na arte mais avançada. Assim, a arte da Europa industrial era renovada com uma revisitação a outras culturas e expressões de outros povos. Oswald percebeu-se que o Brasil e toda a sua multiplicidade cultural, desde as variadas culturas autóctones dos índios até a cultura negra representavam uma vantagem e que com elas se poderia construir uma identidade e renovar as letras e as artes. A partir daí, volta sua poesia para um certo primitivismo e tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura popular e erudita.
  • 26. 27 6.5.1 Obras Poesia: Sendo o mais inovador da linguagem entre os modernistas, abriu caminhos que influenciaram muito a poesia brasileira posterior (como a de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Mello Neto, o Concretismo e Manoel de Barros), bem como a obra do poeta francês Blaise Cendrars, considerado um dos 10 maiores poetas franceses do século XX pelo poeta Paul Eluard. 1925: Pau-Brasil 1927: Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade 1942: Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão 1946: O Escaravelho de Ouro 1947: O Cavalo Azul 1947: Manhã 1950: O Santeiro do Mangue Romance: Seus romances ainda não são devidamente conhecidos, porém "Memórias Sentimentais de João Miramar", por exemplo, foi escrito antes de 1922, antecipando toda a linguagem do modernismo brasileiro. 1922-1934: Os Condenados (trilogia) 1924: Memórias Sentimentais de João Miramar 1933: Serafim Ponte Grande 1943: Marco Zero à Revolução Melancólica Teatro: 1916: Mon Couer Balance e Leur Ame (parceria com Guilherme de Almeida) 1934: O Homem e o Cavalo 1937: A Morta pelo homem 1937: O Rei da Vela; primeira encenação de seus textos em 1967, pelo Teatro Oficina de São Paulo Outros:
  • 27. 28 1990: Dicionário de bolso, publicação póstuma organizada por Maria Eugênia Boaventura a partir de manuscritos do espólio do autor contendo verbetes jocosos. Victor Brecheret 6.6
  • 28. 29 Victor Brecheret (Farnese, 22 de fevereiro de 1894 — São Paulo, 17 de dezembro de 1955) foi um escultor ítalo-brasileiro, considerado um dos mais importantes do país. É responsável pela introdução do modernismo na escultura brasileira. Sua figura ficou marcada pela boina que costumava vestir, ressaltando uma imagem tradicional do "artista". Nascido "Vittorio Breheret" (sem a letra 'c' no sobrenome) numa pequena localidade não distante de Roma, filho de Augusto Breheret e Paolina Nanni, esta última falecida quando o pequeno Vittorio tinha apenas seis anos de idade. Foi abrigado pela família do tio materno, Enrico Nanni, e com sua família emigrou para o Brasil ainda na infância. Ainda moço frequentou as aulas de entalhe em gesso e mármore do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, onde mais tarde viria a utilizar o ateliê e seus aprendizes para moldar suas obras. Amadureceu estudando na Europa, onde entrou em contato com as vanguardas artísticas que ocorriam nas décadas de 1910 e 1920. Trabalhou com o escultor italiano Arturo Dazzi, sendo influenciado pela estética de pós-impressionistas como Ivan Meštrović, croata, e os franceses Auguste Rodin e Émile-Antoine Bourdelle. Ligou-se a Emiliano Di Cavalcanti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia quando voltou ao Brasil e com eles participou da introdução do pensamento vanguardista no Brasil. Participou da Semana de Arte Moderna de 1922, expondo vinte esculturas no saguão e nos corredores do Teatro Municipal de São Paulo. A partir daí manteve paralelamente uma carreira na Europa e em seu país. Expôs no Salão dos Independentes de Paris e fundou a Sociedade Pró Arte Moderna. Em 1920 ganhou um concurso internacional de maquetes para a construção de uma grande escultura em São Paulo (o futuro Monumento às Bandeiras). Em 1923 o governo do Estado de São Paulo encomendou-lhe a execução do Monumento às Bandeiras, projeto a que Brecheret viria a se dedicar nos vinte anos seguintes. O Monumento às Bandeiras foi a maior obra de Brecheret e demorou 33 anos para ser construído (1920—1953). Em 1951 foi premiado como o melhor escultor nacional na primeira Bienal de São Paulo. No Brasil, tornou-se "Victor Brecheret" e já com mais de trinta anos de idade recorreu à Justiça para inscrever seu registro nascimento tardiamente no
  • 29. 30 Registro Civil do Jardim América (município de São Paulo). Assim Brecheret consolidava a sua nacionalidade brasileira, embora tivesse nascido na Itália. Este tipo de "regularização" era muito comum entre imigrantes italianos na primeira metade do século XX no Brasil. 6.6.1 Obras Quando estudante do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, Brecheret foi essencialmente um artesão, executando obras de teor clássico e romântico. Na Europa, iniciou uma produção similar a de pós-impressionistas. Ao entrar em contato com as vanguardas em curso naquela época no continente europeu, passou a expressar sua obra com manifestações vindas do construtivismo, expressionismo e cubismo, mas nunca chegando à abstração pura. Em sua fase mais madura, Victor procurou realizar experimentos estéticos que ligavam a escultura vernacular indígena brasileira com as experiências que desenvolveu na Europa. Em sua produção destacam-se:  "Ídolo" (1921)  "Monumento às Bandeiras" (1953)  "Monumento a Duque de Caxias" (1960)  "Depois do Banho" (1945)  "O Índio e Sasuapara" (1951)  "Fauno" (1942) (Monumento às Bandeiras)
  • 30. 31 Antônio Gomide 6.7 Antônio Gomide (Itapetininga, SP, Brasil, 1895 – Ubatuba, SP, Brasil, 1967) foi um dos grandes nomes da Primeira Geração de Modernistas, ele foi pintor, escultor e professor. Trouxe para a modernidade paulistana a experiência vanguardista parisiense - Cubismo e Art Déco -, desenvolvendo sua arte dentro das propostas da Semana de Arte Moderna de 22. Sua obra apresenta mudanças de rumo ao longo de quase 50 anos de produção, particularmente depois dos anos 30. Pertencente a elite paulista, era um homem cultivado de bela aparência física e esportista; praticava o boxe inglês e a esgrima. Filho de um jurista, sua formação artística se deu em Genebra, onde já vivia com a família antes da Primeira Guerra Mundial. Freqüentando com a irmã a Academia de Belas Artes, foi aluno do simbolista Ferdinand Hodler e colega do pintor John Graz, que se tornaria seu cunhado. Entretanto, o que marcaria profundamente sua obra seria a experiência parisiense, a partir de 1923. Nesta oportunidade, convive com os modernistas brasileiros Tarsila do Amaral e Victor Brecheret, que lá estavam. Entra em contato também com a arte de Pablo Picasso, Georges Braque, Francis Picabia, Gino Severini, André Lhote, entre outros. Gomide destacava-se no grupo da Primeira Geração de Modernistas por sua experiência com a técnica do afresco, a partir de 1924, quando teve com mestre Marcel-Lenoir, em Toulouse. Neste período, aborda temas religiosos, como faziam Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret.
  • 31. 32 Voltando ao Brasil, em 1928, Antônio Gomide passa a integrar-se cada vez mais ao panorama nacional, residindo em São Paulo. Participa do cenário artístico e político da cidade; alista-se nas tropas constitucionaliostas da Revolução de 32. Neste mesmo ano, funda o CAM (Clube dos Artistas Modernos), juntamente com Flávio de Carvalho, Carlos Prado e Di Cavalcanti. Como Oswald e Tarsila, torna-se socialista e sua arte volta-se, no decorrer dos anos 30, à temática nacional e popular, com ênfase na sensualidade e no ritmo das figuras africanas. Sua pintura percorre os esquemas decorativos cubistas do Art Déco - como nos cartões de estamparia, nos estudos de painéis e vitrais e na arte religiosa dos anos 20 -, bem como uma fatura expressionista - nas figuras toscas, com ausência de desenho. Além desta participação efetiva na modernidade paulistana, pode ser recordada sua significativa produção de painéis em afrescos e vitrais espalhados pela cidade, mantendo os esquemas estilizados do Art Déco. Nos anos 60, a perda de sua visão o obriga a mudar novamente seu destino como artista. Em uma relutância em abandonar a arte, dedica-se à lecionar, transmitindo para novas gerações a herança modernista. É a escultura, no entanto, que permite o artista a continuar sua produção, apesar da dificuldade em enxergar. Com a visão bastante comprometida, retira-se para Ubatuba, onde vive em reclusão até a sua morte, em 1967. (Puxada de Rede)
  • 32. 33 Di Cavalcanti 6.8 Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti, foi um importante pintor, caricaturista e ilustrador brasileiro... - Di Cavalcanti nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 6 de setembro de 1897. - Desde jovem demonstrou grande interesse pela pintura. Com onze anos de idade teve aulas de pintura com o artista Gaspar Puga Garcia. - Seu primeiro trabalho como caricaturista foi para a revista Fon-Fon, no ano de 1914. - Participou do Primeiro Salão de Humoristas em 1916. - Mudou para a cidade de São Paulo em 1917. - Em 1917, fez a primeira exposição individual para a revista "A Cigarra". - No ano de 1919, fez a ilustração do livro Carnaval de Manuel Bandeira. - Participou da Semana de Arte Moderna de 1922, expondo 11 obras de arte e elaborando a capa do catálogo. - Em 1923, foi morar em Paris como correspondente internacional do jornal Correio da Manhã. Retornou para o Brasil dois anos depois e foi morar na cidade do Rio de Janeiro. - Em 1926, fez a ilustração da capa do livro O Losango de Cáqui de Mário de Andrade. Neste mesmo ano participa como ilustrador e jornalista do jornal Diário da Noite. - Em 1927, colaborou como desenhista no Teatro de Brinquedo.
  • 33. 34 - Em 1928, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil. - Em 1934, foi morar na cidade de Recife. - Morou na Europa novamente entre os anos de 1936 e 1940. - Em 1937, recebeu medalha de ouro pela decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira. - Em 1938, trabalhou na rádio francesa Diffusion Française. - Em 1948, faz uma exposição individual de retrospectiva no IAB de São Paulo. - Em 1953, foi premiado, junto com o pintor Alfredo Volpi, como melhor pintor nacional na II Bienal de São Paulo. - Em 1955, publicou um livro de memórias com o título de Viagem de minha vida. - Recebeu o primeiro prêmio, em 1956, na Mostra de Arte Sacra (Itália). - Em 1958, pintou a Via-Sacra para a catedral de Brasília. - Em 1971, ocorreu a retrospectiva da obra de Di Cavalcanti no Museu de Arte Moderna de São Paulo. - Morreu em 26 de outubro de 1976 na cidade do Rio de Janeiro. Estilo artístico e temática: - Seu estilo artístico é marcado pela influência do expressionismo, cubismo e dos muralistas mexicanos (Diego Rivera, por exemplo). - Abordou temas tipicamente brasileiros como, por exemplo, o samba. O cenário geográfico brasileiro também foi muitoi retratado em suas obras como, por exmeplo, as praias. - Em suas obras são comuns os temas sociais do Brasil (festas populares, operários, as favelas, protestos sociais, etc). - Estética que abordava a sensualidade tropical do Brasil, enfatizando os diversos tipos femininos. - Usou as cores do Brasil em suas obras, em conjunto com toques de sentimentos e expressões marcantes dos personagens retratados. Obras  Pierrete - 1922  Pierrot - 1924  Samba - 1925
  • 34. 35  Samba - 1928  Mangue - 1929  Cinco moças de Guaratinguetá - 1930  Mulheres com frutas - 1932  Família na praia - 1935  Vênus - 1938  Ciganos - 1940  Mulheres protestando - 1941  Arlequins - 1943  Gafieira - 1944  Colonos - 1945  Abigail - 1947  - Aldeia de Pescadores - 1950  Nu e figuras - 1950  Retrato de Beryl - 1955  Tempos Modernos - 1961  Tempestade - 1962  Duas Mulatas - 1962  Músicos - 1963  Ivette - 1963  Rio de Janeiro Noturno - 1963  Mulatas e pombas - 1966  Baile Popular - 1972
  • 35. (Baile Popular) Ismael Nery 6.9 Nasceu em Belém do Pará, em 1900. Nove anos depois, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro data, também, da morte de seu pai. Em 1915, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes. Viajou pela Europa em 1920, tendo frequentado a Academia Julian, em Paris. De volta ao Brasil, trabalhou em arquitetura no Patrimônio Nacional do Ministério da Fazenda, onde conheceu o poeta Murilo Mendes que se tornaria seu grande amigo. Em 1922, casou-se com a poetisa Adalgisa Ferreira. Dessa união nasceram dois filhos. Nessa época realizou obras de tendência expressionista.
  • 36. Em 1926, deu início ao seu sistema filosófico de fundamentação católica e neotomista, denominado por Murilo Mendes de Essencialismo. Sabe-se que a abstração de tempo e espaço fundamenta suas idéias principais. No entanto, Ismael Nery nunca chegou a escrever sobre elas. Apenas depoimentos de amigos e alguns poemas seus referem-se a essa filosofia. Em 1927 fez nova viagem a Europa, onde entrou em contato com Chagall e outros surrealistas. Sua obra plástica sofreu, também, a influência metafísica de De Chirico e do cubismo de Picasso. Seus temas remetem-se sempre à figura humana. São retratos, auto-retratos e nus. São ausentes os temas nacionais, indígenas e afro-brasileiros. Nery seguia uma orientação menos regionalista, considerada por ele limitada. Dedicou-se a várias técnicas aplicadas em desenhos e ilustrações de livros. Foi, também, cenógrafo. Nos últimos anos de vida escreveu muitos poemas, tendo destruído sua maioria. Murilo Mendes preservou alguns desenhos e poesias de seu amigo, tendo sido responsável pela redescoberta de Nery nos anos 60. Em 1931, contraiu tuberculose. A partir daí, suas figuras tornaram-se mais viscerais e mutiladas. Em 1934, aos trinta e três anos de idade, morreu no Rio de Janeiro. Entre várias exposições a respeito do artista, destacam-se as VIII e X Bienais de São Paulo, a Retrospectiva de Ismael Nery, em 1966, no Rio de Janeiro e a Retrospectiva Ismael Nery - 50 Anos Depois, em 1984, no MAC- USP. (Figura)
  • 37. Vicente do Rego Monteiro 6.10 Nascido em Recife, em 1899, numa família de artistas. Já em 1911, Vicente do Rego Monteiro estava em Paris (em companhia da irmã mais velha), cursando, por pouco tempo, a Academia Julian. Talento precoce, em 1913 participou do Salão dos Independentes, na capital francesa. De volta ao Brasil em 1917, dois anos mais tarde realizou, em Recife, sua primeira mostra individual; em 1920 e 1921, apresentou-se no Rio de Janeiro, em São Paulo e Recife. Em São Paulo entrou em contato com os artistas e intelectuais que desencadeariam a Semana de Arte Moderna, da qual participou com dez de pinturas. Logo em seguida retornou a Paris, e integrou-se a tal ponto na vida artística e cultural da capital francesa que nos anos 20, era um dos pintores estrangeiros mais conceituados na França, com assídua e notável participação em mostras duais e coletivas. Alternando praticamente toda a sua existência entre a França e o Brasil, Vicente só pouco antes de falecer desfrutou algum prestigio maior em sua terra natal, onde nunca chegou a receber a consideração que sua importância exigia. Em 1957, fixou-se no Brasil. passando a lecionar sucessivamente na Escola de Belas-Artes de Recife, na de Brasília e de novo na de Recife. Em
  • 38. 1966 o Museu de Arte de São Paulo dedicou-lhe uma retrospectiva, o mesmo tendo feito, após sua morte, em 1970, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Muitas das melhores telas de Rego Monteiro perderam-se num incêndio, no fim da década de 20; Anos mais tarde, o artista tentou reproduzi-las de memória ou lançando mão de esboços e desenhos preliminares; mas, evidentemente, as obras perderam muito em emoção e sentimento. Em seus melhores momentos, Vicente é pessoal, embora aparentado a outros artistas de seu tempo. Sua peculiaridade é a insistência com que abordou temas nacionais, o que o transforma em precursor de uma tendência artística latino-amencana. Seu mundo de ideias oscilava entre as figuras do panteão americano e a Bíblia, os clássicos e outros temas grandiloqüentes, que tornam sua arte grave e profunda. Mas ele sentiu também, como poucos, a sedução do movimento fascinado que era pela dança e pelo esporte — e, homem de seu tempo, em determinada fase da carreira viu-se empolgado pelo não figurativismo. Características de sua arte são a plasticidade, a sensação volumétrica que se desprende dos planos, a textura quase imaterial, de tão leve, o forte desenho, esquematizado. e a ciência da composição, que o torna um clássico, preocupado com a construção das formas. (Transeuntes)
  • 39. Milton Dacosta 6.11 Milton Rodrigues Dacosta nasceu em Niterói, Rio de Janeiro, em 19 de outubro de 1915. Em 1931 ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, mas dois meses depois a Escola fechou. No mesmo ano participou da formação do Núcleo Bernadelli, grupo de jovens artistas que se reuniam no porão do prédio da Escola. Inicialmente Dacosta pintou composições figurativas e paisagens. Expôs entre os anos de 1933 a 1945 no Salão Nacional de Belas Artes, conquistando o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro em 1944, com a obra ―Cena de Atelier‖. Sua primeira exposição individual aconteceu em 1937 na Galeria Santo Antônio. O artista viajou para os Estados Unidos em 1944 e em seguida seguiu para Paris, onde conhece Cícero Dias e Pablo Picasso e frequentou a Academie de La Grande Chaumière. Aos vinte anos casou-se com a pintora Maria Leontina, com quem teve um filho, Alexandre Dacosta, também artista plástico, em 1959. A união durou 37 anos e terminou com a morte da pintora em 1984. Na década de 50 aderiu ao abstracionismo geométrico. Nesse mesmo ano expôs no Ministério da Educação e Cultura do Rio e representou o país na XXV Bienal de Veneza. Dacosta recebeu na II Bienal de são Paulo o Prêmio de
  • 40. Melhor Pintor Nacional, com a obra ―Construção‖. Entre 54 e 61 mudou-se para o Rio de Janeiro. Nos anos 60, o artista expõe uma série de gravuras coloridas em metal com o tema ―Vênus‖, tornando-se constante esse estilo em suas obras. Trabalhou como ilustrador de livros, principalmente ilustrador de algumas obras do escritor Carlos Drummond de Andrade. Faleceu em setembro de 1988, quatro anos após a morte de Maria Leontina, no Rio de Janeiro. (Figura Cabeçuda) Lasar Segall 6.12
  • 41. Biografia Lasar Segall (Vilna Lituânia 1891 - São Paulo SP 1957). Pintor, gravador, escultor, desenhista. De origem judaica, inicia estudos de arte, em 1905, na Academia de Desenho do mestre Antokolski, em Vilna, na Lituânia. Muda-se para a Alemanha em 1906 e estuda na Escola de Artes Aplicadas e na Academia Imperial de Belas Artes, em Berlim. Viaja para a cidade de Dresden, onde frequenta a Academia de Belas Artes. Amplia seu contato com a pintura impressionista e realiza, em 1910, a primeira mostra individual na Galeria Gurlitt. No final de 1912, vem para o Brasil e no ano seguinte expõe em São Paulo e Campinas. No mesmo ano retorna à Europa. Inicialmente, realiza uma pintura de derivação impressionista, com influência de Jozef Israël e de Paul Cézanne (1839-1906). A partir de 1914, passa a interessar-se pelo expressionismo, desenvolvendo-se plenamente nessa estética em 1917. Em 1919, em Dresden, funda com Otto Dix (1891-1969), Conrad Felixmüller (1897-1977), Otto Lange (1879-1944) e outros, o Dresdner Sezession Gruppe 1919, grupo que agrega artistas expressionistas da cidade. Em 1921, publica o álbum de litografias Bübüe e, em 1922, o Erinnerung an Wilna - 1917 com águas-fortes. Volta ao Brasil, onde fixa residência em São Paulo, no ano de 1923. Na capital paulista, Lasar Segall é destaque no cenário da arte moderna, considerado um representante das vanguardas europeias. No ano seguinte, executa decoração para o Baile Futurista do Automóvel Clube e para o Pavilhão Modernista de Olívia Guedes Penteado (1872-1934). É um dos fundadores da Sociedade Pró- Arte Moderna - Spam, em 1932, da qual se torna diretor até 1935. Dez anos após sua morte, em 1967, a casa onde morava, na Vila Mariana, em São Paulo, é transformada no Museu Lasar Segall. (Emigrantes)
  • 42. Anita Malfatti 6.13 Não fazia nem um mês desde que o Brasil deixara de ter imperador para se transformar numa República, quando nasceu Anita Catarina Malfatti. São Paulo, sua cidade natal, contava com menos de 50 mil habitantes - e acabara de ganhar seu primeiro transporte coletivo, o bonde puxado a burro. Os primeiros estudos artísticos de Anita foram orientados pela mãe. Elisabete, de nacionalidade norte-americana, era pintora, desenhista e falava vários idiomas. Anita se formou professora aos 19 anos, no Mackenzie, em São Paulo. Nessa época, morreu seu pai, responsável pelo sustento da família. A partir de então, a mãe passou a dar aulas de idiomas e de pintura, e Anita começou a trabalhar como professora. No entanto, seu talento para a pintura sensibilizou o tio e o padrinho de tal forma que eles juntaram dinheiro para mandar a moça estudar na Academia de Belas-Artes de Berlim, na Alemanha. Lá, Anita foi a uma grande exposição de pintura moderna. "Eram quadros grandes. Havia emprego de quilos de tintas, e de todas as cores. Um jogo formidável. Uma confusão, um arrebatamento, cada acidente de forma pintado com todas as cores. O artista não havia tomado tempo para misturar as cores, o que para mim foi uma revelação e minha primeira descoberta. Pensei: o artista está certo", ela contaria muitos anos mais tarde, ao recordar sua estada na capital alemã. Ela acabava de ter contato com a arte dos rebeldes, desligados do academicismo ensinado nas escolas. Na ocasião, Anita se deu conta de que nada no mundo era incolor ou sem luz. Fascinada, aproximou-se do grupo e passou a ter aulas, primeiro com Luís Corinth, o pintor daquelas telas, e depois
  • 43. com Bischoff-Culm, aprendendo pintura livre e a técnica da gravura em metal. A pintora voltou ao Brasil e realizou sua primeira exposição individual, em 1914. Em seguida, foi para os Estados Unidos onde estudou com Homer Boss, com a liberdade de pintar o que desejasse, livre de imposições. Foi esse período que marcou a fase mais brilhante de sua criação. Anita produziu telas como "O homem amarelo", "Mulher de cabelos verdes", "O Japonês", ainda hoje tidas entre suas melhores obras. Em 1917, São Paulo já contava com quase 500 mil habitantes - mas ainda era uma cidade acanhada em termos de vida cultural. Nesse ano Anita fez outra exposição, muito importante porque foi considerada a semente do modernismo. "Foi ela, foram os seus quadros, que nos deram uma primeira consciência de revolta e de coletividade em luta pela modernização das artes brasileiras" disse o escritor Mário de Andrade, outro expoente do modernismo brasileiro. No entanto, o editor e autor Monteiro Lobato, em artigo publicado no jornal "O Estado de S.Paulo", criticou a mostra, esperando atingir seu alvo principal, os modernistas, como Di Cavalcanti, companheiros da pintora. Ela recebeu mal a crítica. Entrou em depressão e parou de pintar. Um ano depois, decidida a ser mais convencional, foi tomar aulas de natureza-morta com Pedro Alexandrino Borges, e se tornou amiga da pintora Tarsila do Amaral. Os trabalhos de Anita foram exibidos na Semana de Arte Moderna de 1922 e em outras exposições, onde foi premiada e consagrada. Em 1933, conquistou a grande medalha de prata do Salão de Belas-Artes em São Paulo - nesse ano, a cidade completava a marca de um milhão de habitantes. Expôs na 1ª. Bienal paulista, em 1951. Quando a população paulistana passava dos quatro milhões, em 1963, Anita mereceu sala especial nessa mesma exposição. A pintora teve um amigo, confidente, sua paixão platônica de toda uma vida: Mario de Andrade. Ao que tudo indica, Mario sabia do amor de Anita, mas os dois nunca falaram sobre isso. Ele morreu, solteiro, em 1945. No décimo aniversário da morte do escritor, ela escreveu-lhe uma carta:
  • 44. "Tenho medo de ter desapontado a você. Quando se espera tanto de um amigo, este fica assustado, pois sabe que nós mesmos, nada podemos fazer e ficamos querendo, querendo ser grandes artistas e tristes de ficarmos aquém da expectativa." Principais obras  A boba  As margaridas de Mário  Natureza Morta - objetos de Mário  A Estudante Russa  O homem das sete cores  Nu Cubista  O homem amarelo  A Chinesa  Arvoredo  Interior de Mônaco (Mário de Andrade)
  • 45. 7 Música Para a aristocracia elegante de São Paulo, ir a uma sala de concertos em 1922 implicava ouvir, principalmente, a música romântica europeia. A apresentação de Heitor Villa-Lobos, único compositor convidado para a Semana de Arte Moderna, ajudou a mudar isso apesar da reação negativa de parte da plateia, avessa a qualquer novidade. Mais tarde, o Nacionalismo se tornou bandeira, símbolo da resistência diante da dominação europeia e modo de exprimir o novo segundo um país jovem, diferente em sua cultura miscigenada. Ernani Braga Villa-Lobos apresentou uma série de três espetáculos; Mostrou ao público paulista as seguintes obras: no dia 13, a "Segunda Sonata", o "Segundo Trio" e a "Valsa mística" (simples coletânea), "Rondante" (simples coletânea), "A Fiandeira" e "Danças Africanas"; no dia 15, "O Ginete do Pierrozinho", "Festim Pagão", "Solidão", "Cascavel" e "Terceiro Quarteto"; no dia 17, "Terceiro Trio", "Historietas: a) Lune de Octobre, b)Voilà la Vie, c)Je Vis San Retard, Car vite s'écoule la vie", "Segunda Sonata", "Camponesa cantadeira" (suíte floral), "Num Berço Encantado" (simples coletânaea),"Dança Infernal" e "Quatuor" (com coro feminino). Villa-Lobos não foi o único compositor moderno interpretado na Semana de Arte Moderna. Junto com suas obras foram interpretadas obras de Debussy, por Guiomar Novaes, e obras de Eric Satie, por Ernani Braga, o qual também interpretou "A Fiandeira", de Villa-Lobos. O Teatro Municipal de São Paulo foi o primeiro palco "erudito" a receber as obras de Villa-Lobos.
  • 46. 8 Literatura 1ª Fase 8.1 Os escritores de maior destaque dessa fase defendiam a reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais; promoção de uma revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais; eliminação definitiva do nosso complexo de colonizados, apegados a valores estrangeiros. Portanto, todas elas estão relacionadas com a visão nacionalista, porém crítica, da realidade brasileira. Os Movimentos literários Pau-Brasil defendiam a criação de uma poesia primitivista, construída com base na revisão crítica de nosso passado histórico e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e contrastes da realidade e da cultura brasileiras. Antropofagia a exemplo dos rituais antropofágicos dos índios brasileiros, nos quais eles devoram seus inimigos para lhes extrair força, Oswald propõe a devoração simbólica da cultura do colonizador europeu, sem com isso perder nossa identidade cultural. Verde-Amarelismo. 8.1.1 A revista Klaxon Entre os fatos mais importantes, destacam-se a publicação da revista Klaxon, lançada para dar continuidade ao processo de divulgação das ideias modernistas, e o lançamento de quatro movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a Anta. 2ª Fase 8.2 Na prosa, foi evidente o interesse por temas nacionais, uma linguagem mais brasileira, com um enfoque mais direto dos fatos marcados pelo Realismo – Naturalismo do século XIX. O romance focou o regionalismo, principalmente o nordestino, onde problemas como a seca, a migração, os problemas do trabalhador rural, a miséria, a ignorância foram ressaltados. Além do regionalismo, destacaram-se também outras temáticas, surgiu o romance urbano e psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista. A poesia da 2ª fase modernista percorreu um caminho de amadurecimento. No aspecto formal, o verso livre foi o melhor recurso para exprimir sensibilidade do novo tempo, se caracteriza como uma poesia de questionamento: da existência humana, do sentimento e
  • 47. ―estar-no-mundo‖, inquietação social, religiosa, filosófica e amorosa. Modernismo 3ª fase ou Geração 45 8.3 O período é representado principalmente pela prosa. Passa por algumas modificações. Poesia, prosa e os contos procuram uma literatura intimista ( buscaram uma poesia mais ―equilibrada e séria‖). Regionalismo mais sertanejo. Nesta fase os autores fogem aos excessos. A poesia dessa geração oscila entre o esteticismo subjetivo a poética experimentalista. Buscou uma pesquisa sobre a linguagem, desenvolveu um traço formalizante, valorização da palavra escrita e releitura dos costumes regionalista. Influências parnasianas e simbolistas.