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ARTE
CONTEMPORÂNEA
BRASILEIRA
• Antes de falarmos sobre a arte
contemporânea brasileira, temos que ter
bem claro o significado das palavras
“moderno” e “contemporâneo”.
• Muitas vezes, no cotidiano das pessoas,
na linguagem usual, estas palavras se
confundem, como, por exemplo: moderno
é sinônimo dos grandes lançamentos e
das novidades, de tudo o que há de mais
atual ou mais contemporâneo.
• Mas, em arte, temos que ter muito
cuidado ao empregar essas palavras, pois
elas não são sinônimas. Quando nos
referimos à arte moderna, estamos
falando de um movimento nascido na
Europa, que se disseminou por muitos
países do Ocidente e teve seu declínio
por volta da década de 1950.
• Em um cenário mais amplo, entende-se
por arte contemporânea o período
artístico surgido na segunda metade do
século XX e que se estende até os dias
de hoje. Logo após a Segunda Grande
Guerra, a arte passa a preocupar-se mais
com outros questionamentos, deixando de
lado as propostas de rupturas originadas
pela arte moderna e pelas vanguardas
modernistas de então.
• É importante lembrar que não há uma
exata superposição da linha do tempo
traçada para a classificação de períodos,
estilos ou movimentos artísticos, com a
linha do tempo utilizada pelo estudo da
história. Os historiadores de arte
consideram, por exemplo, o ano de 1848,
com o realismo de Gustave Courbet,
como o início da arte moderna. E, para
alguns, o aparecimento da pop art, marca
o início da arte contemporânea.
• Vale lembrar aqui que, após o Realismo, veio o
Impressionismo e que, depois dele, muitos outros
movimentos eclodiram por toda a Europa e pelos
Estados Unidos. Todos tinham como objetivo
afastarem-se dos cânones renascentistas, dizerem
não à cópia fidedigna do mundo real e firmarem
suas propostas. Contestavam até mesmo a
proposição do movimento antecessor, que, em
alguns casos, foi seu berço. E assim esses
movimentos foram se sucedendo: ora propondo a
bidimensionalidade, ora uma representação
calcada em planos e cores, valorizando, assim,
sua materialidade e as peculiaridades de sua
expressão.
• Com o advento do abstracionismo, ficou
definida a ruptura com imagens do mundo
real e firmou-se a intenção do movimento
de legitimar seus próprios elementos
constitutivos e a intenção de seus artistas
em fazer de suas experiências estéticas
um fim em si mesmas.
• Em resposta a tudo isso e em função das
mudanças ocorridas na sociedade e no
mundo, nas relações de tempo e espaço
que mudaram também a visão de mundo
do próprio homem, surgiu a arte
contemporânea, que assumiu a condição
de um novo conceito em arte a ser
considerado. A arte produzida a partir de
então não guardaria mais nenhuma
relação com a arte moderna do início do
século XX.
• A arte contemporânea rompeu com as
formas de arte que se recolhiam em si
próprias, cultuando suas próprias
verdades. Ela passou a investigar e a
explorar por todos os ângulos a natureza
de todas as formas de expressão, até
mesmo as clássicas: pintura e escultura,
levando suas possibilidades ao extremo
em seu contexto.
• Criou obras híbridas, as quais, para o
espectador, era difícil dizer se eram
pinturas ou esculturas. A arte
contemporânea fez também acontecerem
as instalações, as performances, a
fotografia, os vídeos, os *happenings.
Criou obras em que a interação
espectador e obra é uma constante, além
de muitas outras formas de linguagem.
• A estética contemporânea não busca
mais apenas o novo, nem busca chocar,
como fizeram os movimentos
vanguardistas do início do século XX, mas
busca apresentar uma proposta de
questionamento da linguagem e de sua
leitura, levando o espectador a uma
sensação de estranhamento ao se
deparar com a obra. Outra característica
importante da arte contemporânea, ao
contrário de outros movimentos, que
tiveram começo, meio e fim, é sua
inacababilidade, por ser algo em processo
e sempre abre novos caminhos e
• Mas, para falarmos da arte
contemporânea brasileira, temos
forçosamente que falar de um dos
principais espaços que assistiu à sua
gênese: a Bienal Internacional de São
Paulo. A primeira Bienal de São Paulo
ocorreu em 1951, graças ao empenho de
dois grandes mecenas da época:
Francisco Matarazzo Sobrinho (conhecido
com Ciccillo Matarazzo) e Assis
Chateaubriand.
• É importante ressaltar que, na segunda
Bienal, ocorrida em 1953, a famosa obra
Guernica, de Pablo Picasso, esteve
presente em seus salões, o que mostra, já
naquela época, sua importância no
circuito internacional das artes e o
reconhecimento que ganhou este espaço
fora do circuito europeu e norte-
americano.
• Quem teve oportunidade de visitar, nos
últimos anos, uma das exposições da
Bienal de São Paulo, certamente se
deparou com obras “estranhas” e que, à
primeira vista, pareciam sem sentido e
sem proposta alguma. Deve ser lembrado
que as Bienais, já há muito, tornaram-se
palco das mais arrojadas ideias de
artistas internacionais e nacionais.
• Incontáveis nomes de artistas
estrangeiros representantes da arte
contemporânea poderiam ser
mencionados aqui, mas nos
restringiremos a citar, alguns dos
principais artistas brasileiros que
representam legitimamente a arte
contemporânea brasileira não apenas em
território nacional, mas com projeção no
cenário internacional.
• Porém, antes de apresentarmos nomes,
precisamos esclarecer que a arte
contemporânea brasileira possui uma
história contada em tantas páginas
quantas as dos países que exerceram sua
hegemonia cultural sobre nós.
• Na passagem da década de 50 para a de
60, do século XX, temos Flávio de
Carvalho, Lygia Clark, em 1960, com
Bichos, e Hélio Oiticica, com os Núcleos e
os primeiros Penetráveis. Estes três
artistas podem ser considerados como os
responsáveis pela definitiva sincronização
do Brasil com as questões universais da
arte ocidental.
Flávio de Carvalho (1899-1973)
• Para falarmos um pouco da história de nossa
arte contemporânea, ou, mais exatamente, de
seus primórdios no Brasil, precisamos citar
Flávio de Carvalho, considerado um pioneiro
no campo da performance. Além de
engenheiro, era um inquieto pensador e um
artista plástico que criou as primeiras
performances de vanguarda na rua,
envolvendo em suas propostas conhecimentos
de psicologia, história da moda e antropologia.
• Duas de suas performances, por ele
chamadas de Experiências, marcaram
época na cidade de São Paulo. A de
número 2, ocorrida em 7 de junho de
1931, quase lhe custou a vida, ao
enfrentar uma multidão de religiosos que
se revoltou com ele, pelo fato de não se
descobrir, conservando ostensivamente
seu chapéu na cabeça, enquanto, na
esquina da Rua Direita com a Praça do
Patriarca, passava a procissão de Corpus
Christi.
• A Experiência número 3 aconteceu em
1957, portanto anos depois da primeira,
quando já havia multiplicado suas
atividades após visitar os Estados Unidos,
a América Latina e a Europa diversas
vezes, onde manteve contato com os
surrealistas André Breton e Tristan Tzara.
• Publicou diversos artigos em importantes
jornais brasileiros e trabalhou com Mário
de Andrade, Oswald de Andrade e Di
Cavalcanti. Agora, com uma visão mais
amadurecida, mostrou sua Experiência
número 3, considerada por ele a síntese
de suas pesquisas em termos de um
figurino, um traje desenhado por ele
próprio.
• Envergando este traje, essa Experiência
constou de um passeio pelas ruas do
centro da cidade de São Paulo, trajando o
figurino concebido.
• Sua proposta não era vazia;
fundamentava-se na sugestão de uma
roupa unissex, considerando a já
existente intenção de nivelamento entre
homens e mulheres, que deveria ser
utilizada por ambos, pensando no
conforto, na elegância e na higiene, pois
esta roupa era mais adequada ao nosso
clima tropical, porque a sociedade
paulistana de então envolvia-se em
pesadas e desconfortáveis peças
copiadas da moda europeia.
• Desta vez, Flávio não causou polêmica
apenas com a Igreja e a polícia, mas
também deixou a própria imprensa
perplexa, assim como os cidadãos em
geral. Visto por alguns como louco, por
outros como homossexual exibicionista,
não se deixou abalar e desfilou ainda uma
segunda vez, agora mudando algumas
peças do traje.
• Flávio de Carvalho foi, sem dúvida, um
artista à frente de seu tempo, um
desbravador que abriu caminhos para a
arte contemporânea brasileira.
Lygia Clark (1920-1988)
• Nascida em Belo Horizonte, pintora e escultora,
auto intitulou-se “não artista”. Iniciou seus estudos
em arte, com Burle Marx, no Rio de Janeiro.
Viajou para Paris, em 1952, onde estudou com
Fernand Léger, Arpad Szenes e Dobrinsky. Em
1954, integrou o grupo Frente. De 1954 a 58,
usando tinta industrial, basicamente o preto e o
branco, desenvolveu uma pintura de extração
construtivista. Em 1957, participou da I Exposição
Nacional de Arte Concreta, no Ministério de
Educação e Cultura no Rio de Janeiro.
• Sempre engajada na vanguarda artística,
em 1959, assinou o Manifesto
neoconcreto. Iniciou seu projeto de
articulações tridimensionais do plano, em
Casulos e trepantes, em que coloca o
espectador em contato direto com a obra,
interagindo com ela. Participou também
da Exposição Neoconcreta no MAM – Rio
de Janeiro.
Lygia Clark. Caranguejo duplo,
1961
• Em 1960, criou os Bichos, estruturas
móveis construídas em placas de metal
que convidam à manipulação, e também
Obra-mole, feita com pedaços de
borracha laminados, entrelaçados e
sempre se afastando dos suportes
tradicionais da arte.
• A partir de meados da década de 60,
enveredou-se pela poética do corpo, com
proposições sensoriais, utilizando o
próprio corpo como elemento plástico.
Arquiteturas Biológicas
A própria artista aparece na
obra, para demonstrar que
seu Pensamento Mudo está
localizado nos sentidos.
Hélio Oiticica (1937-1980)
• Pintor, escultor e artista plástico e
performático brasileiro, é considerado um
dos mais polêmicos e revolucionários
artistas de seu tempo.
• Teve a influência de uma inegável
herança cultural e genética, pois era neto
de José Oiticica, anarquista, professor e
filólogo brasileiro, autor do livro O
anarquismo ao alcance de todos (obra de
1945). Marcou sua presença na arte
contemporânea principalmente pelo
caráter experimental e inovador de suas
obras.
• No ano de 1959, renegando a estética
concretista, Hélio Oiticica fundou o Grupo
Neoconcreto, juntamente com Amilcar de
Castro, Franz Weissmann e Lygia Clark.
Neste momento, ele rompeu com a
bidimensionalidade do quadro, libertou a
cor, visando a soltá-la no espaço.
• Criou as Monocromias, que consistiam
em formas quadradas recortadas e
coladas sobre um suporte retangular
branco.
• Depois, vieram os Bilaterais, objetos
coloridos suspensos no ar. Neste seu
momento de extrema criatividade,
seguiram-se os Núcleos e os Relevos
espaciais, elementos tridimensionais,
também suspensos no ar, que podiam ser
manipulados pelo espectador.
Monocromias
BILATERAIS
NÚCLEO
• Hélio Oiticica criou, logo a seguir, os
Penetráveis, instalações em forma de
labirintos, com planos coloridos que
envolviam o espectador. Nos anos 60, ele
criou o Parangolé, o qual denominou de
“antiarte por excelência
• O Parangolé foi inspirado no samba,
gênero musical que despertou a atenção
de Oiticica, particularmente sua dança,
criando capas, bandeiras e estandartes
para serem usados ou carregados pelo
elemento integrante de um happening.
• Oiticica afirmava, ao falar do Parangolé,
que, ao vesti-lo, o corpo não era o suporte
da obra, mas incorporava-se à obra e a
obra ao corpo. “Meu objetivo, nesse tipo
de antiarte, é fazer com que o espectador
tenha oportunidade de deixar de ser
meramente um espectador, fazendo parte
da obra, e de estar literalmente dentro da
experiência estética”. Por isso, o
Parangolé é considerado uma escultura
em movimento.
• Hélio Oiticica participou da IV, V, VII, VIII,
XIV(como artista convidado) e da XXII
(com uma sala especial) Bienais
Internacionais de SP. Teve obras exibidas
na Bienal Brasil Século XX.
• Não menos importantes, nesse período,
são os integrantes do Grupo Frente,
liderado por Ivan Serpa, que tinha
também como adeptos Hélio Oiticica,
Lygia Pape, Aluísio Carvão, Décio Vieira,
Franz Weissmann e Abraham Palatnik,
entre outros.
• Flávio de Carvalho, Lygia Clark e Hélio
Oiticica, três grandes expoentes da arte
contemporânea brasileira, sem dúvida
alguma, abriram caminhos para as
gerações mais novas de artistas que se
seguiram, como Regina Silveira, Jac
Leirner, Antonio Lizárraga, Ana Maria
Tavares, Paulo Whitaker, Ângelo Venosa,
Amilcar de Castro, Tunga, Waltércio
Caldas, Artur Barrio e José Rezende,
além de muitos outros.
• Todos eles, efetivamente, contribuíram
para abrir as comportas da criatividade
brasileira, colocando nosso país no
circuito internacional das artes, de
maneira definitiva.
• “As coisas realmente mágicas são as que
acontecem bem na frente de você. Muitas
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• – Vik Muniz

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ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
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Arte contemporanea

  • 2. • Antes de falarmos sobre a arte contemporânea brasileira, temos que ter bem claro o significado das palavras “moderno” e “contemporâneo”.
  • 3. • Muitas vezes, no cotidiano das pessoas, na linguagem usual, estas palavras se confundem, como, por exemplo: moderno é sinônimo dos grandes lançamentos e das novidades, de tudo o que há de mais atual ou mais contemporâneo.
  • 4. • Mas, em arte, temos que ter muito cuidado ao empregar essas palavras, pois elas não são sinônimas. Quando nos referimos à arte moderna, estamos falando de um movimento nascido na Europa, que se disseminou por muitos países do Ocidente e teve seu declínio por volta da década de 1950.
  • 5. • Em um cenário mais amplo, entende-se por arte contemporânea o período artístico surgido na segunda metade do século XX e que se estende até os dias de hoje. Logo após a Segunda Grande Guerra, a arte passa a preocupar-se mais com outros questionamentos, deixando de lado as propostas de rupturas originadas pela arte moderna e pelas vanguardas modernistas de então.
  • 6. • É importante lembrar que não há uma exata superposição da linha do tempo traçada para a classificação de períodos, estilos ou movimentos artísticos, com a linha do tempo utilizada pelo estudo da história. Os historiadores de arte consideram, por exemplo, o ano de 1848, com o realismo de Gustave Courbet, como o início da arte moderna. E, para alguns, o aparecimento da pop art, marca o início da arte contemporânea.
  • 7. • Vale lembrar aqui que, após o Realismo, veio o Impressionismo e que, depois dele, muitos outros movimentos eclodiram por toda a Europa e pelos Estados Unidos. Todos tinham como objetivo afastarem-se dos cânones renascentistas, dizerem não à cópia fidedigna do mundo real e firmarem suas propostas. Contestavam até mesmo a proposição do movimento antecessor, que, em alguns casos, foi seu berço. E assim esses movimentos foram se sucedendo: ora propondo a bidimensionalidade, ora uma representação calcada em planos e cores, valorizando, assim, sua materialidade e as peculiaridades de sua expressão.
  • 8. • Com o advento do abstracionismo, ficou definida a ruptura com imagens do mundo real e firmou-se a intenção do movimento de legitimar seus próprios elementos constitutivos e a intenção de seus artistas em fazer de suas experiências estéticas um fim em si mesmas.
  • 9. • Em resposta a tudo isso e em função das mudanças ocorridas na sociedade e no mundo, nas relações de tempo e espaço que mudaram também a visão de mundo do próprio homem, surgiu a arte contemporânea, que assumiu a condição de um novo conceito em arte a ser considerado. A arte produzida a partir de então não guardaria mais nenhuma relação com a arte moderna do início do século XX.
  • 10. • A arte contemporânea rompeu com as formas de arte que se recolhiam em si próprias, cultuando suas próprias verdades. Ela passou a investigar e a explorar por todos os ângulos a natureza de todas as formas de expressão, até mesmo as clássicas: pintura e escultura, levando suas possibilidades ao extremo em seu contexto.
  • 11. • Criou obras híbridas, as quais, para o espectador, era difícil dizer se eram pinturas ou esculturas. A arte contemporânea fez também acontecerem as instalações, as performances, a fotografia, os vídeos, os *happenings. Criou obras em que a interação espectador e obra é uma constante, além de muitas outras formas de linguagem.
  • 12. • A estética contemporânea não busca mais apenas o novo, nem busca chocar, como fizeram os movimentos vanguardistas do início do século XX, mas busca apresentar uma proposta de questionamento da linguagem e de sua leitura, levando o espectador a uma sensação de estranhamento ao se deparar com a obra. Outra característica importante da arte contemporânea, ao contrário de outros movimentos, que tiveram começo, meio e fim, é sua inacababilidade, por ser algo em processo e sempre abre novos caminhos e
  • 13. • Mas, para falarmos da arte contemporânea brasileira, temos forçosamente que falar de um dos principais espaços que assistiu à sua gênese: a Bienal Internacional de São Paulo. A primeira Bienal de São Paulo ocorreu em 1951, graças ao empenho de dois grandes mecenas da época: Francisco Matarazzo Sobrinho (conhecido com Ciccillo Matarazzo) e Assis Chateaubriand.
  • 14. • É importante ressaltar que, na segunda Bienal, ocorrida em 1953, a famosa obra Guernica, de Pablo Picasso, esteve presente em seus salões, o que mostra, já naquela época, sua importância no circuito internacional das artes e o reconhecimento que ganhou este espaço fora do circuito europeu e norte- americano.
  • 15. • Quem teve oportunidade de visitar, nos últimos anos, uma das exposições da Bienal de São Paulo, certamente se deparou com obras “estranhas” e que, à primeira vista, pareciam sem sentido e sem proposta alguma. Deve ser lembrado que as Bienais, já há muito, tornaram-se palco das mais arrojadas ideias de artistas internacionais e nacionais.
  • 16. • Incontáveis nomes de artistas estrangeiros representantes da arte contemporânea poderiam ser mencionados aqui, mas nos restringiremos a citar, alguns dos principais artistas brasileiros que representam legitimamente a arte contemporânea brasileira não apenas em território nacional, mas com projeção no cenário internacional.
  • 17. • Porém, antes de apresentarmos nomes, precisamos esclarecer que a arte contemporânea brasileira possui uma história contada em tantas páginas quantas as dos países que exerceram sua hegemonia cultural sobre nós.
  • 18. • Na passagem da década de 50 para a de 60, do século XX, temos Flávio de Carvalho, Lygia Clark, em 1960, com Bichos, e Hélio Oiticica, com os Núcleos e os primeiros Penetráveis. Estes três artistas podem ser considerados como os responsáveis pela definitiva sincronização do Brasil com as questões universais da arte ocidental.
  • 19. Flávio de Carvalho (1899-1973) • Para falarmos um pouco da história de nossa arte contemporânea, ou, mais exatamente, de seus primórdios no Brasil, precisamos citar Flávio de Carvalho, considerado um pioneiro no campo da performance. Além de engenheiro, era um inquieto pensador e um artista plástico que criou as primeiras performances de vanguarda na rua, envolvendo em suas propostas conhecimentos de psicologia, história da moda e antropologia.
  • 20. • Duas de suas performances, por ele chamadas de Experiências, marcaram época na cidade de São Paulo. A de número 2, ocorrida em 7 de junho de 1931, quase lhe custou a vida, ao enfrentar uma multidão de religiosos que se revoltou com ele, pelo fato de não se descobrir, conservando ostensivamente seu chapéu na cabeça, enquanto, na esquina da Rua Direita com a Praça do Patriarca, passava a procissão de Corpus Christi.
  • 21. • A Experiência número 3 aconteceu em 1957, portanto anos depois da primeira, quando já havia multiplicado suas atividades após visitar os Estados Unidos, a América Latina e a Europa diversas vezes, onde manteve contato com os surrealistas André Breton e Tristan Tzara.
  • 22. • Publicou diversos artigos em importantes jornais brasileiros e trabalhou com Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Di Cavalcanti. Agora, com uma visão mais amadurecida, mostrou sua Experiência número 3, considerada por ele a síntese de suas pesquisas em termos de um figurino, um traje desenhado por ele próprio.
  • 23. • Envergando este traje, essa Experiência constou de um passeio pelas ruas do centro da cidade de São Paulo, trajando o figurino concebido.
  • 24. • Sua proposta não era vazia; fundamentava-se na sugestão de uma roupa unissex, considerando a já existente intenção de nivelamento entre homens e mulheres, que deveria ser utilizada por ambos, pensando no conforto, na elegância e na higiene, pois esta roupa era mais adequada ao nosso clima tropical, porque a sociedade paulistana de então envolvia-se em pesadas e desconfortáveis peças copiadas da moda europeia.
  • 25. • Desta vez, Flávio não causou polêmica apenas com a Igreja e a polícia, mas também deixou a própria imprensa perplexa, assim como os cidadãos em geral. Visto por alguns como louco, por outros como homossexual exibicionista, não se deixou abalar e desfilou ainda uma segunda vez, agora mudando algumas peças do traje.
  • 26. • Flávio de Carvalho foi, sem dúvida, um artista à frente de seu tempo, um desbravador que abriu caminhos para a arte contemporânea brasileira.
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  • 30. Lygia Clark (1920-1988) • Nascida em Belo Horizonte, pintora e escultora, auto intitulou-se “não artista”. Iniciou seus estudos em arte, com Burle Marx, no Rio de Janeiro. Viajou para Paris, em 1952, onde estudou com Fernand Léger, Arpad Szenes e Dobrinsky. Em 1954, integrou o grupo Frente. De 1954 a 58, usando tinta industrial, basicamente o preto e o branco, desenvolveu uma pintura de extração construtivista. Em 1957, participou da I Exposição Nacional de Arte Concreta, no Ministério de Educação e Cultura no Rio de Janeiro.
  • 31. • Sempre engajada na vanguarda artística, em 1959, assinou o Manifesto neoconcreto. Iniciou seu projeto de articulações tridimensionais do plano, em Casulos e trepantes, em que coloca o espectador em contato direto com a obra, interagindo com ela. Participou também da Exposição Neoconcreta no MAM – Rio de Janeiro.
  • 32. Lygia Clark. Caranguejo duplo, 1961
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  • 35. • Em 1960, criou os Bichos, estruturas móveis construídas em placas de metal que convidam à manipulação, e também Obra-mole, feita com pedaços de borracha laminados, entrelaçados e sempre se afastando dos suportes tradicionais da arte.
  • 36. • A partir de meados da década de 60, enveredou-se pela poética do corpo, com proposições sensoriais, utilizando o próprio corpo como elemento plástico.
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  • 40. A própria artista aparece na obra, para demonstrar que seu Pensamento Mudo está localizado nos sentidos.
  • 41. Hélio Oiticica (1937-1980) • Pintor, escultor e artista plástico e performático brasileiro, é considerado um dos mais polêmicos e revolucionários artistas de seu tempo.
  • 42. • Teve a influência de uma inegável herança cultural e genética, pois era neto de José Oiticica, anarquista, professor e filólogo brasileiro, autor do livro O anarquismo ao alcance de todos (obra de 1945). Marcou sua presença na arte contemporânea principalmente pelo caráter experimental e inovador de suas obras.
  • 43. • No ano de 1959, renegando a estética concretista, Hélio Oiticica fundou o Grupo Neoconcreto, juntamente com Amilcar de Castro, Franz Weissmann e Lygia Clark. Neste momento, ele rompeu com a bidimensionalidade do quadro, libertou a cor, visando a soltá-la no espaço.
  • 44. • Criou as Monocromias, que consistiam em formas quadradas recortadas e coladas sobre um suporte retangular branco.
  • 45. • Depois, vieram os Bilaterais, objetos coloridos suspensos no ar. Neste seu momento de extrema criatividade, seguiram-se os Núcleos e os Relevos espaciais, elementos tridimensionais, também suspensos no ar, que podiam ser manipulados pelo espectador.
  • 49. • Hélio Oiticica criou, logo a seguir, os Penetráveis, instalações em forma de labirintos, com planos coloridos que envolviam o espectador. Nos anos 60, ele criou o Parangolé, o qual denominou de “antiarte por excelência
  • 50. • O Parangolé foi inspirado no samba, gênero musical que despertou a atenção de Oiticica, particularmente sua dança, criando capas, bandeiras e estandartes para serem usados ou carregados pelo elemento integrante de um happening.
  • 51. • Oiticica afirmava, ao falar do Parangolé, que, ao vesti-lo, o corpo não era o suporte da obra, mas incorporava-se à obra e a obra ao corpo. “Meu objetivo, nesse tipo de antiarte, é fazer com que o espectador tenha oportunidade de deixar de ser meramente um espectador, fazendo parte da obra, e de estar literalmente dentro da experiência estética”. Por isso, o Parangolé é considerado uma escultura em movimento.
  • 52. • Hélio Oiticica participou da IV, V, VII, VIII, XIV(como artista convidado) e da XXII (com uma sala especial) Bienais Internacionais de SP. Teve obras exibidas na Bienal Brasil Século XX.
  • 53. • Não menos importantes, nesse período, são os integrantes do Grupo Frente, liderado por Ivan Serpa, que tinha também como adeptos Hélio Oiticica, Lygia Pape, Aluísio Carvão, Décio Vieira, Franz Weissmann e Abraham Palatnik, entre outros.
  • 54. • Flávio de Carvalho, Lygia Clark e Hélio Oiticica, três grandes expoentes da arte contemporânea brasileira, sem dúvida alguma, abriram caminhos para as gerações mais novas de artistas que se seguiram, como Regina Silveira, Jac Leirner, Antonio Lizárraga, Ana Maria Tavares, Paulo Whitaker, Ângelo Venosa, Amilcar de Castro, Tunga, Waltércio Caldas, Artur Barrio e José Rezende, além de muitos outros.
  • 55. • Todos eles, efetivamente, contribuíram para abrir as comportas da criatividade brasileira, colocando nosso país no circuito internacional das artes, de maneira definitiva.
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  • 57. • “As coisas realmente mágicas são as que acontecem bem na frente de você. Muitas vezes você continua procurando beleza, mas já está lá. E se você olhar com um pouco mais de intenção, você vê. “ • – Vik Muniz