O cuidado pré-natal não se limita à solicitação e interpretação de exames complementares. Deve-se buscar individualizar o cuidado, é o momento de preparo para o parto e amamentação, atenção para riscos sociais e vulnerabilidades e janela de oportunidades para a saúde da mulher.
Material de 11 de agosto de 2020
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Eixo: Atenção às Mulheres
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
“O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o
desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido
saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando
aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas”
Ministério da Saúde, 2012
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Objetivos dessa apresentação:
• Apresentar a sugestão de investigação complementar mínima no
seguimento pré-natal de mulheres de risco habitual;
• Discutir os significados e interpretação de seus resultados e sua
importância para a redução da morbimortalidade materna e neonatal.
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Introdução
• Brasil: cobertura elevada da assistência pré-natal (98,7%), 75,8% das mulheres iniciam o
pré-natal antes da 16a semana gestacional e 73,1% compareceram a 6 ou mais consultas.
• Porém, os desafios persistem para a melhoria da qualidade dessa assistência, com a
realização de procedimentos efetivos para a redução de desfechos desfavoráveis.
• A assistência pré-natal adequada, com a detecção e a intervenção precoce das situações
de risco, além da qualificação da assistência ao parto, são os grandes determinantes dos
indicadores de saúde relacionados à mãe e ao bebê que têm o potencial de diminuir as
principais causas de mortalidade materna e neonatal.
VIilellas et al, 2014.
Ministério da Saúde, 2012.
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Acompanhamento Pré-Natal
Calendário de Consultas
• Até 28 semanasMensal
• 32 a 36 semanasQuinzenal
• 36 a 41 semanasSemanal
Ministério da Saúde, 2012.
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Exames Complementares1ª Consulta
• Hemograma
• Tipagem sanguínea – PAI (se Rh negativo)
• Glicemia de jejum
• Teste rápido para Sífilis ou VDRL
• Teste rápido para HIV – Anti HIV
• Toxoplasmose – IgM/IgG
• AgHbs
• Urina I/Urocultura
• Ultrassonografia obstétrica (se necessário)
• Citologia oncótica (se necessário)
• Exames de secreção vaginal (se indicação)
• Parasitológico de fezes (se indicação)
• Eletroforese de hemoglobina (negras,
anemia crônica)
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
• Hemograma
• Glicemia de jejum
• PAI se Rh negativo
• VDRL
• Anti HIV
• AgHbs
• Toxoplasmose se suscetível
• Urina I
• Urocultura
• Bacterioscopia de secreção
vaginal (>37 sem)
• Rubéola
Exames ComplementaresNo 3º trimestre
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Rh + ou desconhecida
Solicitar novo PAI:
✓ 4/4 sem a partir da 24ª sem
Se PAI +
Referenciar para Med Fetal
Independente do título
Tipagem do parceiro
Rh -
Profilaxia
✓ 28 semanas a 34 semanas
✓ Parto
✓ Procedimentos invasivos
✓ TPP/Sangramento
250 a 300 µg Imunoglobulina anti D
Gestante Rh negativo
Rh +Desconhecida ou Rh- :solicitar tipagem
Pedir apenas PAITipagem
Sanguínea
Procurar no prontuário/cartão de pré-natal
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
VDRL
Tratamento
Teste treponêmico
Resultado
Resultado Amostra não reagente
Tratamento
Negativo
Negativo
Positivo
Positivo Indeterminado
Sífilis
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Traços
Não
Repetir em 15 dias
+
Hematúria
Infecção Isolada
Tratar
e repetir
Excluir
Sangr. genital
Hematúria persistente
Avaliação Nefro/Urologia
Cilindrúria
Avaliação
Nefrologia
Investigar
infecção
Repetir urina I
Urina I
Proteinúria
Hipertensão
e/ou Edema
Proteinúria quantitativa
Exames de PE
Internação
Avaliação Nefro
Sim
Maciça
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
FE – 120 a 240 mg/dia
Dieta
Parasitoses
Hb ≥ 11g/dl
Normal
Novo hemograma em 30 a60 dias
8 < Hb < 11g/dl
Anemia leve/moderada
Repetir exame
após 30º
semana
Hb ≥ 11g/dl
Normal
Após 20 semanas
Fe. elementar – 40 mg/dia
Ácido fólico 5 mg/dia*
Avaliação da
Hematologia
Hb ≤ 8g/dl
Grave
Dieta
Parasitoses
*Ácido fólico
400 a 800 mcg/dia
Hemograma
Hemograma
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Glicemia de Jejum
Glicemia de Jejum
≥ 126
Glicemia de Jejum
< 92
TTGO* 75g
J ≥ 92 mg/dl
1h ≥ 180 mg/dl
2h ≥ 153 mg/dl
Diabetes pré gestacional
DM2 - “Overt”
Diabetes Melitus
gestacional
24 a 28 sem
Alteração
de 1 valor
92 ≤ GJ < 126
Diabetes Gestacional
1ª consulta de pré-natal
(< 20 semanas)
*TTGO: teste de tolerância à glicose oral
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
TTGO entre 24 e 28 semanas
Diabetes pré gestacional
DM2 - “Overt”
Diabetes Melitus
Diabetes gestacional
Diabetes Gestacional
Alteração
de 1 valor
*TTGO 75g
J ≥ 92 mg/dl
1h ≥ 180 mg/dl
2h ≥ 153 mg/dl
TTGO 75g
GJ ≥ 126 mg/dl
2h ≥ 200 mg/dl
TTGO 75g
92 ≤ GJ < 126 mg/dl
2h < 200 mg/dl
Se 1ª consulta pré-natal
20 ≥ IG < 28 semanas
*TTGO: teste de tolerância à glicose oral
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Se 1ª consulta pré-natal
IG ≥ 28 semanas
Diabetes pré gestacional
DM2 - “Overt”
Diabetes Melitus
Diabetes gestacional
Diabetes Gestacional
Alteração
de 1 valor
*TTGO 75g
J ≥ 92 mg/dl
1h ≥ 180 mg/dl
2h ≥ 153 mg/dl
TTGO 75g
GJ ≥ 126 mg/dl
2h ≥ 200 mg/dl
TTGO 75g
92 ≤ GJ < 126 mg/dl
2h < 200 mg/dl
GTT75g imediatamente
*TTGO: teste de tolerância à glicose oral
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
IgG +
e
IgM -
Gestante imune
IgG -
e
IgM - Desconhecido
Solicitar IgG e IgM
IgG -
e
IgM -
Orientar profilaxia
Repetir junto com GTT/PG e após 30ª sem
IgG +
e
IgM +
Discutir com a equipe da
Medicina Fetal
Solicitar teste de avidez
IgG +
ou
IgM +
Gestante imune
Toxoplasmose
Procurar no prontuário por sorologia prévia
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Ag Hbs -
Anti Hbs -
Anti Hbc -
Orientar a vacinação
Materna após 1º trim
Ag Hbs -
Anti Hbs +
Anti Hbc -
Ag Hbs -
Anti Hbs +
Anti Hbc +
Gestante
Imune
Ag Hbs +
Sorovacinação do RN
Referenciar para a Infectologia
Checar sorologia prévia (Anti Hbs) e vacina (3 doses)
Eficácia de 80 a 100%
Sem necessidade de coleta de sorologia após vacinação completa
Hepatite B
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Não realizar rotineiramente
Populações especiais:
• Usuárias de drogas
• Parceiro usuário de drogas
• Múltiplos parceiros
• Transfusão
• Situação de risco
Objetivo
• Vacinar mulheres
suscetíveis no puerpério
• Solicitar no 3º trimestre
Hepatite C Rubéola
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Citologia Oncótica Cervical
Recomendação:
• O rastreamento em gestantes deve seguir as recomendações de periodicidade e faixa
etária como para as demais mulheres, sendo que a procura ao serviço de saúde para
realização do pré-natal deve sempre ser considerada uma oportunidade para rastreio.
A coleta de espécime endocervical não parece aumentar o risco sobre a gestação, quando
utilizada uma técnica adequada (MS, 2016)
Alterações -> referenciar para colposcopia
• 1% a 3% dos casos de câncer de colo ocorrem no
ciclo gravídico puerperal.
• 0.8 a 1.5 casos/10.000 nascimentos
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Rastreamento para Vaginose Bacteriana
A Vaginose Bacteriana está associada à:
• Trabalho de parto prematuro
• Rotura prematura de membranas
• Corioamnionite
• Infecção puerperal
Ainda assim, rastrear a tratar mulheres assintomáticas não diminui estas intercorrências.
Recomendação:
• Não há recomendação para rastreamento rotineiro para vaginose bacteriana em
mulheres assintomáticas durante o pré-natal.
• Deve-se mulheres sintomáticas e trata-las caso seja identificada vaginose.
Ministério da Saúde, 2012; CDC, 2015.
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Ultrassom Obstétrico
Com base nas evidências existentes, a ultrassonografia de rotina nas gestantes de baixo
risco não confere benefícios à mãe ou ao recém-nascido (grau de recomendação A).
Recomendação:
Ultrassom precoce – 11 a 14 semanas de gestação:
• Datação da idade gestacional
• Detecção de suspeita de malformação fetal/cromossomopatia
• Diagnóstico de gemelaridade
Ministério da Saúde, 2016.
Deve ser feito antes
de 20 semanas
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Ultrassom Obstétrico
2º trimestre: apesar de aumentar a taxa de detecção das malformações congênitas, não
existem evidências de que a USG em gestantes de baixo risco melhore o prognóstico
perinatal (grau de recomendação A).
3º trimestre: revisão sistemática disponibilizada pela biblioteca Cochrane sugere que não há
benefícios da ultrassonografia de rotina em gestações de baixo risco após a 24ª semana de
gravidez (grau de recomendação A).
Ministério da Saúde, 2016.
A realização de ultrassonografia em gestantes de baixo risco pode gerar controvérsias, pois não
existem evidências de que melhore o prognóstico perinatal, além da grande variação da
sensibilidade do método. Por isso, deve-se ter cautela na sua solicitação e interpretação.
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
• Cuidado pré-natal não se limita à solicitação e interpretação
de exames complementares.
• Deve-se buscar individualizar o cuidado: além das rotinas,
qual outro cuidado é necessário?
• É o momento de preparo para o parto e amamentação.
• Atenção especial para riscos sociais e vulnerabilidades:
idade, ocupação, violência doméstica, etc.
• Janela de oportunidades para a saúde da mulher
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
A redução da mortalidade materna e a prevenção de agravos e
dos óbitos evitáveis não serão alcançadas sem o diagnóstico
precoce da gravidez, início precoce do acompanhamento pré-
natal e sem diagnóstico e tratamento adequados de afecções
para a promoção de ações de saúde.
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EXAMES DE ROTINA DO PRÉ-NATAL
Referências
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério da Saúde.
Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012.318 p.: il. – (Série A. Normas e
Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n° 32)
• Brasil. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica : Saúde das Mulheres / Ministério da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa –
Brasília : Ministério da Saúde, 2016.
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente
Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais / Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2019.
• FEBRASGO. Rastreamento e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no Brasil. FEMINA 2019;47(11): 786-96.
• CDC. Sexually Transmitted Diseases (STDs). 2015 STD Treatment Guidelines. Diseases Characterized by Vaginal Discharge Bacterial Vaginosis, 2015.
Disponível em: https://www.cdc.gov/std/tg2015/bv.htm.
• Viellas, Elaine Fernandes, Domingues, Rosa Maria Soares Madeira, Dias, Marcos Augusto Bastos, Gama, Silvana Granado Nogueira da, Theme Filha,
Mariza Miranda, Costa, Janaina Viana da, Bastos, Maria Helena, & Leal, Maria do Carmo. (2014). Assistência pré-natal no Brasil. Cadernos de Saúde
Pública, 30(Suppl. 1), S85-S100. https://doi.org/10.1590/0102-311X00126013
• Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização
de Rede. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação
de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016.
28. ATENÇÃO ÀS
MULHERES
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