Este documento descreve os protocolos de assistência a gestantes infectadas pelos vírus das hepatites A, B e C no Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio Grande. Ele detalha as características dos vírus, o quadro clínico, o diagnóstico, os cuidados no pré-natal, no parto e com o recém-nascido para cada tipo de hepatite.
1. SERVIÇO PÚBLICO
FEDERAL
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG
FACULDADE DE MEDICINA
COORDENAÇÃO DO CURSO DE MEDICINA
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Rio Grande- RS – CEP 96201-900
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FURG
PROTOCOLOS DE ASSISTÊNCIA A
GESTANTE A SEREM
IMPLANTADOS NO HU/FURG E
SMS
Manejo dos quadros infecciosos
Protocolo de Hepatites
As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes agentes
etiológicos, com tropismo primário pelo fígado, que apresentam características
epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas.
Características dos vírus
Agente
etiológico
Modo de
transmissão
Período de
incubação
Período de transmissão
HAV Fecal-oral,
vertical
(rara)
15-45 dias
(média de
30 dias)
Desde duas semanas antes do início
dos sintomas até o final da segunda
semana da doença
HBV Sexual,
parenteral,
percutânea,
vertical
30-180
dias
(média de
60
a 90 dias)
Duas a três semanas antes dos
primeiros sintomas, se mantendo
durante a evolução clínica da doença.
O portador crônico pode transmitir o
HBV durante anos
HCV Sexual,
parenteral,
percutânea,
vertical
15-150
dias
Uma semana antes do início dos
sintomas e mantém-se enquanto o
paciente apresentar HCV-RNA
detectável
Quadro clínico:
• Fase aguda
o Período prodrômico - anorexia, náuseas, vômitos, diarréia (ou
raramente constipação), febre baixa, cefaléia, malestar, astenia e
fadiga, aversão ao paladar e/ou olfato, mialgia, fotofobia,
desconforto no hipocôndrio direito, urticária, artralgia ou artrite e
exantema papular ou maculopapular
2. • Fase Ictérica
o Diminuição dos sintomas prodrômicos
o Hepatomegalia dolorosa
o ↑ bilirrubinas totais (direta) 20 a 25 X
o TGO e TGP 10 a 100 X
o Fosfatase alcalia e Gama GT normais ou discretamente elevadas
• Fase de Convalescença - período que se segue ao desaparecimento
da icterícia, quando retorna progressivamente a sensação de bem-estar,
mas a fraqueza e o cansaço podem persistir por vários meses
o Recuperação em até 6 semanas
• Hepatite fulminate
o Alteração dos fatores de coagulação e encefalopatias no período
de até 8 semanas após o inicio da ictericia
o Mortalidade de 40 a 80%
Hepatite A
A doença aguda durante a gestação tem maior probabilidade de
acometimento hepático grave. Quanto a transmissão vertical deste vírus,
acredita-se que o seu curto período de viremia e os cuidados durante o parto
(evitando o contato do feto com fezes maternas), explique a raridade desta
forma de transmissão do HVA.
• Diagnóstico
o Solicitar Anti-HVA
• Pré-natal
o Ao ambulatório de alto risco
o Solicitar função hepática (TGo, TGP, Gama GT, Fosfatase
alcalina, bilirrubina, proteínas totais e frações)
o Não há restrição dietética, mas deve ser abolida a bebida
alcoólica
o Retorno mensal até 32 semanas, após quinzenal até 36 semanas
e semanais até o parto
o Avaliar bem estar fetal com cardiotocografia
o Convocar família (parceiro e filhos) para pesquisa sorológica e
vacina
• Parto
o Evitar contato do feto com as fezes maternas. Se a paciente
evacuar durante o parto, proteger o períneo com compressas
embebidas em PVPI
o Se houver episiotomia protege-la com compressas embebidas em
PVPI
• Cuidados com recém-nascido
3. o Aspiração cuidadosa
o Limpeza imediata do RN
o Orientação para Vacinação
Hepatite B
Não existe comprovação de prejuízo da história natural da hepatite B no
período gestacional.
Quanto ao prognóstico fetal na hepatite B esta relacionado com o
comprometimento materno. Na forma aguda de acometimento moderado ou
grave pode ocorrer aumento de trabalho de parto pré-termo, prematuridade e
restrição de crescimento intra-uterino. Na forma crônica do VHB sem
repercussão sistêmica grave, o prognóstico gestacional não é comprometido.
• Diagnóstico
No pré-natal da alto risco
o Solicitar perfil sorológico
Sorologia Inf. Aguda Inf. crônica Inf. passada
HBsAG + + -
Anti-HBS - - +
Anti-HBC
IgG
IgM
-
+
+
-
+
-
HBeAG + +/- -
Anti-HBe - +/- +
1ª Consulta
HBsAG
Não reativo
Vacinar
Após 1ºtrim
Reagente
Ao pré-natal de alto
risco
3º trimestre (28 sem)
HBsAG
4. • Pré-natal
o Ao ambulatório de alto risco
o Solicitar função hepática (TGo, TGP, Gama GT, Fosfatase
alcalina, bilirrubina, proteínas totais e frações)
o Não há restrição dietética, mas deve ser abolida a bebida
alcoólica
o Retorno mensal até 32 semanas, após quinzenal até 36 semanas
e semanais até o parto
o Avaliar bem estar fetal com cardiotocografia
o Evitar condutas invasivas
o Convocar família (parceiro e filhos) para pesquisa sorológica e
vacina
• Parto
o Via de parto obstétrica
o Clampiamento imediato do cordão
o Se houver episiotomia proteger com compressa
• Cuidados com recém-nascido
o Aspiração cuidadosa
o Limpeza imediata do RN
o Solicitar todos os marcadores
o Vacina e imunoglobulina (0,06 ml/Kg) até 12 horas após o parto -
Eficácia de 90% a 95%
o O uso isolado da Vacina até 12 horas após o parto - Eficácia de
70% a 85% (depende do HBeAG)
o A amamentação não é contra-indicada
Hepatite C
A transmissão vertical da Hepatite C situa-se em torno de 3 a 6%. No
entanto a infecção pelo vírus HIV aumenta a TV do HCV, podendo chegar a
36%. O prognóstico perinatal relaciona-se com o grau de acometimento
materno podendo ocorrer aumento de trabalho de parto pré-termo,
prematuridade e restrição de crescimento intra-uterino.
• Diagnóstico
o Solicitar Anti-HCV – lembrar que a presença do anticorpo não
indica que a gestante é portadora do vírus.
• Pré-natal
o Ao ambulatório de alto risco
o Solicitar carga viral para hepatite C (PCR quantitativo)
o Solicitar função hepática (TGo, TGP, Gama GT, Fosfatase
alcalina, bilirrubina, proteínas totais e frações)
5. o Não há restrição dietética, mas deve ser abolida a bebida
alcoólica
o Retorno mensal até 32 semanas, após quinzenal até 36 semanas
e semanais até o parto
o Avaliar bem estar fetal com cardiotocografia
o Evitar condutas invasivas
o Convocar família (parceiro e filhos) para pesquisa sorológica
• Parto
o Via de parto obstétrica
o Clampiamento imediato do cordão
o Se houver episiotomia proteger com compressa
• Cuidados com recém-nascido
o Aspiração cuidadosa
o Limpeza imediata do RN
o Solicitar todos os marcadores
o A amamentação não é contra-indicada – a não ser que tenha
fissuras mamilares com risco de sangramento na mamada.
6. o Não há restrição dietética, mas deve ser abolida a bebida
alcoólica
o Retorno mensal até 32 semanas, após quinzenal até 36 semanas
e semanais até o parto
o Avaliar bem estar fetal com cardiotocografia
o Evitar condutas invasivas
o Convocar família (parceiro e filhos) para pesquisa sorológica
• Parto
o Via de parto obstétrica
o Clampiamento imediato do cordão
o Se houver episiotomia proteger com compressa
• Cuidados com recém-nascido
o Aspiração cuidadosa
o Limpeza imediata do RN
o Solicitar todos os marcadores
o A amamentação não é contra-indicada – a não ser que tenha
fissuras mamilares com risco de sangramento na mamada.