SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
MABE, Manabu (1924-97). Nascido em Kumamoto Ken (Japão) e falecido em São Paulo.
Tinha dez anos quando em 1934 sua família, composta por pai, mãe e oito filhos, emigrou para
o Brasil, fixando-se no interior de São Paulo. Viveu inicialmente em Birigui, mudando-se em
1940 para Lins, e como todos os demais familiares dedicava-se ao cultivo do solo.
Rememorando anos depois sua chegada ao Brasil, confessaria o impacto sofrido com as cores
locais:

- Quando cheguei ao Brasil vi muitas cores, tons que jamais havia visto em minha vida. Eram
cores brasileiras, cores fortes.

Foi em 1945, decerto ainda sob o impacto dessas "cores brasileiras, cores fortes", que Mabe
pintou suas primeiras telas - autodidaticamente, copiando clichês de revistas. Só alguns anos
mais tarde, após ter recebido ainda em Lins pequena orientação do veterano pintor japonês
Teisuke Kumasaka (que na mocidade recebera aulas de Antonio Parreiras e de outros grandes
mestres no Rio de Janeiro), Mabe iria mudar-se para São Paulo. Num breve retrospecto
biográfico feito em 1971, a pedido de Luis Ernesto Machado Kawall, o já então
internacionalmente famoso pintor assim sintetizaria sua evolução:

- Após chegar do Japão, fixei-me no interior do Estado, em Lins, Birigui e Guararapes,
trabalhando como colono durante muitos anos em fazendas de café. Meus primeiros quadros
datam dos meados da década de 1940. Vindo para a Capital, fui morar no Jabaquara, onde
comprei uma pequena casa, que hoje, grandemente ampliada, é minha residência e também
meu ateliê. Era ajudante de tintureiro. Tingia e pintava gravatas, que vendia aos amigos e em
algumas lojas da cidade. Autodidata, admirando muito o pintor japonês Takaoka, radicado em
São Paulo, iniciei-me na pintura figurativa e logo passei à abstrata.

Em 1951 Mabe participou pela primeira vez de uma coletiva - o Salão Nacional de Belas Artes
(Divisão Moderna). No ano seguinte, após efetuar no Clube Linense sua primeira individual, e
em face do sucesso obtido, comunicou à mulher, Ioshino, sua decisão fundamental:

- Vamos passar fome, mas não sei fazer outra coisa. Vou pintar até morrer.

Pintava, por essa época, principalmente naturezas-mortas e paisagens, fortemente
influenciadas por artistas como Picasso e sobretudo Braque. Seu Figurativismo Expressionista
iria perdurar até 1957, quando Mabe adotou em definitivo o Não-Figurativismo, filiado à
corrente do Abstracionismo Informal. Essa passagem do Figurativismo ao Abstracionismo fez-
se por assim dizer naturalmente, mesmo porque correspondia a uma inclinação atávica da
personalidade oriental de Mabe. Na verdade, a partir de então a pintura de Mabe não fez senão
combinar, num todo de rara felicidade, as experiências internacionais do Informalismo e a arte
tradicional japonesa do signo caligráfico. Desde 1957 e até falecer, com efeito - com a breve
exceção do interlúdio néo-figurativista ocorrido em 1971, e ao qual nos referimos mais adiante
-, Mabe manteve-se fiel aos postulados da pintura gestual, dando provas de uma
impermeabilidade a novas pesquisas que seus admiradores classificaram como coerência
estilística, e seus desafetos como sinal de esgotamento criador.

Embora participando com freqüência de salões e coletivas por toda a década de 1950 - do
Salão Nacional de Arte Moderna entre 1952 e 1960, com isenção de júri em 1958; da Bienal de
São Paulo a partir de 1953 e do Salão Paulista de Arte Moderna após 1956 -, Mabe obteria sua
consagração nacional e internacional apenas em 1959 - o "Ano Manabu Mabe", como escreveu
a revista Time em sua edição do dia 2 de novembro de 1959. Nesse ano, com efeito, Mabe
recebeu o prêmio de Melhor Pintor Nacional na V Bienal de São Paulo e o Prêmio de Pintura
na I Bienal de Paris, isso numa época em que as premiações internacionais significavam muito.
Em 1960, nova premiação importante: o Prêmio Fiat, na XXX Bienal de Veneza; finalmente, em
1962, o prêmio de pintura da I Bienal Americana de Córdoba, na Argentina. Admitido assim ao
restrito clube dos artistas de trânsito verdadeiramente internacional, Mabe realizou de 1960 em
diante exposições de sucesso em cidades como Montevidéu, Buenos Aires, Roma, Paris,
Washington, Lima, Nova Iorque, México, Tóquio, Londres, Kumamoto, Kamakura, Osaka,
Miami, Coral Gables e Panamá, além de expor várias vezes no Brasil. Mantendo ateliê em São
Paulo e Nova Iorque, com permanências anuais também em Tóquio, Mabe foi dentre todos os
pintores nipo-brasileiros, aquele de maior prestígio internacional, autêntico chefe de escola.

Desde os seus primórdios, ainda quando produzia uma pintura figurativista, à sombra da dos
grandes mestres como Picasso e Braque, comprazendo-se na execução de paisagens e
mormente de naturezas-mortas, Mabe dava já provas de um autêntico talento pictórico,
chegando pelo instinto a resultados a que muitos não chegam sequer após longos anos de
academia. Salvava-o da mediocridade geral, além do instinto, uma férrea disciplina, a vontade,
que sempre possuiu, de vir a ser um grande artista. No momento em que, dando por concluído
o ciclo figurativista iniciado em 1945, o pintor deu vazas à própria imaginação e vitalidade,
deixando fluir livremente sobre a tela o gesto criativo, caligráfico e original, conjugando num
todo uno suas origens nipônicas e a tônica do Abstracionismo Informal então dominante no
mundo ocidental, o resultado foi uma pintura requintada, cujos esquemas cromáticos e
opulentos recursos de textura eram regidos por sensibilidade evidente e certeira intuição
poética.

Tais começos do informalismo de Mabe, contudo, seriam com o passar de alguns anos ainda
mais depurados, chegando o artista a uma pintura mais pensada e mais elaborada - menos
espontânea, se quiserem, mas de uma sutileza infinitamente superior, e de maior profundidade.
Empastes e transparências, cromatismos violentos alternando-se a outros de extrema
delicadeza passam então a dominar sua produção, sucedendo-se a cada quadro novas
conquistas expressivas, como se o artista quisesse demonstrar à saciedade a riqueza de seus
recursos e a fonte inesgotável de sua criatividade.

Por volta de 1971, uma ruptura: Mabe executa o percurso inverso, retoma o Figurativismo -
não, obviamente, o figurativismo de seus começos expressionistas e neo-braqueanos, mas um
figurativismo diferente, no qual, como nos testes de Rorschach, as figuras humanas e formas
animais são apenas sugeridas ou insinuadas a partir de manchas de cor. Realce-se, nessas
obras figurativistas de começos da década de 1970, o elevado conteúdo erótico e certa
tendência cósmica e metafísica. Ninguém melhor do que o crítico Jayme Maurício, porém, para
analisar essa fase da evolução de Mabe, ele que foi dos mais lúcidos e constantes exegetas de
sua arte:

- Agora, nesta visita de junho de 1971, Mabe mostrou-nos uma semi-figuração, conseqüência
de uma nostalgia permanente da figura, que ele realmente nunca abandonou, em telas que
nunca expôs, ao longo da sua fulgurante carreira. Sem rejeição brusca da linha e
características pictóricas da produção anterior - as grandes superfícies, o espaço, a matéria
rica, o empaste, as transparências, as cores, a pincelada mesmo -, Mabe transforma as suas
formas em figuras humanas, em animais, em símbolos cósmicos, delineando volumetricamente
algumas atitudes e situações expressivas das reações e condicionamentos dos homens e dos
animais. Consegue manter as suas qualidades plásticas no lirismo com que une abstração e
figuração. O novo Mabe pede uma percepção mais atenta, uma reflexão mais profunda sobre o
virtuosismo e a sinceridade da sua proposta ambivalente. O compromisso com a figura é tênue
- não fixa detalhes anatômicos definitivos ou claros, mas consegue criar um nítido clima
figurativo, dando às suas formas o contorno humano e animal. E o faz enfocando aspectos
bastante comprometidos com o erotismo, a religiosidade, o cósmico, a família, o protesto ou o
pungente. O mundo continua bom e poético para Manabu Mabe, que não exalta nem avilta ou
degrada a figura, tratando-a simplesmente como ela o é, de fato, em várias situações.

Já em 1972 Mabe retomava a anterior veia da pintura gestual, até certo ponto forçado por
exigências do mercado, e nos próximos anos não imprimiria, a rigor, nenhuma nova orientação
à sua linha estilística - imutável até seus últimos dias.

                               Estranho, óleo s/ madeira, 1959;
                            1,05 X 1,22, Museus Castro Maya, RJ.

                                  A fome, óleo s/ tela, 1961;
                            2,50 X 2,00, Palácio Bandeirantes, SP.
Abstracionismo, óleo s/ tela, 1967;
 1,81 X 2,01, Pinacoteca do Estado de São Paulo.

            Equador II, óleo s/ tela, 1973;
1,80 X 2,00, Museu de Arte Contemporânea da USP.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (20)

Centro de ensino sâmela
Centro de ensino   sâmelaCentro de ensino   sâmela
Centro de ensino sâmela
 
Rebolo gonzales, francisco
Rebolo gonzales, franciscoRebolo gonzales, francisco
Rebolo gonzales, francisco
 
Modernismo brasileiro
Modernismo brasileiroModernismo brasileiro
Modernismo brasileiro
 
Thiago de carvalho caique xavier
Thiago de carvalho   caique xavierThiago de carvalho   caique xavier
Thiago de carvalho caique xavier
 
Centro de ensino edison lobão1
Centro de ensino edison lobão1Centro de ensino edison lobão1
Centro de ensino edison lobão1
 
Tarcila amaral
Tarcila amaralTarcila amaral
Tarcila amaral
 
Dias, cícero
Dias, cíceroDias, cícero
Dias, cícero
 
Artes (7)
Artes (7)Artes (7)
Artes (7)
 
Arte moderna principais artistas
Arte moderna   principais artistasArte moderna   principais artistas
Arte moderna principais artistas
 
Dacosta, milton
Dacosta, miltonDacosta, milton
Dacosta, milton
 
Cubismo
Cubismo Cubismo
Cubismo
 
Volpi, alfredo
Volpi, alfredoVolpi, alfredo
Volpi, alfredo
 
Luana lima ribeiro
Luana lima ribeiroLuana lima ribeiro
Luana lima ribeiro
 
Artes (2) weverton
Artes (2) wevertonArtes (2) weverton
Artes (2) weverton
 
Século xx no brasil
Século xx no brasilSéculo xx no brasil
Século xx no brasil
 
Abstracionismo
AbstracionismoAbstracionismo
Abstracionismo
 
Centro de ensino milton
Centro de ensino    miltonCentro de ensino    milton
Centro de ensino milton
 
Artes rafaela camilo
Artes   rafaela camiloArtes   rafaela camilo
Artes rafaela camilo
 
Artes (6)
Artes (6)Artes (6)
Artes (6)
 
Centro de ensino edison lobão bruno
Centro de ensino edison lobão brunoCentro de ensino edison lobão bruno
Centro de ensino edison lobão bruno
 

Destaque

CAMPAÑA DORITOS
CAMPAÑA DORITOSCAMPAÑA DORITOS
CAMPAÑA DORITOSOITHEARRASE
 
Robotica y biotecnologia
Robotica y biotecnologiaRobotica y biotecnologia
Robotica y biotecnologiayekfunny
 
Naval Mine Warfare - Watching over the oceans: our global arteries for food, ...
Naval Mine Warfare - Watching over the oceans: our global arteries for food, ...Naval Mine Warfare - Watching over the oceans: our global arteries for food, ...
Naval Mine Warfare - Watching over the oceans: our global arteries for food, ...Nico Vasseur
 
Brinquedos ebrincadeiras - carrinhos
Brinquedos ebrincadeiras - carrinhosBrinquedos ebrincadeiras - carrinhos
Brinquedos ebrincadeiras - carrinhoslabneusa
 
Cardenalitoo
CardenalitooCardenalitoo
CardenalitooGANELO
 
Os planetas
Os planetasOs planetas
Os planetaslabneusa
 
4ª edição do BHSM - Gabriel Ishida
4ª edição do BHSM - Gabriel Ishida4ª edição do BHSM - Gabriel Ishida
4ª edição do BHSM - Gabriel IshidaZoom Comunicação
 
Actividadeseconmicas 110607110631-phpapp01
Actividadeseconmicas 110607110631-phpapp01Actividadeseconmicas 110607110631-phpapp01
Actividadeseconmicas 110607110631-phpapp01Paula Campos
 
Historia de los ordenadores e Internet.
Historia de los ordenadores e Internet.Historia de los ordenadores e Internet.
Historia de los ordenadores e Internet.MariaVeinti7
 

Destaque (20)

CAMPAÑA DORITOS
CAMPAÑA DORITOSCAMPAÑA DORITOS
CAMPAÑA DORITOS
 
situación
situaciónsituación
situación
 
Robotica y biotecnologia
Robotica y biotecnologiaRobotica y biotecnologia
Robotica y biotecnologia
 
Naval Mine Warfare - Watching over the oceans: our global arteries for food, ...
Naval Mine Warfare - Watching over the oceans: our global arteries for food, ...Naval Mine Warfare - Watching over the oceans: our global arteries for food, ...
Naval Mine Warfare - Watching over the oceans: our global arteries for food, ...
 
Condomínio
CondomínioCondomínio
Condomínio
 
Arquitetura Religiosa 3
Arquitetura Religiosa 3Arquitetura Religiosa 3
Arquitetura Religiosa 3
 
Brinquedos ebrincadeiras - carrinhos
Brinquedos ebrincadeiras - carrinhosBrinquedos ebrincadeiras - carrinhos
Brinquedos ebrincadeiras - carrinhos
 
Sumario avesdacaatinga
Sumario avesdacaatingaSumario avesdacaatinga
Sumario avesdacaatinga
 
Cardenalitoo
CardenalitooCardenalitoo
Cardenalitoo
 
Os planetas
Os planetasOs planetas
Os planetas
 
Lição 3 parte 3b
Lição 3 parte 3bLição 3 parte 3b
Lição 3 parte 3b
 
Rima das barragens_do_rio_ipojuca_tudo
Rima das barragens_do_rio_ipojuca_tudoRima das barragens_do_rio_ipojuca_tudo
Rima das barragens_do_rio_ipojuca_tudo
 
Futbol
FutbolFutbol
Futbol
 
Act 2 en equipo
Act 2 en equipoAct 2 en equipo
Act 2 en equipo
 
4ª edição do BHSM - Gabriel Ishida
4ª edição do BHSM - Gabriel Ishida4ª edição do BHSM - Gabriel Ishida
4ª edição do BHSM - Gabriel Ishida
 
Computação em nuvem
Computação em nuvemComputação em nuvem
Computação em nuvem
 
Actividadeseconmicas 110607110631-phpapp01
Actividadeseconmicas 110607110631-phpapp01Actividadeseconmicas 110607110631-phpapp01
Actividadeseconmicas 110607110631-phpapp01
 
Lengua
LenguaLengua
Lengua
 
Historia de los ordenadores e Internet.
Historia de los ordenadores e Internet.Historia de los ordenadores e Internet.
Historia de los ordenadores e Internet.
 
Acoso laboral
Acoso laboralAcoso laboral
Acoso laboral
 

Semelhante a Mabe, manabu

Mohalyi, yolanda lederer
Mohalyi, yolanda ledererMohalyi, yolanda lederer
Mohalyi, yolanda ledererdeniselugli2
 
Cavalleiro, henrique campos
Cavalleiro, henrique camposCavalleiro, henrique campos
Cavalleiro, henrique camposdeniselugli2
 
O modernismo brasileiro
O modernismo brasileiroO modernismo brasileiro
O modernismo brasileiroJunior Onildo
 
Fukushima, tikashi
Fukushima, tikashiFukushima, tikashi
Fukushima, tikashideniselugli2
 
Burle marx, roberto
Burle marx, robertoBurle marx, roberto
Burle marx, robertodeniselugli2
 
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no BrasilGaleria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no BrasilSuzy Nobre
 
100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf
100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf
100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdfeduardoalves354978
 
100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf
100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf
100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdfeduardoalves354978
 
Expressionismo e surrealismo no brasil
Expressionismo e surrealismo no brasilExpressionismo e surrealismo no brasil
Expressionismo e surrealismo no brasilmundica broda
 
Costa, waldemar da
Costa, waldemar daCosta, waldemar da
Costa, waldemar dadeniselugli2
 

Semelhante a Mabe, manabu (20)

Valentim
ValentimValentim
Valentim
 
Volpi
VolpiVolpi
Volpi
 
Mohalyi, yolanda lederer
Mohalyi, yolanda ledererMohalyi, yolanda lederer
Mohalyi, yolanda lederer
 
Arte moderna
Arte modernaArte moderna
Arte moderna
 
Cavalleiro, henrique campos
Cavalleiro, henrique camposCavalleiro, henrique campos
Cavalleiro, henrique campos
 
Wega nery
Wega neryWega nery
Wega nery
 
O modernismo brasileiro
O modernismo brasileiroO modernismo brasileiro
O modernismo brasileiro
 
Fukushima, tikashi
Fukushima, tikashiFukushima, tikashi
Fukushima, tikashi
 
Semana da Arte Moderna
Semana da Arte Moderna Semana da Arte Moderna
Semana da Arte Moderna
 
Burle marx, roberto
Burle marx, robertoBurle marx, roberto
Burle marx, roberto
 
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no BrasilGaleria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
 
100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf
100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf
100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf
 
100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf
100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf
100022681-Semana-de-Arte-Moderna.pdf
 
Flexor, samson
Flexor, samsonFlexor, samson
Flexor, samson
 
Expressionismo e surrealismo no brasil
Expressionismo e surrealismo no brasilExpressionismo e surrealismo no brasil
Expressionismo e surrealismo no brasil
 
Gerchman, rubens
Gerchman, rubensGerchman, rubens
Gerchman, rubens
 
Semana de 22
Semana de 22Semana de 22
Semana de 22
 
Dias, antonio
Dias, antonioDias, antonio
Dias, antonio
 
Tarsila do amaral
Tarsila do amaralTarsila do amaral
Tarsila do amaral
 
Costa, waldemar da
Costa, waldemar daCosta, waldemar da
Costa, waldemar da
 

Mais de deniselugli2

Zeferino da costa, joão
Zeferino da costa, joãoZeferino da costa, joão
Zeferino da costa, joãodeniselugli2
 
Weingärtner, pedro
Weingärtner, pedroWeingärtner, pedro
Weingärtner, pedrodeniselugli2
 
Wakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuoWakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuodeniselugli2
 
Vítor meireles de lima
Vítor meireles de limaVítor meireles de lima
Vítor meireles de limadeniselugli2
 
Visconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angeloVisconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angelodeniselugli2
 
Vicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiroVicente do rego monteiro
Vicente do rego monteirodeniselugli2
 
Timóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturTimóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturdeniselugli2
 
Taunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoineTaunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoinedeniselugli2
 
Sigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proençaSigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proençadeniselugli2
 
Serpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreiraSerpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreiradeniselugli2
 
Seelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesSeelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesdeniselugli2
 
Schendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, miraSchendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, miradeniselugli2
 
Rugendas, johann moritz
Rugendas, johann moritzRugendas, johann moritz
Rugendas, johann moritzdeniselugli2
 

Mais de deniselugli2 (20)

Zeferino da costa, joão
Zeferino da costa, joãoZeferino da costa, joão
Zeferino da costa, joão
 
Weingärtner, pedro
Weingärtner, pedroWeingärtner, pedro
Weingärtner, pedro
 
Wakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuoWakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuo
 
Vítor meireles de lima
Vítor meireles de limaVítor meireles de lima
Vítor meireles de lima
 
Visconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angeloVisconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angelo
 
Vicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiroVicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiro
 
Viaro, guido
Viaro, guidoViaro, guido
Viaro, guido
 
Valentim, rubem
Valentim, rubemValentim, rubem
Valentim, rubem
 
Tozzi, cláudio.
Tozzi, cláudio.Tozzi, cláudio.
Tozzi, cláudio.
 
Timóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturTimóteo da costa, artur
Timóteo da costa, artur
 
Taunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoineTaunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoine
 
Sigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proençaSigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proença
 
Serpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreiraSerpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreira
 
Segall, lasar
Segall, lasarSegall, lasar
Segall, lasar
 
Seelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesSeelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristides
 
Scliar, carlos
Scliar, carlosScliar, carlos
Scliar, carlos
 
Schendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, miraSchendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, mira
 
Samico, gilvan
Samico, gilvanSamico, gilvan
Samico, gilvan
 
Sacilotto, luís
Sacilotto, luísSacilotto, luís
Sacilotto, luís
 
Rugendas, johann moritz
Rugendas, johann moritzRugendas, johann moritz
Rugendas, johann moritz
 

Último

Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxMarcosLemes28
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...andreiavys
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptjricardo76
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*Viviane Moreiras
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfamarianegodoi
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticash5kpmr7w7
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptssuser2b53fe
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxAntonioVieira539017
 
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Maria Teresa Thomaz
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfHELENO FAVACHO
 
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretaçãoLENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretaçãoLidianePaulaValezi
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxJustinoTeixeira1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAHELENO FAVACHO
 
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptxSeminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptxReinaldoMuller1
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptxJssicaCassiano2
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxTailsonSantos1
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTailsonSantos1
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º anoRachel Facundo
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...MariaCristinaSouzaLe1
 

Último (20)

Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2Estudar, para quê?  Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretaçãoLENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
 
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptxSeminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
 

Mabe, manabu

  • 1. MABE, Manabu (1924-97). Nascido em Kumamoto Ken (Japão) e falecido em São Paulo. Tinha dez anos quando em 1934 sua família, composta por pai, mãe e oito filhos, emigrou para o Brasil, fixando-se no interior de São Paulo. Viveu inicialmente em Birigui, mudando-se em 1940 para Lins, e como todos os demais familiares dedicava-se ao cultivo do solo. Rememorando anos depois sua chegada ao Brasil, confessaria o impacto sofrido com as cores locais: - Quando cheguei ao Brasil vi muitas cores, tons que jamais havia visto em minha vida. Eram cores brasileiras, cores fortes. Foi em 1945, decerto ainda sob o impacto dessas "cores brasileiras, cores fortes", que Mabe pintou suas primeiras telas - autodidaticamente, copiando clichês de revistas. Só alguns anos mais tarde, após ter recebido ainda em Lins pequena orientação do veterano pintor japonês Teisuke Kumasaka (que na mocidade recebera aulas de Antonio Parreiras e de outros grandes mestres no Rio de Janeiro), Mabe iria mudar-se para São Paulo. Num breve retrospecto biográfico feito em 1971, a pedido de Luis Ernesto Machado Kawall, o já então internacionalmente famoso pintor assim sintetizaria sua evolução: - Após chegar do Japão, fixei-me no interior do Estado, em Lins, Birigui e Guararapes, trabalhando como colono durante muitos anos em fazendas de café. Meus primeiros quadros datam dos meados da década de 1940. Vindo para a Capital, fui morar no Jabaquara, onde comprei uma pequena casa, que hoje, grandemente ampliada, é minha residência e também meu ateliê. Era ajudante de tintureiro. Tingia e pintava gravatas, que vendia aos amigos e em algumas lojas da cidade. Autodidata, admirando muito o pintor japonês Takaoka, radicado em São Paulo, iniciei-me na pintura figurativa e logo passei à abstrata. Em 1951 Mabe participou pela primeira vez de uma coletiva - o Salão Nacional de Belas Artes (Divisão Moderna). No ano seguinte, após efetuar no Clube Linense sua primeira individual, e em face do sucesso obtido, comunicou à mulher, Ioshino, sua decisão fundamental: - Vamos passar fome, mas não sei fazer outra coisa. Vou pintar até morrer. Pintava, por essa época, principalmente naturezas-mortas e paisagens, fortemente influenciadas por artistas como Picasso e sobretudo Braque. Seu Figurativismo Expressionista iria perdurar até 1957, quando Mabe adotou em definitivo o Não-Figurativismo, filiado à corrente do Abstracionismo Informal. Essa passagem do Figurativismo ao Abstracionismo fez- se por assim dizer naturalmente, mesmo porque correspondia a uma inclinação atávica da personalidade oriental de Mabe. Na verdade, a partir de então a pintura de Mabe não fez senão combinar, num todo de rara felicidade, as experiências internacionais do Informalismo e a arte tradicional japonesa do signo caligráfico. Desde 1957 e até falecer, com efeito - com a breve exceção do interlúdio néo-figurativista ocorrido em 1971, e ao qual nos referimos mais adiante -, Mabe manteve-se fiel aos postulados da pintura gestual, dando provas de uma impermeabilidade a novas pesquisas que seus admiradores classificaram como coerência estilística, e seus desafetos como sinal de esgotamento criador. Embora participando com freqüência de salões e coletivas por toda a década de 1950 - do Salão Nacional de Arte Moderna entre 1952 e 1960, com isenção de júri em 1958; da Bienal de São Paulo a partir de 1953 e do Salão Paulista de Arte Moderna após 1956 -, Mabe obteria sua consagração nacional e internacional apenas em 1959 - o "Ano Manabu Mabe", como escreveu a revista Time em sua edição do dia 2 de novembro de 1959. Nesse ano, com efeito, Mabe recebeu o prêmio de Melhor Pintor Nacional na V Bienal de São Paulo e o Prêmio de Pintura na I Bienal de Paris, isso numa época em que as premiações internacionais significavam muito. Em 1960, nova premiação importante: o Prêmio Fiat, na XXX Bienal de Veneza; finalmente, em 1962, o prêmio de pintura da I Bienal Americana de Córdoba, na Argentina. Admitido assim ao restrito clube dos artistas de trânsito verdadeiramente internacional, Mabe realizou de 1960 em diante exposições de sucesso em cidades como Montevidéu, Buenos Aires, Roma, Paris, Washington, Lima, Nova Iorque, México, Tóquio, Londres, Kumamoto, Kamakura, Osaka, Miami, Coral Gables e Panamá, além de expor várias vezes no Brasil. Mantendo ateliê em São
  • 2. Paulo e Nova Iorque, com permanências anuais também em Tóquio, Mabe foi dentre todos os pintores nipo-brasileiros, aquele de maior prestígio internacional, autêntico chefe de escola. Desde os seus primórdios, ainda quando produzia uma pintura figurativista, à sombra da dos grandes mestres como Picasso e Braque, comprazendo-se na execução de paisagens e mormente de naturezas-mortas, Mabe dava já provas de um autêntico talento pictórico, chegando pelo instinto a resultados a que muitos não chegam sequer após longos anos de academia. Salvava-o da mediocridade geral, além do instinto, uma férrea disciplina, a vontade, que sempre possuiu, de vir a ser um grande artista. No momento em que, dando por concluído o ciclo figurativista iniciado em 1945, o pintor deu vazas à própria imaginação e vitalidade, deixando fluir livremente sobre a tela o gesto criativo, caligráfico e original, conjugando num todo uno suas origens nipônicas e a tônica do Abstracionismo Informal então dominante no mundo ocidental, o resultado foi uma pintura requintada, cujos esquemas cromáticos e opulentos recursos de textura eram regidos por sensibilidade evidente e certeira intuição poética. Tais começos do informalismo de Mabe, contudo, seriam com o passar de alguns anos ainda mais depurados, chegando o artista a uma pintura mais pensada e mais elaborada - menos espontânea, se quiserem, mas de uma sutileza infinitamente superior, e de maior profundidade. Empastes e transparências, cromatismos violentos alternando-se a outros de extrema delicadeza passam então a dominar sua produção, sucedendo-se a cada quadro novas conquistas expressivas, como se o artista quisesse demonstrar à saciedade a riqueza de seus recursos e a fonte inesgotável de sua criatividade. Por volta de 1971, uma ruptura: Mabe executa o percurso inverso, retoma o Figurativismo - não, obviamente, o figurativismo de seus começos expressionistas e neo-braqueanos, mas um figurativismo diferente, no qual, como nos testes de Rorschach, as figuras humanas e formas animais são apenas sugeridas ou insinuadas a partir de manchas de cor. Realce-se, nessas obras figurativistas de começos da década de 1970, o elevado conteúdo erótico e certa tendência cósmica e metafísica. Ninguém melhor do que o crítico Jayme Maurício, porém, para analisar essa fase da evolução de Mabe, ele que foi dos mais lúcidos e constantes exegetas de sua arte: - Agora, nesta visita de junho de 1971, Mabe mostrou-nos uma semi-figuração, conseqüência de uma nostalgia permanente da figura, que ele realmente nunca abandonou, em telas que nunca expôs, ao longo da sua fulgurante carreira. Sem rejeição brusca da linha e características pictóricas da produção anterior - as grandes superfícies, o espaço, a matéria rica, o empaste, as transparências, as cores, a pincelada mesmo -, Mabe transforma as suas formas em figuras humanas, em animais, em símbolos cósmicos, delineando volumetricamente algumas atitudes e situações expressivas das reações e condicionamentos dos homens e dos animais. Consegue manter as suas qualidades plásticas no lirismo com que une abstração e figuração. O novo Mabe pede uma percepção mais atenta, uma reflexão mais profunda sobre o virtuosismo e a sinceridade da sua proposta ambivalente. O compromisso com a figura é tênue - não fixa detalhes anatômicos definitivos ou claros, mas consegue criar um nítido clima figurativo, dando às suas formas o contorno humano e animal. E o faz enfocando aspectos bastante comprometidos com o erotismo, a religiosidade, o cósmico, a família, o protesto ou o pungente. O mundo continua bom e poético para Manabu Mabe, que não exalta nem avilta ou degrada a figura, tratando-a simplesmente como ela o é, de fato, em várias situações. Já em 1972 Mabe retomava a anterior veia da pintura gestual, até certo ponto forçado por exigências do mercado, e nos próximos anos não imprimiria, a rigor, nenhuma nova orientação à sua linha estilística - imutável até seus últimos dias. Estranho, óleo s/ madeira, 1959; 1,05 X 1,22, Museus Castro Maya, RJ. A fome, óleo s/ tela, 1961; 2,50 X 2,00, Palácio Bandeirantes, SP.
  • 3. Abstracionismo, óleo s/ tela, 1967; 1,81 X 2,01, Pinacoteca do Estado de São Paulo. Equador II, óleo s/ tela, 1973; 1,80 X 2,00, Museu de Arte Contemporânea da USP.