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DIAS, Antonio (1944). Nascido em Campina Grande (PB). Autodidata, transferiu-se em 1960
para o Rio de Janeiro, e dois anos mais tarde participava pela primeira vez do Salão Nacional
de Arte Moderna. Praticava então uma pintura de tonalidades cavas, utilizando-se de suportes
em relevo (obtido pela adição de camadas de gesso), e sobre a superfície assim criada traçava
incisões de motivos indígenas. O crítico Walter Zanini, analisando essa primeira fase de sua
carreira, fala pertinentemente na "influência da materialidade de Tapiès" - artista de sua
admiração juvenil. Já no ano seguinte, porém, após ter sido contemplado com medalha de ouro
e prêmio de aquisição em desenho no XX Salão Paranaense de Belas Artes, Dias imprimia
violenta guinada à sua orientação artística, abandonando de vez a pintura em sua conceituação
tradicional e passando a usar o espaço compartimentado à maneira dos comics, distribuindo os
planos em duas superfícies amarradas entre si por canos e tubos. Sua figuração de então
evocava a de artistas como Francis Bacon, Roy Lichtenstein e provavelmente Baj (ainda no
dizer de Zanini), mas em breve o artista chegaria à tipicidade, enveredando então pela fase
personalíssima das vísceras, mundo dilacerado de feridas abertas e de tortura, tão condizente,
de resto, com a trágica realidade político-social por que o Brasil atravessava. É o momento de
sua destacada participação na IV Bienal de Paris (na qual obteve o prêmio de pintura) e na
mostra Opinião 65, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (ambas em 1965), bem como
já nos anos seguintes, nas mostras Opinião 66 (1966, Museu de Arte Moderna do Rio de
Janeiro), Pare! (1966, Galeria G. 4, Rio de Janeiro), Vanguarda Brasileira (Reitoria da
Universidade Federal de Minas Gerais em Belo Horizonte, 1966) e Nova Objetividade Brasileira
(1967, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro). Num depoimento escrito especialmente
para o catálogo da mostra belorizontina de 1966, Antonio Dias traça uma lúcida síntese de sua
evolução artística até então, documento esse válido não apenas em função do seu próprio
trabalho, como, de modo mais amplo, em relação ao trabalho e ao mundo-de-idéias de toda a
sua geração:

- "As feridas, a relação que tenho com a carne maltratada, por exemplo, me acompanham
desde os oito anos. Não sei o que são, se traem um acento sádico ou se são lembranças de
um sofrimento. Poderia tentar uma explicação qualquer, da realidade da carne sob as
aparências, mas não o quero fazer porque não seria verdade. Através da pintura, das minhas
coisas transferidas para o quadro, existe uma atitude profundamente fetichista. Posso notar
isso de uma maneira clara, até mesmo nos elementos que me cercam em minha casa, no meu
ateliê, nas pessoas que escolho para mim.

- Parei de fazer arte no sentido que está nos livros em 1963. Não era possível continuar. Senti
que não era apenas o produto do meu trabalho, mas a própria intenção que era medíocre.
Larguei tudo e parti para conhecer gente da minha idade. Até então só havia andado com
gente mais velha do que eu - era um contido. Meu trabalho durante esta temporada foi
acumular choques. Sentia-me preso e descobri de repente que milhares de jovens lutavam
para a libertação, lutavam para fazer alguma coisa que fosse resultante de suas idéias, de suas
relações com o mundo. Foi a conscientização dessa luta que me fez voltar ao ateliê e tentar,
através do desenho, me situar, isto é, deixar claro para mim mesmo o que eu era.

- Se no início trabalhei desenfreadamente, isso foi por que estivera parado durante muito
tempo, havia verdades acumuladas. Precisei de muita disciplina. Porque fazer um desenho,
uma pintura, é contar a verdade e não se tem verdades para contar a toda hora; mentiras sim,
se tem muitas.

- Hoje trabalho de vez em quando. Não me interessa o ato de pintar em si. Pintar me chateia.
Só pinto por necessidade de dizer. Considero a pintura uma profissão. Mas se quiserem afirmar
a pintura como um trabalho diário, então não sou profissional.

- Os jovens são propósitos em andamento. E se um jovem exerce o cinema ou a pintura, é
quase inevitável que ele pense que através de denúncia conseguirá extirpar os males do
mundo. Estou sempre pensando, por intermédio do meu trabalho, em levar as coisas para a
frente, mas é preciso armar um sistema permanente de crítica contra um otimismo vulgar. As
coisas mudam constantemente e é preciso estar sempre atento, fazer as reformulações no
momento exato. Só assim conseguiremos uma ação efetiva mínima, já que é impossível
controlar todas as coisas do mundo. Se eu conseguir dizer o que penso no meu trabalho, as
pessoas o entenderão. Mas as idéias subvertem dentro de campos paralelos: só posso
subverter aqueles que consomem pinturas. Mesmo assim, se dez pessoas entenderem o que
faço, se apenas dez se aproximarem do meu trabalho e disserem: "Compreendo o que este
cara está dizendo", esta corrente de dez pessoas irá engrossando tremendamente até se diluir
no sentido geral da vida".

Em 1967, quando já era um dos mais importantes artistas de sua geração, e após ter sido tema
- ao lado de Gerchman e de Roberto Magalhães - do curta-metragem Ver e Ouvir, de Antonio
Carlos Fontoura, Antonio Dias transferiu-se para Paris, cidade onde já em 1965 havia efetuado
uma individual e participado da mostra A Figuração Narrativa na Arte Contemporânea.
Também em 1967 expôs, com sucesso, na Galeria Delta, de Rotterdam. No ano seguinte, após
os acontecimentos de Maio de 1968 na capital francesa, o artista brasileiro mudou-se para
Milão, onde tem residido desde então, com periódicas viagens ao Brasil, Colônia e Nova
Iorque, além de curtas escapadas a outras cidades da Europa, para expor. Ao radicar-se
contudo em Milão, a arte de Antonio Dias passou por nova transformação substancial,
substituindo a figuração Pop até então seguida pela tendência conceptualista. Sem abandonar
de todo o gesto de pintar, Dias voltou-se, ali, para novos recursos expressivos, como o vídeo e
a fotografia, e abriu-se a novas tendências, como a arte condizionata, a arte política e a arte
sistêmica, de cujas mostras antológicas em Milão, Karlsruhe e Buenos Aires participou
sucessivamente em 1969, 1970 e 1971. Ao mesmo tempo, em princípios dos anos de 1970 sua
arte passava a questionar a própria arte e se tornava uma reflexão sobre sua essência e
limitações (série The Illustration of Art, Milão e Nova Iorque). Por outro lado, numa viagem ao
Nepal, em 1977, surgiram-lhe os despojados discos desenhados sobre esplêndido papel
artesanal fibroso, objeto de exposições na Europa e no Brasil, em anos subseqüentes.

Figura exponencial da jovem arte brasileira na segunda metade da década de 1960, quando
tocou-lhe desempenhar, no Rio de Janeiro, papel de autêntico chefe de escola, Antonio Dias
insere-se hoje na corrente da arte internacional de vanguarda, e seu espírito inquiridor não pára
de pesquisar novas formas de expressão, novas media, novos universos visuais. A relação de
suas individuais e de sua participação em coletivas e mostras panorâmicas, na Europa, na
América do Norte e no Brasil, é extensa, como são numerosos os museus de arte
contemporânea que conservam originais de sua mão. Em 1994 uma grande retrospectiva de
sua produção, desde 1964, teve lugar no Instituto Mathildenhöhe de Darmstadt, na Alemanha.

                            The american death, vinil s/ tela, 1967;
                       0,97 X 1,90, Pinacoteca do Estado de São Paulo.

                      Nota sobre a morte imprevista, técnica mista, 1965;
                               1,50 X 1,22, coleção particular.

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Antonio Dias: Artista brasileiro pioneiro

  • 1. DIAS, Antonio (1944). Nascido em Campina Grande (PB). Autodidata, transferiu-se em 1960 para o Rio de Janeiro, e dois anos mais tarde participava pela primeira vez do Salão Nacional de Arte Moderna. Praticava então uma pintura de tonalidades cavas, utilizando-se de suportes em relevo (obtido pela adição de camadas de gesso), e sobre a superfície assim criada traçava incisões de motivos indígenas. O crítico Walter Zanini, analisando essa primeira fase de sua carreira, fala pertinentemente na "influência da materialidade de Tapiès" - artista de sua admiração juvenil. Já no ano seguinte, porém, após ter sido contemplado com medalha de ouro e prêmio de aquisição em desenho no XX Salão Paranaense de Belas Artes, Dias imprimia violenta guinada à sua orientação artística, abandonando de vez a pintura em sua conceituação tradicional e passando a usar o espaço compartimentado à maneira dos comics, distribuindo os planos em duas superfícies amarradas entre si por canos e tubos. Sua figuração de então evocava a de artistas como Francis Bacon, Roy Lichtenstein e provavelmente Baj (ainda no dizer de Zanini), mas em breve o artista chegaria à tipicidade, enveredando então pela fase personalíssima das vísceras, mundo dilacerado de feridas abertas e de tortura, tão condizente, de resto, com a trágica realidade político-social por que o Brasil atravessava. É o momento de sua destacada participação na IV Bienal de Paris (na qual obteve o prêmio de pintura) e na mostra Opinião 65, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (ambas em 1965), bem como já nos anos seguintes, nas mostras Opinião 66 (1966, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro), Pare! (1966, Galeria G. 4, Rio de Janeiro), Vanguarda Brasileira (Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais em Belo Horizonte, 1966) e Nova Objetividade Brasileira (1967, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro). Num depoimento escrito especialmente para o catálogo da mostra belorizontina de 1966, Antonio Dias traça uma lúcida síntese de sua evolução artística até então, documento esse válido não apenas em função do seu próprio trabalho, como, de modo mais amplo, em relação ao trabalho e ao mundo-de-idéias de toda a sua geração: - "As feridas, a relação que tenho com a carne maltratada, por exemplo, me acompanham desde os oito anos. Não sei o que são, se traem um acento sádico ou se são lembranças de um sofrimento. Poderia tentar uma explicação qualquer, da realidade da carne sob as aparências, mas não o quero fazer porque não seria verdade. Através da pintura, das minhas coisas transferidas para o quadro, existe uma atitude profundamente fetichista. Posso notar isso de uma maneira clara, até mesmo nos elementos que me cercam em minha casa, no meu ateliê, nas pessoas que escolho para mim. - Parei de fazer arte no sentido que está nos livros em 1963. Não era possível continuar. Senti que não era apenas o produto do meu trabalho, mas a própria intenção que era medíocre. Larguei tudo e parti para conhecer gente da minha idade. Até então só havia andado com gente mais velha do que eu - era um contido. Meu trabalho durante esta temporada foi acumular choques. Sentia-me preso e descobri de repente que milhares de jovens lutavam para a libertação, lutavam para fazer alguma coisa que fosse resultante de suas idéias, de suas relações com o mundo. Foi a conscientização dessa luta que me fez voltar ao ateliê e tentar, através do desenho, me situar, isto é, deixar claro para mim mesmo o que eu era. - Se no início trabalhei desenfreadamente, isso foi por que estivera parado durante muito tempo, havia verdades acumuladas. Precisei de muita disciplina. Porque fazer um desenho, uma pintura, é contar a verdade e não se tem verdades para contar a toda hora; mentiras sim, se tem muitas. - Hoje trabalho de vez em quando. Não me interessa o ato de pintar em si. Pintar me chateia. Só pinto por necessidade de dizer. Considero a pintura uma profissão. Mas se quiserem afirmar a pintura como um trabalho diário, então não sou profissional. - Os jovens são propósitos em andamento. E se um jovem exerce o cinema ou a pintura, é quase inevitável que ele pense que através de denúncia conseguirá extirpar os males do mundo. Estou sempre pensando, por intermédio do meu trabalho, em levar as coisas para a frente, mas é preciso armar um sistema permanente de crítica contra um otimismo vulgar. As coisas mudam constantemente e é preciso estar sempre atento, fazer as reformulações no momento exato. Só assim conseguiremos uma ação efetiva mínima, já que é impossível controlar todas as coisas do mundo. Se eu conseguir dizer o que penso no meu trabalho, as
  • 2. pessoas o entenderão. Mas as idéias subvertem dentro de campos paralelos: só posso subverter aqueles que consomem pinturas. Mesmo assim, se dez pessoas entenderem o que faço, se apenas dez se aproximarem do meu trabalho e disserem: "Compreendo o que este cara está dizendo", esta corrente de dez pessoas irá engrossando tremendamente até se diluir no sentido geral da vida". Em 1967, quando já era um dos mais importantes artistas de sua geração, e após ter sido tema - ao lado de Gerchman e de Roberto Magalhães - do curta-metragem Ver e Ouvir, de Antonio Carlos Fontoura, Antonio Dias transferiu-se para Paris, cidade onde já em 1965 havia efetuado uma individual e participado da mostra A Figuração Narrativa na Arte Contemporânea. Também em 1967 expôs, com sucesso, na Galeria Delta, de Rotterdam. No ano seguinte, após os acontecimentos de Maio de 1968 na capital francesa, o artista brasileiro mudou-se para Milão, onde tem residido desde então, com periódicas viagens ao Brasil, Colônia e Nova Iorque, além de curtas escapadas a outras cidades da Europa, para expor. Ao radicar-se contudo em Milão, a arte de Antonio Dias passou por nova transformação substancial, substituindo a figuração Pop até então seguida pela tendência conceptualista. Sem abandonar de todo o gesto de pintar, Dias voltou-se, ali, para novos recursos expressivos, como o vídeo e a fotografia, e abriu-se a novas tendências, como a arte condizionata, a arte política e a arte sistêmica, de cujas mostras antológicas em Milão, Karlsruhe e Buenos Aires participou sucessivamente em 1969, 1970 e 1971. Ao mesmo tempo, em princípios dos anos de 1970 sua arte passava a questionar a própria arte e se tornava uma reflexão sobre sua essência e limitações (série The Illustration of Art, Milão e Nova Iorque). Por outro lado, numa viagem ao Nepal, em 1977, surgiram-lhe os despojados discos desenhados sobre esplêndido papel artesanal fibroso, objeto de exposições na Europa e no Brasil, em anos subseqüentes. Figura exponencial da jovem arte brasileira na segunda metade da década de 1960, quando tocou-lhe desempenhar, no Rio de Janeiro, papel de autêntico chefe de escola, Antonio Dias insere-se hoje na corrente da arte internacional de vanguarda, e seu espírito inquiridor não pára de pesquisar novas formas de expressão, novas media, novos universos visuais. A relação de suas individuais e de sua participação em coletivas e mostras panorâmicas, na Europa, na América do Norte e no Brasil, é extensa, como são numerosos os museus de arte contemporânea que conservam originais de sua mão. Em 1994 uma grande retrospectiva de sua produção, desde 1964, teve lugar no Instituto Mathildenhöhe de Darmstadt, na Alemanha. The american death, vinil s/ tela, 1967; 0,97 X 1,90, Pinacoteca do Estado de São Paulo. Nota sobre a morte imprevista, técnica mista, 1965; 1,50 X 1,22, coleção particular.