SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 26
Baixar para ler offline
GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM CONJUNTURA
Nº 32 SET / 2004
conjuntura
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
APRESENTAÇÃO
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 01
As olimpíadas e o desempenho recente da cresceu 4,2% no primeiro semestre de 2004,
economia brasileira contribuíram sensivelmen- em relação ao primeiro semestre do ano
te para desviar a atenção da sociedade anterior. Do ponto de vista de demanda,
brasileira sobre um dos últimos escândalos que destacaram-se o crescimento do Consumo
vieram à tona no Governo Lula. Depois do caso das famílias (3,1%) e da Formação Bruta de
Wladimir, que reduziu significativamente os Capital Fixo (6,8%). Entretanto, a base anterior
poderes do Ministro José Dirceu, do caso de comparação foi muito baixa, devido à
Delúbio, tesoureiro de campanha do PT, surgiu queda do PIB em 0,2%, no ano de 2003. No
a denúncia sobre as irregularidades fiscais do primeiro semestre de 2003, o PIB cresceu 0,4%,
presidente do Banco Central, Henrique de em relação a 2002, que havia crescido os
Campos Meirelles, do diretor de política mesmos 0,4%, em relação a 2001. O
monetária, Luis Augusto de Oliveira Candiota e Consumo das famílias foi de -4,5%, em 2003,
de Cássio Casseb Lima, presidente do Banco em relação ao mesmo período do ano anterior
do Brasil. O primeiro ganhou, através de e a FBKF foi de -6,2%, na mesma base de
Medida Provisória publicada com urgência, comparação. Isso significa que a maior parte
em edição extraordinária do Diário Oficial da da demanda interna apenas retornou aos
União, o status de Ministro, o segundo, a mesmos níveis de 2002. Para o segundo
demissão; e o terceiro, após o apoio público semestre, pode-se esperar um pouco mais de
do Presidente, do Ministro da Fazenda e a crescimento, pois o PIB diminuiu em 0,8% no
pressão sobre a CPMI do Banestado, deixou de segundo semestre de 2003. Associado a esse
ser importunado. Toda essa discussão passou crescimento, observa-se ligeira redução nas
para segundo plano quando a imprensa taxas de desemprego e pequenos aumentos
dedicou-se febrilmente às olimpíadas. nos salários reais. Em ano de eleição são as
O desempenho da equipe brasileira nas melhores notícias que o governo poderia
olimpíadas, em algumas modalidades, esperar.
eletrizou a imprensa e o público, desviando De qualquer forma, não é só o governo que
profundamente as atenções da população comemora seus indicadores econômicos.
das medidas tomadas pelo governo. Daiane Segundo a Folha de São Paulo (13/08/04) os
dos Santos, grande favorita na ginástica, errou quatro maiores bancos privados (Bradesco,
e com dignidade assumiu o erro, ao contrário Itaú, Unibanco e Santander Banespa) obtive-
da grande maioria dos políticos, dos executivos ram um crescimento de 11,4% nos lucros
e dos economistas dos governos central e dos líquidos, durante o semestre, mesmo com a
subnacionais. Ela não transferiu a responsabili- queda de 10 pontos percentuais na taxa
dade para fatores externos. Por mais que a básica de juros, em relação ao início de 2003.
imprensa tentasse ampliar o clima emotivo, ela Outro estudo publicado na Folha (15/08/04)
não chorou para a televisão. No epílogo, o mostra que a rentabilidade média das
maratonista Vanderlei Cordeiro, com grandes instituições financeiras atingiu 11%, enquanto
chances de ganhar a medalha de ouro, foi que a das empresas do setor produtivo atingiu
atacado por um padre que frustrou mais uma 7,2%, no semestre. A Gerdau obteve um
vitória brasileira e ocupou mais espaço na aumento de 24,4% para 35,2% na margem de
imprensa. lucro bruto, entre o primeiro e o segundo
Quanto ao desempenho econômico, o trimestre de 2004. A receita líquida das 102
Presidente Luís Inácio Lula da Silva, alguns mai ore s emp res as do set or pro dut ivo,
Ministros e a equipe econômica estão excluindo a Petrobrás e Eletrobrás, atingiu um
comemorando os últimos indicadores recorde de R$ 196,7bilhões.
divulgados pelo IBGE, exatamente após o Entretanto, a revista Istoé, de 28/07/2004,
encerramento das olimpíadas, sobre o mostrou que o presidente do Banco Central
crescimento da economia brasileira. Segundo apresentou uma retificação em seu imposto
os dados das Contas Nacionais trimestrais, o PIB de renda de 2002, em 12 de maio de 2004, no
mesmo dia em que foi questionado pela sistema financeiro privado. "Estão hoje no Itaú:
revista. Nesta retificação, uma "restituição de Pérsio Arida, Gustavo Loyola, Fernão Bracher
R$ 54 mil virou imposto a pagar de R$ 110 mil" e (ex-presidentes) e Tereza Grossi (ex-diretora de
parece que não haveria a retificação se não Fiscalização), [...]. Trabalha ainda para o Itaú
houvesse o questionamento. O presidente do [...] o ex-diretor de Política Econômica do BC
Banco Central declarou para a Justiça Eleitoral Sérgio Werlang,como diretor-executivo.Fora os
que residia no Brasil em 2001, para poder ex-BC, trabalham também para o Itaú Alcides
candidatar-se a deputado federal. Para a Tápias (ex-ministro do Desenvolvimento) e
Receita Federal ele declarou que não residia Roberto Teixeira da Costa, ex-presidente da
no Brasil, deixando de apresentar declaração e CV M. No Un ib an co , o Co ns el ho de
não pagou nada de imposto de renda. O caso Administração é presidido pelo ex-ministro da
de Candiota e de Casseb é ainda mais grave. Fazenda Pedro Malan, que antes comandou o
Ainda segundo a revista, quanto mais aumen- BC. No mesmo conselho está o também ex-
tava o patrimônio, menos imposto era pago presidente do BC Armínio Fraga. No quadro
por Candiota. Em 1999, com um patrimônio de executivo do banco estão Demósthenes
R$ 2,2 milhões, ele pagou R$ 228,6 mil e em Madureira de Pinho Neto (ex-diretor de Assuntos
2002, com um patrimônio de R$ 4,6 milhões, o Internacionais do BC), vice-presidente da área
total do imposto caiu para R$ 37,5 mil. Isso sem de gestão de patrimônio, e Daniel Gleizer
contar as operações de remessa de dólares (ocupou no BC o mesmo cargo que
para o exterior, através do doleiro Alberto Demósthenes), diretor-executivo da área de
Youssef, sem a devida informação ao Imposto riscos."(FSP, 22/08/04).
de Renda. Essas transações eram efetuadas Esse intercâmbio de dirigentes entre o
através do MTB Bank, banco que está sendo sistema financeiro privado e a administração
investigado por lavagem de dinheiro, e do do governo federal revela a profunda relação,
Citibank, do qual foi diretorexecutivo. Candiota que não é privilégio do Brasil, entre os interesses
movimentou, entre 1999 e 2002, US$ 1,29 privados e as frações dirigentes do Estado. Por
milhão. Curiosamente, Cássio Casseb efetuou isso, a gestão atual do sistema financeiro não
transações no total de US$ 593,8 mil, através pode ser modificada em função do interesse
dos mesmos bancos, MTB Bank e Citibank, das classes trabalhadoras pois ela deve ser
também sem declarar todas as operações no efetuada primordialmente em função dos
imposto de renda. Toda essa discussão passou interesses do grande capital nacional e
para segundo plano na imprensa nacional, internacional.
substituídos pelo jogos olímpicos. Essa também é a razão pela qual o
Estes dirigentes saíram do sistema financei- COPOM deverá elevar em breve a taxa básica
ro privado para a presidência do Banco de juros. A justificativa será a de conter a
Central, do Banco do Brasil e para a direção da tendência de aumento nos preços, mas o
política monetária do Brasil. Por outro lado, resultado será a manutenção da elevada
vários ex-ministros, ex-presidentes e ex-diretores rentabilidade do capital e, mais uma vez, a
do Banco Central estão empregados no contenção ao crescimento da economia.
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 02
1. POLÍTICA ECONÔMICA
Algemas do crescimento metropolitana do estado conheceram uma
São fortes os sinais de que a economia expansão de 6,34%. Com o crescimento
brasileira reingressou numa nova fase de liderado pelas exportações,que apresentaram
recuperação, depois de três anos seguidos de expansão de 34,1% no mesmo período, o
estagnação.Indicadores da economia de São mercado interno já começa a se beneficiar
Paulo do primeiro semestre confirmam que, deste efeito, com o reaquecimento dos setores
em relação ao primeiro semestre de 2003, de bens de consumo não-duráveis e duráveis,
enquanto as vendas reais da indústria embora estes continuem dependentes de
cresceram 22,4%, as do comércio da região melhores resultados para os níveis de
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 03
emprego e de renda dos trabalhadores. Tal econômica permanentemente sob o "fio da
comportamento indica que, na ausência de navalha", os riscos de "apagão" em várias áreas
choques internos e externos, tornam-se factíveis (energia, rodovias, ferrovias, portos etc.) atuam
as projeções de crescimento de 3,5% para a não só como fatores que desestimulam esses
economia neste ano, de acordo com a investimentos, assim como estabelece claros
expectativa que continua sendo mantida pelo limites para um crescimento mais robusto e
governo e até mesmo de uma taxa um pouco sustentável.
mais elevada, conforme as últimas estimativas Neste processo, embora os setores de não-
do mercado, mas está longe de representar a duráveis e duráveis ainda contem com
retomada de um crescimento sustentado, capacidade ociosa, com possibilidades de
como este novo ensaio tem sido apontado respostas mais rápidas dos investimentos à
pelas autoridades econômicas e pelo expansão da demanda e mesmo com a
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso porque, alternativa de importações destesprodutos - os
dado o modelo macroeconômico em dois últimos limitados pelo conteúdo da política
vigência desde 1999, apoiado no tripé metas econômica, pelo nível da carga tributária,
de i nfl açã o/s upe ráv its pri már ios ele va- pelo custo-Brasil, pela desconfiança que
dos/câmbio flutuante, com livre mobilidade de predomina sobre as perspectivas de cresci-
capitais, e, considerando a situação de mento e pela elevada vulnerabilidade externa -
elevado endividamento do Estado, combina- , com o derramamento dos efeitos do
da com a alta fragilidade externa da econo- crescimento das exportações sobre o merca-
mia brasileira, o País praticamente renunciou do interno tem se fortalecido o poder de
ao cre sci men to de for ma sus ten tad a, algumas empresas de repasse de custos para
resignando-se a contar com pequenos surtos os preços, nos últimos meses, ameaçando o
de expansão - como o deste primeiro semestre cumprimento das metas inflacionárias
- que terminam sendo abortados tão logo estabelecidas para a economia. Não sem
atinge limites que colocam em xeque sua razão, o Copom não somente continuou
sustentação e continuidade. mantendo, em agosto, a Selic em 16% ao ano,
Tanto isso é verdade, que a recuperação como tem sugerido que pode novamente
que vem se registrando neste semestre, já elevá-la caso persistam pressões sobre os níveis
começa a provocar fricções em vários setores de preços. Uma recuperação mais intensa da
da atividade produtiva, vitais para que o demanda interna, diante dessa situação, pode
processo consiga se sustentar. Segundo conduzir novamente ao aborto deste ensaio de
pesquisa da FGV, o nível de utilização da crescimento, uma vez que, como os preços
capacidade instalada atingiu 84,2% em julho, monitorados pelo governo são indexados,
abrindo oportunidades para um novo ciclo de maiores pressões sobre os preços têm de ser
investimentos no País, mas, ao mesmo tempo, contidas com a contenção do mercado
impondo limites à continuidade da expansão doméstico, confirmando as características
atual, já que os setores de bens intermediários, anti-crescimento do modelo econômico.
notadamente os de papel e celulose, siderur- Também pressionado, o preço do petróleo
gia, química e petroquímica, entre outros, aparece como mais uma ameaça a este
encontram-se com um nível de capacidade processo.
ociosa muito baixo (algo em torno de 10%), Assim, apesar do otimismo que vem
incapazes de manter o seu ritmo. Como a demonstrando o governo de que o País
resposta dos investimentos nessa área é mais finalmente ingressou numa trajetória sustenta-
demorada, mesmo na hipótese de que estes da de crescimento, que vai além de um mero
venham a ser realizados, são inevitáveis os "vôo de galinha", o que justificaria, inclusive, a
limites para a sua manutenção. Não bastasse concessão do status de ministro ao presidente
isso, como o setor público praticamente do Banco Central, Henrique Meireles, visando
renunciou a realizar investimentos em infra- garantir-lhe foro privilegiado para defender-se
estrutura, dado o compromisso com a geração de eventuais ações que podem resultar das
de superávits primários e o controle da dívida denúncias que lhe têm sido feitas relacionadas
pública, parâmetro que mantém a política à sonegação fiscal e à gestão irregular de seu
patrimônio, a manutenção do compromisso na mesma direção, à medida que as
com a continuidade do modelo não permite algemas do crescimento continuam intactas
vislumbrar dias melhores para a economia e a e, enquanto não desfeitas, não só a ele
sociedade. Tal como no ano 2000, quando os imp õem lim ite s cla ros com o cob ram
indicadores econômicos eram ainda mais elevados custos pelas fricções que provocam
favoráveis e a economia cresceu 4,5%, mas em economias que não contam com
acabou amargando três anos consecutivos fundamentos confiáveis.
de estagnação, o País pode estar caminhado
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 04
Tabela 2.1 – Índices de preços (em%)
Indicadores Abr/04 Mai/04 Jun/04 Jun/03 No ano 12 meses
IPC-FIPE 0,29 0,57 0,92 -0,15 2,74 5,45
ICV-DIEESE 0,06 0,43 1,12 -0,26 3,36 5,87
IGP-M 1,21 1,31 1,38 -1,00 6,60 9,22
IGP-DI 1,15 1,46 1,29 -0,70 6,71 9,70
INPC 0,41 0,40 0,5 -0,06 3,10 5,44
IPCA 0,37 0,51 0,71 -0,15 3,43 5,90
Fonte: FIPE, IBGE, FGV e DIEESE
2. INFLAÇÃO
Os analistas do mercado financeiro não se capital estrangeiro e o corte de gastos sociais
cansam de fazer estimativas sobre a inflação. contribuem para a sustentação da impagável
Especulam sobre a iminência de um choque dívida pública.
externo de grandes proporções sobre o preço Dez anos após o lançamento do Plano
do barril do petróleo e o aumento da taxa de Real, a conduçãoda política econômica que
juros dos Estados Unidos. Esses fatores poderi- visa, principalmente,o controle inflacionário,se
am acarretar, no primeiro caso, aumento dos depara com uma forte contração da
custos das empresas e, no segundo, fuga de demanda agregada e, ao mesmo tempo,
capitais, ocasionando a retomada da inflação privilégios a concessionárias privadas que
e a revisão da meta de inflação fixada em controlam a oferta de serviços públicos, como
5,5% para este ano. Em que pesem tais telefonia, energia elétrica, dentre outros. Deve-
considerações, o fato concreto é que o IPCA se destacar que seus contratos são indexados
acumulado até o mês de junho já totaliza enquanto que para os trabalhadores não há a
3,43%, a despeito da "normalidade" externa e indexação salarial que garantiria repor,
da política monetária contracionista aplicada minimamente,suas perdas salariais.
pelo governo. Após 18 meses de governo, a perspectiva
A equipe econômica apregoa erronea- de uma política econômica que privilegie a
mente a ideologia de que há uma inflação de rep rod uçã o cap ita lis ta em set ore s da
demanda, cuja profilaxia é o controle austero atividade produtiva está cada vez mais
dos gastos públicos e, por conseguinte, da remota. Mesmo porque, a própria indicação
oferta monetária. Nesse sentido, as estratosféri- da última ata do COPOM sinaliza para 'uma
cas taxas de juros reais para inibir o consumo política monetária mais ativa', caso os preços
conjugam-se com o parco volume de crédito do petróleo continuem a sofrer variações
bancário para investimentos produtivos com o positivas, e conseqüente possibilidade de
intuito de "desaquecer" a economia, já em aumento na taxa básica de juros.
processo recessivo. Na verdade, a estabiliza- O IPCA (Índice Nacional de Preços ao
ção dos preços domésticos é condição Consumidor Amplo) no mês de junho foi de
necessária para garantir a taxa de câmbio 0,71%, representando um aumento de 0,2
apreciada, sendo que a rentabilidade do ponto percentual face ao mês anterior. A
gasolina foi responsável
p o r 0 , 1 4 p o n t o
percentual do índice;
e s s e a u m e n t o é
c o n s e q ü ê n c i a d a
variação no preço do
combustível de 10,8%
nas refinarias no dia 15
de junho, representan-
do um repasse de
3,52% ao consumidor. Com o aumento da para o tomate, que teve um aumento de
gasolina os produtos relacionados com o setor 20,53% ea alfacede 26,46%.
de transportes apresentaram variações O grupo transporte apresentou um
positivas nos seus preços, sendo responsável aumento significativo em junho (2,09%),
por 0,33 ponto percentual no IPCA do mês de superando o acumulado dos cinco meses
junho. No grupo dos alimentos, os problemas anteriores (1,69%). Essa variação é explicada
climáticos causaram o aumento nos preços de pelo aumento do preço do petróleo no
boa parte dos produtos pesquisados com mercado internacional, que levou a Petrobrás
destaque para a cebola (29,21%), o tomate a reajustar o preço do combustível no mês de
(28,43%) e as hortaliças (6,34%). O grupo dos junho - gasolina (10,8%) e diesel (10,6%).
alimentos foi responsável por 0,17% do total do A Divisão de Gestão de Dados do Instituto
IPCA do mês de junho. O IPCA acumulou 3,43% Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação
no ano, abaixo do percentual de 6,64% Getulio Vargas (FGV) é quem divulga mensal-
relativo à igual período de 2003. Nos últimos mente as variações do nível de preços
doze meses o índice foi de 6,06%, acima do medidos pelo Índice Geral de Preços (IGP). O
resultado dos doze meses imediatamente IGP é dividido em três versões: Índice Geral de
anteriores,5,15%. Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), Índice
O INPC (Índice Nacional de Preços ao Geral de Preços do Mercado (IGP-M) e Índice
Consumidor) apresentou, no mês de junho, um Geral de Preço versão 10 (IGP-10). A metodolo-
acréscimo de 0,50% em relação ao mês de gia de pesquisa é igual para os três índices,
maio. Contribuíram para essa alta os preços sendo ela mensal, envolvendo aproximada-
dos alimentos (0,48%) e os bens não alimentíci- mente 300 mil preços em 17 mil informantes,
os (0,51%). Com o resultado de junho (0,71%) o distribuídos em 12 capitais. Os componentes
INPC acumulou 3,14% no ano, abaixo do dos IGP`s são o Índice de Preço por Atacado
percentual de 7,84% relativo à igual período (IPA) com peso de 60% na pesquisa e mede o
de 2003. Nos últimos doze meses, a taxa foi de ritmo evolutivo de preços em nível de comerci-
5,44%, acima do resultado dos doze meses alização atacadista, o Índice de Preços ao
imediatamente anteriores,4,99%. Consumidor (IPC), com peso de 30% na
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC- pesquisa, que tem como referência o poder
FIPE), calculado no município de São Paulo, de compra do consumidor e mede a variação
levando em consideração as famílias com de preços de um conjunto de bens e serviços
renda entre 1 e 20 salários mínimos, está componentes de despesas habituais de
acumulado em 2,74% no ano de 2004.
Desde março, o índice vem mostrando
tendência de aumento, com uma
variação de 0,12% em março, 0,29%
em abril, 0,57% em maio, e 0,92% em
junho. Esta última foi a maior variação no
ano corrente e também é a maior
desde fevereiro de 2003 (1,61%). Os
principais responsáveis por esse
aumento são os gastos com vestuário
(1,38%), alimentação (1,39%) e
transportes (2,09%).
O aumento dos preços do vestuário
é normal nesta época do ano devido à
mudança de estação, mas ficou acima
do esperado (1,38%, contra 1%). A
explicação do aumento nos preços no
grupo de Alimentação (1,39%) foi o
aumento nos preços dos alimentos "in
natura" devido ao frio, com destaque
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 05
Tabela 2.2 – Preço da cesta básica
nas capitais brasileiras
Capital Abr/04 Maio/04 Jun/04 Ano (%)
João Pessoa 136,47 137,76 133,10 3,93
Florianópolis 143,03 156,10 163,62 10,75
Goiânia 145,39 143,46 148,45 7,55
Brasília 159,37 159,48 165,45 6,54
Belém 148,39 149,5 150,92 7,35
Porto Alegre 164,05 181,17 183,08 8,27
Salvador 137,25 138,59 136,09 4,30
Curitiba 156,29 162,79 168,94 6,12
Recife 138,10 133,18 132,30 2,00
São Paulo 165,00 168,68 174,90 6,14
Vitória 146,20 147,37 158,19 13,58
Rio de Janeiro 153,59 160,76 170,92 9,52
Natal 138,59 137,78 139,90 9,69
Belo Horizonte 153,32 161,69 166,10 10,31
Fortaleza 137,23 135,94 138,54 8,45
Aracaju 139,56 137,34 138,43 0,25
Fonte: DIEESE.
famílias com renda entre 1 e 33 salários município de São Paulo (renda média de R$
mínimos e o Índice Nacional de Custos da 377,49) para as quais a alta do custo de vida
Construção (INCC), com peso de 10% na foi de 0,93%, em junho. Para o conjunto de
pesquisa, que mede a evolução dos custos famílias com nível intermediário de rendimen-
de construção de habitações. to (renda média de R$ 934,17), incluídas no
O IGP-DI mostratendência dealta desdeo estrato 2, a taxa foi de 1,10%, enquanto para
fim de 2003, mantendo-se em 1,29% em o estrato 3, que reúne as famílias com maior
junho de 2004. Este aumento tem como poder aquisitivo (renda média de R$
motivo principal a variação nos preços dos 2.792,90), houve um maior aumento, 1,19%.
produtos pertencentes ao IPA. O IPC apresen- Quando as taxas apuradas em junho são
tou uma trajetória semelhante, ao passo que o comparadas às de maio, nota-se que a maior
INCC foi o único que diminuiu de maio para diferença foiobservada para o estrato3 (0,72
junho do corrente ano. O IGP-M também vem p.p.). O estrato 2 também apresentou uma
apresentando um ritmo de crescimento diferença significativa (0,69 p.p.), enquanto o
desde o ultimo trimestre de 2003. Desde estrato 1 teve a menor variação (0,57 p.p.).
março, este índice apresenta elevação Nos dois meses, as taxas para o estrato 1 foram
ininterrupta, com variação de 1,38% em as mais baixas.
junho. O destaque ficou com os bens de Cesta Básica
consumo, principalmente transportes e Outros dados divulgados pelo DIEESE
alimentação, que tiveram aumentos de referem-se ao preço da cesta básica nas
preços significativos no referido período. capitais brasileiras (ver tabela 2.2). Nenhuma
Em junho, o custo de vida no município de das dezesseis capitais pesquisadasregistra, no
São Paulo registrou aumento de 1,12%, a primeiro semestre de 2004, variação acumu-
segunda maior taxa neste ano, inferior apenas lada negativa. As menores elevações, entre
à de janeiro, quando foi de 1,46%. O cálculo é janeiro e junho, ocorreram em capitais
do DIEESE - Departamento Intersindical de localizadas no Nordeste: Aracaju (0,25%);
Estatística e Estudos Sócio-Econômicos - que Recife (2%); João Pessoa (3,93%) e Salvador
constatou uma diferença de 0,69 ponto (4,30%). Por outro lado, em três localidades a
percentual em relação à taxa apurada em alta acumulada supera 10%: Belo Horizonte
maio (0,43%). Quando seconsidera apenas o (10,31%); Florianópolis (10,75%) e Vitória
mês de junho, desde 2001 que este mês não (13,58%), verificando-se nesta última capital,
registrava um percentual tão elevado um considerável aumento de maio (0,80%)
(quando foi de 1,53%). Os grupos Transportes, para junho (7,34%). Apesar de ter um
Saúde e Alimentação foram os maiores aumento bem menos expressivo, Porto Alegre
responsáveis pelo aumento do ICV deste mês, - onde a cesta subiu 1,05% - continuou a
respondendo por cerca de 0,95 p.p. do registrar o maior custo para o conjunto de
índice. Os principais destaques foram os alimentos básicos: R$ 183,08, quase R$ 9,00 a
reajustes nos combustíveis (álcool e gasolina), mais que o apurado de São Paulo (R$ 174,90),
seguros de saúde e convênios médicos e os a cidade com o segundo maior preço. No Rio
aumentos nos produtos in natura e semi- de Janeiro, a forte elevação fez com que os
elaborados. gêneros essenciais custassem R$ 170,92, a
Além do índice geral, o DIEESE calcula terceira mais cara. As três capitais com
mais três indicadores de inflação, dividindo as redução no valor da cesta, em junho,
famílias paulistanas em estratos de renda em apresentaram também os menores custos:
tercis. O estrato 1 corresponde à estrutura de Recife (R$ 132,30), João Pessoa (R$ 133,10) e
gastos de 1/3 das famílias mais pobres do Salvador (R$ 136,09).
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 06
3. NÍVEL DE ATIVIDADE
PIB decréscimo de 0,2%, entretanto o resultado
No ano de 2003 a economia amargou um do segundo semestre já indicava uma
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 07
tendência de alta dos indicado-
res de crescimento econômico.
Pode-se observar nas contas
trimestrais do IBGE que no quarto
trimestre de 2003 o PIB cresceu
1,5%. Esse fenômeno foi
sustentado com fortes volumes
de exportações, já que o
mercado interno vivia um
período de recessão aguda,
com quedas sistemáticas do
nível de consumo das famílias e
do investimento das firmas. O
cenário de estagnação em que
se encontrava a economia
brasileira foi em parte superado
no primeiro trimestre de 2004,
em que se registrou um cresci-
mento do PIB de 1,6% (Tabela
3.1) e já se vislumbram aumentos
no consumo (1,2% acumulado
neste ano) e no nível dos
investimentos em formação
bruta de capital fixo (2,2%).
Embora esse aumento dos
indicadores sinalize um reaque-
de suas produções. No caso específico dacimento da economia, ele não
indústria siderúrgica e de papel e celulosecondiz com as expectativas do governo que
esse fenômeno é marcante, já que elas vêmprevê para este ano um crescimento total do
operando no limite de suas capacidadesPIB de 3,5%. Para que isso ocorresse, a
instaladas. É interessante destacar o compor-economia deveria crescer trimestralmente a
tamento do setor agropecuário que vemuma taxa de 4%, ao invés dos atuais 1,6%. O
mantendo patamares de crescimento acimasetor externo continua sendo o motor principal
de 5% desde o segundo semestre de 2003 eda economia, com destaques para a
registrou um crescimento de 6,4% nesteexportação de matérias-primas: aço,
trimestre. O Brasil é o único país na atualidadecelulose, minério de ferro e produtos agrope-
com a fronteira agrícola em expansão, destacuários. O marasmo do mercado interno
forma, culturas como a da soja no centro-combinado com taxas cambiais favoráveis
oeste encontra condições para seu cresci-tem impulsionado as empresas, médias e
mento acelerado, o setor agrícola cada vezgrandes a exportar volumes cada vez maiores
Tabela 3.2 - Vendas no varejo por atividade - Brasil e Espírito Santo (variação real %)
mai03/ mai04 Acum. Ano Acum. 12 meses
Atividade BR ES BR ES BR ES
Comércio varejista 10,01 21,82 8,48 20,51 1,80 6,48
Combustíveis e lubrificantes 4,13 3,43 7,16 -0,49 0,65 -4,21
Hiperm.superm.prod.alim.beb.e fumo 5,17 18,90 4,77 27,88 -0,44 13,94
Superm. Hipermercados 5,20 19,28 4,84 28,42 -0,35 14,61
Tecidos, vestuário e calçados 22,47 24,83 5,68 -2,49 -0,02 -11,46
Móveis e eletrodomésticos 35,58 27,38 28,10 17,89 14,35 -5,19
Veículos, motos, partes e peças 21,44 11,71 14,48 11,94 3,93 9,53
Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal do Comércio
Tabela 3.1- Brasil: Produto Interno Bruto (em %)
2004I/ 2004I/ Acum. 12
Setor de Atividade 2003I 2003IV no ano meses
Agropecuária 6,4 3,3 6,4 4,0
Industria 2,9 1,7 2,9 -1,0
Extrativa mineral -3,9 (*) -3,9 0,7
Transformação 6,0 (*) 6,0 1,2
Construção Civil -2,3 (*) -2,3 -8,9
Serv. Ind. Util. Pública 1,3 (*) 1,3 0,3
Serviços 1,2 0,4 1,2 0,1
Comércio 5,1 (*) 5,1 -1,4
Transportes 7,4 (*) 7,4 1,8
Comunicações -1,9 (*) -1,9 -0,9
Instituições financeiras 1,9 (*) 1,9 0,0
Outros Serviços -2,1 (*) -2,1 -1,0
Aluguel de Imóveis 1,1 (*) 1,1 1,1
Admin. Pública 1,1 (*) 1,1 0,7
Dummy Financeiro* 0,3 (*) 0,3 -0,6
V. adic. pr. básicos 2,5 1,5 2,5 0,1
Impostos s/ produtos 4,0 (*) 4,0 -0,9
PIB a pr. de mercado 2,7 1,6 2,7 0,0
Consumo das famílias 1,2 0,3 1,2 -2,3
Consumo do governo 1,5 0,8 1,5 1,0
Form. bruta de cap. fixo 2,2 2,3 2,2 -5,7
Exportação 19,3 5,6 19,3 14,6
Importação (-) 11,7 4,0 11,7 2,1
Fonte: IBGE – Contas Nacionais Trimestrais
mais ganha em competitividade e vem injeção de recursos financeiros na economia,
conquistando mercados externos importan- pelo governo, exerce um importante efeito
tes. Além disso, a cultura do arroz e do sobre o nível de atividade econômica, por
algodão teve boas safras,acompanhadas de esse motivo, os cortes no orçamento da união
elevações nas cotações de seus preços são prejudiciais ao crescimento da econo-
internacionais. mia. Além disso, setores importantes da
Os gastos governamentais apresentaram economia nacional foram prejudicados pela
um pequeno aumento neste trimestre (1,5%), falta de recursos. O setor de transportes é o
entretanto, as metas de superávit primário caso mais evidente. O Ministério dos transpor-
contribuíram para que grandes somas do tes estava autorizado a investir R$ 2,4 bilhões
orçamento
f e d e r a l
f o s s e m
contingen-
ciadas pelo
Ministério da
Fazenda. O
Orçamento
d a U n i ã o
autoriza o
g o v e r n o
federal a
f a z e r
investimen-
tos no valor
de R$ 12,5
b i l h õ e s
neste ano.
Desse total,
o governo
f e d e r a l
u t i l i z o u
a p e n a s
5,57% (698
milhões de
r e a i s ) n o
p r i m e i r o
s e m e s t r e .
N ã o h á
dúvida de
q u e a
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 08
Tabela 3.3 - Vendas no varejo ampliado por atividade - Brasil e Espírito Santo (var. real %)
Março/04 Abril/04 Maio/04
Atividade BR ES BR ES BR ES
Art. farmac, méd., ortop. e de perfumaria 12,43 14,23 3,80 0,89 9,83 6,56
Equip. e mat. para escr. Inform. e comunic. 20,06 -25,51 -2,22 -29,62 0,69 -42,40
Livros, jornais, rev. e papelaria 10,37 13,33 -12,36 -18,01 -9,43 -13,03
Outros arts. de uso pessoal e doméstico 0,91 24,85 4,53 19,26 0,47 33,53
Material de construção 7,24 -4,10 -2,72 -10,71 1,06 3,35
Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal do Comércio
Tabela 3.4 - Indicadores da Produção Industrial por Seções e Atividades
mai04/mai03 Acum. no ano Últimos 12 meses
Seções e Atividades BR ES BR ES BR ES
Indústria Geral 7,84 1,15 6,47 2,89 2,76 2,00
Indústrias Extrativas 4,83 2,15 -1,71 1,97 0,45 5,84
Ind. de Transformação 8,56 0,73 6,94 3,27 2,88 0,48
Alimentos 1,12 4,41 2,52 6,93 -0,40 -0,69
Bebidas 3,74 (*) 4,13 (*) -2,26 (*)
Fumo 16,34 (*) 2,00 (*) -5,89 (*)
Têxtil 11,02 (*) 5,25 (*) -0,24 (*)
Vestuários e Acessórios -0,69 (*) -2,83 (*) -8,49 (*)
Calçados -3,67 (*) -5,76 (*) -8,97 (*)
Madeira 7,99 (*) 8,63 (*) 5,13 (*)
Celulose e Papel 12,22 -6,96 8,18 1,27 6,58 4,05
Edição, Impr. e Repr. -1,86 (*) -1,43 (*) 2,03 (*)
Refino de Petr. e Álcool -4,30 (*) 3,90 (*) 1,06 (*)
Farmacêutica 2,18 (*) -5,08 (*) -7,64 (*)
Perf. e Prod. de Limpeza 9,77 (*) 7,50 (*) 4,29 (*)
Outros Prod. Químicos 9,68 (*) 6,22 (*) 3,24 (*)
Borracha e Plástico 10,76 (*) 6,68 (*) 1,36 (*)
Minerais não-metálicos 2,95 -2,95 0,91 0,05 -2,58 -2,73
Metalurgia Básica 4,25 7,44 2,42 4,58 2,97 -0,47
Produtos de Metal 5,27 (*) 3,28 (*) -2,25 (*)
Máquinas e Equipamentos 20,40 (*) 13,47 (*) 8,41 (*)
Equip. de Informática 11,30 (*) 32,55 (*) 30,40 (*)
Materiais Elétricos 18,94 (*) 10,64 (*) 6,74 (*)
Equip. de Comunicações 33,92 (*) 35,57 (*) 21,69 (*)
Equip. Hospitalares 16,60 (*) 8,43 (*) 3,86 (*)
Veículos Motores 27,36 (*) 23,07 (*) 13,59 (*)
Outros Equip. de Transp. 12,93 (*) 9,87 (*) 7,80 (*)
Mobiliário 11,09 (*) 10,32 (*) -0,18 (*)
Diversos 8,69 (*) 10,04 (*) 3,62 (*)
Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal
neste ano, mas, entre janeiro e junho, foram também registraram taxas elevadas,
aplicados apenas R$ 20,2 milhões ou 0,85% merecendo destaque. A atividade de Móveis
do total orçado. Em contrapartida, só o e eletrodomésticos segue exercendo a
governo federal arrecadou R$ 155,9 bilhões principal influência no desempenho positivo
em tributos entre janeiro e junho, valor recorde do varejo do país. No acumulado de janeiro a
para o período. maio de 2004, aumentou o seu volume de
Comércio vendas em 28,10% com relação ao mesmo
A Pesquisa Mensal de Comércio (Tabela período do ano anterior; e no acumulado dos
3.2) registrou novamente resultados positivos últimos 12 meses a taxa de variação atingiu
no comércio varejista brasileiro. O volume de 14,35%.
vendas apresentou alta de 10,01% no Outra atividade com desempenho
indicador mensal, comprovando o real positivo e que pela primeira vez no ano
crescimento, porém ainda tímido, da registrou alta nos dados foi a de Tecidos,
economia no setor. No que se refere ao vestuário e calçados. Com perspectivas de
estado do Espírito Santo, os resultados vão um inverno mais rigoroso em 2004, o setor foi
além dos registrados para o Brasil, chegando beneficiado pelo aumento das vendas por
a 21,82%. Isso representa não apenas um motivos climáticos. Contribuiu isto também o
forte crescimento do volume de vendas no próprio quadro de recuperação econômica
estado, mas simo melhor resultado registrado do país. O dado mais expressivo foi o do mês
pelos estados da federação, gerando de maio em comparação com o mesmo
condições, apesar de já serem positivas, mês do ano anterior, 22,47% e 24,83%,
ainda mais promissoras. respectivamente para o Brasil e Espírito Santo.
Os dados registrados no indicador Para as novas atividades pesquisadas, em
acumulado do ano mostram a melhora do que a base de dados começa em janeiro de
comércio varejista brasileiro e capixaba, o 2003 (Tabela 3.3), o grande destaque foi o
Brasil apresentou crescimento de 8,48% e o setor de Artigos farmacêuticos, médicos,
Espírito Santo 20,51%. Em relação a outros ortopédicos, de perfumaria e cosméticos
estados da federação o Espírito Santo foi o (9,83%) e o pior desempenho o de Livros,
estado com os melhores resultados. Atrás dele jornais, revistas e papelaria, registrando -
ficaram os estados de Santa de Catarina e do 9,43%. O primeiro vem crescendo desde
Paraná, com 13,84% e 11,29% respectiva- março, enquanto que o segundo cresceu em
mente. março, mas diminuiu significativamente nos
No mês maio, todas as atividades meses seguintes. Em termos nacionais, o
pesquisadas do comércio varejista assinala- crescimento mais forte observado em março
ram crescimento no volume de vendas em foi arrefecendo nos meses seguintes.Indústria
relação ao mesmo mês do ano anterior, De acordo com os dados do IBGE (Instituto
destaque para Móveis e eletrodomésticos Brasileiro de Geografia e Estatística), a
(35,58%), Tecidos, vestuário e calçados produção física industrial brasileira em maio
( 2 2 , 4 7 % ) e
Veículos, motos,
partes e peças
(21,44%). No que
s e r e f e r e a o
estado do Espírito
Santo, o setor de
móveis e eletrodo-
mésticos (27,38%),
juntamente com
tecidos, vestuários
e c a l ç a d o s
( 2 4 , 8 3 % ) ,
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 09
Tabela 3.5 - Indicadores da Produção Industrial
por categorias de Uso - Brasil
Categorias de Uso
mai04/
abr04
mai04/
mai03
Acum. no
ano
Acum. 12
meses
Bens de Capital 3,7 26,0 22,5 13,2
Bens Intermediários 1,7 6,7 5,2 2,9
Bens de Consumo 1,4 5,0 5,0 0,5
Durável 3,2 23,4 21,5 12,3
Semidur. e não Dur. 1,7 0,9 1,3 -2,0
Indústria Geral 2,2 7,8 6,5 2,8
Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de Indústria
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 10
apresentou crescimento. Na passagem de geral, que cresceu em razão dos resultados
abril para maio, com ajustamento sazonal, o positivos dos segmentos relacionados com
aumento foi de 2,2%, o terceiro resultado as exportações e a agricultura. A indústria de
positivo consecutivo e o maior patamar de transformação cresceu 6,9% principalmente
produção já apontado pela Pesquisa devido ao setor de veículos automotores
Industrial Mensal, iniciada em 1991. O (23,1%), aparelhos eletrônicos e de comuni-
crescimento observado foi fruto da expansão cação (35,6%) e máquinas e equipamentos
registrada em todas as categorias de uso e, (13,5%).
ao que tudo indica o efeito multiplicador do A produçãoindustrial doEspírito Santoem
aumento das exportações, do bom desem- maio apresentou crescimento em todos os
penho do agronegócio e da expansão do períodos de comparação. Em relação ao
crédito está se espalhando por outros setores mesmo mês de 2003, o acréscimo foi de
da economia, atingindo mesmo aqueles 1,15% e esse resultado foi sustentado pelas
tipicamente voltados para o consumo indústrias de extração, de metalurgia básica
doméstico, como é o caso do setor de de alimentos e bebidas. Por outro lado, a
calçados e couros, farmacêutico, têxtil e produção de celulose e papel e de minerais
vestuário. não-metálicos diminuíram 6,96% e 2,95%,
Relativamente a maio de 2003 a indústria respectivamente. No acumulado do ano a
cresceu 7,8%, em maio de 2004. O setor taxa de crescimento foi de 2,89%, influencia-
industrial atingiu, nesse mês, o maior nível de da pela metalurgia básica (4,58%), pela de
utilização da capacidade instalada (82,5%) alimentos e bebidas (6,93%) e pela indústria
desde 1992. Mesmo assim, muitos setores de celulose e papel (1,27%), que, desde
registraram altos níveis de ociosidade, como março, vem reduzindo seu ritmo de cresci-
o setor de veículos e o de alimentos. Os mento.Entre as categorias de uso (Tabela3.5)
setores que lideraram o crescimento da o setor de bens de capital obteve o maior
produção da indústria em maio são aqueles crescimento (3,7%) na comparação com o
que foram mais castigados nos últimos anos mês anterior, apoiado no aumento da
pela redução do ritmo da atividade econô- produção de equipamentos para o setor de
mica. Por terem essa capacidade ociosa, telecomunicações, de informática e de
pelo menos não há risco de serem sobrecar- aviação. Logo em seguida vem o setor de
regados caso haja uma expansão futura. Um bens de consumo durável com um cresci-
possível esgotamento da capacidade de mento de 3,2%, superando em 23,4% o nível
produção seria problema apenas na de produção de maio do ano passado. O
indústria de bens intermediários, como na crescimento do emprego fez subir a massa
siderurgia, na de papel e celulose e na de salários, ampliando o consumo de bens
petroquímica. Porém, esse esgotamento não-duráveis, principalmente de eletrodo-
seria amenizado em função destes serem os mésticos e automóveis. Com relação aos
setores com os maiores níveis de investimen- bens intermediários, observ ou-se um
tos. crescimento de 1,7% influenciado positiva-
O crescimento de 7,8% foi o resultado do mente pelo aumento da produção de
aumento da produção na maioria das celulose e, negativamente, pela queda do
atividades pesquisadas. Veículos automoto- setor de combustíveis devido à redução da
res (27,4%), máquinas e equipamentos extração de petróleo. Os bens de consumo
(20,4%) e material eletrônico e de comunica- semiduráveis e não duráveis assinalaram
ções (33,9%), apresentaram as maiores crescimento de 1,7%, impulsionado pela
taxas. No índice acumulado no ano obser- melhora do mercado de trabalho.
vou-se um aumento de 6,5% para a indústria
Tabela 4.2 - Saldo de admitidos e desligados - CAGED
Abr/04 Mai/04 Jun/04 No Ano
Atividade Econômica Brasil ES Brasil ES Brasil ES Brasil ES
Extrativa Mineral 983 160 1.635 135 1.057 64 6.204 340
Ind. Transformação 64.355 1.904 89.527 1.123 47.545 715 326.360 4.308
Serv. Ind. Ut. Pública 517 69 762 18 455 -10 4.081 248
Construção Civil 12.667 359 14.664 314 10.019 300 60.608 1.189
Comércio 27.226 437 39.886 634 28.308 732 130.845 2.252
Serviços 49.011 1.085 56.126 1.297 39.584 704 266.751 4.334
Admin. Pública 3.971 68 2.358 23 2.448 4 23.341 364
Agropecuária 28.819 3.247 86.859 4.480 78.458 -2.811 216.430 6.384
Saldo* 187.547 7.329 291.822 8.024 207.895 -302 1.034.656 19.419
* O item Outros está contabilizado em Saldo
Fonte: MTE – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 11
4. EMPREGOS E SALÁRIOS
O período de abril a junho
deste ano apresentou uma
tendência de recuperação
das condições no mercado
de trabalho. Essa tem sido a
idéia principal propagada
pela grande mídia e pela
equipe econômica do
Governo Lula, no esforço de
j u s t i f i c a r s u a p o l í t i c a
econômica de taxas de juros rentabilidade exigidas pela esfera financeira,
elevadas e ferrenho ajuste fiscal. O crescimen- concretizadas nas altas taxas de juro,
to aparece como um fenômeno que pode ser impedem maiores investimentos em capital
sustentado, e até mesmo explicado, com produtivo.
base no modelo econômico adotado Um dos sinais dessa disposição do
atualmente. governo e sua contradição latente com a
Na verdade, o que podemos notar é que, possibilidade de crescimento contínuo da
embora de fato o panorama tenha apresen- economia brasileira é a questão do salário
tado aparente melhora, a expansão do nível mínimo, extensamente discutido no
de emprego está limitada por outros fatores Congresso Nacional. O Governo não admitia
como a capacidade instalada da indústria e aumentos substanciais no valor do salário
o nível de renda dos trabalhadores, além do mínimo porque isso acarretaria problemas
nível de investimento produtivo. Pode-se ainda para as contas públicas, dados os problemas
citar o problema da infra-estrutura, cuja de financiamento da Previdência Social. Após
tentativa de solução por parte do Governo as negociações, em que a oposição
federal se expressa no projeto de Parcerias pretendeu elevá-lo para R$ 275,00, o salário
Público-Privadas, com ênfase na redução da mínimo ficou estabelecido em R$ 260,00. Esse
participação do Estado na economia. total representa acréscimo de 8,3% quando
A rigidez do governo brasileiro, no que comparado ao valor estipulado em 2003, R$
tange ao cumprimento das metas de 240,00. Porém, em relação à variação do
superávit primário e seu compromisso com os Índice Nacional de Preços ao Consumidor
contratos financeiros representa, nesse (INPC), de 10,4%, em 2003, ocorreu uma
sentido, um impedimento à "sustentabilidade" redução do salário mínimo real. Assim, esse
do crescimento. As elevadas taxas de aumento revela-se um retrocesso para o
Tabela 4.1 - Taxa de desemprego (%)
IBGE DIEESE*
Meses 2003** 2004** 2003* 2004* 2003 2004
Abril 12,4 13,1 14,3 14,5 20,6 20,7
Maio 12,8 12,2 14,6 13,6 20,6 19,7
Junho 13,0 11,7 14,5 13,4 20,3 19,1
* Região Metropolitana de São Paulo
** Média das seis maiores regiões metropolitanas do país
Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED
sobrepôs esse crescimen-
to de forma que a taxa de
desemprego do IBGE
reduziu-se de 13,1%, em
abril para 11,7%, em
junho. Em junho de 2003 a
taxa de desemprego era
de 13%, o que reforça a
idéia de reaceleração da
produção e geração de
empregos.
Os rendimentos reais
habitualmente recebidos
p e l o s o c u p a d o s s e
recuperaram também
nesse período. Todavia,
seu recente aumento não
permite ainda a total
recomposição das perdas
nos rendimentos, já que,
durante o ano passado e
ainda no início deste ano,
houve uma forte compres-
são da parte recebida
pelos trabalhadores na
renda nacional. Em abril,
os rendimentos reais foram
problema da distribuição de renda no Brasil. de R$ 877,45, enquanto
Ao mesmo tempo, isso indica um quadro em que em junho já haviam alcançado R$
que o país fica cada vez mais dependente da 886,60. Entretanto, ocorreu ainda pequena
demanda externa para elevar seu nível de retração em comparação com junho do ano
produção e emprego, visto que a perda de passado, quando o rendimento foi de R$
poder aquisitivo acarreta redução no nível de 890,72.
consumo de várias mercadorias. A Pesquisa de Emprego e Desemprego
É nesse contexto que deve ser entendida a (PED) do Dieese, também indicou uma
recente expansão da atividade produtiva. melhoria quanto ao problema do desempre-
Todosos indicadores de emprego assinalaram go. Embora as taxas de desemprego por
variação positiva no número de pessoas desalento (2,2% em abril e 2,1% em junho) e
ocupadas, mas deve-se levar em considera- desemprego por trabalho precário (estável
ção as limitações de longo prazo impostas em 5,2% para todos os meses do período)
pela própria política macroeconômica do tenham apresentado estabilidade, o
governo e o ainda elevado número de desemprego aberto apresentou retração
desempregados e pessoas desempenhando para o período em destaque, de 20,7% em
atividades informais. abril para 19,1% em junho. Essa expansão
Os dados divulgados pelo IBGE (Tabela deveu-se realmente à ampliação da oferta
4.1) demonstram uma expansão no número de vagas, uma vez que a PED também
de vagas no mercado de trabalho. Apesar do registrou um aumento da PEA, de 9.875 mil em
aumento da População Economicamente abril, para 10.006 mil pessoas em junho de
Ativa (PEA) em todos os meses do período, de 2004.
37.401 mil pessoas em abril para 37.576 mil Nas duas pesquisas obser va-se um
em junho, o aumento do número de vagas movimento interessante: pessoas que
Tabela 4.3 - Variação mensal e acumulada do pessoal
ocupado por gênero de atividade no ES (%)
Discriminação Abr/04 Mai/04 No Ano 12 meses
Indústria Extrativa Mineral -0,03 0,80 4,32 31,23
Minerais não Metálicos 1,75 0,23 3,26 -0,52
Metalúrgica 0,16 0,57 1,54 1,46
Mecânica 13,33 -1,34 19,9 33,62
Mat. Elétr. e de Comum. -7,02 -1,63 -8,58 8,80
Material de Transporte -7,48 -1,7 -4,93 -2,09
Madeira 1,51 -1,49 -5,69 -19,04
Mobiliário 3,14 -0,20 10,87 6,22
Papel e Papelão 1,53 0,07 1,13 3,23
Borracha -0,79 0,80 1,61 -16,86
Química 24,86 1,49 32,37 11,30
Material Plástico 1,15 0,13 3,53 5,45
Têxtil 0,42 0,27 4,26 9,19
Vestuário e Calçados -0,74 1,24 4,69 4,67
Produtos Alimentares 0,36 3,28 -3,21 0,53
Bebidas -2,77 4,53 3,06 19,35
Editorial e Gráfica -1,23 0,33 -2,76 -4,56
Indústrias Diversas 8,16 1,26 -3,05 -1,86
Outros (1) 0 1,30 1,30 -0,81
Construção Civil 1,88 -2,00 -3,20 -15,84
Utilidade Pública 0,75 -0,26 0,26 -1,50
Total da Indústria 2,95 0,21 2,68 2,19
(1) refere-se ao gêneros de couros e peles, produtos farm.
veterinários e perfumaria, sabões e velas.
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 12
estavam fora da PEA sentem-se estimuladas, Sudeste (1,01%), Nordeste (0,63%) e Sul
pela expectativa de abertura de novas vagas, (0,49%). Entre os estados, destacaram-se São
a novamente entrar no mercado de trabalho. Paulo (69,2 mil postos) e Minas Gerais (57,0 mil
Daí pode-se explicar parcialmente o aumento postos).
constante da PEA para os meses em estudo. Em junho de 2004, os dados do CAGED
Esse é uma tendência que pode reforçar-se apontaram para uma maior expansão de
ao longo dospróximos meses. vagas formais de trabalho no Brasil nos setores
A PED também faz considerações a ligados ao comércio exterior. O destaque foi o
respeito da remuneração dos ocupados e da agropecuária (5,65%), com a expansão
aponta acréscimo nos salários reais recebidos de 78,5 mil novas vagas (no primeiro semestre
entre os meses de abril e maio, de R$ 944,00 de 2004, responsável pela geração de 216,4
para R$ 975,00, o que representa expansão mil postos de trabalho); seguidopela indústria
de 3,2%. Em relação a maio de 2003 o de transformação, que abriu 47,6 mil novas
acréscimo foi de 4%. Se observarmos as vagas (no primeiro semestre de 2004,
diferenças entre trabalhadores com carteira responsável pela geração de 326,4 mil postos
assinada, sem carteira assinada e autônomos, de trabalho); e a indústria de alimentos e
nota-se que apenas aqueles sem carteira bebidas que criou 10,8 mil empregos (cresceu
assinada sofreram perdas em relação a maio no semestre 6,67%, gerando 79,2 mil novos
de 2003 (retração de 5,4%). Os trabalhadores empregos). O setor comércio apresentou um
com carteira e os autônomos obtiveram aumento de 28,3 mil postos (0,54%), o melhor
aumentos em suas rendas, em relação ao resultado absoluto já registrado para junho. A
mesmo período do
ano passado, de
3 , 4 % e 6 , 9 % ,
respectivamente.
Corroborando
a t e n d ê n c i a
apresentada tanto
pelo IBGE quanto
pelo Dieese, o
Cadastro Geral de
Empregados e construção civil, que no primeiro semestre de
Desempregados - CAGED - indicou que o nível 2003 havia eliminado 20,6 mil postos,
de emprego formal no Brasil, em junho de apresentou no primeiro semestre de 2004, um
2004, decresceu 28,8% em relação a maio saldo positivo de 60,6 mil postos de trabalho
de 2004, porém, ainda registrou um saldo (5,56%). No ano, a variação positiva do nível
positivo de 207.895 mil vagas (Tabela 4.2). É o de emprego se verificou nos setores do
sexto mês consecutivo em que o CAGED comércio externo tais como a indústria de
registra aumento no número de vínculos couros e peles (12,62%), indústria de calçados
trabalhistas formais. (9,96%), indústria do transporte (8,56%).
No primeiro semestre de 2004 foi gerado Empregos e Salários no Espírito Santo
1,0 milhão de postos de trabalho formal. Nos Os dados do CAGED demonstram que o
últimos 12 meses foi criado 1,1 milhão de trabalho formal no Estado do Espírito Santo,
vagas formais. No primeiro semestre ficou após acumular o quinto mês consecutivo de
evidente o maior dinamismo na demanda de crescimento, apresentou um saldo negativo
trabalho nas cidades do interior, que totaliza- de 302 vagas, em junho de 2004, equivalente
ram 592,2 mil empregos, enquanto as a uma redução de 0,07% em relação ao mês
principais áreas metropolitanas responderam anterior. No ano de 2004, o contingente de
por 255 mil novos postos. Segundo as regiões, assalariados com carteira assinada elevou-se
a região Norte apresentou maior crescimento em 4,42%, o que significou a abertura de
(1,12%), seguida pelo Centro-Oeste (1,09%), 19.419 mil vagas.
Tabela 4.4 – Intermediação de Mão-de-Obra no ES
Especificação Abr/04 Mai/04 Jun/04 No Ano 12 meses
M.O. cadastrada 3.634 4,431 7.274 29.267 65.614
Vagas captadas 994 1.334 1.157 6.513 14.021
M.O. encaminhada 1.619 2.353 2.232 11.823 24.841
M.O. colocada 277 509 500 2.311 5.065
Taxa de alocação 27,87% 38,16% 43,22% 35,48% 36,12%
Fonte: SINE/ES
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 13
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 14
Nos últimos 12 meses, o número de perfumarias, sabões e velas (1,30%); indústrias
trabalhadores celetistas registrou expansão diversas (1,26%); vestuário e calçados
de 5,19%, correspondente à geração de (1,24%). Por outro lado, os setores que mais
22.805 vagas formais de trabalho. Os setores reduziram suas vagas foram: construção civil
da atividade econômica que assinalaram (-2%), material de transporte (-1,70%),
redução no nível de emprego formal, em vestuário e material de transporte (-1,25) %),
junho de 2004 foi a agropecuária (-7,57%) material elétrico e de comunicações (-
que apresentou menos 2.811 vagas formais 1,63%), madeira (-1,49 %), mecânico (-
de trabalho e os serviços industriais de 1,34%). A maior ampliação de vagas se deu
utililidade pública. A construção civil (1,08%) nas indústrias de pequeno porte (4,04%),
registrou a maior variação positiva no mês em seguida pelas grandes empresas (1,66%) e
referência, apresentando saldo positivo de médio porte (1,32%).
300 vagas, seguida da indústria de transfor- Os dados de emprego industrial no Espírito
mação (0,90%) com 715 postos gerados. No Santo demonstram que a economia local
mês de maio de 2004, o CAGED mostrou que apresentou tímidos sinais de crescimento no
entre os municípios com mais de 50.000 mil número de vagas formais que, ao que indica,
habitantes, Linhares (5,43%) foi o que pode ser explicado por variações sazonais na
apresentou maior expansão, criando 1.241 produção da indústria local.
mil empregos formais, enquanto o de De acordo com os dados de intermedia-
Gua rap ari (-0 ,14 )% tev e des emp enh o ção de mão-de-obra do SINE-ES - Sistema
negativo. Nacional do Emprego do Ministério do
De acordo com dados do Instituto Trabalho, em junho de 2004 foram captadas
Euvaldo Lodi (IEL-ES) da Federação das 1.157 vagas, e a taxa de alocação (percentu-
Indústrias do Espírito Santo (FINDES), o nível de al detrabalhadores colocadosem relaçãoàs
emprego na indústria capixaba registrou um vagas captadas) aumentou de 38,16%, em
crescimento de 2.432 mil vagas (2,19%), de maio de 2004, para 43,22% em junho de
maio de 2003 a maio de 2004 (Tabela 4.3). No 2003. A mão-de-obra cadastrada foi de
mês de maio de 2004 houve um acréscimo 7.274 trabalhadores, dos quais 2.232 foram
de 238 postos de trabalho, o que representa encaminhados ao mercado de trabalho, o
um incremento de 0,21% em relação ao mês que resultou na contrataçãode 500 pessoas.
abril de 2004. No acumulado do ano foram No primeiro semestre de 2004 foram
criados 2.968 mil vagas, um acréscimo de cadastrados, pelo SINE (ES), 29.267 trabalha-
2,68%. No trimestre a oferta de trabalho dores, dos quais foram encaminhados 11.823
aumentou em 3.111 mil vagas e no semestre trabalhadores para 6.513 vagas captadas,
a expansão foi de 1.732 mil novas oportunida- sendo colocados no mercado de trabalho
des de trabalho. capixaba 2.311 pessoas, com uma taxa de
Segundo o IEL (ES), os principais fatores alocação (35,48%), inferior à taxa de 36,68%
que ocasionaram a expansão do nível de registrada no 1º semestre de 2003.
emprego formal na indústria capixaba, em Comparando a mão-de-obra cadastrada de
maio de 2004, foram: o lançamento de novos junho de 2003 (5.384 pessoas) com junho de
produtos e abrangência de novos mercados, 2004 (7.274 pessoas), podemos observar que
o período da safra do açúcar e álcool e o a procura pelo trabalho aumentou em 35,1%
lançamento de nova coleção. Os setores neste último ano, bem como a mão-de-obra
responsáveis por esta elevação foram: colocada no 1º semestre de 2003 (2.754
bebidas (4,53%), produtos alimentares pessoas) foi superior em 16,1% ao mesmo
(3,28%), químico (1,49%), outros, que período de 2004, tornando ainda mais
engloba os setores de couros e peles, evidente o desemprego no Espírito Santo em
produtos farmacêuticos, veterinários e 2004.
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 15
Tabela 5.2 Fatores condicionantes da base monetária
Fluxos acumulados no mês (R$ milhões)
Período
Tesouro
Nacional
Títulos
Públicos
Setor
Externo
Assist.
Finan.
Depósito
s
Outras
Contas*
Var. da
Base
mar/04 -5 436 - 260 - 19 - 66 871 - 836 -5 746
abr/04 -9 271 11 862 3 0 - 340 237 2 490
mai/04 -7 345 6 875 8 6 188 1 478 1 209
jun/04 -3 609 6 328 3 - 6 -1 187 - 360 1 170
Fonte: BCB. Nota para a imprensa 27.07.2004.
* Inclui operações com derivativos
Tabela 5.1 – Base monetária, componentes e meios de pagamentos
Saldos em final de período (em R$ milhões) e variação mensal (%)
jun/03 abr/04 mai/04 jun/04
Componentes R$ % R$ % R$ % R$ %
Base Monetária 63 838 -2,0 65 613 3,9 66 822 1,8 67 992 1,8
Papel moeda emitido 38 799 0,0 45 161 1,5 46 025 1,9 46 646 1,3
Reservas bancárias 25 039 4,8 20 452 9,7 20 797 1,7 21 347 2,6
Meios de Pagamento* 85 398 0,4 100 189 1,3 102 586 2,4 103 976 1,4
P.Moeda em poder do públ. 33 477 0,5 38 195 0,6 38 726 1,4 39 826 2,8
Depósitos à vista 51 921 0,3 61 993 1,7 63 860 3,0 64 150 0,5
Fonte: BCB. Nota para a imprensa 27.07.2004.
*Os dados de meios de pagamento referem-se à média dos saldos nos dias úteis.
5. POLÍTICA MONETÁRIA
A necessidade do controle sobre a pela programação monetária. O resultado no
emissão de moeda decorre de sua grande mês decorreu das expansões de 2,6% nas
importância no que diz respeito não só a reservas bancárias e de 1,3% no saldo do
estruturação do sistema econômico como papel-moeda emitido.
um todo, como, principalmente no que Os meios de pagamento, segundo a
tange a sua performance. Por isso, a chama- média dos saldos nos dias úteis, totalizaram
da política monetária, que tem como uma R$ 104 bilhões em junho, com crescimento
de suas tarefas básicas precisamente o de 1,4% no mês. Os saldos do papel-moeda
controle da quantidade de meios de em poder do público e dos depósitos à vista
pagamentos que circula no sistema, é uma aumentaram 2,8% e 0,5% no mês. O M2 que
das peças básicas na execução da política é obtido ao acrescentar os títulos privados e
econômica e congrega diversos instrumentos depósitos de poupança ao conceito M1,
de ação das quais o governo pode lançar atingiu R$ 436,6 bilhões no mês de junho, de
mão para atingir seus objetivos. acordo com os saldos em final de período,
A base monetária representa o passivo com uma variação de 2% em relação ao
monetário do Banco Central, também mês anterior e 13,9% nos últimos 12 meses, de
conhecido como emissão primária de acordo com os dados preliminares do BC. O
moeda. Inclui o total de cédulas e moedas resultado obtido se deve a elevação de
em circulação e os recursos da conta 2,95% dos títulos privados, que representa R$
"Reservas Bancárias". É a principal variável de 5,3 bilhões. Os depósitos em de poupança
política monetária, refletindo o resultado aumentaram 1,33%.
líquido de todas as operações ativas e O conceito M3, resultado da soma de M2,
passivas do Banco Central. Os dados da das operações compromissadas efetuadas
Tabela 5.1 revelam que em junho, o saldo em com títulos federais e das aplicações de
final de período
d a b a s e
monetária atingiu
R$ 67,9 bilhões
(crescimento de
1,8% no mês),
m a n t e n d o - s e
d e n t r o d o
i n t e r v a l o
e s t a b e l e c i d o
fundos de renda fixa, registrou um aumento efeitos contracionistas de R$ 3,6 bilhões, R$ 6
de 1,4% no mês (23,3%m nos últimos 12 milhões, 1,1 bilhão e 360 milhões, respectiva-
meses), atingindo R$ 898 bilhões. A quota de mente.
fundos de renda fixa aumentou em 0,8%, Taxade juros
enquanto as operações compromissadas Em reunião no dia 21 de julho, o comitê de
com títulos federais cresceram em 1,25%. O Política Monetária do Banco Central, optou,
M4, que engloba M3, os títulos federais (Selic), por unanimidade, por manter a taxa básica
estaduais e municipais, atingiu R$ 1,03 trilhão de juros em 16 % a.a., sem viés. Mesmo
em junho, com uma variação de 1,1%. Os atravessando um momento de reaquecimen-
títulos federais reduziram em R$ 1,6 bilhão to na atividade, queda na taxa de desempre-
(1,2%) no mês, enquanto os estaduais e go e uma melhora no ambiente externo, o
municipais apresentaram um aumento de R$ Copom manteve uma atitude conservadora
32,7 milhões (1,33%). em sua decisão referente à taxa Selic,
Os dados para entender o crescimento da utilizando como justificativa a elevação de
Base Monetária estão presentes na Tabela 5.2 alguns dos índices de inflação (principalmen-
que representa o resultado das operações do te o IPCAe o IGP-DI).
Banco Central com o sistema financeiro, em Dessa maneira, a recusa na redução da
junho. Toda operação/intervenção do Banco taxa de juros, que permanece a mesma
Central que resulta em entrega de papel- desde abril, e a vinculação direta desta às
moeda e/ou crédito em contas de "Reservas metas de inflação, mostra que os diretores do
Bancárias" significa expansão monetária Banco central temem possíveis efeitos da
(criação de moeda) e é apresentada com recente recuperação da economia. Como
sinal positivo. Ao contrário, toda opera- consta na ata da ultima reunião do Copom, "a
ção/intervenção do Banco Central que resulta autoridade monetária reitera que estará
em recebimento e/ou débito em contas de pronta para adotar uma postura mais ativa,
"Reservas Bancárias" significa contração caso venha a se consolidar um cenário de
monetária e é apresentada com sinal divergência entre a inflação projetada e a
negativo. trajetória das metas", deixando claro, assim,
Nesta tabela é possível identificar que a que um aumento na taxa de juros até o final
expansão monetária de R$ 1,17 bilhão da do ano não é uma opção descartada.
Base, em junho, só foi possível em razão das A equipe econômica, seguindo a cartilha
operações com Títulos Públicos federais do FMI, pode acabar enfraquecendo a
realizados pelo governo. Os fluxos mensais retomada dos investimentos no setor privado
acumulados do movimento na conta única através de uma elevação sistemática da taxa
do Tesouro Nacional, bem como as opera- de juros. Isso, além de frear o crescimento e a
ções de Assistência Financeira de liquidez, queda nos índices de desemprego, pode não
Depósitos das Instituições Financeiras no resolver o problema então posto da inflação
Banco Central e Outras Contas apresentaram crescente, já que causaria uma redução da
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 16
Tabela 5.3 - Operações de crédito do sistema financeiro - saldos em final de período (R$ milhões)
e classificação das faixas de risco do saldo das operações em junho (em %)
Setor Público Setor Privado
Meses
Governo
Federal
Governo
Mun/Est.
Total Set.
Público
Indús-
tria
Habi-
tação Rural
Comér
cio
Pess.
Física
Outros
Serviços
Total Set.
Privado
Total
Geral
Abr/04 5.359 12.211 17.570 117.177 25.106 46.091 45.116 102.247 72.974 408.711 426.281
Mai/04 5.313 12.544 17.857 119.730 25.128 46.746 47.174 104.760 74.882 418.420 436.277
Jun/04 5.191 13.271 18.462 120.099 25.218 47.970 48.521 106.198 75.919 423.925 442.387
Faixa de Risco
AA+A 98,12 64,86 74,21 68,40 41,69 59,61 59,42 57,74 60,55 60,71 61,27
B até G 1,87 27,38 20,21 29,55 51,33 38,91 38,11 36,99 37,04 36,09 35,43
H 0,00 7,76 5,58 2,05 6,98 1,48 2,48 5,27 2,40 3,20 3,30
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: BCB - Nota para a imprensa - 27.07.2004
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 17
capacidade instalada das empresas gerando ram praticamente intocada a rentabilidade
mais inflação. média no primeiro semestre do ano. O lucro
Na ponta do mercado, as taxas cobradas líquido desses bancos aumentou 11,4% de
dos tomadores finais mantêm-se relativamen- janeiro a junho em comparação com igual
te estáveis desde o mês de abril. Para as período de 2003, totalizando R$ 4,5 bilhões."
pessoas jurídicas, nas operações pré-fixadas, Operações de crédito
as taxas médias anuais mais elevadas são da O total de empréstimos do sistema
conta garantida (66,8%), hot money (49,4%) e financeiro atingiu R$ 442,4 bilhões, em junho
desconto de promissórias (49,3%). A maior de 2004, um aumento de 1,4% em relação ao
taxa para a conta garantida é a do Banco mês de maio e de 7,9% no 1º semestre de
Sofisa, 167% ao ano, e a menor taxa é a do 2004. O saldo dos empréstimos comparado
Banco Société Generale Brasil (17,2%). O com o PIB (26,1%) manteve-se estável em
Banco do Brasil cobra 66,69%, o Banco Itaú, relação a maio de 2004, evoluindo 1,4% se
65,35% e o Bradesco, 61,4%, calculados para comparado a junho de 2003, quando
o período de 09 a 13 de agosto de 2004, representou 24,7% do PIB. O setor público
segundo dados do Banco Central do Brasil. O aumentou o seu endividamento, frente ao
hot money custa 70,37% na Caixa Econômica sistema financeiro em 3,4% no mês, passando
Federal, 61,4% no Banco Itaú e no Sudameris e de R$ 17,9 bilhões para R$ 18,5 bilhões. Esse
atinge 94,27%, no Abn-Amro Real. crescimento foi devido principalmente aos
As pessoas físicas pagam taxas ainda mais estados e municípios (5,8%), pois o governo
altas. A taxa do cheque especial é de 140,3% federal reduziu oseu endividamento em2,3%,
ao ano e a do crédito pessoal, de 71,9%. O no mês. Entretanto, essa dívida é pouco
banco Schahin chega a cobrar 358,97% no significativa, pois representa menos de 5,0%
cheque especial e o Citybank, 178,49%. Os do total dos empréstimos.
bancos estatais como o Banco do Brasil O setor privado aumentou pouco o seu
(130,84%) e a Caixa Econômica Federal endividamento, apenas 1,3% no mês. Os
(119,97%) cobram um pouco menos do que maiores aumentos foram observados no
os maiores bancos privados nacionais como o comércio (2,9%) e no crédito rural (2,6%), as
Itaú (146,0%) e o Bradesco (146,83%). Os pessoas físicas e outros serviços aumentaram
maiores bancos estrangeiros que atuam no em 1,4% e a indústria e habitação em menos
Brasil também cobram taxas elevadíssimas, de 0,5%.
151,4% do HSBC, 145,46% o Santander O maior destaque nas operações de
Banespa e 135,8% o Abn Amro Real. O crédito no mês de junho de 2004 ficou com o
Unibanco, banco privado nacional com desempenho das operações com recursos
participação estrangeira, cujo Conselho de livres, que responderam 57% do total,
Administração é presidido pelo ex-Ministro da registrando crescimento de 1,5% no mês e de
Fazenda Pedro Malan, não deixa por menos, 12,4% no ano, com saldo de R$ 252 bilhões. As
cobra 143% ao ano no cheque especial. O operações com recursos livres, englobam
argumento de que a abertura do mercado financiamentos para empresas e emprésti-
financeiro para os bancos estrangeiros mos concedidos para pessoas físicas, cujo
aumentaria a concorrência e levaria a uma desempenho positivo no mês foi devido ao
queda na taxa de juros são desmentidos com aumento de 1,4% nos empréstimos para
esses dados. Nem os bancos estrangeiros, pessoas jurídicas e de 1,8% nos empréstimos
nem os privados nacionais e nem os bancos destinados para pessoas físicas. A classifica-
estatais escapam da lógica financeira e da ção das operações de crédito segundo faixas
busca ao lucro máximo. Assim, a Folha de São de risco efetuadas no mês junho de 2004 pelo
Paulo de 13.08.04 anuncia que "Apesar do sistema financeiro brasileiro (tabela 5.3),
corte de dez pontos percentuais na taxa mostram que 61,27% foram classificadas na
básica de juros, a Selic, quatro dos maiores faixa de baixo risco (AA+A), dívidas não
bancos privados do país - Bradesco, Itaú, vencidas ou com até quinze dias de atraso.
Unibanco e Santander Banespa - conseguiram Apenas 3,3% enquadraram-se nas operações
aumentar seus lucros, suas receitas e mantive- de risco mais elevado (H), ou seja, empréstimo
As comemorações dos 10 anos do Plano 4,26% do PIB. A diferença em relação ao
Real têm recebido grande destaque nos mesmo período de 2003 foi de R$ 4,9 bilhões
meios de comunicação. Dentre os que (16,7%) mais do que os R$ 29,3 bilhões, ou
comemoram está parte dos comentaristas 4,05% do PIB realizado naquele período. O
econômicos que exaltam o que chamam de superávit do primeiro semestre de 2004 foi
tripé do ciclo virtuoso: crescimento econômi- fortemente influenciado pelo aumento da
co, inflação controlada e equilíbrio em conta arrecadação. Parte desse aumento foi
corrente. O ano de 2004 é considerado devido à antecipação de tributos, e,
como uma nova fase na realidade econômi- portanto, não deverá se refletir no resultado
ca brasileira, conquistando esse tão sonhado dos meses seguintes. Ademais, foram
equilíbrio do tripé do crescimento saudável. tomadas medidas para desonerar determi-
Os resultados apresentados na tabela nados setores e segmentos da sociedade
6,1, onde estão as contas do Governo com menor renda, que contribuirão para a
Federal, no conceito "acima da linha", que redução da arrecadação de tributos federais
registra as receitas e despesas do governo, ainda neste exercício, segundo fontes
confirmam o compromisso do governo em oficiais.
realizar um elevado superávit primário. O Tesouro Nacional contribuiu com
No segundo trimestre, as contas públicas superávit de R$ 7,1 bilhões no mês de junho,
continuam apresentando a mesma lógica enquanto a Previdência Social (RGPS) e o
da austeridade fiscal do semestre imediata- Banco Central registraram déficits de R$ 1,6
mente anterior, com o Governo Central bilhão e R$ 27,0 milhões, respectivamente. O
(Tesouro Nacional, Previdência Social e resultado de junho ocorreu apesar das
Banco Central) registrando um superávit restituições de tributos federais no mês (R$ 2,4
primário de R$ 5,5 bilhões, no mês, e de R$ bilhões), correspondendo a cerca de 0,15%
34,2 bilhões, no semestre, o que equivale a do PIB. Apesar do superávit do Governo
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 18
Tabela 6.1 – Resultado Primário do Governo Central (R$ milhões)
Discriminação Jun/03 Jan-Jun/03 Abr/04 Mai/04 Jun/04 Jan-Jun/04
I. RECEITATOTAL 25.112,9 173.692,5 35.054,9 33.119,6 33.622,6 201.311,0
I.1. Receita do Tesouro 18.941,4 137.866,9 27.765,5 25.756,8 25.624,0 158.291,0
I.2. Receita da Prev. Social 6.171,5 35.353,4 7.198,2 7.275,8 28.027,8 42.475,0
I.3. Receita do Banco Central 472,2 91,2 87,0 98,7 544,9
II. TRANSF. A EST. E MUNIC. 4.227,2 32.084,1 5.430,1 6.602,3 4.210,9 32.876,4
III. RECEITALÍQUIDA TOTAL 20.885,6 141.608,4 29.624.8 26.517,3 29.411,8 168.434,6
IV. DESPESATOTAL 20.133,4 112.319,3 22.125.9 22.792,6 23.878,2 134.255,4
IV.1. Pessoal e Enc. Sociais 6.444,9 37.085,5 6.076.9 6.322,1 6.888,8 39.936,0
IV.2. Benef. Previdenciários 7.979,9 44.972,7 9.144,6 9.086,2 9.485,6 54.291,6
IV.3. Custeio e Capital 5.645,1 29.454,3 6.740,0 7.225,4 7.327,2 39.109,6
IV.4. Transf. do Tesouro ao BC 262,8 48,1 45,8 50,9 279,6
IV.5. Despesas do B. Central 544,0 96,4 113,1 125,7 638,6
V. RES. PRIM. GOV. CENTRAL 754,7 29.289,1 7.518,9 3.724,7 5.533,6 34.179,1
V.1. Tesouro Nacional 2.560,7 38.980,2 9.470,4 5.561,2 7.146,2 46.089,4
V.2. Previdência Social (RGPS) -1.808,5 -9.619,3 -1.946,3 -1.810,4 -1.585,6 -11.816,6
V.3. Banco Central 2,5 -71,8 -5,2 -26,1 -27,0 -93,7
VI. RES. PRIMÁRIO/PIB (%) 4,05% 4,26%
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional - Ministério da Fazenda
6. POLÍTICA FISCAL
co m a tr as o d e m ai s d e 1 80 di as . estaduais e municipais reduziram em 3,16
Comparando com os dados de março de pontos percentuais suas dívidas com mais de
2004 o governo federal aumentou de 0,1% 15 dias de atraso e o setor privado reduziu em
para 1,87% a parcela de suas dívidas com 1,11 ponto percentual.
mais de 15 dias de atraso, os governos
Central ter sido maior do que em igual do um déficit de R$ 0,7 bilhão, devido à
período no ano passado em valores distribuição de dividendos ocorrida nesse
absolutos, as despesas cresceram proporcio- mês, da ordem de R$ 2,3 bilhões. No total do
nalmente mais do que as receitas. A receita semestre, o superávit primário somou R$ 46,2
líquida cresceu R$ 26,8 bilhões (18,9%), bilhões (5,53% do PIB), um aumento de 15,4%
atingindo o montante de R$ 168,4 bilhões até quando comparado com os R$ 40 bilhões
junho e as despesas foram de R$ 134,3 economizados no mesmo período do ano
bilhões, um aumento de R$ 21,9 bilhões ou anterior. Mas o saldo do Governo Central
19,5%. As receitas do Tesouro apresentaram apresentou crescimento de 21,2%, de R$
crescimento de R$ 20,4 bilhões (14,8%), 29,3 bilhões, em 2003, para R$ 35,6 bilhões,
atingindo um total de R$ 158,3 bilhões no em 2004, representando 4,44% do PIB. Os
semestre. Segundo a Secretaria do Tesouro, governos regionais, apresentaram superávit
os fatores que mais influenciaram foram o de R$ 10,2 bilhões (1,27% do PIB) e as
aum ent o da alí quo ta da Cof ins, da empresas estatais, R$ 414 milhões (0,05% do
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e PIB).
sobre oIPI-fumo. A dívida líquida do setor público apresen-
A tabela 6.2 apresenta o resultado tou um pequeno crescimento em termos
consolidado do setor público como um todo, absolutos, entre maio e junho de 2004,
no conceito 'abaixo da linha', isto é, pela atingindo R$ 948,2 bilhões ou 56% do PIB, mas
necessidade de financiamento do setor diminuiu 0,8 p.p. em relação ao PIB. Esse
público. O resultado primário foi positivo em resultado foi obtido principalmente pela
todos os meses do primeiro semestre de redução da dívida das empresas estatais (R$
2004. Esse é o esforço que o país vem 1,9 bilhão) e do Governo Central (R$ 1,5
fazendo para atender o acordo firmado com bilhão). Os governos regionais, Estados e
o FMI. Assim, em junho, o resultado primário Municípios, aumentaram o seu endividamen-
do setor público ficou em R$ 7,9 bilhões, to em R$ 4,9 bilhões. A dívida interna líquida
sendo R$ 5,4 bilhões
do Governo Central,
R$ 1,7 bilhão dos
estados e municípi-
os e R$ 0,9 bilhão
d a s e m p r e s a s
estatais, que nesse
m ê s v o l t o u a
r e g i s t r a r u m
superávit, já que no
m ê s d e m a i o
haviam apresenta-
Tabela 6.2 – Necessidade de Financiamento do setor Público (R$ milhões)
Discriminação Jun/03 Jan-Jun/03 Abr/04 Mai/04 Jun/04 Jan-Jun/04
Resultado Primário -3.029 -40.009 -11.901 -5.839 -7.915 -46.183
Governo Central -903 -29.353 -7.561 -4.692 -5.354 -35.586
Governos Regionais -1.136 -9.026 -1.845 -1.881 -1.681 -10.182
Empresas Estatais -990 -1.630 -2.495 735 -880 -414
Juros Nominais 8.957 74.269 9.904 10.682 9.887 61.829
Governo Central 8.630 49.198 6.042 5.313 5.492 36.853
Governos Regionais 440 24.036 4.269 5.670 5.706 27.242
Empresas Estatais -112 1.036 -407 -301 -1.311 -2.267
Resultado Nominal 5.928 34.260 -1.997 4.844 1.972 15.646
Governo Central 7.727 19.845 -1.519 621 138 1.267
Governos Regionais -697 15.009 2.424 3.789 4.025 17.060
Empresas Estatais -1.102 -594 -2.902 434 -2.191 -2.681
Fonte: BCB – Nota para imprensa, 30.07.2004
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 19
Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (R$ bilhões)
Discriminaçãob Jun/ 03 Dez/ 03 Abr/04 Mai/04 Jun/04
Dívida Total Líquida 856.353 913.145 926.398 946.669 948.243
Governo Central 527.219 578.748 583.277 597.731 596.268
Governos Regionais 304.061 316.719 325.537 332.145 337.055
Empresar Estatais 25.073 17.678 17.584 16.792 14.919
Dívida Total Líquida 856.353 913.145 926.398 946.669 948.243
Dívida líquida interna 668.733 726.688 760.006 768.547 771.637
Dívida líqu. externa 187.620 186.458 166.392 178.122 176.605
DLSP em % do PIB 55,4 58,7 56,5 56,8 56,0
Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 03.08.04
aumentou de R$
768,5 bilhões
para R$ 771,6
bilhões, mas foi
p a r c i a l m e n t e
c o m p e n s a d a
pela redução da
dívida externa,
que diminuiu em
R$ 1,5 bilhão.
A dívida total
d o T e s o u r o
Nacional, em
dessa dívida (45,9%) é remunerada pelatítulos, já ultrapassou R$ 1,0 trilhão, um
taxa Over/Selic, que diminuiu a sua participa-crescimento de 5,8% no semestre. Desse
ção durante o semestre em 0,7 pontototal, R$ 733,8 bilhões estão colocados no
percentual. A participação dos títulos pré-mercado e R$ 301,1 bilhões estão na
fixados cresceu 3,6 p.p., a dos título indexa-carteira do Banco Central. Esse total,
dos a índices de preços 0,9 p.p. e a dos títulossomados aos títulos do Banco Central ainda
cambiais caíram de 20,5%, em dezembro,no mercado e operações de mercado
para 14,2%, em junho.aberto elevam a dívida para R$ 837,27
bilhões, em junho de 2004. A maior parte
7. SETOR EXTERNO
Mais uma vez o desempenho da balança 2003 - e de US$ 83,4 bilhões em doze meses -
comercial, que contabiliza o fluxo de bens um crescimento de 22,1% em relação aos
comercializados entre o Brasil e o exterior, doze meses encerrados em junho de 2003. O
surpreendeu positivamente. O resultado forte crescimento tem sido puxado principal-
mensal das exportações bateu novo recorde mente pelo crescimento das exportações de
histórico em junho deste ano, alcançando US$ manufaturados (automóveis de passageiros,
9,3 bilhões e superando o valor também aviões, calçados, suas partes e componentes,
inédito de US$ 7,9 bilhões alcançado em maio partes e peças para veículos automóveis e
de 2004. tratores), e de produtos básicos (minérios de
Com estes resultados, as exportações ferro e seus concentrados, carne e miúdos de
acumularam um total de US$ 43,3 bilhões nos frango congelados, frescos ou refrigerados,
seis primeiros meses do ano - um crescimento soja, etc.).
de 31,2% em relação ao primeiro semestre de O excelente desempenho das exporta-
Tabela 7.1 –Conta de transações correntes (US$ milhões)
Discriminação jun/03 Jan-jun03 abr/04 mai/04 jun/04 jan-jun04
Balança comercial 2.354 10.397 1.957 3.118 3.810 15.049
Exportações 5.875 33.002 6.589 7.941 9.328 43.306
Importações 3.521 22.605 4.632 4.823 5.517 28.257
Serviços -572 -2.306 -431 -227 -503 -1.869
Transportes -144 -815 -166 -128 -166 -910
Rendas -1.501 -8.801 -2.520 -1.713 -1.542 -10.367
Juros -1.127 -6.321 -1.708 -940 -1.177 -6.862
Lucros e Dividendos -382 -2.529 -823 -798 -370 -3.608
Transf. unilaterais 194 1.227 259 300 292 1.602
Trans. correntes 475 517 -735 1.478 2.058 4.415
Trans. Correntes/PIB (%) - 0,21 - - - 1,60
Fonte: BCB – Notas para a imprensa
Tabela 6.4 – Títulos Públicos Federais e Operações
de Mercado Aberto (% por indexador)
Discriminação Jun/03 Dez/03 Abr/04 Mai/04 Jun/04
Dívida total (R$ bilhões) 717,81 787,57 825,86 833,73 837,27
Indexadores (%)
Over/Selic* 48,1 46,6 48,6 45,5 45,9
Câmbio* 27,1 20,5 15,1 14,8 14,2
Prefixado 4,2 11,6 14,7 14,7 15,2
TR 1,9 1,7 1,6 1,6 1,7
Índices de preço 12,0 12,6 12,9 13,1 13,5
Oper. de merc. Aberto 6,7 7,1 7,0 10,2 9,4
FONTE: BCB – Notas para a imprensa, 30.07.04 - *com swap
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 20
ções tem contribuído para manter saldos dos preços das exportações brasileiras. Além
robustos na balança comercial, apesar das disso, as exportações brasileiras têm crescido
importações também estarem crescendo. em valor acima das importações mundiais, o
Nos últimos seis meses as importações que significa que o País também está
acumularam um saldo de US$ 28,3 bilhões, ganhando espaço no mercado mundial,
que significa um crescimento de 25,0% em uma conquista possivelmente associada à
relação ao primeiro semestre de 2003, e nos política de promoção das exportações
últimos doze meses um saldo de US$ 53,9 brasileiras. Os destinos das exportações estão
bilhões, 13,8% superior ao saldo acumulado hoje muito mais diversificados do que há um
nos doze meses encerrados em junho de ano atrás. No acumulado de janeiro a maio
2003. Isso vem ocorrendo por conta do de 2004 o Estados Unidos, a Argentina, a
aumento das importações de bens interme- China e a União Européia passaram a explicar
diários e de bens de capital. Esse aumento cerca de 50% do crescimento das exporta-
pode ser tomado como indicador prévio do ções em relação ao mesmo período de 2003.
crescimento do nível de atividade. A Observou-se também uma maior participa-
tendência é, em se mantendo essa onda de ção de destinos como México, Venezuela,
recuperação, um crescimento ainda maior Japão, e alguns países da Europa Oriental.
das importações. Contribui também nesse Os gastos líquidos com serviços, cresce-
sentido a atividade de alguns setores rem pouco, em junho, quando comparados
exportadores que importam muitos compo- a abril e maio; em relação ao ano passado,
nentes de seus produtos. houve uma retração de 12,1% (US$ 69
Com estes resultados, o saldo da balança milhões). No acumulado nos seis primeiros
comercial em junho foi de US$ 3,8 bilhões, meses do ano, comparados com o mesmo
também superando o recorde mensal período do ano anterior, o déficit reduziu-se de
anterior - US$ 3,1 bilhões em maio de 2004. No US$ 2,3 bilhões em 2003 para US$ 1,8 bilhão
primeiro semestre do ano a balança em 2004. As despesas líquidas com transporte
comercial já acumula um superávit de US$ atingiram US$ 166 milhões em junho de 2004,
15,0 bilhões e no acumulado em doze meses registrando um aumentode 15,4% namesma
o saldo é de US$ 29,5 bilhões. De acordo com base de comparação para2003.
a s p r o j e ç õ e s d o M i n i s t é r i o d o As remessas líquidas de renda para o
Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o exterior registraram, no acumulado de janeiro
saldo comercial deverá fechar o ano em US$ a junho, um déficit de US$ 10,3 bilhões contra
28,0 bilhões (US$ 88,0 bilhões para as US$ 8,8 bilhões registrados em 2003, um
exportações e US$ 60,0 bilhões para as aumento em 17,8%. Este aumento é
importações), uma estimativa cautelosa à luz resultado tanto dos juros pagos, que passa-
dos saldos já obtidos no primeiro semestre e ram de US$ 6,3 bilhões no acumulado dos seis
em doze meses. primeiros meses do ano em 2003 para US$ 6,8
O crescimentodas importaçõesmundiais bilhões no mesmo período em 2004, quanto
tem contribuído decisivamente para o da remessa de lucros e dividendos, cuja saída
crescimento tanto das quantidades quanto aumentou 42% em relação ao mesmo
Tabela 7.2 –Conta capital e financeira (US$ milhões)
Discriminação jun/03 jan-jun03 abr/04 mai/04 jun/04 jan-jun04
Conta capital e financeira 4.528 9.126 -48 -2.171 -2.457 -1.757
Conta capital 39 209 77 69 64 398
Conta financeira 4.489 8.917 -126 -2.240 -2.521 -2.156
Investimento direto 211 2.844 361 198 278 3.224
Invest. em carteira 1.792 3.901 -4.551 -894 -642 -3.701
Derivativos -25 -71 28 -273 -46 -240
Outros investimentos 2.510 2.243 4.035 -1.271 -2.111 -1.439
Erros e omissões -25 -674 616 417 -438 -1.312
Resultado do balanço 4.978 8.969 -167 -276 -837 1.346
Fonte: BCB – Notas para a imprensa
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 21
período do ano anterior. Esses resultados são oficial do governo em viagem, que tenta
os reflexos da fragilidade da melhora da vender as possibilidades de ganho nos setores
atividade econômica brasileira, já que as produtivos nacionais. A verdade é que os
emp res as tra nsn aci ona is em fas e de maiores filões para o investimento externo, os
crescimento tendem a reinvestir seus lucros serviços públicos,já foram cedidos.
internamente e em momentos de desconfian- Atualmente esses recursos têm sua
ça ou fragilidade econômica os recursos importância diminuída, dado o ajuste que
acumulados são remetidos às matrizes. vem se realizando pela balança comercial.
As transferências unilaterais, que registram Os superávits crescentes reduzem a necessi-
a movimentação dos fluxos de capitais sem dade de financiamento do setor externo,
contrapartida, têm apresentado crescimento diferentemente do que ocorria no início do
em função dos fluxos advindos da remessa de plano real, com a sobrevalorização cambial e
dinheiro dos imigrantes brasileiros que vivem os déf ici ts com erc iai s cre sce nte s daí
no exterior. No acumulado de janeiro a junho decorrentes. À época, o desequilíbrio das
houve um crescimento de 30% de 2003 para contas externas tornava imperativa a atração
2004 - de US$ 1,23 bilhão em 2003 para US$ de recursos, solucionada pelas políticas e de
1,6 bilhão em 2004. abertura e atração de capitais especulativos
A conjugação de todos esses dados fez de curto prazo, adotadas pelo governo
com que, na comparação dos resultados de FernandoHenrique.
janeiro a junho de 2003 e 2004, o saldo de US$ Os inv est ime nto s em car tei ra têm
517 milhões na conta de transações correntes registrado saídas líquidas desde março.
evoluísse para US$ 4,4 bilhões e a relação das Somente no último trimestre, foram remetidos
transações correntes como porcentagem do seis bilhões de dólares líquidos. Nos primeiros
PIB aumentasse de 0,21% para 1,6%. seis meses de 2004 o resultado foi negativo
No que diz respeito à conta capital e em US$ 3,7 bilhões. No mesmo período do
financeira, o resultado observ ado nas ano passado houve um ingresso líquido de US$
transações de bens e serviços não se repete. 3,9 bilhões. O resultado mais expressivo do
No primeiro semestre de 2004 o movimento trimestre foi em abril, com uma saída de
de saída de divisas foi considerável: US$ 1,8 recursos de US$ 4,5 bilhões. O número é
bilhão deixou o país, sobretudo nas transações decorrente principalmente dos pagamentos
de ativos financeiros com o exterior (tabela de bônus e commercial papers negociados
7.2). No mesmo período do ano anterior havia no exterior, tanto do setor público quanto do
ingressado pela mesma conta US$ 9,1 bilhões. setor privado. No segundo trimestre o setor
O movimento observado no último trimestre foi privado não conseguiu rolar seus compromis-
de deterioração. A conta capital, que registra sos vincendos. A baixa captação de recursos
as tra nsf erê nci as de pat rim ôni o ent re indica uma retração nas linhas de crédito
residentes e não residentes, tem pouca internacional para as empresas brasileiras. Em
importância nesse movimento, apesar do junho o Governo conseguiu atrair cerca US$
volume dos ingressos nos primeiros seis meses 750 milhões através da emissão de seus títulos
deste ano ser quase o dobro do mesmo no exterior,mostrando que essa dificuldade de
período do ano passado. Isto devido ao captação está restrita ao setor privado, que no
montante absoluto transacionado ser mesmo mês pagou cerca de US$ 920 milhões
pequeno. em amortizações de créditos de longo prazo,
Os ingressos líquidos de investimento direto não conseguindo rolar nenhum de seus
do exterior totalizaram no primeiro semestre de vencimentos para o mês.
2004 US$ 3,2 bilhões, um acréscimo de 13% As expectativas quanto à definição das
quando comparado ao primeiro semestre de taxas de juros em praças centrais impulsiona-
2003. O atual ensejo de crescimento ainda ram em parte esse movimento. Depois da
não mostrou potencial para atrair investimen- definição do aumento da taxa de juros
tos externos. Ao que parece a política de americana, a tendência de saída de recursos
atração desses investimentos está em deve ser minimizada nos próximos meses,
segundo plano. Os estímulos para o investidor podendo mesmoser revertida.
estrangeiro têm-se restringido a propaganda No item outros investimentos, no qual são
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 22
c o n t a b i l i z a d o s o s
f i n a n c i a m e n t o s
c o n c e d i d o s p o r
exportadores estrangei-
ros e aqueles proveni-
entes de organismos
i n t e r n a c i o n a i s ,
observou-se uma saída
líquida de recursos no
primeiro semestre da
ordem de US$ 1,4 bilhão
frente a ingressos
líquidos de US$ 2,5
bilhões no mesmo
o FMI de acordo com critérios estabelecidosperíodo do ano anterior. Em abril, o ingresso de
pelo próprio Fundo, a posição brasileira variourecursos foi de cerca de quatro bilhões de
mais expressivamente no semestre. Em junho odólares, devido principalmente à redução dos
saldo foi de US$ 22,8 bilhões, acréscimo dedepósitos de bancos nacionais no exterior, da
31% no primeiro semestre de 2004. Aordem de US$ 2,6 bilhões, e de desembolsos
expectativa do Banco Central (BC) para olíquidos de fornecedores internacionais em
volume de reservas líquidas no ano foi revistalinhas de crédito, no valor de US$ 1,9 bilhão.
dos iniciais US$ 30 bilhões para pouco mais deNão obstante, a tendência desde o começo
US$ 21 bilhões.do ano é de saída de recursos, principalmente
Analisando a dívida externa brasileiradevido às amortizações, o que reforça a tese
observa-se uma redução no montante total aoda baixa disponibilidade de recursos para
longo dos últimos doze meses, com destaquecrédito a brasileiros. As exceções foram os
para a queda ao longo deste ano. A dívidameses de janeiro, com um resultado positivo
total estimada para o mês de abril de 2004pequeno (US$ 186 milhões), e o mês de abril.
(US$ 205,8 bilhões) é 4,2% menor que aEm junho foram amortizados junto ao Fundo
registrada no mesmo mês em 2003 (US$ 215Monetário Internacional US$ 1,3 bilhão
bilhões, vide tabela 7.3). A redução foi maiorreferente ao último acordo firmado com a
nos compromissos privados e do setor públicoInstituição.
financeiro; nos últimos doze meses essaO resultado global do balanço acumulado
parcela da dívida caiu cerca de 8%, sendonos seis primeiros meses de 2004 foi superavitá-
que a dívida de curto prazo registrou umario, alcançando o total de US$ 1,3 bilhão,
queda de 15% e a de médio e longo prazosubstancialmente inferior (84%) ao resultado
uma queda de 6,8%. Já a parcela da dividaobtido no mesmo período em 2003 (US$ 8,9
do setor público permaneceu praticamentebilhões). Ao longo do último trimestre houve um
inalterada quando comparados os meses demovimento constante de saída de recursos do
abril de 2004 e 2003. Desde dezembro depaís. Nem os bons resultados da conta de
2003 a dívida brasileira, tanto do setor públicotransações correntes conseguiram reverter a
quanto do setor privado e público financeiro,tendência impulsionada pela deterioração da
tanto de curto quanto de médio e longo prazo,conta financeira. O acumulado no semestre se
tem se reduzido. A disponibilidade de créditomanteve positivo graças ao expressivo
internacional se reduziu no começo do ano oresultado obtido no mês de janeiro, quando o
que reduziu o volume de novas captações ebalanço fechou com um saldo positivo de US$
de rolagem de compromissos, isto devido4,2 bilhões.
possivelmente às expectativas de mudançasNo mês de junho, o volume de reservas
das taxas de juros americanas.brasileiras no conceito de liquidez internacio-
A balança comercial do Espírito Santo, quenal totalizou US$ 49,8 bilhões, apenas 1%
registra as transações comerciais de merca-superior ao registrado em dezembro de 2003
dorias do estado com o exterior, obteve nos(US$ 49,3 bilhões). No que diz respeito às
primeiros seis meses do ano um superávit dereservas líquidas, excluídas as obrigações com
Tabela 7.3 – Dívida externa (US$ milhões)
Discriminação abr/03 dez/03 mar/04 abr/04
1
Dívida médio e longo prazos 191.977 194.736 193.300 186.382
Setor público
2
114.453 119.785 119.565 114.160
Setor privado
3
77.525 74.950 73.735 72.222
Dívida de curto prazo 22.995 20.194 20.163 19.457
Setor público
2
45 11 11 11
Setor privado
3
22.950 20.183 20.152 19.446
Dívida externa total 214.972 214.930 213.463 205.839
Fonte: BCB – Notas para a imprensa
1. Dados estimados; 2. Não inclui o setor público financeiro;
3. Inclui o setor público financeiro.
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 23
U S $ 5 7 4 , 7
m i l h õ e s ,
representan-
do aproxima-
d a m e n t e
3,6% do saldo
positivo da
b a l a n ç a
c o m e r c i a l
brasileira. Esse
r e s u l t a d o
a l c a n ç a d o
n o s s e i s
Capanema no Sistema Sul, que, no anoprimeiros meses do ano é 15% menor do que o
passado, produziu mais de três milhões desaldo comercial conseguido no mesmo
toneladas no primeiro semestre. (Gazetaperíodo do ano anterior (US$ 676,1 milhões).
Online, 03 de ago. 2004)As exportações realizadas pelos portos
As importações de mercadorias, aocapixabas somaram a cifra de US$ 1,8 bilhão
contrário das exportações, registraram umentre janeiro e junho, sendo que no mesmo
substancial aumento no primeiro semestre doperíodo do ano anterior esse montante foi de
ano de 2004. O montante desembarcado nosUS$ 1,6 bilhão; destaque para uma variação
portos capixabas durante os seis primeirospositiva nas exportações de produtos básicos
meses do ano passado atingiu a cifra de US$que aumentaram de US$ 689,7 milhões no
947,3 milhões, comparando-se esse resultadoprimeiro semestre de 2003 para US$ 876,5
com o mesmo período de 2004 (US$ 1,3 bilhão)milhões, no mesmo período deste ano. Esse
observa se um aumento de 37,2%. Neste caso,resultado positivo para os produtos básicos se
o principal destaque são os produtos manufa-deve em grande medida a produção de
turados cujo valor atingiu o montante de umminério de ferro, cujo resultado acumulado no
bilhão de dólares no primeiro semestre deprimeiro semestre de 2004 foi de cerca de 98
2004, contra US$ 749,5 milhões registrado emmilhões de toneladas contra aproximadamen-
igual período do ano anterior.te 90 milhões do mesmo período do ano
passado, apesar do fechamento da mina de
Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 24
Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura
Departamento de Economia - Graduação em Economia
Universidade Federal do Espírito Santo
Av. Fernando Ferrari, 514 - Campus Goiabeiras - Vitória - ES
CEP 29075-910 - Tel/Fax: 27-3335-2605/2615
Coordenadores: Paulo Nakatani e Fabrício Augusto de Oliveira
Professores Pesquisadores: Maurício de Souza Sabadini e Sebastião José Balarini
Professores Colaboradores: Angela Maria Morandi e Reinaldo Antonio Carcanholo
Tabela 7.4 Balança Comercial do Espírito Santo (US$ mil)
Discriminação jun/03 jan-jun03 abr/04 mai/04 jun/04 jan-jun04
Balança comercial 71.372 676.147 15.824 150.363 122.480 574.716
Exportações 217.649 1.623.495 207.460 365.235 370.393 1.859.165
Básicos 85.748 689.734 96.606 165.933 171.530 876.547
Semimanufat. 95.486 773.961 81.592 139.265 154.497 743.335
Manufaturados 36.415 159.800 29.262 60.037 44.366 239.283
Importações 146.277 947.348 191.636 214.872 247.913 1.284.449
Básicos 7.659 119.771 7.884 18.359 18.997 113.004
Semimanufat. 12.316 78.036 14.322 11.027 15.391 107.349
Manufaturados 126.302 749.541 169.431 185.486 213.525 1.064.096
Fonte: Mdic - Indicadores e estatísticas
Participaram neste número: Alexsandro Mairink Hoffman, Aline Faé Stocco, Alysson Correia Pedra,
André Cetto Zanon, Caroline Maria Rezende Rosa, Celso Bissoli Sessa, Daniel do Valle Pretti,
Diácomo N. Abreu, Diego L. Corrêa, Diogo Franco Magalhães, Eduardo Reis Araújo, Felipe Cunha
Salles, Guilherme Lucas Barcelos, Lorena Zardo Trindade, Lyncoln Wchoa da Silveira e Silva,
Marcio Dias Silva, Marinilda Knaak Buss, Martinho de Freitas Salomão, Míriam Silva Machado,
Rodrigo Andrade Aragão, Rodrigo Straessli Pinto Franklin.
GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM CONJUNTURA
Curso de Ciências Econômicas
Departamento de Economia
Universidade Federal do Espírito Santo
Av. Fernando Ferrari, 514 Campus de Goiabeiras
29 075-910 Vitória ES
Tel/Fax: (27) 3335 2605 / 2615
boletim@npd.ufes.br
http://www.conjuntura.cjb.net

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A Crise Econômica e as Alternativas para o Brasil - Valdeci Monteiro.pps
A Crise Econômica e as Alternativas para o Brasil - Valdeci Monteiro.ppsA Crise Econômica e as Alternativas para o Brasil - Valdeci Monteiro.pps
A Crise Econômica e as Alternativas para o Brasil - Valdeci Monteiro.ppsDeputado Paulo Rubem - PDT
 
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Como retomar o desenvolvimento econômico do brasil
Como retomar o desenvolvimento econômico do brasilComo retomar o desenvolvimento econômico do brasil
Como retomar o desenvolvimento econômico do brasilFernando Alcoforado
 
TEC 2010 06 - Distribuição dos grupos de cor ou raça e sexo pelos ramos de at...
TEC 2010 06 - Distribuição dos grupos de cor ou raça e sexo pelos ramos de at...TEC 2010 06 - Distribuição dos grupos de cor ou raça e sexo pelos ramos de at...
TEC 2010 06 - Distribuição dos grupos de cor ou raça e sexo pelos ramos de at...LAESER IE/UFRJ
 
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...Grupo de Economia Política IE-UFRJ
 
Cenários Econômicos para o Brasil Focalizados na Crise Mundial
Cenários Econômicos para o  Brasil Focalizados na Crise MundialCenários Econômicos para o  Brasil Focalizados na Crise Mundial
Cenários Econômicos para o Brasil Focalizados na Crise MundialMacroplan
 
Pec 241 ameaça o desenvolvimento do brasil
Pec 241 ameaça o desenvolvimento do brasilPec 241 ameaça o desenvolvimento do brasil
Pec 241 ameaça o desenvolvimento do brasilFernando Alcoforado
 
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Cenários econômicos Brasil 2016
Cenários econômicos Brasil 2016Cenários econômicos Brasil 2016
Cenários econômicos Brasil 2016Wagner Gonsalez
 
Grupo 2 apresentacão junta
Grupo 2 apresentacão juntaGrupo 2 apresentacão junta
Grupo 2 apresentacão juntajulianazaponi
 
O brasil rumo ao colapso econômico
O brasil rumo ao colapso econômico O brasil rumo ao colapso econômico
O brasil rumo ao colapso econômico Fernando Alcoforado
 
reforma-da-previdencia-19.05.2019
 reforma-da-previdencia-19.05.2019 reforma-da-previdencia-19.05.2019
reforma-da-previdencia-19.05.2019Pablo Mereles
 
Crise fiscal causas e alternativas uag 28 11 2016
Crise fiscal  causas e alternativas uag 28 11 2016Crise fiscal  causas e alternativas uag 28 11 2016
Crise fiscal causas e alternativas uag 28 11 2016Deputado Paulo Rubem - PDT
 
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 

Mais procurados (20)

A Crise Econômica e as Alternativas para o Brasil - Valdeci Monteiro.pps
A Crise Econômica e as Alternativas para o Brasil - Valdeci Monteiro.ppsA Crise Econômica e as Alternativas para o Brasil - Valdeci Monteiro.pps
A Crise Econômica e as Alternativas para o Brasil - Valdeci Monteiro.pps
 
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Como retomar o desenvolvimento econômico do brasil
Como retomar o desenvolvimento econômico do brasilComo retomar o desenvolvimento econômico do brasil
Como retomar o desenvolvimento econômico do brasil
 
Choque de produtividade
Choque de produtividadeChoque de produtividade
Choque de produtividade
 
TEC 2010 06 - Distribuição dos grupos de cor ou raça e sexo pelos ramos de at...
TEC 2010 06 - Distribuição dos grupos de cor ou raça e sexo pelos ramos de at...TEC 2010 06 - Distribuição dos grupos de cor ou raça e sexo pelos ramos de at...
TEC 2010 06 - Distribuição dos grupos de cor ou raça e sexo pelos ramos de at...
 
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Politicas macroeconomicas
Politicas macroeconomicasPoliticas macroeconomicas
Politicas macroeconomicas
 
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
 
Cenários Econômicos para o Brasil Focalizados na Crise Mundial
Cenários Econômicos para o  Brasil Focalizados na Crise MundialCenários Econômicos para o  Brasil Focalizados na Crise Mundial
Cenários Econômicos para o Brasil Focalizados na Crise Mundial
 
Pec 241 ameaça o desenvolvimento do brasil
Pec 241 ameaça o desenvolvimento do brasilPec 241 ameaça o desenvolvimento do brasil
Pec 241 ameaça o desenvolvimento do brasil
 
Economia
Economia Economia
Economia
 
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Cenários econômicos Brasil 2016
Cenários econômicos Brasil 2016Cenários econômicos Brasil 2016
Cenários econômicos Brasil 2016
 
Grupo 2 apresentacão junta
Grupo 2 apresentacão juntaGrupo 2 apresentacão junta
Grupo 2 apresentacão junta
 
O brasil rumo ao colapso econômico
O brasil rumo ao colapso econômico O brasil rumo ao colapso econômico
O brasil rumo ao colapso econômico
 
reforma-da-previdencia-19.05.2019
 reforma-da-previdencia-19.05.2019 reforma-da-previdencia-19.05.2019
reforma-da-previdencia-19.05.2019
 
Crise fiscal causas e alternativas uag 28 11 2016
Crise fiscal  causas e alternativas uag 28 11 2016Crise fiscal  causas e alternativas uag 28 11 2016
Crise fiscal causas e alternativas uag 28 11 2016
 
Artigo plano real
Artigo plano realArtigo plano real
Artigo plano real
 
Visões sobre pec 241
Visões sobre pec 241Visões sobre pec 241
Visões sobre pec 241
 
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 

Semelhante a Boletim 32 - Grupo de conjuntura econômica da UFES

AnáLise Da Conjuntura EconôMica Ao Cmp
AnáLise Da Conjuntura EconôMica Ao CmpAnáLise Da Conjuntura EconôMica Ao Cmp
AnáLise Da Conjuntura EconôMica Ao Cmpozgiudice
 
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Vulnerabilidades econômicas externas e internas da economia brasileira e como...
Vulnerabilidades econômicas externas e internas da economia brasileira e como...Vulnerabilidades econômicas externas e internas da economia brasileira e como...
Vulnerabilidades econômicas externas e internas da economia brasileira e como...Fernando Alcoforado
 
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasilO falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasilFernando Alcoforado
 
O fiasco econômico do governo temer
O fiasco econômico do governo temerO fiasco econômico do governo temer
O fiasco econômico do governo temerFernando Alcoforado
 
Cointimes Report Fevereiro
Cointimes Report FevereiroCointimes Report Fevereiro
Cointimes Report FevereiroCointimes News
 
O desastroso governo michel temer
O desastroso governo michel temerO desastroso governo michel temer
O desastroso governo michel temerFernando Alcoforado
 
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Apresentação sobre Reforma Tributária - Ministério da Fazenda
Apresentação sobre Reforma Tributária - Ministério da FazendaApresentação sobre Reforma Tributária - Ministério da Fazenda
Apresentação sobre Reforma Tributária - Ministério da FazendaRoberto Dias Duarte
 
O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONARO
O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONAROO DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONARO
O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONAROFernandoAlcoforado1
 
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Atps desenvolvimento economico
Atps desenvolvimento economicoAtps desenvolvimento economico
Atps desenvolvimento economicoLiousMarths
 

Semelhante a Boletim 32 - Grupo de conjuntura econômica da UFES (17)

AnáLise Da Conjuntura EconôMica Ao Cmp
AnáLise Da Conjuntura EconôMica Ao CmpAnáLise Da Conjuntura EconôMica Ao Cmp
AnáLise Da Conjuntura EconôMica Ao Cmp
 
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Vulnerabilidades econômicas externas e internas da economia brasileira e como...
Vulnerabilidades econômicas externas e internas da economia brasileira e como...Vulnerabilidades econômicas externas e internas da economia brasileira e como...
Vulnerabilidades econômicas externas e internas da economia brasileira e como...
 
Apresentação Seminário Economia
Apresentação Seminário EconomiaApresentação Seminário Economia
Apresentação Seminário Economia
 
20120601
2012060120120601
20120601
 
Grupo 2
Grupo 2Grupo 2
Grupo 2
 
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasilO falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
 
O fiasco econômico do governo temer
O fiasco econômico do governo temerO fiasco econômico do governo temer
O fiasco econômico do governo temer
 
Análise da Crise Econômica
Análise da Crise EconômicaAnálise da Crise Econômica
Análise da Crise Econômica
 
Cointimes Report Fevereiro
Cointimes Report FevereiroCointimes Report Fevereiro
Cointimes Report Fevereiro
 
O desastroso governo michel temer
O desastroso governo michel temerO desastroso governo michel temer
O desastroso governo michel temer
 
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Apresentação sobre Reforma Tributária - Ministério da Fazenda
Apresentação sobre Reforma Tributária - Ministério da FazendaApresentação sobre Reforma Tributária - Ministério da Fazenda
Apresentação sobre Reforma Tributária - Ministério da Fazenda
 
O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONARO
O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONAROO DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONARO
O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONARO
 
Boletim de Conjuntura 37 - DIEESE
Boletim de Conjuntura 37 - DIEESEBoletim de Conjuntura 37 - DIEESE
Boletim de Conjuntura 37 - DIEESE
 
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Atps desenvolvimento economico
Atps desenvolvimento economicoAtps desenvolvimento economico
Atps desenvolvimento economico
 

Mais de economiaufes

Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 

Mais de economiaufes (20)

Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 

Boletim 32 - Grupo de conjuntura econômica da UFES

  • 1. GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM CONJUNTURA Nº 32 SET / 2004 conjuntura UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
  • 2. APRESENTAÇÃO Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 01 As olimpíadas e o desempenho recente da cresceu 4,2% no primeiro semestre de 2004, economia brasileira contribuíram sensivelmen- em relação ao primeiro semestre do ano te para desviar a atenção da sociedade anterior. Do ponto de vista de demanda, brasileira sobre um dos últimos escândalos que destacaram-se o crescimento do Consumo vieram à tona no Governo Lula. Depois do caso das famílias (3,1%) e da Formação Bruta de Wladimir, que reduziu significativamente os Capital Fixo (6,8%). Entretanto, a base anterior poderes do Ministro José Dirceu, do caso de comparação foi muito baixa, devido à Delúbio, tesoureiro de campanha do PT, surgiu queda do PIB em 0,2%, no ano de 2003. No a denúncia sobre as irregularidades fiscais do primeiro semestre de 2003, o PIB cresceu 0,4%, presidente do Banco Central, Henrique de em relação a 2002, que havia crescido os Campos Meirelles, do diretor de política mesmos 0,4%, em relação a 2001. O monetária, Luis Augusto de Oliveira Candiota e Consumo das famílias foi de -4,5%, em 2003, de Cássio Casseb Lima, presidente do Banco em relação ao mesmo período do ano anterior do Brasil. O primeiro ganhou, através de e a FBKF foi de -6,2%, na mesma base de Medida Provisória publicada com urgência, comparação. Isso significa que a maior parte em edição extraordinária do Diário Oficial da da demanda interna apenas retornou aos União, o status de Ministro, o segundo, a mesmos níveis de 2002. Para o segundo demissão; e o terceiro, após o apoio público semestre, pode-se esperar um pouco mais de do Presidente, do Ministro da Fazenda e a crescimento, pois o PIB diminuiu em 0,8% no pressão sobre a CPMI do Banestado, deixou de segundo semestre de 2003. Associado a esse ser importunado. Toda essa discussão passou crescimento, observa-se ligeira redução nas para segundo plano quando a imprensa taxas de desemprego e pequenos aumentos dedicou-se febrilmente às olimpíadas. nos salários reais. Em ano de eleição são as O desempenho da equipe brasileira nas melhores notícias que o governo poderia olimpíadas, em algumas modalidades, esperar. eletrizou a imprensa e o público, desviando De qualquer forma, não é só o governo que profundamente as atenções da população comemora seus indicadores econômicos. das medidas tomadas pelo governo. Daiane Segundo a Folha de São Paulo (13/08/04) os dos Santos, grande favorita na ginástica, errou quatro maiores bancos privados (Bradesco, e com dignidade assumiu o erro, ao contrário Itaú, Unibanco e Santander Banespa) obtive- da grande maioria dos políticos, dos executivos ram um crescimento de 11,4% nos lucros e dos economistas dos governos central e dos líquidos, durante o semestre, mesmo com a subnacionais. Ela não transferiu a responsabili- queda de 10 pontos percentuais na taxa dade para fatores externos. Por mais que a básica de juros, em relação ao início de 2003. imprensa tentasse ampliar o clima emotivo, ela Outro estudo publicado na Folha (15/08/04) não chorou para a televisão. No epílogo, o mostra que a rentabilidade média das maratonista Vanderlei Cordeiro, com grandes instituições financeiras atingiu 11%, enquanto chances de ganhar a medalha de ouro, foi que a das empresas do setor produtivo atingiu atacado por um padre que frustrou mais uma 7,2%, no semestre. A Gerdau obteve um vitória brasileira e ocupou mais espaço na aumento de 24,4% para 35,2% na margem de imprensa. lucro bruto, entre o primeiro e o segundo Quanto ao desempenho econômico, o trimestre de 2004. A receita líquida das 102 Presidente Luís Inácio Lula da Silva, alguns mai ore s emp res as do set or pro dut ivo, Ministros e a equipe econômica estão excluindo a Petrobrás e Eletrobrás, atingiu um comemorando os últimos indicadores recorde de R$ 196,7bilhões. divulgados pelo IBGE, exatamente após o Entretanto, a revista Istoé, de 28/07/2004, encerramento das olimpíadas, sobre o mostrou que o presidente do Banco Central crescimento da economia brasileira. Segundo apresentou uma retificação em seu imposto os dados das Contas Nacionais trimestrais, o PIB de renda de 2002, em 12 de maio de 2004, no
  • 3. mesmo dia em que foi questionado pela sistema financeiro privado. "Estão hoje no Itaú: revista. Nesta retificação, uma "restituição de Pérsio Arida, Gustavo Loyola, Fernão Bracher R$ 54 mil virou imposto a pagar de R$ 110 mil" e (ex-presidentes) e Tereza Grossi (ex-diretora de parece que não haveria a retificação se não Fiscalização), [...]. Trabalha ainda para o Itaú houvesse o questionamento. O presidente do [...] o ex-diretor de Política Econômica do BC Banco Central declarou para a Justiça Eleitoral Sérgio Werlang,como diretor-executivo.Fora os que residia no Brasil em 2001, para poder ex-BC, trabalham também para o Itaú Alcides candidatar-se a deputado federal. Para a Tápias (ex-ministro do Desenvolvimento) e Receita Federal ele declarou que não residia Roberto Teixeira da Costa, ex-presidente da no Brasil, deixando de apresentar declaração e CV M. No Un ib an co , o Co ns el ho de não pagou nada de imposto de renda. O caso Administração é presidido pelo ex-ministro da de Candiota e de Casseb é ainda mais grave. Fazenda Pedro Malan, que antes comandou o Ainda segundo a revista, quanto mais aumen- BC. No mesmo conselho está o também ex- tava o patrimônio, menos imposto era pago presidente do BC Armínio Fraga. No quadro por Candiota. Em 1999, com um patrimônio de executivo do banco estão Demósthenes R$ 2,2 milhões, ele pagou R$ 228,6 mil e em Madureira de Pinho Neto (ex-diretor de Assuntos 2002, com um patrimônio de R$ 4,6 milhões, o Internacionais do BC), vice-presidente da área total do imposto caiu para R$ 37,5 mil. Isso sem de gestão de patrimônio, e Daniel Gleizer contar as operações de remessa de dólares (ocupou no BC o mesmo cargo que para o exterior, através do doleiro Alberto Demósthenes), diretor-executivo da área de Youssef, sem a devida informação ao Imposto riscos."(FSP, 22/08/04). de Renda. Essas transações eram efetuadas Esse intercâmbio de dirigentes entre o através do MTB Bank, banco que está sendo sistema financeiro privado e a administração investigado por lavagem de dinheiro, e do do governo federal revela a profunda relação, Citibank, do qual foi diretorexecutivo. Candiota que não é privilégio do Brasil, entre os interesses movimentou, entre 1999 e 2002, US$ 1,29 privados e as frações dirigentes do Estado. Por milhão. Curiosamente, Cássio Casseb efetuou isso, a gestão atual do sistema financeiro não transações no total de US$ 593,8 mil, através pode ser modificada em função do interesse dos mesmos bancos, MTB Bank e Citibank, das classes trabalhadoras pois ela deve ser também sem declarar todas as operações no efetuada primordialmente em função dos imposto de renda. Toda essa discussão passou interesses do grande capital nacional e para segundo plano na imprensa nacional, internacional. substituídos pelo jogos olímpicos. Essa também é a razão pela qual o Estes dirigentes saíram do sistema financei- COPOM deverá elevar em breve a taxa básica ro privado para a presidência do Banco de juros. A justificativa será a de conter a Central, do Banco do Brasil e para a direção da tendência de aumento nos preços, mas o política monetária do Brasil. Por outro lado, resultado será a manutenção da elevada vários ex-ministros, ex-presidentes e ex-diretores rentabilidade do capital e, mais uma vez, a do Banco Central estão empregados no contenção ao crescimento da economia. Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 02 1. POLÍTICA ECONÔMICA Algemas do crescimento metropolitana do estado conheceram uma São fortes os sinais de que a economia expansão de 6,34%. Com o crescimento brasileira reingressou numa nova fase de liderado pelas exportações,que apresentaram recuperação, depois de três anos seguidos de expansão de 34,1% no mesmo período, o estagnação.Indicadores da economia de São mercado interno já começa a se beneficiar Paulo do primeiro semestre confirmam que, deste efeito, com o reaquecimento dos setores em relação ao primeiro semestre de 2003, de bens de consumo não-duráveis e duráveis, enquanto as vendas reais da indústria embora estes continuem dependentes de cresceram 22,4%, as do comércio da região melhores resultados para os níveis de
  • 4. Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 03 emprego e de renda dos trabalhadores. Tal econômica permanentemente sob o "fio da comportamento indica que, na ausência de navalha", os riscos de "apagão" em várias áreas choques internos e externos, tornam-se factíveis (energia, rodovias, ferrovias, portos etc.) atuam as projeções de crescimento de 3,5% para a não só como fatores que desestimulam esses economia neste ano, de acordo com a investimentos, assim como estabelece claros expectativa que continua sendo mantida pelo limites para um crescimento mais robusto e governo e até mesmo de uma taxa um pouco sustentável. mais elevada, conforme as últimas estimativas Neste processo, embora os setores de não- do mercado, mas está longe de representar a duráveis e duráveis ainda contem com retomada de um crescimento sustentado, capacidade ociosa, com possibilidades de como este novo ensaio tem sido apontado respostas mais rápidas dos investimentos à pelas autoridades econômicas e pelo expansão da demanda e mesmo com a presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso porque, alternativa de importações destesprodutos - os dado o modelo macroeconômico em dois últimos limitados pelo conteúdo da política vigência desde 1999, apoiado no tripé metas econômica, pelo nível da carga tributária, de i nfl açã o/s upe ráv its pri már ios ele va- pelo custo-Brasil, pela desconfiança que dos/câmbio flutuante, com livre mobilidade de predomina sobre as perspectivas de cresci- capitais, e, considerando a situação de mento e pela elevada vulnerabilidade externa - elevado endividamento do Estado, combina- , com o derramamento dos efeitos do da com a alta fragilidade externa da econo- crescimento das exportações sobre o merca- mia brasileira, o País praticamente renunciou do interno tem se fortalecido o poder de ao cre sci men to de for ma sus ten tad a, algumas empresas de repasse de custos para resignando-se a contar com pequenos surtos os preços, nos últimos meses, ameaçando o de expansão - como o deste primeiro semestre cumprimento das metas inflacionárias - que terminam sendo abortados tão logo estabelecidas para a economia. Não sem atinge limites que colocam em xeque sua razão, o Copom não somente continuou sustentação e continuidade. mantendo, em agosto, a Selic em 16% ao ano, Tanto isso é verdade, que a recuperação como tem sugerido que pode novamente que vem se registrando neste semestre, já elevá-la caso persistam pressões sobre os níveis começa a provocar fricções em vários setores de preços. Uma recuperação mais intensa da da atividade produtiva, vitais para que o demanda interna, diante dessa situação, pode processo consiga se sustentar. Segundo conduzir novamente ao aborto deste ensaio de pesquisa da FGV, o nível de utilização da crescimento, uma vez que, como os preços capacidade instalada atingiu 84,2% em julho, monitorados pelo governo são indexados, abrindo oportunidades para um novo ciclo de maiores pressões sobre os preços têm de ser investimentos no País, mas, ao mesmo tempo, contidas com a contenção do mercado impondo limites à continuidade da expansão doméstico, confirmando as características atual, já que os setores de bens intermediários, anti-crescimento do modelo econômico. notadamente os de papel e celulose, siderur- Também pressionado, o preço do petróleo gia, química e petroquímica, entre outros, aparece como mais uma ameaça a este encontram-se com um nível de capacidade processo. ociosa muito baixo (algo em torno de 10%), Assim, apesar do otimismo que vem incapazes de manter o seu ritmo. Como a demonstrando o governo de que o País resposta dos investimentos nessa área é mais finalmente ingressou numa trajetória sustenta- demorada, mesmo na hipótese de que estes da de crescimento, que vai além de um mero venham a ser realizados, são inevitáveis os "vôo de galinha", o que justificaria, inclusive, a limites para a sua manutenção. Não bastasse concessão do status de ministro ao presidente isso, como o setor público praticamente do Banco Central, Henrique Meireles, visando renunciou a realizar investimentos em infra- garantir-lhe foro privilegiado para defender-se estrutura, dado o compromisso com a geração de eventuais ações que podem resultar das de superávits primários e o controle da dívida denúncias que lhe têm sido feitas relacionadas pública, parâmetro que mantém a política à sonegação fiscal e à gestão irregular de seu
  • 5. patrimônio, a manutenção do compromisso na mesma direção, à medida que as com a continuidade do modelo não permite algemas do crescimento continuam intactas vislumbrar dias melhores para a economia e a e, enquanto não desfeitas, não só a ele sociedade. Tal como no ano 2000, quando os imp õem lim ite s cla ros com o cob ram indicadores econômicos eram ainda mais elevados custos pelas fricções que provocam favoráveis e a economia cresceu 4,5%, mas em economias que não contam com acabou amargando três anos consecutivos fundamentos confiáveis. de estagnação, o País pode estar caminhado Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 04 Tabela 2.1 – Índices de preços (em%) Indicadores Abr/04 Mai/04 Jun/04 Jun/03 No ano 12 meses IPC-FIPE 0,29 0,57 0,92 -0,15 2,74 5,45 ICV-DIEESE 0,06 0,43 1,12 -0,26 3,36 5,87 IGP-M 1,21 1,31 1,38 -1,00 6,60 9,22 IGP-DI 1,15 1,46 1,29 -0,70 6,71 9,70 INPC 0,41 0,40 0,5 -0,06 3,10 5,44 IPCA 0,37 0,51 0,71 -0,15 3,43 5,90 Fonte: FIPE, IBGE, FGV e DIEESE 2. INFLAÇÃO Os analistas do mercado financeiro não se capital estrangeiro e o corte de gastos sociais cansam de fazer estimativas sobre a inflação. contribuem para a sustentação da impagável Especulam sobre a iminência de um choque dívida pública. externo de grandes proporções sobre o preço Dez anos após o lançamento do Plano do barril do petróleo e o aumento da taxa de Real, a conduçãoda política econômica que juros dos Estados Unidos. Esses fatores poderi- visa, principalmente,o controle inflacionário,se am acarretar, no primeiro caso, aumento dos depara com uma forte contração da custos das empresas e, no segundo, fuga de demanda agregada e, ao mesmo tempo, capitais, ocasionando a retomada da inflação privilégios a concessionárias privadas que e a revisão da meta de inflação fixada em controlam a oferta de serviços públicos, como 5,5% para este ano. Em que pesem tais telefonia, energia elétrica, dentre outros. Deve- considerações, o fato concreto é que o IPCA se destacar que seus contratos são indexados acumulado até o mês de junho já totaliza enquanto que para os trabalhadores não há a 3,43%, a despeito da "normalidade" externa e indexação salarial que garantiria repor, da política monetária contracionista aplicada minimamente,suas perdas salariais. pelo governo. Após 18 meses de governo, a perspectiva A equipe econômica apregoa erronea- de uma política econômica que privilegie a mente a ideologia de que há uma inflação de rep rod uçã o cap ita lis ta em set ore s da demanda, cuja profilaxia é o controle austero atividade produtiva está cada vez mais dos gastos públicos e, por conseguinte, da remota. Mesmo porque, a própria indicação oferta monetária. Nesse sentido, as estratosféri- da última ata do COPOM sinaliza para 'uma cas taxas de juros reais para inibir o consumo política monetária mais ativa', caso os preços conjugam-se com o parco volume de crédito do petróleo continuem a sofrer variações bancário para investimentos produtivos com o positivas, e conseqüente possibilidade de intuito de "desaquecer" a economia, já em aumento na taxa básica de juros. processo recessivo. Na verdade, a estabiliza- O IPCA (Índice Nacional de Preços ao ção dos preços domésticos é condição Consumidor Amplo) no mês de junho foi de necessária para garantir a taxa de câmbio 0,71%, representando um aumento de 0,2 apreciada, sendo que a rentabilidade do ponto percentual face ao mês anterior. A gasolina foi responsável p o r 0 , 1 4 p o n t o percentual do índice; e s s e a u m e n t o é c o n s e q ü ê n c i a d a variação no preço do combustível de 10,8% nas refinarias no dia 15 de junho, representan- do um repasse de
  • 6. 3,52% ao consumidor. Com o aumento da para o tomate, que teve um aumento de gasolina os produtos relacionados com o setor 20,53% ea alfacede 26,46%. de transportes apresentaram variações O grupo transporte apresentou um positivas nos seus preços, sendo responsável aumento significativo em junho (2,09%), por 0,33 ponto percentual no IPCA do mês de superando o acumulado dos cinco meses junho. No grupo dos alimentos, os problemas anteriores (1,69%). Essa variação é explicada climáticos causaram o aumento nos preços de pelo aumento do preço do petróleo no boa parte dos produtos pesquisados com mercado internacional, que levou a Petrobrás destaque para a cebola (29,21%), o tomate a reajustar o preço do combustível no mês de (28,43%) e as hortaliças (6,34%). O grupo dos junho - gasolina (10,8%) e diesel (10,6%). alimentos foi responsável por 0,17% do total do A Divisão de Gestão de Dados do Instituto IPCA do mês de junho. O IPCA acumulou 3,43% Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação no ano, abaixo do percentual de 6,64% Getulio Vargas (FGV) é quem divulga mensal- relativo à igual período de 2003. Nos últimos mente as variações do nível de preços doze meses o índice foi de 6,06%, acima do medidos pelo Índice Geral de Preços (IGP). O resultado dos doze meses imediatamente IGP é dividido em três versões: Índice Geral de anteriores,5,15%. Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), Índice O INPC (Índice Nacional de Preços ao Geral de Preços do Mercado (IGP-M) e Índice Consumidor) apresentou, no mês de junho, um Geral de Preço versão 10 (IGP-10). A metodolo- acréscimo de 0,50% em relação ao mês de gia de pesquisa é igual para os três índices, maio. Contribuíram para essa alta os preços sendo ela mensal, envolvendo aproximada- dos alimentos (0,48%) e os bens não alimentíci- mente 300 mil preços em 17 mil informantes, os (0,51%). Com o resultado de junho (0,71%) o distribuídos em 12 capitais. Os componentes INPC acumulou 3,14% no ano, abaixo do dos IGP`s são o Índice de Preço por Atacado percentual de 7,84% relativo à igual período (IPA) com peso de 60% na pesquisa e mede o de 2003. Nos últimos doze meses, a taxa foi de ritmo evolutivo de preços em nível de comerci- 5,44%, acima do resultado dos doze meses alização atacadista, o Índice de Preços ao imediatamente anteriores,4,99%. Consumidor (IPC), com peso de 30% na O Índice de Preços ao Consumidor (IPC- pesquisa, que tem como referência o poder FIPE), calculado no município de São Paulo, de compra do consumidor e mede a variação levando em consideração as famílias com de preços de um conjunto de bens e serviços renda entre 1 e 20 salários mínimos, está componentes de despesas habituais de acumulado em 2,74% no ano de 2004. Desde março, o índice vem mostrando tendência de aumento, com uma variação de 0,12% em março, 0,29% em abril, 0,57% em maio, e 0,92% em junho. Esta última foi a maior variação no ano corrente e também é a maior desde fevereiro de 2003 (1,61%). Os principais responsáveis por esse aumento são os gastos com vestuário (1,38%), alimentação (1,39%) e transportes (2,09%). O aumento dos preços do vestuário é normal nesta época do ano devido à mudança de estação, mas ficou acima do esperado (1,38%, contra 1%). A explicação do aumento nos preços no grupo de Alimentação (1,39%) foi o aumento nos preços dos alimentos "in natura" devido ao frio, com destaque Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 05 Tabela 2.2 – Preço da cesta básica nas capitais brasileiras Capital Abr/04 Maio/04 Jun/04 Ano (%) João Pessoa 136,47 137,76 133,10 3,93 Florianópolis 143,03 156,10 163,62 10,75 Goiânia 145,39 143,46 148,45 7,55 Brasília 159,37 159,48 165,45 6,54 Belém 148,39 149,5 150,92 7,35 Porto Alegre 164,05 181,17 183,08 8,27 Salvador 137,25 138,59 136,09 4,30 Curitiba 156,29 162,79 168,94 6,12 Recife 138,10 133,18 132,30 2,00 São Paulo 165,00 168,68 174,90 6,14 Vitória 146,20 147,37 158,19 13,58 Rio de Janeiro 153,59 160,76 170,92 9,52 Natal 138,59 137,78 139,90 9,69 Belo Horizonte 153,32 161,69 166,10 10,31 Fortaleza 137,23 135,94 138,54 8,45 Aracaju 139,56 137,34 138,43 0,25 Fonte: DIEESE.
  • 7. famílias com renda entre 1 e 33 salários município de São Paulo (renda média de R$ mínimos e o Índice Nacional de Custos da 377,49) para as quais a alta do custo de vida Construção (INCC), com peso de 10% na foi de 0,93%, em junho. Para o conjunto de pesquisa, que mede a evolução dos custos famílias com nível intermediário de rendimen- de construção de habitações. to (renda média de R$ 934,17), incluídas no O IGP-DI mostratendência dealta desdeo estrato 2, a taxa foi de 1,10%, enquanto para fim de 2003, mantendo-se em 1,29% em o estrato 3, que reúne as famílias com maior junho de 2004. Este aumento tem como poder aquisitivo (renda média de R$ motivo principal a variação nos preços dos 2.792,90), houve um maior aumento, 1,19%. produtos pertencentes ao IPA. O IPC apresen- Quando as taxas apuradas em junho são tou uma trajetória semelhante, ao passo que o comparadas às de maio, nota-se que a maior INCC foi o único que diminuiu de maio para diferença foiobservada para o estrato3 (0,72 junho do corrente ano. O IGP-M também vem p.p.). O estrato 2 também apresentou uma apresentando um ritmo de crescimento diferença significativa (0,69 p.p.), enquanto o desde o ultimo trimestre de 2003. Desde estrato 1 teve a menor variação (0,57 p.p.). março, este índice apresenta elevação Nos dois meses, as taxas para o estrato 1 foram ininterrupta, com variação de 1,38% em as mais baixas. junho. O destaque ficou com os bens de Cesta Básica consumo, principalmente transportes e Outros dados divulgados pelo DIEESE alimentação, que tiveram aumentos de referem-se ao preço da cesta básica nas preços significativos no referido período. capitais brasileiras (ver tabela 2.2). Nenhuma Em junho, o custo de vida no município de das dezesseis capitais pesquisadasregistra, no São Paulo registrou aumento de 1,12%, a primeiro semestre de 2004, variação acumu- segunda maior taxa neste ano, inferior apenas lada negativa. As menores elevações, entre à de janeiro, quando foi de 1,46%. O cálculo é janeiro e junho, ocorreram em capitais do DIEESE - Departamento Intersindical de localizadas no Nordeste: Aracaju (0,25%); Estatística e Estudos Sócio-Econômicos - que Recife (2%); João Pessoa (3,93%) e Salvador constatou uma diferença de 0,69 ponto (4,30%). Por outro lado, em três localidades a percentual em relação à taxa apurada em alta acumulada supera 10%: Belo Horizonte maio (0,43%). Quando seconsidera apenas o (10,31%); Florianópolis (10,75%) e Vitória mês de junho, desde 2001 que este mês não (13,58%), verificando-se nesta última capital, registrava um percentual tão elevado um considerável aumento de maio (0,80%) (quando foi de 1,53%). Os grupos Transportes, para junho (7,34%). Apesar de ter um Saúde e Alimentação foram os maiores aumento bem menos expressivo, Porto Alegre responsáveis pelo aumento do ICV deste mês, - onde a cesta subiu 1,05% - continuou a respondendo por cerca de 0,95 p.p. do registrar o maior custo para o conjunto de índice. Os principais destaques foram os alimentos básicos: R$ 183,08, quase R$ 9,00 a reajustes nos combustíveis (álcool e gasolina), mais que o apurado de São Paulo (R$ 174,90), seguros de saúde e convênios médicos e os a cidade com o segundo maior preço. No Rio aumentos nos produtos in natura e semi- de Janeiro, a forte elevação fez com que os elaborados. gêneros essenciais custassem R$ 170,92, a Além do índice geral, o DIEESE calcula terceira mais cara. As três capitais com mais três indicadores de inflação, dividindo as redução no valor da cesta, em junho, famílias paulistanas em estratos de renda em apresentaram também os menores custos: tercis. O estrato 1 corresponde à estrutura de Recife (R$ 132,30), João Pessoa (R$ 133,10) e gastos de 1/3 das famílias mais pobres do Salvador (R$ 136,09). Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 06 3. NÍVEL DE ATIVIDADE PIB decréscimo de 0,2%, entretanto o resultado No ano de 2003 a economia amargou um do segundo semestre já indicava uma
  • 8. Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 07 tendência de alta dos indicado- res de crescimento econômico. Pode-se observar nas contas trimestrais do IBGE que no quarto trimestre de 2003 o PIB cresceu 1,5%. Esse fenômeno foi sustentado com fortes volumes de exportações, já que o mercado interno vivia um período de recessão aguda, com quedas sistemáticas do nível de consumo das famílias e do investimento das firmas. O cenário de estagnação em que se encontrava a economia brasileira foi em parte superado no primeiro trimestre de 2004, em que se registrou um cresci- mento do PIB de 1,6% (Tabela 3.1) e já se vislumbram aumentos no consumo (1,2% acumulado neste ano) e no nível dos investimentos em formação bruta de capital fixo (2,2%). Embora esse aumento dos indicadores sinalize um reaque- de suas produções. No caso específico dacimento da economia, ele não indústria siderúrgica e de papel e celulosecondiz com as expectativas do governo que esse fenômeno é marcante, já que elas vêmprevê para este ano um crescimento total do operando no limite de suas capacidadesPIB de 3,5%. Para que isso ocorresse, a instaladas. É interessante destacar o compor-economia deveria crescer trimestralmente a tamento do setor agropecuário que vemuma taxa de 4%, ao invés dos atuais 1,6%. O mantendo patamares de crescimento acimasetor externo continua sendo o motor principal de 5% desde o segundo semestre de 2003 eda economia, com destaques para a registrou um crescimento de 6,4% nesteexportação de matérias-primas: aço, trimestre. O Brasil é o único país na atualidadecelulose, minério de ferro e produtos agrope- com a fronteira agrícola em expansão, destacuários. O marasmo do mercado interno forma, culturas como a da soja no centro-combinado com taxas cambiais favoráveis oeste encontra condições para seu cresci-tem impulsionado as empresas, médias e mento acelerado, o setor agrícola cada vezgrandes a exportar volumes cada vez maiores Tabela 3.2 - Vendas no varejo por atividade - Brasil e Espírito Santo (variação real %) mai03/ mai04 Acum. Ano Acum. 12 meses Atividade BR ES BR ES BR ES Comércio varejista 10,01 21,82 8,48 20,51 1,80 6,48 Combustíveis e lubrificantes 4,13 3,43 7,16 -0,49 0,65 -4,21 Hiperm.superm.prod.alim.beb.e fumo 5,17 18,90 4,77 27,88 -0,44 13,94 Superm. Hipermercados 5,20 19,28 4,84 28,42 -0,35 14,61 Tecidos, vestuário e calçados 22,47 24,83 5,68 -2,49 -0,02 -11,46 Móveis e eletrodomésticos 35,58 27,38 28,10 17,89 14,35 -5,19 Veículos, motos, partes e peças 21,44 11,71 14,48 11,94 3,93 9,53 Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal do Comércio Tabela 3.1- Brasil: Produto Interno Bruto (em %) 2004I/ 2004I/ Acum. 12 Setor de Atividade 2003I 2003IV no ano meses Agropecuária 6,4 3,3 6,4 4,0 Industria 2,9 1,7 2,9 -1,0 Extrativa mineral -3,9 (*) -3,9 0,7 Transformação 6,0 (*) 6,0 1,2 Construção Civil -2,3 (*) -2,3 -8,9 Serv. Ind. Util. Pública 1,3 (*) 1,3 0,3 Serviços 1,2 0,4 1,2 0,1 Comércio 5,1 (*) 5,1 -1,4 Transportes 7,4 (*) 7,4 1,8 Comunicações -1,9 (*) -1,9 -0,9 Instituições financeiras 1,9 (*) 1,9 0,0 Outros Serviços -2,1 (*) -2,1 -1,0 Aluguel de Imóveis 1,1 (*) 1,1 1,1 Admin. Pública 1,1 (*) 1,1 0,7 Dummy Financeiro* 0,3 (*) 0,3 -0,6 V. adic. pr. básicos 2,5 1,5 2,5 0,1 Impostos s/ produtos 4,0 (*) 4,0 -0,9 PIB a pr. de mercado 2,7 1,6 2,7 0,0 Consumo das famílias 1,2 0,3 1,2 -2,3 Consumo do governo 1,5 0,8 1,5 1,0 Form. bruta de cap. fixo 2,2 2,3 2,2 -5,7 Exportação 19,3 5,6 19,3 14,6 Importação (-) 11,7 4,0 11,7 2,1 Fonte: IBGE – Contas Nacionais Trimestrais
  • 9. mais ganha em competitividade e vem injeção de recursos financeiros na economia, conquistando mercados externos importan- pelo governo, exerce um importante efeito tes. Além disso, a cultura do arroz e do sobre o nível de atividade econômica, por algodão teve boas safras,acompanhadas de esse motivo, os cortes no orçamento da união elevações nas cotações de seus preços são prejudiciais ao crescimento da econo- internacionais. mia. Além disso, setores importantes da Os gastos governamentais apresentaram economia nacional foram prejudicados pela um pequeno aumento neste trimestre (1,5%), falta de recursos. O setor de transportes é o entretanto, as metas de superávit primário caso mais evidente. O Ministério dos transpor- contribuíram para que grandes somas do tes estava autorizado a investir R$ 2,4 bilhões orçamento f e d e r a l f o s s e m contingen- ciadas pelo Ministério da Fazenda. O Orçamento d a U n i ã o autoriza o g o v e r n o federal a f a z e r investimen- tos no valor de R$ 12,5 b i l h õ e s neste ano. Desse total, o governo f e d e r a l u t i l i z o u a p e n a s 5,57% (698 milhões de r e a i s ) n o p r i m e i r o s e m e s t r e . N ã o h á dúvida de q u e a Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 08 Tabela 3.3 - Vendas no varejo ampliado por atividade - Brasil e Espírito Santo (var. real %) Março/04 Abril/04 Maio/04 Atividade BR ES BR ES BR ES Art. farmac, méd., ortop. e de perfumaria 12,43 14,23 3,80 0,89 9,83 6,56 Equip. e mat. para escr. Inform. e comunic. 20,06 -25,51 -2,22 -29,62 0,69 -42,40 Livros, jornais, rev. e papelaria 10,37 13,33 -12,36 -18,01 -9,43 -13,03 Outros arts. de uso pessoal e doméstico 0,91 24,85 4,53 19,26 0,47 33,53 Material de construção 7,24 -4,10 -2,72 -10,71 1,06 3,35 Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal do Comércio Tabela 3.4 - Indicadores da Produção Industrial por Seções e Atividades mai04/mai03 Acum. no ano Últimos 12 meses Seções e Atividades BR ES BR ES BR ES Indústria Geral 7,84 1,15 6,47 2,89 2,76 2,00 Indústrias Extrativas 4,83 2,15 -1,71 1,97 0,45 5,84 Ind. de Transformação 8,56 0,73 6,94 3,27 2,88 0,48 Alimentos 1,12 4,41 2,52 6,93 -0,40 -0,69 Bebidas 3,74 (*) 4,13 (*) -2,26 (*) Fumo 16,34 (*) 2,00 (*) -5,89 (*) Têxtil 11,02 (*) 5,25 (*) -0,24 (*) Vestuários e Acessórios -0,69 (*) -2,83 (*) -8,49 (*) Calçados -3,67 (*) -5,76 (*) -8,97 (*) Madeira 7,99 (*) 8,63 (*) 5,13 (*) Celulose e Papel 12,22 -6,96 8,18 1,27 6,58 4,05 Edição, Impr. e Repr. -1,86 (*) -1,43 (*) 2,03 (*) Refino de Petr. e Álcool -4,30 (*) 3,90 (*) 1,06 (*) Farmacêutica 2,18 (*) -5,08 (*) -7,64 (*) Perf. e Prod. de Limpeza 9,77 (*) 7,50 (*) 4,29 (*) Outros Prod. Químicos 9,68 (*) 6,22 (*) 3,24 (*) Borracha e Plástico 10,76 (*) 6,68 (*) 1,36 (*) Minerais não-metálicos 2,95 -2,95 0,91 0,05 -2,58 -2,73 Metalurgia Básica 4,25 7,44 2,42 4,58 2,97 -0,47 Produtos de Metal 5,27 (*) 3,28 (*) -2,25 (*) Máquinas e Equipamentos 20,40 (*) 13,47 (*) 8,41 (*) Equip. de Informática 11,30 (*) 32,55 (*) 30,40 (*) Materiais Elétricos 18,94 (*) 10,64 (*) 6,74 (*) Equip. de Comunicações 33,92 (*) 35,57 (*) 21,69 (*) Equip. Hospitalares 16,60 (*) 8,43 (*) 3,86 (*) Veículos Motores 27,36 (*) 23,07 (*) 13,59 (*) Outros Equip. de Transp. 12,93 (*) 9,87 (*) 7,80 (*) Mobiliário 11,09 (*) 10,32 (*) -0,18 (*) Diversos 8,69 (*) 10,04 (*) 3,62 (*) Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal
  • 10. neste ano, mas, entre janeiro e junho, foram também registraram taxas elevadas, aplicados apenas R$ 20,2 milhões ou 0,85% merecendo destaque. A atividade de Móveis do total orçado. Em contrapartida, só o e eletrodomésticos segue exercendo a governo federal arrecadou R$ 155,9 bilhões principal influência no desempenho positivo em tributos entre janeiro e junho, valor recorde do varejo do país. No acumulado de janeiro a para o período. maio de 2004, aumentou o seu volume de Comércio vendas em 28,10% com relação ao mesmo A Pesquisa Mensal de Comércio (Tabela período do ano anterior; e no acumulado dos 3.2) registrou novamente resultados positivos últimos 12 meses a taxa de variação atingiu no comércio varejista brasileiro. O volume de 14,35%. vendas apresentou alta de 10,01% no Outra atividade com desempenho indicador mensal, comprovando o real positivo e que pela primeira vez no ano crescimento, porém ainda tímido, da registrou alta nos dados foi a de Tecidos, economia no setor. No que se refere ao vestuário e calçados. Com perspectivas de estado do Espírito Santo, os resultados vão um inverno mais rigoroso em 2004, o setor foi além dos registrados para o Brasil, chegando beneficiado pelo aumento das vendas por a 21,82%. Isso representa não apenas um motivos climáticos. Contribuiu isto também o forte crescimento do volume de vendas no próprio quadro de recuperação econômica estado, mas simo melhor resultado registrado do país. O dado mais expressivo foi o do mês pelos estados da federação, gerando de maio em comparação com o mesmo condições, apesar de já serem positivas, mês do ano anterior, 22,47% e 24,83%, ainda mais promissoras. respectivamente para o Brasil e Espírito Santo. Os dados registrados no indicador Para as novas atividades pesquisadas, em acumulado do ano mostram a melhora do que a base de dados começa em janeiro de comércio varejista brasileiro e capixaba, o 2003 (Tabela 3.3), o grande destaque foi o Brasil apresentou crescimento de 8,48% e o setor de Artigos farmacêuticos, médicos, Espírito Santo 20,51%. Em relação a outros ortopédicos, de perfumaria e cosméticos estados da federação o Espírito Santo foi o (9,83%) e o pior desempenho o de Livros, estado com os melhores resultados. Atrás dele jornais, revistas e papelaria, registrando - ficaram os estados de Santa de Catarina e do 9,43%. O primeiro vem crescendo desde Paraná, com 13,84% e 11,29% respectiva- março, enquanto que o segundo cresceu em mente. março, mas diminuiu significativamente nos No mês maio, todas as atividades meses seguintes. Em termos nacionais, o pesquisadas do comércio varejista assinala- crescimento mais forte observado em março ram crescimento no volume de vendas em foi arrefecendo nos meses seguintes.Indústria relação ao mesmo mês do ano anterior, De acordo com os dados do IBGE (Instituto destaque para Móveis e eletrodomésticos Brasileiro de Geografia e Estatística), a (35,58%), Tecidos, vestuário e calçados produção física industrial brasileira em maio ( 2 2 , 4 7 % ) e Veículos, motos, partes e peças (21,44%). No que s e r e f e r e a o estado do Espírito Santo, o setor de móveis e eletrodo- mésticos (27,38%), juntamente com tecidos, vestuários e c a l ç a d o s ( 2 4 , 8 3 % ) , Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 09 Tabela 3.5 - Indicadores da Produção Industrial por categorias de Uso - Brasil Categorias de Uso mai04/ abr04 mai04/ mai03 Acum. no ano Acum. 12 meses Bens de Capital 3,7 26,0 22,5 13,2 Bens Intermediários 1,7 6,7 5,2 2,9 Bens de Consumo 1,4 5,0 5,0 0,5 Durável 3,2 23,4 21,5 12,3 Semidur. e não Dur. 1,7 0,9 1,3 -2,0 Indústria Geral 2,2 7,8 6,5 2,8 Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de Indústria
  • 11. Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 10 apresentou crescimento. Na passagem de geral, que cresceu em razão dos resultados abril para maio, com ajustamento sazonal, o positivos dos segmentos relacionados com aumento foi de 2,2%, o terceiro resultado as exportações e a agricultura. A indústria de positivo consecutivo e o maior patamar de transformação cresceu 6,9% principalmente produção já apontado pela Pesquisa devido ao setor de veículos automotores Industrial Mensal, iniciada em 1991. O (23,1%), aparelhos eletrônicos e de comuni- crescimento observado foi fruto da expansão cação (35,6%) e máquinas e equipamentos registrada em todas as categorias de uso e, (13,5%). ao que tudo indica o efeito multiplicador do A produçãoindustrial doEspírito Santoem aumento das exportações, do bom desem- maio apresentou crescimento em todos os penho do agronegócio e da expansão do períodos de comparação. Em relação ao crédito está se espalhando por outros setores mesmo mês de 2003, o acréscimo foi de da economia, atingindo mesmo aqueles 1,15% e esse resultado foi sustentado pelas tipicamente voltados para o consumo indústrias de extração, de metalurgia básica doméstico, como é o caso do setor de de alimentos e bebidas. Por outro lado, a calçados e couros, farmacêutico, têxtil e produção de celulose e papel e de minerais vestuário. não-metálicos diminuíram 6,96% e 2,95%, Relativamente a maio de 2003 a indústria respectivamente. No acumulado do ano a cresceu 7,8%, em maio de 2004. O setor taxa de crescimento foi de 2,89%, influencia- industrial atingiu, nesse mês, o maior nível de da pela metalurgia básica (4,58%), pela de utilização da capacidade instalada (82,5%) alimentos e bebidas (6,93%) e pela indústria desde 1992. Mesmo assim, muitos setores de celulose e papel (1,27%), que, desde registraram altos níveis de ociosidade, como março, vem reduzindo seu ritmo de cresci- o setor de veículos e o de alimentos. Os mento.Entre as categorias de uso (Tabela3.5) setores que lideraram o crescimento da o setor de bens de capital obteve o maior produção da indústria em maio são aqueles crescimento (3,7%) na comparação com o que foram mais castigados nos últimos anos mês anterior, apoiado no aumento da pela redução do ritmo da atividade econô- produção de equipamentos para o setor de mica. Por terem essa capacidade ociosa, telecomunicações, de informática e de pelo menos não há risco de serem sobrecar- aviação. Logo em seguida vem o setor de regados caso haja uma expansão futura. Um bens de consumo durável com um cresci- possível esgotamento da capacidade de mento de 3,2%, superando em 23,4% o nível produção seria problema apenas na de produção de maio do ano passado. O indústria de bens intermediários, como na crescimento do emprego fez subir a massa siderurgia, na de papel e celulose e na de salários, ampliando o consumo de bens petroquímica. Porém, esse esgotamento não-duráveis, principalmente de eletrodo- seria amenizado em função destes serem os mésticos e automóveis. Com relação aos setores com os maiores níveis de investimen- bens intermediários, observ ou-se um tos. crescimento de 1,7% influenciado positiva- O crescimento de 7,8% foi o resultado do mente pelo aumento da produção de aumento da produção na maioria das celulose e, negativamente, pela queda do atividades pesquisadas. Veículos automoto- setor de combustíveis devido à redução da res (27,4%), máquinas e equipamentos extração de petróleo. Os bens de consumo (20,4%) e material eletrônico e de comunica- semiduráveis e não duráveis assinalaram ções (33,9%), apresentaram as maiores crescimento de 1,7%, impulsionado pela taxas. No índice acumulado no ano obser- melhora do mercado de trabalho. vou-se um aumento de 6,5% para a indústria
  • 12. Tabela 4.2 - Saldo de admitidos e desligados - CAGED Abr/04 Mai/04 Jun/04 No Ano Atividade Econômica Brasil ES Brasil ES Brasil ES Brasil ES Extrativa Mineral 983 160 1.635 135 1.057 64 6.204 340 Ind. Transformação 64.355 1.904 89.527 1.123 47.545 715 326.360 4.308 Serv. Ind. Ut. Pública 517 69 762 18 455 -10 4.081 248 Construção Civil 12.667 359 14.664 314 10.019 300 60.608 1.189 Comércio 27.226 437 39.886 634 28.308 732 130.845 2.252 Serviços 49.011 1.085 56.126 1.297 39.584 704 266.751 4.334 Admin. Pública 3.971 68 2.358 23 2.448 4 23.341 364 Agropecuária 28.819 3.247 86.859 4.480 78.458 -2.811 216.430 6.384 Saldo* 187.547 7.329 291.822 8.024 207.895 -302 1.034.656 19.419 * O item Outros está contabilizado em Saldo Fonte: MTE – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 11 4. EMPREGOS E SALÁRIOS O período de abril a junho deste ano apresentou uma tendência de recuperação das condições no mercado de trabalho. Essa tem sido a idéia principal propagada pela grande mídia e pela equipe econômica do Governo Lula, no esforço de j u s t i f i c a r s u a p o l í t i c a econômica de taxas de juros rentabilidade exigidas pela esfera financeira, elevadas e ferrenho ajuste fiscal. O crescimen- concretizadas nas altas taxas de juro, to aparece como um fenômeno que pode ser impedem maiores investimentos em capital sustentado, e até mesmo explicado, com produtivo. base no modelo econômico adotado Um dos sinais dessa disposição do atualmente. governo e sua contradição latente com a Na verdade, o que podemos notar é que, possibilidade de crescimento contínuo da embora de fato o panorama tenha apresen- economia brasileira é a questão do salário tado aparente melhora, a expansão do nível mínimo, extensamente discutido no de emprego está limitada por outros fatores Congresso Nacional. O Governo não admitia como a capacidade instalada da indústria e aumentos substanciais no valor do salário o nível de renda dos trabalhadores, além do mínimo porque isso acarretaria problemas nível de investimento produtivo. Pode-se ainda para as contas públicas, dados os problemas citar o problema da infra-estrutura, cuja de financiamento da Previdência Social. Após tentativa de solução por parte do Governo as negociações, em que a oposição federal se expressa no projeto de Parcerias pretendeu elevá-lo para R$ 275,00, o salário Público-Privadas, com ênfase na redução da mínimo ficou estabelecido em R$ 260,00. Esse participação do Estado na economia. total representa acréscimo de 8,3% quando A rigidez do governo brasileiro, no que comparado ao valor estipulado em 2003, R$ tange ao cumprimento das metas de 240,00. Porém, em relação à variação do superávit primário e seu compromisso com os Índice Nacional de Preços ao Consumidor contratos financeiros representa, nesse (INPC), de 10,4%, em 2003, ocorreu uma sentido, um impedimento à "sustentabilidade" redução do salário mínimo real. Assim, esse do crescimento. As elevadas taxas de aumento revela-se um retrocesso para o Tabela 4.1 - Taxa de desemprego (%) IBGE DIEESE* Meses 2003** 2004** 2003* 2004* 2003 2004 Abril 12,4 13,1 14,3 14,5 20,6 20,7 Maio 12,8 12,2 14,6 13,6 20,6 19,7 Junho 13,0 11,7 14,5 13,4 20,3 19,1 * Região Metropolitana de São Paulo ** Média das seis maiores regiões metropolitanas do país Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED
  • 13. sobrepôs esse crescimen- to de forma que a taxa de desemprego do IBGE reduziu-se de 13,1%, em abril para 11,7%, em junho. Em junho de 2003 a taxa de desemprego era de 13%, o que reforça a idéia de reaceleração da produção e geração de empregos. Os rendimentos reais habitualmente recebidos p e l o s o c u p a d o s s e recuperaram também nesse período. Todavia, seu recente aumento não permite ainda a total recomposição das perdas nos rendimentos, já que, durante o ano passado e ainda no início deste ano, houve uma forte compres- são da parte recebida pelos trabalhadores na renda nacional. Em abril, os rendimentos reais foram problema da distribuição de renda no Brasil. de R$ 877,45, enquanto Ao mesmo tempo, isso indica um quadro em que em junho já haviam alcançado R$ que o país fica cada vez mais dependente da 886,60. Entretanto, ocorreu ainda pequena demanda externa para elevar seu nível de retração em comparação com junho do ano produção e emprego, visto que a perda de passado, quando o rendimento foi de R$ poder aquisitivo acarreta redução no nível de 890,72. consumo de várias mercadorias. A Pesquisa de Emprego e Desemprego É nesse contexto que deve ser entendida a (PED) do Dieese, também indicou uma recente expansão da atividade produtiva. melhoria quanto ao problema do desempre- Todosos indicadores de emprego assinalaram go. Embora as taxas de desemprego por variação positiva no número de pessoas desalento (2,2% em abril e 2,1% em junho) e ocupadas, mas deve-se levar em considera- desemprego por trabalho precário (estável ção as limitações de longo prazo impostas em 5,2% para todos os meses do período) pela própria política macroeconômica do tenham apresentado estabilidade, o governo e o ainda elevado número de desemprego aberto apresentou retração desempregados e pessoas desempenhando para o período em destaque, de 20,7% em atividades informais. abril para 19,1% em junho. Essa expansão Os dados divulgados pelo IBGE (Tabela deveu-se realmente à ampliação da oferta 4.1) demonstram uma expansão no número de vagas, uma vez que a PED também de vagas no mercado de trabalho. Apesar do registrou um aumento da PEA, de 9.875 mil em aumento da População Economicamente abril, para 10.006 mil pessoas em junho de Ativa (PEA) em todos os meses do período, de 2004. 37.401 mil pessoas em abril para 37.576 mil Nas duas pesquisas obser va-se um em junho, o aumento do número de vagas movimento interessante: pessoas que Tabela 4.3 - Variação mensal e acumulada do pessoal ocupado por gênero de atividade no ES (%) Discriminação Abr/04 Mai/04 No Ano 12 meses Indústria Extrativa Mineral -0,03 0,80 4,32 31,23 Minerais não Metálicos 1,75 0,23 3,26 -0,52 Metalúrgica 0,16 0,57 1,54 1,46 Mecânica 13,33 -1,34 19,9 33,62 Mat. Elétr. e de Comum. -7,02 -1,63 -8,58 8,80 Material de Transporte -7,48 -1,7 -4,93 -2,09 Madeira 1,51 -1,49 -5,69 -19,04 Mobiliário 3,14 -0,20 10,87 6,22 Papel e Papelão 1,53 0,07 1,13 3,23 Borracha -0,79 0,80 1,61 -16,86 Química 24,86 1,49 32,37 11,30 Material Plástico 1,15 0,13 3,53 5,45 Têxtil 0,42 0,27 4,26 9,19 Vestuário e Calçados -0,74 1,24 4,69 4,67 Produtos Alimentares 0,36 3,28 -3,21 0,53 Bebidas -2,77 4,53 3,06 19,35 Editorial e Gráfica -1,23 0,33 -2,76 -4,56 Indústrias Diversas 8,16 1,26 -3,05 -1,86 Outros (1) 0 1,30 1,30 -0,81 Construção Civil 1,88 -2,00 -3,20 -15,84 Utilidade Pública 0,75 -0,26 0,26 -1,50 Total da Indústria 2,95 0,21 2,68 2,19 (1) refere-se ao gêneros de couros e peles, produtos farm. veterinários e perfumaria, sabões e velas. Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 12
  • 14. estavam fora da PEA sentem-se estimuladas, Sudeste (1,01%), Nordeste (0,63%) e Sul pela expectativa de abertura de novas vagas, (0,49%). Entre os estados, destacaram-se São a novamente entrar no mercado de trabalho. Paulo (69,2 mil postos) e Minas Gerais (57,0 mil Daí pode-se explicar parcialmente o aumento postos). constante da PEA para os meses em estudo. Em junho de 2004, os dados do CAGED Esse é uma tendência que pode reforçar-se apontaram para uma maior expansão de ao longo dospróximos meses. vagas formais de trabalho no Brasil nos setores A PED também faz considerações a ligados ao comércio exterior. O destaque foi o respeito da remuneração dos ocupados e da agropecuária (5,65%), com a expansão aponta acréscimo nos salários reais recebidos de 78,5 mil novas vagas (no primeiro semestre entre os meses de abril e maio, de R$ 944,00 de 2004, responsável pela geração de 216,4 para R$ 975,00, o que representa expansão mil postos de trabalho); seguidopela indústria de 3,2%. Em relação a maio de 2003 o de transformação, que abriu 47,6 mil novas acréscimo foi de 4%. Se observarmos as vagas (no primeiro semestre de 2004, diferenças entre trabalhadores com carteira responsável pela geração de 326,4 mil postos assinada, sem carteira assinada e autônomos, de trabalho); e a indústria de alimentos e nota-se que apenas aqueles sem carteira bebidas que criou 10,8 mil empregos (cresceu assinada sofreram perdas em relação a maio no semestre 6,67%, gerando 79,2 mil novos de 2003 (retração de 5,4%). Os trabalhadores empregos). O setor comércio apresentou um com carteira e os autônomos obtiveram aumento de 28,3 mil postos (0,54%), o melhor aumentos em suas rendas, em relação ao resultado absoluto já registrado para junho. A mesmo período do ano passado, de 3 , 4 % e 6 , 9 % , respectivamente. Corroborando a t e n d ê n c i a apresentada tanto pelo IBGE quanto pelo Dieese, o Cadastro Geral de Empregados e construção civil, que no primeiro semestre de Desempregados - CAGED - indicou que o nível 2003 havia eliminado 20,6 mil postos, de emprego formal no Brasil, em junho de apresentou no primeiro semestre de 2004, um 2004, decresceu 28,8% em relação a maio saldo positivo de 60,6 mil postos de trabalho de 2004, porém, ainda registrou um saldo (5,56%). No ano, a variação positiva do nível positivo de 207.895 mil vagas (Tabela 4.2). É o de emprego se verificou nos setores do sexto mês consecutivo em que o CAGED comércio externo tais como a indústria de registra aumento no número de vínculos couros e peles (12,62%), indústria de calçados trabalhistas formais. (9,96%), indústria do transporte (8,56%). No primeiro semestre de 2004 foi gerado Empregos e Salários no Espírito Santo 1,0 milhão de postos de trabalho formal. Nos Os dados do CAGED demonstram que o últimos 12 meses foi criado 1,1 milhão de trabalho formal no Estado do Espírito Santo, vagas formais. No primeiro semestre ficou após acumular o quinto mês consecutivo de evidente o maior dinamismo na demanda de crescimento, apresentou um saldo negativo trabalho nas cidades do interior, que totaliza- de 302 vagas, em junho de 2004, equivalente ram 592,2 mil empregos, enquanto as a uma redução de 0,07% em relação ao mês principais áreas metropolitanas responderam anterior. No ano de 2004, o contingente de por 255 mil novos postos. Segundo as regiões, assalariados com carteira assinada elevou-se a região Norte apresentou maior crescimento em 4,42%, o que significou a abertura de (1,12%), seguida pelo Centro-Oeste (1,09%), 19.419 mil vagas. Tabela 4.4 – Intermediação de Mão-de-Obra no ES Especificação Abr/04 Mai/04 Jun/04 No Ano 12 meses M.O. cadastrada 3.634 4,431 7.274 29.267 65.614 Vagas captadas 994 1.334 1.157 6.513 14.021 M.O. encaminhada 1.619 2.353 2.232 11.823 24.841 M.O. colocada 277 509 500 2.311 5.065 Taxa de alocação 27,87% 38,16% 43,22% 35,48% 36,12% Fonte: SINE/ES Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 13
  • 15. Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 14 Nos últimos 12 meses, o número de perfumarias, sabões e velas (1,30%); indústrias trabalhadores celetistas registrou expansão diversas (1,26%); vestuário e calçados de 5,19%, correspondente à geração de (1,24%). Por outro lado, os setores que mais 22.805 vagas formais de trabalho. Os setores reduziram suas vagas foram: construção civil da atividade econômica que assinalaram (-2%), material de transporte (-1,70%), redução no nível de emprego formal, em vestuário e material de transporte (-1,25) %), junho de 2004 foi a agropecuária (-7,57%) material elétrico e de comunicações (- que apresentou menos 2.811 vagas formais 1,63%), madeira (-1,49 %), mecânico (- de trabalho e os serviços industriais de 1,34%). A maior ampliação de vagas se deu utililidade pública. A construção civil (1,08%) nas indústrias de pequeno porte (4,04%), registrou a maior variação positiva no mês em seguida pelas grandes empresas (1,66%) e referência, apresentando saldo positivo de médio porte (1,32%). 300 vagas, seguida da indústria de transfor- Os dados de emprego industrial no Espírito mação (0,90%) com 715 postos gerados. No Santo demonstram que a economia local mês de maio de 2004, o CAGED mostrou que apresentou tímidos sinais de crescimento no entre os municípios com mais de 50.000 mil número de vagas formais que, ao que indica, habitantes, Linhares (5,43%) foi o que pode ser explicado por variações sazonais na apresentou maior expansão, criando 1.241 produção da indústria local. mil empregos formais, enquanto o de De acordo com os dados de intermedia- Gua rap ari (-0 ,14 )% tev e des emp enh o ção de mão-de-obra do SINE-ES - Sistema negativo. Nacional do Emprego do Ministério do De acordo com dados do Instituto Trabalho, em junho de 2004 foram captadas Euvaldo Lodi (IEL-ES) da Federação das 1.157 vagas, e a taxa de alocação (percentu- Indústrias do Espírito Santo (FINDES), o nível de al detrabalhadores colocadosem relaçãoàs emprego na indústria capixaba registrou um vagas captadas) aumentou de 38,16%, em crescimento de 2.432 mil vagas (2,19%), de maio de 2004, para 43,22% em junho de maio de 2003 a maio de 2004 (Tabela 4.3). No 2003. A mão-de-obra cadastrada foi de mês de maio de 2004 houve um acréscimo 7.274 trabalhadores, dos quais 2.232 foram de 238 postos de trabalho, o que representa encaminhados ao mercado de trabalho, o um incremento de 0,21% em relação ao mês que resultou na contrataçãode 500 pessoas. abril de 2004. No acumulado do ano foram No primeiro semestre de 2004 foram criados 2.968 mil vagas, um acréscimo de cadastrados, pelo SINE (ES), 29.267 trabalha- 2,68%. No trimestre a oferta de trabalho dores, dos quais foram encaminhados 11.823 aumentou em 3.111 mil vagas e no semestre trabalhadores para 6.513 vagas captadas, a expansão foi de 1.732 mil novas oportunida- sendo colocados no mercado de trabalho des de trabalho. capixaba 2.311 pessoas, com uma taxa de Segundo o IEL (ES), os principais fatores alocação (35,48%), inferior à taxa de 36,68% que ocasionaram a expansão do nível de registrada no 1º semestre de 2003. emprego formal na indústria capixaba, em Comparando a mão-de-obra cadastrada de maio de 2004, foram: o lançamento de novos junho de 2003 (5.384 pessoas) com junho de produtos e abrangência de novos mercados, 2004 (7.274 pessoas), podemos observar que o período da safra do açúcar e álcool e o a procura pelo trabalho aumentou em 35,1% lançamento de nova coleção. Os setores neste último ano, bem como a mão-de-obra responsáveis por esta elevação foram: colocada no 1º semestre de 2003 (2.754 bebidas (4,53%), produtos alimentares pessoas) foi superior em 16,1% ao mesmo (3,28%), químico (1,49%), outros, que período de 2004, tornando ainda mais engloba os setores de couros e peles, evidente o desemprego no Espírito Santo em produtos farmacêuticos, veterinários e 2004.
  • 16. Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 15 Tabela 5.2 Fatores condicionantes da base monetária Fluxos acumulados no mês (R$ milhões) Período Tesouro Nacional Títulos Públicos Setor Externo Assist. Finan. Depósito s Outras Contas* Var. da Base mar/04 -5 436 - 260 - 19 - 66 871 - 836 -5 746 abr/04 -9 271 11 862 3 0 - 340 237 2 490 mai/04 -7 345 6 875 8 6 188 1 478 1 209 jun/04 -3 609 6 328 3 - 6 -1 187 - 360 1 170 Fonte: BCB. Nota para a imprensa 27.07.2004. * Inclui operações com derivativos Tabela 5.1 – Base monetária, componentes e meios de pagamentos Saldos em final de período (em R$ milhões) e variação mensal (%) jun/03 abr/04 mai/04 jun/04 Componentes R$ % R$ % R$ % R$ % Base Monetária 63 838 -2,0 65 613 3,9 66 822 1,8 67 992 1,8 Papel moeda emitido 38 799 0,0 45 161 1,5 46 025 1,9 46 646 1,3 Reservas bancárias 25 039 4,8 20 452 9,7 20 797 1,7 21 347 2,6 Meios de Pagamento* 85 398 0,4 100 189 1,3 102 586 2,4 103 976 1,4 P.Moeda em poder do públ. 33 477 0,5 38 195 0,6 38 726 1,4 39 826 2,8 Depósitos à vista 51 921 0,3 61 993 1,7 63 860 3,0 64 150 0,5 Fonte: BCB. Nota para a imprensa 27.07.2004. *Os dados de meios de pagamento referem-se à média dos saldos nos dias úteis. 5. POLÍTICA MONETÁRIA A necessidade do controle sobre a pela programação monetária. O resultado no emissão de moeda decorre de sua grande mês decorreu das expansões de 2,6% nas importância no que diz respeito não só a reservas bancárias e de 1,3% no saldo do estruturação do sistema econômico como papel-moeda emitido. um todo, como, principalmente no que Os meios de pagamento, segundo a tange a sua performance. Por isso, a chama- média dos saldos nos dias úteis, totalizaram da política monetária, que tem como uma R$ 104 bilhões em junho, com crescimento de suas tarefas básicas precisamente o de 1,4% no mês. Os saldos do papel-moeda controle da quantidade de meios de em poder do público e dos depósitos à vista pagamentos que circula no sistema, é uma aumentaram 2,8% e 0,5% no mês. O M2 que das peças básicas na execução da política é obtido ao acrescentar os títulos privados e econômica e congrega diversos instrumentos depósitos de poupança ao conceito M1, de ação das quais o governo pode lançar atingiu R$ 436,6 bilhões no mês de junho, de mão para atingir seus objetivos. acordo com os saldos em final de período, A base monetária representa o passivo com uma variação de 2% em relação ao monetário do Banco Central, também mês anterior e 13,9% nos últimos 12 meses, de conhecido como emissão primária de acordo com os dados preliminares do BC. O moeda. Inclui o total de cédulas e moedas resultado obtido se deve a elevação de em circulação e os recursos da conta 2,95% dos títulos privados, que representa R$ "Reservas Bancárias". É a principal variável de 5,3 bilhões. Os depósitos em de poupança política monetária, refletindo o resultado aumentaram 1,33%. líquido de todas as operações ativas e O conceito M3, resultado da soma de M2, passivas do Banco Central. Os dados da das operações compromissadas efetuadas Tabela 5.1 revelam que em junho, o saldo em com títulos federais e das aplicações de final de período d a b a s e monetária atingiu R$ 67,9 bilhões (crescimento de 1,8% no mês), m a n t e n d o - s e d e n t r o d o i n t e r v a l o e s t a b e l e c i d o
  • 17. fundos de renda fixa, registrou um aumento efeitos contracionistas de R$ 3,6 bilhões, R$ 6 de 1,4% no mês (23,3%m nos últimos 12 milhões, 1,1 bilhão e 360 milhões, respectiva- meses), atingindo R$ 898 bilhões. A quota de mente. fundos de renda fixa aumentou em 0,8%, Taxade juros enquanto as operações compromissadas Em reunião no dia 21 de julho, o comitê de com títulos federais cresceram em 1,25%. O Política Monetária do Banco Central, optou, M4, que engloba M3, os títulos federais (Selic), por unanimidade, por manter a taxa básica estaduais e municipais, atingiu R$ 1,03 trilhão de juros em 16 % a.a., sem viés. Mesmo em junho, com uma variação de 1,1%. Os atravessando um momento de reaquecimen- títulos federais reduziram em R$ 1,6 bilhão to na atividade, queda na taxa de desempre- (1,2%) no mês, enquanto os estaduais e go e uma melhora no ambiente externo, o municipais apresentaram um aumento de R$ Copom manteve uma atitude conservadora 32,7 milhões (1,33%). em sua decisão referente à taxa Selic, Os dados para entender o crescimento da utilizando como justificativa a elevação de Base Monetária estão presentes na Tabela 5.2 alguns dos índices de inflação (principalmen- que representa o resultado das operações do te o IPCAe o IGP-DI). Banco Central com o sistema financeiro, em Dessa maneira, a recusa na redução da junho. Toda operação/intervenção do Banco taxa de juros, que permanece a mesma Central que resulta em entrega de papel- desde abril, e a vinculação direta desta às moeda e/ou crédito em contas de "Reservas metas de inflação, mostra que os diretores do Bancárias" significa expansão monetária Banco central temem possíveis efeitos da (criação de moeda) e é apresentada com recente recuperação da economia. Como sinal positivo. Ao contrário, toda opera- consta na ata da ultima reunião do Copom, "a ção/intervenção do Banco Central que resulta autoridade monetária reitera que estará em recebimento e/ou débito em contas de pronta para adotar uma postura mais ativa, "Reservas Bancárias" significa contração caso venha a se consolidar um cenário de monetária e é apresentada com sinal divergência entre a inflação projetada e a negativo. trajetória das metas", deixando claro, assim, Nesta tabela é possível identificar que a que um aumento na taxa de juros até o final expansão monetária de R$ 1,17 bilhão da do ano não é uma opção descartada. Base, em junho, só foi possível em razão das A equipe econômica, seguindo a cartilha operações com Títulos Públicos federais do FMI, pode acabar enfraquecendo a realizados pelo governo. Os fluxos mensais retomada dos investimentos no setor privado acumulados do movimento na conta única através de uma elevação sistemática da taxa do Tesouro Nacional, bem como as opera- de juros. Isso, além de frear o crescimento e a ções de Assistência Financeira de liquidez, queda nos índices de desemprego, pode não Depósitos das Instituições Financeiras no resolver o problema então posto da inflação Banco Central e Outras Contas apresentaram crescente, já que causaria uma redução da Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 16 Tabela 5.3 - Operações de crédito do sistema financeiro - saldos em final de período (R$ milhões) e classificação das faixas de risco do saldo das operações em junho (em %) Setor Público Setor Privado Meses Governo Federal Governo Mun/Est. Total Set. Público Indús- tria Habi- tação Rural Comér cio Pess. Física Outros Serviços Total Set. Privado Total Geral Abr/04 5.359 12.211 17.570 117.177 25.106 46.091 45.116 102.247 72.974 408.711 426.281 Mai/04 5.313 12.544 17.857 119.730 25.128 46.746 47.174 104.760 74.882 418.420 436.277 Jun/04 5.191 13.271 18.462 120.099 25.218 47.970 48.521 106.198 75.919 423.925 442.387 Faixa de Risco AA+A 98,12 64,86 74,21 68,40 41,69 59,61 59,42 57,74 60,55 60,71 61,27 B até G 1,87 27,38 20,21 29,55 51,33 38,91 38,11 36,99 37,04 36,09 35,43 H 0,00 7,76 5,58 2,05 6,98 1,48 2,48 5,27 2,40 3,20 3,30 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: BCB - Nota para a imprensa - 27.07.2004
  • 18. Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 17 capacidade instalada das empresas gerando ram praticamente intocada a rentabilidade mais inflação. média no primeiro semestre do ano. O lucro Na ponta do mercado, as taxas cobradas líquido desses bancos aumentou 11,4% de dos tomadores finais mantêm-se relativamen- janeiro a junho em comparação com igual te estáveis desde o mês de abril. Para as período de 2003, totalizando R$ 4,5 bilhões." pessoas jurídicas, nas operações pré-fixadas, Operações de crédito as taxas médias anuais mais elevadas são da O total de empréstimos do sistema conta garantida (66,8%), hot money (49,4%) e financeiro atingiu R$ 442,4 bilhões, em junho desconto de promissórias (49,3%). A maior de 2004, um aumento de 1,4% em relação ao taxa para a conta garantida é a do Banco mês de maio e de 7,9% no 1º semestre de Sofisa, 167% ao ano, e a menor taxa é a do 2004. O saldo dos empréstimos comparado Banco Société Generale Brasil (17,2%). O com o PIB (26,1%) manteve-se estável em Banco do Brasil cobra 66,69%, o Banco Itaú, relação a maio de 2004, evoluindo 1,4% se 65,35% e o Bradesco, 61,4%, calculados para comparado a junho de 2003, quando o período de 09 a 13 de agosto de 2004, representou 24,7% do PIB. O setor público segundo dados do Banco Central do Brasil. O aumentou o seu endividamento, frente ao hot money custa 70,37% na Caixa Econômica sistema financeiro em 3,4% no mês, passando Federal, 61,4% no Banco Itaú e no Sudameris e de R$ 17,9 bilhões para R$ 18,5 bilhões. Esse atinge 94,27%, no Abn-Amro Real. crescimento foi devido principalmente aos As pessoas físicas pagam taxas ainda mais estados e municípios (5,8%), pois o governo altas. A taxa do cheque especial é de 140,3% federal reduziu oseu endividamento em2,3%, ao ano e a do crédito pessoal, de 71,9%. O no mês. Entretanto, essa dívida é pouco banco Schahin chega a cobrar 358,97% no significativa, pois representa menos de 5,0% cheque especial e o Citybank, 178,49%. Os do total dos empréstimos. bancos estatais como o Banco do Brasil O setor privado aumentou pouco o seu (130,84%) e a Caixa Econômica Federal endividamento, apenas 1,3% no mês. Os (119,97%) cobram um pouco menos do que maiores aumentos foram observados no os maiores bancos privados nacionais como o comércio (2,9%) e no crédito rural (2,6%), as Itaú (146,0%) e o Bradesco (146,83%). Os pessoas físicas e outros serviços aumentaram maiores bancos estrangeiros que atuam no em 1,4% e a indústria e habitação em menos Brasil também cobram taxas elevadíssimas, de 0,5%. 151,4% do HSBC, 145,46% o Santander O maior destaque nas operações de Banespa e 135,8% o Abn Amro Real. O crédito no mês de junho de 2004 ficou com o Unibanco, banco privado nacional com desempenho das operações com recursos participação estrangeira, cujo Conselho de livres, que responderam 57% do total, Administração é presidido pelo ex-Ministro da registrando crescimento de 1,5% no mês e de Fazenda Pedro Malan, não deixa por menos, 12,4% no ano, com saldo de R$ 252 bilhões. As cobra 143% ao ano no cheque especial. O operações com recursos livres, englobam argumento de que a abertura do mercado financiamentos para empresas e emprésti- financeiro para os bancos estrangeiros mos concedidos para pessoas físicas, cujo aumentaria a concorrência e levaria a uma desempenho positivo no mês foi devido ao queda na taxa de juros são desmentidos com aumento de 1,4% nos empréstimos para esses dados. Nem os bancos estrangeiros, pessoas jurídicas e de 1,8% nos empréstimos nem os privados nacionais e nem os bancos destinados para pessoas físicas. A classifica- estatais escapam da lógica financeira e da ção das operações de crédito segundo faixas busca ao lucro máximo. Assim, a Folha de São de risco efetuadas no mês junho de 2004 pelo Paulo de 13.08.04 anuncia que "Apesar do sistema financeiro brasileiro (tabela 5.3), corte de dez pontos percentuais na taxa mostram que 61,27% foram classificadas na básica de juros, a Selic, quatro dos maiores faixa de baixo risco (AA+A), dívidas não bancos privados do país - Bradesco, Itaú, vencidas ou com até quinze dias de atraso. Unibanco e Santander Banespa - conseguiram Apenas 3,3% enquadraram-se nas operações aumentar seus lucros, suas receitas e mantive- de risco mais elevado (H), ou seja, empréstimo
  • 19. As comemorações dos 10 anos do Plano 4,26% do PIB. A diferença em relação ao Real têm recebido grande destaque nos mesmo período de 2003 foi de R$ 4,9 bilhões meios de comunicação. Dentre os que (16,7%) mais do que os R$ 29,3 bilhões, ou comemoram está parte dos comentaristas 4,05% do PIB realizado naquele período. O econômicos que exaltam o que chamam de superávit do primeiro semestre de 2004 foi tripé do ciclo virtuoso: crescimento econômi- fortemente influenciado pelo aumento da co, inflação controlada e equilíbrio em conta arrecadação. Parte desse aumento foi corrente. O ano de 2004 é considerado devido à antecipação de tributos, e, como uma nova fase na realidade econômi- portanto, não deverá se refletir no resultado ca brasileira, conquistando esse tão sonhado dos meses seguintes. Ademais, foram equilíbrio do tripé do crescimento saudável. tomadas medidas para desonerar determi- Os resultados apresentados na tabela nados setores e segmentos da sociedade 6,1, onde estão as contas do Governo com menor renda, que contribuirão para a Federal, no conceito "acima da linha", que redução da arrecadação de tributos federais registra as receitas e despesas do governo, ainda neste exercício, segundo fontes confirmam o compromisso do governo em oficiais. realizar um elevado superávit primário. O Tesouro Nacional contribuiu com No segundo trimestre, as contas públicas superávit de R$ 7,1 bilhões no mês de junho, continuam apresentando a mesma lógica enquanto a Previdência Social (RGPS) e o da austeridade fiscal do semestre imediata- Banco Central registraram déficits de R$ 1,6 mente anterior, com o Governo Central bilhão e R$ 27,0 milhões, respectivamente. O (Tesouro Nacional, Previdência Social e resultado de junho ocorreu apesar das Banco Central) registrando um superávit restituições de tributos federais no mês (R$ 2,4 primário de R$ 5,5 bilhões, no mês, e de R$ bilhões), correspondendo a cerca de 0,15% 34,2 bilhões, no semestre, o que equivale a do PIB. Apesar do superávit do Governo Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 18 Tabela 6.1 – Resultado Primário do Governo Central (R$ milhões) Discriminação Jun/03 Jan-Jun/03 Abr/04 Mai/04 Jun/04 Jan-Jun/04 I. RECEITATOTAL 25.112,9 173.692,5 35.054,9 33.119,6 33.622,6 201.311,0 I.1. Receita do Tesouro 18.941,4 137.866,9 27.765,5 25.756,8 25.624,0 158.291,0 I.2. Receita da Prev. Social 6.171,5 35.353,4 7.198,2 7.275,8 28.027,8 42.475,0 I.3. Receita do Banco Central 472,2 91,2 87,0 98,7 544,9 II. TRANSF. A EST. E MUNIC. 4.227,2 32.084,1 5.430,1 6.602,3 4.210,9 32.876,4 III. RECEITALÍQUIDA TOTAL 20.885,6 141.608,4 29.624.8 26.517,3 29.411,8 168.434,6 IV. DESPESATOTAL 20.133,4 112.319,3 22.125.9 22.792,6 23.878,2 134.255,4 IV.1. Pessoal e Enc. Sociais 6.444,9 37.085,5 6.076.9 6.322,1 6.888,8 39.936,0 IV.2. Benef. Previdenciários 7.979,9 44.972,7 9.144,6 9.086,2 9.485,6 54.291,6 IV.3. Custeio e Capital 5.645,1 29.454,3 6.740,0 7.225,4 7.327,2 39.109,6 IV.4. Transf. do Tesouro ao BC 262,8 48,1 45,8 50,9 279,6 IV.5. Despesas do B. Central 544,0 96,4 113,1 125,7 638,6 V. RES. PRIM. GOV. CENTRAL 754,7 29.289,1 7.518,9 3.724,7 5.533,6 34.179,1 V.1. Tesouro Nacional 2.560,7 38.980,2 9.470,4 5.561,2 7.146,2 46.089,4 V.2. Previdência Social (RGPS) -1.808,5 -9.619,3 -1.946,3 -1.810,4 -1.585,6 -11.816,6 V.3. Banco Central 2,5 -71,8 -5,2 -26,1 -27,0 -93,7 VI. RES. PRIMÁRIO/PIB (%) 4,05% 4,26% Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional - Ministério da Fazenda 6. POLÍTICA FISCAL co m a tr as o d e m ai s d e 1 80 di as . estaduais e municipais reduziram em 3,16 Comparando com os dados de março de pontos percentuais suas dívidas com mais de 2004 o governo federal aumentou de 0,1% 15 dias de atraso e o setor privado reduziu em para 1,87% a parcela de suas dívidas com 1,11 ponto percentual. mais de 15 dias de atraso, os governos
  • 20. Central ter sido maior do que em igual do um déficit de R$ 0,7 bilhão, devido à período no ano passado em valores distribuição de dividendos ocorrida nesse absolutos, as despesas cresceram proporcio- mês, da ordem de R$ 2,3 bilhões. No total do nalmente mais do que as receitas. A receita semestre, o superávit primário somou R$ 46,2 líquida cresceu R$ 26,8 bilhões (18,9%), bilhões (5,53% do PIB), um aumento de 15,4% atingindo o montante de R$ 168,4 bilhões até quando comparado com os R$ 40 bilhões junho e as despesas foram de R$ 134,3 economizados no mesmo período do ano bilhões, um aumento de R$ 21,9 bilhões ou anterior. Mas o saldo do Governo Central 19,5%. As receitas do Tesouro apresentaram apresentou crescimento de 21,2%, de R$ crescimento de R$ 20,4 bilhões (14,8%), 29,3 bilhões, em 2003, para R$ 35,6 bilhões, atingindo um total de R$ 158,3 bilhões no em 2004, representando 4,44% do PIB. Os semestre. Segundo a Secretaria do Tesouro, governos regionais, apresentaram superávit os fatores que mais influenciaram foram o de R$ 10,2 bilhões (1,27% do PIB) e as aum ent o da alí quo ta da Cof ins, da empresas estatais, R$ 414 milhões (0,05% do Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e PIB). sobre oIPI-fumo. A dívida líquida do setor público apresen- A tabela 6.2 apresenta o resultado tou um pequeno crescimento em termos consolidado do setor público como um todo, absolutos, entre maio e junho de 2004, no conceito 'abaixo da linha', isto é, pela atingindo R$ 948,2 bilhões ou 56% do PIB, mas necessidade de financiamento do setor diminuiu 0,8 p.p. em relação ao PIB. Esse público. O resultado primário foi positivo em resultado foi obtido principalmente pela todos os meses do primeiro semestre de redução da dívida das empresas estatais (R$ 2004. Esse é o esforço que o país vem 1,9 bilhão) e do Governo Central (R$ 1,5 fazendo para atender o acordo firmado com bilhão). Os governos regionais, Estados e o FMI. Assim, em junho, o resultado primário Municípios, aumentaram o seu endividamen- do setor público ficou em R$ 7,9 bilhões, to em R$ 4,9 bilhões. A dívida interna líquida sendo R$ 5,4 bilhões do Governo Central, R$ 1,7 bilhão dos estados e municípi- os e R$ 0,9 bilhão d a s e m p r e s a s estatais, que nesse m ê s v o l t o u a r e g i s t r a r u m superávit, já que no m ê s d e m a i o haviam apresenta- Tabela 6.2 – Necessidade de Financiamento do setor Público (R$ milhões) Discriminação Jun/03 Jan-Jun/03 Abr/04 Mai/04 Jun/04 Jan-Jun/04 Resultado Primário -3.029 -40.009 -11.901 -5.839 -7.915 -46.183 Governo Central -903 -29.353 -7.561 -4.692 -5.354 -35.586 Governos Regionais -1.136 -9.026 -1.845 -1.881 -1.681 -10.182 Empresas Estatais -990 -1.630 -2.495 735 -880 -414 Juros Nominais 8.957 74.269 9.904 10.682 9.887 61.829 Governo Central 8.630 49.198 6.042 5.313 5.492 36.853 Governos Regionais 440 24.036 4.269 5.670 5.706 27.242 Empresas Estatais -112 1.036 -407 -301 -1.311 -2.267 Resultado Nominal 5.928 34.260 -1.997 4.844 1.972 15.646 Governo Central 7.727 19.845 -1.519 621 138 1.267 Governos Regionais -697 15.009 2.424 3.789 4.025 17.060 Empresas Estatais -1.102 -594 -2.902 434 -2.191 -2.681 Fonte: BCB – Nota para imprensa, 30.07.2004 Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 19 Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (R$ bilhões) Discriminaçãob Jun/ 03 Dez/ 03 Abr/04 Mai/04 Jun/04 Dívida Total Líquida 856.353 913.145 926.398 946.669 948.243 Governo Central 527.219 578.748 583.277 597.731 596.268 Governos Regionais 304.061 316.719 325.537 332.145 337.055 Empresar Estatais 25.073 17.678 17.584 16.792 14.919 Dívida Total Líquida 856.353 913.145 926.398 946.669 948.243 Dívida líquida interna 668.733 726.688 760.006 768.547 771.637 Dívida líqu. externa 187.620 186.458 166.392 178.122 176.605 DLSP em % do PIB 55,4 58,7 56,5 56,8 56,0 Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 03.08.04
  • 21. aumentou de R$ 768,5 bilhões para R$ 771,6 bilhões, mas foi p a r c i a l m e n t e c o m p e n s a d a pela redução da dívida externa, que diminuiu em R$ 1,5 bilhão. A dívida total d o T e s o u r o Nacional, em dessa dívida (45,9%) é remunerada pelatítulos, já ultrapassou R$ 1,0 trilhão, um taxa Over/Selic, que diminuiu a sua participa-crescimento de 5,8% no semestre. Desse ção durante o semestre em 0,7 pontototal, R$ 733,8 bilhões estão colocados no percentual. A participação dos títulos pré-mercado e R$ 301,1 bilhões estão na fixados cresceu 3,6 p.p., a dos título indexa-carteira do Banco Central. Esse total, dos a índices de preços 0,9 p.p. e a dos títulossomados aos títulos do Banco Central ainda cambiais caíram de 20,5%, em dezembro,no mercado e operações de mercado para 14,2%, em junho.aberto elevam a dívida para R$ 837,27 bilhões, em junho de 2004. A maior parte 7. SETOR EXTERNO Mais uma vez o desempenho da balança 2003 - e de US$ 83,4 bilhões em doze meses - comercial, que contabiliza o fluxo de bens um crescimento de 22,1% em relação aos comercializados entre o Brasil e o exterior, doze meses encerrados em junho de 2003. O surpreendeu positivamente. O resultado forte crescimento tem sido puxado principal- mensal das exportações bateu novo recorde mente pelo crescimento das exportações de histórico em junho deste ano, alcançando US$ manufaturados (automóveis de passageiros, 9,3 bilhões e superando o valor também aviões, calçados, suas partes e componentes, inédito de US$ 7,9 bilhões alcançado em maio partes e peças para veículos automóveis e de 2004. tratores), e de produtos básicos (minérios de Com estes resultados, as exportações ferro e seus concentrados, carne e miúdos de acumularam um total de US$ 43,3 bilhões nos frango congelados, frescos ou refrigerados, seis primeiros meses do ano - um crescimento soja, etc.). de 31,2% em relação ao primeiro semestre de O excelente desempenho das exporta- Tabela 7.1 –Conta de transações correntes (US$ milhões) Discriminação jun/03 Jan-jun03 abr/04 mai/04 jun/04 jan-jun04 Balança comercial 2.354 10.397 1.957 3.118 3.810 15.049 Exportações 5.875 33.002 6.589 7.941 9.328 43.306 Importações 3.521 22.605 4.632 4.823 5.517 28.257 Serviços -572 -2.306 -431 -227 -503 -1.869 Transportes -144 -815 -166 -128 -166 -910 Rendas -1.501 -8.801 -2.520 -1.713 -1.542 -10.367 Juros -1.127 -6.321 -1.708 -940 -1.177 -6.862 Lucros e Dividendos -382 -2.529 -823 -798 -370 -3.608 Transf. unilaterais 194 1.227 259 300 292 1.602 Trans. correntes 475 517 -735 1.478 2.058 4.415 Trans. Correntes/PIB (%) - 0,21 - - - 1,60 Fonte: BCB – Notas para a imprensa Tabela 6.4 – Títulos Públicos Federais e Operações de Mercado Aberto (% por indexador) Discriminação Jun/03 Dez/03 Abr/04 Mai/04 Jun/04 Dívida total (R$ bilhões) 717,81 787,57 825,86 833,73 837,27 Indexadores (%) Over/Selic* 48,1 46,6 48,6 45,5 45,9 Câmbio* 27,1 20,5 15,1 14,8 14,2 Prefixado 4,2 11,6 14,7 14,7 15,2 TR 1,9 1,7 1,6 1,6 1,7 Índices de preço 12,0 12,6 12,9 13,1 13,5 Oper. de merc. Aberto 6,7 7,1 7,0 10,2 9,4 FONTE: BCB – Notas para a imprensa, 30.07.04 - *com swap Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 20
  • 22. ções tem contribuído para manter saldos dos preços das exportações brasileiras. Além robustos na balança comercial, apesar das disso, as exportações brasileiras têm crescido importações também estarem crescendo. em valor acima das importações mundiais, o Nos últimos seis meses as importações que significa que o País também está acumularam um saldo de US$ 28,3 bilhões, ganhando espaço no mercado mundial, que significa um crescimento de 25,0% em uma conquista possivelmente associada à relação ao primeiro semestre de 2003, e nos política de promoção das exportações últimos doze meses um saldo de US$ 53,9 brasileiras. Os destinos das exportações estão bilhões, 13,8% superior ao saldo acumulado hoje muito mais diversificados do que há um nos doze meses encerrados em junho de ano atrás. No acumulado de janeiro a maio 2003. Isso vem ocorrendo por conta do de 2004 o Estados Unidos, a Argentina, a aumento das importações de bens interme- China e a União Européia passaram a explicar diários e de bens de capital. Esse aumento cerca de 50% do crescimento das exporta- pode ser tomado como indicador prévio do ções em relação ao mesmo período de 2003. crescimento do nível de atividade. A Observou-se também uma maior participa- tendência é, em se mantendo essa onda de ção de destinos como México, Venezuela, recuperação, um crescimento ainda maior Japão, e alguns países da Europa Oriental. das importações. Contribui também nesse Os gastos líquidos com serviços, cresce- sentido a atividade de alguns setores rem pouco, em junho, quando comparados exportadores que importam muitos compo- a abril e maio; em relação ao ano passado, nentes de seus produtos. houve uma retração de 12,1% (US$ 69 Com estes resultados, o saldo da balança milhões). No acumulado nos seis primeiros comercial em junho foi de US$ 3,8 bilhões, meses do ano, comparados com o mesmo também superando o recorde mensal período do ano anterior, o déficit reduziu-se de anterior - US$ 3,1 bilhões em maio de 2004. No US$ 2,3 bilhões em 2003 para US$ 1,8 bilhão primeiro semestre do ano a balança em 2004. As despesas líquidas com transporte comercial já acumula um superávit de US$ atingiram US$ 166 milhões em junho de 2004, 15,0 bilhões e no acumulado em doze meses registrando um aumentode 15,4% namesma o saldo é de US$ 29,5 bilhões. De acordo com base de comparação para2003. a s p r o j e ç õ e s d o M i n i s t é r i o d o As remessas líquidas de renda para o Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o exterior registraram, no acumulado de janeiro saldo comercial deverá fechar o ano em US$ a junho, um déficit de US$ 10,3 bilhões contra 28,0 bilhões (US$ 88,0 bilhões para as US$ 8,8 bilhões registrados em 2003, um exportações e US$ 60,0 bilhões para as aumento em 17,8%. Este aumento é importações), uma estimativa cautelosa à luz resultado tanto dos juros pagos, que passa- dos saldos já obtidos no primeiro semestre e ram de US$ 6,3 bilhões no acumulado dos seis em doze meses. primeiros meses do ano em 2003 para US$ 6,8 O crescimentodas importaçõesmundiais bilhões no mesmo período em 2004, quanto tem contribuído decisivamente para o da remessa de lucros e dividendos, cuja saída crescimento tanto das quantidades quanto aumentou 42% em relação ao mesmo Tabela 7.2 –Conta capital e financeira (US$ milhões) Discriminação jun/03 jan-jun03 abr/04 mai/04 jun/04 jan-jun04 Conta capital e financeira 4.528 9.126 -48 -2.171 -2.457 -1.757 Conta capital 39 209 77 69 64 398 Conta financeira 4.489 8.917 -126 -2.240 -2.521 -2.156 Investimento direto 211 2.844 361 198 278 3.224 Invest. em carteira 1.792 3.901 -4.551 -894 -642 -3.701 Derivativos -25 -71 28 -273 -46 -240 Outros investimentos 2.510 2.243 4.035 -1.271 -2.111 -1.439 Erros e omissões -25 -674 616 417 -438 -1.312 Resultado do balanço 4.978 8.969 -167 -276 -837 1.346 Fonte: BCB – Notas para a imprensa Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 21
  • 23. período do ano anterior. Esses resultados são oficial do governo em viagem, que tenta os reflexos da fragilidade da melhora da vender as possibilidades de ganho nos setores atividade econômica brasileira, já que as produtivos nacionais. A verdade é que os emp res as tra nsn aci ona is em fas e de maiores filões para o investimento externo, os crescimento tendem a reinvestir seus lucros serviços públicos,já foram cedidos. internamente e em momentos de desconfian- Atualmente esses recursos têm sua ça ou fragilidade econômica os recursos importância diminuída, dado o ajuste que acumulados são remetidos às matrizes. vem se realizando pela balança comercial. As transferências unilaterais, que registram Os superávits crescentes reduzem a necessi- a movimentação dos fluxos de capitais sem dade de financiamento do setor externo, contrapartida, têm apresentado crescimento diferentemente do que ocorria no início do em função dos fluxos advindos da remessa de plano real, com a sobrevalorização cambial e dinheiro dos imigrantes brasileiros que vivem os déf ici ts com erc iai s cre sce nte s daí no exterior. No acumulado de janeiro a junho decorrentes. À época, o desequilíbrio das houve um crescimento de 30% de 2003 para contas externas tornava imperativa a atração 2004 - de US$ 1,23 bilhão em 2003 para US$ de recursos, solucionada pelas políticas e de 1,6 bilhão em 2004. abertura e atração de capitais especulativos A conjugação de todos esses dados fez de curto prazo, adotadas pelo governo com que, na comparação dos resultados de FernandoHenrique. janeiro a junho de 2003 e 2004, o saldo de US$ Os inv est ime nto s em car tei ra têm 517 milhões na conta de transações correntes registrado saídas líquidas desde março. evoluísse para US$ 4,4 bilhões e a relação das Somente no último trimestre, foram remetidos transações correntes como porcentagem do seis bilhões de dólares líquidos. Nos primeiros PIB aumentasse de 0,21% para 1,6%. seis meses de 2004 o resultado foi negativo No que diz respeito à conta capital e em US$ 3,7 bilhões. No mesmo período do financeira, o resultado observ ado nas ano passado houve um ingresso líquido de US$ transações de bens e serviços não se repete. 3,9 bilhões. O resultado mais expressivo do No primeiro semestre de 2004 o movimento trimestre foi em abril, com uma saída de de saída de divisas foi considerável: US$ 1,8 recursos de US$ 4,5 bilhões. O número é bilhão deixou o país, sobretudo nas transações decorrente principalmente dos pagamentos de ativos financeiros com o exterior (tabela de bônus e commercial papers negociados 7.2). No mesmo período do ano anterior havia no exterior, tanto do setor público quanto do ingressado pela mesma conta US$ 9,1 bilhões. setor privado. No segundo trimestre o setor O movimento observado no último trimestre foi privado não conseguiu rolar seus compromis- de deterioração. A conta capital, que registra sos vincendos. A baixa captação de recursos as tra nsf erê nci as de pat rim ôni o ent re indica uma retração nas linhas de crédito residentes e não residentes, tem pouca internacional para as empresas brasileiras. Em importância nesse movimento, apesar do junho o Governo conseguiu atrair cerca US$ volume dos ingressos nos primeiros seis meses 750 milhões através da emissão de seus títulos deste ano ser quase o dobro do mesmo no exterior,mostrando que essa dificuldade de período do ano passado. Isto devido ao captação está restrita ao setor privado, que no montante absoluto transacionado ser mesmo mês pagou cerca de US$ 920 milhões pequeno. em amortizações de créditos de longo prazo, Os ingressos líquidos de investimento direto não conseguindo rolar nenhum de seus do exterior totalizaram no primeiro semestre de vencimentos para o mês. 2004 US$ 3,2 bilhões, um acréscimo de 13% As expectativas quanto à definição das quando comparado ao primeiro semestre de taxas de juros em praças centrais impulsiona- 2003. O atual ensejo de crescimento ainda ram em parte esse movimento. Depois da não mostrou potencial para atrair investimen- definição do aumento da taxa de juros tos externos. Ao que parece a política de americana, a tendência de saída de recursos atração desses investimentos está em deve ser minimizada nos próximos meses, segundo plano. Os estímulos para o investidor podendo mesmoser revertida. estrangeiro têm-se restringido a propaganda No item outros investimentos, no qual são Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 22
  • 24. c o n t a b i l i z a d o s o s f i n a n c i a m e n t o s c o n c e d i d o s p o r exportadores estrangei- ros e aqueles proveni- entes de organismos i n t e r n a c i o n a i s , observou-se uma saída líquida de recursos no primeiro semestre da ordem de US$ 1,4 bilhão frente a ingressos líquidos de US$ 2,5 bilhões no mesmo o FMI de acordo com critérios estabelecidosperíodo do ano anterior. Em abril, o ingresso de pelo próprio Fundo, a posição brasileira variourecursos foi de cerca de quatro bilhões de mais expressivamente no semestre. Em junho odólares, devido principalmente à redução dos saldo foi de US$ 22,8 bilhões, acréscimo dedepósitos de bancos nacionais no exterior, da 31% no primeiro semestre de 2004. Aordem de US$ 2,6 bilhões, e de desembolsos expectativa do Banco Central (BC) para olíquidos de fornecedores internacionais em volume de reservas líquidas no ano foi revistalinhas de crédito, no valor de US$ 1,9 bilhão. dos iniciais US$ 30 bilhões para pouco mais deNão obstante, a tendência desde o começo US$ 21 bilhões.do ano é de saída de recursos, principalmente Analisando a dívida externa brasileiradevido às amortizações, o que reforça a tese observa-se uma redução no montante total aoda baixa disponibilidade de recursos para longo dos últimos doze meses, com destaquecrédito a brasileiros. As exceções foram os para a queda ao longo deste ano. A dívidameses de janeiro, com um resultado positivo total estimada para o mês de abril de 2004pequeno (US$ 186 milhões), e o mês de abril. (US$ 205,8 bilhões) é 4,2% menor que aEm junho foram amortizados junto ao Fundo registrada no mesmo mês em 2003 (US$ 215Monetário Internacional US$ 1,3 bilhão bilhões, vide tabela 7.3). A redução foi maiorreferente ao último acordo firmado com a nos compromissos privados e do setor públicoInstituição. financeiro; nos últimos doze meses essaO resultado global do balanço acumulado parcela da dívida caiu cerca de 8%, sendonos seis primeiros meses de 2004 foi superavitá- que a dívida de curto prazo registrou umario, alcançando o total de US$ 1,3 bilhão, queda de 15% e a de médio e longo prazosubstancialmente inferior (84%) ao resultado uma queda de 6,8%. Já a parcela da dividaobtido no mesmo período em 2003 (US$ 8,9 do setor público permaneceu praticamentebilhões). Ao longo do último trimestre houve um inalterada quando comparados os meses demovimento constante de saída de recursos do abril de 2004 e 2003. Desde dezembro depaís. Nem os bons resultados da conta de 2003 a dívida brasileira, tanto do setor públicotransações correntes conseguiram reverter a quanto do setor privado e público financeiro,tendência impulsionada pela deterioração da tanto de curto quanto de médio e longo prazo,conta financeira. O acumulado no semestre se tem se reduzido. A disponibilidade de créditomanteve positivo graças ao expressivo internacional se reduziu no começo do ano oresultado obtido no mês de janeiro, quando o que reduziu o volume de novas captações ebalanço fechou com um saldo positivo de US$ de rolagem de compromissos, isto devido4,2 bilhões. possivelmente às expectativas de mudançasNo mês de junho, o volume de reservas das taxas de juros americanas.brasileiras no conceito de liquidez internacio- A balança comercial do Espírito Santo, quenal totalizou US$ 49,8 bilhões, apenas 1% registra as transações comerciais de merca-superior ao registrado em dezembro de 2003 dorias do estado com o exterior, obteve nos(US$ 49,3 bilhões). No que diz respeito às primeiros seis meses do ano um superávit dereservas líquidas, excluídas as obrigações com Tabela 7.3 – Dívida externa (US$ milhões) Discriminação abr/03 dez/03 mar/04 abr/04 1 Dívida médio e longo prazos 191.977 194.736 193.300 186.382 Setor público 2 114.453 119.785 119.565 114.160 Setor privado 3 77.525 74.950 73.735 72.222 Dívida de curto prazo 22.995 20.194 20.163 19.457 Setor público 2 45 11 11 11 Setor privado 3 22.950 20.183 20.152 19.446 Dívida externa total 214.972 214.930 213.463 205.839 Fonte: BCB – Notas para a imprensa 1. Dados estimados; 2. Não inclui o setor público financeiro; 3. Inclui o setor público financeiro. Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 23
  • 25. U S $ 5 7 4 , 7 m i l h õ e s , representan- do aproxima- d a m e n t e 3,6% do saldo positivo da b a l a n ç a c o m e r c i a l brasileira. Esse r e s u l t a d o a l c a n ç a d o n o s s e i s Capanema no Sistema Sul, que, no anoprimeiros meses do ano é 15% menor do que o passado, produziu mais de três milhões desaldo comercial conseguido no mesmo toneladas no primeiro semestre. (Gazetaperíodo do ano anterior (US$ 676,1 milhões). Online, 03 de ago. 2004)As exportações realizadas pelos portos As importações de mercadorias, aocapixabas somaram a cifra de US$ 1,8 bilhão contrário das exportações, registraram umentre janeiro e junho, sendo que no mesmo substancial aumento no primeiro semestre doperíodo do ano anterior esse montante foi de ano de 2004. O montante desembarcado nosUS$ 1,6 bilhão; destaque para uma variação portos capixabas durante os seis primeirospositiva nas exportações de produtos básicos meses do ano passado atingiu a cifra de US$que aumentaram de US$ 689,7 milhões no 947,3 milhões, comparando-se esse resultadoprimeiro semestre de 2003 para US$ 876,5 com o mesmo período de 2004 (US$ 1,3 bilhão)milhões, no mesmo período deste ano. Esse observa se um aumento de 37,2%. Neste caso,resultado positivo para os produtos básicos se o principal destaque são os produtos manufa-deve em grande medida a produção de turados cujo valor atingiu o montante de umminério de ferro, cujo resultado acumulado no bilhão de dólares no primeiro semestre deprimeiro semestre de 2004 foi de cerca de 98 2004, contra US$ 749,5 milhões registrado emmilhões de toneladas contra aproximadamen- igual período do ano anterior.te 90 milhões do mesmo período do ano passado, apesar do fechamento da mina de Vitória/ES - Boletim N.º 32 - 24 Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura Departamento de Economia - Graduação em Economia Universidade Federal do Espírito Santo Av. Fernando Ferrari, 514 - Campus Goiabeiras - Vitória - ES CEP 29075-910 - Tel/Fax: 27-3335-2605/2615 Coordenadores: Paulo Nakatani e Fabrício Augusto de Oliveira Professores Pesquisadores: Maurício de Souza Sabadini e Sebastião José Balarini Professores Colaboradores: Angela Maria Morandi e Reinaldo Antonio Carcanholo Tabela 7.4 Balança Comercial do Espírito Santo (US$ mil) Discriminação jun/03 jan-jun03 abr/04 mai/04 jun/04 jan-jun04 Balança comercial 71.372 676.147 15.824 150.363 122.480 574.716 Exportações 217.649 1.623.495 207.460 365.235 370.393 1.859.165 Básicos 85.748 689.734 96.606 165.933 171.530 876.547 Semimanufat. 95.486 773.961 81.592 139.265 154.497 743.335 Manufaturados 36.415 159.800 29.262 60.037 44.366 239.283 Importações 146.277 947.348 191.636 214.872 247.913 1.284.449 Básicos 7.659 119.771 7.884 18.359 18.997 113.004 Semimanufat. 12.316 78.036 14.322 11.027 15.391 107.349 Manufaturados 126.302 749.541 169.431 185.486 213.525 1.064.096 Fonte: Mdic - Indicadores e estatísticas Participaram neste número: Alexsandro Mairink Hoffman, Aline Faé Stocco, Alysson Correia Pedra, André Cetto Zanon, Caroline Maria Rezende Rosa, Celso Bissoli Sessa, Daniel do Valle Pretti, Diácomo N. Abreu, Diego L. Corrêa, Diogo Franco Magalhães, Eduardo Reis Araújo, Felipe Cunha Salles, Guilherme Lucas Barcelos, Lorena Zardo Trindade, Lyncoln Wchoa da Silveira e Silva, Marcio Dias Silva, Marinilda Knaak Buss, Martinho de Freitas Salomão, Míriam Silva Machado, Rodrigo Andrade Aragão, Rodrigo Straessli Pinto Franklin.
  • 26. GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM CONJUNTURA Curso de Ciências Econômicas Departamento de Economia Universidade Federal do Espírito Santo Av. Fernando Ferrari, 514 Campus de Goiabeiras 29 075-910 Vitória ES Tel/Fax: (27) 3335 2605 / 2615 boletim@npd.ufes.br http://www.conjuntura.cjb.net