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CCJE - Departamento de Economia
Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura
Universidade Federal do Espírito Santo
Av. Fernando Ferrari, 514 Campus de Goiabeiras
29 075-910 Vitória ES
Tel/Fax: (27) 4009 2605
Boletim Nº 45 - Junho/2009
B r a s i l
Universidade Federal
Espírito Santodo
A crise é um dos momentos em que BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China),
se desvendam as contradições do reunidos em Ecaterimburgo após a
modo de produção capitalista e a reunião da Organização de
atual não é diferente das anteriores. Cooperação de Shangai, nos dias 15
A l é m d e d e m o n s t r a r a e 16 de junho. Os países que fazem
impossibilidade do Estado de parte do BRIC, juntos, dispõem de
suprimir as crises, está mostrando mais de US$ 1,5 trilhão de suas
que a meta principal da gestão da reservas em títulos da dívida norte-
crise é buscar a salvação das americana estão procurando
grandes unidades dos múltiplos escapar dessa armadilha, mas não
c a p i t a i s . E n t r e t a n t o , a s têm como.
contradições desse modo de A armadilha consiste no enorme
produção continuam questionando déficit do Tesouro que deve passar
as próprias bases de sua de 12% do PIB, em 2009,
reprodução em escala mundial. Em d e c o r r e n t e d a s m e d i d a s
termos concretos, as tentativas de implementadas para salvar o
coordenação internacional dos sistema de crédito, e na criação sem
principais Estados capitalistas estão p r e c e d e n t e s d e m o e d a .
fracassando. Cada um dos Considerando o conjunto das
principais Estados capitalistas está medidas adotadas, entre as linhas
encaminhando formas de controle de crédito criadas pelo Federal
d e s e u s p r ó p r i o s c a p i t a i s Reserve e os pacotes econômicos
independentemente uns dos outros, dos presidentes George Bush e
quando estão. Entretanto, a Barack Obama, o montante total de
regulação e os controles do capital recursos chegou a quase US$ 13
não impedem que sua dinâmica trilhões ou 90% do PIB. Com isso, o
contraditória conduza à uma nova dólar está sofrendo uma enorme
crise, apenas adiam seu desfecho pressão de desvalorização,
e v i t a n d o a d e s va l o r i z a ç ã o desgastando continuamente as
necessária e aguçam ainda mais as r e s e r v a s i n t e r n a c i o n a i s
contradições. denominadas em dólares. Tanto o
Por outro lado, as economias Fundo Monetário Internacional
chamadas de “emergentes” estão quanto o Federal Reserve estão
tentando encontrar seus caminhos chamando a atenção para esse
e minimizarem as perdas que estão crescimento sem precedentes. No
no horizonte próximo. A gigantesca conjunto da economia mundial, a
armadilha montada durante as crise parece não ter ainda chegado
décadas de predomínio das políticas ao fundo do poço. Apenas “as coisas
neoliberais, sob a forma de reservas estão piorando mais devagar”, na
internacionais como contrapartida expressão de Paul Krugman.
da dívida pública dos EUA, No Brasil, a situação não é muito
estabelece os limites para a ação do diferente. O PIB trimestral que
APRESENTAÇÃO
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 01
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 02
vinha crescendo mais de 6% em economistas neoclássicos. Apesar
relação ao ano passado, sofreu uma de nem todos estarem de acordo
queda de mais de oito pontos entre eles, a mudança radical nas
percentuais entre o terceiro formas de intervenção estatal,
trimestre de 2008 e o primeiro de como a estatização maciça de
2009 e de mais de três, na taxa bancos e empresas industriais nos
acumulada em doze meses. Os EUA, realizada pelos próprios
últimos dados da produção defensores das políticas neoliberais
industrial, estimada pelo IBGE, de desestatização, coloca em
mostram uma queda violenta, de c h e q u e a s c r e n ç a s d o s
quase 15% em abril, em relação ao fundamentalistas do mercado.
ano passado, apesar da tímida Entretanto, essas crenças que são
melhora de 1%, em relação ao mês e n s i n a d a s e a m p l a m e n t e
anterior. As vendas caíram 0,2% em disseminadas não só no ensino de
abril, na comparação com o mês de economia, mas através da grande
março, e a taxa de desemprego não imprensa, estão tão fortemente
se alterou devido, principalmente, à arraigadas que dificilmente serão
redução na taxa de atividade. Enfim, abandonadas.
as receitas do governo central estão No campo científico, o longo debate
caindo continuamente, diminuiu de mais de vinte anos sobre a teoria
6% em maio, em relação ao mesmo neoclássica do capital, que
mês do ano passado, e 14% em desvendou a inconsistência lógica
relação a abril. Apesar dos discursos interna da teoria, continua
mais otimistas, o número de simplesmente ignorado. Passado
empresas em recuperação judicial mais de três décadas, a utilização
triplicou nos cinco primeiros meses dos manuais neoclássicos no ensino
do ano, em relação ao ano passado. d e e c o n o m i a c o n t i n u a
A sondagem da Fundação Getúlio predominante. A experiência
Vargas, realizada com 820 observada com a falência do fundo
empresas, responsáveis por quase de hedge Long Term Capital
um milhão de empregos, que Management (LTCM), que quase
faturaram mais de R$ 450 bilhões e levou ao colapso o sistema
participaram com mais de 20% das financeiro dos EUA, não foi
vendas/exportações, em 2007, suficiente para o abandono da
mostra que o número de empresas modelagem matemática e da
com dificuldades para investir crença de que esses modelos
dobrou, de 46% para 87%, e seriam capazes de suprimir os
aquelas que não pretendem realizar riscos da especulação financeira.
i nve s t i m e n t o s , n e s t e a n o, Esse fundo contava, entre seus
passaram de 14% para 26%, entre sócios, com Myron Scholes e Robert
2008 e 2009. Merton, premiados com o nobel de
A gravidade da crise desvendou, economia em 1997, pela sua
também, as contradições e modelagem do mercado de
inconsistências do discurso e das derivativos e a suposta supressão
p r á t i c a s e c o n ô m i c a s d o s dos riscos.
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 03
Um dos fundamentos destes das interpretações e análises do
economistas, a hipótese dos mercado financeiro continuou
mercados eficientes, ou seja, de que sendo realizada com base nesse tipo
a bolsa de valores é racional e de modelo. O mais grave é que o
expressa corretamente os preços, gigantesco impacto da crise na
foi questionado pela própria d e s va l o r i z a ç ã o d o s a t i v o s
dinâmica da realidade, na seqüência financeiros nos dois últimos anos
de crises que se manifestaram nos terá pouco efeito sobre essas
mercados financeiros desde os anos crenças fundamentalistas.
noventa. Ainda assim, a maior parte
Há evidente exagero no clima de derreter frente às principais moedas
otimismo que empresários, governo, e, em relação ao Real, caiu abaixo
economistas e o mercado financeiro de R$ 2, no final de maio,
brasileiro vêm demonstrando com a pressionado pelo intenso fluxo de
situação e as perspectivas da capitais que voltou a se dirigir para o
economia brasileira, com reflexos Brasil.
no comportamento da bolsa e do Internamente, não há grandes
câmbio: depois de ter recuado para motivos para essa euforia, a não ser
um patamar abaixo de 30 mil os de alguns indícios de que uma
pontos em outubro de 2008, a pequena recuperação parece se
Bovespa reingressou, nos últimos encontrar em curso. Boa parte das
meses do ano, numa trajetória de projeções do PIB brasileiro indica
elevação e já conseguiu ultrapassar, que este, depois de cair 3,6% no
no mês de junho, a casa dos 50 mil último trimestre de 2008, deve ter
pontos, acumulando uma alta de conhecido nova contração no
mais de 40% apenas em 2009. primeiro trimestre deste ano (-
Ainda é um número distante dos 1,5% na projeção do próprio
73,5 mil pontos atingidos em maio governo), com o mercado
de 2008, antes do início oficial da continuando a apostar num
crise com origem no crédito crescimento negativo de 0,73% em
subprime, mas surpreendente 2009. A atividade industrial, por sua
diante do pessimismo que vez, registrou queda de 14,7% no
predominava, há alguns meses, primeiro quadrimestre do ano em
sobre o desempenho da economia relação ao mesmo período de 2008,
neste ano, mesmo porque não a maior desde 1991.
houve melhoras importantes na Contra essa tendência, é possível,
situação da enfraquecida economia de fato, identificar alguns sinais de
mundial. Por outro lado, o dólar, recuperação: comparado ao mês
depois de atingir a cotação de R$ a n t e r i o r, a i n d ú s t r i a v e m
2,53 no pico da crise, no início de apresentando uma lenta e gradual
dezembro de 2008, voltou a reação desde janeiro, tendo
1. POLÍTICA ECONÔMICA
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 04
crescido 1,1% em abril em relação operam, pelas suas características,
a m a r ç o , s u s t e n t a d a como forças anticrescimento. A
principalmente pelo mercado menos que a economia brasileira
interno; o Índice de Confiança da consiga crescer predominantemente
Indústria (ICI) cresceu 6% em maio apoiada no mercado interno, o que é
em relação a abril, depois de evoluir i m p r o v á v e l , d a d a s s u a s
8,6% em abril sobre março, mas peculiaridades, não se pode contar,
ainda apresenta-se 24,1% inferior nessa situação, com estímulos
ao nível de março de 2008; o Índice externos importantes para validar a
de Confiança do Consumidor (ICC), euforia do mercado nos últimos
calculado pela FGV, avançou 2% em meses, potencializando pequenos
maio, depois de cair 7% em relação sinais de melhora tanto nas
a março; e o Índice de Utilização da economias emergentes como nos
Capacidade Instalada (NUCI) países desenvolvidos.
a t i n g i u 7 9 , 2 % e m m a i o , A bem da verdade, a subida da
aumentando 0,9 ponto percentual Bovespa e a valorização do Real
em relação a abril. São indícios devem-se mais ao retorno de
importantes, mas não justificam a capitais externos para aplicação em
euforia que voltou a tomar conta do papéis baratos nas economias
mercado.Externamente, a situação emergentes e para aproveitarem a
continua grave: há consenso de que elevada rentabilidade que as altas
os países desenvolvidos não taxas reais de juros propiciam, no
escaparão de uma recessão Brasil, diante do quadro de juros
profunda em 2009 e nenhuma negativos que predomina no mundo
garantia de que isso não aconteça desenvolvido, aliado à exacerbação
em 2010. Para que a recuperação de expectativas pelo próprio
tenha início será necessário, antes, mercado frente à pequenos indícios
terminar de “limpar” os passivos de melhora da situação econômica
dos balanços das instituições internacional, do que propriamente
financeiras, das empresas e dos de expectativas fundamentadas de
consumidores, o que ainda deve que a economia brasileira está
levar tempo, e transferir boa parte caminhando para retomar o ritmo
de seu ônus para os governos, no anterior de crescimento. Nessa
conhecido processo de socialização situação, a política econômica, além
das perdas. Ainda assim, a de se preocupar em continuar
recuperação deverá ser lenta e mitigando os efeitos da recessão já
prolongada, por que além da anunciada, com as medidas que tem
própria política fiscal ser ineficaz adotado, ainda terá de enfrentar
em casos de recessão com elevado novamente o dilema – como já
endividamento, encontrará começa a enfrentar – de impedir a
governos altamente endividados, valorização do Real para conter
sem instrumentos e capacidade de forças adicionais anticrescimento e
desempenhar um papel pró-ativo evitar a deterioração das contas
neste processo, além de obrigados externas do país.
a realizar fortes ajustes fiscais, que
2.INFLAÇÃO
Vitória/ES - Boletim Nº 45 - 05
No relatório bimestral de da indústria nacional. Esses fatores
reavaliação do Orçamento o contribuíram em grande medida
governo revisou diversas previsões para a variação dos preços agrícolas
tendo em vista o atual cenário de e industriais.
retração econômica. No que tange a Os índices de inflação, de modo
inflação, o governo reduziu a geral, têm apresentado tendência
previsão tanto para o IPCA (índice de retração apesar da resistência da
oficial de inflação), de 4,5% para inflação dos serviços, como aponta
4,3%, quanto para o IGP-DI, de Salomão Quadros, coordenador de
4,16% para 2,01%. Os alimentos análises econômicas do Ibre-FGV.
pressionam cada vez menos os Segundo ele, “a tendência para o
preços, e com isso, a inflação em ano é de que os alimentos dêem
2009 apresenta um perfil diferente uma contribuição grande para a
do verificado de janeiro a abril do queda da inflação e que os serviços
ano passado. Desta vez, tarifas e desacelerem mais devagar”.
altas pontuais de alguns itens não O IGP-M (Índice Geral de Preços –
alimentícios vêm impulsionando a Mercado) apresentou retração de
inflação. Custos com despesas 0,44% em janeiro, menor taxa
pessoais e habitação são itens que desde setembro de 2005 quando a
apresentaram altas em relação ao redução foi 0,53%. Em fevereiro, o
primeiro quadrimestre de 2008. índice apresentou elevação de
Eulina dos Santos, coordenadora do 0,26% e em março retração de -
índice de preços do IBGE, avalia 0,74%, superando a queda de
que: "a inflação em 2009 tem um janeiro. O comportamento do IPA
perfil diferente. Os alimentos (Índice de Preço por Atacado) entre
sobem menos, influenciados pela janeiro e março de 2009 foi de
demanda menos aquecida pela retração de 1,98%. No fechamento
queda do ritmo da atividade do trimestre, tanto os Produtos
econômica. Ainda é cedo para dizer Agrícolas quanto os Produtos
que isso vai permanecer ao longo Industriais apresentaram retração,
deste ano". d e - 1 , 6 0 % e - 2 , 3 7 % ,
Em virtude da crise econômica, que respectivamente.
teve seus efeitos intensificados O IPC (Índice de Preço ao
sobre a economia mundial neste Consumidor) acumulou alta de
primeiro trimestre de 2009, tanto 1,58% no mesmo período. Os
em países desenvolvidos como em grupos Educação, Recreação e
países subdesenvolvidos, houve Leitura (4,07%), Transportes
redução da demanda mundial por (1,83%) e Alimentação (1,82%)
commodities e menor fluxo de foram os que contribuíram com
mercadorias entre países, com maior intensidade para esse
conseqüente retração na atividade resultado. O ICV-DIEESE manteve
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 06
tendência de desaceleração ao sair janeiro para -0,13% em fevereiro e
de 0,69% em janeiro de 2009 para para -0,84% em março. Os
0,31% em abril. Segundo boletim P r o d u t o s A g r o p e c u á r i o s e
da instituição, os produtos que Industriais registraram queda, -
tiveram maiores aumentos na 0,71% e -2,59%, respectivamente,
composição do ICV foram os que influenciando o IPA em -2,08%.
têm certo controle do governo, Para os Produtos Agropecuários
como os medicamentos (5,76%) e cabe ressaltar a forte desaceleração
cigarros (5,52%) que contribuíram de preço da soja (de 9,24% para
conjuntamente com 0,24 ponto 0,58%) e do milho (de 14,31% para
percentual para o índice do mês. Por -1,93%) ocorrida em fevereiro. O
grupo, as maiores altas foram IPC, componente do IGP-DI, fechou
verificadas nos itens Despesas o primeiro trimestre do ano com
Pessoais (2,66%) e Saúde (1,21%). elevação de 1,66%, sendo
No primeiro, o cigarro foi o principal Educação, Recreação e Leitura
responsável pela variação positiva; (4,17%) e Alimentação (2,14%) os
no segundo, as despesas médicas e grupos que mais influíram nessa
os preços dos medicamentos e alta. Já o INCC, também
produtos farmacêuticos. pertencente ao índice, registrou
Já o Índice Nacional de Preços ao uma elevação mais modesta, de
Consumidor (INPC), calculado entre 0,35% no acumulado do trimestre.
as famílias com renda mensal de até Em abril, o IGP-DI apresentou
seis salários mínimos, aumentou variação positiva de 0,04%,
em 0,55% em abril, uma alta de acumulando no quadrimestre total
0,35 ponto percentual em relação negativo de 0,91%. O Índice de
ao mês anterior, menor que o Preços por Atacado (IPA), que
percentual do mesmo mês de 2008 compõe 60% desse indicador,
que foi de 0,64%. No acumulado do diminuiu 0,10% depois de maior
primeiro quadrimestre de 2009, a retração no mês anterior, 1,46%.
alta foi de 1,70%, sendo que no O s p r e ç o s d o s p r o d u t o s
mesmo período de 2008 a variação agropecuários aumentaram 1,36%,
foi superior, 2,34%. depois de redução de 2,37% no mês
anterior. Por outro
lado, o Índice de
P r e ç o s a o
Consumidor (IPC) –
que perfaz 30% do
I G P - D I – ,
desacelerou entre os
meses de março e
abril (de 0,61% para
O IGP-DI (Índice Geral de Preços – 0,47%), em função, principalmente,
Disponibilidade Interna) também dos preços dos alimentos que
apresentou trajetória de redução no aumentaram menos (de 1,25%
trimestre, saindo de 0,01% em para 0,64%). Finalmente, o Índice
Tabela 2.1 – Índices de preços (%)
Indicadores Jan/09 Fev/09 Mar/09 Abr/09 Ac. ano
IPCA 0,48 0,55 0,20 0,48 1,71
INPC 0,64 0,31 0,20 0,55 1,70
IPC-FIPE 0,46 0,27 0,40 0,31 1,44
ICV-DIEESE 0,69 0,02 0,40 0,31 1,42
IGP-DI 0,01 -0,13 -0,84 0,04 -0,91
Fonte: IBGE, FIPE e DIEESE
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 07
Nacional de Custo da Construção taxa registrada no mês anterior, de
Civil (INCC), responsável por 10% 0,20%. No acumulado do ano, o
do IGP-DI, registrou variação aumento foi de 1,71%, abaixo dos
negativa de 0,25% para 0,04%. 2,08% relativos à igual período de
A meta de inflação definida pelo 2008. Nos últimos 12 meses, a taxa
CMN (Conselho Monetário Nacional) acumulada é de 5,53%, também
para 2009 é de 4,5% para o IPCA inferior aos 5,61% referentes aos
(Índice de Preços ao Consumidor 12 meses de período anterior.
Amplo), com uma margem de Apesar da redução em relação a
tolerância de dois pontos 2008, a tendência continua acima
percentuais para cima ou para baixo. da meta de inflação do CMN, de
O regime de metas de inflação é, 4,5%. Em abril, os maiores
formalmente, um instrumento aumentos foram dos grupos
utilizado em vários países como Despesas pessoais (2,14%) e
forma de institucionalizar o objetivo Saúde e cuidados pessoais (1,10%),
de estabilidade de preços e dar conforme tabela 2.2. No primeiro
maior transparência e credibilidade grupo, o item que teve a maior
à política monetária, apesar das elevação foi o cigarro, que teve
visões contrárias que afirmam, tributação alterada, um aumento de
dentre outros, que “embora o 20% a 25% nos preços devido ao
regime de metas de inflação possa aumento do IPI (Imposto sobre
obter o impacto pretendido, qual Produtos Industrializados) e do
seja, reduzir e estabilizar o nível de PIS/Cofins (Contribuição para o
preços, os países que não adotaram Financiamento da Seguridade
regimes de metas de inflação Social) para compensar medidas de
também vivenciaram experiências desoneração de outros setores. Já
similares de estabilização de preços. os remédios tiveram a segunda
Ademais, a experiência brasileira maior variação em abril (2,89%). O
com o regime de metas de inflação Governo federal, através da Câmara
tem mostrado que a taxa de de Regulação do Mercado de
crescimento da economia é Medicamentos (Cmed), concedeu
relativamente baixa e a inflação um limite de até 5,9% de reajuste
ainda é ligeiramente elevada” nos preços dos remédios, sendo o
(Arestis et alii, 2009)¹. segundo maior ajuste nos últimos
O IPCA refere-se às famílias com cinco anos, atrás apenas do
rendimento de 1 a 40 salários percentual de 2005 que foi de
mínimos e abrange as regiões 7,39%. Esses dois itens, cigarros e
metropolitanas do Rio de Janeiro, remédios, responderam juntos por
Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, 0,26 ponto percentual da inflação.
¹ Arestis et alii. A nova política monetária: umaSão Paulo, Belém, Fortaleza,
análisedoregimedemetasdeinflaçãonoBrasil.Salvador e Curitiba, além de Brasília
Economia e Sociedade, v.18, n. 1 (35), p. 1-30, abr.
e Goiânia. Em abril de 2009, esse 2009.
índice foi de 0,48%, resultado que
representa mais do que o dobro da
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 08
Segundo dados do IBGE, a O Índice de Preços ao Consumidor
economia brasileira cresceu neste Amplo-15 (IPCA-15) é visto como
ano estimulada pelo desempenho da uma prévia do IPCA, por usar a
indústria, dos investimentos, do mesma metodologia e por sua
consumo das famílias e das diferença estar apenas no período
despesas do governo (em se de coleta dos dados. O IPCA-15 de
tratando de ano eleitoral), setores maio superou o teto das
esses que impulsionaram o expectativas ao apontar inflação de
crescimento da produção no período. 0,59% em maio, acelerando de
O PIB a preços de mercado cresceu 0,36% de abril. A divulgação dessa
5,8% no primeiro trimestre de 2008 aceleração faz com que os
em relação ao mesmo período de instrumentos ortodoxos da política
2007 (Tabela 3.1). O valor econômica, como aumento nas
adicionado a preços básicos taxas de juros, possam ser
apresentou um aumento de 5,5% e u t i l i z a d o s c o m o c o n t r o l e
os impostos sobre produtos uma inflacionário.
A tendência de certa
variação positiva do
IPCA, entre janeiro e
a b r i l d e 2 0 0 9 ,
revelou, por outro
l a d o , a u m e n t o s
inexpressivos nos
p r e ç o s d o s
a l i m e n t o s . I s s o
t a m b é m f o i
verificado no preço
da cesta básica –
conjunto de produtos
elevação de 8,0%. Em valores a l i m e n t í c i o s c o n s i d e r a d o s
correntes o principal agregado essenciais – no ano de 2009, já que
econômico do país alcançou a cifra houve uma redução nos preços da
de R$ 665,5 bilhões. Deste total, R$ cesta nos três primeiros meses do
560,7 bilhões referem-se ao Valor ano nas diversas capitais brasileiras,
Adicionado à produção interna, como pode ser observado na tabela
enquanto R$ 104,8 bilhões 2.3. Em abril essa tendência foi um
totalizam os Impostos sobre pouco revertida e parte das capitais
Produtos. A Indústria foi, dentre os voltou a apresentar elevações,
setores, a que mais contribuiu para ainda que tímidas.
a geração do Valor Adicionado, com D e s a g r e g a n d o p o r m ê s ,
uma taxa positiva de 6,27%, observamos uma redução nos
seguida pelo setor de Serviços, preços da cesta básica em 10 das 17
elevação de 5,0%, e Agropecuária, capitais pesquisadas, em janeiro.
que cresceu 2,4%, em comparação Os destaques foram João Pessoa,
com o mesmo período de 2007. com uma queda de 11,3%, e Rio de
Tabela 2.2 – Composição do IPCA (%)
Grupos Jan/09 Fev/09 Mar/09 Abr/09
Índice Geral 0,48 0,55 0,20 0,48
Alim. e Bebidas 0,75 0,27 0,30 0,15
Habitação 0,49 0,22 0,25 0,75
Art. de Residência 0,45 0,28 0,48 -0,50
Vestuário 0,05 -0,24 0,70 1,08
Transportes 0,35 0,24 -0,07 -0,21
Saúde e Cuid. Pess. 0,55 0,46 0,37 1,10
Despesas Pessoais 0,65 0,31 0,35 2,14
Educação 0,34 4,44 -0,37 0,09
Comunicação 0,05 0,15 0,05 0,08
Fonte: IBGE
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 09
Janeiro, com -6,27%. Em fevereiro abril e a cesta básica da capital
houve uma intensificação da capixaba custou R$ 219,23 no
retração apresentada no mês mesmo mês.
anterior e observou-se uma Adotando como referência o maior
redução generalizada no preço das valor apurado para a cesta básica no
cestas, observada em 14 capitais mês de abril (R$ 234,81) e levando
das 17 pesquisadas. Os produtos em consideração a determinação
que mais contribuíram para essa constitucional que estabelece que o
redução foram: tomate, arroz e salário mínimo deveria suprir as
feijão. No mês de março, apenas despesas de um trabalhador e sua
uma capital não apresentou família com alimentação, moradia,
retração nos preços, o que manteve saúde, educação, vestuário, higiene,
a mesma tendência do mês anterior. transporte, lazer e previdência, o
Por outro lado, abril foi marcado por salário mínimo nacional deveria
aumentos nos preços das cestas. O estar fixado em R$ 1.972,64 (4,24
aumento se deu em 10 das 17 vezes o mínimo vigente de R$
capitais pesquisadas. No ano, as 465,00), segundo estimativas feitas
quedas mais intensas foram pelo DIEESE (Departamento
v e r i f i c a d a s e m A r a c a j u , Intersindical de Estatística e
Florianópolis, Natal, Curitiba e João Estudos Socioeconômicos). Em
Pessoa com variação negativa de abril de 2008, seguindo os mesmos
15,27%, 12,09%, 9,88%, 8,57% e critérios, o mínimo era estimado em
8,24%, respectivamente. O preço R$ 1.918,12, ou 4,62 vezes o piso
médio da cesta observado em Porto da época (R$ 415,00).
Alegre (R$ 234,81) foi superior a
todas as demais capitais no mês de
Tabela 2.3 – Variação mensal da Cesta Básica (%)
Capital Jan/09 fev/09 mar/09 abr/09
Florianópolis -3,03 -1,64 -6,04 -1,90
Belo Horizonte 0,77 -6,36 -4,92 3,85
João Pessoa -11,30 0,78 -2,54 5,32
Curitiba -0,65 0,21 -7,80 -0,39
Porto Alegre -2,99 -0,08 -3,37 -1,64
Rio de Janeiro -6,27 -0,54 -2,19 1,82
Salvador 4,48 -2,30 -1,86 -1,16
São Paulo 0,85 -1,73 -6,51 1,68
Brasília -0,66 -1,48 -5,90 1,69
Goiânia 5,22 -4,20 -0,90 1,26
Fortaleza -5,12 -2,16 -2,16 3,95
Recife -3,27 1,31 -2,47 0,67
Belém 5,85 -4,31 0,70 -1,24
Vitória 4,79 -2,50 -6,27 0,65
Natal -4,58 -0,34 -5,25 0,02
Aracaju -4,55 -2,25 -7,18 -2,16
Manaus 1,08 -1,00 -4,31 -2,58
Fonte: DIEESE
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 10
3. NÍVEL DE ATIVIDADE
Em maio, o governo modificou pela disponível devido à criação de duas
terceira vez sua previsão do novas alíquotas do Imposto de
crescimento da economia. A Renda Pessoa Física; e a diminuição
previsão de 2%, feita em março, foi da taxa básica de juros. Além destas,
revista e caiu pela metade, sendo o aumento do salário mínimo, a
agora de 1% para 2009. O ampliação de créditos, o consumo
c r e s c i m e n t o p a r a 2 0 1 0 , da administração pública em
anteriormente previsto para 4,5% ascensão e o programa Bolsa
no Projeto de Lei de Diretrizes Família são outros fatores que
Orçamentárias, é estimado entre devem influenciar positivamente
3% e 4%, segundo o Ministro da segundo a projeção do PIB feita pelo
Fazenda Guido Mantega. Ipea.
Em contraposição às expectativas Para o primeiro trimestre de 2009,
do governo, o mercado financeiro e as expectativas tanto do governo,
o setor industrial prevêem como do Ipea são de queda em
crescimentos menores. O primeiro, relação ao mesmo período do ano
espera uma retração de 0,5% no anterior, repetindo o ocorrido no
PIB e o segundo que, até fevereiro, último trimestre de 2008.
previa crescimento de 1,5%, agora Para o Instituto, o mercado interno
espera que a expansão da economia deve compensar, em parte, as
seja próxima a zero. A perspectiva perdas com gastos em Formação
do Fundo Monetário Internacional Bruta de Capital Fixo (FBCF) e da
(FMI) é ainda mais pessimista. A produção industrial. Assim, deve
instituição acredita que o PIB diminuir a intensidade da queda do
brasileiro sofrerá retração de 1,3% PIB no trimestre. Os investimentos,
neste ano. que representam 20% do PIB,
O Instituto de Pesquisa Econômica mantiveram a tendência de queda.
Aplicada (Ipea) corrobora com as Porém, já que o consumo interno
e x p e c t a t i va s d e e x p a n s ã o corresponde a 60% na composição
econômica. Para o Instituto, haverá do PIB, tudo dependerá do
um crescimento entre 1,5% e 2,5% comportamento deste consumo
em 2009 (com aumentos mais interno. O Ipea crê que este
expressivos a partir do segundo crescerá, sendo beneficiado pelas
semestre). A projeção é baseada em vendas do varejo, puxadas, dentre
algumas considerações: o aumento outras medidas, pelo reajuste do
dos investimentos referentes às salário mínimo e desonerações do
obras do Programa de Aceleração do I m p o s t o s o b r e P r o d u t o s
Crescimento (PAC); o lançamento Industrializados (IPI), para bens
do Programa Habitacional do não duráveis.
governo, que pretende financiar um Ainda de acordo com pesquisas do
milhão de casas para a população de Ipea, entidades ligadas à indústria,
baixa renda; o aumento da renda agropecuária, serviços e comércio,
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 11
e trabalhadores, representantes de Entretanto, a passagem do mês de
80% do PIB nacional continuam fevereiro para março deu sinais de
apreensivas em relação à economia recuperação (0,7%), explicados
brasileira. Porém, desde janeiro principalmente pelo setor de
vem diminuindo o medo em relação veículos automotores, que já se
à queda da demanda, margem de expandiu 56,5% desde dezembro
lucro e situação financeira das de 2008. Além disso, a utilização da
empresas. Os representantes capacidade instalada (que afeta
destes setores não acreditam em produção e nível de emprego)
um quadro recessivo para o Brasil, cresceu em 15 dos 19 setores
contudo, não têm, também, muita pesquisados, com o geral chegando
confiança para o crescimento da a 78,7 % em março. Apesar de o
economia em 2009. trimestre registrar 68%, menor
Nesta análise otimista do patamar desde 1999 (as empresas
crescimento, o Ipea se baseou no vem tentado diminuir a quantidade
pressuposto de que o consumo de estoques), o crescimento em
continua aquecido, entretanto, o março é o único em cinco meses.
IBGE constatou uma pequena Esses números não querem dizer
redução na pesquisa sobre o que os impactos da crise acabaram,
comércio para o mês de abril. Essa mas muitos estão otimistas. Para
queda decorre do esgotamento do Flávio Castelo Branco, gerente
impacto da desoneração fiscal sobre executivo de Política Econômica da
as vendas de veículos, que caíram CNI, “É um primeiro sinal de
11,3%, e das vendas de material de recuperação, mas ainda não é
construção (-15,8%), em relação a possível dizer que o pior já passou. É
abril de 2008. Ademais, o PIB preciso que esse crescimento se
estimado para o primeiro trimestre intensifique e interrompa as quedas
do ano apresentou uma queda de das horas trabalhadas na produção
0,8%, caracterizando o que os e do emprego”.
economistas ortodoxos chamam de Se compararmos os dados da
recessão técnica. indústria com a variação acumulada
Indústria do mesmo período do ano passado,
O primeiro trimestre de 2009 iniciou veremos por que se trata de um
com alguns dados negativos para o pequeno sinal em uma conjuntura
setor industrial no Brasil, delicada. Enquanto no último
provocando uma queda nas trimestre de 2008 a indústria geral
expectativas de crescimento para a indicou queda de 6,3%, no primeiro
produção neste ano. Enquanto em de 2009 essa queda chegou a
2008 temos a presença de um setor 14,68% (tabela 3.1), pior trimestre
forte e em crescimento, graças ao desde 1991. De fato, das 27
aumento da demanda interna, no atividades apresentadas, apenas
início deste ano já vemos uma três apresentaram crescimento: o
indústria sofrendo mais os efeitos s e t o r d e b e b i d a s ( 5 , 6 % ) ,
da crise internacional, com todos os farmacêutica (13,66%) e outros
setores demitindo funcionários. equipamentos de transporte
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 12
(26,23%), que incluem aeronaves, falta de crédito e de confiança nos
embarcações, motocicletas e mercados como causas das quedas
ferrovias. da produção. Se observarmos os
Impactos negativos expressivos se setores mais atingidos, temos, por
deram nos setores de material exemplo, o de madeira (-25,53%),
e l e t r ô n i c o , a p a r e l h o s e que sofre fortes variações devido às
equipamentos de comunicações (- vendas externas. Apesar disso, se
42,73%) e metalurgia básica (- compararmos o Brasil em relação a
30,79%). Chama também a outros países, ainda estamos em
atenção para o setor de máquinas e relativa vantagem. A indústria de
equipamentos, que na comparação transformação brasileira, tomando
entre os trimestres caiu de -6,6% como parâmetro igual mês de 2008,
para -28,3%. Muitos apontam os apresenta -9,9%, enquanto a
problemas nas vendas externas, Tailândia mostra -15,4% e a Rússia -
Tabela 3.1- Produção física industrial por atividades (variação acumulada em
relação à igual período do ano anterior)
Atividade / Mês out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09
1. Indústria geral 5,83 4,64 3,09 -17,49 -17,17 -14,68
2. Indústria extrativa 7,35 6,24 3,78 -18,36 -18,59 -15,8
3. Indústria de transformação 5,74 4,55 3,05 -17,43 -17,08 -14,62
Alimentos 0,6 0,58 0,53 -5,96 -5,27 -3,08
Bebidas 0,61 0,28 0,26 -2,72 0,51 5,6
Fumo -7,61 -7,16 -7,04 -4,82 -5,68 -4,87
Têxtil 0 -0,8 -1,9 -7,8 -11,97 -10,63
Vestuário e acessórios 5,05 3,74 3,18 -18,5 -17,24 -13,6
Calçados e artigos de couro -4,6 -6,19 -6,77 -22,69 -21,65 -19,36
Madeira -9,37 -9,87 -10,23 -23,16 -27,06 -25,53
Celulose, papel e prod.de papel 6,63 5,85 5,23 -5,06 -5,69 -5,44
Edição, impr. e reprod. de gravações 3,36 2,18 1,65 -9,5 -4,52 -3,31
Refino de petróleoe álcool 0,67 0,58 0,37 -6,8 -6,23 -1,5
Farmacêutica 12,52 12,73 12,67 -2,2 6,49 13,66
Perf, sabões, deterg e prod limpeza -3,8 -3,93 -4,76 -7,06 -6,14 -3,47
Outros produtos químicos 2,03 0,49 -1,36 -30,08 -26,43 -21,08
Borracha e plástico 7,27 4,95 2,15 -23,3 -22,94 -20,61
Minerais não metálicos 9,92 9,31 8,26 -6,57 -7,22 -6,77
Metalurgia básica 7,32 5,81 3,28 -31,54 -31,6 -30,79
Prod. de metal – excl. máq. e equip. 5,42 4,14 2,43 -23,27 -24,71 -21,88
Máquinas e equipamentos 10,12 8,47 6,01 -25,46 -28,89 -28,3
Máq. p/ escrit.e equip. informática -4,29 -6,95 -8,94 -25,37 -25,68 -21,92
Máq. aparelhos e materiais elétricos 6,2 4,71 3,69 -24,96 -26,5 -28,86
Mat. eletrônico, apar. e equip. comunic. 5,45 2,42 -2,92 -45,91 -45,02 -42,73
Eq. de instr. Méd-hosp, ópticos e outros 18,2 15,96 15,97 -11,54 -10,9 -4,31
Veículos automotores 15,94 12,61 8,14 -34,21 -32,08 -27,22
Outros equipamentos de transporte 34,61 37,85 42,23 39,24 33,88 26,23
Mobiliário 2,86 0,61 -1,45 -22,49 -20,64 -14,96
Diversos 0,96 0,06 -0,24 -26,81 -24,28 -17,73
FONTE: IBGE / Sidra- Pesquisa Industrial Mensal Produção Física
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 13
Tabela 3.2 - Produção física industrial por categorias de uso
(variação em relação a igual mês do ano anterior)
Atividade out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09
Bens de capital 16,26 3,7 -14,45 -14,48 -24,42 -22,97
Bens intermediários -2,52 -7,76 -18,46 -20,46 -20,92 -13,28
Bens de cons. duráveis -0,48 -22,21 -41,71 -30,92 -24,31 -13,45
Semi-dur. e não duráveis 1,06 -2,98 -1,93 -8,65 -2,99 2,91
FONTE: IBGE - Pesquisa Industrial Mensal- Produção Física
20,5%. retomada constante da economia
Outra comparação importante pode brasileira. Mas há certo otimismo,
ser feita quando observamos a como mostra a sondagem industrial
produção física através de sua feita pela CNI (Confederação
divisão por categorias de uso Nacional da Indústria). De acordo
(tabela 3.2). Comparando março com ela, as perspectivas de
com o mesmo mês do ano anterior, demanda saíram de 39,7 pontos no
apenas os bens semiduráveis e não- último trimestre de 2008 para 48,3
duráveis apresentam crescimento ao fim de março, mostrando uma
(2,91%), interrompendo um previsão de diminuição no ritmo de
registro de queda por quatro meses. queda e recuperação da demanda.
Para os outros, destaca-se o recuo Esse retorno ao ritmo, entretanto,
no setor de bens de capital (- deverá ser lento; a tendência é de
22,97%), importante pelo fato de que a indústria, portanto, alterne
ele indicar os investimentos na resultados positivos e negativos
economia e conseqüentemente, durante o ano.
interferirem no emprego e renda. Comércio
Tal queda deve-se principalmente Após o comércio varejista ter
aos bens de capital para construção surpreendido iniciando o ano de
(- 69,8%). Em seguida, vem o item 2009 com taxas positivas acima de
bens de consumo duráveis (- 1% no 1º bimestre, depois de ter
13,45%), cuja queda foi puxada fechado o ano de 2008 com taxas
pelos telefones celulares (-40,8%). negativas nos três últimos meses,
Bens intermediários é o setor com apresentou uma desaceleração em
maior peso na indústria brasileira e, março crescendo apenas 0,3%.
por sua vez, mostra o recuo de - Segundo pesquisadores do setor, o
13,28%, impactado principalmente crescimento tímido de 1,8% em
pelos veículos automotores (- relação a março do ano passado, o
34,9%). pior desde novembro de 2003 (-
Em suma, a indústria brasileira não 0,2%), deve-se ao efeito calendário,
manteve o mesmo ritmo de pois, a páscoa, período com maior
crescimento do fim de 2008 e movimento depois do natal, foi
janeiro, quando o governo celebrada este ano em abril e o ano
implantou medidas como a redução passado em março.
do IPI para estimular a produção. Segundo o IBGE, apesar do
Assim, não se pode esperar uma desemprego continuar aumentando,
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 14
o crescimento expressivo da massa importância que os produtos de
salarial em 6,6% no trimestre em informática e comunicação vêm
comparação com igual período do tendo no hábitos de consumo da
ano anterior, aliado ao forte família.
aumento dos postos com carteira A variação do segmento de hiper,
assinada, tem sido fundamental ao s u p e r m e r c a d o s , p r o d u t o s
crescimento do comércio varejista, alimentícios, bebidas e fumo desse
pois a formalização do posto de trimestre (4,3%) está bem abaixo
trabalho cria uma garantia da do mesmo trimestre do ano anterior
manutenção do emprego dando (8,4%).
uma segurança maior aos O segmento de tecidos, vestuários e
trabalhadores para consumir. calçados apresentou a maior
Esse crescimento do comércio influência negativa no trimestre
varejista foi puxado principalmente com variação de -6,6% devido a
pelas atividades n° 6, 7 e variação cambial provocada pela
8 observadas na tabela 3.3, que crise, elevando os preços dos
além dos motivos já citados, são produtos segundo o IPCA, bem
fatores que contribuem para como o comportamento mais
explicar o desempenho positivo de cauteloso do consumidor diante do
seus respectivos segmentos: a atual quadro econômico.
essencialidade do consumo de A a t i v i d a d e d e m ó v e i s e
medicamentos, a estabilidade de eletrodomésticos apresentou
preços dos combustíveis, a redução crescimento de apenas 1,3% no
de preços dos produtos de trimestre em relação ao mesmo
informática (estes dois últimos período do ano passado e variações
segundo o IPCA) e a crescente negativas nos meses de janeiro e
Tabela 3.3 - Volume de vendas do comércio varejista e comércio varejista ampliado
segundo grupos de atividade no Brasil.
Atividades
mês/mês (*) mensal Acumulado
Jan Fev Mar Jan Fev Mar trim
12
meses
Comércio varejista 1,9 1,5 0,3 6,0 3,8 1,8 3,8 7,2
Combustíveis e lubrificantes -1,4 3,0 0,9 3,8 0,8 4,2 3,0 8,7
Hiper,supermerc . Alim, beb, fumo 0,7 2,4 0,0 7,0 5,7 0,7 4,3 4,5
Super e hipermercados 0,9 2,5 0,0 6,7 5,4 0,3 4,0 4,2
Tecidos, vest.e calçados 2,3 -0,9 1,9 -4,7 -6,9 -8,2 -6,6 1,0
Móveis e eletrodomésticos 5,7 -1,4 -2,2 6,3 -2,1 -0,9 1,3 11,2
Art. farmac, med., ortop. perfum 1,3 2,1 1,4 8,9 12,0 15,2 12,1 13,1
Eq. e mat. Escrit. Inform. e comum. -11,3 3,3 1,4 15,4 11,2 18,0 15,0 29,7
Livros, jornais, rev. e papelaria 9,2 -9,1 1,9 23,9 1,9 10,5 12,3 11,4
Outros art. uso pessoal e doméstico 6,4 4,5 1,1 5,0 10,5 5,0 6,7 11,0
Comércio varejista ampliado 5,5 2,7 2,0 2,8 1,6 6,5 3,7 7,4
Veículos, motos partes e peças 11,7 4,5 3,9 -0,3 -0,1 17,1 5,9 8,4
Material de construção -3,4 5,2 3,0 -12,5 -12,8 -4,1 -9,8 3,0
Fonte: IBGE
(*) Série com ajuste sazonal
Indicador mês/mês: variação em relação ao mês anterior.
Indicador mensal: variação em relação ao mesmo período do ano anterior.
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 15
fevereiro atribuído basicamente à o mais afetado pela crise, vêm se
restrição do crédito ocorrida nos recuperando lentamente mas ainda
últimos meses. Espera-se que haja apresenta variação negativa de
uma recuperação desse segmento, 9,8% no trimestre em relação ao
pois os números apresentados pelo mesmo período do ano anterior. Tal
Banco Central em 23 de abril desempenho resulta também das
reforçam a avaliação de que o restrições de crédito, bem como das
crédito para as pessoas físicas está expectativas do consumidor quanto
voltando à normalidade, assim a manutenção do emprego.
como à pessoa jurídica, só que de As vendas do comércio varejista do
maneira diferenciada. Espírito Santo acompanharam a
O comércio varejista ampliado, que tendência nacional, o indicador
acompanha as vendas de veículos e mensal que compara o mês de
de material de construção no varejo março com o mesmo mês do ano
e no atacado apresentou um anterior, teve a maior queda de -
crescimento de 5,9%, em relação 7,8% entre os estados brasileiros,
ao trimestre do ano anterior. Esse tendo uma queda de -2,9% no
resultado foi devido à retomada das trimestre na variação mensal,
vendas de automóveis provocadas sinalizando que os efeitos da crise
pela redução de IPI e promoções econômica começam a repercutir no
das montadoras depois de uma comportamento do consumidor com
queda de 20,4% em outubro, se mais intensidade, em alguns
recuperando no mês de março com segmentos. As vendas de
uma alta de 17,1% na variação medicamentos, materiais de
mensal. Apresentando também um i n f o r m á t i c a , m ó v e i s ,
dos motivos da recuperação do eletrodomésticos e veículos
s e t o r d e c o m b u s t í v e i s e contribuíram para atenuar a queda.
lubrificantes de 4,2% em março na Já as atividades de outros artigos de
variação mensal. uso pessoal e doméstico (-29,9%),
Já o setor de material de construção, as vendas de Hipermercados,
Tabela 3.4 - Volume de vendas do comércio varejista e varejista ampliado
segundo grupos de atividade no Espírito santo (Variação mensal).
Atividades Jan Fev Mar ano 12 meses
Comércio varejista 1,7 -2,4 -7,8 -2,9 5,0
Combustíveis e lubrificantes 11,9 10,8 7,2 9,9 13,1
Hiper.,supermercados, Alim, beb. fumo -1,1 -3,3 -12,7 -5,8 0,2
Super e hipermercados -1,5 -3,5 -13,0 -6,2 -0,2
Tecidos, vest.e calçados -1,1 -7,8 2,9 -1,9 9,2
Móveis e eletrodomésticos 18,1 -0,9 10,6 9,5 21,7
Art farm, med., ortop. e perfumaria 18,0 22,3 9,6 16,3 22,6
Eq. e mat. escrit inform. comunic. -3,7 11,8 23,2 10,5 34,3
Livros, jornais, rev. e papelaria 21,2 -12,1 -9,8 1,1 8,6
Outros arts. uso pessoal e doméstico -21,6 -20,8 -29,9 -24,4 -3,8
Comércio varejista ampliado 3,8 -1,1 4,5 2,5 12,3
Veículos, motos partes e peças 9,0 2,1 19,5 10,6 23,1
Material de construção -23,2 -21,6 -4,5 -16,9 -4,0
Fonte: IBGE
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 16
supermercados, produtos resultados contribuindo juntamente
alimentícios, bebidas e fumo (- com os resultados de jan. e fev. as
12,7%), Livros, jornais, revistas e va r i a ç õ e s n e g a t i va s d e s s e s
papelaria (-9,8%) e material de respectivos setores na variação
construção (-4,5).registraram mensal do trimestre.
resultados negativos. Tais
4. EMPREGO E SALÁRIOS
O agravamento da situação Chipre (5,4%).
e c o n ô m i c a n o p r i m e i r o No Brasil, a situação não é distinta e
quadrimestre de 2009 tem já vem sendo admitida mais
provocado efeitos diretos sobre a claramente pelo governo. Ao
esfera produtiva, afetando mesmo tempo, existem análises
diretamente as variáveis do que sugerem que as mudanças
mercado de trabalho dos países estruturais ocorridas na economia
desenvolvidos e subdesenvolvidos. brasileira nos últimos dez anos –
Nos Estados Unidos, por exemplo, a aumento da competitividade,
taxa de desemprego manteve ritmo regime cambial mais favorável e o
de aumento já que passou de 8,9%, aumento da formalidade e da
em abril, para 9,4%, em maio de qualificação do trabalhador, por
2009, sendo essa última a maior exemplo – preservarão o emprego e,
desde julho de 1983. Como conseqüentemente, “não deve ser
conseqüência, o número de esperada uma aceleração aguda na
trabalhadores que recebiam taxa de desemprego como ocorrido
auxílio-desemprego passou para no fim dos anos noventa” (BNDES,
o
6,6 milhões, maior nível desde Visão do desenvolvimento, n 62,
1967. 18/03/09, p.2).
Nos países da zona do euro, a Em 2009, tabela 4.1, as taxas de
situação não é diferente. Os 16 d e s e m p r e g o v a r i a r a m
países pertencentes à área tiveram positivamente tanto na pesquisa do
uma taxa média de desemprego de IBGE (Instituto Brasileiro de
9,2% em abril, totalizando 14,5 Geografia e Estatística) quanto na
milhões de desempregados. Já no do DIEESE (Departamento
total da União Européia, para o Intersindical de Estatísticas e
mesmo mês, o número de Estudos Socioeconômicos). Na PME
desempregados atingiu 20,8 (Pesquisa Mensal de Emprego) do
milhões de pessoas, atingindo IBGE, a variação entre os meses de
18,1% da PEA na Espanha, 17,4% janeiro a abril de 2009 foi de 0,7
na Letônia, 8,9% na França e 7,7% ponto percentual, com estabilidade
na Alemanha. Por outro lado, os registrada de março para abril –
países com as menores taxas foram variação de -0,1 ponto percentual.
a Holanda (3%), Áustria (4,2%) e Porém, essa estabilidade é
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 17
questionada devendo, portanto, ser os dados da PED (Pesquisas de
qualificada. Em primeiro lugar, o Emprego e Desemprego) para a
crescimento da PEA em abril 2009 região metropolitana de São Paulo
em relação a abril 2008 foi baixo, indicam aumento de 2,5 pontos
0,6%, sendo que, a título de percentuais na taxa de desemprego
comparação, entre os meses de total (aberto + oculto). Apesar de
março 2009 e março 2008 essa taxa uma seqüência de aumentos no
foi de 1,3%. Ao mesmo tempo, os primeiro trimestre do ano, a taxa de
dados do IBGE indicam que o total desemprego total entre março e
de pessoas inativas – que não abril ficou estabilizada. Em abril, ao
e s t a v a m o c u p a d a s e n ã o decompor a taxa de desemprego
procuraram trabalho – saiu de 17,6 t o t a l ( 1 5 % ) , n o t a m o s o
milhões para 17,7 milhões entre desemprego aberto – metodologia
março e abril de 2009 e a variação próxima àquela do IBGE – de 10,9%
dos ocupados em abril 2009 (20,9 e o desemprego oculto de 4,1%,
milhões) foi somente de 0,2% em totalizando 1,6 milhão de
relação ao mesmo mês de 2008, desempregados na RMSP.
Por outro lado, quando
comparada com o mesmo
mês de 2008, a taxa de
desemprego total em abril
2009 foi de mais 0,8 ponto
percentual, refletindo um
c o n t i n g e n t e d e
desempregados da ordem
de 84 mil pessoas, segundo
uma situação diferente em relação boletim do DIEESE. Quanto ao
aos anos anteriores. Nesse sentido, rendimento médio real na região
“se a PEA tivesse crescido ao ritmo metropolitana de São Paulo (tabela
médio observado nos meses de abril 4.2), a PME/IBGE mostra queda
entre 2004 e 2008 (1,5%), a taxa progressiva no quadrimestre: em
de desemprego teria aumentado média 4,8% entre janeiro e abril de
significativamente de março para 2009, apesar de cada mês de 2009
abril, passando a 9,6% (...) o fraco apresentar valor superior ao
desempenho na abertura de vagas respectivo mês de 2008. Isso
só não se traduziu num aumento do sugere que, na relação capital-
desemprego porque muitas pessoas, trabalho, as variações salariais já
desalentadas com os impactos da apresentam inflexão e perda do
crise, saíram do mercado de poder aquisitivo da classe
t r a b a l h o ” ( F S P , D i n h e i r o , trabalhadora. Esta pesquisa
22/05/2009). O mais importante também revela que a massa de
são os indícios de estagnação do rendimentos real efetivo da
mercado de trabalho. população ocupada, em março de
Nos quatro primeiros meses do ano, 2009, manteve-se estável em
Tabela 4.1– Taxa de Desemprego (%)
IBGE* DIEESE**
Meses 2008 2009 2008 2009
Janeiro 8,0 8,2 13,6 12,5
Fevereiro 8,7 8,5 13,6 13,5
Março 8,6 9,0 14,3 14,9
Abril 8,5 8,9 14,2 15,0
*Média da seis maiores regiões metropolitanas do país
**Região Metropolitana de São Paulo (RMSP)
Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 18
2009, manteve-se estável em demissões superiores a 145 mil
relação ao mês anterior, enquanto postos de trabalho formal. Nesse,
apresentou elevação de 3,9% os subsetores de Material de
frente ao mesmo mês de 2008. A Transporte e Calçados tiveram o
PED/DIEESE, por sua vez, mostra maior número de vagas destruídas.
estabilidade do rendimento médio, Percebe-se, então, que o emprego
no primeiro bimestre de 2009, alem formal na indústria está sentindo
de patamares superiores em 2009 mais fortemente os efeitos diretos
face ao ano anterior. A massa da crise econômica, o que pode ser
salarial, entretanto, diminuiu em ainda mais sentido quando
termos reais em 1%, “em observamos os dados em relação ao
decorrência do desempenho mesmo período de 2008, já que o
negativo do nível de ocupação”, saldo quadrimestral de 2009
segundo o Dieese. Por outro lado, corresponde a somente 5,7% do
entre março de 2008 e março de verificado no mesmo período do ano
2009, o rendimento médio real foi anterior. Além disso, a Indústria de
negativo em 2,8%. Transformação registrou saldo
negativo em 2009,
contrariamente a
2008. Em função
desses efeitos, o
Governo Federal
decidiu ampliar o
número de parcelas
d o s e g u r o
d e s e m p r e g o
c o n c e d i d o a
t r a b a l h a d o r e s
Na ocupação formal no país, demitidos em dezembro de 2008 ou
observamos que o saldo total no em janeiro de 2009. Esta medida é
primeiro quadrimestre de 2009 foi restrita a alguns setores da
de 48.454 postos de trabalho, economia e está em estudo à
explicado principalmente em função ampliação no número de parcelas
da maior variação positiva no mês extras (atualmente são duas). Por
de abril (106.205). Os dois outro lado, os melhores resultados
principais setores responsáveis por e n t r e f e v e r e i r o e a b r i l
essa variação foram o da surpreenderam muitos analistas,
Construção Civil (43.677) e o de tendo os setores de Serviços e
Serviços (168.529). Os setores da Agropecuária dentre os principais
Indústria da Transformação, responsáveis por essas variações
Comércio e Extrativa Mineral, positivas. Resta, no entanto,
registraram saldos negativos, com observar como se comportarão as
destaque para o primeiro que, variáveis nos próximos meses para
apesar de obter o primeiro saldo identificar se esses aumentos serão
positivo no ano, registrou sustentáveis no longo-prazo.
Tabela 4.2- Rendimento médio Real - em R$ e variação
percentual em relação ao mesmo mês do ano anterior
IBGE* DIEESE
Meses 2008 2009 (%) 2008 2009 (%)
Janeiro 1425,73 1526,46 7,06 1224,14 1243,92 1,61
Fevereiro 1439,05 1498,07 4,10 1229,63 1249,45 1,61
Março 1411,43 1482,56 5,04 1275,54 1238,00 -2,8
Abril 1409,98 1454,10 3,13 ** ** **
*Região Metropolitana de São Paulo (RMSP)
**Resultados não disponíveis quando da redação deste boletim
Deflator: IPCA. Mês: Dezembro de 2008 = 100
Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 19
Observando o saldo dos empregos Espírito Santo acompanhou a
formais por região (tabela 4.4), tendência nacional de declínio no
percebemos que as regiões menos nível de emprego em diversos
afetadas foram o Sudeste e Centro- setores e, por outro lado, de
Oeste, enquanto as regiões mais recuperação em abril. A partir dos
periféricas no processo de dados da tabela 4.5, fica nítido que
acumulação capitalista, como Norte a mais expressiva diminuição
e Nordeste, foram as mais atingidas ocorreu no setor de Comércio com
pela crise no mercado de trabalho expressivos saldos negativos entre
formal, com destaque para essa admitidos e desligados, seguido de
última região com o expressivo outras atividades como Extrativa
saldo negativo de 105.845 postos M i n e r a l , C o n s t r u ç ã o C i v i l
de trabalho formal. Os setores da (sobretudo em fevereiro) e
atividade econômica mais afetados Administração Pública. Por outro
na região nordeste foram a lado, a atividade de Serviços foi a
Indústria de transformação e a que mais contribuiu para manter os
Agropecuária. saldos positivos, mantendo uma
Espírito Santo certa estabilidade ao longo dos
No primeiro trimestre de 2009, o meses.
Tabela 4.3- Saldo entre empregados e desempregados no Brasil
por setor da atividade econômica
Atividade Econômica Janeiro Fevereiro Março Abril 2009
Extrativa mineral -459 -705 40 -582 -1.706
Ind. Transformação -55.130 -56.456 -35.775 183 -147.178
Serv. Ind. Util. Pública 713 807 468 574 2.562
Construção civil 11.324 2.842 16.123 13.388 43.677
Comércio -50.781 -10.275 -9.697 5.647 -65.106
Serviços 2.452 57.518 49.280 59.279 168.529
Adm. Pública 2.234 14.491 7.141 5.032 28.898
Agropecuária -12.201 957 7.238 22.684 18.778
Total -101.748 9.179 34.818 106.205 48.454
Fonte: CAGED
Tabela 4.4- Saldo entre empregados e desempregados no Brasil por região
1º quadrimestre 2009
Atividade Econômica Norte Nordeste Sudeste Sul C. Oeste Total
Extrativa mineral -111 -626 -291 -579 -99 -1.706
Ind. Transformação -15.158 -89.291 -56.873 -4.228 18.372 -147.178
Serv. Ind. Util. Públ. 310 649 1.621 277 -295 2.562
Construção civil -4.499 2.805 33.226 5.972 6.173 43.677
Comércio -3.182 -9.488 -47.489 -1.880 -3.067 -65.106
Serviços 1.486 16.340 90.143 37.459 23.101 168.529
Adm. Pública 688 282 20.098 7.594 236 28.898
Agropecuária -281 -26.516 27.314 2.088 16.173 18.778
Total -20.747 -105.845 67.749 46.703 60.594 48.454
Fonte: CAGED
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 20
Vale ressaltar que a melhora nos trabalhador, que atenuaram, por
últimos meses, representada pelo c o n s e g u i n t e , o s í n d i c e s
aumento de 1.143 postos de evidenciados pela pesquisa mensal
trabalho entre janeiro e abril de de emprego, pelo menos até o
2009, não é tão expressiva se presente momento. Entretanto,
comparada ao mesmo período de demissões já foram constatadas
como é o caso da Aracruz
q u e d e m i t i u 1 0 0
trabalhadores.
Outro setor que destoou foi o
d e S e r v i ç o s j á q u e
a p r e s e n t o u va r i a ç õ e s
p o s i t i va s c o n s t a n t e s ,
acompanhando a tendência
nacional dessa atividade.
Resta observar se tal
a t i v i d a d e e c o n ô m i c a
manterá essa variação,
2008, quando o total foi de 18.845 mesmo porque já vem dando sinais
postos de trabalho. Por isso, de certa diminuição no saldo
podemos falar em influência positivo ao longo dos últimos meses.
negativa direta da atividade A atividade Agropecuária melhorou
econômica em 2009, mesmo expressivamente seu saldo,
mantendo uma variação positiva ao totalizando 3.278 postos de
final da série mensal. trabalho devido ao fim da
Tal quadro de desaceleração entressafra, resultando na geração
econômica, por conseguinte, reflete de milhares de empregos diretos e
diretamente as diversas demissões indiretos no setor.
em outros setores ativos da A tabela 4.6 mostra a variação do
economia capixaba, como a pessoal ocupado por gênero de
indústria extrativa mineral, um dos atividade econômica. Observa-se
setores mais abalados pela crise uma redução percentual, no
global em vista da queda da acumulado dos últimos 12 meses,
demanda externa por recursos em praticamente todas as
naturais, como o minério de ferro, atividades econômicas, deixando os
que representa uma parcela setores de Máquinas, aparelhos e
considerável do PIB capixaba. Em materiais elétricos (-25,42%) e
contrapartida, deve-se ressaltar Veículos automotores (-15,96%),
que já no primeiro trimestre de Produtos Têxteis (12,71%) e
2009 houve consideráveis acordos Móveis e Indústrias Diversas
sindicais, sendo os mais evidentes ( 1 1 , 4 5 % ) c o m o o s m a i s
no cenário trabalhista capixaba os expressivos em meio a essa
acordos da Vale e da Samarco que redução. No total dos últimos 12
se pautaram na redução salarial e meses, a variação foi negativa em
afastamento temporário do 2,2%. Dentre os setores que
Tabela 4.5 Saldo entre admitidos e desligados
no Espírito Santo
Atividade econômica Fev/09 Mar/09 Abr/09
Extrativa Mineral -5 -85 -70
Ind.transformação -413 -204 454
Ser. Ind. Util. Pub. 106 -97 94
Construção Civil -600 594 318
Comércio -880 -991 -433
Serviços 1276 1521 1102
Administração Pública 414 -18 6
Agropecuária -268 -231 3278
Total -370 489 4749
Fonte: CAGED
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 21
No primeiro trimestre de 2009 a de Metas de Inflação, na medida em
política monetária implementada q u e o s i n d i c a d o r e s
pelo Banco Central foi marcada macroeconômicos indicaram forte
pelas quedas sucessivas na taxa desaceleração da economia
básica de juros, Selic, atingindo na brasileira. Os índices de inflação
última reunião, no dia 10 de junho, desaceleraram, as vendas no
o menor patamar desde a criação do comércio reduziram, assim como o
COPOM em 1996, qual seja, 9,25% nível de utilização da capacidade
ao ano. A decisão por reduzir a taxa instalada (NUCI) da indústria e a
básica de juros atende ao Sistema taxa de câmbio. Este cenário dá
apresentaram variação positiva, total de 7.653 trabalhadores,
destacam-se a atividade econômica seguindo a tendência estadual e
Coque, refino de petróleo e álcool nacional. Já em relação ao saldo
(21,71%) e Couro e Calçados entre trabalhadores admitidos e
(14,49%). desligados, a Indústria de
Ao desmembrar os dados para a transformação é a que apresentou
região metropolitana de Vitória, maior variação, visto que a mesma
excetuando Fundão, constatou-se apresentou um total de -376 postos
que o setor que mais promoveu de trabalho.
admissões foi o de Serviços com um
Tabela 4.6 Variação mensal do pessoal ocupado
por gênero de atividade no Espírito Santo (%)
Atividades Econômicas
Fev/
Mar09
No
ano
12
meses
Indústrias Extrativas 0,51 -0,19 6,7
Alimentos e bebidas -0,26 -4,23 -0,09
Produtos têxteis 1,46 1,04 -12,71
Vestuário e acessórios 2,09 4,25 -2,98
Couros e calçados 8,51 13,09 14,49
Celulose e papel -5,96 -7,03 -3,83
Edição e impressão -1,31 -2,23 3,83
Coque, refino petróleo, álcool -2,2 -6,57 21,71
Produtos químicos -0,51 -5,79 -13
Artigos de borracha e plástico -1,03 -4,84 -3,17
Minerais não-metálicos -0,11 1,03 -4,18
Metalurgia básica -0,61 -4,33 -1,77
Prod. metálicos - excl. máq. -4,2 -1,76 -0,61
Máq., apar. e mat. Elétricos -5,46 -11,38 -25,42
Veículos automotores -5,5 -11,91 -15,96
Móveis e indústrias diversas 1,6 -2,95 -11,45
Eletricidade e gás -1,18 -0,07 -1,11
Captação, tratam. distr. Água 0,69 3,66 7,44
Construção 1,54 1,36 -1,46
Total da indústria 64 0,13 -
-
2,2
Fonte: IEL ES
5. POLÍTICA MONETÁRIA
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 22
margem para a flexibilização pela crise financeira, seja em maior
monetária, pois, segundo o COPOM, ou menor grau. O fato curioso é que
não há pressões inflacionárias que o Brasil, não somente tem margem
impeçam atingir a meta estipulada para redução da taxa básica, mas
pelo Conselho Monetário Nacional também com ampla possibilidade
de 4,5% de inflação para 2009. de injetar liquidez no sistema via
Esta redução recorrente que fez redução do compulsório, adotou
com que o Brasil saísse do primeiro uma postura cautelosa em excesso
lugar no ranking dos países com frente às necessidades de incentivo
taxas de juros reais mais elevadas da economia real, vide os sinais
do mundo, com 5,8%, atrás da evidentes de queda do PIB do
China (6,6%) e da Hungria (6,4%) último trimestre do ano de 2008
e m a b r i l . E n t r e t a n t o , o mesmo antes da divulgação da
conservadorismo excessivo queda de 3,6% no último trimestre
praticado na operacionalização da de 2008. Mais um exemplo
política monetária fez com que o contundente do impacto da crise na
Brasil desse uma resposta atrasada produção veio com a divulgação
frente ao cenário de crise, em pelo OCDE da queda do PIB de seus
relação aos demais países afetados países membros em 2,1% no
*Dados preliminares
Fonte: BCB. Notas para a imprensa.
primeiro trimestre desse ano, maior economia brasileira começa a se
retração desde a década de 1960. deparar com problemas em um
Por tudo isso, espera-se que novos cenário de taxas de juros de um
cortes na taxa Selic venham a ser dígito. Trata-se de um nó górdio a
realizados pelo COPOM. Contudo, a ser desatado para toda uma parcela
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 23
da economia brasileira que por públicos – isto com a criação de uma
muitos anos viveu à custa de taxa específica para gestão da
ganhos proporcionados pela dívida - sendo voltada somente para
transferência de recursos públicos a execução da política monetária
via superávit primário para assim como em outros países.
pagamento dos juros da dívida As mudanças também afetam os
pública. agentes privados. Empresas
A poupança, primeiro alvo de começam a ter dificuldades de
mudanças por parte do governo, é composição de caixa, uma vez que
apenas um dos gargalos a ser uma parcela considerável de seus
evidenciado pelas vicissitudes da ganhos provinham de aplicações
política monetária nacional. Da financeiras. Agora, além da
mesma forma, a taxa de juros de diminuição deste ganho fácil, elas
longo prazo (TJLP) deverá sofrer não conseguem crédito por taxas
mudanças, mecanismo exótico menores.
criado no período de Selic As taxas de juros na ponta do
estratosférica para compensar a mercado não têm se reduzido como
necessidade das empresas a deveria apesar da queda da taxa
captarem empréstimos com taxas Selic, pois o spread – diferença
subsidiadas por meio de recursos entre as taxas de captação e de
do BNDES. Também os fundos de empréstimo realizado pelos bancos
pensões e de renda fixa deverão para cobrirem seus custos, perdas
partir para operações de maior risco c o m i n a d i m p l ê n c i a e ,
s e q u i s e r e m r e n d i m e n t o s principalmente, seus lucros – não
semelhantes, e poderão ter tem diminuído. Aqui, fica evidente
problemas no futuro próximo uma um erro na avaliação de que a
vez que se comprometeram com abertura do mercado bancário
e l e v a d o s r e t o r n o s p a r a brasileiro, no início da década de
aposentadoria, por exemplo. 1990, não promoveu redução das
A queda traz impactos positivos em taxas de juros via aumento da
termos de economia para o tesouro competitividade no setor, como
nacional. Estudo do IPEA indica que esperado. Ao invés disso, os bancos
se a Selic chegasse a 7% a.a., o estrangeiros entraram comprando
governo poderia economizar R$ nacionais, intensificando a
43,0 bilhões em 2009. Todavia, a concentração bancária, e se
preocupação do governo reside na acomodaram convenientemente
rolagem da dívida. Atualmente, nos níveis das taxas vigentes. Por
cerca de 40% da dívida pública é tudo isso, o mercado bancário
detida por fundos de investimento, brasileiro é hoje um dos mais
que podem migrar para a o rentáveis e concentrados do mundo.
mercado de ações em busca de E é aqui que reside a contradição:
maior remuneração. É provável, ciente do elevado spread, o governo
portanto, que a taxa básica de juros passou a utilizar os bancos públicos
Selic seja desvinculada dos títulos para forçar a queda na ponta do
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 24
mercado. O governo passa a forçar anterior, o que significa aumento
o funcionamento mais “eficiente” do em 16,8% nos doze meses. Embora
mercado. Embora tenha havido o aumento pareça expressivo,
iniciativas como a mudança na analisando a média dos saldos nos
presidência do Banco do Brasil, é dias úteis a expansão em 12 meses
possível observar que, até agora, fora de apenas 0,8%, patamar
não houve queda significativa do muito inferior aos 18,6% do mesmo
spread no sistema financeiro em período de 2008.
geral. Dentre os fatores condicionantes da
Meios de pagamento e fatores b a s e m o n e t á r i a q u e m a i s
c o n d i c i o n a n t e s d a b a s e contribuíram para o resultado de
monetária abril estão as operações com títulos
A base monetária nos primeiros três públicos federais, graças a resgates
meses do ano estável, com leve líquidos feitos pelo Banco Central,
aumento da variação percentual em no montante de R$15,5 bilhões e
12 meses. Em abril, há uma contribuiu para reduzir o estoque da
expansão mais expressiva, ficando dívida pública federal.
R$ 9,7 bilhões acima do mês Também houve, a partir de fevereiro,
Tabela 5.1 – Base monetária, componentes e meios de pagamentos
Saldo em final de período (R$ milhões) e variação em 12 meses
Componentes
Jan/09 Fev/09 Mar/09 Abr/09
R$ % R$ % R$ % R$ %
Base monetária 137 538 5,3 136 268 7,9 135 056 4,8 144 763 16,8
Papel moeda emitido 103 359 11,2 103 125 14,7 99 304 11,0 101 682 13,1
Reservas bancárias 34 179 -9,3 33 143 -8,9 35 752 -9,3 43 081 23,8
Meios de pagamentos (M1) 209 096 4,8 198 902 6,2 194 366 4,8 196 088 4,9
Moeda em poder do público 86 882 13,3 84 068 14,6 82 024 12,6 82 171 12,5
Depósitos à vista 122 214 -0,5 114 834 0,8 112 342 -0,3 113 914 0,1
Fonte: BCB. Notas para a imprensa.
uma retomada da expansão de que a taxa de câmbio irá
monetária resultante de operações diminuir).
do setor externo, o que não ocorria Da mesma forma que a base
desde setembro do ano passado. m o n e t á r i a , o s m e i o s d e
Trata-se de um parcial retorno de p a g a m e n t o s ( M 1 ) t a m b é m
capitais de curto prazo ao país, uma sofreram expansão tímida no início
melhora das transações correntes e, de 2009, fechando abril com
majoritariamente, movimentos expansão de 4,9%, dos quais
especulativos em favor da 12,5% em moeda em poder do
valorização do real – o que pode ser público e 0,1% em depósitos à
constatado com a rápida diminuição vista; no mesmo período do ano
na posição comprada dos bancos no passado, a variação acumulada em
início desse ano (quanto menor a 12 meses foi de 17,7%, 19,0% e
posição comprada, maior a aposta 16,8%, respectivamente. Com o
Tabela 5.2 – Fatores condicionantes da Base Monetária
Fluxos acumulados no mês (R$ milhões) e em 12 meses
Discriminação Jan/09 Fev/09 Mar/09 Abr/09
Operações do Tesouro Nacional 9 987 -6 919 -7 306 -10 219
Operações com títulos públicos federais -16 355 3 527 3 963 19 209
Operações do setor externo -3 049 1 277 1 978 2 323
Redesconto do Banco Central -0 -0 -0 1
Depósitos de instituições financeiras 890 163 397 -300
Operações com derivativos – ajustes -1 702 415 -424 -1 391
Outras contas 218 267 180 83
VARIAÇÃO DA BASE MONETÁRIA -10 012 -1 270 -1 212 9 706
Fonte: BCB. Notas para a imprensa.
resultado de abril, o multiplicador os reflexos da crise financeira na
monetário foi de 1,48, ligeiramente economia real. As operações de
inferior aos 1,50 de dezembro de crédito apresentam indicadores
2008. globais positivos, frente ao cenário
Os meios de pagamento ampliados desolador apresentado pelas
M2, M3 e M4, contaram com economias mais ricas, porém que
elevações no início do ano bem mascaram o real estado do
superiores às variações da base mercado creditício brasileiro.
monetária e de M1, como já foi No geral, os indicadores de crédito
observado em boletins anteriores. apontam um tênue crescimento das
Em 12 meses, as variações foram operações de crédito, com uma
de 31,0%, 15,9% e 15,2% tendência a estagnação do volume
respectivamente para os três o f e r t a d o a t u a l m e n t e . A s
indicadores. modalidades de crédito que
Operações de crédito apontavam crescimentos robustos
As operações de crédito no sistema ao longo de 2008, como leasing,
financeiro nacional, no primeiro cartão de crédito, crédito industrial
quadrimestre de 2009, evidenciam e c r é d i t o h a b i t a c i o n a l j á
Tabela 5.3 – Meios de pagamentos (M4) – Saldos (R$ milhões)
Discriminação Jan Fev Mar Abr
M2 1 055 772 1 061 117 1 058 030 1 063 987
Depósitos para investimentos 2 844 2 847 2 793 3 036
Depósitos de poupança 272 534 274 888 275 531 275 755
Títulos privados 582 879 588 129 586 756 588 874
M3 1 903 957 1 917 118 1 928 524 1 955 721
Quotas de fundos de renda fixa 783 426 794 792 802 947 815 396
Op. compromissadas com tít. federais 64 759 61 209 67 547 76 338
M4 2 231 891 2 248 204 2 270 526 2 291 876
Títulos federais (SELIC) 327 933 331 086 342 002 336 155
Títulos estaduais e municipais 0 0 0 0
Fonte: BCB. Notas para a imprensa.
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 25
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 26
a p r e s e n t a m u m a q u e d a com maiores dificuldades. O
considerável de suas taxas de orçamento do BNDES para capital
crescimento. Um fato a ser de curto prazo estava projetado em
destacado é a ampliação da R$ 6 bilhões. Nos cinco primeiros
participação dos bancos públicos no meses a demanda por esta
estoque de crédito da economia no modalidade chegou ao valor de R$
primeiro quadrimestre de 2009. 6,685 bilhões. Alguns setores com
Neste período, 80% aumento global uma cadeia industrial considerável
do estoque de crédito se deu com o estão com sérios problemas. Só o
aumento da participação de bancos setor de frigorífico, afetado pela
públicos. Apesar do estoque de retração da demanda externa
empréstimos em abril de 2009, solicitou R$ 1,473 bilhão ao BNDES
frente abril de 2008, ter aumentado com expectativa de maiores
22%, o que demonstra o potencial necessidades futuras. Outros
de expansão do crédito, o setores enfrentam problemas
crescimento da oferta de crédito devido as grandes perdas nas
observado, somente em 2009, operações com derivativos cambiais,
sustenta a expectativa do mercado utilizados para minimizar o impacto
financeiro de uma ligeira expansão da forte valorização do real frente
do crédito este ano por volta de 3%, ao dólar, antes da débâcle do ultimo
menor que a inflação prevista para o trimestre de 2008.
período. No final de março o governo
Uma das maiores preocupações do anunciou a criação de um sistema
Governo Federal é para com as de garantias para aumentar os
pequenas e médias empresas que recursos para bancos pequenos e
passaram a ter problemas com médios, os mais afetados pela
obtenção de capital de giro com o redução de liquidez sistêmica. O
esvair do crédito de curto prazo do Fundo Garantidor de Crédito
mercado internacional e nacional. passará a garantir um novo tipo de
Além das empresas perderem certificado de depósito bancário
receita financeira com a redução (CDB). O valor total a ser garantido
das aplicações atreladas à Selic, os será de R$ 20 milhões. Para ter a
bancos privados reduziram a oferta garantia, o banco que aderir ao
de recursos desta modalidade no programa terá de contribuir ao FGC
mercado. Tanto que o destaque, em com o valor equivalente a 0,083%
abril, do aumento da inadimplência a.m, o que acarreta uma taxa de
do crédito ficou com as empresas, 1% a.a. A adesão ao programa é
que passou de 2,6% para 2,9% voluntária. A expectativa do
entre março e abril. O Governo, governo é que este CDB estimule o
através do Banco Nacional de aumento o fluxo de crédito em pelo
Desenvolvimento Econômico e menos R$ 40 bilhões na cessão de
Social (BNDES) passou a oferecer recursos. O valor total pode chegar
um maior volume de crédito de a R$ 170 bilhões, se uma parcela
curto de prazo, principalmente, representativa do setor bancário,
para capital de giro das empresas incluindo os médios e grandes,
Tabela 5.4 - Operações de Crédito do Sistema Financeiro
Saldo por Atividade Econômica (R$ milhões)
Setor público Setor privado
Meses
Gov
Federal
Estados
munic
Total Indústria Habitação Rural Comércio
Pessoas
físicas
Outros
serviços
Total
Total
Geral
Jan/09 9 549 18 108 27 658 294 021 64 372 106 397 122 699 394 472 219 673 1 201 634 1 229 292
Fev/09 9 556 18 275 27 831 298 826 66 072 106 415 118 816 399 092 211 963 1 201 185 1 229 016
Mar/09 9 428 18 626 28 053 300 053 67 813 110 570 119 574 402 031 214 791 1 214 833 1 242 886
Abr/09 9 494 18 821 28 314 299 220 69 584 110 703 119 378 406 433 214 841 1 220 159 1 248 474
Faixa de Risco (Abril 2009)
AA+A 99,92 62,20 74,85 68,83 46,34 56,18 56,46 65,61 64,96 63,44 63,69
B até G 0,07 36,42 24,23 29,99 48,98 39,57 40,32 28,87 33,24 33,15 32,95
H 0,01 1,37 0,91 1,18 4,68 4,25 3,22 5,52 1,80 3,41 3,36
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: BCB. Notas para a imprensa.
participar da modalidade. A medida foi de 1,7%, o que índica uma forte
vale a partir de 1º de abril. A cada retração do crescimento do crédito.
mês, o limite para novas captações A indústria apresenta uma
com garantia será corrigido pela expansão do crédito de 26% em
taxa Selic. doze meses, saindo de R$ 98,1
bilhões em abril de 2008 para R$No dia 13 de maio, o Governo
126,4 bilhões em abril de 2009.anunciou a criação de um fundo
Porém, a expansão do créditopróprio para garantir crédito para as
industrial em 2009 foi de 4,2%,pequenas e médias empresas no
devido principalmente aostotal de R$ 4 bilhões de reais,
estímulos específicos para algunsgrande parte garantido pelo Tesouro.
setores da indústria mais afetadosA empresa e o banco, cada um,
pela crise e que sinalizamcontribuíram com uma taxa seguro
recuperação; na medida em quede 0,5%, totalizando uma taxa de
dão vazão aos estoques e1% que arrecadará recursos para
possibilitam a expansão dagarantir empréstimos. O Governo
produção industrial em um segundoestima que esta medida possibilite
momento, isto se a demanda seum fluxo de recursos em torno de
sustentar seguidamente. UmR$ 40 bilhões de reais em
número positivo foi o aumento daempréstimos que em média teriam
relação entre o volume dasoito pontos percentuais abaixo do
operações de crédito e o PIBque spread médio cobrado nesta
alcançando 42,6% em abril de 2009.modalidade no mercado, devido à
garantia da transação. O custo do crédito continua muito
elevado. Apesar das recorrentesImportantes indicadores reforçam
baixas da taxa Selic o spread médionossas colocações. Apesar de o
praticado pelos bancos apontoucrédito global disponibilizado no
uma reversão a alta, para umasistema financeiro ter chegado, em
trajetória de baixa, à persistir asabril de 2009, a cifra de R$ 1,248
ações do Governo através dostrilhão de reais, alta de 22,6% em
bancos públicos para pressionar a12 meses, esta expansão mostra
baixa dos Spreads no mercado.sinais claros de contenção. Temos
Neste ano o Spread para pessoaque a expansão neste quadrimestre
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 27
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 28
jurídica mostra uma redução de inflacionárias sistemáticas em um
18,8% em janeiro para 18,3% em cenário de curto e médio prazo
abril. O Spread praticado para (principalmente devido ao
pessoa física apontou uma redução, desaquecimento da economia
para o mesmo período, de 43,5% mundial) como reconhece o COPOM
para 38,5% em abril, redução de em suas atas.
cinco pontos percentuais. A módica Neste sentido, é premente que o
resposta do mercado bancário Banco Central reconheça a
evidencia os malefícios da possibilidade, senão necessidade,
concentração do setor, que se de reduções mais robustas da Selic
d e s e n v o l v e u a p a r t i r d a nas próximas reuniões, além do
implementação do plano real e o CMN atuar de maneira mais
fracasso na estratégia de abertura audaciosa no âmbito institucional
do setor para entrada do capital forçando uma redução dos
estrangeiro, com a promessa de escandalosos Spreads praticados, e
trazer maior competição e redução liberação dos recursos retidos,
do custo do crédito no mercado majoritariamente, pelos grandes
interno. bancos. Medidas neste sentido
O cenário dos próximos meses podem facilitar a recuperação mais
aponta maiores desafios na gestão ágil e robusta da economia
da política monetária, na medida brasileira; a política monetária é um
em que as ações futuras se tornam potente instrumento que pode ser
complexas com a taxa básica mais utilizado de forma mais corajosa e
próxima da realidade da imensa perspicaz para auxiliar no esforço de
maioria dos países. Nestes dez anos redução do esforço fiscal para rolar
da adoção do Regime de Metas de a dívida pública, como para deslocar
Inflação o Banco Central tem-se o centro de acumulação de seio
pautado por uma condução e m i n e n t e m e n t e r e n t i s t a -
ortodoxa na política monetária especulador para setores da
voltada exclusivamente para atingir economia real, que geram
o centro da meta do regime, hoje empregos e crescimento não
estipulada pelo CMN em 4,5% fictícios.
(IPCA). Talvez seja o momento de
rever a meta, reconhecidamente
alta, pois não se observa pressões
6. POLÍTICA FISCAL
Diante do cenário de crise e seus principal estratégia de investimento
impactos na economia brasileira, as público do governo Lula e carro-
contas fiscais começam a sofrer chefe contra os efeitos negativos da
mudanças drásticas no primeiro crise mundial na economia, não
trimestre de 2009. O Programa de consegue deslanchar. Segundo a
Aceleração do Crescimento (PAC), contabilização realizada pela ONG
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 29
Contas Abertas, o PAC apresentou, possíveis irregularidades.
entre 2007/2008, apenas 3% de Os sinais negativos da crise já
suas obras concluídas. Além disso, aparecem claramente nos dados
74% dos projetos apresentados fiscais. O primeiro trimestre do ano
sequer saíram do papel. Isso pode de 2009 mostrou que houve uma
ser observado no Espírito Santo, queda brusca do superávit primário
onde apenas 23%, dos R$ 420 em relação ao acumulado do
milhões previstos, foram gastos. mesmo período de 2008. Avaliado
Por outro lado, a área de pela Secretaria do Tesouro Nacional
p l a n e j a m e n t o d o g o v e r n o segundo o critério acima da linha, o
encaminhou, em abril corrente, superávit primário acumulado pelo
uma proposta ao Congresso Governo Central em 2009 equivaleu
Nacional de redução da meta de a R$ 9,3 bilhões, 1,35% do PIB,
superávit primário, prevista pela Lei contra R$ 31,2 bilhões e 4,69% do
de Diretrizes Orçamentárias (LDO) PIB em 2008. Isso foi consequência
de 2009. A redução da meta de da redução da receita líquida total e
superávit primário, de 3,8% para do concomitante aumento da
2,5% do PIB, tem como objetivo despesa total do governo.
absorver parte da provável redução A expressiva queda do resultado
de receitas que deve ocorrer em primário do Governo Central deveu-
função dos níveis de crescimento se ao fato do Tesouro Nacional
bem abaixo do previsto, bem como reduzir em 48% seu superávit, de
liberar recursos para investimentos R$ 41 bilhões para R$ 21,5 bilhões.
visando conter os efeitos da crise Também se deveu ao aumento de
econômica. A decisão de cortar a 24% do déficit com a Previdência
meta será acompanhada de maior Social, que passou de R$ 9,8 bilhões
prioridade aos investimentos do para R$ 12,1 bilhões.
PAC e da manutenção dos As receitas do Governo Central
programas sociais realizados pelo apresentaram uma redução
governo. nominal de aproximadamente 1,9%
Já no projeto de Lei de Diretrizes no primeiro trimestre de 2009. Essa
Orçamentárias (LDO) de 2010, queda só não foi maior porque a
t a m b é m e m d i s c u s s ã o n o retração de 5,5% nas receitas do
Congresso Nacional, está prevista Tesouro foram compensadas pelo
uma meta de superávit primário de aumento entre 12% e 13% das
3,3% do PIB. Visando atuar junto a receitas da Previdência Social e do
um dos aspectos que explica a Banco Central.
morosidade das obras do PAC tal A receita do Tesouro Nacional
p r o j e t o t a m b é m p r o p õ e totalizou R$ 35 bilhões em fevereiro
mecanismos limitadores ao poder de 2009 contra R$ 50,1 bilhões
do Tribunal de Contas da União de verificados em janeiro de 2009
paralizar as obras do governo. ( q u e d a d e 3 1 % ) . E s t e
A t u a l m e n t e a s o b ra s s ã o comportamento é explicado pela
paralizadas sem prazo para retorno diminuição de R$ 10,1 bilhões nas
e sem punição dos envolvidos em receitas de impostos federais, de R$
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 30
Tabela 6.1 - Resultado Primário do Governo Central (R$ milhões)
Discriminação mar/08 jan-mar/08 jan/09 fev/09 mar/09 jan-mar/09
RECEITA TOTAL 55.681,6 170.366,7 62.843,4 48.344,8 55.907,0 167.095,2
Receitas do Tesouro 43.408,4 134.700,4 50.690,2 35.003,7 41.539,8 127.233,7
Receitas da Previdência Social 12.134,0 35.268,4 12.031,8 13.169,2 14.209,6 39.410,6
Receitas do Banco Central 139,2 397,9 121,4 171,9 157,6 450,9
TRANSF. ESTADOS E MUNICÍPIOS 9.891,9 31.459,6 10.457,2 10.934,3 8.174,7 29.566,3
RECEITA LÍQUIDA TOTAL (I-II) 45.789,8 138.907,1 52.386,2 37.410,5 47.732,3 137.528,9
DESPESA TOTAL 35.182,9 107.720,4 48.410,5 38.526,5 41.261,4 128.198,3
Pessoal e Encargos Sociais 9.031,8 31.109,1 16.495,0 11.181,5 11.145,3 38.821,8
Benefícios Previdenciários 14.769,9 45.020,5 18.369,5 15.756,4 17.340,3 51.466,2
Custeio e Capital 11.128,2 30.930,0 13.346,7 11.336,5 12.412,5 37.095,7
Transf. Tesouro ao Banco Central 81,9 173,6 54,2 107,8 92,0 254,0
Despesas do Banco Central 171,1 487,2 145,0 144,3 271,4 560,7
RESULT. PRI MÁRIO GOV. CENTRAL 10.606,9 31.186,7 3.975,7 -1.116,0 6.470,9 9.330,6
Tesouro Nacional 13.274,6 41.028,1 10.337,1 1.443,6 9.715,3 21.496,0
Previdência Social (RGPS) -2.635,9 -9.752,2 -6.337,7 -2.587,2 -3.130,6 -12.055,6
Banco Central -31,8 -89,2 -23,6 27,6 -113,8 -109,8
RESULTADO PRIMÁRIO/ PIB(%) 4,69 1,35
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional
4,5 bilhões nas contribuições e de ingressos líquidos do mês anterior. A
R$ 979,2 milhões nas demais principal razão foi o aumento das
receitas. A queda da receita nesse receitas arrecadadas por meio do
m ê s p o d e s e r e x p l i c a d a Simples Nacional, que passaram de
principalmente pela redução na R$ 748,6 milhões em fevereiro para
arrecadação de Imposto de Renda R$ 1,5 bilhão em março (aumento de
Pessoa Jurídica (IRPJ); e pelo 99,2%).
estímulo fiscal concedido à As transferências a estados e
indústria automotiva com base na municípios apresentaram, na
redução da alíquota do IPI para os comparação entre o primeiro
fatos geradores de janeiro a trimestre de 2009 e o de 2008,
março de 2009. A queda da decréscimo de R$ 1,9 bilhão (6,0%),
receita de IPI também se explica de R$ 31,5 bilhões em 2008 para R$
pela redução na produção 29,6 bilhões em 2009. Tal piora no
industrial de 17,2% no 1º desempenho é explicada pela redução
b i m e s t r e d e 2 0 0 9 de 5,6% nas transferências para os
comparativamente a igual fundos constitucionais (FPE e FPM) –
período de 2008. reflexo da menor arrecadação das
Em março corrente, a receita do receitas compartilhadas (IR e IPI) em
Tesouro voltou a crescer (18,7%) 2009 comparativamente a 2008 – e
se comparada com fevereiro de pela queda de R$ 631,6 milhões nas
2009, mas numa retração de transferências relativas aos royalties,
4,3% no comparativo com o em função da queda dos preços
mesmo mês do ano anterior. internacionais do petróleo.
A arrecadação líquida da As despesas do Governo Central
Previdência Social totalizou R$ apresentaram elevação de 19,0% no
14,2 bilhões em março de 2009, primeiro trimestre de 2009,
representando uma elevação de comparado ao mesmo período de
R$ 1,0 bilhão (7,9%) frente aos 2008. Esse aumento foi possibilitado
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 31
pela elevação do gasto com Pessoal No caso do seguro-desemprego,
e Encargos Sociais (24,8%), com explica-se tal incremento pelo
Benefícios Previdenciários (14,3%) aumento de 12,0% do salário
e com Custeio e Capital (19,9%), no mínimo a partir de fevereiro de 2009
acumulado do trimestre. A elevação e também pelo crescimento do
das despesas com pessoal e n ú m e r o d e t r a b a l h a d o r e s
encargos sociais explica-se, beneficiados em função do aumento
principalmente, pelo aumento nos da suspensão do contrato de
pagamentos de precatórios e trabalho.
sentenças judiciais, que atingiram A análise das contas fiscais,
R$ 4,6 bilhões no trimestre, considerando-se o conceito “abaixo
representando um incremento de da linha” que analisa o resultado
R$ 2,0 bilhões em relação ao ano de fiscal pela ótica do financiamento,
2008. Além disso, a despesa registrou um superávit primário de
também foi influenciada pela R$11,6 bilhões em março de 2009,
reestruturação de carreiras dos 25% menor do que o mesmo mês no
servidores públicos federais. ano anterior. Adicionalmente, a
No âmbito das despesas de Custeio queda do superávit primário no
e Capital, as maiores variações primeiro trimestre frente a igual
foram observadas nas despesas do período de 2008 superou a casa dos
FAT, que aumentaram 38,2% no 5 0 % , d e n o t a n d o o f o r t e
período, e nas despesas com arrefecimento da política de ajuste
subsídios, subvenções econômicas fiscal do governo também segundo
e reordenamento de passivo, com esse indicador. Foi o Governo
decréscimo de 99,4%. Registrou-se Central quem mais reduziu, em
t a m b é m u m a u m e n t o n o s termos relativos, o superávit, o qual
di spêndi os com benefí ci os atingiu cerca de dois terços do
assistenciais (LOAS/RMV) de 22,0% verificado em igual trimestre no ano
e aumento de 22,4% nas outras passado. Mas também os Governos
despesas de custeio e capital. Regionais o fizeram, reduzindo seu
Tabela 6.2 - Necessidade de Financiamento do Setor Público (R$ milhões)
Discriminação Mar08 Jan-Mar08 Jan09 Fev09 Mar09 Jan-mar09
Primário -15 403 -43 032 -5 188 -4 107 -11 614 -20 909
Governo central -11 039 -31 833 -4 796 - 903 -5 816 -11 515
Governos regionais -2 791 -9 957 -2 364 -3 183 -2 229 -7 776
Empresas estatais -1 573 -1 242 1 972 - 21 -3 569 -1 618
Juros nominais 11 413 39 988 14 438 10 179 14 103 38 721
Governo central 7 795 24 671 14 340 7 868 13 197 35 405
Governos regionais 3 575 16 049 434 2 410 1 768 4 612
Empresas estatais 43 - 732 - 336 - 99 - 862 -1 296
Resultado Nominal -3 990 -3 043 9 250 6 072 2 489 17 812
Governo central -3 244 -7 161 9 544 6 964 7 381 23 890
Governos regionais 785 6 092 -1 930 - 773 - 461 -3 164
Empresas estatais -1 530 -1 974 1 636 - 119 -4 431 -2 914
(+) déficit (-) superávit
Fonte: BCB - Notas para a imprensa de 30.4.2009
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 32
superávit primário em 22%. movimento de queda ao longo do
Os juros nominais do Setor Público período, sendo que em março o
Consolidado, apropriados pelo déficit nominal atingiu R$ 2,5
c r i t é r i o d e c o m p e t ê n c i a , bilhões. A peculiaridade fica por
apresentaram em março corrente conta do superávit nominal obtido
um crescimento de R$ 3,9 bilhões, pelos governos regionais, em
atingindo assim o valor de R$ 14,1 função de sensível redução dos
bilhões no mês. Tal resultado foi gastos com juros. As empresas
devido ao maior número de dias estatais também se destacaram
úteis e pelos ganhos que a pela mudança na posição, que em
valorização cambial trouxe para os janeiro era deficitária e ao fim do
ativos internos indexados ao dólar. período analisado foi superavitária.
Deve-se destacar, todavia, que Ao longo do trimestre acumulou-se
superou em 24% o gasto com juros um déficit nominal de R$ 17,8
em igual mês do ano anterior. No bilhões, contra uma situação
trimestre houve redução de 0,43 superavitária de R$ 3 bilhões em
p.p do PIB, se comparado ao mesmo igual período do ano anterior. Esse
período do ano anterior. Resultado indicar denota de forma clara a
que sofreu influência positiva das reversão da política fiscal, que de
operações de swap cambial uma situação de superávit nominal
ocorridas no trimestre. Um aspecto transita para outra de déficit
a se destacar é a sensível redução elevado.
da despesa com juros dos governos A Dívida Líquida do Setor Público
regionais no trimestre: de R$ 16 Consolidado (DLSPC) apresentou,
bilhões em 2008 para R$ 4,6 bilhões ao longo do período em análise,
em 2009. Os governos estaduais movimento de alta, atingindo em
foram os mais beneficiados, com março o valor de R$ 1.098,1 bilhões,
uma redução de 74%. 37,6% do PIB. No ano houve
O resultado fiscal consolidado, variação positiva na relação
indicador oficial do déficit público no DLSP/PIB de 1,6 p.p. Dentre os
país e que inclui a necessidade de f a t o r e s q u e i n f l u e n c i a ra m
financiamento primária e as negativamente tal resultado
despesas com juros, apresentou um destaca-se, a elevação dos juros
Tabela 6.3 - Dívida Líquida do Setor Público
Discriminação Dez/08 Jan/09 Fev/09 Mar/09
Dívida líquida total 1 069 579 1 091 439 1 091 128 1 098 057
Governo federal 760 249 779 975 785 524 784 916
Governos estaduais 359 575 356 807 356 740 355 455
Empresas estatais - 73 701 - 71 331 - 73 602 - 75 820
Dívida líquida total 1069 579 1 091 439 1 091 128 1 098 057
Dívida interna líquida 1 488 794 1 491 109 1 494 863 1 500 818
Dívida externa líquida - 419 214 - 399 671 - 403 735 - 402 761
DLSP em % do PIB 36,0 36,9 37,1 37,6
Fonte: BCB - Notas para a imprensa de 30.4.2009
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 33
nominais apropriados em 1,3p.p. participação da taxa Selic como
do PIB. Já entre os que indexador, dada a perspectiva de
influenciaram positivamente, flexibilização da Política Monetária
destacaram-se os efeitos do pelo BACEN. Conforme a última ata
crescimento do PIB que refletiram do COPOM (Comitê de Política
em 0,6p.p e ainda o ajuste cambial Monetária) “o desaquecimento da
com 0,02p.p. demanda, motivado pelo aperto das
A dívida mobiliária federal atingiu, condições financeiras e pela
em março de 2009, R$ 1.638,7 deterioração da confiança dos
bilhões, valor bem acima da DLSPC agentes, ainda que nos dois casos
bem como da dívida interna líquida. se observe alguma melhora na
Segundo seus indexadores houve margem, bem como pela contração
uma suave melhora no seu perfil. da economia global, criou
Tal melhora foi percebida pelo importante margem de ociosidade
aumento da participação dos títulos dos fatores de produção que não
pré-fixados em sua composição em deve ser eliminada rapidamente em
1,9 p.p., de janeiro a março de 2009. um cenário de recuperação gradual
Esta participação, no entanto, ainda da atividade econômica. Esse
não retornou aos níveis de março de desenvolvimento deve contribuir
2008, equivalentes a 31,2%. Não p a r a c o n t e r a s p r e s s õ e s
obstante, esse aumento de inflacionárias, mesmo diante das
participação trouxe uma maior consequências do processo de
segurança para o Tesouro Nacional, ajuste do balanço de pagamentos e
já que a remuneração destes títulos da presença de mecanismos de
é definida no ato da compra/venda. realimentação inflacionária na
Outro fato que poderá contribuir economia, abrindo espaço para
para o melhor perfil da dívida é a flexibilização da política monetária.”
continuidade da redução da A flexibilização já pode ser
Tabela 6.4 - Títulos Públicos Federais e Oper. de
Mercado Aberto
Discriminação mar/08 jan/09 fev/09 mar/09
Dívida Total (R$ bilhões) 1455,0 1602,3 1613,6 1638,7
Indexadores (%)
Over/Selic* 31,4 27,6 28,2 27,2
Câmbio* -1,9 2,6 2,6 2,4
Prefixado 31,2 21,4 22,0 23,3
TR 1,8 1,2 1,2 1,2
Índice de preços 23,5 23,4 23,4 23,3
Oper. De Merc. Aberto 14,1 23,8 22,7 22,6
*com operações de swap
Fonte: BCB - Notas para a imprensa de 29/05/2009.
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 34
percebida pelas seguidas reduções juros via mercado secundário
da taxa básica de juros (SELIC) da estipulada pelo COPOM, balizada
Economia Brasileira, ocorridas nas pelo Regime de Metas de Inflação.
três reuniões do primeiro trimestre De 20 de janeiro a 9 de março de
do ano corrente, passando de 2009 as emissões de títulos pelo
13,75% a.a. para 9,25%. Tesouro alcançaram a cifra de R$
Por outro lado, percebemos que as 37,4 bilhões. Grande parte deste
Operações de Mercado Aberto montante foi emissão de Letras do
aumentaram de forma substancial Tesouro Nacional (LTN) e Letras
sua participação, com suave Financeiras do Tesouro (LFT) com
redução ao longo do primeiro R$ 19 bilhões e R$ 14,3 bilhões,
t r i m e s t r e d e 2 0 0 9 , n u m a respectivamente. Um aspecto
comparação com o mesmo mês de importante remete à duração destes
2008. Isso mostra um maior esforço títulos, que vai no máximo até 2015.
do BC na manipulação da taxa de
7. SETOR EXTERNO
O saldo em transações correntes 31 bilhões, correspondendo a
apresentou uma diminuição do variação de 22% e 19% em relação
déficit de 51% em relação ao ao mesmo período do ano anterior.
primeiro trimestre de 2008, S e ava l i a r m o s e s s e s a l d o
encerrando o período com o saldo considerando os principais setores
negativo de US$ 5 bilhões. Este de atividade, conforme divulgado
resultado parece inverter a pelo Ministério de Indústria e
tendência de altos déficits em conta Comércio, observamos que a
corrente a serem financiados pela evolução apresentada está
conta capital. No entanto, como uniformemente distribuída, ou seja,
veremos abaixo, a balança não há um setor ou grupo que
c o m e r c i a l n ã o a p r e s e n t o u tenham se destacado na pequena
resultados muito distintos dos melhoria apresentada.
anteriores e a conta capital, aparece H o u v e t a m b é m m e l h o r a
ainda como determinante no significativa na conta de Serviços e
resultados apresentados pelo setor Rendas, que diminuiu seu saldo
externo. negativo em 36,7%, fechando o
Assim, a balança comercial trimestre em US$ 8,9 bilhões.
apresentou um superávit de US$ 3 Desse modo o resultado obtido
bilhões (variação de 9% em relação decorre mais da rubrica de serviços
ao mesmo período do ano anterior). e rendas, que diminuiu seu saldo
É importante observar que este negativo em 36,7% (fechando o
resultado está baseado mais na trimestre em U$ 8,9 bilhões), do
diminuição das importações do que que da melhoria da balança
em variação significativa das comercial (variação positiva de
exportações, US$ 28 bilhões e US$ apenas 9,03%). Portanto, trata-se
Vitória/ES - Boletim Nº45 - 35
mais de um resultado de ordem fosse coberto pela utilização de
financeira do que originado pelo reservas. Desse modo, no primeiro
setor real da economia. trimestre de 2008, o saldo negativo
Além disso, a melhoria da rubrica das transações correntes (-US$
renda (saldo de – US$ 6 bilhões) 10,3 bilhões) foi coberto pelo
que explica essa evolução é volume de recursos transacionados
resultado das estratégias das na conta capital e financeira (US$
companhias. Porém, em tempos de 22,4 bilhões), garantindo um saldo
crises os empréstimos inter- global positivo de US$ 8,2 bilhões.
companhias, os investimentos Porém, em 2009 o déficit de US$ 5,0
diretos e as remessas de lucros e bilhões em transações correntes
dividendos são bem mais voláteis, resultou em saldo negativo do
podendo não manter a tendência ao balanço de pagamentos.
longo do tempo. Ademais, ao analisar a composição
Conta Capital e Financeira da conta financeira – responsável
Em razão de uma situação por 91% do total da conta capital e
macroeconômica internacional financeira – nota-se uma clara
distinta, o comportamento da conta mudança no comportamento dos
capital e financeira, que tem investimentos em carteira em
financiado o déficit em transações relação ao investimento direto
correntes, apresenta diferenças líquido (IED). Enquanto os
quando comparamos o resultado do investimentos diretos mantiveram
primeiro trimestre de 2009 com comportamento estável com saldo
igual período de 2008. Isto é, a de US$ 5,7 bilhões de dólares, os
conta capital e financeira não foi investimentos em carteira
capaz de cobrir o déficit do saldo em passaram a apresentar resultado
transações correntes, de US$ 1,2 negativo (–US$ 4,0 bilhões).
bilhão, fazendo com que este déficit Portanto a forma de financiamento
Tabela 7.1 – Transações Correntes (US$ milhões)
2008 2009
Discriminação Jan/Mar Jan Fev Mar Jan/Mar
Balança Comercial 2.761 -527 1.766 1.772 3.010
Exportação de Bens 38.690 9.782 9.586 11.809 31.178
Importações de Bens -35.929 -10.309 -7.821 -10.038 -28.167
Serviços e Rendas (Líquido) -14.008 -2.548 -2.648 -3.674 -8.870
Serviços -3.322 -552 -886 -1.419 -2.856
Receita 7.237 2.606 2.004 2.126 6.736
Despesa -10.559 -3.158 -2.890 -3.545 -9.592
Rendas -10.686 -1.996 -1.762 -2.255 -6.014
Receita 2.934 692 742 927 2.362
Despesa -13.620 -2.689 -2.504 -3.183 -8.376
Transf. Unilaterais (Líquido) 987 311 272 258 841
Saldo Transações Correntes -10.260 -2.764 -611 -1.645 -5.020
Fonte: Banco Central do Brasil
Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 36
Tabela 7.2 – Conta Capital e Financeira (US$ milhões)
2008 2009
Discriminação Mar Jan/Mar Ano Mar Jan/Mar
Conta capital e financeira 7.661 22.356 29.352 2.732 3.662
Conta capital 66 170 1.055 124 338
Conta financeira 7.595 22.186 28.297 2.608 3.324
Investimento direto (líquido) 989 4.346 24.601 1.154 5.735
Investimentos em carteira 5.196 5.652 1.133 246 -4.009
Derivativos 9 -195 -312 -4 204
Outros investimentos 1.401 12.383 2.875 1.211 1.394
Erros e omissões -1.977 -3.879 1.809 -147 176
Resultado global do balanço 1.341 8.217 2.969 940 -1.182
Nota: Conta Capital inclui transferências de patrimônio e a Conta Outros
Investimentos registra créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos, outros
ativos e passivos e operações de regularização.
Fonte: Banco Central do Brasil. Histórico.
das contas externas através dessa investimentos), o comportamento
rubrica foi claramente influenciada dos dados mostra que a evolução do
pela crise internacional, que em passivo externo líquido brasileiro
situações de déficit em transações tem se deteriorado.
correntes normalmente eram Isto é, esse passivo mostra que as
responsáveis pela minimização das obrigações do Brasil com o exterior
perdas, agora influenciam aumentaram em razão da forma de
negativamente no saldo do balanço financiamento do Balanço de
(-US$ 4,0 bilhões). O IED foi o pagamentos nos últimos anos por
responsável pela influência positiva duas razões principais. A primeira é
nesse saldo (US$ 5,7 bilhões). que o financiamento através de
O b s e r v a n d o - s e m a i s investimentos em carteira implica,
detalhadamente a conta financeira no futuro, maior saída de recursos
nota-se uma queda abrupta do financeiros por conta dos próprios
resultado de 2009 em relação ao rendimentos de curto e longo prazo
mesmo trimestre do ano anterior na correspondentes aos títulos de
rubrica de investimentos em renda fixa e aos commercial papers.
carteira: de um entrada líquida de A segunda razão é por conta da
US$ 5,6 bilhões passou-se a uma própria valorização do real em
saída de capital de US$ 4 bilhões no relação ao dólar durante o processo
primeiro trimestre de 2009. Já na anterior de entrada desses capitais,
rubrica de investimentos diretos o que exigirá maior quantidade de
saldo apresentou apenas uma divisas por dólar investido. Em
pequena oscilação positiva, de suma, a crescente dependência
US$4,3 bilhões para US$ 5,7 bilhões. financeira ao capital especulativo
Considerando que na conta aumenta a vulnerabilidade do país
financeira essas duas rubricas tem às crises financeiras internacionais.
peso muito maior do que as demais
( d e r i v a t i v o s e o u t r o s
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
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Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES

  • 1. CCJE - Departamento de Economia Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura Universidade Federal do Espírito Santo Av. Fernando Ferrari, 514 Campus de Goiabeiras 29 075-910 Vitória ES Tel/Fax: (27) 4009 2605 Boletim Nº 45 - Junho/2009 B r a s i l Universidade Federal Espírito Santodo
  • 2. A crise é um dos momentos em que BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), se desvendam as contradições do reunidos em Ecaterimburgo após a modo de produção capitalista e a reunião da Organização de atual não é diferente das anteriores. Cooperação de Shangai, nos dias 15 A l é m d e d e m o n s t r a r a e 16 de junho. Os países que fazem impossibilidade do Estado de parte do BRIC, juntos, dispõem de suprimir as crises, está mostrando mais de US$ 1,5 trilhão de suas que a meta principal da gestão da reservas em títulos da dívida norte- crise é buscar a salvação das americana estão procurando grandes unidades dos múltiplos escapar dessa armadilha, mas não c a p i t a i s . E n t r e t a n t o , a s têm como. contradições desse modo de A armadilha consiste no enorme produção continuam questionando déficit do Tesouro que deve passar as próprias bases de sua de 12% do PIB, em 2009, reprodução em escala mundial. Em d e c o r r e n t e d a s m e d i d a s termos concretos, as tentativas de implementadas para salvar o coordenação internacional dos sistema de crédito, e na criação sem principais Estados capitalistas estão p r e c e d e n t e s d e m o e d a . fracassando. Cada um dos Considerando o conjunto das principais Estados capitalistas está medidas adotadas, entre as linhas encaminhando formas de controle de crédito criadas pelo Federal d e s e u s p r ó p r i o s c a p i t a i s Reserve e os pacotes econômicos independentemente uns dos outros, dos presidentes George Bush e quando estão. Entretanto, a Barack Obama, o montante total de regulação e os controles do capital recursos chegou a quase US$ 13 não impedem que sua dinâmica trilhões ou 90% do PIB. Com isso, o contraditória conduza à uma nova dólar está sofrendo uma enorme crise, apenas adiam seu desfecho pressão de desvalorização, e v i t a n d o a d e s va l o r i z a ç ã o desgastando continuamente as necessária e aguçam ainda mais as r e s e r v a s i n t e r n a c i o n a i s contradições. denominadas em dólares. Tanto o Por outro lado, as economias Fundo Monetário Internacional chamadas de “emergentes” estão quanto o Federal Reserve estão tentando encontrar seus caminhos chamando a atenção para esse e minimizarem as perdas que estão crescimento sem precedentes. No no horizonte próximo. A gigantesca conjunto da economia mundial, a armadilha montada durante as crise parece não ter ainda chegado décadas de predomínio das políticas ao fundo do poço. Apenas “as coisas neoliberais, sob a forma de reservas estão piorando mais devagar”, na internacionais como contrapartida expressão de Paul Krugman. da dívida pública dos EUA, No Brasil, a situação não é muito estabelece os limites para a ação do diferente. O PIB trimestral que APRESENTAÇÃO Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 01
  • 3. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 02 vinha crescendo mais de 6% em economistas neoclássicos. Apesar relação ao ano passado, sofreu uma de nem todos estarem de acordo queda de mais de oito pontos entre eles, a mudança radical nas percentuais entre o terceiro formas de intervenção estatal, trimestre de 2008 e o primeiro de como a estatização maciça de 2009 e de mais de três, na taxa bancos e empresas industriais nos acumulada em doze meses. Os EUA, realizada pelos próprios últimos dados da produção defensores das políticas neoliberais industrial, estimada pelo IBGE, de desestatização, coloca em mostram uma queda violenta, de c h e q u e a s c r e n ç a s d o s quase 15% em abril, em relação ao fundamentalistas do mercado. ano passado, apesar da tímida Entretanto, essas crenças que são melhora de 1%, em relação ao mês e n s i n a d a s e a m p l a m e n t e anterior. As vendas caíram 0,2% em disseminadas não só no ensino de abril, na comparação com o mês de economia, mas através da grande março, e a taxa de desemprego não imprensa, estão tão fortemente se alterou devido, principalmente, à arraigadas que dificilmente serão redução na taxa de atividade. Enfim, abandonadas. as receitas do governo central estão No campo científico, o longo debate caindo continuamente, diminuiu de mais de vinte anos sobre a teoria 6% em maio, em relação ao mesmo neoclássica do capital, que mês do ano passado, e 14% em desvendou a inconsistência lógica relação a abril. Apesar dos discursos interna da teoria, continua mais otimistas, o número de simplesmente ignorado. Passado empresas em recuperação judicial mais de três décadas, a utilização triplicou nos cinco primeiros meses dos manuais neoclássicos no ensino do ano, em relação ao ano passado. d e e c o n o m i a c o n t i n u a A sondagem da Fundação Getúlio predominante. A experiência Vargas, realizada com 820 observada com a falência do fundo empresas, responsáveis por quase de hedge Long Term Capital um milhão de empregos, que Management (LTCM), que quase faturaram mais de R$ 450 bilhões e levou ao colapso o sistema participaram com mais de 20% das financeiro dos EUA, não foi vendas/exportações, em 2007, suficiente para o abandono da mostra que o número de empresas modelagem matemática e da com dificuldades para investir crença de que esses modelos dobrou, de 46% para 87%, e seriam capazes de suprimir os aquelas que não pretendem realizar riscos da especulação financeira. i nve s t i m e n t o s , n e s t e a n o, Esse fundo contava, entre seus passaram de 14% para 26%, entre sócios, com Myron Scholes e Robert 2008 e 2009. Merton, premiados com o nobel de A gravidade da crise desvendou, economia em 1997, pela sua também, as contradições e modelagem do mercado de inconsistências do discurso e das derivativos e a suposta supressão p r á t i c a s e c o n ô m i c a s d o s dos riscos.
  • 4. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 03 Um dos fundamentos destes das interpretações e análises do economistas, a hipótese dos mercado financeiro continuou mercados eficientes, ou seja, de que sendo realizada com base nesse tipo a bolsa de valores é racional e de modelo. O mais grave é que o expressa corretamente os preços, gigantesco impacto da crise na foi questionado pela própria d e s va l o r i z a ç ã o d o s a t i v o s dinâmica da realidade, na seqüência financeiros nos dois últimos anos de crises que se manifestaram nos terá pouco efeito sobre essas mercados financeiros desde os anos crenças fundamentalistas. noventa. Ainda assim, a maior parte Há evidente exagero no clima de derreter frente às principais moedas otimismo que empresários, governo, e, em relação ao Real, caiu abaixo economistas e o mercado financeiro de R$ 2, no final de maio, brasileiro vêm demonstrando com a pressionado pelo intenso fluxo de situação e as perspectivas da capitais que voltou a se dirigir para o economia brasileira, com reflexos Brasil. no comportamento da bolsa e do Internamente, não há grandes câmbio: depois de ter recuado para motivos para essa euforia, a não ser um patamar abaixo de 30 mil os de alguns indícios de que uma pontos em outubro de 2008, a pequena recuperação parece se Bovespa reingressou, nos últimos encontrar em curso. Boa parte das meses do ano, numa trajetória de projeções do PIB brasileiro indica elevação e já conseguiu ultrapassar, que este, depois de cair 3,6% no no mês de junho, a casa dos 50 mil último trimestre de 2008, deve ter pontos, acumulando uma alta de conhecido nova contração no mais de 40% apenas em 2009. primeiro trimestre deste ano (- Ainda é um número distante dos 1,5% na projeção do próprio 73,5 mil pontos atingidos em maio governo), com o mercado de 2008, antes do início oficial da continuando a apostar num crise com origem no crédito crescimento negativo de 0,73% em subprime, mas surpreendente 2009. A atividade industrial, por sua diante do pessimismo que vez, registrou queda de 14,7% no predominava, há alguns meses, primeiro quadrimestre do ano em sobre o desempenho da economia relação ao mesmo período de 2008, neste ano, mesmo porque não a maior desde 1991. houve melhoras importantes na Contra essa tendência, é possível, situação da enfraquecida economia de fato, identificar alguns sinais de mundial. Por outro lado, o dólar, recuperação: comparado ao mês depois de atingir a cotação de R$ a n t e r i o r, a i n d ú s t r i a v e m 2,53 no pico da crise, no início de apresentando uma lenta e gradual dezembro de 2008, voltou a reação desde janeiro, tendo 1. POLÍTICA ECONÔMICA
  • 5. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 04 crescido 1,1% em abril em relação operam, pelas suas características, a m a r ç o , s u s t e n t a d a como forças anticrescimento. A principalmente pelo mercado menos que a economia brasileira interno; o Índice de Confiança da consiga crescer predominantemente Indústria (ICI) cresceu 6% em maio apoiada no mercado interno, o que é em relação a abril, depois de evoluir i m p r o v á v e l , d a d a s s u a s 8,6% em abril sobre março, mas peculiaridades, não se pode contar, ainda apresenta-se 24,1% inferior nessa situação, com estímulos ao nível de março de 2008; o Índice externos importantes para validar a de Confiança do Consumidor (ICC), euforia do mercado nos últimos calculado pela FGV, avançou 2% em meses, potencializando pequenos maio, depois de cair 7% em relação sinais de melhora tanto nas a março; e o Índice de Utilização da economias emergentes como nos Capacidade Instalada (NUCI) países desenvolvidos. a t i n g i u 7 9 , 2 % e m m a i o , A bem da verdade, a subida da aumentando 0,9 ponto percentual Bovespa e a valorização do Real em relação a abril. São indícios devem-se mais ao retorno de importantes, mas não justificam a capitais externos para aplicação em euforia que voltou a tomar conta do papéis baratos nas economias mercado.Externamente, a situação emergentes e para aproveitarem a continua grave: há consenso de que elevada rentabilidade que as altas os países desenvolvidos não taxas reais de juros propiciam, no escaparão de uma recessão Brasil, diante do quadro de juros profunda em 2009 e nenhuma negativos que predomina no mundo garantia de que isso não aconteça desenvolvido, aliado à exacerbação em 2010. Para que a recuperação de expectativas pelo próprio tenha início será necessário, antes, mercado frente à pequenos indícios terminar de “limpar” os passivos de melhora da situação econômica dos balanços das instituições internacional, do que propriamente financeiras, das empresas e dos de expectativas fundamentadas de consumidores, o que ainda deve que a economia brasileira está levar tempo, e transferir boa parte caminhando para retomar o ritmo de seu ônus para os governos, no anterior de crescimento. Nessa conhecido processo de socialização situação, a política econômica, além das perdas. Ainda assim, a de se preocupar em continuar recuperação deverá ser lenta e mitigando os efeitos da recessão já prolongada, por que além da anunciada, com as medidas que tem própria política fiscal ser ineficaz adotado, ainda terá de enfrentar em casos de recessão com elevado novamente o dilema – como já endividamento, encontrará começa a enfrentar – de impedir a governos altamente endividados, valorização do Real para conter sem instrumentos e capacidade de forças adicionais anticrescimento e desempenhar um papel pró-ativo evitar a deterioração das contas neste processo, além de obrigados externas do país. a realizar fortes ajustes fiscais, que
  • 6. 2.INFLAÇÃO Vitória/ES - Boletim Nº 45 - 05 No relatório bimestral de da indústria nacional. Esses fatores reavaliação do Orçamento o contribuíram em grande medida governo revisou diversas previsões para a variação dos preços agrícolas tendo em vista o atual cenário de e industriais. retração econômica. No que tange a Os índices de inflação, de modo inflação, o governo reduziu a geral, têm apresentado tendência previsão tanto para o IPCA (índice de retração apesar da resistência da oficial de inflação), de 4,5% para inflação dos serviços, como aponta 4,3%, quanto para o IGP-DI, de Salomão Quadros, coordenador de 4,16% para 2,01%. Os alimentos análises econômicas do Ibre-FGV. pressionam cada vez menos os Segundo ele, “a tendência para o preços, e com isso, a inflação em ano é de que os alimentos dêem 2009 apresenta um perfil diferente uma contribuição grande para a do verificado de janeiro a abril do queda da inflação e que os serviços ano passado. Desta vez, tarifas e desacelerem mais devagar”. altas pontuais de alguns itens não O IGP-M (Índice Geral de Preços – alimentícios vêm impulsionando a Mercado) apresentou retração de inflação. Custos com despesas 0,44% em janeiro, menor taxa pessoais e habitação são itens que desde setembro de 2005 quando a apresentaram altas em relação ao redução foi 0,53%. Em fevereiro, o primeiro quadrimestre de 2008. índice apresentou elevação de Eulina dos Santos, coordenadora do 0,26% e em março retração de - índice de preços do IBGE, avalia 0,74%, superando a queda de que: "a inflação em 2009 tem um janeiro. O comportamento do IPA perfil diferente. Os alimentos (Índice de Preço por Atacado) entre sobem menos, influenciados pela janeiro e março de 2009 foi de demanda menos aquecida pela retração de 1,98%. No fechamento queda do ritmo da atividade do trimestre, tanto os Produtos econômica. Ainda é cedo para dizer Agrícolas quanto os Produtos que isso vai permanecer ao longo Industriais apresentaram retração, deste ano". d e - 1 , 6 0 % e - 2 , 3 7 % , Em virtude da crise econômica, que respectivamente. teve seus efeitos intensificados O IPC (Índice de Preço ao sobre a economia mundial neste Consumidor) acumulou alta de primeiro trimestre de 2009, tanto 1,58% no mesmo período. Os em países desenvolvidos como em grupos Educação, Recreação e países subdesenvolvidos, houve Leitura (4,07%), Transportes redução da demanda mundial por (1,83%) e Alimentação (1,82%) commodities e menor fluxo de foram os que contribuíram com mercadorias entre países, com maior intensidade para esse conseqüente retração na atividade resultado. O ICV-DIEESE manteve
  • 7. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 06 tendência de desaceleração ao sair janeiro para -0,13% em fevereiro e de 0,69% em janeiro de 2009 para para -0,84% em março. Os 0,31% em abril. Segundo boletim P r o d u t o s A g r o p e c u á r i o s e da instituição, os produtos que Industriais registraram queda, - tiveram maiores aumentos na 0,71% e -2,59%, respectivamente, composição do ICV foram os que influenciando o IPA em -2,08%. têm certo controle do governo, Para os Produtos Agropecuários como os medicamentos (5,76%) e cabe ressaltar a forte desaceleração cigarros (5,52%) que contribuíram de preço da soja (de 9,24% para conjuntamente com 0,24 ponto 0,58%) e do milho (de 14,31% para percentual para o índice do mês. Por -1,93%) ocorrida em fevereiro. O grupo, as maiores altas foram IPC, componente do IGP-DI, fechou verificadas nos itens Despesas o primeiro trimestre do ano com Pessoais (2,66%) e Saúde (1,21%). elevação de 1,66%, sendo No primeiro, o cigarro foi o principal Educação, Recreação e Leitura responsável pela variação positiva; (4,17%) e Alimentação (2,14%) os no segundo, as despesas médicas e grupos que mais influíram nessa os preços dos medicamentos e alta. Já o INCC, também produtos farmacêuticos. pertencente ao índice, registrou Já o Índice Nacional de Preços ao uma elevação mais modesta, de Consumidor (INPC), calculado entre 0,35% no acumulado do trimestre. as famílias com renda mensal de até Em abril, o IGP-DI apresentou seis salários mínimos, aumentou variação positiva de 0,04%, em 0,55% em abril, uma alta de acumulando no quadrimestre total 0,35 ponto percentual em relação negativo de 0,91%. O Índice de ao mês anterior, menor que o Preços por Atacado (IPA), que percentual do mesmo mês de 2008 compõe 60% desse indicador, que foi de 0,64%. No acumulado do diminuiu 0,10% depois de maior primeiro quadrimestre de 2009, a retração no mês anterior, 1,46%. alta foi de 1,70%, sendo que no O s p r e ç o s d o s p r o d u t o s mesmo período de 2008 a variação agropecuários aumentaram 1,36%, foi superior, 2,34%. depois de redução de 2,37% no mês anterior. Por outro lado, o Índice de P r e ç o s a o Consumidor (IPC) – que perfaz 30% do I G P - D I – , desacelerou entre os meses de março e abril (de 0,61% para O IGP-DI (Índice Geral de Preços – 0,47%), em função, principalmente, Disponibilidade Interna) também dos preços dos alimentos que apresentou trajetória de redução no aumentaram menos (de 1,25% trimestre, saindo de 0,01% em para 0,64%). Finalmente, o Índice Tabela 2.1 – Índices de preços (%) Indicadores Jan/09 Fev/09 Mar/09 Abr/09 Ac. ano IPCA 0,48 0,55 0,20 0,48 1,71 INPC 0,64 0,31 0,20 0,55 1,70 IPC-FIPE 0,46 0,27 0,40 0,31 1,44 ICV-DIEESE 0,69 0,02 0,40 0,31 1,42 IGP-DI 0,01 -0,13 -0,84 0,04 -0,91 Fonte: IBGE, FIPE e DIEESE
  • 8. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 07 Nacional de Custo da Construção taxa registrada no mês anterior, de Civil (INCC), responsável por 10% 0,20%. No acumulado do ano, o do IGP-DI, registrou variação aumento foi de 1,71%, abaixo dos negativa de 0,25% para 0,04%. 2,08% relativos à igual período de A meta de inflação definida pelo 2008. Nos últimos 12 meses, a taxa CMN (Conselho Monetário Nacional) acumulada é de 5,53%, também para 2009 é de 4,5% para o IPCA inferior aos 5,61% referentes aos (Índice de Preços ao Consumidor 12 meses de período anterior. Amplo), com uma margem de Apesar da redução em relação a tolerância de dois pontos 2008, a tendência continua acima percentuais para cima ou para baixo. da meta de inflação do CMN, de O regime de metas de inflação é, 4,5%. Em abril, os maiores formalmente, um instrumento aumentos foram dos grupos utilizado em vários países como Despesas pessoais (2,14%) e forma de institucionalizar o objetivo Saúde e cuidados pessoais (1,10%), de estabilidade de preços e dar conforme tabela 2.2. No primeiro maior transparência e credibilidade grupo, o item que teve a maior à política monetária, apesar das elevação foi o cigarro, que teve visões contrárias que afirmam, tributação alterada, um aumento de dentre outros, que “embora o 20% a 25% nos preços devido ao regime de metas de inflação possa aumento do IPI (Imposto sobre obter o impacto pretendido, qual Produtos Industrializados) e do seja, reduzir e estabilizar o nível de PIS/Cofins (Contribuição para o preços, os países que não adotaram Financiamento da Seguridade regimes de metas de inflação Social) para compensar medidas de também vivenciaram experiências desoneração de outros setores. Já similares de estabilização de preços. os remédios tiveram a segunda Ademais, a experiência brasileira maior variação em abril (2,89%). O com o regime de metas de inflação Governo federal, através da Câmara tem mostrado que a taxa de de Regulação do Mercado de crescimento da economia é Medicamentos (Cmed), concedeu relativamente baixa e a inflação um limite de até 5,9% de reajuste ainda é ligeiramente elevada” nos preços dos remédios, sendo o (Arestis et alii, 2009)¹. segundo maior ajuste nos últimos O IPCA refere-se às famílias com cinco anos, atrás apenas do rendimento de 1 a 40 salários percentual de 2005 que foi de mínimos e abrange as regiões 7,39%. Esses dois itens, cigarros e metropolitanas do Rio de Janeiro, remédios, responderam juntos por Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, 0,26 ponto percentual da inflação. ¹ Arestis et alii. A nova política monetária: umaSão Paulo, Belém, Fortaleza, análisedoregimedemetasdeinflaçãonoBrasil.Salvador e Curitiba, além de Brasília Economia e Sociedade, v.18, n. 1 (35), p. 1-30, abr. e Goiânia. Em abril de 2009, esse 2009. índice foi de 0,48%, resultado que representa mais do que o dobro da
  • 9. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 08 Segundo dados do IBGE, a O Índice de Preços ao Consumidor economia brasileira cresceu neste Amplo-15 (IPCA-15) é visto como ano estimulada pelo desempenho da uma prévia do IPCA, por usar a indústria, dos investimentos, do mesma metodologia e por sua consumo das famílias e das diferença estar apenas no período despesas do governo (em se de coleta dos dados. O IPCA-15 de tratando de ano eleitoral), setores maio superou o teto das esses que impulsionaram o expectativas ao apontar inflação de crescimento da produção no período. 0,59% em maio, acelerando de O PIB a preços de mercado cresceu 0,36% de abril. A divulgação dessa 5,8% no primeiro trimestre de 2008 aceleração faz com que os em relação ao mesmo período de instrumentos ortodoxos da política 2007 (Tabela 3.1). O valor econômica, como aumento nas adicionado a preços básicos taxas de juros, possam ser apresentou um aumento de 5,5% e u t i l i z a d o s c o m o c o n t r o l e os impostos sobre produtos uma inflacionário. A tendência de certa variação positiva do IPCA, entre janeiro e a b r i l d e 2 0 0 9 , revelou, por outro l a d o , a u m e n t o s inexpressivos nos p r e ç o s d o s a l i m e n t o s . I s s o t a m b é m f o i verificado no preço da cesta básica – conjunto de produtos elevação de 8,0%. Em valores a l i m e n t í c i o s c o n s i d e r a d o s correntes o principal agregado essenciais – no ano de 2009, já que econômico do país alcançou a cifra houve uma redução nos preços da de R$ 665,5 bilhões. Deste total, R$ cesta nos três primeiros meses do 560,7 bilhões referem-se ao Valor ano nas diversas capitais brasileiras, Adicionado à produção interna, como pode ser observado na tabela enquanto R$ 104,8 bilhões 2.3. Em abril essa tendência foi um totalizam os Impostos sobre pouco revertida e parte das capitais Produtos. A Indústria foi, dentre os voltou a apresentar elevações, setores, a que mais contribuiu para ainda que tímidas. a geração do Valor Adicionado, com D e s a g r e g a n d o p o r m ê s , uma taxa positiva de 6,27%, observamos uma redução nos seguida pelo setor de Serviços, preços da cesta básica em 10 das 17 elevação de 5,0%, e Agropecuária, capitais pesquisadas, em janeiro. que cresceu 2,4%, em comparação Os destaques foram João Pessoa, com o mesmo período de 2007. com uma queda de 11,3%, e Rio de Tabela 2.2 – Composição do IPCA (%) Grupos Jan/09 Fev/09 Mar/09 Abr/09 Índice Geral 0,48 0,55 0,20 0,48 Alim. e Bebidas 0,75 0,27 0,30 0,15 Habitação 0,49 0,22 0,25 0,75 Art. de Residência 0,45 0,28 0,48 -0,50 Vestuário 0,05 -0,24 0,70 1,08 Transportes 0,35 0,24 -0,07 -0,21 Saúde e Cuid. Pess. 0,55 0,46 0,37 1,10 Despesas Pessoais 0,65 0,31 0,35 2,14 Educação 0,34 4,44 -0,37 0,09 Comunicação 0,05 0,15 0,05 0,08 Fonte: IBGE
  • 10. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 09 Janeiro, com -6,27%. Em fevereiro abril e a cesta básica da capital houve uma intensificação da capixaba custou R$ 219,23 no retração apresentada no mês mesmo mês. anterior e observou-se uma Adotando como referência o maior redução generalizada no preço das valor apurado para a cesta básica no cestas, observada em 14 capitais mês de abril (R$ 234,81) e levando das 17 pesquisadas. Os produtos em consideração a determinação que mais contribuíram para essa constitucional que estabelece que o redução foram: tomate, arroz e salário mínimo deveria suprir as feijão. No mês de março, apenas despesas de um trabalhador e sua uma capital não apresentou família com alimentação, moradia, retração nos preços, o que manteve saúde, educação, vestuário, higiene, a mesma tendência do mês anterior. transporte, lazer e previdência, o Por outro lado, abril foi marcado por salário mínimo nacional deveria aumentos nos preços das cestas. O estar fixado em R$ 1.972,64 (4,24 aumento se deu em 10 das 17 vezes o mínimo vigente de R$ capitais pesquisadas. No ano, as 465,00), segundo estimativas feitas quedas mais intensas foram pelo DIEESE (Departamento v e r i f i c a d a s e m A r a c a j u , Intersindical de Estatística e Florianópolis, Natal, Curitiba e João Estudos Socioeconômicos). Em Pessoa com variação negativa de abril de 2008, seguindo os mesmos 15,27%, 12,09%, 9,88%, 8,57% e critérios, o mínimo era estimado em 8,24%, respectivamente. O preço R$ 1.918,12, ou 4,62 vezes o piso médio da cesta observado em Porto da época (R$ 415,00). Alegre (R$ 234,81) foi superior a todas as demais capitais no mês de Tabela 2.3 – Variação mensal da Cesta Básica (%) Capital Jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 Florianópolis -3,03 -1,64 -6,04 -1,90 Belo Horizonte 0,77 -6,36 -4,92 3,85 João Pessoa -11,30 0,78 -2,54 5,32 Curitiba -0,65 0,21 -7,80 -0,39 Porto Alegre -2,99 -0,08 -3,37 -1,64 Rio de Janeiro -6,27 -0,54 -2,19 1,82 Salvador 4,48 -2,30 -1,86 -1,16 São Paulo 0,85 -1,73 -6,51 1,68 Brasília -0,66 -1,48 -5,90 1,69 Goiânia 5,22 -4,20 -0,90 1,26 Fortaleza -5,12 -2,16 -2,16 3,95 Recife -3,27 1,31 -2,47 0,67 Belém 5,85 -4,31 0,70 -1,24 Vitória 4,79 -2,50 -6,27 0,65 Natal -4,58 -0,34 -5,25 0,02 Aracaju -4,55 -2,25 -7,18 -2,16 Manaus 1,08 -1,00 -4,31 -2,58 Fonte: DIEESE
  • 11. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 10 3. NÍVEL DE ATIVIDADE Em maio, o governo modificou pela disponível devido à criação de duas terceira vez sua previsão do novas alíquotas do Imposto de crescimento da economia. A Renda Pessoa Física; e a diminuição previsão de 2%, feita em março, foi da taxa básica de juros. Além destas, revista e caiu pela metade, sendo o aumento do salário mínimo, a agora de 1% para 2009. O ampliação de créditos, o consumo c r e s c i m e n t o p a r a 2 0 1 0 , da administração pública em anteriormente previsto para 4,5% ascensão e o programa Bolsa no Projeto de Lei de Diretrizes Família são outros fatores que Orçamentárias, é estimado entre devem influenciar positivamente 3% e 4%, segundo o Ministro da segundo a projeção do PIB feita pelo Fazenda Guido Mantega. Ipea. Em contraposição às expectativas Para o primeiro trimestre de 2009, do governo, o mercado financeiro e as expectativas tanto do governo, o setor industrial prevêem como do Ipea são de queda em crescimentos menores. O primeiro, relação ao mesmo período do ano espera uma retração de 0,5% no anterior, repetindo o ocorrido no PIB e o segundo que, até fevereiro, último trimestre de 2008. previa crescimento de 1,5%, agora Para o Instituto, o mercado interno espera que a expansão da economia deve compensar, em parte, as seja próxima a zero. A perspectiva perdas com gastos em Formação do Fundo Monetário Internacional Bruta de Capital Fixo (FBCF) e da (FMI) é ainda mais pessimista. A produção industrial. Assim, deve instituição acredita que o PIB diminuir a intensidade da queda do brasileiro sofrerá retração de 1,3% PIB no trimestre. Os investimentos, neste ano. que representam 20% do PIB, O Instituto de Pesquisa Econômica mantiveram a tendência de queda. Aplicada (Ipea) corrobora com as Porém, já que o consumo interno e x p e c t a t i va s d e e x p a n s ã o corresponde a 60% na composição econômica. Para o Instituto, haverá do PIB, tudo dependerá do um crescimento entre 1,5% e 2,5% comportamento deste consumo em 2009 (com aumentos mais interno. O Ipea crê que este expressivos a partir do segundo crescerá, sendo beneficiado pelas semestre). A projeção é baseada em vendas do varejo, puxadas, dentre algumas considerações: o aumento outras medidas, pelo reajuste do dos investimentos referentes às salário mínimo e desonerações do obras do Programa de Aceleração do I m p o s t o s o b r e P r o d u t o s Crescimento (PAC); o lançamento Industrializados (IPI), para bens do Programa Habitacional do não duráveis. governo, que pretende financiar um Ainda de acordo com pesquisas do milhão de casas para a população de Ipea, entidades ligadas à indústria, baixa renda; o aumento da renda agropecuária, serviços e comércio,
  • 12. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 11 e trabalhadores, representantes de Entretanto, a passagem do mês de 80% do PIB nacional continuam fevereiro para março deu sinais de apreensivas em relação à economia recuperação (0,7%), explicados brasileira. Porém, desde janeiro principalmente pelo setor de vem diminuindo o medo em relação veículos automotores, que já se à queda da demanda, margem de expandiu 56,5% desde dezembro lucro e situação financeira das de 2008. Além disso, a utilização da empresas. Os representantes capacidade instalada (que afeta destes setores não acreditam em produção e nível de emprego) um quadro recessivo para o Brasil, cresceu em 15 dos 19 setores contudo, não têm, também, muita pesquisados, com o geral chegando confiança para o crescimento da a 78,7 % em março. Apesar de o economia em 2009. trimestre registrar 68%, menor Nesta análise otimista do patamar desde 1999 (as empresas crescimento, o Ipea se baseou no vem tentado diminuir a quantidade pressuposto de que o consumo de estoques), o crescimento em continua aquecido, entretanto, o março é o único em cinco meses. IBGE constatou uma pequena Esses números não querem dizer redução na pesquisa sobre o que os impactos da crise acabaram, comércio para o mês de abril. Essa mas muitos estão otimistas. Para queda decorre do esgotamento do Flávio Castelo Branco, gerente impacto da desoneração fiscal sobre executivo de Política Econômica da as vendas de veículos, que caíram CNI, “É um primeiro sinal de 11,3%, e das vendas de material de recuperação, mas ainda não é construção (-15,8%), em relação a possível dizer que o pior já passou. É abril de 2008. Ademais, o PIB preciso que esse crescimento se estimado para o primeiro trimestre intensifique e interrompa as quedas do ano apresentou uma queda de das horas trabalhadas na produção 0,8%, caracterizando o que os e do emprego”. economistas ortodoxos chamam de Se compararmos os dados da recessão técnica. indústria com a variação acumulada Indústria do mesmo período do ano passado, O primeiro trimestre de 2009 iniciou veremos por que se trata de um com alguns dados negativos para o pequeno sinal em uma conjuntura setor industrial no Brasil, delicada. Enquanto no último provocando uma queda nas trimestre de 2008 a indústria geral expectativas de crescimento para a indicou queda de 6,3%, no primeiro produção neste ano. Enquanto em de 2009 essa queda chegou a 2008 temos a presença de um setor 14,68% (tabela 3.1), pior trimestre forte e em crescimento, graças ao desde 1991. De fato, das 27 aumento da demanda interna, no atividades apresentadas, apenas início deste ano já vemos uma três apresentaram crescimento: o indústria sofrendo mais os efeitos s e t o r d e b e b i d a s ( 5 , 6 % ) , da crise internacional, com todos os farmacêutica (13,66%) e outros setores demitindo funcionários. equipamentos de transporte
  • 13. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 12 (26,23%), que incluem aeronaves, falta de crédito e de confiança nos embarcações, motocicletas e mercados como causas das quedas ferrovias. da produção. Se observarmos os Impactos negativos expressivos se setores mais atingidos, temos, por deram nos setores de material exemplo, o de madeira (-25,53%), e l e t r ô n i c o , a p a r e l h o s e que sofre fortes variações devido às equipamentos de comunicações (- vendas externas. Apesar disso, se 42,73%) e metalurgia básica (- compararmos o Brasil em relação a 30,79%). Chama também a outros países, ainda estamos em atenção para o setor de máquinas e relativa vantagem. A indústria de equipamentos, que na comparação transformação brasileira, tomando entre os trimestres caiu de -6,6% como parâmetro igual mês de 2008, para -28,3%. Muitos apontam os apresenta -9,9%, enquanto a problemas nas vendas externas, Tailândia mostra -15,4% e a Rússia - Tabela 3.1- Produção física industrial por atividades (variação acumulada em relação à igual período do ano anterior) Atividade / Mês out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 1. Indústria geral 5,83 4,64 3,09 -17,49 -17,17 -14,68 2. Indústria extrativa 7,35 6,24 3,78 -18,36 -18,59 -15,8 3. Indústria de transformação 5,74 4,55 3,05 -17,43 -17,08 -14,62 Alimentos 0,6 0,58 0,53 -5,96 -5,27 -3,08 Bebidas 0,61 0,28 0,26 -2,72 0,51 5,6 Fumo -7,61 -7,16 -7,04 -4,82 -5,68 -4,87 Têxtil 0 -0,8 -1,9 -7,8 -11,97 -10,63 Vestuário e acessórios 5,05 3,74 3,18 -18,5 -17,24 -13,6 Calçados e artigos de couro -4,6 -6,19 -6,77 -22,69 -21,65 -19,36 Madeira -9,37 -9,87 -10,23 -23,16 -27,06 -25,53 Celulose, papel e prod.de papel 6,63 5,85 5,23 -5,06 -5,69 -5,44 Edição, impr. e reprod. de gravações 3,36 2,18 1,65 -9,5 -4,52 -3,31 Refino de petróleoe álcool 0,67 0,58 0,37 -6,8 -6,23 -1,5 Farmacêutica 12,52 12,73 12,67 -2,2 6,49 13,66 Perf, sabões, deterg e prod limpeza -3,8 -3,93 -4,76 -7,06 -6,14 -3,47 Outros produtos químicos 2,03 0,49 -1,36 -30,08 -26,43 -21,08 Borracha e plástico 7,27 4,95 2,15 -23,3 -22,94 -20,61 Minerais não metálicos 9,92 9,31 8,26 -6,57 -7,22 -6,77 Metalurgia básica 7,32 5,81 3,28 -31,54 -31,6 -30,79 Prod. de metal – excl. máq. e equip. 5,42 4,14 2,43 -23,27 -24,71 -21,88 Máquinas e equipamentos 10,12 8,47 6,01 -25,46 -28,89 -28,3 Máq. p/ escrit.e equip. informática -4,29 -6,95 -8,94 -25,37 -25,68 -21,92 Máq. aparelhos e materiais elétricos 6,2 4,71 3,69 -24,96 -26,5 -28,86 Mat. eletrônico, apar. e equip. comunic. 5,45 2,42 -2,92 -45,91 -45,02 -42,73 Eq. de instr. Méd-hosp, ópticos e outros 18,2 15,96 15,97 -11,54 -10,9 -4,31 Veículos automotores 15,94 12,61 8,14 -34,21 -32,08 -27,22 Outros equipamentos de transporte 34,61 37,85 42,23 39,24 33,88 26,23 Mobiliário 2,86 0,61 -1,45 -22,49 -20,64 -14,96 Diversos 0,96 0,06 -0,24 -26,81 -24,28 -17,73 FONTE: IBGE / Sidra- Pesquisa Industrial Mensal Produção Física
  • 14. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 13 Tabela 3.2 - Produção física industrial por categorias de uso (variação em relação a igual mês do ano anterior) Atividade out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 Bens de capital 16,26 3,7 -14,45 -14,48 -24,42 -22,97 Bens intermediários -2,52 -7,76 -18,46 -20,46 -20,92 -13,28 Bens de cons. duráveis -0,48 -22,21 -41,71 -30,92 -24,31 -13,45 Semi-dur. e não duráveis 1,06 -2,98 -1,93 -8,65 -2,99 2,91 FONTE: IBGE - Pesquisa Industrial Mensal- Produção Física 20,5%. retomada constante da economia Outra comparação importante pode brasileira. Mas há certo otimismo, ser feita quando observamos a como mostra a sondagem industrial produção física através de sua feita pela CNI (Confederação divisão por categorias de uso Nacional da Indústria). De acordo (tabela 3.2). Comparando março com ela, as perspectivas de com o mesmo mês do ano anterior, demanda saíram de 39,7 pontos no apenas os bens semiduráveis e não- último trimestre de 2008 para 48,3 duráveis apresentam crescimento ao fim de março, mostrando uma (2,91%), interrompendo um previsão de diminuição no ritmo de registro de queda por quatro meses. queda e recuperação da demanda. Para os outros, destaca-se o recuo Esse retorno ao ritmo, entretanto, no setor de bens de capital (- deverá ser lento; a tendência é de 22,97%), importante pelo fato de que a indústria, portanto, alterne ele indicar os investimentos na resultados positivos e negativos economia e conseqüentemente, durante o ano. interferirem no emprego e renda. Comércio Tal queda deve-se principalmente Após o comércio varejista ter aos bens de capital para construção surpreendido iniciando o ano de (- 69,8%). Em seguida, vem o item 2009 com taxas positivas acima de bens de consumo duráveis (- 1% no 1º bimestre, depois de ter 13,45%), cuja queda foi puxada fechado o ano de 2008 com taxas pelos telefones celulares (-40,8%). negativas nos três últimos meses, Bens intermediários é o setor com apresentou uma desaceleração em maior peso na indústria brasileira e, março crescendo apenas 0,3%. por sua vez, mostra o recuo de - Segundo pesquisadores do setor, o 13,28%, impactado principalmente crescimento tímido de 1,8% em pelos veículos automotores (- relação a março do ano passado, o 34,9%). pior desde novembro de 2003 (- Em suma, a indústria brasileira não 0,2%), deve-se ao efeito calendário, manteve o mesmo ritmo de pois, a páscoa, período com maior crescimento do fim de 2008 e movimento depois do natal, foi janeiro, quando o governo celebrada este ano em abril e o ano implantou medidas como a redução passado em março. do IPI para estimular a produção. Segundo o IBGE, apesar do Assim, não se pode esperar uma desemprego continuar aumentando,
  • 15. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 14 o crescimento expressivo da massa importância que os produtos de salarial em 6,6% no trimestre em informática e comunicação vêm comparação com igual período do tendo no hábitos de consumo da ano anterior, aliado ao forte família. aumento dos postos com carteira A variação do segmento de hiper, assinada, tem sido fundamental ao s u p e r m e r c a d o s , p r o d u t o s crescimento do comércio varejista, alimentícios, bebidas e fumo desse pois a formalização do posto de trimestre (4,3%) está bem abaixo trabalho cria uma garantia da do mesmo trimestre do ano anterior manutenção do emprego dando (8,4%). uma segurança maior aos O segmento de tecidos, vestuários e trabalhadores para consumir. calçados apresentou a maior Esse crescimento do comércio influência negativa no trimestre varejista foi puxado principalmente com variação de -6,6% devido a pelas atividades n° 6, 7 e variação cambial provocada pela 8 observadas na tabela 3.3, que crise, elevando os preços dos além dos motivos já citados, são produtos segundo o IPCA, bem fatores que contribuem para como o comportamento mais explicar o desempenho positivo de cauteloso do consumidor diante do seus respectivos segmentos: a atual quadro econômico. essencialidade do consumo de A a t i v i d a d e d e m ó v e i s e medicamentos, a estabilidade de eletrodomésticos apresentou preços dos combustíveis, a redução crescimento de apenas 1,3% no de preços dos produtos de trimestre em relação ao mesmo informática (estes dois últimos período do ano passado e variações segundo o IPCA) e a crescente negativas nos meses de janeiro e Tabela 3.3 - Volume de vendas do comércio varejista e comércio varejista ampliado segundo grupos de atividade no Brasil. Atividades mês/mês (*) mensal Acumulado Jan Fev Mar Jan Fev Mar trim 12 meses Comércio varejista 1,9 1,5 0,3 6,0 3,8 1,8 3,8 7,2 Combustíveis e lubrificantes -1,4 3,0 0,9 3,8 0,8 4,2 3,0 8,7 Hiper,supermerc . Alim, beb, fumo 0,7 2,4 0,0 7,0 5,7 0,7 4,3 4,5 Super e hipermercados 0,9 2,5 0,0 6,7 5,4 0,3 4,0 4,2 Tecidos, vest.e calçados 2,3 -0,9 1,9 -4,7 -6,9 -8,2 -6,6 1,0 Móveis e eletrodomésticos 5,7 -1,4 -2,2 6,3 -2,1 -0,9 1,3 11,2 Art. farmac, med., ortop. perfum 1,3 2,1 1,4 8,9 12,0 15,2 12,1 13,1 Eq. e mat. Escrit. Inform. e comum. -11,3 3,3 1,4 15,4 11,2 18,0 15,0 29,7 Livros, jornais, rev. e papelaria 9,2 -9,1 1,9 23,9 1,9 10,5 12,3 11,4 Outros art. uso pessoal e doméstico 6,4 4,5 1,1 5,0 10,5 5,0 6,7 11,0 Comércio varejista ampliado 5,5 2,7 2,0 2,8 1,6 6,5 3,7 7,4 Veículos, motos partes e peças 11,7 4,5 3,9 -0,3 -0,1 17,1 5,9 8,4 Material de construção -3,4 5,2 3,0 -12,5 -12,8 -4,1 -9,8 3,0 Fonte: IBGE (*) Série com ajuste sazonal Indicador mês/mês: variação em relação ao mês anterior. Indicador mensal: variação em relação ao mesmo período do ano anterior.
  • 16. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 15 fevereiro atribuído basicamente à o mais afetado pela crise, vêm se restrição do crédito ocorrida nos recuperando lentamente mas ainda últimos meses. Espera-se que haja apresenta variação negativa de uma recuperação desse segmento, 9,8% no trimestre em relação ao pois os números apresentados pelo mesmo período do ano anterior. Tal Banco Central em 23 de abril desempenho resulta também das reforçam a avaliação de que o restrições de crédito, bem como das crédito para as pessoas físicas está expectativas do consumidor quanto voltando à normalidade, assim a manutenção do emprego. como à pessoa jurídica, só que de As vendas do comércio varejista do maneira diferenciada. Espírito Santo acompanharam a O comércio varejista ampliado, que tendência nacional, o indicador acompanha as vendas de veículos e mensal que compara o mês de de material de construção no varejo março com o mesmo mês do ano e no atacado apresentou um anterior, teve a maior queda de - crescimento de 5,9%, em relação 7,8% entre os estados brasileiros, ao trimestre do ano anterior. Esse tendo uma queda de -2,9% no resultado foi devido à retomada das trimestre na variação mensal, vendas de automóveis provocadas sinalizando que os efeitos da crise pela redução de IPI e promoções econômica começam a repercutir no das montadoras depois de uma comportamento do consumidor com queda de 20,4% em outubro, se mais intensidade, em alguns recuperando no mês de março com segmentos. As vendas de uma alta de 17,1% na variação medicamentos, materiais de mensal. Apresentando também um i n f o r m á t i c a , m ó v e i s , dos motivos da recuperação do eletrodomésticos e veículos s e t o r d e c o m b u s t í v e i s e contribuíram para atenuar a queda. lubrificantes de 4,2% em março na Já as atividades de outros artigos de variação mensal. uso pessoal e doméstico (-29,9%), Já o setor de material de construção, as vendas de Hipermercados, Tabela 3.4 - Volume de vendas do comércio varejista e varejista ampliado segundo grupos de atividade no Espírito santo (Variação mensal). Atividades Jan Fev Mar ano 12 meses Comércio varejista 1,7 -2,4 -7,8 -2,9 5,0 Combustíveis e lubrificantes 11,9 10,8 7,2 9,9 13,1 Hiper.,supermercados, Alim, beb. fumo -1,1 -3,3 -12,7 -5,8 0,2 Super e hipermercados -1,5 -3,5 -13,0 -6,2 -0,2 Tecidos, vest.e calçados -1,1 -7,8 2,9 -1,9 9,2 Móveis e eletrodomésticos 18,1 -0,9 10,6 9,5 21,7 Art farm, med., ortop. e perfumaria 18,0 22,3 9,6 16,3 22,6 Eq. e mat. escrit inform. comunic. -3,7 11,8 23,2 10,5 34,3 Livros, jornais, rev. e papelaria 21,2 -12,1 -9,8 1,1 8,6 Outros arts. uso pessoal e doméstico -21,6 -20,8 -29,9 -24,4 -3,8 Comércio varejista ampliado 3,8 -1,1 4,5 2,5 12,3 Veículos, motos partes e peças 9,0 2,1 19,5 10,6 23,1 Material de construção -23,2 -21,6 -4,5 -16,9 -4,0 Fonte: IBGE
  • 17. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 16 supermercados, produtos resultados contribuindo juntamente alimentícios, bebidas e fumo (- com os resultados de jan. e fev. as 12,7%), Livros, jornais, revistas e va r i a ç õ e s n e g a t i va s d e s s e s papelaria (-9,8%) e material de respectivos setores na variação construção (-4,5).registraram mensal do trimestre. resultados negativos. Tais 4. EMPREGO E SALÁRIOS O agravamento da situação Chipre (5,4%). e c o n ô m i c a n o p r i m e i r o No Brasil, a situação não é distinta e quadrimestre de 2009 tem já vem sendo admitida mais provocado efeitos diretos sobre a claramente pelo governo. Ao esfera produtiva, afetando mesmo tempo, existem análises diretamente as variáveis do que sugerem que as mudanças mercado de trabalho dos países estruturais ocorridas na economia desenvolvidos e subdesenvolvidos. brasileira nos últimos dez anos – Nos Estados Unidos, por exemplo, a aumento da competitividade, taxa de desemprego manteve ritmo regime cambial mais favorável e o de aumento já que passou de 8,9%, aumento da formalidade e da em abril, para 9,4%, em maio de qualificação do trabalhador, por 2009, sendo essa última a maior exemplo – preservarão o emprego e, desde julho de 1983. Como conseqüentemente, “não deve ser conseqüência, o número de esperada uma aceleração aguda na trabalhadores que recebiam taxa de desemprego como ocorrido auxílio-desemprego passou para no fim dos anos noventa” (BNDES, o 6,6 milhões, maior nível desde Visão do desenvolvimento, n 62, 1967. 18/03/09, p.2). Nos países da zona do euro, a Em 2009, tabela 4.1, as taxas de situação não é diferente. Os 16 d e s e m p r e g o v a r i a r a m países pertencentes à área tiveram positivamente tanto na pesquisa do uma taxa média de desemprego de IBGE (Instituto Brasileiro de 9,2% em abril, totalizando 14,5 Geografia e Estatística) quanto na milhões de desempregados. Já no do DIEESE (Departamento total da União Européia, para o Intersindical de Estatísticas e mesmo mês, o número de Estudos Socioeconômicos). Na PME desempregados atingiu 20,8 (Pesquisa Mensal de Emprego) do milhões de pessoas, atingindo IBGE, a variação entre os meses de 18,1% da PEA na Espanha, 17,4% janeiro a abril de 2009 foi de 0,7 na Letônia, 8,9% na França e 7,7% ponto percentual, com estabilidade na Alemanha. Por outro lado, os registrada de março para abril – países com as menores taxas foram variação de -0,1 ponto percentual. a Holanda (3%), Áustria (4,2%) e Porém, essa estabilidade é
  • 18. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 17 questionada devendo, portanto, ser os dados da PED (Pesquisas de qualificada. Em primeiro lugar, o Emprego e Desemprego) para a crescimento da PEA em abril 2009 região metropolitana de São Paulo em relação a abril 2008 foi baixo, indicam aumento de 2,5 pontos 0,6%, sendo que, a título de percentuais na taxa de desemprego comparação, entre os meses de total (aberto + oculto). Apesar de março 2009 e março 2008 essa taxa uma seqüência de aumentos no foi de 1,3%. Ao mesmo tempo, os primeiro trimestre do ano, a taxa de dados do IBGE indicam que o total desemprego total entre março e de pessoas inativas – que não abril ficou estabilizada. Em abril, ao e s t a v a m o c u p a d a s e n ã o decompor a taxa de desemprego procuraram trabalho – saiu de 17,6 t o t a l ( 1 5 % ) , n o t a m o s o milhões para 17,7 milhões entre desemprego aberto – metodologia março e abril de 2009 e a variação próxima àquela do IBGE – de 10,9% dos ocupados em abril 2009 (20,9 e o desemprego oculto de 4,1%, milhões) foi somente de 0,2% em totalizando 1,6 milhão de relação ao mesmo mês de 2008, desempregados na RMSP. Por outro lado, quando comparada com o mesmo mês de 2008, a taxa de desemprego total em abril 2009 foi de mais 0,8 ponto percentual, refletindo um c o n t i n g e n t e d e desempregados da ordem de 84 mil pessoas, segundo uma situação diferente em relação boletim do DIEESE. Quanto ao aos anos anteriores. Nesse sentido, rendimento médio real na região “se a PEA tivesse crescido ao ritmo metropolitana de São Paulo (tabela médio observado nos meses de abril 4.2), a PME/IBGE mostra queda entre 2004 e 2008 (1,5%), a taxa progressiva no quadrimestre: em de desemprego teria aumentado média 4,8% entre janeiro e abril de significativamente de março para 2009, apesar de cada mês de 2009 abril, passando a 9,6% (...) o fraco apresentar valor superior ao desempenho na abertura de vagas respectivo mês de 2008. Isso só não se traduziu num aumento do sugere que, na relação capital- desemprego porque muitas pessoas, trabalho, as variações salariais já desalentadas com os impactos da apresentam inflexão e perda do crise, saíram do mercado de poder aquisitivo da classe t r a b a l h o ” ( F S P , D i n h e i r o , trabalhadora. Esta pesquisa 22/05/2009). O mais importante também revela que a massa de são os indícios de estagnação do rendimentos real efetivo da mercado de trabalho. população ocupada, em março de Nos quatro primeiros meses do ano, 2009, manteve-se estável em Tabela 4.1– Taxa de Desemprego (%) IBGE* DIEESE** Meses 2008 2009 2008 2009 Janeiro 8,0 8,2 13,6 12,5 Fevereiro 8,7 8,5 13,6 13,5 Março 8,6 9,0 14,3 14,9 Abril 8,5 8,9 14,2 15,0 *Média da seis maiores regiões metropolitanas do país **Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED
  • 19. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 18 2009, manteve-se estável em demissões superiores a 145 mil relação ao mês anterior, enquanto postos de trabalho formal. Nesse, apresentou elevação de 3,9% os subsetores de Material de frente ao mesmo mês de 2008. A Transporte e Calçados tiveram o PED/DIEESE, por sua vez, mostra maior número de vagas destruídas. estabilidade do rendimento médio, Percebe-se, então, que o emprego no primeiro bimestre de 2009, alem formal na indústria está sentindo de patamares superiores em 2009 mais fortemente os efeitos diretos face ao ano anterior. A massa da crise econômica, o que pode ser salarial, entretanto, diminuiu em ainda mais sentido quando termos reais em 1%, “em observamos os dados em relação ao decorrência do desempenho mesmo período de 2008, já que o negativo do nível de ocupação”, saldo quadrimestral de 2009 segundo o Dieese. Por outro lado, corresponde a somente 5,7% do entre março de 2008 e março de verificado no mesmo período do ano 2009, o rendimento médio real foi anterior. Além disso, a Indústria de negativo em 2,8%. Transformação registrou saldo negativo em 2009, contrariamente a 2008. Em função desses efeitos, o Governo Federal decidiu ampliar o número de parcelas d o s e g u r o d e s e m p r e g o c o n c e d i d o a t r a b a l h a d o r e s Na ocupação formal no país, demitidos em dezembro de 2008 ou observamos que o saldo total no em janeiro de 2009. Esta medida é primeiro quadrimestre de 2009 foi restrita a alguns setores da de 48.454 postos de trabalho, economia e está em estudo à explicado principalmente em função ampliação no número de parcelas da maior variação positiva no mês extras (atualmente são duas). Por de abril (106.205). Os dois outro lado, os melhores resultados principais setores responsáveis por e n t r e f e v e r e i r o e a b r i l essa variação foram o da surpreenderam muitos analistas, Construção Civil (43.677) e o de tendo os setores de Serviços e Serviços (168.529). Os setores da Agropecuária dentre os principais Indústria da Transformação, responsáveis por essas variações Comércio e Extrativa Mineral, positivas. Resta, no entanto, registraram saldos negativos, com observar como se comportarão as destaque para o primeiro que, variáveis nos próximos meses para apesar de obter o primeiro saldo identificar se esses aumentos serão positivo no ano, registrou sustentáveis no longo-prazo. Tabela 4.2- Rendimento médio Real - em R$ e variação percentual em relação ao mesmo mês do ano anterior IBGE* DIEESE Meses 2008 2009 (%) 2008 2009 (%) Janeiro 1425,73 1526,46 7,06 1224,14 1243,92 1,61 Fevereiro 1439,05 1498,07 4,10 1229,63 1249,45 1,61 Março 1411,43 1482,56 5,04 1275,54 1238,00 -2,8 Abril 1409,98 1454,10 3,13 ** ** ** *Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) **Resultados não disponíveis quando da redação deste boletim Deflator: IPCA. Mês: Dezembro de 2008 = 100 Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED
  • 20. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 19 Observando o saldo dos empregos Espírito Santo acompanhou a formais por região (tabela 4.4), tendência nacional de declínio no percebemos que as regiões menos nível de emprego em diversos afetadas foram o Sudeste e Centro- setores e, por outro lado, de Oeste, enquanto as regiões mais recuperação em abril. A partir dos periféricas no processo de dados da tabela 4.5, fica nítido que acumulação capitalista, como Norte a mais expressiva diminuição e Nordeste, foram as mais atingidas ocorreu no setor de Comércio com pela crise no mercado de trabalho expressivos saldos negativos entre formal, com destaque para essa admitidos e desligados, seguido de última região com o expressivo outras atividades como Extrativa saldo negativo de 105.845 postos M i n e r a l , C o n s t r u ç ã o C i v i l de trabalho formal. Os setores da (sobretudo em fevereiro) e atividade econômica mais afetados Administração Pública. Por outro na região nordeste foram a lado, a atividade de Serviços foi a Indústria de transformação e a que mais contribuiu para manter os Agropecuária. saldos positivos, mantendo uma Espírito Santo certa estabilidade ao longo dos No primeiro trimestre de 2009, o meses. Tabela 4.3- Saldo entre empregados e desempregados no Brasil por setor da atividade econômica Atividade Econômica Janeiro Fevereiro Março Abril 2009 Extrativa mineral -459 -705 40 -582 -1.706 Ind. Transformação -55.130 -56.456 -35.775 183 -147.178 Serv. Ind. Util. Pública 713 807 468 574 2.562 Construção civil 11.324 2.842 16.123 13.388 43.677 Comércio -50.781 -10.275 -9.697 5.647 -65.106 Serviços 2.452 57.518 49.280 59.279 168.529 Adm. Pública 2.234 14.491 7.141 5.032 28.898 Agropecuária -12.201 957 7.238 22.684 18.778 Total -101.748 9.179 34.818 106.205 48.454 Fonte: CAGED Tabela 4.4- Saldo entre empregados e desempregados no Brasil por região 1º quadrimestre 2009 Atividade Econômica Norte Nordeste Sudeste Sul C. Oeste Total Extrativa mineral -111 -626 -291 -579 -99 -1.706 Ind. Transformação -15.158 -89.291 -56.873 -4.228 18.372 -147.178 Serv. Ind. Util. Públ. 310 649 1.621 277 -295 2.562 Construção civil -4.499 2.805 33.226 5.972 6.173 43.677 Comércio -3.182 -9.488 -47.489 -1.880 -3.067 -65.106 Serviços 1.486 16.340 90.143 37.459 23.101 168.529 Adm. Pública 688 282 20.098 7.594 236 28.898 Agropecuária -281 -26.516 27.314 2.088 16.173 18.778 Total -20.747 -105.845 67.749 46.703 60.594 48.454 Fonte: CAGED
  • 21. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 20 Vale ressaltar que a melhora nos trabalhador, que atenuaram, por últimos meses, representada pelo c o n s e g u i n t e , o s í n d i c e s aumento de 1.143 postos de evidenciados pela pesquisa mensal trabalho entre janeiro e abril de de emprego, pelo menos até o 2009, não é tão expressiva se presente momento. Entretanto, comparada ao mesmo período de demissões já foram constatadas como é o caso da Aracruz q u e d e m i t i u 1 0 0 trabalhadores. Outro setor que destoou foi o d e S e r v i ç o s j á q u e a p r e s e n t o u va r i a ç õ e s p o s i t i va s c o n s t a n t e s , acompanhando a tendência nacional dessa atividade. Resta observar se tal a t i v i d a d e e c o n ô m i c a manterá essa variação, 2008, quando o total foi de 18.845 mesmo porque já vem dando sinais postos de trabalho. Por isso, de certa diminuição no saldo podemos falar em influência positivo ao longo dos últimos meses. negativa direta da atividade A atividade Agropecuária melhorou econômica em 2009, mesmo expressivamente seu saldo, mantendo uma variação positiva ao totalizando 3.278 postos de final da série mensal. trabalho devido ao fim da Tal quadro de desaceleração entressafra, resultando na geração econômica, por conseguinte, reflete de milhares de empregos diretos e diretamente as diversas demissões indiretos no setor. em outros setores ativos da A tabela 4.6 mostra a variação do economia capixaba, como a pessoal ocupado por gênero de indústria extrativa mineral, um dos atividade econômica. Observa-se setores mais abalados pela crise uma redução percentual, no global em vista da queda da acumulado dos últimos 12 meses, demanda externa por recursos em praticamente todas as naturais, como o minério de ferro, atividades econômicas, deixando os que representa uma parcela setores de Máquinas, aparelhos e considerável do PIB capixaba. Em materiais elétricos (-25,42%) e contrapartida, deve-se ressaltar Veículos automotores (-15,96%), que já no primeiro trimestre de Produtos Têxteis (12,71%) e 2009 houve consideráveis acordos Móveis e Indústrias Diversas sindicais, sendo os mais evidentes ( 1 1 , 4 5 % ) c o m o o s m a i s no cenário trabalhista capixaba os expressivos em meio a essa acordos da Vale e da Samarco que redução. No total dos últimos 12 se pautaram na redução salarial e meses, a variação foi negativa em afastamento temporário do 2,2%. Dentre os setores que Tabela 4.5 Saldo entre admitidos e desligados no Espírito Santo Atividade econômica Fev/09 Mar/09 Abr/09 Extrativa Mineral -5 -85 -70 Ind.transformação -413 -204 454 Ser. Ind. Util. Pub. 106 -97 94 Construção Civil -600 594 318 Comércio -880 -991 -433 Serviços 1276 1521 1102 Administração Pública 414 -18 6 Agropecuária -268 -231 3278 Total -370 489 4749 Fonte: CAGED
  • 22. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 21 No primeiro trimestre de 2009 a de Metas de Inflação, na medida em política monetária implementada q u e o s i n d i c a d o r e s pelo Banco Central foi marcada macroeconômicos indicaram forte pelas quedas sucessivas na taxa desaceleração da economia básica de juros, Selic, atingindo na brasileira. Os índices de inflação última reunião, no dia 10 de junho, desaceleraram, as vendas no o menor patamar desde a criação do comércio reduziram, assim como o COPOM em 1996, qual seja, 9,25% nível de utilização da capacidade ao ano. A decisão por reduzir a taxa instalada (NUCI) da indústria e a básica de juros atende ao Sistema taxa de câmbio. Este cenário dá apresentaram variação positiva, total de 7.653 trabalhadores, destacam-se a atividade econômica seguindo a tendência estadual e Coque, refino de petróleo e álcool nacional. Já em relação ao saldo (21,71%) e Couro e Calçados entre trabalhadores admitidos e (14,49%). desligados, a Indústria de Ao desmembrar os dados para a transformação é a que apresentou região metropolitana de Vitória, maior variação, visto que a mesma excetuando Fundão, constatou-se apresentou um total de -376 postos que o setor que mais promoveu de trabalho. admissões foi o de Serviços com um Tabela 4.6 Variação mensal do pessoal ocupado por gênero de atividade no Espírito Santo (%) Atividades Econômicas Fev/ Mar09 No ano 12 meses Indústrias Extrativas 0,51 -0,19 6,7 Alimentos e bebidas -0,26 -4,23 -0,09 Produtos têxteis 1,46 1,04 -12,71 Vestuário e acessórios 2,09 4,25 -2,98 Couros e calçados 8,51 13,09 14,49 Celulose e papel -5,96 -7,03 -3,83 Edição e impressão -1,31 -2,23 3,83 Coque, refino petróleo, álcool -2,2 -6,57 21,71 Produtos químicos -0,51 -5,79 -13 Artigos de borracha e plástico -1,03 -4,84 -3,17 Minerais não-metálicos -0,11 1,03 -4,18 Metalurgia básica -0,61 -4,33 -1,77 Prod. metálicos - excl. máq. -4,2 -1,76 -0,61 Máq., apar. e mat. Elétricos -5,46 -11,38 -25,42 Veículos automotores -5,5 -11,91 -15,96 Móveis e indústrias diversas 1,6 -2,95 -11,45 Eletricidade e gás -1,18 -0,07 -1,11 Captação, tratam. distr. Água 0,69 3,66 7,44 Construção 1,54 1,36 -1,46 Total da indústria 64 0,13 - - 2,2 Fonte: IEL ES 5. POLÍTICA MONETÁRIA
  • 23. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 22 margem para a flexibilização pela crise financeira, seja em maior monetária, pois, segundo o COPOM, ou menor grau. O fato curioso é que não há pressões inflacionárias que o Brasil, não somente tem margem impeçam atingir a meta estipulada para redução da taxa básica, mas pelo Conselho Monetário Nacional também com ampla possibilidade de 4,5% de inflação para 2009. de injetar liquidez no sistema via Esta redução recorrente que fez redução do compulsório, adotou com que o Brasil saísse do primeiro uma postura cautelosa em excesso lugar no ranking dos países com frente às necessidades de incentivo taxas de juros reais mais elevadas da economia real, vide os sinais do mundo, com 5,8%, atrás da evidentes de queda do PIB do China (6,6%) e da Hungria (6,4%) último trimestre do ano de 2008 e m a b r i l . E n t r e t a n t o , o mesmo antes da divulgação da conservadorismo excessivo queda de 3,6% no último trimestre praticado na operacionalização da de 2008. Mais um exemplo política monetária fez com que o contundente do impacto da crise na Brasil desse uma resposta atrasada produção veio com a divulgação frente ao cenário de crise, em pelo OCDE da queda do PIB de seus relação aos demais países afetados países membros em 2,1% no *Dados preliminares Fonte: BCB. Notas para a imprensa. primeiro trimestre desse ano, maior economia brasileira começa a se retração desde a década de 1960. deparar com problemas em um Por tudo isso, espera-se que novos cenário de taxas de juros de um cortes na taxa Selic venham a ser dígito. Trata-se de um nó górdio a realizados pelo COPOM. Contudo, a ser desatado para toda uma parcela
  • 24. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 23 da economia brasileira que por públicos – isto com a criação de uma muitos anos viveu à custa de taxa específica para gestão da ganhos proporcionados pela dívida - sendo voltada somente para transferência de recursos públicos a execução da política monetária via superávit primário para assim como em outros países. pagamento dos juros da dívida As mudanças também afetam os pública. agentes privados. Empresas A poupança, primeiro alvo de começam a ter dificuldades de mudanças por parte do governo, é composição de caixa, uma vez que apenas um dos gargalos a ser uma parcela considerável de seus evidenciado pelas vicissitudes da ganhos provinham de aplicações política monetária nacional. Da financeiras. Agora, além da mesma forma, a taxa de juros de diminuição deste ganho fácil, elas longo prazo (TJLP) deverá sofrer não conseguem crédito por taxas mudanças, mecanismo exótico menores. criado no período de Selic As taxas de juros na ponta do estratosférica para compensar a mercado não têm se reduzido como necessidade das empresas a deveria apesar da queda da taxa captarem empréstimos com taxas Selic, pois o spread – diferença subsidiadas por meio de recursos entre as taxas de captação e de do BNDES. Também os fundos de empréstimo realizado pelos bancos pensões e de renda fixa deverão para cobrirem seus custos, perdas partir para operações de maior risco c o m i n a d i m p l ê n c i a e , s e q u i s e r e m r e n d i m e n t o s principalmente, seus lucros – não semelhantes, e poderão ter tem diminuído. Aqui, fica evidente problemas no futuro próximo uma um erro na avaliação de que a vez que se comprometeram com abertura do mercado bancário e l e v a d o s r e t o r n o s p a r a brasileiro, no início da década de aposentadoria, por exemplo. 1990, não promoveu redução das A queda traz impactos positivos em taxas de juros via aumento da termos de economia para o tesouro competitividade no setor, como nacional. Estudo do IPEA indica que esperado. Ao invés disso, os bancos se a Selic chegasse a 7% a.a., o estrangeiros entraram comprando governo poderia economizar R$ nacionais, intensificando a 43,0 bilhões em 2009. Todavia, a concentração bancária, e se preocupação do governo reside na acomodaram convenientemente rolagem da dívida. Atualmente, nos níveis das taxas vigentes. Por cerca de 40% da dívida pública é tudo isso, o mercado bancário detida por fundos de investimento, brasileiro é hoje um dos mais que podem migrar para a o rentáveis e concentrados do mundo. mercado de ações em busca de E é aqui que reside a contradição: maior remuneração. É provável, ciente do elevado spread, o governo portanto, que a taxa básica de juros passou a utilizar os bancos públicos Selic seja desvinculada dos títulos para forçar a queda na ponta do
  • 25. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 24 mercado. O governo passa a forçar anterior, o que significa aumento o funcionamento mais “eficiente” do em 16,8% nos doze meses. Embora mercado. Embora tenha havido o aumento pareça expressivo, iniciativas como a mudança na analisando a média dos saldos nos presidência do Banco do Brasil, é dias úteis a expansão em 12 meses possível observar que, até agora, fora de apenas 0,8%, patamar não houve queda significativa do muito inferior aos 18,6% do mesmo spread no sistema financeiro em período de 2008. geral. Dentre os fatores condicionantes da Meios de pagamento e fatores b a s e m o n e t á r i a q u e m a i s c o n d i c i o n a n t e s d a b a s e contribuíram para o resultado de monetária abril estão as operações com títulos A base monetária nos primeiros três públicos federais, graças a resgates meses do ano estável, com leve líquidos feitos pelo Banco Central, aumento da variação percentual em no montante de R$15,5 bilhões e 12 meses. Em abril, há uma contribuiu para reduzir o estoque da expansão mais expressiva, ficando dívida pública federal. R$ 9,7 bilhões acima do mês Também houve, a partir de fevereiro, Tabela 5.1 – Base monetária, componentes e meios de pagamentos Saldo em final de período (R$ milhões) e variação em 12 meses Componentes Jan/09 Fev/09 Mar/09 Abr/09 R$ % R$ % R$ % R$ % Base monetária 137 538 5,3 136 268 7,9 135 056 4,8 144 763 16,8 Papel moeda emitido 103 359 11,2 103 125 14,7 99 304 11,0 101 682 13,1 Reservas bancárias 34 179 -9,3 33 143 -8,9 35 752 -9,3 43 081 23,8 Meios de pagamentos (M1) 209 096 4,8 198 902 6,2 194 366 4,8 196 088 4,9 Moeda em poder do público 86 882 13,3 84 068 14,6 82 024 12,6 82 171 12,5 Depósitos à vista 122 214 -0,5 114 834 0,8 112 342 -0,3 113 914 0,1 Fonte: BCB. Notas para a imprensa. uma retomada da expansão de que a taxa de câmbio irá monetária resultante de operações diminuir). do setor externo, o que não ocorria Da mesma forma que a base desde setembro do ano passado. m o n e t á r i a , o s m e i o s d e Trata-se de um parcial retorno de p a g a m e n t o s ( M 1 ) t a m b é m capitais de curto prazo ao país, uma sofreram expansão tímida no início melhora das transações correntes e, de 2009, fechando abril com majoritariamente, movimentos expansão de 4,9%, dos quais especulativos em favor da 12,5% em moeda em poder do valorização do real – o que pode ser público e 0,1% em depósitos à constatado com a rápida diminuição vista; no mesmo período do ano na posição comprada dos bancos no passado, a variação acumulada em início desse ano (quanto menor a 12 meses foi de 17,7%, 19,0% e posição comprada, maior a aposta 16,8%, respectivamente. Com o
  • 26. Tabela 5.2 – Fatores condicionantes da Base Monetária Fluxos acumulados no mês (R$ milhões) e em 12 meses Discriminação Jan/09 Fev/09 Mar/09 Abr/09 Operações do Tesouro Nacional 9 987 -6 919 -7 306 -10 219 Operações com títulos públicos federais -16 355 3 527 3 963 19 209 Operações do setor externo -3 049 1 277 1 978 2 323 Redesconto do Banco Central -0 -0 -0 1 Depósitos de instituições financeiras 890 163 397 -300 Operações com derivativos – ajustes -1 702 415 -424 -1 391 Outras contas 218 267 180 83 VARIAÇÃO DA BASE MONETÁRIA -10 012 -1 270 -1 212 9 706 Fonte: BCB. Notas para a imprensa. resultado de abril, o multiplicador os reflexos da crise financeira na monetário foi de 1,48, ligeiramente economia real. As operações de inferior aos 1,50 de dezembro de crédito apresentam indicadores 2008. globais positivos, frente ao cenário Os meios de pagamento ampliados desolador apresentado pelas M2, M3 e M4, contaram com economias mais ricas, porém que elevações no início do ano bem mascaram o real estado do superiores às variações da base mercado creditício brasileiro. monetária e de M1, como já foi No geral, os indicadores de crédito observado em boletins anteriores. apontam um tênue crescimento das Em 12 meses, as variações foram operações de crédito, com uma de 31,0%, 15,9% e 15,2% tendência a estagnação do volume respectivamente para os três o f e r t a d o a t u a l m e n t e . A s indicadores. modalidades de crédito que Operações de crédito apontavam crescimentos robustos As operações de crédito no sistema ao longo de 2008, como leasing, financeiro nacional, no primeiro cartão de crédito, crédito industrial quadrimestre de 2009, evidenciam e c r é d i t o h a b i t a c i o n a l j á Tabela 5.3 – Meios de pagamentos (M4) – Saldos (R$ milhões) Discriminação Jan Fev Mar Abr M2 1 055 772 1 061 117 1 058 030 1 063 987 Depósitos para investimentos 2 844 2 847 2 793 3 036 Depósitos de poupança 272 534 274 888 275 531 275 755 Títulos privados 582 879 588 129 586 756 588 874 M3 1 903 957 1 917 118 1 928 524 1 955 721 Quotas de fundos de renda fixa 783 426 794 792 802 947 815 396 Op. compromissadas com tít. federais 64 759 61 209 67 547 76 338 M4 2 231 891 2 248 204 2 270 526 2 291 876 Títulos federais (SELIC) 327 933 331 086 342 002 336 155 Títulos estaduais e municipais 0 0 0 0 Fonte: BCB. Notas para a imprensa. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 25
  • 27. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 26 a p r e s e n t a m u m a q u e d a com maiores dificuldades. O considerável de suas taxas de orçamento do BNDES para capital crescimento. Um fato a ser de curto prazo estava projetado em destacado é a ampliação da R$ 6 bilhões. Nos cinco primeiros participação dos bancos públicos no meses a demanda por esta estoque de crédito da economia no modalidade chegou ao valor de R$ primeiro quadrimestre de 2009. 6,685 bilhões. Alguns setores com Neste período, 80% aumento global uma cadeia industrial considerável do estoque de crédito se deu com o estão com sérios problemas. Só o aumento da participação de bancos setor de frigorífico, afetado pela públicos. Apesar do estoque de retração da demanda externa empréstimos em abril de 2009, solicitou R$ 1,473 bilhão ao BNDES frente abril de 2008, ter aumentado com expectativa de maiores 22%, o que demonstra o potencial necessidades futuras. Outros de expansão do crédito, o setores enfrentam problemas crescimento da oferta de crédito devido as grandes perdas nas observado, somente em 2009, operações com derivativos cambiais, sustenta a expectativa do mercado utilizados para minimizar o impacto financeiro de uma ligeira expansão da forte valorização do real frente do crédito este ano por volta de 3%, ao dólar, antes da débâcle do ultimo menor que a inflação prevista para o trimestre de 2008. período. No final de março o governo Uma das maiores preocupações do anunciou a criação de um sistema Governo Federal é para com as de garantias para aumentar os pequenas e médias empresas que recursos para bancos pequenos e passaram a ter problemas com médios, os mais afetados pela obtenção de capital de giro com o redução de liquidez sistêmica. O esvair do crédito de curto prazo do Fundo Garantidor de Crédito mercado internacional e nacional. passará a garantir um novo tipo de Além das empresas perderem certificado de depósito bancário receita financeira com a redução (CDB). O valor total a ser garantido das aplicações atreladas à Selic, os será de R$ 20 milhões. Para ter a bancos privados reduziram a oferta garantia, o banco que aderir ao de recursos desta modalidade no programa terá de contribuir ao FGC mercado. Tanto que o destaque, em com o valor equivalente a 0,083% abril, do aumento da inadimplência a.m, o que acarreta uma taxa de do crédito ficou com as empresas, 1% a.a. A adesão ao programa é que passou de 2,6% para 2,9% voluntária. A expectativa do entre março e abril. O Governo, governo é que este CDB estimule o através do Banco Nacional de aumento o fluxo de crédito em pelo Desenvolvimento Econômico e menos R$ 40 bilhões na cessão de Social (BNDES) passou a oferecer recursos. O valor total pode chegar um maior volume de crédito de a R$ 170 bilhões, se uma parcela curto de prazo, principalmente, representativa do setor bancário, para capital de giro das empresas incluindo os médios e grandes,
  • 28. Tabela 5.4 - Operações de Crédito do Sistema Financeiro Saldo por Atividade Econômica (R$ milhões) Setor público Setor privado Meses Gov Federal Estados munic Total Indústria Habitação Rural Comércio Pessoas físicas Outros serviços Total Total Geral Jan/09 9 549 18 108 27 658 294 021 64 372 106 397 122 699 394 472 219 673 1 201 634 1 229 292 Fev/09 9 556 18 275 27 831 298 826 66 072 106 415 118 816 399 092 211 963 1 201 185 1 229 016 Mar/09 9 428 18 626 28 053 300 053 67 813 110 570 119 574 402 031 214 791 1 214 833 1 242 886 Abr/09 9 494 18 821 28 314 299 220 69 584 110 703 119 378 406 433 214 841 1 220 159 1 248 474 Faixa de Risco (Abril 2009) AA+A 99,92 62,20 74,85 68,83 46,34 56,18 56,46 65,61 64,96 63,44 63,69 B até G 0,07 36,42 24,23 29,99 48,98 39,57 40,32 28,87 33,24 33,15 32,95 H 0,01 1,37 0,91 1,18 4,68 4,25 3,22 5,52 1,80 3,41 3,36 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: BCB. Notas para a imprensa. participar da modalidade. A medida foi de 1,7%, o que índica uma forte vale a partir de 1º de abril. A cada retração do crescimento do crédito. mês, o limite para novas captações A indústria apresenta uma com garantia será corrigido pela expansão do crédito de 26% em taxa Selic. doze meses, saindo de R$ 98,1 bilhões em abril de 2008 para R$No dia 13 de maio, o Governo 126,4 bilhões em abril de 2009.anunciou a criação de um fundo Porém, a expansão do créditopróprio para garantir crédito para as industrial em 2009 foi de 4,2%,pequenas e médias empresas no devido principalmente aostotal de R$ 4 bilhões de reais, estímulos específicos para algunsgrande parte garantido pelo Tesouro. setores da indústria mais afetadosA empresa e o banco, cada um, pela crise e que sinalizamcontribuíram com uma taxa seguro recuperação; na medida em quede 0,5%, totalizando uma taxa de dão vazão aos estoques e1% que arrecadará recursos para possibilitam a expansão dagarantir empréstimos. O Governo produção industrial em um segundoestima que esta medida possibilite momento, isto se a demanda seum fluxo de recursos em torno de sustentar seguidamente. UmR$ 40 bilhões de reais em número positivo foi o aumento daempréstimos que em média teriam relação entre o volume dasoito pontos percentuais abaixo do operações de crédito e o PIBque spread médio cobrado nesta alcançando 42,6% em abril de 2009.modalidade no mercado, devido à garantia da transação. O custo do crédito continua muito elevado. Apesar das recorrentesImportantes indicadores reforçam baixas da taxa Selic o spread médionossas colocações. Apesar de o praticado pelos bancos apontoucrédito global disponibilizado no uma reversão a alta, para umasistema financeiro ter chegado, em trajetória de baixa, à persistir asabril de 2009, a cifra de R$ 1,248 ações do Governo através dostrilhão de reais, alta de 22,6% em bancos públicos para pressionar a12 meses, esta expansão mostra baixa dos Spreads no mercado.sinais claros de contenção. Temos Neste ano o Spread para pessoaque a expansão neste quadrimestre Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 27
  • 29. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 28 jurídica mostra uma redução de inflacionárias sistemáticas em um 18,8% em janeiro para 18,3% em cenário de curto e médio prazo abril. O Spread praticado para (principalmente devido ao pessoa física apontou uma redução, desaquecimento da economia para o mesmo período, de 43,5% mundial) como reconhece o COPOM para 38,5% em abril, redução de em suas atas. cinco pontos percentuais. A módica Neste sentido, é premente que o resposta do mercado bancário Banco Central reconheça a evidencia os malefícios da possibilidade, senão necessidade, concentração do setor, que se de reduções mais robustas da Selic d e s e n v o l v e u a p a r t i r d a nas próximas reuniões, além do implementação do plano real e o CMN atuar de maneira mais fracasso na estratégia de abertura audaciosa no âmbito institucional do setor para entrada do capital forçando uma redução dos estrangeiro, com a promessa de escandalosos Spreads praticados, e trazer maior competição e redução liberação dos recursos retidos, do custo do crédito no mercado majoritariamente, pelos grandes interno. bancos. Medidas neste sentido O cenário dos próximos meses podem facilitar a recuperação mais aponta maiores desafios na gestão ágil e robusta da economia da política monetária, na medida brasileira; a política monetária é um em que as ações futuras se tornam potente instrumento que pode ser complexas com a taxa básica mais utilizado de forma mais corajosa e próxima da realidade da imensa perspicaz para auxiliar no esforço de maioria dos países. Nestes dez anos redução do esforço fiscal para rolar da adoção do Regime de Metas de a dívida pública, como para deslocar Inflação o Banco Central tem-se o centro de acumulação de seio pautado por uma condução e m i n e n t e m e n t e r e n t i s t a - ortodoxa na política monetária especulador para setores da voltada exclusivamente para atingir economia real, que geram o centro da meta do regime, hoje empregos e crescimento não estipulada pelo CMN em 4,5% fictícios. (IPCA). Talvez seja o momento de rever a meta, reconhecidamente alta, pois não se observa pressões 6. POLÍTICA FISCAL Diante do cenário de crise e seus principal estratégia de investimento impactos na economia brasileira, as público do governo Lula e carro- contas fiscais começam a sofrer chefe contra os efeitos negativos da mudanças drásticas no primeiro crise mundial na economia, não trimestre de 2009. O Programa de consegue deslanchar. Segundo a Aceleração do Crescimento (PAC), contabilização realizada pela ONG
  • 30. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 29 Contas Abertas, o PAC apresentou, possíveis irregularidades. entre 2007/2008, apenas 3% de Os sinais negativos da crise já suas obras concluídas. Além disso, aparecem claramente nos dados 74% dos projetos apresentados fiscais. O primeiro trimestre do ano sequer saíram do papel. Isso pode de 2009 mostrou que houve uma ser observado no Espírito Santo, queda brusca do superávit primário onde apenas 23%, dos R$ 420 em relação ao acumulado do milhões previstos, foram gastos. mesmo período de 2008. Avaliado Por outro lado, a área de pela Secretaria do Tesouro Nacional p l a n e j a m e n t o d o g o v e r n o segundo o critério acima da linha, o encaminhou, em abril corrente, superávit primário acumulado pelo uma proposta ao Congresso Governo Central em 2009 equivaleu Nacional de redução da meta de a R$ 9,3 bilhões, 1,35% do PIB, superávit primário, prevista pela Lei contra R$ 31,2 bilhões e 4,69% do de Diretrizes Orçamentárias (LDO) PIB em 2008. Isso foi consequência de 2009. A redução da meta de da redução da receita líquida total e superávit primário, de 3,8% para do concomitante aumento da 2,5% do PIB, tem como objetivo despesa total do governo. absorver parte da provável redução A expressiva queda do resultado de receitas que deve ocorrer em primário do Governo Central deveu- função dos níveis de crescimento se ao fato do Tesouro Nacional bem abaixo do previsto, bem como reduzir em 48% seu superávit, de liberar recursos para investimentos R$ 41 bilhões para R$ 21,5 bilhões. visando conter os efeitos da crise Também se deveu ao aumento de econômica. A decisão de cortar a 24% do déficit com a Previdência meta será acompanhada de maior Social, que passou de R$ 9,8 bilhões prioridade aos investimentos do para R$ 12,1 bilhões. PAC e da manutenção dos As receitas do Governo Central programas sociais realizados pelo apresentaram uma redução governo. nominal de aproximadamente 1,9% Já no projeto de Lei de Diretrizes no primeiro trimestre de 2009. Essa Orçamentárias (LDO) de 2010, queda só não foi maior porque a t a m b é m e m d i s c u s s ã o n o retração de 5,5% nas receitas do Congresso Nacional, está prevista Tesouro foram compensadas pelo uma meta de superávit primário de aumento entre 12% e 13% das 3,3% do PIB. Visando atuar junto a receitas da Previdência Social e do um dos aspectos que explica a Banco Central. morosidade das obras do PAC tal A receita do Tesouro Nacional p r o j e t o t a m b é m p r o p õ e totalizou R$ 35 bilhões em fevereiro mecanismos limitadores ao poder de 2009 contra R$ 50,1 bilhões do Tribunal de Contas da União de verificados em janeiro de 2009 paralizar as obras do governo. ( q u e d a d e 3 1 % ) . E s t e A t u a l m e n t e a s o b ra s s ã o comportamento é explicado pela paralizadas sem prazo para retorno diminuição de R$ 10,1 bilhões nas e sem punição dos envolvidos em receitas de impostos federais, de R$
  • 31. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 30 Tabela 6.1 - Resultado Primário do Governo Central (R$ milhões) Discriminação mar/08 jan-mar/08 jan/09 fev/09 mar/09 jan-mar/09 RECEITA TOTAL 55.681,6 170.366,7 62.843,4 48.344,8 55.907,0 167.095,2 Receitas do Tesouro 43.408,4 134.700,4 50.690,2 35.003,7 41.539,8 127.233,7 Receitas da Previdência Social 12.134,0 35.268,4 12.031,8 13.169,2 14.209,6 39.410,6 Receitas do Banco Central 139,2 397,9 121,4 171,9 157,6 450,9 TRANSF. ESTADOS E MUNICÍPIOS 9.891,9 31.459,6 10.457,2 10.934,3 8.174,7 29.566,3 RECEITA LÍQUIDA TOTAL (I-II) 45.789,8 138.907,1 52.386,2 37.410,5 47.732,3 137.528,9 DESPESA TOTAL 35.182,9 107.720,4 48.410,5 38.526,5 41.261,4 128.198,3 Pessoal e Encargos Sociais 9.031,8 31.109,1 16.495,0 11.181,5 11.145,3 38.821,8 Benefícios Previdenciários 14.769,9 45.020,5 18.369,5 15.756,4 17.340,3 51.466,2 Custeio e Capital 11.128,2 30.930,0 13.346,7 11.336,5 12.412,5 37.095,7 Transf. Tesouro ao Banco Central 81,9 173,6 54,2 107,8 92,0 254,0 Despesas do Banco Central 171,1 487,2 145,0 144,3 271,4 560,7 RESULT. PRI MÁRIO GOV. CENTRAL 10.606,9 31.186,7 3.975,7 -1.116,0 6.470,9 9.330,6 Tesouro Nacional 13.274,6 41.028,1 10.337,1 1.443,6 9.715,3 21.496,0 Previdência Social (RGPS) -2.635,9 -9.752,2 -6.337,7 -2.587,2 -3.130,6 -12.055,6 Banco Central -31,8 -89,2 -23,6 27,6 -113,8 -109,8 RESULTADO PRIMÁRIO/ PIB(%) 4,69 1,35 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional 4,5 bilhões nas contribuições e de ingressos líquidos do mês anterior. A R$ 979,2 milhões nas demais principal razão foi o aumento das receitas. A queda da receita nesse receitas arrecadadas por meio do m ê s p o d e s e r e x p l i c a d a Simples Nacional, que passaram de principalmente pela redução na R$ 748,6 milhões em fevereiro para arrecadação de Imposto de Renda R$ 1,5 bilhão em março (aumento de Pessoa Jurídica (IRPJ); e pelo 99,2%). estímulo fiscal concedido à As transferências a estados e indústria automotiva com base na municípios apresentaram, na redução da alíquota do IPI para os comparação entre o primeiro fatos geradores de janeiro a trimestre de 2009 e o de 2008, março de 2009. A queda da decréscimo de R$ 1,9 bilhão (6,0%), receita de IPI também se explica de R$ 31,5 bilhões em 2008 para R$ pela redução na produção 29,6 bilhões em 2009. Tal piora no industrial de 17,2% no 1º desempenho é explicada pela redução b i m e s t r e d e 2 0 0 9 de 5,6% nas transferências para os comparativamente a igual fundos constitucionais (FPE e FPM) – período de 2008. reflexo da menor arrecadação das Em março corrente, a receita do receitas compartilhadas (IR e IPI) em Tesouro voltou a crescer (18,7%) 2009 comparativamente a 2008 – e se comparada com fevereiro de pela queda de R$ 631,6 milhões nas 2009, mas numa retração de transferências relativas aos royalties, 4,3% no comparativo com o em função da queda dos preços mesmo mês do ano anterior. internacionais do petróleo. A arrecadação líquida da As despesas do Governo Central Previdência Social totalizou R$ apresentaram elevação de 19,0% no 14,2 bilhões em março de 2009, primeiro trimestre de 2009, representando uma elevação de comparado ao mesmo período de R$ 1,0 bilhão (7,9%) frente aos 2008. Esse aumento foi possibilitado
  • 32. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 31 pela elevação do gasto com Pessoal No caso do seguro-desemprego, e Encargos Sociais (24,8%), com explica-se tal incremento pelo Benefícios Previdenciários (14,3%) aumento de 12,0% do salário e com Custeio e Capital (19,9%), no mínimo a partir de fevereiro de 2009 acumulado do trimestre. A elevação e também pelo crescimento do das despesas com pessoal e n ú m e r o d e t r a b a l h a d o r e s encargos sociais explica-se, beneficiados em função do aumento principalmente, pelo aumento nos da suspensão do contrato de pagamentos de precatórios e trabalho. sentenças judiciais, que atingiram A análise das contas fiscais, R$ 4,6 bilhões no trimestre, considerando-se o conceito “abaixo representando um incremento de da linha” que analisa o resultado R$ 2,0 bilhões em relação ao ano de fiscal pela ótica do financiamento, 2008. Além disso, a despesa registrou um superávit primário de também foi influenciada pela R$11,6 bilhões em março de 2009, reestruturação de carreiras dos 25% menor do que o mesmo mês no servidores públicos federais. ano anterior. Adicionalmente, a No âmbito das despesas de Custeio queda do superávit primário no e Capital, as maiores variações primeiro trimestre frente a igual foram observadas nas despesas do período de 2008 superou a casa dos FAT, que aumentaram 38,2% no 5 0 % , d e n o t a n d o o f o r t e período, e nas despesas com arrefecimento da política de ajuste subsídios, subvenções econômicas fiscal do governo também segundo e reordenamento de passivo, com esse indicador. Foi o Governo decréscimo de 99,4%. Registrou-se Central quem mais reduziu, em t a m b é m u m a u m e n t o n o s termos relativos, o superávit, o qual di spêndi os com benefí ci os atingiu cerca de dois terços do assistenciais (LOAS/RMV) de 22,0% verificado em igual trimestre no ano e aumento de 22,4% nas outras passado. Mas também os Governos despesas de custeio e capital. Regionais o fizeram, reduzindo seu Tabela 6.2 - Necessidade de Financiamento do Setor Público (R$ milhões) Discriminação Mar08 Jan-Mar08 Jan09 Fev09 Mar09 Jan-mar09 Primário -15 403 -43 032 -5 188 -4 107 -11 614 -20 909 Governo central -11 039 -31 833 -4 796 - 903 -5 816 -11 515 Governos regionais -2 791 -9 957 -2 364 -3 183 -2 229 -7 776 Empresas estatais -1 573 -1 242 1 972 - 21 -3 569 -1 618 Juros nominais 11 413 39 988 14 438 10 179 14 103 38 721 Governo central 7 795 24 671 14 340 7 868 13 197 35 405 Governos regionais 3 575 16 049 434 2 410 1 768 4 612 Empresas estatais 43 - 732 - 336 - 99 - 862 -1 296 Resultado Nominal -3 990 -3 043 9 250 6 072 2 489 17 812 Governo central -3 244 -7 161 9 544 6 964 7 381 23 890 Governos regionais 785 6 092 -1 930 - 773 - 461 -3 164 Empresas estatais -1 530 -1 974 1 636 - 119 -4 431 -2 914 (+) déficit (-) superávit Fonte: BCB - Notas para a imprensa de 30.4.2009
  • 33. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 32 superávit primário em 22%. movimento de queda ao longo do Os juros nominais do Setor Público período, sendo que em março o Consolidado, apropriados pelo déficit nominal atingiu R$ 2,5 c r i t é r i o d e c o m p e t ê n c i a , bilhões. A peculiaridade fica por apresentaram em março corrente conta do superávit nominal obtido um crescimento de R$ 3,9 bilhões, pelos governos regionais, em atingindo assim o valor de R$ 14,1 função de sensível redução dos bilhões no mês. Tal resultado foi gastos com juros. As empresas devido ao maior número de dias estatais também se destacaram úteis e pelos ganhos que a pela mudança na posição, que em valorização cambial trouxe para os janeiro era deficitária e ao fim do ativos internos indexados ao dólar. período analisado foi superavitária. Deve-se destacar, todavia, que Ao longo do trimestre acumulou-se superou em 24% o gasto com juros um déficit nominal de R$ 17,8 em igual mês do ano anterior. No bilhões, contra uma situação trimestre houve redução de 0,43 superavitária de R$ 3 bilhões em p.p do PIB, se comparado ao mesmo igual período do ano anterior. Esse período do ano anterior. Resultado indicar denota de forma clara a que sofreu influência positiva das reversão da política fiscal, que de operações de swap cambial uma situação de superávit nominal ocorridas no trimestre. Um aspecto transita para outra de déficit a se destacar é a sensível redução elevado. da despesa com juros dos governos A Dívida Líquida do Setor Público regionais no trimestre: de R$ 16 Consolidado (DLSPC) apresentou, bilhões em 2008 para R$ 4,6 bilhões ao longo do período em análise, em 2009. Os governos estaduais movimento de alta, atingindo em foram os mais beneficiados, com março o valor de R$ 1.098,1 bilhões, uma redução de 74%. 37,6% do PIB. No ano houve O resultado fiscal consolidado, variação positiva na relação indicador oficial do déficit público no DLSP/PIB de 1,6 p.p. Dentre os país e que inclui a necessidade de f a t o r e s q u e i n f l u e n c i a ra m financiamento primária e as negativamente tal resultado despesas com juros, apresentou um destaca-se, a elevação dos juros Tabela 6.3 - Dívida Líquida do Setor Público Discriminação Dez/08 Jan/09 Fev/09 Mar/09 Dívida líquida total 1 069 579 1 091 439 1 091 128 1 098 057 Governo federal 760 249 779 975 785 524 784 916 Governos estaduais 359 575 356 807 356 740 355 455 Empresas estatais - 73 701 - 71 331 - 73 602 - 75 820 Dívida líquida total 1069 579 1 091 439 1 091 128 1 098 057 Dívida interna líquida 1 488 794 1 491 109 1 494 863 1 500 818 Dívida externa líquida - 419 214 - 399 671 - 403 735 - 402 761 DLSP em % do PIB 36,0 36,9 37,1 37,6 Fonte: BCB - Notas para a imprensa de 30.4.2009
  • 34. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 33 nominais apropriados em 1,3p.p. participação da taxa Selic como do PIB. Já entre os que indexador, dada a perspectiva de influenciaram positivamente, flexibilização da Política Monetária destacaram-se os efeitos do pelo BACEN. Conforme a última ata crescimento do PIB que refletiram do COPOM (Comitê de Política em 0,6p.p e ainda o ajuste cambial Monetária) “o desaquecimento da com 0,02p.p. demanda, motivado pelo aperto das A dívida mobiliária federal atingiu, condições financeiras e pela em março de 2009, R$ 1.638,7 deterioração da confiança dos bilhões, valor bem acima da DLSPC agentes, ainda que nos dois casos bem como da dívida interna líquida. se observe alguma melhora na Segundo seus indexadores houve margem, bem como pela contração uma suave melhora no seu perfil. da economia global, criou Tal melhora foi percebida pelo importante margem de ociosidade aumento da participação dos títulos dos fatores de produção que não pré-fixados em sua composição em deve ser eliminada rapidamente em 1,9 p.p., de janeiro a março de 2009. um cenário de recuperação gradual Esta participação, no entanto, ainda da atividade econômica. Esse não retornou aos níveis de março de desenvolvimento deve contribuir 2008, equivalentes a 31,2%. Não p a r a c o n t e r a s p r e s s õ e s obstante, esse aumento de inflacionárias, mesmo diante das participação trouxe uma maior consequências do processo de segurança para o Tesouro Nacional, ajuste do balanço de pagamentos e já que a remuneração destes títulos da presença de mecanismos de é definida no ato da compra/venda. realimentação inflacionária na Outro fato que poderá contribuir economia, abrindo espaço para para o melhor perfil da dívida é a flexibilização da política monetária.” continuidade da redução da A flexibilização já pode ser Tabela 6.4 - Títulos Públicos Federais e Oper. de Mercado Aberto Discriminação mar/08 jan/09 fev/09 mar/09 Dívida Total (R$ bilhões) 1455,0 1602,3 1613,6 1638,7 Indexadores (%) Over/Selic* 31,4 27,6 28,2 27,2 Câmbio* -1,9 2,6 2,6 2,4 Prefixado 31,2 21,4 22,0 23,3 TR 1,8 1,2 1,2 1,2 Índice de preços 23,5 23,4 23,4 23,3 Oper. De Merc. Aberto 14,1 23,8 22,7 22,6 *com operações de swap Fonte: BCB - Notas para a imprensa de 29/05/2009.
  • 35. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 34 percebida pelas seguidas reduções juros via mercado secundário da taxa básica de juros (SELIC) da estipulada pelo COPOM, balizada Economia Brasileira, ocorridas nas pelo Regime de Metas de Inflação. três reuniões do primeiro trimestre De 20 de janeiro a 9 de março de do ano corrente, passando de 2009 as emissões de títulos pelo 13,75% a.a. para 9,25%. Tesouro alcançaram a cifra de R$ Por outro lado, percebemos que as 37,4 bilhões. Grande parte deste Operações de Mercado Aberto montante foi emissão de Letras do aumentaram de forma substancial Tesouro Nacional (LTN) e Letras sua participação, com suave Financeiras do Tesouro (LFT) com redução ao longo do primeiro R$ 19 bilhões e R$ 14,3 bilhões, t r i m e s t r e d e 2 0 0 9 , n u m a respectivamente. Um aspecto comparação com o mesmo mês de importante remete à duração destes 2008. Isso mostra um maior esforço títulos, que vai no máximo até 2015. do BC na manipulação da taxa de 7. SETOR EXTERNO O saldo em transações correntes 31 bilhões, correspondendo a apresentou uma diminuição do variação de 22% e 19% em relação déficit de 51% em relação ao ao mesmo período do ano anterior. primeiro trimestre de 2008, S e ava l i a r m o s e s s e s a l d o encerrando o período com o saldo considerando os principais setores negativo de US$ 5 bilhões. Este de atividade, conforme divulgado resultado parece inverter a pelo Ministério de Indústria e tendência de altos déficits em conta Comércio, observamos que a corrente a serem financiados pela evolução apresentada está conta capital. No entanto, como uniformemente distribuída, ou seja, veremos abaixo, a balança não há um setor ou grupo que c o m e r c i a l n ã o a p r e s e n t o u tenham se destacado na pequena resultados muito distintos dos melhoria apresentada. anteriores e a conta capital, aparece H o u v e t a m b é m m e l h o r a ainda como determinante no significativa na conta de Serviços e resultados apresentados pelo setor Rendas, que diminuiu seu saldo externo. negativo em 36,7%, fechando o Assim, a balança comercial trimestre em US$ 8,9 bilhões. apresentou um superávit de US$ 3 Desse modo o resultado obtido bilhões (variação de 9% em relação decorre mais da rubrica de serviços ao mesmo período do ano anterior). e rendas, que diminuiu seu saldo É importante observar que este negativo em 36,7% (fechando o resultado está baseado mais na trimestre em U$ 8,9 bilhões), do diminuição das importações do que que da melhoria da balança em variação significativa das comercial (variação positiva de exportações, US$ 28 bilhões e US$ apenas 9,03%). Portanto, trata-se
  • 36. Vitória/ES - Boletim Nº45 - 35 mais de um resultado de ordem fosse coberto pela utilização de financeira do que originado pelo reservas. Desse modo, no primeiro setor real da economia. trimestre de 2008, o saldo negativo Além disso, a melhoria da rubrica das transações correntes (-US$ renda (saldo de – US$ 6 bilhões) 10,3 bilhões) foi coberto pelo que explica essa evolução é volume de recursos transacionados resultado das estratégias das na conta capital e financeira (US$ companhias. Porém, em tempos de 22,4 bilhões), garantindo um saldo crises os empréstimos inter- global positivo de US$ 8,2 bilhões. companhias, os investimentos Porém, em 2009 o déficit de US$ 5,0 diretos e as remessas de lucros e bilhões em transações correntes dividendos são bem mais voláteis, resultou em saldo negativo do podendo não manter a tendência ao balanço de pagamentos. longo do tempo. Ademais, ao analisar a composição Conta Capital e Financeira da conta financeira – responsável Em razão de uma situação por 91% do total da conta capital e macroeconômica internacional financeira – nota-se uma clara distinta, o comportamento da conta mudança no comportamento dos capital e financeira, que tem investimentos em carteira em financiado o déficit em transações relação ao investimento direto correntes, apresenta diferenças líquido (IED). Enquanto os quando comparamos o resultado do investimentos diretos mantiveram primeiro trimestre de 2009 com comportamento estável com saldo igual período de 2008. Isto é, a de US$ 5,7 bilhões de dólares, os conta capital e financeira não foi investimentos em carteira capaz de cobrir o déficit do saldo em passaram a apresentar resultado transações correntes, de US$ 1,2 negativo (–US$ 4,0 bilhões). bilhão, fazendo com que este déficit Portanto a forma de financiamento Tabela 7.1 – Transações Correntes (US$ milhões) 2008 2009 Discriminação Jan/Mar Jan Fev Mar Jan/Mar Balança Comercial 2.761 -527 1.766 1.772 3.010 Exportação de Bens 38.690 9.782 9.586 11.809 31.178 Importações de Bens -35.929 -10.309 -7.821 -10.038 -28.167 Serviços e Rendas (Líquido) -14.008 -2.548 -2.648 -3.674 -8.870 Serviços -3.322 -552 -886 -1.419 -2.856 Receita 7.237 2.606 2.004 2.126 6.736 Despesa -10.559 -3.158 -2.890 -3.545 -9.592 Rendas -10.686 -1.996 -1.762 -2.255 -6.014 Receita 2.934 692 742 927 2.362 Despesa -13.620 -2.689 -2.504 -3.183 -8.376 Transf. Unilaterais (Líquido) 987 311 272 258 841 Saldo Transações Correntes -10.260 -2.764 -611 -1.645 -5.020 Fonte: Banco Central do Brasil
  • 37. Vitória/ES - Boletim Nº.45 - 36 Tabela 7.2 – Conta Capital e Financeira (US$ milhões) 2008 2009 Discriminação Mar Jan/Mar Ano Mar Jan/Mar Conta capital e financeira 7.661 22.356 29.352 2.732 3.662 Conta capital 66 170 1.055 124 338 Conta financeira 7.595 22.186 28.297 2.608 3.324 Investimento direto (líquido) 989 4.346 24.601 1.154 5.735 Investimentos em carteira 5.196 5.652 1.133 246 -4.009 Derivativos 9 -195 -312 -4 204 Outros investimentos 1.401 12.383 2.875 1.211 1.394 Erros e omissões -1.977 -3.879 1.809 -147 176 Resultado global do balanço 1.341 8.217 2.969 940 -1.182 Nota: Conta Capital inclui transferências de patrimônio e a Conta Outros Investimentos registra créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos, outros ativos e passivos e operações de regularização. Fonte: Banco Central do Brasil. Histórico. das contas externas através dessa investimentos), o comportamento rubrica foi claramente influenciada dos dados mostra que a evolução do pela crise internacional, que em passivo externo líquido brasileiro situações de déficit em transações tem se deteriorado. correntes normalmente eram Isto é, esse passivo mostra que as responsáveis pela minimização das obrigações do Brasil com o exterior perdas, agora influenciam aumentaram em razão da forma de negativamente no saldo do balanço financiamento do Balanço de (-US$ 4,0 bilhões). O IED foi o pagamentos nos últimos anos por responsável pela influência positiva duas razões principais. A primeira é nesse saldo (US$ 5,7 bilhões). que o financiamento através de O b s e r v a n d o - s e m a i s investimentos em carteira implica, detalhadamente a conta financeira no futuro, maior saída de recursos nota-se uma queda abrupta do financeiros por conta dos próprios resultado de 2009 em relação ao rendimentos de curto e longo prazo mesmo trimestre do ano anterior na correspondentes aos títulos de rubrica de investimentos em renda fixa e aos commercial papers. carteira: de um entrada líquida de A segunda razão é por conta da US$ 5,6 bilhões passou-se a uma própria valorização do real em saída de capital de US$ 4 bilhões no relação ao dólar durante o processo primeiro trimestre de 2009. Já na anterior de entrada desses capitais, rubrica de investimentos diretos o que exigirá maior quantidade de saldo apresentou apenas uma divisas por dólar investido. Em pequena oscilação positiva, de suma, a crescente dependência US$4,3 bilhões para US$ 5,7 bilhões. financeira ao capital especulativo Considerando que na conta aumenta a vulnerabilidade do país financeira essas duas rubricas tem às crises financeiras internacionais. peso muito maior do que as demais ( d e r i v a t i v o s e o u t r o s