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Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 01
APRESENTAÇÃO
Ao final do ano de 2002 termina os carteira de trabalho assinada e os
oito anos de governo FHC. Durante trabalhadores por conta própria, que
esses anos, foram aprofundadas as hoje representam mais de 50% da
políticas econômicas preconizadas força de trabalho. Essa é uma das
no "C on se ns o de Was hi ng to n" , manifestações das contradições do
também conhecidas como políticas des env olv ime nto cap ita lis ta em
neoliberais. Podemos, agora, fazer esca la mundi al e some nte será
um pequeno balanço do impacto superada com a superação desse
econômico desses anos de política modo de produção.
neoliberal. O aprofundamento da liberaliza-
O projeto neoliberal tem como um ção da economia brasileira, para os
d e s e u s f u n d am e n t os a e s t a bi l i d ad e f l u x o s i n t e r n a c i o n a i s d e c a p i t a l ,
macroeconômica como pressupos- produziu um crescimento de 157% no
to para a retomada do crescimento. A passivo externo líquido, entre 1994 e
pretensa estabilidade obtida com o 2000. Além disso, a Dívida Externa
Plano Real não foi suficiente para a total, que era de US$ 148,3 bilhões,
retomada do crescimento econômi- em 1994, cresceu para US$ 229,2
co. Um dos resultados foi a continua- bilhões, em setembro de 2002; o
ção da estagnação econômica da estoque total do Investimento Direto
década de oitenta, conhecida como Estrangeiro, que era de US$ 39,9
a "década perdida". Entre 1995 e bilhões em 1994, chegou a US$ 189,5
2002, o Produto interno bruto por bilhões; e o Investimento em Portfólio
habitante passou de R$ 6.243,06 passou de US$ 25,2 bilhões para US$
para R$ 6.563,28, um crescimento 38,4 bilhões, em novembro de 2002.
médio anual de apenas 0,83%. Esse Sobre esse passivo foram pagos o
crescimento pífio foi acompanhado montante de US$ 98,3 bilhões em
de um processo de concentração da juros, US$ 35,1 bilhões em lucros e US$
r e n da e d a r i q ue z a. A s s im , a o f i n al d o 2 1 1 , 2 b i l h õ e s e m a m o r t i z a ç õ e s ,
governo FHC, o Brasil termina com entre 1995 e 2002. Esses números dão
mais pobres mais pobres e menos uma idéia da brutal transferência de
ricos mais ricos. riqueza para o exterior, realizada
A reduzida taxa de crescimento, pela política neoliberal do governo
associada à liberalização do movi- FHC. Ao mesmo tempo, indica o
mento de capitais, à sobrevaloriza- violento crescimento da vulnerabili-
ção cambial e às mudanças nas dade externa da economia brasilei-
relações de trabalho, produziu um ra.
dos fenômenos mais graves e social- Internamente, a dívida mobiliária
mente perversos: o crescimento da fede ral, fora do Banc o Cent ral,
taxa de desemprego e a acelerada passou de R$ 61,7 bilhões, em dezem-
precarização da força de trabalho. bro de 1994, para R$ 631,5 bilhões,
Entre dezembro de 1994 e novembro em novembro de 2002, representan-
de 2002, a taxa de desemprego do 41,8% do PIB.A conta de juros sobre
aberto estimada pelo IBGE passou de a dívida interna atingiu um total de R$
um patamar de 3,0% para 9,0%, 428,1 bilhões de reais, de 1995 a
como resultado da busca de estabili- outubro de 2002. A conta total de
dade monetária a qualquer preço. A juros sobre toda a dívida do setor
esse crescimento associou-se um público atingiu o montante de R$
enorme aumento da precarização 607,5 bilhões em termos nominais,
d o s t r a b a l h a d o r e s , a q u e l e s s e m e n t re 1 9 9 5 e o u t ub r o d e 2 0 0 2, e e m
termos reais essa conta foi R$ 378,6 rem remunerando o capital monetá-
bilhões, no mesmo período. Para fazer rio nos níveis que eles desejam. A
face à esses pagamentos, o governo obtusa política de metas de inflação
f e d e r a l a c u m u l o u u m s u p e r á v i t a gr av a a in da m ai s o p ro bl em a, p oi s
primário, receitas menos despesas levou o Comitê de Política monetária,
exclusive juros, de R$ 161,2 bilhões, no na sua última reunião, a aumentar de
período. A diferença foi acumulada 22% para 25% ao ano a taxa básica de
na forma de dívid a interna, que juros. Esse instrumento já demonstrou
cresceu aceleradamente por conta a sua ineficácia em um país subdesen-
da política de juros elevados, criando volvido e subordinado ao centro do
uma enorme massa de capital fictício capitalismo mundial como é o Brasil.
que acaba sendo remunerado com Pois, nessas condições, é o chamado
mais capital fictício. A única solução mercado que comanda as decisões
para essa situação, ainda dentro dos do Banco Central e não o governo.
limites do modo de produção capita- Est e, acu ado pel o "ex ces so" de
lista, será a desvalorização desse ca pi ta l mo ne tá ri o no me rc ad o
capital. financeiro acredita que deve subme-
Ao apagar das luzes de 2002, a ter-se ainda mais para evitar "pressões
i n f l a ç ão q u e p a r e c i a d o m i n a da i n f l a c i o n á r i a s " . P o i s r a c i o c i n a m
retorna com força, em grande parte equivocadamente que aumentando
pela brutal desvalorização cambial, a taxa de juros os "agentes econômi-
de mais de 50%, somente em 2002. cos" irão preferir a poupança ao invés
Essa desvalorização foi o resultado de do consumo, e é a pressão deste é que
um agudo processo especulativo das causa a inflação. Um dos caminhos
g r a n d e s i n s t i t u i ç õ e s b a n c á r i a s e n e c es s á ri o s é a b u s ca d a a u t on o m ia
financeiras que, com isso, consegui- do Banco Central, não do governo,
ram obter ganhos fabulosos, antes da mas do mercado, de forma que os
mudança de governo. Ao contrário do ge st or es ob te nh am um ef et iv o
que afi rma o senso comu m dos controle dos instrumentos de política
a n a l i s t a s e c o n ô m i c o s , d i v u l g a d o s e c o n ô m i c a e p o s s a m r e d u z i r a
pela imprensa, não é a credibilidade inst abil idad e, a vola tili dade e a
do governo que importa, mas, é a v u l n e r a b i l i d a d e d a e c o n o m i a
capacidade efetiva deles continua- brasileira.
Desafios da Política Econômica do Novo dos dois dígitos, nível já atingido neste ano e
Governo projetado pelo mercado para o próximo,
Não bastassem as grandes dificuldades legitimando e justificando as pressões oriundas
em que se encontra mergulhado o país que o de diversos setores exigindo a reindexação da
governo Fernando Henrique Cardoso deixa economia. Considerada, inicialmente apenas
como herança para serem enfrentadas a como uma "bolha" provocada pela desvalori-
partir de 2003, a aceleração da inflação, zação do Real, que rapidamente se desfaria
neste final de ano, acrescenta desafios após as eleições e a definição do conteúdo da
adicionais para a política econômica. nova política econômica pelo governo eleito, a
Principal conquista do Plano Real, a estabilida- inflação ganhou força com a elevação dos
de monetária ameaça também retirar-se de preços dealgumas commoditiesno mercado
cena, caso o ritmo de crescimento dos preços internacional, com o período de entressafra de
não se desacelere rapidamente e a taxa de alguns produtos agrícolas e a diminuição dos
inflação permaneça por mais tempo na casa estoques reguladores no país, com o desrepre-
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 02
1. POLÍTICA ECONÔMICA
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 03
samento dos preços monitorados pelo cos com a prioridade conferida às políticas
governo (combustíveis, energia, gás de sociais. Isso implica, por um lado: a) priorizar o
cozinha), emitindo evidentes sinais de que já crescimento do setor exportador e imple-
começa a ser transmitida para os produtos mentar políticas necessárias para aumentar
"non-tradeables"(os bens e serviços não sua competitividade, o que é decisivo para
comercializáveis externamente). Expectati- reduzir a vulnerabilidade externa do país,
vas pessimistas sobre a sua trajetória recuperar a confiança do investidor externo e
somadas ao seu crescimento real, indicam reforçar a retomada das linhas externas de
que a economia deverá conviver, nos financiamento, de modo a reverter as
próximos meses, com fortes pressões sobre pressões sobre o câmbio e sobre os preços;
os preços e crescentes demandas por b) resistir às demandas por reindexação da
reindexação, caso providências não sejam economia, evitando
consistentemente adotadas para reverter
essa trajetória. Nessa situação, é indispensá-
vel que a política econômica adote uma
estratégia convincente de enfrentamento
dos problemas no curto prazo e que sinalize,
ao mesmo tempo, que a construção dos
alicerces do crescimento sustentado
depende dessas medidas, visando ganhar
legitimidade e apoio da sociedade. Para
isso, os seguintes desafios estão colocados
para o governo:
1. desinflar expectativas otimistas e
pessimistas: no primeiro caso, torna-se
necessário revelar claramente para a
população, através da mídia, escrita e
falada, que as dificuldades do país
transferidas para o novo governo (elevada
vulnerabilidade externa, fragilidade fiscal,
escassez de recursos orçamentários,
pressões inflacionárias etc.) impedem, em
2003, o cumprimento do compromisso
assumido com a retomada mais rápida do
crescimento e que sua solução ainda
exigirá enormes sacrifícios para que as
promessas de campanha possam ser
implementadas; no segundo, convencer os
agentes econômicos - internos e externos -,
de que os compromissos com a estabilida-
de monetária, a responsabilidade fiscal e o
respeito dos contratos serão cumpridos pelo
novo governo, o que já está sendo feito. A
divulgação, com clareza, do conteúdo do
programa e da nova política econômica,
bem como a busca de soluções consisten-
tes para os problemas que o país enfrenta,
são importantes para reforçar a confiança
desses propósitos;
2. definir claramente as bases do novo
modelo econômico que deverá conciliar
objetivos e compromissos macroeconômi-
o retorno dos mecanis-
mos automáticos de reprodução da
inflação; c) por não se tratar de uma inflação
de demanda, não elevar as taxas de juros
para combatê-la, considerando que, além
de inócua, esta é altamente prejudicial para
as contas públicas e para a atividade
econômica, apenas sendo favorável para o
capital financeiro; d) evitar a ampliação dos
compromissos assumidos com a geração de
superávits primários com o FMI, na revisão das
metas prevista para fevereiro, mesmo porque
o orçamento já não dispõe de espaços para
isso, e destinar os escassos recursos de 2003
para programas sociais de grande alcance e
para apoiar/incentivar atividades com maior
capacidade de geração de empregos;
3. apresentar e encaminhar, o mais
rapidamente possível, propostas para as
reformas da previdência social e do sistema
tributário. A primeira, por ser indispensável
para o enfrentamento de um dos principais
nós do desequilíbrio fiscal e, portanto, para
resgatar a confiança na capacidade de
solvência do governo; a Segunda, principal-
mente por ser decisiva, numa primeira etapa,
para a redução do “custo-Brasil” e, portanto,
para impulsionar as exportações. Ambas, se
se traduzirem em avanços pelo menos
nessas questões, tenderão a exercer efeitos
altamente positivos sobre as expectativas dos
agentes econômicos.
São passos iniciais indispensáveis para
dar legitimidade à política econômica
implementada e, ao mesmo tempo, para
dar início à recuperação da esperança da
população no Brasil, alimentada com as
promessas e destruída com os resultados da
política suicida de endividamento do Plano
Real.
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 04
2. INFLAÇÃO
Se até julho de 2002 os preços dos comparado ao mês anterior. De qualquer
ser viço s públ icos admi nist rado s pela s forma, o Governo federal tentou 'descolar' a
co nc es si on ár ia s pr iv ad as fo ra m os sua imagem desses aumentos de preços,
responsáveis pelos aumentos nos índices de atribuindo esses movimentos ao problema
preços, nos últimos meses desse ano a do período eleitoral e à não divulgação da
situação foi relativamente diferente. A futura equipe econômica do próximo
intensificação do movimento especulativo, governo. O objetivo, naturalmente, foi o de
ao longo das eleições, e o conseqüente garantir a sua imagem de austeridade
aumento no dólar, afetaram diretamente os inflacionária. Contudo, nota-se,pelos dados
preços dos produtos atrelados à moeda anteriores, que a própria evolução do IPCA já
norte-americana, provocando aumentos indica um crescimento de anos anteriores,
generalizados nos índices de preços no sugerindo, portanto, que a tendência de
Brasil. Os aumentos nos preços dos produtos aumento nesse índice de preços não se deu
e insumos importados e dos produtos exclusivamenteno final de 2002.
nacionais negociados no exterior, como A sobrevalorização na taxa de câmbio,
trigo e soja por exemplo, exerceram forte em 2002, também terá impacto na inflação
influência sobre os índices finais. do ano que vem, já que as tarifas públicas
A influência da alta da moeda são corrigidas com base na variação
americana foi maior nos índices de preços cambial acumulada nos 12 meses
do atacado, mas aos poucos foi transferida anteriores à data dos vencimentos dos
para os índices de preços ao consumidor. As contratos das concessionárias que os
últimas informações disponíveis mostram administram.
que os índices acumulados no ano já Para tentar conter o aumento nos
totalizam dois dígitos. É o caso, por exemplo, índices de preços, o Banco Central vem
do IPCA, que é usado como referência para usando, como mecanismo de política
as metas de inflação, e do INPC, ambos de monetária, do aumento nas taxas básicas
responsabilidade do IBGE. O IPCA acumula de juros com o objetivo de contrair a
no ano, até o mês de novembro, um índice demanda. Apesar de simbólico, a eficácia
de 10,22%, enquanto o INPC 11,72%. No desses aumentos contínuos é duvidosa, já
mês de novembro de 2002, esses dois que a situação atual sugere muito mais um
ín di ce s f or am de 3, 02 % e 3, 39 %, movimento de inflação de custos, também
respectivamente. pressionado por repasses oligopolistas e
Se compararmos, por exemplo, o pelos movimentos especulativos, do que de
acumulado do IPCA de 2002, até o mês de demanda.
novembro, em relação ao mesmo período Para 2003, a ata do COPOM, produzida
dos anos anteriores, perceberemos um pelo Banco Central, prevê que a inflação
crescimento significativo: em 2000, o fique acima da meta estabelecida de 4%,
acumulado foi de 4,7% e, em 2001, foi de com margem de tolerância de 2,5 pontos
8,64%. Nota-se, portanto, uma tendência de percentuais para cima ou para baixo,
crescimento ao longo dos
anos. Durante o governo
FHC, esse índice atingiu o
total de dois dígitos
somente em 1995.
As projeções indicadas
para o mês de dezembro
de 2002, sinalizam para
uma certa tendência de
r e t r a ç ã o q u a n d o
Tabela 2.1 – Índices de preços (em %)
Indicadores Jul/02 Ago/02 Set/02 Out/01 Out/02 No ano 12 meses
IPC-FIPE 0,67 1,01 0,76 0,74 1,28 5,16 6,06
ICV-DIEESE 1,34 0,40 0,95 1,20 1,13 6,88 7,75
IGP-M 1,95 2,32 2,40 1,18 3,87 14,82 16,33
IGP-DI 2,05 2,36 2,64 1,45 4,21 16,30 17,39
INPC 1,15 0,86 0,83 0,94 1,57 8,06 10,26
IPCA 1,19 0,65 0,72 0,83 1,31 6,98 8,44
Fonte: FIPE, IBGE, FGV e DIEESE.
indicando, portanto, uma inflação superior A pressão do dólar continuou agindo,
ao limitesuperior de6,5%. em outubro de 2002, elevando o IPCA para
O Índice de Preços ao Consumidor 1,31%, a maior variação desse ano. Os
Amplo (IPCA) é estimado pelo Instituto alimentos (2,79%) apresentaram a maior
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e alta desde novembro de 1994. Eulina Nunes
refere-se às famílias com rendimento mensal dos Santos, do IBGE, argumentou que os
de 01 a 40 salários mínimos. O IPCA serve de efeitos de desvalorização do real manifesta-
parâmetro para a meta inflacionária do ram-se não apenas em produtos cotados
Governo Federal com o Fundo Monetário em dólar, como trigo e soja, mas também
Internacional (FMI). Já o Índice Nacional de de forma indireta em todos os demais
Preços ao Consumidor (INPC), também grupos.
calculado pelo IBGE, inclui famílias com Os resultados do INPC demonstram que
renda de 01 a 08 salários mínimos. Ambos, as classes de baixa renda, ou seja, a grande
englobam as regiões metropolitanas do Rio maioria da população, foram as mais
de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Salvador, atingidas pelo efeito inflacionário da
Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba e São sobrevalorização cambial. Segundo o IBGE,
Paulo, além do município de Goiânia e os efeitos do câmbio chegaram ao
Brasília. consumidor, principalmente nos de baixa
O IPCA iniciou o terceiro trimestre de renda, devido ao aumento do preço dos
2002 em 1,19%. Em agosto, o índice foi de alimentos.Os alimentos têm peso de 30% no
0,65%, uma redução de 0,54 ponto calculo do INPC, enquanto no IPCA o peso é
percentual em relação ao mês anterior. A de 22,4%. Por isso, um INPC maior que o IPCA
desvalorização cambial foi a principal indica maiores perdas para as classes de
responsável pelo índice de agosto, com menor renda. O INPC, em agosto, atingiu
aumento de 1,94% no item produtos 0,86%, com os alimentos contribuindo em
alimentícios. Para o coordenador da 0,66 ponto percentual no índice. O pão
uni dad e de pol íti ca e con ômi ca d a francês apresentou elevação de 10,17%,
Confederação Nacional da Indústria (CNI), com contribuição de 0,22 ponto percentual
Flávio Castelo Branco, o repasse para os no índice. Em setembro, o INPC foi de 0,83%,
ali men tos oco rre u de man eir a ma is conseqüência das elevações nos preços
imediata porque o impacto do dólar é direto dos alimentos atrelados ao dólar. O INPC, de
sobre esses produtos, especialmente as outubro, foi de 1,57%, 0,26 ponto percentual
commodities, como soja etrigo. Ao contrário acima do IPCA. Isso mais uma vez evidencia
dos alimentos, os preços administrados que a fatia mais pobre da população é a
reduziram seu impacto sobre o índice no que mais tem sofrido com os impactos da
mês de agosto, depois de serem os valorizaçãodo dólar.
responsáveis pelos aumentos em julho (a Em agosto, o IPC da FIPE (Fundação
telefonia fixa passou de 10,54%, em julho, Instituto de Pesquisas Econômicas da USP) foi
para 0,30% em agosto). Também o gás de de 1,01%, o maior percentual deste ano.
cozinha (-3,11%) e a gasolina (-1,39%) Esse resultado foi devido, em grande parte,
contribuíram para conter a alta do IPCA, em aos reajustes das tarifas de energia e
agosto. Em setembro, o IPCA subiu para telefonia fixa (10,2% e 7,2%, respectivamen-
0,72%, conseqüência do efeito cada vez te). A segunda maior contribuição para alta
maior e generalizado da alta do dólar. do índice no mês foi do grupo Alimentação.
Novamente os alimentos tiveram uma No mês de setembro, a inflação do
participação relevante nesse aumento: município de São Paulo foi de 0,76%,
contribuiu com 0,43 ponto percentual do segundo o IPC-FIPE, superior ao 0,60%
índice de 1,96%. As maiores altas foram: a previsto para o mês pelo coordenador de
do óleo de soja (14,23%) e farinha de trigo pesquisa, Heron do Carmo. O grupo que
(10,71%). Por outro lado, o gás de cozinha (- mais contribuiupara oaumento noíndice foi
7,61%) contribuiu, mais uma vez, para o de Alimentos (1,46%), com aumentos
diminuir o aumento desse índice de preço forçados pelo avanço do dólar e dos preços
com redução de 7,61% no seu preço final. das commodities agrícolas. Por outro lado, o
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 05
segmento educação teve deflação de 2,36% em agosto. O Índice de Preços do
0,09%. Os demais grupos apresentaram as Atacado (IPA) subiu de 3,32%, em agosto,
seguintes variações: Habitação (0,87%); para 3,84%, em setembro, com alta
Transportes (0,24%); Despesas Pessoais significativa do item Alimentação que
(0,7%); Saúde (0,17%); e Vestuário (0,43%). passou de 3,26% para 5,23%. Os principais
Os serviços administrados, no entanto, aumentos ocorreram na soja (12,9%), café
tiveram participação de 0,23 ponto em coco (24,5%) e no trigo (11,2%), todos
percentual, com destaque para influenciados pelo aumento no dólar. No
água/esgoto, que subiu 6,19%, e luz, com varejo, o Índice de Preços ao Consumidor
aumentos de 2,48%. (IPC) desacelerou a alta de 0,76% para
Em outubro, o índice da FIPE foi de 0,66%. O item Alimentação reduziu o
1,28%. Os preços dos alimentos foram os aumento de 1,86% para 1,51%. Essa
que mais contribuíram para a alta do IPC. O desaceleração promete ser "apenas uma
Pão francês e o macarrão subiram 6,09% e pausa", segundo o analista econômico da
6,94%, respectivamente, devido ao repasse FGV, Salomão Quadros. O argumento é que
do aumento do trigo importado. A desvalori- há "uma série de novos produtos de
zação do real frente ao dólar e as mudanças alimentação subindo no atacado e com
climáticas foram as principais responsáveis potencial de repasse para o varejo". Em
pelo aumento. O repasse da disparada do outubro, os preços no atacado também
dólar para os preços ao consumidor deixou sofreram forte impacto na alta do dólar e
de se concentrar apenas sobre o grupo elevaram para 4,21% a inflação medida
Alimentação e já atinge os demais grupos pelo IGP-DI. Houve forte aumento dos
que compõem o IPC. produtos alimentícios, tanto no atacado
O Í n d i c e G e r a l d e Pr e ç o s - quanto no varejo, pressionados pela moeda
Disponibilidade Interna (IGP-DI) é estimado norte-americana. No ano, o IGP-DI já
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e acumula alta de 16,3% e nos últimos 12
resulta da ponderação de outros três índices: meses, de 17,4%. O responsável pelo índice
o IPA (60%), o IPC (30%) e o INCC (10%). Os na FGV, Salomão Quadros, destacou que o
preços medidos pelo IGP-DI subiram 2,36%, IPA-DI apresentou alta de 6% no mês, pois
em agosto de 2002, o maior aumento houve forte impacto dos alimentos, que
desde novembro de 1999. Esses aumentos registraram um aumento de 9,1%, quase o
aconteceram devido, principalmente, à dobro dos 5,2% de setembro. As maiores
sobrevalorização cambial e a entressafra de altas ocorrem em produtos diretamente
produtos alimentícios. O Índice de Preços vinculados ao dólar, como trigo (30,8%), soja
do Atacado (IPA) foi de 3,32%, ante 2,82% (14,1%) e milho (23,4%). Os produtos
em julho. A principal influência foi dada pela alimentícios também tiveram alta significati-
carne bovina, com aumento de 10,86%. va no IPC-DI, alta de 1,1% no mês, passando
Outros aumentos foram verificados no preço de 1,51%, em setembro, para 2,1% em
da soja (10,8%), do óleo de soja refinado outubro. Nesse caso, os maiores aumentos
(14,3%), no trigo (17,2%), na farinha de trigo ocorreram no pão francês (2,7%), óleo de
(21%) e nos adubos e fertilizantes (7,8%). soja (10,7%) e macarrão (4,8%).
No Índice de Preços ao Consumidor O Índi ce Naci onal de Cust o da
(IPC), a alta de 0,76% no mês foi dada pelos Construção (INCC-DI) registrou variação de
preços dos produtos alimentícios (1,86%). 1,13%, em outubro, sob efeito da elevação
Foram repassadas para o consumidor as dos preços de materiais e serviços (1,79%) e
altas no preço do trigo, com o aumento de do aumento da mão-de-obra (0,44%),
10,2% no pão francês, e na soja, com como resultado dos dissídios ocorridos em
impacto de 7% no preço do óleo. Pernambuco e no Pará. O Índice Geral de
Os impactos da alta do dólar foram Preços no Mercado (IGP-M), também
mais intensos e generalizados nos preços do calculado pela FGV-RJ, segue a mesma
atacado, segundo revelou a inflação metodologia do IGP-DI, diferindo apenas o
medida pelo IGP-DI da FGV. A variação do período de coleta dos dados. A inflação de
índice atingiu 2,64%, em setembro, ante setembro medida pelo IGP-M foi de 2,40%.
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 06
O índice acumula, este ano, alta de 10,54%, de menor poder aquisitivo, uma vez que
ou 13,32% em 12 meses. O grupo de destinam grande parte de seus orçamentos
Al im en ta çã o au me nt ou 4,4 5% , em a esse grupo de despesas. Dentre os
setembro, e 3,15% em agosto. A avaliação subgrupos da Alimentação, as maiores
é que o repasse da sobrevalorização do variações verificadas foram nos produtos in
câmbio foi repassado para os alimentos. natura e semi-elaborados (2,30%) e os da
Já em outubro, o IGP-M foi de 3,87%, a indústria alimentícia (2,98%). Nestes dois
mais elevada taxa desde o início do Plano subgrupos, constatou-se uma forte influên-
Real, em julho de 1994. O principal responsá- cia da oscilação positiva da taxa de câmbio
vel pelos aumentos nos preços foi a variação na formação dos preços.
cambial, que fez os mesmos subirem 5,62% Cesta Básica
no atacado. No varejo, com o repasse ainda O preço da Cesta Básica do DIEESE
pequeno do dólar, a inflação foi de apenas registrou, no mês de outubro, um aumento
0,91%. Com o resultado de outubro, o IGP-M em doze das dezesseis capitais pesquisa-
já acumula alta de 14,82% este ano. Já nos das. Dentre as capitais que tiveram uma
últimos 12 meses, a taxa está em 16,34%. A variação positiva na cesta básica, João
taxa de outubro foi 1,47 ponto percentual Pessoa se destacou com aumento de
superior à de setembro (2,4%). O Índice de 4,80%. As diminuições de preços foram
Custo de Vida (ICV) do DIEESE apurado no verificados em Natal e Belo Horizonte (-
mês de agosto, no município de São Paulo, 0,52%), Fortaleza (-2,07%) e Aracaju (-
foi de 0,40%. Desse percentual, o grupo 2,63%). Porto Alegre foi a cidade onde a
Alimentação foi responsável por 0,38%, ração essencial mínima apresentou o maior
destacando-se os subgrupos in natura e preço: R$151,22; já o menor foi apurado em
semi-elaborados (2,31%) e os da indústria da Recife (R$110,81).
alimentação (1,15%). O índice verificado No acumulado do ano, até outubro de
nesse mês, cuja variação foi 0,94% menor 2002, as maiores variações foram verifica-
que a de julho (1,34%), já era esperada pelo das em Salvador (24,9%), Recife (20,1%) e
DIEESE, visto que a maioria dos reajustes Aracaju (19,4%), todos eles pertencentes à
tarifários ocorreu em julho. Em agosto, houve região nordeste do país. Já os menores
aumento na água/esgoto (6,12%), que, no aumentos ocorreram em Curitiba (8,2%),
entanto, foi parcialmente compensada Brasília (10,9%) e Belo Horizonte (12,1%).
pela diminuição no preço do gás de botijão Vitória teve a oitava cesta básica mais cara
(-4,68%). no mês de outubro de 2002, tendo uma
Em setembro, o ICV teve variação variação anual de 12,2% ao longo do ano.
positiva de 0,95%, sendo que os
grupos Alimentação e Saúde foram
os principais responsáveis por essa
alta. Esses grupos responderam por
0,46% e 0,31% do índice, respecti-
vamente. As despesas com o item
Alimentação subiram 1,81%, em
função do aumento dos preços dos
produtos industrializados, ao passo
que a Saúde teve elevação de
2,48%, proporcionada pelo item
assistência médica. Já em outubro,
o ICV foi de 1,13%, a segunda
maior variação do ano - superada
apenas pela de julho (1,34%). Pelo
terceiro mês consecutivo, o
aumento se deu em função do
grupo Alimentação (2,34%). Tal fato
onera demasiadamente as famílias
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 07
Tabela 2.2 - Preço da cesta básica nas capitais
brasileiras (R$)
Capital ago/02 set/02 out/02 var. anual
João Pessoa 107,84 107,27 112,42 15,42
Florianópolis 128,72 131,65 137,62 13,53
Goiânia 116,32 116,98 121,04 17,48
Brasília 124,98 131,02 134,72 10,90
Belém 121,45 122,05 124,90 15,66
Porto Alegre 139,14 148,55 151,22 17,52
Salvador 108,69 109,98 111,95 24,92
Curitiba 129,76 135,43 137,85 8,24
Recife 109,83 109,38 110,81 20,12
São Paulo 138,29 140,45 142,12 13,70
Vitória 122,37 123,34 124,60 12,23
Rio de Janeiro 128,81 133,77 134,72 15,02
Natal 110,62 111,91 111,33 18,87
Belo Horizonte 123,27 134,09 133,39 12,14
Fortaleza 114,55 113,28 110,94 15,80
Aracaju 120,27 121,34 118,15 19,49
Fonte: DIEESE
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 08
3. NÍVEL DE ATIVIDADE
A economia brasileira surpreendeu e Brasileira da Indústria de Máquinas e
cresceu 2,38% no terceiro trimestre deste Equipamentos (Abimaq), Luiz Carlos
ano, em relação a igual período do ano Delben Leite, o crescimentode 2,98% no
pas sad o, imp uls ion ada pel o set or PIB industrial se deve em parcela conside-
agropecuário e pela recuperação da rável ao aumento das exportações
indústria. O desempenho, que também industriais.
teve forte influência da base de compa- A agropecuária mantém influência
ração deprimida do ano passado, positiva sobre o PIB, cresceu 7,19%, no
provocou um salto no Produto Interno terceiro trimestre, ante igual período do
Bruto (PIB) acumulado no ano, que até ano anterior, após registrar aumentos de
junho registrava crescimento de apenas 5,5% no primeiro e de 6,6%, no segundo
0,21% e subiu, para 0,94% em setembro. trimestre, além deum aumento de 10,5%
A expectativa é que o quarto trimestre no quarto trimestre de 2001. Os serviços
apresente desempenho melhor do que o mantiveram o crescimento, com
anterior, já que a base de comparação expansão de 1,77% no terceiro trimestre.
estará ainda mais deprimida, a agrope- Roberto Olinto, do IBGE, avaliou que a
cuária prossegue na trajetória ascenden- recuperação da economia ocorreu
te e a indústria emite sinais mais intensos porque, no terceiro trimestre, a taxa
de reação. Segundo a metodologia do básica de juros ainda estava em 18%, a
IBGE, uma expansão de 3% nos últimos crise argentina estava estabilizada, a
três meses do ano será suficiente para economia americana apresentou sinais
assegurar um aumento do PIB de 1,5%. A de retomada do crescimento e houve
recuperação foi puxada pela reação da melhoria nas exportações. Ou seja,
indústria, que apresentou crescimento de apesar da manutenção de problemas
2,98% no trimestre, sobre igual período do conjunturais, segundo Olinto, o desempe-
ano anterior, após uma expansão de nho da economia foi melhor no período
apenas 0,2% no segundo trimestre. O do que no segundo trimestre, quando o
setor vinha de resultados negativos no PIB registrou expansão bem menor (1,1%)
primeiro trimestre deste ano (-4%) e no ante igual trimestre do ano anterior.
quarto trimestre do ano passado (-5,1%). Segundo os dados do IBGE, o PIB do
Dentre os subsetores da indústria, a terceiro trimestre cresceu também na
Extrativa Mineral e a Transformação comparação com o segundo trimestre
apresentaram taxas positivas, 12,24% e (0,93%) e no acumulado dos quatro
0,39%, respectivamente. Por outro lado, últimos trimestres (0,52%). Os resultados
no primeiro semestre, a Construção Civil do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro
foi o sub-setor da indústria com maior trimestre chamaram a atenção para a
queda (-5,25%), seguido pelos Serviços "capacidade de resistência e de
Industriais de Utilidade Pública com adaptação da economia brasileira a
declínio de 1,74%. Este sub-setor choques adversos", segundo destaca-
apresentou um crescimento de 9,76% no ram os economistas do BBV Banco.
terceiro trimestre. Naquela comparação, Concorda com eles o ex-diretor do Banco
todos os sub-setores do setor de serviços Central e economista do Ibmec Carlos
apresentaram taxas positivas, com Thadeu de Freitas. "É um resultado
exceção do Comércio (tanto o atacadis- surpreendente porque mostra que a
ta como o varejista) com queda de economia do País está funcionando
0,05%. razoavelmente, apesar da alta do dólar e
Segundo o presidente da Associação dos choques de oferta". Ao contrário
do nos últimos doze meses, foi de -
0,1%. No confronto entre setembro
e agosto de 2002 houve queda na
produção de bens de capital (-
0,7%) e na de semiduráveis e não
duráveis (-0,9%), por outro lado, a
produção de bens intermediários
(1,5%) e bens de consumo duráveis
(2,2%) registra taxa positiva.
Na comparação com igual
mês do ano anterior, a produção
industrial assinala um incremento
de 5,6%, em setembro, o segundo
mais elevado do ano neste tipo de
comparação, perdendo para o
mês de abril, quando a taxa foi de
6,1%. O segmento de bens
intermediários atinge taxa de 6,21%
em setembro, ele cresce pela sexta
desses pontos de vista, consideramos vez consecutiva, na comparação
que esse resultado pífio é a conseqüên- com igual mês do ano anterior. É importante
cia da política estagnacionista neoliberal destacar que nos segmentos que depen-
dem predominantemente de estímulos dopraticada pelo governo e pelos graves
mercado interno foi registrado crescimentoproblemas estruturais decorrentes desta
neste último mês. Estão nesse caso apolítica. Que os ditos choques adversos,
produção de insumos típicos para ade oferta e a alta do dólar não são mais
construção civil (3,0%), que interrompe umado que as manifestações do comporta-
seqüência de mais de um ano com taxasmento especulativo produzidos pelas
negativas, e a fabricação de embalagens,
elites econômicas. E que, enfim, conduzi-
que registra aumento de 3,9%.
ram o Brasil à essa situação de estagna-
A fabricação de bens de consumo
ção e volatilidade na taxa de crescimen-
duráveis alcança a taxa de 19,2%, frente ao
to. mesmo mês do ano anterior, favoravelmen-
De qualquer modo, o crescimento te influenciada pela base de comparação
econômico brasileiro, apesar de deprimida, sobretudo no subsetor de
pequeno, está acima da média da eletrodomésticos. Este mês, a indústria
América Latina este ano. O Brasil deve automobilística cresceu 12,6%. Esse
crescer 1,4%, enquanto a região deve ter percentual de incremento na indústria
uma queda de 0,8% no seu Produto Interno automobilística é a sua taxa mais elevada
Bruto (PIB), segundo previsão da Comissão desde os 27,8% observados em maio do
Econômica das Nações Unidas para a ano passado.
América Latina e Caribe
(Cepal). Em setembro, a
produção industrial apresen-
tou crescimento de 1,0%
frente ao mês anterior, já
descontadas as influências
sazonais. Em relação a
setembro de 2001 a taxa foi
de 5,6%. Com isso, o
indicador acumulado no
ano registra uma taxa de
1,1%. O indicador acumula-
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 09
Tabela 3.1 – Taxa de Crescimento do PIB (%)
SETOR DE
ATIVIDADE
2001.llI/
2002.llI
2002.Il/
2002.Ill
Acum.
12 meses
Acum
no ano
PIB 2,38 0,93 0,52 0,94
AGROPECUÁRIA 7,19 0,75 7,29 6,46
INDÚSTRIA 2,98 1,30 -1,47 -0,22
Extrativa Mineral 10,83 7,83 12,24
Transformação 2,61 -0,43 0,39
Construção -0,87 -6,04 -5,25
Serv. Ind. Ut. Pública 9,76 -5,17 -1,74
SERVIÇOS 1,77 0,71 1,43 1,52
Comércio 1,68 -0,64 -0,05
Transporte -4,48 2,00 1,73
Comunicações 6,82 7,56 7,21
Instit. Financeiras 4,13 1,49 1,59
Outros Serviços 0,58 0,50 0,64
Aluguel de Imóveis 2,14 1,90 1,89
Administr. Pública 1,54 1,33 1,42
Fonte: IBGE
Tabela 3.2 – Brasil: Produção Física Industrial (%)
Segmentos
Set/02
Ago/02
Set/02
Set/01
Acum. 12
meses
Acum.
no ano
Bens de Capital -0,7 0,1 -1,1 -2,0
Bens Intermediários 1,5 6,21 -0,2 1,5
Bens de Consumo -0,1 4,1 -0,4 0,1
Duráveis 2,2 19,2 -3,0 -0,0
Semidur. e não dur. -0,9 0,4 0,4 0,2
Indústria Geral 1,0 5,6 -0,1 1,1
Fonte: IBGE
celulose e de
alimentos, foram
os responsáveis por
essa expansão
desde maio de
2002. A produção
de celulose - na
indústria de papel -
e do açúcar cristal
- no gênero de
produtos alimenta-
res foram determi-
n a n t e s d o
crescimento em
setembro de 2002.
O segmento de bens de consumo Por outro lado,
semiduráveis e não duráveis cresce ainda refletindo o fechamento da empresa
ligeiramente na comparação com Braspérola, os indicadores de produção
setembro de 2001 (0,4%). Entre os sub- têxtil continuam mostrando uma elevadíssi-
setores, destacam-se positivamente os itens ma retração nos meses apresentados na
relacionados às exportações, como suco tabela 3.3. É importante lembrar que parte
de laranja (41,3%) e abate e preparação de desse resultado geral positivo se deve à
aves (5,6%). As maiores pressões negativas fraca base de comparação, uma vez que o
vêm do comportamento de carburantes (- ano de 2001 foi marcado pela crise
9,1%) e do desempenho da indústria energética, que produziu impactos
farmacêutica (-1,9%). negativos na produção física industrial.
Em síntese, a elevação nos índices O crescimento da produção física
observada neste mês de setembro, está industrial capixaba acumulada no ano, foi
associada não só aos efeitos estatísticos de 7,26%. A produção física industrial do
decorrentes de confrontos com uma base estado aumentou em 3,67% no acumula-
de comparação fraca, mas também a do em doze meses.
uma suave elevação do patamar produtivo A variação da inadimplência no Espírito
observada no confronto com agosto deste Santo apresentou uma retração no mês de
ano. Este último movimento é coerente outubro de 2002, quando comparamos
com as indicações de que os estoques com outubro de 2001. Mas, apresenta um
industriais estão em declínio, exatamente crescimento de 135% em relação a
numa fase de chegada das encomendas setembro de 2002. No mês de outubro o
de fim de ano às indústrias. saldo entre as inclusões e as baixas foi de
ESPÍRITO SANTO 1.647 novos inadimplentes, enquanto este
A produção física industrial
do Espírito Santo figura entre os
estados líderes de crescimento
desde o 2º trimestre deste ano.
O crescimento foi de 12,65%,
17,52% e 9,97% nos meses de
julho, agosto e setembro de
2002, em relação aos mesmos
meses de 2001. Os principais
gêneros responsáveis por essa
expansão foram: produtos
alimentares, química, papel e
papelão (tabela 3.3). A extração
de petróleo e a fabricação de
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 10
Tabela 3.3 - Espírito Santo: Índice de Produção física industrial (%)
Classes e Gêneros
Mai/02
Mai/01
Jun/02
Jun/01
Jul/02
Jul/01
Ago/02
Ago/01
Set/02
Set/01
Ac. 12
meses
Ac. no
ano
Indústria geral 1,96 15,75 12,65 17,52 9,97 3,67 7,26
Extrativa mineral 3,51 22,10 11,74 16,05 9,53 4,60 8,49
Ind. Transformação 1,38 13,53 12,97 18,02 10,13 3,33 6,81
Min. Não metálicos -1,10 -8,95 -10,22 -8,56 -5,94 -1,60 -4,71
Metalurgia -1,47 8,25 3,47 2,07 -5,83 -1,24 0,66
Papel e Papelão 5,29 38,73 41,41 78,75 26,43 19,70 25,61
Química 6,15 26,00 19,24 17,96 30,59 -0,22 10,32
Têxtil -99,55 -98,94 -98,60 -99,03 -96,79 -93,83 -99,25
Prod. Alimentares 26,69 12,72 21,05 27,40 40,23 15,91 21,14
FONTE: IBGE/DPE/Departamento de Indústria
Tabela 3.4 - Indicadores de Inadimplência - Espírito Santo
INADIMPLÊNCIA
Indicadores Jul/02 Ago/02 Set/02 Out/02
Out/02
Out/01
Out/02
Set/02
SPC
Inclusões 13.330 12.618 7.073 9.516 -39,80 34,54
Baixas 6.635 8.967 6.373 7.869 -28,59 23,47
Consultas 123.534 116.618 108.581 122.000 14,77 12,36
CHEQUE LOCAL
Inclusões 4.200 3.908 1.935 2.289 -48,40 18,29
Baixas 1.992 1.706 1.907 1.948 30,56 2,15
Consultas 99.452 84.098 74.999 80.000 0,95 6,67
Fonte: CDL
saldo foi de apenas 700, em setembro. As para 341, em outubro de 2002, um aumento
consultas ao SPC indicam um crescimento de mais de 1.000%. Essa enorme variação
da demanda, a prazo, de 12,36%, contrari- pode ser causada por algum atraso nos
ando a tendência decrescente dos meses registros, transferindo cheques devolvidos de
anteriores. A inadimplência devida aos setembro para outubro. As consultas aos
cheques sem fundo também cresceu no cheques também indicam uma recupera-
mês de outubro, em relação ao mês de ção nas vendas à vista. Essas consultas que
setembro de 2002. Enquanto o saldo líquido tinham caído cerca de 25% no trimestre
entre inclusões e baixas foi de apenas 28 anterior,cresce cerca de 7%, em outubro.
cheques em setembro, esse saldo cresceu
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 11
4. EMPREGOS E SALÁRIOS
O mercadode trabalhobrasileiro sofreu de Emprego (PME), realizada pelo IBGE nas
profundas alterações nos últimos 08 anos do seis maiores regiões metropolitanas do país
governo FHC. Dentre elas, podemos citar o (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de
intenso crescimento de duas categorias: o Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), estimou
desemprego ea informalidade. Oprocesso uma taxa de desemprego aberto de 7,4%
de liberalização econômica e a política da PEA. Nos últimos meses, essa taxa
econômica recessiva foram os principais manteve-se estável, como mostra a tabela
responsáveis pela retração no número de 4.1. O crescimento no número de pessoas
postos de trabalho na economia brasileira e, no mercado de trabalho, por categoria de
consequentemente, pelo aumento no ocupação, acont eceu em todas as
número de desempregados e de trabalha- divisões, segundo o IBGE: empregados sem
do re s d es em pe nh an do at iv id ad es carteira de trabalho assinada (3,5%),
informais. empregados com carteira de trabalho
Em 1994, 45,5% da População assinada (2,3%), trabalhadores por conta
Economicamente Ativa estavam na própria e empregadores (1,0%). Como a
informalidade, segundo o IBGE; em 2002, População Economicamente Ativa (PEA)
esse total elevou-se para cerca de 50%. Por está aumentando e não há geração
outro lado, as taxas de desemprego, tanto suficiente de postos de trabalho com
do IBGE quanto do DIEESE, cresceram carteira assinada, a grande maioria dos
significativamente nos dois mandatos de trabalhadores é levada para o mercado
FHC. Em 1994, a taxa de desemprego informal que, como afirmado anteriormen-
aberto do IBGE era de 5,1%, passando para te, seencontra privadade garantiassociais.
cerca de 8,1% em 2002; já a taxa de Na região metropolitana de São Paulo,
desemprego total do DIEESE saiu de 14,3%, a taxa de desemprego aberto do IBGE
em 1994, para cerca de 19,7% em 2002. sofreu um decréscimo de 0,2 ponto
Tudo isso nos permite afirmar que per cen tua l, pas san do de 9,3 %, em
aconteceu um processo de desestrutura- setembro de 2002, para 9,1%, em outubro
ção do mercado de trabalho brasileiro nos do mesmo ano. Em setembro foi registrada
últimos anos, caracterizado pelo desempre- a maior taxa de desemprego na região
go em massa, pelo crescente grau de metropolitana de São Paulo,em relação aos
informalidade e pela precarização do últimos 20 anos. Comparando o mês
emprego identificada, principalmente, outubro de 2002, com igual mês do ano
pelos postos de trabalho sem garantias de anterior, a taxa de desemprego aumentou
proteção social. Essa é a herança herdada em 2,1 pontos percentuais. Os setores da
pelo próprio presidente da república no que atividade econômica que mais contribuí-
tange ao mercado de trabalho. ram para esse crescimento foram os da
Em outubro de 2002, a Pesquisa Mensal indústria de transformação, que apresentou
compras para o natal.
Baseado no preço da cesta
básica mais cara e levando em
consideração o preceito
constitucional que determina
que o salário mínimo deveria ser
suficiente para a manutenção
de uma família (a família
considerada é de dois adultos e
duas crianças, sendo que estas
variação de 2,4 pontos percentuais, seguida consomem o equivalente a um
do de serviços (1,7 ponto percentual) e do adulto), suprindo seus gastos com alimenta-
com érc io ( 1,1 pon to p erc ent ual ). O ção,moradia, educação,saúde,transporte,
rendimento médio nominal das pessoas vestuário, higiene, lazer e previdência, o
ocupadas, no mês de setembro de 2002, foi DIEESE estima, mensalmente, o valor do
de R$ 800,29, o que eqüivale a 4 salários salário mínimo necessário. Em outubro, esse
mínimos. O rendimento médio real, em preço deveria ser de R$ 1.270,40, ou seja,
setembro, diminuiu 2,2%, em comparação 6,3 vezes o piso vigente de R$ 200,00.
com o mesmo mês do ano anterior, e O Cadastro Geral de Empregados e
contraiu 0,4% em relação a agosto deste Desempregados (CAGED), publicação
ano. A retração mensal no salário real mensal do Ministério do Trabalho e Emprego
persiste a 21 meses consecutivos, desde (MTE), registra o fluxo de trabalhadores
janeiro de 2001. "Como o emprego está celetistas admitidos e desligados em cada
aparecendo no comércio e em serviços, mês, servindo, portanto, de referência no
setores que pagam menos, o rendimento ac om pa nh am en to do me rc ad o de
cai. Além disso, o desemprego alto faz o trabalho formal.
trabalhador perder o poder de barganha na De acordo com a tabela 4.2, o saldo
hora de negociar aumentos salariais. Isso dos admitidos e desligados, no país, nos
sem contar a inflação que corrói o poder meses de agosto, setembro e outubro de
aqu isi tiv o", dis se Shy rle ne Ramos do 2002, foi positivo. O destaque foi o mês de
Departamento de Emprego e Rendimento setembro, onde foram gerados 167.312 mil
do IBGE. postos de trabalho. Esse saldo elevado
A Pesquisa de Emprego e Desemprego deve-se às contratações de fim de ano,
(PED), realizada pelo DIEESE na Região sendo que as principais atividades econô-
Metropolitana de São Paulo (RMSP), estimou micas responsáveis por esse resultado
que a taxa de desemprego total (desempre- foram: Serviços, Indústria de Transformação
go aberto + oculto) do mês de outubro foi e Comércio.Em outubro,o saldo gerado foi
de 19%, o que representa um aumento de de 36.368 mil postos de trabalho, total
0,1 ponto percentual em relação ao mês de significativamente inferior ao resultado do
setembro deste ano,
como demonstra a
tabela 4.1. O que
preocupa os especialis-
tas é que, nesta época
do ano, o desemprego
costuma diminuir devido
a o a u m e n t o n a
atividade econômica
q u e é v e r i f i c a d a ,
principalmente, na
atividade do comércio,
e m f u n ç ã o d a s
e n c o m e n d a s e
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 12
Tabela 4.1 - Taxa de desemprego (%)
IBGE DIEESE*
Meses 2001 2002 2001* 2002* 2001 2002
Outubro 6,6 7,4 7,0 9,1 18,3 19,0
Setembro 6,2 7,5 6,6 9,3 17,8 18,9
Agosto 6,2 7,3 6,3 8,9 17,7 18,3
Julho 6,2 7,5 6,2 8,9 17,3 18,1
Fonte: IBGE / PME e DIEESE / PED.
*Região Metropolitana de São Paulo.
Tabela 4.2 – Saldo de admitidos e desligados - CAGED
Atividade Ago/02 Set/02 Out/02
Econômica Brasil ES Brasil ES Brasil ES
Extrativa Mineral 609 89 1.514 63 1.061 27
Ind. Transformação 17.457 682 74.248 1.304 16.739 690
Serv. Ind. Util. Públ 1.056 26 853 -42 344 -1
Construção Civil 2.720 653 5.913 884 -1.629 -730
Comércio 26.580 629 48.087 1.830 37.545 1.307
Serviços 38.911 1.168 50.983 1.120 20.987 788
Admin. Pública 1.338 -4 437 1 278 1
Agropecuária -10.649 21 -14.723 -1.226 -38.949 -245
Outros 0 0 0 0 -8 0
Saldo 78.022 3.264 167.312 3.934 36.368 1.837
Fonte: MTE/CAGED.
mês anterior. Os principais setores da contratação no mês de setembro, 3.934 mil
atividade econômica responsáveis por essa empregos, foi devido a atividade econômi-
diminuição foram a Ind. de Transformação, ca do Comércio, seguido da Indústria de
Serviços e Agropecuária, que vem apresen- Transformação e Serviços. Já no mês de
tando saldo negativo desde agosto de outubro o saldo foi menor, mantendo-se
2002. positivo e também com destaque para o
Espírito Santo Comércio e Serviços. A maior expansão
O nível de emprego na indústria dessas atividades econômicas, tanto no
capixaba, estimado pelo Ins tituto de mês de setembro quanto no mês de
Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo outubro, deve-se ao aumento das contrata-
(IDEIES), apresentou um ligeiro aumento de ções para atender a demanda por produtos
0,06%, em setembro de 2002, em compa- das festas de fim de ano. Boa parte desses
ração com o mês anterior. Os principais co nt ra ta do s se rã o, pr ov av el me nt e,
gêneros da atividade econômica responsá- dispensados ao final deste período, já que
veis por essa pequena variação positiva são contratos temporários de trabalho.
f o r a m o M a t e r i a l E l é t r i c o e d e Segundo dados do IDEIES, os salários
Co mu ni ca çõ es (1 3, 07 %) , Me câ ni co reais (corrigidos pela inflação) pagos pelas
(9, 85% ), M obi liá rio (5, 34% ), P rod uto s indústrias capixabas mantiveram-se estáveis
Alimentares (5,15%) e Vestuário e Calçados (0,03%), em setembro de 2002, relativo ao
(2,88%). mesmo mês no ano passado. Já em agosto
No acumulado no ano, o índice mostra de 2002, os salários aumentaram 2,42%,
que a indústria no Espírito Santo apresentou justificado pelo aumento de pessoal,
retração de 0,46% no nível de emprego, aumento no pagamento de férias, gratifica-
sendo que os principais ramos de atividade ções e reajustes salariais.
que contribuíram para essa retração foram As horas trabalhadas na produção
os de Indústrias Diversas (-4,98%), cresceram, quando comparadas ao
Construção Civil (-4,75%) e Extração Mineral mesmo mês no ano anterior. Em setembro
(-4,54%). Por outro lado, houve um cresci- de 2002, aumentou 10,06%; em agosto,
mento nas Indústrias Químicas (+71,15%), 2,85%, e no acumulado do ano, 0,73%,
no Mobiliário (+12,15%) e Material Elétrico e sendo esses aumentos justificados pelo
de Comunicações (+11,33%). acréscimo de pessoal.
Já o acumulado nos últimos
doze meses totalizou uma redução
de postos de trabalho no estado de
2,44%, sendo os gêneros Têxtil e da
Construção Civil os principais
responsáveis por essa retração; por
outro lado, os gêneros que mais
cresceram foram o Material Elétrico
e Comunicações (+25,74%) e
Mecânico (+24,92%).
Os dados do CAGED para o
Espírito Santo mostram um saldo
positivo entre admitidos e desliga-
dos nos meses de agosto, setembro
e outubro de 2002. A maior
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 13
Tabela 4.3 – Variação mensal e acumulada do pessoal
ocupado por gênero de atividade no ES (%)
Discriminação Jul/02 Ago/02 Set/02 12 meses
Prod. Alimentares -1,18 -0,51 5,15 3,75
Química 2,19 2,34 0,19 12,01
Material Plástico 0,42 -0,28 -0,28 11,59
Material Transporte 0,00 0,46 -0,45 5,79
Têxtil 1,00 -0,99 0,79 -45,29
Mobiliário -0,57 1,97 5,34 10,29
Material Elétrico -4,66 1,83 13,07 25,74
Extração Mineral 0,30 -1,69 0,77 -4,04
Construção Civil 1,39 -2,58 1,03 -14,59
Total da Indústria 0,15 -0,75 0,06 -2,44
Fonte: IEL/IDEIES.
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 14
5. POLÍTICA MONETÁRIA
A política monetária no Brasil vem sendo de uma dezena de instituições bancárias e
condicionada pela política de metas de operadores financeiros. Por essa razão, a
inflação implementada em 1999. Segundo discussão que interessa é a da independên-
essa política, uma tendência de aumento cia do Banco Central em relação ao
nos preços deve ser combatida com um mercado, de forma que o governo possa ter
aumento na taxa de juros. Desde então, o efetivo controle do sistema monetário e
Banco Central tem como objetivo prioritário financeiro. A independência defendida
atingir uma meta de inflação fixada pelo pelos economistas neoclássicos e pelo
governo, com uma tolerância de mais ou mercado já existe, só falta a formalização
menos 2,5 pontos percentuais. Entretanto, legal. Base Monetária
nos últimos anos, ele não tem conseguido Em outubro de 2002, a base monetária
atingir esse objetivo, apesar das contínuas foi expandida em 4,2% acumulando um
elevações na taxa básica de juros tornando- crescimento de 33,4% em doze meses.
a a mais alta do mundo, em termos reais. Acompanhando essa expansão, o papel
A política de metas de inflação segue a moeda emitido aumentou 4,9%, no mês, e
ortodoxa teoria quantitativa da moeda. 34,0%, em doze meses; as reservas
Segundo esta teoria, um aumento na bancárias cresceram 3,0%, no mês, e 32,3%
quantidade de moeda é a causa da em doze meses. Da mesma maneira, os
inflação. Por isso, um aumento na taxa de meios de pagamentos cresceram 3,5%, no
juros faria com que os consumidores mês de outubro, e 31,7%, em doze meses; o
reduzissem a demanda por bens e serviços e papel moeda em poder do público cresceu
convertessem suas rendas em aplicações a 5,4%, no mês, e 33,8%, em doze meses; e os
juros. O que os dados demonstram é que depósitos à vista, 2,3%, no mês, e 30,5%, em
essa teoria não funciona no Brasil, como doze meses. Segundo a teoria ortodoxa, a
veremos. Além disso, está produzindo inflação acumulada nos doze meses
conseqüências graves contribuindo para o deveria ser superior a 30,0%, mas, ao
crescimento da dívida interna, para o contrário do que prega a teoria, o cresci-
aumento dos
juros a serem
p a g o s e
estrangulando a
capacidade de
g a s t o s d o
governo.
A implemen-
t a ç ã o d e s s a
política levou o
Banco Central a
s u b m e t e r - s e
cada vez mais
aos "humores" do
mento na oferta monetária foi retido na
mercado financeiro. Por isso, consulta
forma de papel moeda e depósitos à vista,
continuamente esse mercado e segue as
sem efeito sobre a inflação do período.
suas indicações, principalmente antes das
Mesmo supondo que a teoria neoclássi-
reuniões do Comitê de Política Monetária.
ca fosse correta, o elevadíssimo grau de
Dessa forma, ao contrário do que os meios
concentração da renda no Brasil impediria o
de comunicação e os economistas
seu funcionamento na realidade. Ou seja, a
ortodoxos divulgam, o Banco Central não é
maior parte do aumento nos meios de
dependente do governo e sim do mercado.
pagamentos é apropriada pela parcela
Mercado esse que é comandado por cerca
mais rica da população, cujas necessidades
Tabela 5.1 - Base Monetária e meios de pagamentos.
Média dos saldos dos dias úteis (R$ milhões) e variação mensal (%)
Jul/02 Ago/02 Set/02 Out/02
Componentes R$ % R$ % R$ % R$ %
Base Monetária 54.220 7,2 56.266 3,8 58.165 3,4 60.607 4,2
Papel moeda emitido 35.473 5,2 36.739 3,6 37.828 3,0 39.666 4,9
Reservas bancárias 18.747 11,2 19.527 4,2 20.337 4,1 20.941 3,0
Meios de pagamentos 82.026 4,7 84.501 3,0 87.005 3,0 90.023 3,5
Papel Moeda em
poder do público 29.406 4,2 30.614 4,1 32.094 4,8 33.822 5,4
Depósitos à vista 52.621 5,0 53.888 2,4 54.911 1,9 56.200 2,3
Fonte: BCB - Nota para a Imprensa, 27/11/2002.
já estão plenamente atendidas e não juros na ponta do mercado. Com isso, os
afetam de forma significativa os índices de depósitos compulsórios cresceram quase
preços, pois a maior parte dos produtos que 150%, de setembro para outubro, e os
demandam nem fazem parte do IPCA. resgates de títulos públicos ultrapassaram os
Como sabemos, a cesta de consumo R$ 20,0 bilhões. A utilização mais agressiva
determinada para esse índice é o padrão desse instrumento de política monetária,
médio de consumo de famílias com renda que foi parcialmente abandonado pelo
mensal até 30 salários mínimos. A tabela 5.2 Banco Central, permitiria uma redução
apresenta os resultados das variações na significativa no endividamento em títulos
base monetária e o conjunto de operações públicos através da remonetização da
executadas pelo Banco Central entre os dívida e o seu recolhimento através do
meses de julho e outubro de 2002. Neste depósito compulsório. Note-se que esse
mês, as operações do Tesouro Nacional e do instrumento foi amplamente utilizado na
Setor Externo apresentaram impacto edição do Plano Real quando a alíquota
negativo, a primeira foi pouco significativae sobre os depósitos à vista foi fixada em 50%
a segunda decorrente da especulação do saldo desses depósitos, em 30/06/94,
cambial. No período, o Tesouro Nacional foi mais 100%das variaçõesnesse saldo. Assim,
responsável pela redução de R$ 5,9 bilhões toda apossibilidade deexpansão dosmeios
na base monetária, como resultado da de pagamentos foi esterilizada no Banco
política de obtenção de superávits primários Central. Além disso, seria necessário o
exigidos pelo acordo com o FMI. O Setor retorno aos períodos de cálculo e recolhi-
Externo contribuiu com R$ 17,8 bilhões que mento anterior, que foram ampliados de
foram utilizados na aquisição de dólares cinco para dez dias úteis por Armínio Fraga, e
durante o agudo período de especulação uma revisão na liberdade de movimenta-
no mercado cambial, antes das eleições ção desses depósitos. A regulamentação
presidenciais. Assim, o governo despendeu dos depósitos compulsórios permite que os
cerca de US$ 5,0 bilhões de suas reservas bancos movimentem livremente seus
internacionais, considerando uma taxa saldos, desde que durante o período de
média de câmbio de R$ 3,60 por dólar. recolhimento mantenham a média obtida
Considerando ainda as variações na no período de cálculo. Essa liberdade
Assistência Financeira de Liquidez e os converteu o depósito compulsório em um
Depósitos Compulsórios, que também poderoso fundo para especulação a
apresentaram impacto negativo no período, curtíssimo prazo no mercado interbancário e
teremos uma redução na base monetária no mercado aberto.
de R$ 60,2 bilhões. Este montante foi Operações de Crédito
compensado pelas operações com Títulos O total das operações de crédito
Públicos Federais que foram resgatados em concedidas pelo sistema financeiro, para o
um montante de R$ 61,7 bilhões, no mesmo setor público e privado, foi de R$ 372,8
período. bilhões nesse mês, o que representa um
Destaca-se, no mês de outubro, uma decréscimo de 0,66%, em relação ao mês
ligeira mudança na intervenção do Banco de setembro, quando o saldo foi de R$ 375,3
Central sobre o mercado monetário. Em bilhões. Essa retração fez com que a relação
11/10/02, ele editou a Circular 3.157 entre o total de empréstimos e o PIB caísse
elev ando as alíq uota s dos depó sito s de 27,1% para 26,3% entre setembro e
compulsórios.
Elas tinham sido
reduzidas, há
cerca de dois
anos, como meio
de tentar elevar a
oferta de crédito
e reduzir a taxa de
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 15
Tabela 5.2 - Fatores condicionantes da base monetária - Fluxos acum. No mês (R$ milhões)
Período
Tesouro
Nacional
Títulos
Públicos
Setor
Externo
Assist.
Financ.
Dep.Inst.
Financ.
Op. Deri-
vativos
Outras
Contas
Var. da
Base
Jul/02 230 14.929 -4.420 - 2.025 -7.214 248 - 7 1.740
Ago/02 -2.815 17.229 -4.823 - 1 -6.528 - 517 9 2.553
Set/02 -3.052 8.997 -3.004 3 -5.957 8.943 - 146 5.784
Out/02 -296 20.565 -5.535 -3 -14.725 -157 22 -130
Fonte: BCB - Nota para a Imprensa, 27/11/2002
outubro deste ano. A variação do volume R$ 9,9 bilhões, em outubro de 2002, uma
dessas operações nos últimos cinco meses diminuição de 8,85% em relação ao mês
foi de 6,03%. No mês de outubro, as anterior. Nos últimos cinco meses, a queda
operações de crédito destinadas ao setor foi de 0,73%.
privado foram de R$ 362,9 bilhões, uma Em relação aos níveis de risco das
retração de 0,41% em relação ao mês operações de crédito efetuadas pelo
anterior. A redução foi mais acentuada para sistema financeiro, no mês de outubro,
a indústria e outros serviços, com quedas de 60,1% foram classificados na faixa de baixo
1,5% e 2,4%, respectivamente. Segundo o risco (AA+A), ou seja, são empréstimos que
Banco Central, as incertezas quanto ao ainda não venceram. Somente 3,6% dos
futuro da economia foram determinantes empréstimos enquadraram-se na faixa de
para esse resultado. Mas, a lucratividade alto risco (H), são empréstimos vencidos e de
bancária no mercado aberto pode ser a difícil cobrança. As operações de crédito
explicação mais correta. Por essa mesma com o setor público, mostra uma diminuição
razão o crédito rural e o crédito habitacional nas operações de baixorisco, de 54,3%,em
cresceram nos dois últimos meses, reverten- setembro, para 49,8%, no mês de outubro,
do a tendência anterior. O primeiro é acompanhado por um aumento dos
subsidiado pelo governo federal e o créditos de alto risco de 0,4% para 2,7%
segundo é decorrente da obrigatoriedade nesses mesmos meses. Mas, o que ocorreu
das aplicações em cadernetas de poupan- efetivamente foi um aumento significativo
ça. Nos cinco últimos meses, a variação no na inadimplência de Estados e Municípios
crédito no setor privado foi de 6,23%. cujos débitos vencidos aumentaram de
A dívida bancária do setor público foi de 0,5% para 4,0%.
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 16
Tabela 5.3 – Operações de crédito do sistema financeiro - Saldos em final de período (R$ milhões) e
Classificação das faixas de risco do saldo das operações em Outubro (em valores percentuais)
Setor Público Setor Privado
Meses Gov.
Fed.
Gov.
Mun/Est.
Total S.
Público
Indústria Habi-
tação
Rural Comér-
cio
Pess.
Física
Outros
Serviços
Total S.
Privado
Total
Geral
Jun/02 3.893 6.116 10.009 106.162 24.132 27.942 38.351 82.809 62.238 341.634 351.643
Jul/02 3.739 6.740 10.479 110.233 24.014 27.385 38.903 82.731 64.906 348.172 358.651
Ago/02 3.622 6.739 10.361 107.261 23.937 27.659 38.416 82.799 63.532 343.604 353.965
Set/02 3.986 6.914 10.900 119.629 24.240 29.374 40.491 83.164 67.508 364.406 375.306
Out/02 3.487 6.448 9.935 117.801 24.280 30.762 40.004 84.172 65.909 362.928 372.863
Faixa de Risco
AA+A 78,6 34,2 49,8 60,8 41,1 61,7 60,7 64,0 61,3 60,3 60,1
B até G 21,1 61,8 47,5 37,0 51,9 35,7 35,9 29,9 36,7 36,1 36,4
H 0,3 4,0 2,7 2,2 7,0 2,6 3,4 6,2 2,0 3,6 3,6
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: BCB - Nota para a imprensa.- 27.11.2002
6. POLÍTICA FISCAL
A política fiscal restritiva mantida pelo contabiliza as receitas e despesas efetiva-
governo ao longo desses quase 8 anos de mente realizadas pelo Governo Federal,
mandato, especialmente a partir de 1997, dentro do conceito "acima da linha", o
produziu superávits crescentes que, por outro Governo acumulou, até outubro do ano
lado, foram consumidosno pagamento dos vigente, um superávit de R$ 33,80 bilhões. A
juros da dívida pública. Este ano, mais uma melhora de R$ 8,01 bilhões no desempenho
vez, será encerrado com um superávit nas do superávit deste ano, em comparação
contas públicas maior do que o do ano com aquele conseguido em igual período
anterior. Esse desempenho positivo das de 2001 (R$ 25,79 bilhões), ainda está longe
contas públicas é fruto de políticas de corte de cobrir aconta de jurosde responsabilida-
nos gastos públicos, contingenciamento do de do governo. O resultado primário do
orçamento e aumento da arrecadação. Governo Federal, em relação ao PIB,
De acordo com a Tabela 6.1, que aumentou de 2,66%, entre janeiro e outubro
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 17
do ano passado, para 3,19%, no mesmo e capital referentes ao mês de setembro/02
período desse ano. Um grande desafio para (R$ 5,18 bilhões) com aquelas relativas ao
o próximo Governo é o de manter o aumento mês de outubro (R$ 7,91 bilhões). Na
do superávit primário. Com a previsão, para verdade, todos os itens que compõem as
o próximo ano, de aumento das despesas despesas do Governo Federal apresentaram
nas áreas sociais e elevação dos gastos com crescimento significativo nos dez primeiros
a previdência, vinculada ao aumento do meses deste ano em comparação com o
salário mínimo, o governo terá de se mesmo período do ano passado.
preocupar ainda mais em aumentar a A Tabela 6.2 mostra o resultado consoli-
arrecadação. O Governo Federal arreca- dado do setor público no conceito "abaixo
dou, até outubro de 2002, o montante de R$ da linha", isto é, pela necessidade de
260,96 bilhões, R$ 40,12 bilhões a mais do financiamento do setor público. Além disso,
que no mesmo período do ano passado (R$ destaca-se que osdados aqui apresentados
220,84 bilhões). Nos meses de setembro e diferem daqueles da Tabela 6.1, pois aquela
outubro últimos, o nível de arrecadação refere-se apenas ao Governo Federal,
esteve particularmente alto, mais de R$ 29 enquanto nesta estão representados os
bilhões mensais, bem acima dos R$ 23,49 dados do setor público como um todo.
bilhões arrecadados em outubro/01. Do lado O resultado primário, que não leva em
das despesas, observa-se também um conta as despesas com juros, foi positivo,
crescimento significativo entre o que foi para todo o período em análise, tanto para o
gasto nos dez primeiros meses do ano Governo Central (Governo Federal, INSS e
passado (R$ 156,83 bilhões) e o correspon- Banco Central) quando para os governos
dente ao mesmo período deste ano (R$ regionais (estados, Distrito Federal e municípi-
180,58 bilhões). Esse crescimento esteve os) e para as empresas estatais. Em outubro
mais concentrado no mês de outubro último de 2002, o resultado primárioapresentou um
(R$ 20,82 bilhões) do que em setembro/02 saldo positivo de R$ 6,3 bilhões. Esse foi o
(R$ 17,60 bilhões),ou mesmo outubro/01(R$ melhor resultado, no mês, desde o início da
17,49 bilhões), quandoo Governo promoveu série, em 1991. Em outubro foi registrado um
o descontingenciamento dos recursos crescimento na arrecadação de impostos
orçamentários. Isso fica ainda mais evidente que incidem sobre ope raç ões com
quando se compara as despesas de custeio contratos especiais de câmbio (swap
Tabela 6.1 – Resultado Primário do Governo Federal(1) (R$ bilhões)
Discriminação Out/01 Jan-Out/01 Set/02 Out/02 Jan-Out/02
I. RECEITA TOTAL 23,49 220,84 29,02 29,97 260,96
I.1Receita do Tesouro 18,41 172,03 23,27 23,87 205,84
I.1.1. Receita bruta 19,03 177,53 24,01 24,83 212,51
I.1.2. (-) Restituições 0,62 - 5,28 - 0,74 - 0,95 - 6,58
I.1.3 (-) Incentivos Fiscais 0,0 - 0,22 0,0 0,0 - 0,09
I.2. REC. DA PREVIDÊNCIA 5,07 48,81 5,76 6,09 55,12
II. TRANSF. P/EST. E MUNIC. 3,56 37,67 4,41 5,27 45,99
III. RECEITA LÍQUIDA TOTAL 19,93 183,17 24,61 24,69 214,97
IV. DESPESA TOTAL 17,49 156,83 17,60 20,82 180,58
IV.1.Pessoal e enc. Sociais 4,79 51,21 5,25 5,68 58,10
IV.2.Benef. Previdenciários 6,03 57,37 7,16 7,23 67,09
IV.3 Custeio e Capital 6,68 48,25 5,18 7,91 55,39
V. RES.PRIM.GOV.FEDERAL 2,43 26,34 7,01 3,87 34,39
V.1 Result. do Tesouro Nac. 3,39 34,90 8,42 5,01 46,36
V.2 Prev. Social (RGPS) - 0,95 - 8,56 - 1,41 - 1,14 - 11,97
VI RES. PRIM. DO BACEN - 0,05 - 0,55 - 0,09 - 0,06 -0,59
VII.RES.PRIM.GOV.CENTRAL 2,38 25,79 6,92 3,81 33,80
VIII. RES. PRIMÁRIO/PIB (%) 2,66 3,19
Fonte: STN/Ministério da Fazenda
(1) Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central
cambial) e aplicações em fundos de renda relacionada à forte desvalorização cambial
fixa. Mas o resultado de setembro último verificada durante o ano, pois cerca de 50%
havia sido ainda mais espetacular, atingindo da dívida pública está dolarizada. Outro fator
o valor recorde de R$ 10,3 bilhões. No que contribuiu para o elevado pagamento
acumulado no ano, o superávit primário de juros, foi o aumento da taxa Selic que
atingiu R$ 53,9 bilhões (5,07% do PIB). O valor subiu de 18% em setembro/02 para 21% em
é R$ 3,6 bilhões maior do que a meta de R$ outubro e hoje está em 22%. Assim o seu
50,3 bilhões acertada com o FMI para todo o efeito sobre o pagamento de juros deverá
ano de 2002. Observa-se, portanto, que o ser ainda mais forte nos próximos meses.
governo brasileiro vem se esmerando em Os principais responsáveis pelo paga-
cumprir, até com excesso, as metas com o mento de juros, no período de janeiro a
Fundo, constituindo-se este no objetivo outubro deste ano, foram os governos
número um da política do governo. regionais (estados, Distrito Federal e municípi-
A evolução dos resultados primários os) com um dispêndio de R$ 39,0 bilhões e o
deveu-se, principalmente, ao desempenho Governo Central, com R$ 38,8 bilhões. As
do Governo Central, atingindo R$ 34,7 empresas estatais gastaram R$ 9,2 bilhões.
bilhões nos dez primeiros meses deste ano Como os superávits primários cobriram
(3,29% do PIB), comparativamente aos R$ apenas parte dos juros, apesar do esforço
27,0 bilhões (2,8% do PIB) registrados no empreendido, os resultados nominais foram
mesmo período do ano anterior. Já os deficitários e atingiram a cifra de R$ 33,1
governos regionais e as empresas estatais bilhões durante o ano, conforme os dados
obtiveram respectivamente R$ 10,9 bilhões da Tabela 6.2. Ocorreu um crescimento de
(1,04% do PIB) e R$ 8,2 bilhões (0,74% do PIB), R$ 6,4 bilhões em comparação ao mesmo
mantendo o mesmo patamar registrado em período do ano anterior (R$ 26,7 bilhões).
2001. A conta de juros nominais pagos, Nota-se que esse resultado deveu-se, em
apresentada na mesma tabela, mostra a sua maior parte, ao déficit de R$ 28,1 bilhões
grande dificuldade encontrada pelos apresentado pelos governos regionais.
governantes para conseguir equilibrar as A Dívida Líquida do Setor Público (Tabela
finanças públicas do país. Em outubro foram 6.3) mede o endividamento do setorpúblico
pagos R$ 14,6 bilhões de juros e o Governo não financeiro e do Banco Central do Brasil
Central foi o maior responsável, R$ 11,2 junto ao sistema financeiro (público e
bilhões. No acumulado do ano, foram pagos privado), setor privado não financeiro e resto
R$ 87,0 bilhões de juros, R$ 16,0 bilhões a do mundo.No número anterior do Boletim de
mais do que o montante pago em igual Conjuntura, os comentários sobre Política
período de 2001 (R$ 71,0 bilhões). Essa Fiscal noticiavam que, no mês de maio/02, a
elevação do pagamento de juros está dívida pública havia batido o seu recorde
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 18
Tabela 6.2 – Necessidade de Financiamento do Setor Público (R$ milhões)
Discriminação Out/01 Jan-Out/01 Set/02 Out/02 Jan-Out/02
Resultado Primário -3 028 -44 233 -10 258 -6 283 -53.904
Governo Central -1 891 -27 063 -6 044 -4 313 -34.725
Governos Regionais - 433 -9 656 -1 033 -1 418 -10.940
Empresas Estatais
(1)
- 705 -7 514 -3 181 - 552 -8.239
Juros Nominais 9 222 70 956 11 759 14 568 87.017
Governo Central 5 140 33 699 -2 424 11 232 38.800
Governos Regionais 2 795 30 302 9 739 4 559 39.031
Empresas Estatais
(1)
1 288 6 955 4 444 -1 222 9.186
Resultado Nominal 6 194 26 723 1 501 8 285 33.113
Governo Central 3 249 6 636 -8 468 6 919 4.075
Governos Regionais 2 362 20 646 8 706 3 141 28.091
Empresas Estatais
(1)
583 - 559 1 263 -1 775 947
Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 28.11.02
(1) Inclui as empresas estatais dos governos federal, estaduais e municipais
histórico, quando atingiu 56% do PIB parte da dívida pública (Tabela 6.3). Sua
nacional. No mês de setembro último, participação tem se mantido, nos anos de
entretanto, a dívida aumentou muito mais, 2001 e 2002 (ver boletins anteriores), em
alcançando R$ 885,2 bilhões de reais, o que torno de 60 a 65% da dívida total. Em
equivale a 63,6% do PIB. É a terceira vez outubro, a dívida em nome do Governo
neste ano que a dívida do setor público bate Central registrou o valor de R$ 554,4 bilhões,
um recorde histórico. enquanto a dos Governos Estaduais ficou em
Em agosto de 2002, a Dívida Líquida do R$ 277,6 bilhões (32,1% do total) e a dos
Setor Público, que inclui as dívidas interna e Governos Municipais alcançou R$ 34,2
externa de todos os níveis de governo, bilhões (3,9% do total).
apresentava um valor de R$ 784,1 bilhões. Em outra análise, observa-se que a maior
No mês de setembro atingiu o seu valor mais parte da Dívida Líquida do Setor Público está
alto, devido, sobretudo, à depreciação do comprometida com os credores internos,
Real frente ao dólar, que foi de 28,9% no representando 72,9% da dívida total (R$
mês, sendo responsável por um impacto 631,4 bilhões). Nos últimos doze meses, a
correspondente a R$ 97,9 bilhões na dívida. dívida pública interna cresceu 18,5%,
A trajetória de crescimento da dívida ao enquanto a externa aumentou 65,0%. Este é
longo deste ano se constitui num dos o resultado da desvalorização do Real frente
problemas mais difíceis de serem enfrenta- ao dólar nos últimos meses, que tem
dos, pois está diretamente atrelada à impacto direto sobre a dívida externa,
depreciação cambial, que se aprofundou atrelada à taxa de câmbio. Entre os meses
fortemente a partir de meados do ano. Na de agosto e setembro de 2002, o estoque
comparação entre os meses de outubro de da dívida pública externa passou de 23,8%
2001 e 2002, é possível perceber que o do total (R$ 186,6 bilhões) para 27,7% (R$
estoque da dívida passou de R$ 674,9 245,2 bilhões). Como a Dívida Líquida do
bilhões (54,5% do PIB) para R$ 866,2 bilhões Setor Público aumentou como um todo, seu
(59,9%), o que representa um incremento de componente externo cresceu ainda mais,
28,34%. A redução observada na dívida aumentando a vulnerabilidade do Brasil
entre os meses de setembro (R$ 885,2 frente ao mercado internacional de capitais.
bilhões) e outubro (R$ 866,2 bilhões) deveu- A Tabela 6.4 apresenta os dados da
se, em parte, à valorização cambial ocorrida Dívida Mobiliária Federal. Esta, ao contrário
no período, responsável por uma redução da Dívida Líquida do Setor Público, refere-se
de R$ 27,8 bilhões no total da dívida; e em somente à dívida do Governo Federal,
parte, pela monetização dadívida. representada por títulos vendidos no
Pode-se observar que o Governo Central, merc ado inte rno, atra vés do sist ema
incluindo o Banco Central e as empresas bancário. Comparando-se os dados das
estatais federais, é o responsável pela maior duas tabelas analisadas, observa-se que a
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 19
Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (R$ bilhões)
Discriminação Out/ 01 Dez/ 01 Ago/ 02 Set/ 02 Out/02
Dívida Total Líquida 674,95 660,87 784,06 885,19 866,21
Governo Central
(1)
408,80 396,17 493,01 574,49 554,40
Governos estaduais
(2)
237,05 235,81 259,42 276,83 277,64
Governos municipais
(3)
29,10 28,89 31,63 33,87 34,17
Dívida Total Líquida 674,95 660,87 784,06 885,19 866,21
Dívida líquida interna 532,60 530,02 597,51 639,95 631,35
Dívida líquida externa 142,35 130,85 186,55 245,24 234,86
DLSP em % do PIB 54,5 42,7 58,2 63,6 59,9
Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 28.11.02
(1) Inclui Banco Central e empresas estatais federais
(2) Inclui as empresas estatais estaduais
(3) Inclui as empresas estatais municipais
Dívida Mobiliária Federal, que alcançou em de swap, garantindo aos compradores a
outubro último o valor de R$ 632,1 bilhões, correção cambial. Esse tipo de operação
representa a maior parte da Dívida Líquida mascara o comprometimento do Governo
do SetorPúblico, R$ 866,2bilhões, no mesmo com a variação na taxa de câmbio, pois os
mês. A composição da Dívida Mobiliária títulos aparecem na composição da dívida
Federal, segundo os títulos que a constituem, como pré-fixados. O segundo movimento
atrelados aos diferentes indexadores, está ocorrido, que aumenta a participação dos
explicitada, também, na Tabela 6.4. títulos dolarizados na composição da dívida,
Observa-se, da análise desses dados, que a se caracteriza pela forte elevação da taxa
maior parte da dívida em títulos (54,2%) está de câmbio registrada a partir de maio/02,
indexada à taxa selic e que essa participa- mas fortemente concentrada no mês de
ção tem se mantido acima dos 50% desde setembro último. Nesse mês, a política de
dezembro/01. Por isso, a elevação da taxa substituição dos títulos cambiais não foi
selic a partir de outubro último, tem acarreta- suficiente para manter a trajetória de queda
do despesas crescentes com a conta de na participação desses títulos na composi-
juros paga pelo Governo. Cada ponto ção da Dívida Mobiliária Federal.
percentual de aumento nessa taxa represen- Deve-se registrar, ainda, a crescente
ta um acréscimo de R$ 3,5 bilhões na participação dos títulos indexados ao IGP-M
despesa com o pagamento de juros de e ao IGP-DI nos últimos meses. Como se
responsabilidade do Governo Federal, se sabe, esses dois indexadores são fortemente
mantido durante doze meses. E esse é só o influenciados pela elevação dos custos das
efeito direto, sem contar que o aumento da empresas, que, por sua vez,são impactados
taxa selic, como taxa básica da economia, pela desvalorização cambial e pelo
influencia a elevação de todas as outras aumento dos preços dos serviços essenciais
taxas de juros cobradas pelomercado. (água, energia e telefone). Por isso, esses dois
A segunda maior parcela da Dívida indicadores têm apresentado crescimento
Mobiliária Federal, está indexada à taxa de acima dos outros índices de inflação. O
câmbio. Sua participação apresentou Banco Central, com dificuldades para
variações significativas nos últimos doze colocar novos títulos no mercado, vem
meses, reduzindo de 31,4%, em outubro/01, tentando atrair os investidores com títulos
para 28,6, em dezembro último, e 24,6%, mais rentáveis.
em agosto/02; voltou a aumentar para Essa política, porém, ao indexar a quase
29,0%, em setembro, e caiu para 26,6%, em totalidade da dívida a indicadores altamen-
outubro. Essa trajetória foi marcada por dois te voláteis, como a taxa selic, o câmbio, o
movimentos significativos ocorridos nesse IGP-M e o IGP-DI, compromete a administra-
período. O primeiro deles se constitui na ção da dívida, reduzindo as possibilidades
política implementada pelo Banco Central, de manobra do próximo governo, condicio-
a partir do final de 2001, de substituir os títulos nando o futuroda política monetáriaà quase
indexados ao dólar por títulos pré-fixados, ao exclusiva administraçãoda dívidapública.
mesmo tempo em que lançava operações
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 20
Tabela 6.4 – Dívida Mobiliária Federal e Participação por Indexadores
Discriminação Out/01 Dez/01 Ago/02 Set/02 Out/02
Dívida Mobiliária (R$ bilhões) 629,1 624,1 622,8 658,8 632,10
Indexadores (%)
Câmbio 31,4 28,6 24,6 29,0 26,6
Over/Selic 49,3 52,8 55,8 52,9 54,2
Prefixado 9,1 7,8 7,8 6,6 6,5
TR e TJLP 3,6 3,8 2,0 1,9 2,0
IGP-M e IGP-DI 6,6 7,0 9,8 9,6 10,7
FONTE: BCB – Notas para a imprensa, 28.11.02
7. SETOR EXTERNO
A mudança de cenário, observada a para medir a dependência externa de uma
partir do final do primeiro quadrimestre de economia, pois, quanto maior o déficit,
2002, foi determinada, de um lado, pelo maior será a necessidade de atrair capitais
agravamento da crise externa, impulsionada externos para equilibrar as contas. Esse
pelas dificuldades crescentes enfrentadas resultado, alcançado pela economia
pela Argentina, pelo conflito do Iraque, pelas brasileira, reflete a diminuição do déficit na
falcatruas das empresas americanas e pela conta detransações correntes queacumula,
estagnação das economias japonesa e nos dez primeiros meses do ano, um saldo
européias. Por outro lado, contribuiu, negativo de apenas US$ 7,3 bilhões, contra
também, a vulnerabilidade da própria os US$ 19,9 bilhões observados em igual
economia brasileira, excessivamente período de 2001. É importante salientar que,
dependente dos capitais externos e com um nos meses de agosto e setembro últimos,
setor público altamente endividado. Por essa conta, que de longa data é deficitária,
último, essa piora de expectativas foi apresentou superávits de US$ 0,3 bilhão e de
influenciada pelo calendário eleitoral, US$ 1,2 bilhão, respectivamente. Esses
trazendo doses extras de incerteza e resultados, acrescidos do saldo negativo
instabilidade. Assim, as dúvidas quanto ao muito baixo observado no mês de outubro,
pagamento da dívida e de seus juros permitem prever um déficit de pouco mais
deixaram os investidores receosos, ocasio- de US$ 9 bilhões na conta de transações
nando um aumento na saída de capitais correntes de 2002, contra um saldo negativo
que, juntamente com a dificuldade de de US$ 23,2 bilhões observado no ano
rolagem da dívida pública atrelada ao anterior.
câmbio, resultou em uma forte desvaloriza- O melhor desempenho das contas
ção do real, que chegou a mais de 50,0 % externas está atrelado ao resultado da
entre os meses de maio e outubro deste ano. balança comercial. Essa subconta, que
Essa significativa desvalorização da moeda contabiliza o fluxo de bens comercializados
local foi a responsável direta pela melhoria entre o Brasil e exterior, atingiu um superávit
das contas externas nacionais,cujo principal de US$ 10,0 bilhões no período de janeiro a
indicador, a relação entre o déficit da conta outubro deste ano, sendo que o mês de
de transações correntes e o Produto Interno setembro registrou o maior superávit dos
Bruto (PIB), apresentou expressiva retração no últimos anos com US$ 2,5 bilhões. No
acumulado de janeiro a outubro deste ano, acumulado de janeiro a outubro do ano
aproximadamente três pontos percentuais, passado o superávit alcançado foi de
quando comparado com o mesmo período apenas US$ 1,5 bilhão. Esses dados,
do ano anterior. Caiu de 4,71% para 1,93%, acrescidos do superávit de US$ 1,3 bilhão
uma redução de 59% (Tabela 7.1). Esse registrado em novembro (Folha Online,
indicador é o principal instrumento utilizado 02/12/02), demostram que a tendência é o
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 21
Tabela 7.1 – Conta de transações correntes (US$ milhões)
Discriminação Out/01 Jan-Out/01 Ago/02 Set/02 Out/02 Jan-Out/02
Balança comercial 249 1.497 1.575 2.480 2.204 10.062
Exportações 5.003 49.377 5.751 6.492 6.474 49.992
Importações 4.753 47.880 4.176 4.012 4.270 39.930
Serviços -561 -6.569 - 369 -360 -265 -4.025
Transportes -238 -2.556 -139 -138 -175 -1.593
Rendas -2.276 -16.141 -1.119 -1.135 -2.274 -15.283
Juros -2.021 -12.510 -824 -822 -1.652 -10.972
Transferências unilaterais 149 1.334 229 236 301 1.923
Transações correntes -2.438 -19.878 316 1.221 -34 -7.323
Trans. Correntes/PIB (%) - - 4,71 - - - - 1,93
Fonte: BCB – Nota para a imprensa
fechamento anual com valores muito rendas, cujos principais componentes são os
superiores àqueles esperados no início do juros e os lucros e dividendos, registrou uma
ano. As últimas projeções indicam um saldo pequena retração,encerrando o período de
da balança comercial em torno de US$ 12,5 janeiro a outubro com um déficit de US$ 15,2
bilhões em 2002. Analisando-se mais bilhões, enquanto que no mesmo período do
detidamente os dados da Tabela 7.1, ano passado esse valor foi de US$ 16,1
observa-se que apenas uma pequena parte bilhões (Tabela 7.1). Essa retração está
do desempenho da balança comercial é relacionada à redução das taxas de juros
conseqüência de um aumento das externas, puxada pela redução da taxa
exportação, que apresentaram um cresci- básica americana, no rastro da recessão
mento nos primeiros dez meses do ano da mundial. É importante ressaltar que o período
ordem de 1,2 % em relação ao ano de2001. de instabilidade, potencializado pela
O volume total de exportação no ano é de incerteza da sucessão presidencial, resultou
US$ 49,9 bilhões, sendo que os meses de em um aumento das remessas de lucro e
setembro e outubro apresentaram os uma antecipação no pagamento de juros.
maiores resultados mensais, ambos com Comparando-se os meses de setembro e
valores de US$ 6,5 bilhões. Contudo, é outubro do recorrente ano confirma-se essa
importante salientar que, com o desaqueci- hipótese, pois em setembro o déficit na
mento do mercado interno, o aumento das subconta rendas foi de US$ 1,1 bilhão,
exportações ocorre sem um aumento da enquanto no mês de outubro, esse valor
produção, pois os produtos que deveriam ser subiu para US$ 2,3 bilhões, ou seja, aumentou
consumidos internamente estão sendo maisde50%.
colocados no mercado externo. Assim, o Os últimos meses foram marcados por
maior responsávelpelo superávitda balança incertezas quanto à capacidade do país de
comercial foi a redução do volume de honrar seus compromissos, motivando
importação. De janeiro a outubro do ano alterações radicais no comportamento dos
passado o país contabilizou um volume de investidores internacionais em relação ao
importação da ordem de US$ 47,9 bilhões, Brasil. Essa mudança refletiu-se numa menor
enquanto neste ano registra uma retração disponibilidade de recursos destinados ao
para US$ 39,9 bilhões, a qual representa uma país. Assim, a conta capital e financeira, que
diminuição de 16,6%. A desvalorização do reflete a entrada líquida de recursos externos,
real, que tornou os produtos importados mais apresentou diminuição de US$ 25,3 bilhões
caros, combinada com o desaquecimento para US$ 8,0 bilhões (Tabela 7.2), no
da economia interna condicionaram o acumulado dos dez primeiros meses deste
desempenho das importações. ano em relação ao anterior. Isto corresponde
A subconta serviços, que inclui apenas os a uma retração de 68,5% na entrada líquida
serviços tradicionais, também foi influencia- de capitais autônomos no Brasil. Os meses de
da pela combinação da desvalorização agosto, setembro e outubro registraram,
com o baixo crescimento econômico. Essa respectivamente, déficits de US$ 1,5 bilhão,
subconta, tradicionalmente deficitária, US$ 0,6 bilhão e US$ 2,3 bilhões, evidencian-
reduziu seu déficit em 38,0% nos dez do que a situação agravou-se consideravel-
primeiros meses do ano, registrando um mente nos últimos meses e que as perspecti-
saldo negativo de apenas US$ 4,0 bilhões, vas não são nada boas para o próximo
contra US$ 6,6 bilhões em igual período do governo.
ano anterior. Analisando o mês de outubro O fluxo de investimento direto, que
percebe-se uma redução superior a 50,0 % representa a principal fonte de entrada
no resultado do ano de 2002 em relação ao líquida de recursos provenientes do exterior,
ano anterior. A diminuição do volume de apresentou forte redução. A previsão do
importações refletiu no saldo das despesas governo, para o ano de 2002, era de um
com transporte, que diminuíram de US$ 2,6 superávit de US$ 20,0 bilhões, porém, no
bilhões para US$ 1,6 bilhões no período de acumulado de janeiro a outubro, essa
janeiro a outubro de 2001 para 2002. subconta registra uma entrada líquida de
Seguindo a mesma trajetória, a subconta investimentos diretos de apenas US$ 11,6
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 22
bilhões, contra uma entrada de US$ 18,5 financiamentos vindos dos organismos
bilhões no mesmo período de 2001; uma internacionais, observa-se uma diminuição
redução de 62,7%. As expectativas para de, aproximadamente, 82,0 % na entrada
2002 indicam uma entrada líquida de de capitais, comparando-se os dez primeiros
investimentos diretos da ordem de US$ 15 meses deste ano (US$ 0,7 bilhão) com o
bilhões. mesmo período do ano anterior (US$ 4,5
O ingresso de investimento direto, no bilhões).
período de janeiro a outubro, teve como O resultado global do balanço de
principais origens: Países Baixos com 18,8 %; pagamentos, no período de janeiro a
EUA com 11,6 %; França, 10,8 %; Ilhas outubro de 2002, registra um déficit de US$
Cayman, 9,3 % e Bermudas, 9,2 %. É 0,8 bilhão. Isso significa que a entrada de
importante destacar a expressiva redução capitais autônomos foi insuficiente para
de investimentos originários dos Estados cobrir o déficit na conta de transações
Unidos, dos Países Baixos e das Ilhas Cayman. correntes e o país foi obrigado a gastar
Os recursos dos investimentos externos reservas para cobrir a diferença. No mesmo
diretos, no período de janeiro a outubro de período do ano anterior, o resultado global
2002, foram empregados nos seguintes do balanço de pagamentos apresentou um
setores: 2,9 % no setor primário, 37,6 % no superávit de US$ 4,4 bilhões, ressaltando que
setor secundário e 59,5 % no setor terciário. a situação era completamente favorável,
No último, destaca-se o item correio e com entrada de recursos externos mais do
telecomunicações, responsável por 24,5 % que suficiente para cobrir o déficit em conta
do total. Uma mudança significativa ocorreu corrente. Em outubro de 2002, a conta de
com os cham ados inve stim ento s em reservas, no conceito de liquidez internacio-
carteira, em que estão contabilizadas as nal, totalizou US$ 35,9 bilhões, representando
entradas e as saídas de recursos aplicados uma pequena redução em relação ao
no mercado de renda variável (ações) e mesmo mês do ano anterior (US$ 37,5
renda fixa (títulos). De janeiro a outubro do bilhões). Em relação ao mês de setembro de
ano passado, os investimentos em carteira 2002 (US$ 38,4 bilhões), as reservas internaci-
apresentaram uma entrada líquida de onais brasileiras reduziram-se, em outubro,
recurso de US$ 2,4 bilhões, contudo, neste em 6,6%, refletindo a maior fuga de capitais,
ano, registrou-se saída de recursos que concentrada nesse mês. É importante
alcançam US$ 4,4 bilhões. Isso, mais uma ressaltar, entretanto, que as reservas externas
vez,reflete a especulação dos mercados em do país só foram mantidas nesse nível pela
relação a instabilidade econômica e política entrada de recursos do Fundo Monetário
do Brasil. São os chamados capitais especu- Internacional; foram US$9,9 bilhões liberados
lativos que estão interessados, apenas, nos em julho/02, referentes à última parcela do
ganhos de curto prazo. acordo antigo, e mais US$ 3,0 bilhões que
No item outros investimentos, no qual são entraram no caixa em setembro último,
contabilizados os financiamentos concedi- como primeira parcela do acordo de US$ 30
dos pelos exportadores estrangeiros e os bilhões,assinado em agosto.
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 23
Tabela 7.2 –Conta capital e financeira (US$ milhões)
Discriminação Out/01 Jan-Out/01 Ago/02 Set/02 Out/02 Jan-Out/02
Conta capital e financeira 920 25 298 -1 525 -614 -2 294 7 959
Conta capital 23 243 39 54 54 366
Conta financeira 897 25 055 -1 564 -668 -2 348 7 592
Investimento direto 1 347 18 498 616 892 1 189 11 557
Invest. em carteira -999 2 447 -1 041 -969 -1551 -4 424
Derivativos -38 -379 -20 9 -12 -328
Outros investimentos 587 4 489 -1 118 -599 -1974 788
Erros e omissões -999 -1 026 - 975 709 -654 -1 509
Resultado global do balanço -2 517 4 393 -2 184 1 316 -2982 -874
Fonte: BCB – Nota para a imprensa
especialmen-
t e d o s e u
c o m p o r t a-
mento nos
ú l t i m o s
m e s e s ,
ressalta uma
p r e o c u p a-
ção, muito
significativa,
quanto ao
q u e p o d e
Analisando-se os dados referentes à a c o n t e c e r
dívida externa brasileira (Tabela 7.3), nos próximos meses. Essa preocupação
percebe-se uma variação de 5,4% entre torna-se ainda mais forte quando se destaca
junho do ano passado (US$ 207,7 bilhões) e o que existe um acordo em vigor, assinado
mesmo mês deste ano (US$ 219,0 bilhões). com o FMI, e que o Brasil vem cumprindo,
Observa-se, ainda, que o crescimento esteve com sobras, todas as suas exigências. Mais
mais concentrado a partir do mês de ainda, os resultados expressivos alcançados
março/02, quando a dívida externa total do na balança comercial e a redução significa-
país registrou a cifra de US$ 210,8 bilhões. Os tiva dos déficits em conta corrente não estão
dados da Tabela 7.4 mostram que a sendo suficientes para acalmar o mercado
responsabilidade pela dívida de médio e internacional, o que faria retornar o fluxo de
longo prazo está igualmente dividida entre o recursos externos em direção ao país. Como
setor público e o setor privado, mas que a não se espera mudanças significativas na
parcela desse último cresceu mais fortemen- situação das economias internacionais nos
te no último trimestre analisado. Quanto à próximos meses, caberá apenas ao futuro
dívida de curto prazo, observa-se que ela é governo reverter essa situação, o que,
da responsabilidade, quase exclusiva, do ressalte-se, não parece tarefa das mais
setor privado. simples.
A análise das contas externas do país,
Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 24
Tabela 7.3 – Dívida externa (US$ milhões)
Discriminação Jun/01 Dez/01 Mar/02 Jun/02
Dívida de médio e longo prazos 180.804 182.276 181.384 188.809
Setor público
(1)
90.153 92.755 95.341 104.458
Setor privado
(2)
90.652 89.521 86.023 103.115
Dívida de curto prazo 26.937 27.658 29.401 30.229
Setor público
(1)
1.026 427 382 173
Setor privado
(2)
25.912 27.231 29.019 30.056
Dívida externa total 207.741 209.934 210.766 219.038
Fonte: BCB – Nota para a imprensa
Observações: (1) Não inclui os bancos públicos
(2) Inclui os bancos públicos
Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura
Mestrado em Economia - Graduação em Economia
Departamento de Economia
Universidade Federal do Espírito Santo
Av. Fernando Ferrari, s/n - Campus Goiabeiras - Vitória - ES
CEP 29060-900 - Tel/Fax: 27-3335-2605/2615
Coordenadores: Paulo Nakatani e Fabrício Augusto de Oliveira.
Professores Pesquisadores: Maurício de Souza Sabadini e Sebastião José Balarini.
Colaboradores: Ângela Maria Morandi e Reinaldo A. Carcanholo.
Participaram neste número: Adriano do Carmo Santos, Aline Faé Stocco, Ana Letícia Espolador
Leitão, André M. Dardengo, Anne Francini da S. Martins; Audicéia Lima Silva; Caroline Rezende,
Claudeci Pereira Neto, Débora Sader, Diego L. Correa; Estevão Nicolau R. dos Santos; Everlan
Montibeler, Ingrid Coutinho, Lyncoln W. e Silva, Márcio Dias Silva; Priscila Santos de Araújo, Rodrigo
Emmanuel S. Borges; Rodrigo Marques, Roger Pereira Ferreira; Romulo Patrick da Silva Santos, Sávio
B. Caçador, Sérgio Manhans da Silva Jr.; Vanuza Pereira da Silva Ney.
Impresso na Gráfica da UFES com o apoio da Pró-Reitoria de
Administração da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES

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  • 1.
  • 2. Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 01 APRESENTAÇÃO Ao final do ano de 2002 termina os carteira de trabalho assinada e os oito anos de governo FHC. Durante trabalhadores por conta própria, que esses anos, foram aprofundadas as hoje representam mais de 50% da políticas econômicas preconizadas força de trabalho. Essa é uma das no "C on se ns o de Was hi ng to n" , manifestações das contradições do também conhecidas como políticas des env olv ime nto cap ita lis ta em neoliberais. Podemos, agora, fazer esca la mundi al e some nte será um pequeno balanço do impacto superada com a superação desse econômico desses anos de política modo de produção. neoliberal. O aprofundamento da liberaliza- O projeto neoliberal tem como um ção da economia brasileira, para os d e s e u s f u n d am e n t os a e s t a bi l i d ad e f l u x o s i n t e r n a c i o n a i s d e c a p i t a l , macroeconômica como pressupos- produziu um crescimento de 157% no to para a retomada do crescimento. A passivo externo líquido, entre 1994 e pretensa estabilidade obtida com o 2000. Além disso, a Dívida Externa Plano Real não foi suficiente para a total, que era de US$ 148,3 bilhões, retomada do crescimento econômi- em 1994, cresceu para US$ 229,2 co. Um dos resultados foi a continua- bilhões, em setembro de 2002; o ção da estagnação econômica da estoque total do Investimento Direto década de oitenta, conhecida como Estrangeiro, que era de US$ 39,9 a "década perdida". Entre 1995 e bilhões em 1994, chegou a US$ 189,5 2002, o Produto interno bruto por bilhões; e o Investimento em Portfólio habitante passou de R$ 6.243,06 passou de US$ 25,2 bilhões para US$ para R$ 6.563,28, um crescimento 38,4 bilhões, em novembro de 2002. médio anual de apenas 0,83%. Esse Sobre esse passivo foram pagos o crescimento pífio foi acompanhado montante de US$ 98,3 bilhões em de um processo de concentração da juros, US$ 35,1 bilhões em lucros e US$ r e n da e d a r i q ue z a. A s s im , a o f i n al d o 2 1 1 , 2 b i l h õ e s e m a m o r t i z a ç õ e s , governo FHC, o Brasil termina com entre 1995 e 2002. Esses números dão mais pobres mais pobres e menos uma idéia da brutal transferência de ricos mais ricos. riqueza para o exterior, realizada A reduzida taxa de crescimento, pela política neoliberal do governo associada à liberalização do movi- FHC. Ao mesmo tempo, indica o mento de capitais, à sobrevaloriza- violento crescimento da vulnerabili- ção cambial e às mudanças nas dade externa da economia brasilei- relações de trabalho, produziu um ra. dos fenômenos mais graves e social- Internamente, a dívida mobiliária mente perversos: o crescimento da fede ral, fora do Banc o Cent ral, taxa de desemprego e a acelerada passou de R$ 61,7 bilhões, em dezem- precarização da força de trabalho. bro de 1994, para R$ 631,5 bilhões, Entre dezembro de 1994 e novembro em novembro de 2002, representan- de 2002, a taxa de desemprego do 41,8% do PIB.A conta de juros sobre aberto estimada pelo IBGE passou de a dívida interna atingiu um total de R$ um patamar de 3,0% para 9,0%, 428,1 bilhões de reais, de 1995 a como resultado da busca de estabili- outubro de 2002. A conta total de dade monetária a qualquer preço. A juros sobre toda a dívida do setor esse crescimento associou-se um público atingiu o montante de R$ enorme aumento da precarização 607,5 bilhões em termos nominais, d o s t r a b a l h a d o r e s , a q u e l e s s e m e n t re 1 9 9 5 e o u t ub r o d e 2 0 0 2, e e m
  • 3. termos reais essa conta foi R$ 378,6 rem remunerando o capital monetá- bilhões, no mesmo período. Para fazer rio nos níveis que eles desejam. A face à esses pagamentos, o governo obtusa política de metas de inflação f e d e r a l a c u m u l o u u m s u p e r á v i t a gr av a a in da m ai s o p ro bl em a, p oi s primário, receitas menos despesas levou o Comitê de Política monetária, exclusive juros, de R$ 161,2 bilhões, no na sua última reunião, a aumentar de período. A diferença foi acumulada 22% para 25% ao ano a taxa básica de na forma de dívid a interna, que juros. Esse instrumento já demonstrou cresceu aceleradamente por conta a sua ineficácia em um país subdesen- da política de juros elevados, criando volvido e subordinado ao centro do uma enorme massa de capital fictício capitalismo mundial como é o Brasil. que acaba sendo remunerado com Pois, nessas condições, é o chamado mais capital fictício. A única solução mercado que comanda as decisões para essa situação, ainda dentro dos do Banco Central e não o governo. limites do modo de produção capita- Est e, acu ado pel o "ex ces so" de lista, será a desvalorização desse ca pi ta l mo ne tá ri o no me rc ad o capital. financeiro acredita que deve subme- Ao apagar das luzes de 2002, a ter-se ainda mais para evitar "pressões i n f l a ç ão q u e p a r e c i a d o m i n a da i n f l a c i o n á r i a s " . P o i s r a c i o c i n a m retorna com força, em grande parte equivocadamente que aumentando pela brutal desvalorização cambial, a taxa de juros os "agentes econômi- de mais de 50%, somente em 2002. cos" irão preferir a poupança ao invés Essa desvalorização foi o resultado de do consumo, e é a pressão deste é que um agudo processo especulativo das causa a inflação. Um dos caminhos g r a n d e s i n s t i t u i ç õ e s b a n c á r i a s e n e c es s á ri o s é a b u s ca d a a u t on o m ia financeiras que, com isso, consegui- do Banco Central, não do governo, ram obter ganhos fabulosos, antes da mas do mercado, de forma que os mudança de governo. Ao contrário do ge st or es ob te nh am um ef et iv o que afi rma o senso comu m dos controle dos instrumentos de política a n a l i s t a s e c o n ô m i c o s , d i v u l g a d o s e c o n ô m i c a e p o s s a m r e d u z i r a pela imprensa, não é a credibilidade inst abil idad e, a vola tili dade e a do governo que importa, mas, é a v u l n e r a b i l i d a d e d a e c o n o m i a capacidade efetiva deles continua- brasileira. Desafios da Política Econômica do Novo dos dois dígitos, nível já atingido neste ano e Governo projetado pelo mercado para o próximo, Não bastassem as grandes dificuldades legitimando e justificando as pressões oriundas em que se encontra mergulhado o país que o de diversos setores exigindo a reindexação da governo Fernando Henrique Cardoso deixa economia. Considerada, inicialmente apenas como herança para serem enfrentadas a como uma "bolha" provocada pela desvalori- partir de 2003, a aceleração da inflação, zação do Real, que rapidamente se desfaria neste final de ano, acrescenta desafios após as eleições e a definição do conteúdo da adicionais para a política econômica. nova política econômica pelo governo eleito, a Principal conquista do Plano Real, a estabilida- inflação ganhou força com a elevação dos de monetária ameaça também retirar-se de preços dealgumas commoditiesno mercado cena, caso o ritmo de crescimento dos preços internacional, com o período de entressafra de não se desacelere rapidamente e a taxa de alguns produtos agrícolas e a diminuição dos inflação permaneça por mais tempo na casa estoques reguladores no país, com o desrepre- Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 02 1. POLÍTICA ECONÔMICA
  • 4. Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 03 samento dos preços monitorados pelo cos com a prioridade conferida às políticas governo (combustíveis, energia, gás de sociais. Isso implica, por um lado: a) priorizar o cozinha), emitindo evidentes sinais de que já crescimento do setor exportador e imple- começa a ser transmitida para os produtos mentar políticas necessárias para aumentar "non-tradeables"(os bens e serviços não sua competitividade, o que é decisivo para comercializáveis externamente). Expectati- reduzir a vulnerabilidade externa do país, vas pessimistas sobre a sua trajetória recuperar a confiança do investidor externo e somadas ao seu crescimento real, indicam reforçar a retomada das linhas externas de que a economia deverá conviver, nos financiamento, de modo a reverter as próximos meses, com fortes pressões sobre pressões sobre o câmbio e sobre os preços; os preços e crescentes demandas por b) resistir às demandas por reindexação da reindexação, caso providências não sejam economia, evitando consistentemente adotadas para reverter essa trajetória. Nessa situação, é indispensá- vel que a política econômica adote uma estratégia convincente de enfrentamento dos problemas no curto prazo e que sinalize, ao mesmo tempo, que a construção dos alicerces do crescimento sustentado depende dessas medidas, visando ganhar legitimidade e apoio da sociedade. Para isso, os seguintes desafios estão colocados para o governo: 1. desinflar expectativas otimistas e pessimistas: no primeiro caso, torna-se necessário revelar claramente para a população, através da mídia, escrita e falada, que as dificuldades do país transferidas para o novo governo (elevada vulnerabilidade externa, fragilidade fiscal, escassez de recursos orçamentários, pressões inflacionárias etc.) impedem, em 2003, o cumprimento do compromisso assumido com a retomada mais rápida do crescimento e que sua solução ainda exigirá enormes sacrifícios para que as promessas de campanha possam ser implementadas; no segundo, convencer os agentes econômicos - internos e externos -, de que os compromissos com a estabilida- de monetária, a responsabilidade fiscal e o respeito dos contratos serão cumpridos pelo novo governo, o que já está sendo feito. A divulgação, com clareza, do conteúdo do programa e da nova política econômica, bem como a busca de soluções consisten- tes para os problemas que o país enfrenta, são importantes para reforçar a confiança desses propósitos; 2. definir claramente as bases do novo modelo econômico que deverá conciliar objetivos e compromissos macroeconômi- o retorno dos mecanis- mos automáticos de reprodução da inflação; c) por não se tratar de uma inflação de demanda, não elevar as taxas de juros para combatê-la, considerando que, além de inócua, esta é altamente prejudicial para as contas públicas e para a atividade econômica, apenas sendo favorável para o capital financeiro; d) evitar a ampliação dos compromissos assumidos com a geração de superávits primários com o FMI, na revisão das metas prevista para fevereiro, mesmo porque o orçamento já não dispõe de espaços para isso, e destinar os escassos recursos de 2003 para programas sociais de grande alcance e para apoiar/incentivar atividades com maior capacidade de geração de empregos; 3. apresentar e encaminhar, o mais rapidamente possível, propostas para as reformas da previdência social e do sistema tributário. A primeira, por ser indispensável para o enfrentamento de um dos principais nós do desequilíbrio fiscal e, portanto, para resgatar a confiança na capacidade de solvência do governo; a Segunda, principal- mente por ser decisiva, numa primeira etapa, para a redução do “custo-Brasil” e, portanto, para impulsionar as exportações. Ambas, se se traduzirem em avanços pelo menos nessas questões, tenderão a exercer efeitos altamente positivos sobre as expectativas dos agentes econômicos. São passos iniciais indispensáveis para dar legitimidade à política econômica implementada e, ao mesmo tempo, para dar início à recuperação da esperança da população no Brasil, alimentada com as promessas e destruída com os resultados da política suicida de endividamento do Plano Real.
  • 5. Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 04 2. INFLAÇÃO Se até julho de 2002 os preços dos comparado ao mês anterior. De qualquer ser viço s públ icos admi nist rado s pela s forma, o Governo federal tentou 'descolar' a co nc es si on ár ia s pr iv ad as fo ra m os sua imagem desses aumentos de preços, responsáveis pelos aumentos nos índices de atribuindo esses movimentos ao problema preços, nos últimos meses desse ano a do período eleitoral e à não divulgação da situação foi relativamente diferente. A futura equipe econômica do próximo intensificação do movimento especulativo, governo. O objetivo, naturalmente, foi o de ao longo das eleições, e o conseqüente garantir a sua imagem de austeridade aumento no dólar, afetaram diretamente os inflacionária. Contudo, nota-se,pelos dados preços dos produtos atrelados à moeda anteriores, que a própria evolução do IPCA já norte-americana, provocando aumentos indica um crescimento de anos anteriores, generalizados nos índices de preços no sugerindo, portanto, que a tendência de Brasil. Os aumentos nos preços dos produtos aumento nesse índice de preços não se deu e insumos importados e dos produtos exclusivamenteno final de 2002. nacionais negociados no exterior, como A sobrevalorização na taxa de câmbio, trigo e soja por exemplo, exerceram forte em 2002, também terá impacto na inflação influência sobre os índices finais. do ano que vem, já que as tarifas públicas A influência da alta da moeda são corrigidas com base na variação americana foi maior nos índices de preços cambial acumulada nos 12 meses do atacado, mas aos poucos foi transferida anteriores à data dos vencimentos dos para os índices de preços ao consumidor. As contratos das concessionárias que os últimas informações disponíveis mostram administram. que os índices acumulados no ano já Para tentar conter o aumento nos totalizam dois dígitos. É o caso, por exemplo, índices de preços, o Banco Central vem do IPCA, que é usado como referência para usando, como mecanismo de política as metas de inflação, e do INPC, ambos de monetária, do aumento nas taxas básicas responsabilidade do IBGE. O IPCA acumula de juros com o objetivo de contrair a no ano, até o mês de novembro, um índice demanda. Apesar de simbólico, a eficácia de 10,22%, enquanto o INPC 11,72%. No desses aumentos contínuos é duvidosa, já mês de novembro de 2002, esses dois que a situação atual sugere muito mais um ín di ce s f or am de 3, 02 % e 3, 39 %, movimento de inflação de custos, também respectivamente. pressionado por repasses oligopolistas e Se compararmos, por exemplo, o pelos movimentos especulativos, do que de acumulado do IPCA de 2002, até o mês de demanda. novembro, em relação ao mesmo período Para 2003, a ata do COPOM, produzida dos anos anteriores, perceberemos um pelo Banco Central, prevê que a inflação crescimento significativo: em 2000, o fique acima da meta estabelecida de 4%, acumulado foi de 4,7% e, em 2001, foi de com margem de tolerância de 2,5 pontos 8,64%. Nota-se, portanto, uma tendência de percentuais para cima ou para baixo, crescimento ao longo dos anos. Durante o governo FHC, esse índice atingiu o total de dois dígitos somente em 1995. As projeções indicadas para o mês de dezembro de 2002, sinalizam para uma certa tendência de r e t r a ç ã o q u a n d o Tabela 2.1 – Índices de preços (em %) Indicadores Jul/02 Ago/02 Set/02 Out/01 Out/02 No ano 12 meses IPC-FIPE 0,67 1,01 0,76 0,74 1,28 5,16 6,06 ICV-DIEESE 1,34 0,40 0,95 1,20 1,13 6,88 7,75 IGP-M 1,95 2,32 2,40 1,18 3,87 14,82 16,33 IGP-DI 2,05 2,36 2,64 1,45 4,21 16,30 17,39 INPC 1,15 0,86 0,83 0,94 1,57 8,06 10,26 IPCA 1,19 0,65 0,72 0,83 1,31 6,98 8,44 Fonte: FIPE, IBGE, FGV e DIEESE.
  • 6. indicando, portanto, uma inflação superior A pressão do dólar continuou agindo, ao limitesuperior de6,5%. em outubro de 2002, elevando o IPCA para O Índice de Preços ao Consumidor 1,31%, a maior variação desse ano. Os Amplo (IPCA) é estimado pelo Instituto alimentos (2,79%) apresentaram a maior Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e alta desde novembro de 1994. Eulina Nunes refere-se às famílias com rendimento mensal dos Santos, do IBGE, argumentou que os de 01 a 40 salários mínimos. O IPCA serve de efeitos de desvalorização do real manifesta- parâmetro para a meta inflacionária do ram-se não apenas em produtos cotados Governo Federal com o Fundo Monetário em dólar, como trigo e soja, mas também Internacional (FMI). Já o Índice Nacional de de forma indireta em todos os demais Preços ao Consumidor (INPC), também grupos. calculado pelo IBGE, inclui famílias com Os resultados do INPC demonstram que renda de 01 a 08 salários mínimos. Ambos, as classes de baixa renda, ou seja, a grande englobam as regiões metropolitanas do Rio maioria da população, foram as mais de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Salvador, atingidas pelo efeito inflacionário da Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba e São sobrevalorização cambial. Segundo o IBGE, Paulo, além do município de Goiânia e os efeitos do câmbio chegaram ao Brasília. consumidor, principalmente nos de baixa O IPCA iniciou o terceiro trimestre de renda, devido ao aumento do preço dos 2002 em 1,19%. Em agosto, o índice foi de alimentos.Os alimentos têm peso de 30% no 0,65%, uma redução de 0,54 ponto calculo do INPC, enquanto no IPCA o peso é percentual em relação ao mês anterior. A de 22,4%. Por isso, um INPC maior que o IPCA desvalorização cambial foi a principal indica maiores perdas para as classes de responsável pelo índice de agosto, com menor renda. O INPC, em agosto, atingiu aumento de 1,94% no item produtos 0,86%, com os alimentos contribuindo em alimentícios. Para o coordenador da 0,66 ponto percentual no índice. O pão uni dad e de pol íti ca e con ômi ca d a francês apresentou elevação de 10,17%, Confederação Nacional da Indústria (CNI), com contribuição de 0,22 ponto percentual Flávio Castelo Branco, o repasse para os no índice. Em setembro, o INPC foi de 0,83%, ali men tos oco rre u de man eir a ma is conseqüência das elevações nos preços imediata porque o impacto do dólar é direto dos alimentos atrelados ao dólar. O INPC, de sobre esses produtos, especialmente as outubro, foi de 1,57%, 0,26 ponto percentual commodities, como soja etrigo. Ao contrário acima do IPCA. Isso mais uma vez evidencia dos alimentos, os preços administrados que a fatia mais pobre da população é a reduziram seu impacto sobre o índice no que mais tem sofrido com os impactos da mês de agosto, depois de serem os valorizaçãodo dólar. responsáveis pelos aumentos em julho (a Em agosto, o IPC da FIPE (Fundação telefonia fixa passou de 10,54%, em julho, Instituto de Pesquisas Econômicas da USP) foi para 0,30% em agosto). Também o gás de de 1,01%, o maior percentual deste ano. cozinha (-3,11%) e a gasolina (-1,39%) Esse resultado foi devido, em grande parte, contribuíram para conter a alta do IPCA, em aos reajustes das tarifas de energia e agosto. Em setembro, o IPCA subiu para telefonia fixa (10,2% e 7,2%, respectivamen- 0,72%, conseqüência do efeito cada vez te). A segunda maior contribuição para alta maior e generalizado da alta do dólar. do índice no mês foi do grupo Alimentação. Novamente os alimentos tiveram uma No mês de setembro, a inflação do participação relevante nesse aumento: município de São Paulo foi de 0,76%, contribuiu com 0,43 ponto percentual do segundo o IPC-FIPE, superior ao 0,60% índice de 1,96%. As maiores altas foram: a previsto para o mês pelo coordenador de do óleo de soja (14,23%) e farinha de trigo pesquisa, Heron do Carmo. O grupo que (10,71%). Por outro lado, o gás de cozinha (- mais contribuiupara oaumento noíndice foi 7,61%) contribuiu, mais uma vez, para o de Alimentos (1,46%), com aumentos diminuir o aumento desse índice de preço forçados pelo avanço do dólar e dos preços com redução de 7,61% no seu preço final. das commodities agrícolas. Por outro lado, o Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 05
  • 7. segmento educação teve deflação de 2,36% em agosto. O Índice de Preços do 0,09%. Os demais grupos apresentaram as Atacado (IPA) subiu de 3,32%, em agosto, seguintes variações: Habitação (0,87%); para 3,84%, em setembro, com alta Transportes (0,24%); Despesas Pessoais significativa do item Alimentação que (0,7%); Saúde (0,17%); e Vestuário (0,43%). passou de 3,26% para 5,23%. Os principais Os serviços administrados, no entanto, aumentos ocorreram na soja (12,9%), café tiveram participação de 0,23 ponto em coco (24,5%) e no trigo (11,2%), todos percentual, com destaque para influenciados pelo aumento no dólar. No água/esgoto, que subiu 6,19%, e luz, com varejo, o Índice de Preços ao Consumidor aumentos de 2,48%. (IPC) desacelerou a alta de 0,76% para Em outubro, o índice da FIPE foi de 0,66%. O item Alimentação reduziu o 1,28%. Os preços dos alimentos foram os aumento de 1,86% para 1,51%. Essa que mais contribuíram para a alta do IPC. O desaceleração promete ser "apenas uma Pão francês e o macarrão subiram 6,09% e pausa", segundo o analista econômico da 6,94%, respectivamente, devido ao repasse FGV, Salomão Quadros. O argumento é que do aumento do trigo importado. A desvalori- há "uma série de novos produtos de zação do real frente ao dólar e as mudanças alimentação subindo no atacado e com climáticas foram as principais responsáveis potencial de repasse para o varejo". Em pelo aumento. O repasse da disparada do outubro, os preços no atacado também dólar para os preços ao consumidor deixou sofreram forte impacto na alta do dólar e de se concentrar apenas sobre o grupo elevaram para 4,21% a inflação medida Alimentação e já atinge os demais grupos pelo IGP-DI. Houve forte aumento dos que compõem o IPC. produtos alimentícios, tanto no atacado O Í n d i c e G e r a l d e Pr e ç o s - quanto no varejo, pressionados pela moeda Disponibilidade Interna (IGP-DI) é estimado norte-americana. No ano, o IGP-DI já pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e acumula alta de 16,3% e nos últimos 12 resulta da ponderação de outros três índices: meses, de 17,4%. O responsável pelo índice o IPA (60%), o IPC (30%) e o INCC (10%). Os na FGV, Salomão Quadros, destacou que o preços medidos pelo IGP-DI subiram 2,36%, IPA-DI apresentou alta de 6% no mês, pois em agosto de 2002, o maior aumento houve forte impacto dos alimentos, que desde novembro de 1999. Esses aumentos registraram um aumento de 9,1%, quase o aconteceram devido, principalmente, à dobro dos 5,2% de setembro. As maiores sobrevalorização cambial e a entressafra de altas ocorrem em produtos diretamente produtos alimentícios. O Índice de Preços vinculados ao dólar, como trigo (30,8%), soja do Atacado (IPA) foi de 3,32%, ante 2,82% (14,1%) e milho (23,4%). Os produtos em julho. A principal influência foi dada pela alimentícios também tiveram alta significati- carne bovina, com aumento de 10,86%. va no IPC-DI, alta de 1,1% no mês, passando Outros aumentos foram verificados no preço de 1,51%, em setembro, para 2,1% em da soja (10,8%), do óleo de soja refinado outubro. Nesse caso, os maiores aumentos (14,3%), no trigo (17,2%), na farinha de trigo ocorreram no pão francês (2,7%), óleo de (21%) e nos adubos e fertilizantes (7,8%). soja (10,7%) e macarrão (4,8%). No Índice de Preços ao Consumidor O Índi ce Naci onal de Cust o da (IPC), a alta de 0,76% no mês foi dada pelos Construção (INCC-DI) registrou variação de preços dos produtos alimentícios (1,86%). 1,13%, em outubro, sob efeito da elevação Foram repassadas para o consumidor as dos preços de materiais e serviços (1,79%) e altas no preço do trigo, com o aumento de do aumento da mão-de-obra (0,44%), 10,2% no pão francês, e na soja, com como resultado dos dissídios ocorridos em impacto de 7% no preço do óleo. Pernambuco e no Pará. O Índice Geral de Os impactos da alta do dólar foram Preços no Mercado (IGP-M), também mais intensos e generalizados nos preços do calculado pela FGV-RJ, segue a mesma atacado, segundo revelou a inflação metodologia do IGP-DI, diferindo apenas o medida pelo IGP-DI da FGV. A variação do período de coleta dos dados. A inflação de índice atingiu 2,64%, em setembro, ante setembro medida pelo IGP-M foi de 2,40%. Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 06
  • 8. O índice acumula, este ano, alta de 10,54%, de menor poder aquisitivo, uma vez que ou 13,32% em 12 meses. O grupo de destinam grande parte de seus orçamentos Al im en ta çã o au me nt ou 4,4 5% , em a esse grupo de despesas. Dentre os setembro, e 3,15% em agosto. A avaliação subgrupos da Alimentação, as maiores é que o repasse da sobrevalorização do variações verificadas foram nos produtos in câmbio foi repassado para os alimentos. natura e semi-elaborados (2,30%) e os da Já em outubro, o IGP-M foi de 3,87%, a indústria alimentícia (2,98%). Nestes dois mais elevada taxa desde o início do Plano subgrupos, constatou-se uma forte influên- Real, em julho de 1994. O principal responsá- cia da oscilação positiva da taxa de câmbio vel pelos aumentos nos preços foi a variação na formação dos preços. cambial, que fez os mesmos subirem 5,62% Cesta Básica no atacado. No varejo, com o repasse ainda O preço da Cesta Básica do DIEESE pequeno do dólar, a inflação foi de apenas registrou, no mês de outubro, um aumento 0,91%. Com o resultado de outubro, o IGP-M em doze das dezesseis capitais pesquisa- já acumula alta de 14,82% este ano. Já nos das. Dentre as capitais que tiveram uma últimos 12 meses, a taxa está em 16,34%. A variação positiva na cesta básica, João taxa de outubro foi 1,47 ponto percentual Pessoa se destacou com aumento de superior à de setembro (2,4%). O Índice de 4,80%. As diminuições de preços foram Custo de Vida (ICV) do DIEESE apurado no verificados em Natal e Belo Horizonte (- mês de agosto, no município de São Paulo, 0,52%), Fortaleza (-2,07%) e Aracaju (- foi de 0,40%. Desse percentual, o grupo 2,63%). Porto Alegre foi a cidade onde a Alimentação foi responsável por 0,38%, ração essencial mínima apresentou o maior destacando-se os subgrupos in natura e preço: R$151,22; já o menor foi apurado em semi-elaborados (2,31%) e os da indústria da Recife (R$110,81). alimentação (1,15%). O índice verificado No acumulado do ano, até outubro de nesse mês, cuja variação foi 0,94% menor 2002, as maiores variações foram verifica- que a de julho (1,34%), já era esperada pelo das em Salvador (24,9%), Recife (20,1%) e DIEESE, visto que a maioria dos reajustes Aracaju (19,4%), todos eles pertencentes à tarifários ocorreu em julho. Em agosto, houve região nordeste do país. Já os menores aumento na água/esgoto (6,12%), que, no aumentos ocorreram em Curitiba (8,2%), entanto, foi parcialmente compensada Brasília (10,9%) e Belo Horizonte (12,1%). pela diminuição no preço do gás de botijão Vitória teve a oitava cesta básica mais cara (-4,68%). no mês de outubro de 2002, tendo uma Em setembro, o ICV teve variação variação anual de 12,2% ao longo do ano. positiva de 0,95%, sendo que os grupos Alimentação e Saúde foram os principais responsáveis por essa alta. Esses grupos responderam por 0,46% e 0,31% do índice, respecti- vamente. As despesas com o item Alimentação subiram 1,81%, em função do aumento dos preços dos produtos industrializados, ao passo que a Saúde teve elevação de 2,48%, proporcionada pelo item assistência médica. Já em outubro, o ICV foi de 1,13%, a segunda maior variação do ano - superada apenas pela de julho (1,34%). Pelo terceiro mês consecutivo, o aumento se deu em função do grupo Alimentação (2,34%). Tal fato onera demasiadamente as famílias Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 07 Tabela 2.2 - Preço da cesta básica nas capitais brasileiras (R$) Capital ago/02 set/02 out/02 var. anual João Pessoa 107,84 107,27 112,42 15,42 Florianópolis 128,72 131,65 137,62 13,53 Goiânia 116,32 116,98 121,04 17,48 Brasília 124,98 131,02 134,72 10,90 Belém 121,45 122,05 124,90 15,66 Porto Alegre 139,14 148,55 151,22 17,52 Salvador 108,69 109,98 111,95 24,92 Curitiba 129,76 135,43 137,85 8,24 Recife 109,83 109,38 110,81 20,12 São Paulo 138,29 140,45 142,12 13,70 Vitória 122,37 123,34 124,60 12,23 Rio de Janeiro 128,81 133,77 134,72 15,02 Natal 110,62 111,91 111,33 18,87 Belo Horizonte 123,27 134,09 133,39 12,14 Fortaleza 114,55 113,28 110,94 15,80 Aracaju 120,27 121,34 118,15 19,49 Fonte: DIEESE
  • 9. Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 08 3. NÍVEL DE ATIVIDADE A economia brasileira surpreendeu e Brasileira da Indústria de Máquinas e cresceu 2,38% no terceiro trimestre deste Equipamentos (Abimaq), Luiz Carlos ano, em relação a igual período do ano Delben Leite, o crescimentode 2,98% no pas sad o, imp uls ion ada pel o set or PIB industrial se deve em parcela conside- agropecuário e pela recuperação da rável ao aumento das exportações indústria. O desempenho, que também industriais. teve forte influência da base de compa- A agropecuária mantém influência ração deprimida do ano passado, positiva sobre o PIB, cresceu 7,19%, no provocou um salto no Produto Interno terceiro trimestre, ante igual período do Bruto (PIB) acumulado no ano, que até ano anterior, após registrar aumentos de junho registrava crescimento de apenas 5,5% no primeiro e de 6,6%, no segundo 0,21% e subiu, para 0,94% em setembro. trimestre, além deum aumento de 10,5% A expectativa é que o quarto trimestre no quarto trimestre de 2001. Os serviços apresente desempenho melhor do que o mantiveram o crescimento, com anterior, já que a base de comparação expansão de 1,77% no terceiro trimestre. estará ainda mais deprimida, a agrope- Roberto Olinto, do IBGE, avaliou que a cuária prossegue na trajetória ascenden- recuperação da economia ocorreu te e a indústria emite sinais mais intensos porque, no terceiro trimestre, a taxa de reação. Segundo a metodologia do básica de juros ainda estava em 18%, a IBGE, uma expansão de 3% nos últimos crise argentina estava estabilizada, a três meses do ano será suficiente para economia americana apresentou sinais assegurar um aumento do PIB de 1,5%. A de retomada do crescimento e houve recuperação foi puxada pela reação da melhoria nas exportações. Ou seja, indústria, que apresentou crescimento de apesar da manutenção de problemas 2,98% no trimestre, sobre igual período do conjunturais, segundo Olinto, o desempe- ano anterior, após uma expansão de nho da economia foi melhor no período apenas 0,2% no segundo trimestre. O do que no segundo trimestre, quando o setor vinha de resultados negativos no PIB registrou expansão bem menor (1,1%) primeiro trimestre deste ano (-4%) e no ante igual trimestre do ano anterior. quarto trimestre do ano passado (-5,1%). Segundo os dados do IBGE, o PIB do Dentre os subsetores da indústria, a terceiro trimestre cresceu também na Extrativa Mineral e a Transformação comparação com o segundo trimestre apresentaram taxas positivas, 12,24% e (0,93%) e no acumulado dos quatro 0,39%, respectivamente. Por outro lado, últimos trimestres (0,52%). Os resultados no primeiro semestre, a Construção Civil do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro foi o sub-setor da indústria com maior trimestre chamaram a atenção para a queda (-5,25%), seguido pelos Serviços "capacidade de resistência e de Industriais de Utilidade Pública com adaptação da economia brasileira a declínio de 1,74%. Este sub-setor choques adversos", segundo destaca- apresentou um crescimento de 9,76% no ram os economistas do BBV Banco. terceiro trimestre. Naquela comparação, Concorda com eles o ex-diretor do Banco todos os sub-setores do setor de serviços Central e economista do Ibmec Carlos apresentaram taxas positivas, com Thadeu de Freitas. "É um resultado exceção do Comércio (tanto o atacadis- surpreendente porque mostra que a ta como o varejista) com queda de economia do País está funcionando 0,05%. razoavelmente, apesar da alta do dólar e Segundo o presidente da Associação dos choques de oferta". Ao contrário
  • 10. do nos últimos doze meses, foi de - 0,1%. No confronto entre setembro e agosto de 2002 houve queda na produção de bens de capital (- 0,7%) e na de semiduráveis e não duráveis (-0,9%), por outro lado, a produção de bens intermediários (1,5%) e bens de consumo duráveis (2,2%) registra taxa positiva. Na comparação com igual mês do ano anterior, a produção industrial assinala um incremento de 5,6%, em setembro, o segundo mais elevado do ano neste tipo de comparação, perdendo para o mês de abril, quando a taxa foi de 6,1%. O segmento de bens intermediários atinge taxa de 6,21% em setembro, ele cresce pela sexta desses pontos de vista, consideramos vez consecutiva, na comparação que esse resultado pífio é a conseqüên- com igual mês do ano anterior. É importante cia da política estagnacionista neoliberal destacar que nos segmentos que depen- dem predominantemente de estímulos dopraticada pelo governo e pelos graves mercado interno foi registrado crescimentoproblemas estruturais decorrentes desta neste último mês. Estão nesse caso apolítica. Que os ditos choques adversos, produção de insumos típicos para ade oferta e a alta do dólar não são mais construção civil (3,0%), que interrompe umado que as manifestações do comporta- seqüência de mais de um ano com taxasmento especulativo produzidos pelas negativas, e a fabricação de embalagens, elites econômicas. E que, enfim, conduzi- que registra aumento de 3,9%. ram o Brasil à essa situação de estagna- A fabricação de bens de consumo ção e volatilidade na taxa de crescimen- duráveis alcança a taxa de 19,2%, frente ao to. mesmo mês do ano anterior, favoravelmen- De qualquer modo, o crescimento te influenciada pela base de comparação econômico brasileiro, apesar de deprimida, sobretudo no subsetor de pequeno, está acima da média da eletrodomésticos. Este mês, a indústria América Latina este ano. O Brasil deve automobilística cresceu 12,6%. Esse crescer 1,4%, enquanto a região deve ter percentual de incremento na indústria uma queda de 0,8% no seu Produto Interno automobilística é a sua taxa mais elevada Bruto (PIB), segundo previsão da Comissão desde os 27,8% observados em maio do Econômica das Nações Unidas para a ano passado. América Latina e Caribe (Cepal). Em setembro, a produção industrial apresen- tou crescimento de 1,0% frente ao mês anterior, já descontadas as influências sazonais. Em relação a setembro de 2001 a taxa foi de 5,6%. Com isso, o indicador acumulado no ano registra uma taxa de 1,1%. O indicador acumula- Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 09 Tabela 3.1 – Taxa de Crescimento do PIB (%) SETOR DE ATIVIDADE 2001.llI/ 2002.llI 2002.Il/ 2002.Ill Acum. 12 meses Acum no ano PIB 2,38 0,93 0,52 0,94 AGROPECUÁRIA 7,19 0,75 7,29 6,46 INDÚSTRIA 2,98 1,30 -1,47 -0,22 Extrativa Mineral 10,83 7,83 12,24 Transformação 2,61 -0,43 0,39 Construção -0,87 -6,04 -5,25 Serv. Ind. Ut. Pública 9,76 -5,17 -1,74 SERVIÇOS 1,77 0,71 1,43 1,52 Comércio 1,68 -0,64 -0,05 Transporte -4,48 2,00 1,73 Comunicações 6,82 7,56 7,21 Instit. Financeiras 4,13 1,49 1,59 Outros Serviços 0,58 0,50 0,64 Aluguel de Imóveis 2,14 1,90 1,89 Administr. Pública 1,54 1,33 1,42 Fonte: IBGE Tabela 3.2 – Brasil: Produção Física Industrial (%) Segmentos Set/02 Ago/02 Set/02 Set/01 Acum. 12 meses Acum. no ano Bens de Capital -0,7 0,1 -1,1 -2,0 Bens Intermediários 1,5 6,21 -0,2 1,5 Bens de Consumo -0,1 4,1 -0,4 0,1 Duráveis 2,2 19,2 -3,0 -0,0 Semidur. e não dur. -0,9 0,4 0,4 0,2 Indústria Geral 1,0 5,6 -0,1 1,1 Fonte: IBGE
  • 11. celulose e de alimentos, foram os responsáveis por essa expansão desde maio de 2002. A produção de celulose - na indústria de papel - e do açúcar cristal - no gênero de produtos alimenta- res foram determi- n a n t e s d o crescimento em setembro de 2002. O segmento de bens de consumo Por outro lado, semiduráveis e não duráveis cresce ainda refletindo o fechamento da empresa ligeiramente na comparação com Braspérola, os indicadores de produção setembro de 2001 (0,4%). Entre os sub- têxtil continuam mostrando uma elevadíssi- setores, destacam-se positivamente os itens ma retração nos meses apresentados na relacionados às exportações, como suco tabela 3.3. É importante lembrar que parte de laranja (41,3%) e abate e preparação de desse resultado geral positivo se deve à aves (5,6%). As maiores pressões negativas fraca base de comparação, uma vez que o vêm do comportamento de carburantes (- ano de 2001 foi marcado pela crise 9,1%) e do desempenho da indústria energética, que produziu impactos farmacêutica (-1,9%). negativos na produção física industrial. Em síntese, a elevação nos índices O crescimento da produção física observada neste mês de setembro, está industrial capixaba acumulada no ano, foi associada não só aos efeitos estatísticos de 7,26%. A produção física industrial do decorrentes de confrontos com uma base estado aumentou em 3,67% no acumula- de comparação fraca, mas também a do em doze meses. uma suave elevação do patamar produtivo A variação da inadimplência no Espírito observada no confronto com agosto deste Santo apresentou uma retração no mês de ano. Este último movimento é coerente outubro de 2002, quando comparamos com as indicações de que os estoques com outubro de 2001. Mas, apresenta um industriais estão em declínio, exatamente crescimento de 135% em relação a numa fase de chegada das encomendas setembro de 2002. No mês de outubro o de fim de ano às indústrias. saldo entre as inclusões e as baixas foi de ESPÍRITO SANTO 1.647 novos inadimplentes, enquanto este A produção física industrial do Espírito Santo figura entre os estados líderes de crescimento desde o 2º trimestre deste ano. O crescimento foi de 12,65%, 17,52% e 9,97% nos meses de julho, agosto e setembro de 2002, em relação aos mesmos meses de 2001. Os principais gêneros responsáveis por essa expansão foram: produtos alimentares, química, papel e papelão (tabela 3.3). A extração de petróleo e a fabricação de Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 10 Tabela 3.3 - Espírito Santo: Índice de Produção física industrial (%) Classes e Gêneros Mai/02 Mai/01 Jun/02 Jun/01 Jul/02 Jul/01 Ago/02 Ago/01 Set/02 Set/01 Ac. 12 meses Ac. no ano Indústria geral 1,96 15,75 12,65 17,52 9,97 3,67 7,26 Extrativa mineral 3,51 22,10 11,74 16,05 9,53 4,60 8,49 Ind. Transformação 1,38 13,53 12,97 18,02 10,13 3,33 6,81 Min. Não metálicos -1,10 -8,95 -10,22 -8,56 -5,94 -1,60 -4,71 Metalurgia -1,47 8,25 3,47 2,07 -5,83 -1,24 0,66 Papel e Papelão 5,29 38,73 41,41 78,75 26,43 19,70 25,61 Química 6,15 26,00 19,24 17,96 30,59 -0,22 10,32 Têxtil -99,55 -98,94 -98,60 -99,03 -96,79 -93,83 -99,25 Prod. Alimentares 26,69 12,72 21,05 27,40 40,23 15,91 21,14 FONTE: IBGE/DPE/Departamento de Indústria Tabela 3.4 - Indicadores de Inadimplência - Espírito Santo INADIMPLÊNCIA Indicadores Jul/02 Ago/02 Set/02 Out/02 Out/02 Out/01 Out/02 Set/02 SPC Inclusões 13.330 12.618 7.073 9.516 -39,80 34,54 Baixas 6.635 8.967 6.373 7.869 -28,59 23,47 Consultas 123.534 116.618 108.581 122.000 14,77 12,36 CHEQUE LOCAL Inclusões 4.200 3.908 1.935 2.289 -48,40 18,29 Baixas 1.992 1.706 1.907 1.948 30,56 2,15 Consultas 99.452 84.098 74.999 80.000 0,95 6,67 Fonte: CDL
  • 12. saldo foi de apenas 700, em setembro. As para 341, em outubro de 2002, um aumento consultas ao SPC indicam um crescimento de mais de 1.000%. Essa enorme variação da demanda, a prazo, de 12,36%, contrari- pode ser causada por algum atraso nos ando a tendência decrescente dos meses registros, transferindo cheques devolvidos de anteriores. A inadimplência devida aos setembro para outubro. As consultas aos cheques sem fundo também cresceu no cheques também indicam uma recupera- mês de outubro, em relação ao mês de ção nas vendas à vista. Essas consultas que setembro de 2002. Enquanto o saldo líquido tinham caído cerca de 25% no trimestre entre inclusões e baixas foi de apenas 28 anterior,cresce cerca de 7%, em outubro. cheques em setembro, esse saldo cresceu Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 11 4. EMPREGOS E SALÁRIOS O mercadode trabalhobrasileiro sofreu de Emprego (PME), realizada pelo IBGE nas profundas alterações nos últimos 08 anos do seis maiores regiões metropolitanas do país governo FHC. Dentre elas, podemos citar o (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de intenso crescimento de duas categorias: o Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), estimou desemprego ea informalidade. Oprocesso uma taxa de desemprego aberto de 7,4% de liberalização econômica e a política da PEA. Nos últimos meses, essa taxa econômica recessiva foram os principais manteve-se estável, como mostra a tabela responsáveis pela retração no número de 4.1. O crescimento no número de pessoas postos de trabalho na economia brasileira e, no mercado de trabalho, por categoria de consequentemente, pelo aumento no ocupação, acont eceu em todas as número de desempregados e de trabalha- divisões, segundo o IBGE: empregados sem do re s d es em pe nh an do at iv id ad es carteira de trabalho assinada (3,5%), informais. empregados com carteira de trabalho Em 1994, 45,5% da População assinada (2,3%), trabalhadores por conta Economicamente Ativa estavam na própria e empregadores (1,0%). Como a informalidade, segundo o IBGE; em 2002, População Economicamente Ativa (PEA) esse total elevou-se para cerca de 50%. Por está aumentando e não há geração outro lado, as taxas de desemprego, tanto suficiente de postos de trabalho com do IBGE quanto do DIEESE, cresceram carteira assinada, a grande maioria dos significativamente nos dois mandatos de trabalhadores é levada para o mercado FHC. Em 1994, a taxa de desemprego informal que, como afirmado anteriormen- aberto do IBGE era de 5,1%, passando para te, seencontra privadade garantiassociais. cerca de 8,1% em 2002; já a taxa de Na região metropolitana de São Paulo, desemprego total do DIEESE saiu de 14,3%, a taxa de desemprego aberto do IBGE em 1994, para cerca de 19,7% em 2002. sofreu um decréscimo de 0,2 ponto Tudo isso nos permite afirmar que per cen tua l, pas san do de 9,3 %, em aconteceu um processo de desestrutura- setembro de 2002, para 9,1%, em outubro ção do mercado de trabalho brasileiro nos do mesmo ano. Em setembro foi registrada últimos anos, caracterizado pelo desempre- a maior taxa de desemprego na região go em massa, pelo crescente grau de metropolitana de São Paulo,em relação aos informalidade e pela precarização do últimos 20 anos. Comparando o mês emprego identificada, principalmente, outubro de 2002, com igual mês do ano pelos postos de trabalho sem garantias de anterior, a taxa de desemprego aumentou proteção social. Essa é a herança herdada em 2,1 pontos percentuais. Os setores da pelo próprio presidente da república no que atividade econômica que mais contribuí- tange ao mercado de trabalho. ram para esse crescimento foram os da Em outubro de 2002, a Pesquisa Mensal indústria de transformação, que apresentou
  • 13. compras para o natal. Baseado no preço da cesta básica mais cara e levando em consideração o preceito constitucional que determina que o salário mínimo deveria ser suficiente para a manutenção de uma família (a família considerada é de dois adultos e duas crianças, sendo que estas variação de 2,4 pontos percentuais, seguida consomem o equivalente a um do de serviços (1,7 ponto percentual) e do adulto), suprindo seus gastos com alimenta- com érc io ( 1,1 pon to p erc ent ual ). O ção,moradia, educação,saúde,transporte, rendimento médio nominal das pessoas vestuário, higiene, lazer e previdência, o ocupadas, no mês de setembro de 2002, foi DIEESE estima, mensalmente, o valor do de R$ 800,29, o que eqüivale a 4 salários salário mínimo necessário. Em outubro, esse mínimos. O rendimento médio real, em preço deveria ser de R$ 1.270,40, ou seja, setembro, diminuiu 2,2%, em comparação 6,3 vezes o piso vigente de R$ 200,00. com o mesmo mês do ano anterior, e O Cadastro Geral de Empregados e contraiu 0,4% em relação a agosto deste Desempregados (CAGED), publicação ano. A retração mensal no salário real mensal do Ministério do Trabalho e Emprego persiste a 21 meses consecutivos, desde (MTE), registra o fluxo de trabalhadores janeiro de 2001. "Como o emprego está celetistas admitidos e desligados em cada aparecendo no comércio e em serviços, mês, servindo, portanto, de referência no setores que pagam menos, o rendimento ac om pa nh am en to do me rc ad o de cai. Além disso, o desemprego alto faz o trabalho formal. trabalhador perder o poder de barganha na De acordo com a tabela 4.2, o saldo hora de negociar aumentos salariais. Isso dos admitidos e desligados, no país, nos sem contar a inflação que corrói o poder meses de agosto, setembro e outubro de aqu isi tiv o", dis se Shy rle ne Ramos do 2002, foi positivo. O destaque foi o mês de Departamento de Emprego e Rendimento setembro, onde foram gerados 167.312 mil do IBGE. postos de trabalho. Esse saldo elevado A Pesquisa de Emprego e Desemprego deve-se às contratações de fim de ano, (PED), realizada pelo DIEESE na Região sendo que as principais atividades econô- Metropolitana de São Paulo (RMSP), estimou micas responsáveis por esse resultado que a taxa de desemprego total (desempre- foram: Serviços, Indústria de Transformação go aberto + oculto) do mês de outubro foi e Comércio.Em outubro,o saldo gerado foi de 19%, o que representa um aumento de de 36.368 mil postos de trabalho, total 0,1 ponto percentual em relação ao mês de significativamente inferior ao resultado do setembro deste ano, como demonstra a tabela 4.1. O que preocupa os especialis- tas é que, nesta época do ano, o desemprego costuma diminuir devido a o a u m e n t o n a atividade econômica q u e é v e r i f i c a d a , principalmente, na atividade do comércio, e m f u n ç ã o d a s e n c o m e n d a s e Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 12 Tabela 4.1 - Taxa de desemprego (%) IBGE DIEESE* Meses 2001 2002 2001* 2002* 2001 2002 Outubro 6,6 7,4 7,0 9,1 18,3 19,0 Setembro 6,2 7,5 6,6 9,3 17,8 18,9 Agosto 6,2 7,3 6,3 8,9 17,7 18,3 Julho 6,2 7,5 6,2 8,9 17,3 18,1 Fonte: IBGE / PME e DIEESE / PED. *Região Metropolitana de São Paulo. Tabela 4.2 – Saldo de admitidos e desligados - CAGED Atividade Ago/02 Set/02 Out/02 Econômica Brasil ES Brasil ES Brasil ES Extrativa Mineral 609 89 1.514 63 1.061 27 Ind. Transformação 17.457 682 74.248 1.304 16.739 690 Serv. Ind. Util. Públ 1.056 26 853 -42 344 -1 Construção Civil 2.720 653 5.913 884 -1.629 -730 Comércio 26.580 629 48.087 1.830 37.545 1.307 Serviços 38.911 1.168 50.983 1.120 20.987 788 Admin. Pública 1.338 -4 437 1 278 1 Agropecuária -10.649 21 -14.723 -1.226 -38.949 -245 Outros 0 0 0 0 -8 0 Saldo 78.022 3.264 167.312 3.934 36.368 1.837 Fonte: MTE/CAGED.
  • 14. mês anterior. Os principais setores da contratação no mês de setembro, 3.934 mil atividade econômica responsáveis por essa empregos, foi devido a atividade econômi- diminuição foram a Ind. de Transformação, ca do Comércio, seguido da Indústria de Serviços e Agropecuária, que vem apresen- Transformação e Serviços. Já no mês de tando saldo negativo desde agosto de outubro o saldo foi menor, mantendo-se 2002. positivo e também com destaque para o Espírito Santo Comércio e Serviços. A maior expansão O nível de emprego na indústria dessas atividades econômicas, tanto no capixaba, estimado pelo Ins tituto de mês de setembro quanto no mês de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo outubro, deve-se ao aumento das contrata- (IDEIES), apresentou um ligeiro aumento de ções para atender a demanda por produtos 0,06%, em setembro de 2002, em compa- das festas de fim de ano. Boa parte desses ração com o mês anterior. Os principais co nt ra ta do s se rã o, pr ov av el me nt e, gêneros da atividade econômica responsá- dispensados ao final deste período, já que veis por essa pequena variação positiva são contratos temporários de trabalho. f o r a m o M a t e r i a l E l é t r i c o e d e Segundo dados do IDEIES, os salários Co mu ni ca çõ es (1 3, 07 %) , Me câ ni co reais (corrigidos pela inflação) pagos pelas (9, 85% ), M obi liá rio (5, 34% ), P rod uto s indústrias capixabas mantiveram-se estáveis Alimentares (5,15%) e Vestuário e Calçados (0,03%), em setembro de 2002, relativo ao (2,88%). mesmo mês no ano passado. Já em agosto No acumulado no ano, o índice mostra de 2002, os salários aumentaram 2,42%, que a indústria no Espírito Santo apresentou justificado pelo aumento de pessoal, retração de 0,46% no nível de emprego, aumento no pagamento de férias, gratifica- sendo que os principais ramos de atividade ções e reajustes salariais. que contribuíram para essa retração foram As horas trabalhadas na produção os de Indústrias Diversas (-4,98%), cresceram, quando comparadas ao Construção Civil (-4,75%) e Extração Mineral mesmo mês no ano anterior. Em setembro (-4,54%). Por outro lado, houve um cresci- de 2002, aumentou 10,06%; em agosto, mento nas Indústrias Químicas (+71,15%), 2,85%, e no acumulado do ano, 0,73%, no Mobiliário (+12,15%) e Material Elétrico e sendo esses aumentos justificados pelo de Comunicações (+11,33%). acréscimo de pessoal. Já o acumulado nos últimos doze meses totalizou uma redução de postos de trabalho no estado de 2,44%, sendo os gêneros Têxtil e da Construção Civil os principais responsáveis por essa retração; por outro lado, os gêneros que mais cresceram foram o Material Elétrico e Comunicações (+25,74%) e Mecânico (+24,92%). Os dados do CAGED para o Espírito Santo mostram um saldo positivo entre admitidos e desliga- dos nos meses de agosto, setembro e outubro de 2002. A maior Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 13 Tabela 4.3 – Variação mensal e acumulada do pessoal ocupado por gênero de atividade no ES (%) Discriminação Jul/02 Ago/02 Set/02 12 meses Prod. Alimentares -1,18 -0,51 5,15 3,75 Química 2,19 2,34 0,19 12,01 Material Plástico 0,42 -0,28 -0,28 11,59 Material Transporte 0,00 0,46 -0,45 5,79 Têxtil 1,00 -0,99 0,79 -45,29 Mobiliário -0,57 1,97 5,34 10,29 Material Elétrico -4,66 1,83 13,07 25,74 Extração Mineral 0,30 -1,69 0,77 -4,04 Construção Civil 1,39 -2,58 1,03 -14,59 Total da Indústria 0,15 -0,75 0,06 -2,44 Fonte: IEL/IDEIES.
  • 15. Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 14 5. POLÍTICA MONETÁRIA A política monetária no Brasil vem sendo de uma dezena de instituições bancárias e condicionada pela política de metas de operadores financeiros. Por essa razão, a inflação implementada em 1999. Segundo discussão que interessa é a da independên- essa política, uma tendência de aumento cia do Banco Central em relação ao nos preços deve ser combatida com um mercado, de forma que o governo possa ter aumento na taxa de juros. Desde então, o efetivo controle do sistema monetário e Banco Central tem como objetivo prioritário financeiro. A independência defendida atingir uma meta de inflação fixada pelo pelos economistas neoclássicos e pelo governo, com uma tolerância de mais ou mercado já existe, só falta a formalização menos 2,5 pontos percentuais. Entretanto, legal. Base Monetária nos últimos anos, ele não tem conseguido Em outubro de 2002, a base monetária atingir esse objetivo, apesar das contínuas foi expandida em 4,2% acumulando um elevações na taxa básica de juros tornando- crescimento de 33,4% em doze meses. a a mais alta do mundo, em termos reais. Acompanhando essa expansão, o papel A política de metas de inflação segue a moeda emitido aumentou 4,9%, no mês, e ortodoxa teoria quantitativa da moeda. 34,0%, em doze meses; as reservas Segundo esta teoria, um aumento na bancárias cresceram 3,0%, no mês, e 32,3% quantidade de moeda é a causa da em doze meses. Da mesma maneira, os inflação. Por isso, um aumento na taxa de meios de pagamentos cresceram 3,5%, no juros faria com que os consumidores mês de outubro, e 31,7%, em doze meses; o reduzissem a demanda por bens e serviços e papel moeda em poder do público cresceu convertessem suas rendas em aplicações a 5,4%, no mês, e 33,8%, em doze meses; e os juros. O que os dados demonstram é que depósitos à vista, 2,3%, no mês, e 30,5%, em essa teoria não funciona no Brasil, como doze meses. Segundo a teoria ortodoxa, a veremos. Além disso, está produzindo inflação acumulada nos doze meses conseqüências graves contribuindo para o deveria ser superior a 30,0%, mas, ao crescimento da dívida interna, para o contrário do que prega a teoria, o cresci- aumento dos juros a serem p a g o s e estrangulando a capacidade de g a s t o s d o governo. A implemen- t a ç ã o d e s s a política levou o Banco Central a s u b m e t e r - s e cada vez mais aos "humores" do mento na oferta monetária foi retido na mercado financeiro. Por isso, consulta forma de papel moeda e depósitos à vista, continuamente esse mercado e segue as sem efeito sobre a inflação do período. suas indicações, principalmente antes das Mesmo supondo que a teoria neoclássi- reuniões do Comitê de Política Monetária. ca fosse correta, o elevadíssimo grau de Dessa forma, ao contrário do que os meios concentração da renda no Brasil impediria o de comunicação e os economistas seu funcionamento na realidade. Ou seja, a ortodoxos divulgam, o Banco Central não é maior parte do aumento nos meios de dependente do governo e sim do mercado. pagamentos é apropriada pela parcela Mercado esse que é comandado por cerca mais rica da população, cujas necessidades Tabela 5.1 - Base Monetária e meios de pagamentos. Média dos saldos dos dias úteis (R$ milhões) e variação mensal (%) Jul/02 Ago/02 Set/02 Out/02 Componentes R$ % R$ % R$ % R$ % Base Monetária 54.220 7,2 56.266 3,8 58.165 3,4 60.607 4,2 Papel moeda emitido 35.473 5,2 36.739 3,6 37.828 3,0 39.666 4,9 Reservas bancárias 18.747 11,2 19.527 4,2 20.337 4,1 20.941 3,0 Meios de pagamentos 82.026 4,7 84.501 3,0 87.005 3,0 90.023 3,5 Papel Moeda em poder do público 29.406 4,2 30.614 4,1 32.094 4,8 33.822 5,4 Depósitos à vista 52.621 5,0 53.888 2,4 54.911 1,9 56.200 2,3 Fonte: BCB - Nota para a Imprensa, 27/11/2002.
  • 16. já estão plenamente atendidas e não juros na ponta do mercado. Com isso, os afetam de forma significativa os índices de depósitos compulsórios cresceram quase preços, pois a maior parte dos produtos que 150%, de setembro para outubro, e os demandam nem fazem parte do IPCA. resgates de títulos públicos ultrapassaram os Como sabemos, a cesta de consumo R$ 20,0 bilhões. A utilização mais agressiva determinada para esse índice é o padrão desse instrumento de política monetária, médio de consumo de famílias com renda que foi parcialmente abandonado pelo mensal até 30 salários mínimos. A tabela 5.2 Banco Central, permitiria uma redução apresenta os resultados das variações na significativa no endividamento em títulos base monetária e o conjunto de operações públicos através da remonetização da executadas pelo Banco Central entre os dívida e o seu recolhimento através do meses de julho e outubro de 2002. Neste depósito compulsório. Note-se que esse mês, as operações do Tesouro Nacional e do instrumento foi amplamente utilizado na Setor Externo apresentaram impacto edição do Plano Real quando a alíquota negativo, a primeira foi pouco significativae sobre os depósitos à vista foi fixada em 50% a segunda decorrente da especulação do saldo desses depósitos, em 30/06/94, cambial. No período, o Tesouro Nacional foi mais 100%das variaçõesnesse saldo. Assim, responsável pela redução de R$ 5,9 bilhões toda apossibilidade deexpansão dosmeios na base monetária, como resultado da de pagamentos foi esterilizada no Banco política de obtenção de superávits primários Central. Além disso, seria necessário o exigidos pelo acordo com o FMI. O Setor retorno aos períodos de cálculo e recolhi- Externo contribuiu com R$ 17,8 bilhões que mento anterior, que foram ampliados de foram utilizados na aquisição de dólares cinco para dez dias úteis por Armínio Fraga, e durante o agudo período de especulação uma revisão na liberdade de movimenta- no mercado cambial, antes das eleições ção desses depósitos. A regulamentação presidenciais. Assim, o governo despendeu dos depósitos compulsórios permite que os cerca de US$ 5,0 bilhões de suas reservas bancos movimentem livremente seus internacionais, considerando uma taxa saldos, desde que durante o período de média de câmbio de R$ 3,60 por dólar. recolhimento mantenham a média obtida Considerando ainda as variações na no período de cálculo. Essa liberdade Assistência Financeira de Liquidez e os converteu o depósito compulsório em um Depósitos Compulsórios, que também poderoso fundo para especulação a apresentaram impacto negativo no período, curtíssimo prazo no mercado interbancário e teremos uma redução na base monetária no mercado aberto. de R$ 60,2 bilhões. Este montante foi Operações de Crédito compensado pelas operações com Títulos O total das operações de crédito Públicos Federais que foram resgatados em concedidas pelo sistema financeiro, para o um montante de R$ 61,7 bilhões, no mesmo setor público e privado, foi de R$ 372,8 período. bilhões nesse mês, o que representa um Destaca-se, no mês de outubro, uma decréscimo de 0,66%, em relação ao mês ligeira mudança na intervenção do Banco de setembro, quando o saldo foi de R$ 375,3 Central sobre o mercado monetário. Em bilhões. Essa retração fez com que a relação 11/10/02, ele editou a Circular 3.157 entre o total de empréstimos e o PIB caísse elev ando as alíq uota s dos depó sito s de 27,1% para 26,3% entre setembro e compulsórios. Elas tinham sido reduzidas, há cerca de dois anos, como meio de tentar elevar a oferta de crédito e reduzir a taxa de Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 15 Tabela 5.2 - Fatores condicionantes da base monetária - Fluxos acum. No mês (R$ milhões) Período Tesouro Nacional Títulos Públicos Setor Externo Assist. Financ. Dep.Inst. Financ. Op. Deri- vativos Outras Contas Var. da Base Jul/02 230 14.929 -4.420 - 2.025 -7.214 248 - 7 1.740 Ago/02 -2.815 17.229 -4.823 - 1 -6.528 - 517 9 2.553 Set/02 -3.052 8.997 -3.004 3 -5.957 8.943 - 146 5.784 Out/02 -296 20.565 -5.535 -3 -14.725 -157 22 -130 Fonte: BCB - Nota para a Imprensa, 27/11/2002
  • 17. outubro deste ano. A variação do volume R$ 9,9 bilhões, em outubro de 2002, uma dessas operações nos últimos cinco meses diminuição de 8,85% em relação ao mês foi de 6,03%. No mês de outubro, as anterior. Nos últimos cinco meses, a queda operações de crédito destinadas ao setor foi de 0,73%. privado foram de R$ 362,9 bilhões, uma Em relação aos níveis de risco das retração de 0,41% em relação ao mês operações de crédito efetuadas pelo anterior. A redução foi mais acentuada para sistema financeiro, no mês de outubro, a indústria e outros serviços, com quedas de 60,1% foram classificados na faixa de baixo 1,5% e 2,4%, respectivamente. Segundo o risco (AA+A), ou seja, são empréstimos que Banco Central, as incertezas quanto ao ainda não venceram. Somente 3,6% dos futuro da economia foram determinantes empréstimos enquadraram-se na faixa de para esse resultado. Mas, a lucratividade alto risco (H), são empréstimos vencidos e de bancária no mercado aberto pode ser a difícil cobrança. As operações de crédito explicação mais correta. Por essa mesma com o setor público, mostra uma diminuição razão o crédito rural e o crédito habitacional nas operações de baixorisco, de 54,3%,em cresceram nos dois últimos meses, reverten- setembro, para 49,8%, no mês de outubro, do a tendência anterior. O primeiro é acompanhado por um aumento dos subsidiado pelo governo federal e o créditos de alto risco de 0,4% para 2,7% segundo é decorrente da obrigatoriedade nesses mesmos meses. Mas, o que ocorreu das aplicações em cadernetas de poupan- efetivamente foi um aumento significativo ça. Nos cinco últimos meses, a variação no na inadimplência de Estados e Municípios crédito no setor privado foi de 6,23%. cujos débitos vencidos aumentaram de A dívida bancária do setor público foi de 0,5% para 4,0%. Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 16 Tabela 5.3 – Operações de crédito do sistema financeiro - Saldos em final de período (R$ milhões) e Classificação das faixas de risco do saldo das operações em Outubro (em valores percentuais) Setor Público Setor Privado Meses Gov. Fed. Gov. Mun/Est. Total S. Público Indústria Habi- tação Rural Comér- cio Pess. Física Outros Serviços Total S. Privado Total Geral Jun/02 3.893 6.116 10.009 106.162 24.132 27.942 38.351 82.809 62.238 341.634 351.643 Jul/02 3.739 6.740 10.479 110.233 24.014 27.385 38.903 82.731 64.906 348.172 358.651 Ago/02 3.622 6.739 10.361 107.261 23.937 27.659 38.416 82.799 63.532 343.604 353.965 Set/02 3.986 6.914 10.900 119.629 24.240 29.374 40.491 83.164 67.508 364.406 375.306 Out/02 3.487 6.448 9.935 117.801 24.280 30.762 40.004 84.172 65.909 362.928 372.863 Faixa de Risco AA+A 78,6 34,2 49,8 60,8 41,1 61,7 60,7 64,0 61,3 60,3 60,1 B até G 21,1 61,8 47,5 37,0 51,9 35,7 35,9 29,9 36,7 36,1 36,4 H 0,3 4,0 2,7 2,2 7,0 2,6 3,4 6,2 2,0 3,6 3,6 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: BCB - Nota para a imprensa.- 27.11.2002 6. POLÍTICA FISCAL A política fiscal restritiva mantida pelo contabiliza as receitas e despesas efetiva- governo ao longo desses quase 8 anos de mente realizadas pelo Governo Federal, mandato, especialmente a partir de 1997, dentro do conceito "acima da linha", o produziu superávits crescentes que, por outro Governo acumulou, até outubro do ano lado, foram consumidosno pagamento dos vigente, um superávit de R$ 33,80 bilhões. A juros da dívida pública. Este ano, mais uma melhora de R$ 8,01 bilhões no desempenho vez, será encerrado com um superávit nas do superávit deste ano, em comparação contas públicas maior do que o do ano com aquele conseguido em igual período anterior. Esse desempenho positivo das de 2001 (R$ 25,79 bilhões), ainda está longe contas públicas é fruto de políticas de corte de cobrir aconta de jurosde responsabilida- nos gastos públicos, contingenciamento do de do governo. O resultado primário do orçamento e aumento da arrecadação. Governo Federal, em relação ao PIB, De acordo com a Tabela 6.1, que aumentou de 2,66%, entre janeiro e outubro
  • 18. Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 17 do ano passado, para 3,19%, no mesmo e capital referentes ao mês de setembro/02 período desse ano. Um grande desafio para (R$ 5,18 bilhões) com aquelas relativas ao o próximo Governo é o de manter o aumento mês de outubro (R$ 7,91 bilhões). Na do superávit primário. Com a previsão, para verdade, todos os itens que compõem as o próximo ano, de aumento das despesas despesas do Governo Federal apresentaram nas áreas sociais e elevação dos gastos com crescimento significativo nos dez primeiros a previdência, vinculada ao aumento do meses deste ano em comparação com o salário mínimo, o governo terá de se mesmo período do ano passado. preocupar ainda mais em aumentar a A Tabela 6.2 mostra o resultado consoli- arrecadação. O Governo Federal arreca- dado do setor público no conceito "abaixo dou, até outubro de 2002, o montante de R$ da linha", isto é, pela necessidade de 260,96 bilhões, R$ 40,12 bilhões a mais do financiamento do setor público. Além disso, que no mesmo período do ano passado (R$ destaca-se que osdados aqui apresentados 220,84 bilhões). Nos meses de setembro e diferem daqueles da Tabela 6.1, pois aquela outubro últimos, o nível de arrecadação refere-se apenas ao Governo Federal, esteve particularmente alto, mais de R$ 29 enquanto nesta estão representados os bilhões mensais, bem acima dos R$ 23,49 dados do setor público como um todo. bilhões arrecadados em outubro/01. Do lado O resultado primário, que não leva em das despesas, observa-se também um conta as despesas com juros, foi positivo, crescimento significativo entre o que foi para todo o período em análise, tanto para o gasto nos dez primeiros meses do ano Governo Central (Governo Federal, INSS e passado (R$ 156,83 bilhões) e o correspon- Banco Central) quando para os governos dente ao mesmo período deste ano (R$ regionais (estados, Distrito Federal e municípi- 180,58 bilhões). Esse crescimento esteve os) e para as empresas estatais. Em outubro mais concentrado no mês de outubro último de 2002, o resultado primárioapresentou um (R$ 20,82 bilhões) do que em setembro/02 saldo positivo de R$ 6,3 bilhões. Esse foi o (R$ 17,60 bilhões),ou mesmo outubro/01(R$ melhor resultado, no mês, desde o início da 17,49 bilhões), quandoo Governo promoveu série, em 1991. Em outubro foi registrado um o descontingenciamento dos recursos crescimento na arrecadação de impostos orçamentários. Isso fica ainda mais evidente que incidem sobre ope raç ões com quando se compara as despesas de custeio contratos especiais de câmbio (swap Tabela 6.1 – Resultado Primário do Governo Federal(1) (R$ bilhões) Discriminação Out/01 Jan-Out/01 Set/02 Out/02 Jan-Out/02 I. RECEITA TOTAL 23,49 220,84 29,02 29,97 260,96 I.1Receita do Tesouro 18,41 172,03 23,27 23,87 205,84 I.1.1. Receita bruta 19,03 177,53 24,01 24,83 212,51 I.1.2. (-) Restituições 0,62 - 5,28 - 0,74 - 0,95 - 6,58 I.1.3 (-) Incentivos Fiscais 0,0 - 0,22 0,0 0,0 - 0,09 I.2. REC. DA PREVIDÊNCIA 5,07 48,81 5,76 6,09 55,12 II. TRANSF. P/EST. E MUNIC. 3,56 37,67 4,41 5,27 45,99 III. RECEITA LÍQUIDA TOTAL 19,93 183,17 24,61 24,69 214,97 IV. DESPESA TOTAL 17,49 156,83 17,60 20,82 180,58 IV.1.Pessoal e enc. Sociais 4,79 51,21 5,25 5,68 58,10 IV.2.Benef. Previdenciários 6,03 57,37 7,16 7,23 67,09 IV.3 Custeio e Capital 6,68 48,25 5,18 7,91 55,39 V. RES.PRIM.GOV.FEDERAL 2,43 26,34 7,01 3,87 34,39 V.1 Result. do Tesouro Nac. 3,39 34,90 8,42 5,01 46,36 V.2 Prev. Social (RGPS) - 0,95 - 8,56 - 1,41 - 1,14 - 11,97 VI RES. PRIM. DO BACEN - 0,05 - 0,55 - 0,09 - 0,06 -0,59 VII.RES.PRIM.GOV.CENTRAL 2,38 25,79 6,92 3,81 33,80 VIII. RES. PRIMÁRIO/PIB (%) 2,66 3,19 Fonte: STN/Ministério da Fazenda (1) Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central
  • 19. cambial) e aplicações em fundos de renda relacionada à forte desvalorização cambial fixa. Mas o resultado de setembro último verificada durante o ano, pois cerca de 50% havia sido ainda mais espetacular, atingindo da dívida pública está dolarizada. Outro fator o valor recorde de R$ 10,3 bilhões. No que contribuiu para o elevado pagamento acumulado no ano, o superávit primário de juros, foi o aumento da taxa Selic que atingiu R$ 53,9 bilhões (5,07% do PIB). O valor subiu de 18% em setembro/02 para 21% em é R$ 3,6 bilhões maior do que a meta de R$ outubro e hoje está em 22%. Assim o seu 50,3 bilhões acertada com o FMI para todo o efeito sobre o pagamento de juros deverá ano de 2002. Observa-se, portanto, que o ser ainda mais forte nos próximos meses. governo brasileiro vem se esmerando em Os principais responsáveis pelo paga- cumprir, até com excesso, as metas com o mento de juros, no período de janeiro a Fundo, constituindo-se este no objetivo outubro deste ano, foram os governos número um da política do governo. regionais (estados, Distrito Federal e municípi- A evolução dos resultados primários os) com um dispêndio de R$ 39,0 bilhões e o deveu-se, principalmente, ao desempenho Governo Central, com R$ 38,8 bilhões. As do Governo Central, atingindo R$ 34,7 empresas estatais gastaram R$ 9,2 bilhões. bilhões nos dez primeiros meses deste ano Como os superávits primários cobriram (3,29% do PIB), comparativamente aos R$ apenas parte dos juros, apesar do esforço 27,0 bilhões (2,8% do PIB) registrados no empreendido, os resultados nominais foram mesmo período do ano anterior. Já os deficitários e atingiram a cifra de R$ 33,1 governos regionais e as empresas estatais bilhões durante o ano, conforme os dados obtiveram respectivamente R$ 10,9 bilhões da Tabela 6.2. Ocorreu um crescimento de (1,04% do PIB) e R$ 8,2 bilhões (0,74% do PIB), R$ 6,4 bilhões em comparação ao mesmo mantendo o mesmo patamar registrado em período do ano anterior (R$ 26,7 bilhões). 2001. A conta de juros nominais pagos, Nota-se que esse resultado deveu-se, em apresentada na mesma tabela, mostra a sua maior parte, ao déficit de R$ 28,1 bilhões grande dificuldade encontrada pelos apresentado pelos governos regionais. governantes para conseguir equilibrar as A Dívida Líquida do Setor Público (Tabela finanças públicas do país. Em outubro foram 6.3) mede o endividamento do setorpúblico pagos R$ 14,6 bilhões de juros e o Governo não financeiro e do Banco Central do Brasil Central foi o maior responsável, R$ 11,2 junto ao sistema financeiro (público e bilhões. No acumulado do ano, foram pagos privado), setor privado não financeiro e resto R$ 87,0 bilhões de juros, R$ 16,0 bilhões a do mundo.No número anterior do Boletim de mais do que o montante pago em igual Conjuntura, os comentários sobre Política período de 2001 (R$ 71,0 bilhões). Essa Fiscal noticiavam que, no mês de maio/02, a elevação do pagamento de juros está dívida pública havia batido o seu recorde Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 18 Tabela 6.2 – Necessidade de Financiamento do Setor Público (R$ milhões) Discriminação Out/01 Jan-Out/01 Set/02 Out/02 Jan-Out/02 Resultado Primário -3 028 -44 233 -10 258 -6 283 -53.904 Governo Central -1 891 -27 063 -6 044 -4 313 -34.725 Governos Regionais - 433 -9 656 -1 033 -1 418 -10.940 Empresas Estatais (1) - 705 -7 514 -3 181 - 552 -8.239 Juros Nominais 9 222 70 956 11 759 14 568 87.017 Governo Central 5 140 33 699 -2 424 11 232 38.800 Governos Regionais 2 795 30 302 9 739 4 559 39.031 Empresas Estatais (1) 1 288 6 955 4 444 -1 222 9.186 Resultado Nominal 6 194 26 723 1 501 8 285 33.113 Governo Central 3 249 6 636 -8 468 6 919 4.075 Governos Regionais 2 362 20 646 8 706 3 141 28.091 Empresas Estatais (1) 583 - 559 1 263 -1 775 947 Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 28.11.02 (1) Inclui as empresas estatais dos governos federal, estaduais e municipais
  • 20. histórico, quando atingiu 56% do PIB parte da dívida pública (Tabela 6.3). Sua nacional. No mês de setembro último, participação tem se mantido, nos anos de entretanto, a dívida aumentou muito mais, 2001 e 2002 (ver boletins anteriores), em alcançando R$ 885,2 bilhões de reais, o que torno de 60 a 65% da dívida total. Em equivale a 63,6% do PIB. É a terceira vez outubro, a dívida em nome do Governo neste ano que a dívida do setor público bate Central registrou o valor de R$ 554,4 bilhões, um recorde histórico. enquanto a dos Governos Estaduais ficou em Em agosto de 2002, a Dívida Líquida do R$ 277,6 bilhões (32,1% do total) e a dos Setor Público, que inclui as dívidas interna e Governos Municipais alcançou R$ 34,2 externa de todos os níveis de governo, bilhões (3,9% do total). apresentava um valor de R$ 784,1 bilhões. Em outra análise, observa-se que a maior No mês de setembro atingiu o seu valor mais parte da Dívida Líquida do Setor Público está alto, devido, sobretudo, à depreciação do comprometida com os credores internos, Real frente ao dólar, que foi de 28,9% no representando 72,9% da dívida total (R$ mês, sendo responsável por um impacto 631,4 bilhões). Nos últimos doze meses, a correspondente a R$ 97,9 bilhões na dívida. dívida pública interna cresceu 18,5%, A trajetória de crescimento da dívida ao enquanto a externa aumentou 65,0%. Este é longo deste ano se constitui num dos o resultado da desvalorização do Real frente problemas mais difíceis de serem enfrenta- ao dólar nos últimos meses, que tem dos, pois está diretamente atrelada à impacto direto sobre a dívida externa, depreciação cambial, que se aprofundou atrelada à taxa de câmbio. Entre os meses fortemente a partir de meados do ano. Na de agosto e setembro de 2002, o estoque comparação entre os meses de outubro de da dívida pública externa passou de 23,8% 2001 e 2002, é possível perceber que o do total (R$ 186,6 bilhões) para 27,7% (R$ estoque da dívida passou de R$ 674,9 245,2 bilhões). Como a Dívida Líquida do bilhões (54,5% do PIB) para R$ 866,2 bilhões Setor Público aumentou como um todo, seu (59,9%), o que representa um incremento de componente externo cresceu ainda mais, 28,34%. A redução observada na dívida aumentando a vulnerabilidade do Brasil entre os meses de setembro (R$ 885,2 frente ao mercado internacional de capitais. bilhões) e outubro (R$ 866,2 bilhões) deveu- A Tabela 6.4 apresenta os dados da se, em parte, à valorização cambial ocorrida Dívida Mobiliária Federal. Esta, ao contrário no período, responsável por uma redução da Dívida Líquida do Setor Público, refere-se de R$ 27,8 bilhões no total da dívida; e em somente à dívida do Governo Federal, parte, pela monetização dadívida. representada por títulos vendidos no Pode-se observar que o Governo Central, merc ado inte rno, atra vés do sist ema incluindo o Banco Central e as empresas bancário. Comparando-se os dados das estatais federais, é o responsável pela maior duas tabelas analisadas, observa-se que a Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 19 Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (R$ bilhões) Discriminação Out/ 01 Dez/ 01 Ago/ 02 Set/ 02 Out/02 Dívida Total Líquida 674,95 660,87 784,06 885,19 866,21 Governo Central (1) 408,80 396,17 493,01 574,49 554,40 Governos estaduais (2) 237,05 235,81 259,42 276,83 277,64 Governos municipais (3) 29,10 28,89 31,63 33,87 34,17 Dívida Total Líquida 674,95 660,87 784,06 885,19 866,21 Dívida líquida interna 532,60 530,02 597,51 639,95 631,35 Dívida líquida externa 142,35 130,85 186,55 245,24 234,86 DLSP em % do PIB 54,5 42,7 58,2 63,6 59,9 Fonte: BCB – Nota para a imprensa, 28.11.02 (1) Inclui Banco Central e empresas estatais federais (2) Inclui as empresas estatais estaduais (3) Inclui as empresas estatais municipais
  • 21. Dívida Mobiliária Federal, que alcançou em de swap, garantindo aos compradores a outubro último o valor de R$ 632,1 bilhões, correção cambial. Esse tipo de operação representa a maior parte da Dívida Líquida mascara o comprometimento do Governo do SetorPúblico, R$ 866,2bilhões, no mesmo com a variação na taxa de câmbio, pois os mês. A composição da Dívida Mobiliária títulos aparecem na composição da dívida Federal, segundo os títulos que a constituem, como pré-fixados. O segundo movimento atrelados aos diferentes indexadores, está ocorrido, que aumenta a participação dos explicitada, também, na Tabela 6.4. títulos dolarizados na composição da dívida, Observa-se, da análise desses dados, que a se caracteriza pela forte elevação da taxa maior parte da dívida em títulos (54,2%) está de câmbio registrada a partir de maio/02, indexada à taxa selic e que essa participa- mas fortemente concentrada no mês de ção tem se mantido acima dos 50% desde setembro último. Nesse mês, a política de dezembro/01. Por isso, a elevação da taxa substituição dos títulos cambiais não foi selic a partir de outubro último, tem acarreta- suficiente para manter a trajetória de queda do despesas crescentes com a conta de na participação desses títulos na composi- juros paga pelo Governo. Cada ponto ção da Dívida Mobiliária Federal. percentual de aumento nessa taxa represen- Deve-se registrar, ainda, a crescente ta um acréscimo de R$ 3,5 bilhões na participação dos títulos indexados ao IGP-M despesa com o pagamento de juros de e ao IGP-DI nos últimos meses. Como se responsabilidade do Governo Federal, se sabe, esses dois indexadores são fortemente mantido durante doze meses. E esse é só o influenciados pela elevação dos custos das efeito direto, sem contar que o aumento da empresas, que, por sua vez,são impactados taxa selic, como taxa básica da economia, pela desvalorização cambial e pelo influencia a elevação de todas as outras aumento dos preços dos serviços essenciais taxas de juros cobradas pelomercado. (água, energia e telefone). Por isso, esses dois A segunda maior parcela da Dívida indicadores têm apresentado crescimento Mobiliária Federal, está indexada à taxa de acima dos outros índices de inflação. O câmbio. Sua participação apresentou Banco Central, com dificuldades para variações significativas nos últimos doze colocar novos títulos no mercado, vem meses, reduzindo de 31,4%, em outubro/01, tentando atrair os investidores com títulos para 28,6, em dezembro último, e 24,6%, mais rentáveis. em agosto/02; voltou a aumentar para Essa política, porém, ao indexar a quase 29,0%, em setembro, e caiu para 26,6%, em totalidade da dívida a indicadores altamen- outubro. Essa trajetória foi marcada por dois te voláteis, como a taxa selic, o câmbio, o movimentos significativos ocorridos nesse IGP-M e o IGP-DI, compromete a administra- período. O primeiro deles se constitui na ção da dívida, reduzindo as possibilidades política implementada pelo Banco Central, de manobra do próximo governo, condicio- a partir do final de 2001, de substituir os títulos nando o futuroda política monetáriaà quase indexados ao dólar por títulos pré-fixados, ao exclusiva administraçãoda dívidapública. mesmo tempo em que lançava operações Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 20 Tabela 6.4 – Dívida Mobiliária Federal e Participação por Indexadores Discriminação Out/01 Dez/01 Ago/02 Set/02 Out/02 Dívida Mobiliária (R$ bilhões) 629,1 624,1 622,8 658,8 632,10 Indexadores (%) Câmbio 31,4 28,6 24,6 29,0 26,6 Over/Selic 49,3 52,8 55,8 52,9 54,2 Prefixado 9,1 7,8 7,8 6,6 6,5 TR e TJLP 3,6 3,8 2,0 1,9 2,0 IGP-M e IGP-DI 6,6 7,0 9,8 9,6 10,7 FONTE: BCB – Notas para a imprensa, 28.11.02
  • 22. 7. SETOR EXTERNO A mudança de cenário, observada a para medir a dependência externa de uma partir do final do primeiro quadrimestre de economia, pois, quanto maior o déficit, 2002, foi determinada, de um lado, pelo maior será a necessidade de atrair capitais agravamento da crise externa, impulsionada externos para equilibrar as contas. Esse pelas dificuldades crescentes enfrentadas resultado, alcançado pela economia pela Argentina, pelo conflito do Iraque, pelas brasileira, reflete a diminuição do déficit na falcatruas das empresas americanas e pela conta detransações correntes queacumula, estagnação das economias japonesa e nos dez primeiros meses do ano, um saldo européias. Por outro lado, contribuiu, negativo de apenas US$ 7,3 bilhões, contra também, a vulnerabilidade da própria os US$ 19,9 bilhões observados em igual economia brasileira, excessivamente período de 2001. É importante salientar que, dependente dos capitais externos e com um nos meses de agosto e setembro últimos, setor público altamente endividado. Por essa conta, que de longa data é deficitária, último, essa piora de expectativas foi apresentou superávits de US$ 0,3 bilhão e de influenciada pelo calendário eleitoral, US$ 1,2 bilhão, respectivamente. Esses trazendo doses extras de incerteza e resultados, acrescidos do saldo negativo instabilidade. Assim, as dúvidas quanto ao muito baixo observado no mês de outubro, pagamento da dívida e de seus juros permitem prever um déficit de pouco mais deixaram os investidores receosos, ocasio- de US$ 9 bilhões na conta de transações nando um aumento na saída de capitais correntes de 2002, contra um saldo negativo que, juntamente com a dificuldade de de US$ 23,2 bilhões observado no ano rolagem da dívida pública atrelada ao anterior. câmbio, resultou em uma forte desvaloriza- O melhor desempenho das contas ção do real, que chegou a mais de 50,0 % externas está atrelado ao resultado da entre os meses de maio e outubro deste ano. balança comercial. Essa subconta, que Essa significativa desvalorização da moeda contabiliza o fluxo de bens comercializados local foi a responsável direta pela melhoria entre o Brasil e exterior, atingiu um superávit das contas externas nacionais,cujo principal de US$ 10,0 bilhões no período de janeiro a indicador, a relação entre o déficit da conta outubro deste ano, sendo que o mês de de transações correntes e o Produto Interno setembro registrou o maior superávit dos Bruto (PIB), apresentou expressiva retração no últimos anos com US$ 2,5 bilhões. No acumulado de janeiro a outubro deste ano, acumulado de janeiro a outubro do ano aproximadamente três pontos percentuais, passado o superávit alcançado foi de quando comparado com o mesmo período apenas US$ 1,5 bilhão. Esses dados, do ano anterior. Caiu de 4,71% para 1,93%, acrescidos do superávit de US$ 1,3 bilhão uma redução de 59% (Tabela 7.1). Esse registrado em novembro (Folha Online, indicador é o principal instrumento utilizado 02/12/02), demostram que a tendência é o Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 21 Tabela 7.1 – Conta de transações correntes (US$ milhões) Discriminação Out/01 Jan-Out/01 Ago/02 Set/02 Out/02 Jan-Out/02 Balança comercial 249 1.497 1.575 2.480 2.204 10.062 Exportações 5.003 49.377 5.751 6.492 6.474 49.992 Importações 4.753 47.880 4.176 4.012 4.270 39.930 Serviços -561 -6.569 - 369 -360 -265 -4.025 Transportes -238 -2.556 -139 -138 -175 -1.593 Rendas -2.276 -16.141 -1.119 -1.135 -2.274 -15.283 Juros -2.021 -12.510 -824 -822 -1.652 -10.972 Transferências unilaterais 149 1.334 229 236 301 1.923 Transações correntes -2.438 -19.878 316 1.221 -34 -7.323 Trans. Correntes/PIB (%) - - 4,71 - - - - 1,93 Fonte: BCB – Nota para a imprensa
  • 23. fechamento anual com valores muito rendas, cujos principais componentes são os superiores àqueles esperados no início do juros e os lucros e dividendos, registrou uma ano. As últimas projeções indicam um saldo pequena retração,encerrando o período de da balança comercial em torno de US$ 12,5 janeiro a outubro com um déficit de US$ 15,2 bilhões em 2002. Analisando-se mais bilhões, enquanto que no mesmo período do detidamente os dados da Tabela 7.1, ano passado esse valor foi de US$ 16,1 observa-se que apenas uma pequena parte bilhões (Tabela 7.1). Essa retração está do desempenho da balança comercial é relacionada à redução das taxas de juros conseqüência de um aumento das externas, puxada pela redução da taxa exportação, que apresentaram um cresci- básica americana, no rastro da recessão mento nos primeiros dez meses do ano da mundial. É importante ressaltar que o período ordem de 1,2 % em relação ao ano de2001. de instabilidade, potencializado pela O volume total de exportação no ano é de incerteza da sucessão presidencial, resultou US$ 49,9 bilhões, sendo que os meses de em um aumento das remessas de lucro e setembro e outubro apresentaram os uma antecipação no pagamento de juros. maiores resultados mensais, ambos com Comparando-se os meses de setembro e valores de US$ 6,5 bilhões. Contudo, é outubro do recorrente ano confirma-se essa importante salientar que, com o desaqueci- hipótese, pois em setembro o déficit na mento do mercado interno, o aumento das subconta rendas foi de US$ 1,1 bilhão, exportações ocorre sem um aumento da enquanto no mês de outubro, esse valor produção, pois os produtos que deveriam ser subiu para US$ 2,3 bilhões, ou seja, aumentou consumidos internamente estão sendo maisde50%. colocados no mercado externo. Assim, o Os últimos meses foram marcados por maior responsávelpelo superávitda balança incertezas quanto à capacidade do país de comercial foi a redução do volume de honrar seus compromissos, motivando importação. De janeiro a outubro do ano alterações radicais no comportamento dos passado o país contabilizou um volume de investidores internacionais em relação ao importação da ordem de US$ 47,9 bilhões, Brasil. Essa mudança refletiu-se numa menor enquanto neste ano registra uma retração disponibilidade de recursos destinados ao para US$ 39,9 bilhões, a qual representa uma país. Assim, a conta capital e financeira, que diminuição de 16,6%. A desvalorização do reflete a entrada líquida de recursos externos, real, que tornou os produtos importados mais apresentou diminuição de US$ 25,3 bilhões caros, combinada com o desaquecimento para US$ 8,0 bilhões (Tabela 7.2), no da economia interna condicionaram o acumulado dos dez primeiros meses deste desempenho das importações. ano em relação ao anterior. Isto corresponde A subconta serviços, que inclui apenas os a uma retração de 68,5% na entrada líquida serviços tradicionais, também foi influencia- de capitais autônomos no Brasil. Os meses de da pela combinação da desvalorização agosto, setembro e outubro registraram, com o baixo crescimento econômico. Essa respectivamente, déficits de US$ 1,5 bilhão, subconta, tradicionalmente deficitária, US$ 0,6 bilhão e US$ 2,3 bilhões, evidencian- reduziu seu déficit em 38,0% nos dez do que a situação agravou-se consideravel- primeiros meses do ano, registrando um mente nos últimos meses e que as perspecti- saldo negativo de apenas US$ 4,0 bilhões, vas não são nada boas para o próximo contra US$ 6,6 bilhões em igual período do governo. ano anterior. Analisando o mês de outubro O fluxo de investimento direto, que percebe-se uma redução superior a 50,0 % representa a principal fonte de entrada no resultado do ano de 2002 em relação ao líquida de recursos provenientes do exterior, ano anterior. A diminuição do volume de apresentou forte redução. A previsão do importações refletiu no saldo das despesas governo, para o ano de 2002, era de um com transporte, que diminuíram de US$ 2,6 superávit de US$ 20,0 bilhões, porém, no bilhões para US$ 1,6 bilhões no período de acumulado de janeiro a outubro, essa janeiro a outubro de 2001 para 2002. subconta registra uma entrada líquida de Seguindo a mesma trajetória, a subconta investimentos diretos de apenas US$ 11,6 Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 22
  • 24. bilhões, contra uma entrada de US$ 18,5 financiamentos vindos dos organismos bilhões no mesmo período de 2001; uma internacionais, observa-se uma diminuição redução de 62,7%. As expectativas para de, aproximadamente, 82,0 % na entrada 2002 indicam uma entrada líquida de de capitais, comparando-se os dez primeiros investimentos diretos da ordem de US$ 15 meses deste ano (US$ 0,7 bilhão) com o bilhões. mesmo período do ano anterior (US$ 4,5 O ingresso de investimento direto, no bilhões). período de janeiro a outubro, teve como O resultado global do balanço de principais origens: Países Baixos com 18,8 %; pagamentos, no período de janeiro a EUA com 11,6 %; França, 10,8 %; Ilhas outubro de 2002, registra um déficit de US$ Cayman, 9,3 % e Bermudas, 9,2 %. É 0,8 bilhão. Isso significa que a entrada de importante destacar a expressiva redução capitais autônomos foi insuficiente para de investimentos originários dos Estados cobrir o déficit na conta de transações Unidos, dos Países Baixos e das Ilhas Cayman. correntes e o país foi obrigado a gastar Os recursos dos investimentos externos reservas para cobrir a diferença. No mesmo diretos, no período de janeiro a outubro de período do ano anterior, o resultado global 2002, foram empregados nos seguintes do balanço de pagamentos apresentou um setores: 2,9 % no setor primário, 37,6 % no superávit de US$ 4,4 bilhões, ressaltando que setor secundário e 59,5 % no setor terciário. a situação era completamente favorável, No último, destaca-se o item correio e com entrada de recursos externos mais do telecomunicações, responsável por 24,5 % que suficiente para cobrir o déficit em conta do total. Uma mudança significativa ocorreu corrente. Em outubro de 2002, a conta de com os cham ados inve stim ento s em reservas, no conceito de liquidez internacio- carteira, em que estão contabilizadas as nal, totalizou US$ 35,9 bilhões, representando entradas e as saídas de recursos aplicados uma pequena redução em relação ao no mercado de renda variável (ações) e mesmo mês do ano anterior (US$ 37,5 renda fixa (títulos). De janeiro a outubro do bilhões). Em relação ao mês de setembro de ano passado, os investimentos em carteira 2002 (US$ 38,4 bilhões), as reservas internaci- apresentaram uma entrada líquida de onais brasileiras reduziram-se, em outubro, recurso de US$ 2,4 bilhões, contudo, neste em 6,6%, refletindo a maior fuga de capitais, ano, registrou-se saída de recursos que concentrada nesse mês. É importante alcançam US$ 4,4 bilhões. Isso, mais uma ressaltar, entretanto, que as reservas externas vez,reflete a especulação dos mercados em do país só foram mantidas nesse nível pela relação a instabilidade econômica e política entrada de recursos do Fundo Monetário do Brasil. São os chamados capitais especu- Internacional; foram US$9,9 bilhões liberados lativos que estão interessados, apenas, nos em julho/02, referentes à última parcela do ganhos de curto prazo. acordo antigo, e mais US$ 3,0 bilhões que No item outros investimentos, no qual são entraram no caixa em setembro último, contabilizados os financiamentos concedi- como primeira parcela do acordo de US$ 30 dos pelos exportadores estrangeiros e os bilhões,assinado em agosto. Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 23 Tabela 7.2 –Conta capital e financeira (US$ milhões) Discriminação Out/01 Jan-Out/01 Ago/02 Set/02 Out/02 Jan-Out/02 Conta capital e financeira 920 25 298 -1 525 -614 -2 294 7 959 Conta capital 23 243 39 54 54 366 Conta financeira 897 25 055 -1 564 -668 -2 348 7 592 Investimento direto 1 347 18 498 616 892 1 189 11 557 Invest. em carteira -999 2 447 -1 041 -969 -1551 -4 424 Derivativos -38 -379 -20 9 -12 -328 Outros investimentos 587 4 489 -1 118 -599 -1974 788 Erros e omissões -999 -1 026 - 975 709 -654 -1 509 Resultado global do balanço -2 517 4 393 -2 184 1 316 -2982 -874 Fonte: BCB – Nota para a imprensa
  • 25. especialmen- t e d o s e u c o m p o r t a- mento nos ú l t i m o s m e s e s , ressalta uma p r e o c u p a- ção, muito significativa, quanto ao q u e p o d e Analisando-se os dados referentes à a c o n t e c e r dívida externa brasileira (Tabela 7.3), nos próximos meses. Essa preocupação percebe-se uma variação de 5,4% entre torna-se ainda mais forte quando se destaca junho do ano passado (US$ 207,7 bilhões) e o que existe um acordo em vigor, assinado mesmo mês deste ano (US$ 219,0 bilhões). com o FMI, e que o Brasil vem cumprindo, Observa-se, ainda, que o crescimento esteve com sobras, todas as suas exigências. Mais mais concentrado a partir do mês de ainda, os resultados expressivos alcançados março/02, quando a dívida externa total do na balança comercial e a redução significa- país registrou a cifra de US$ 210,8 bilhões. Os tiva dos déficits em conta corrente não estão dados da Tabela 7.4 mostram que a sendo suficientes para acalmar o mercado responsabilidade pela dívida de médio e internacional, o que faria retornar o fluxo de longo prazo está igualmente dividida entre o recursos externos em direção ao país. Como setor público e o setor privado, mas que a não se espera mudanças significativas na parcela desse último cresceu mais fortemen- situação das economias internacionais nos te no último trimestre analisado. Quanto à próximos meses, caberá apenas ao futuro dívida de curto prazo, observa-se que ela é governo reverter essa situação, o que, da responsabilidade, quase exclusiva, do ressalte-se, não parece tarefa das mais setor privado. simples. A análise das contas externas do país, Vitória/ES - Boletim N.º 25 - 24 Tabela 7.3 – Dívida externa (US$ milhões) Discriminação Jun/01 Dez/01 Mar/02 Jun/02 Dívida de médio e longo prazos 180.804 182.276 181.384 188.809 Setor público (1) 90.153 92.755 95.341 104.458 Setor privado (2) 90.652 89.521 86.023 103.115 Dívida de curto prazo 26.937 27.658 29.401 30.229 Setor público (1) 1.026 427 382 173 Setor privado (2) 25.912 27.231 29.019 30.056 Dívida externa total 207.741 209.934 210.766 219.038 Fonte: BCB – Nota para a imprensa Observações: (1) Não inclui os bancos públicos (2) Inclui os bancos públicos Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura Mestrado em Economia - Graduação em Economia Departamento de Economia Universidade Federal do Espírito Santo Av. Fernando Ferrari, s/n - Campus Goiabeiras - Vitória - ES CEP 29060-900 - Tel/Fax: 27-3335-2605/2615 Coordenadores: Paulo Nakatani e Fabrício Augusto de Oliveira. Professores Pesquisadores: Maurício de Souza Sabadini e Sebastião José Balarini. Colaboradores: Ângela Maria Morandi e Reinaldo A. Carcanholo. Participaram neste número: Adriano do Carmo Santos, Aline Faé Stocco, Ana Letícia Espolador Leitão, André M. Dardengo, Anne Francini da S. Martins; Audicéia Lima Silva; Caroline Rezende, Claudeci Pereira Neto, Débora Sader, Diego L. Correa; Estevão Nicolau R. dos Santos; Everlan Montibeler, Ingrid Coutinho, Lyncoln W. e Silva, Márcio Dias Silva; Priscila Santos de Araújo, Rodrigo Emmanuel S. Borges; Rodrigo Marques, Roger Pereira Ferreira; Romulo Patrick da Silva Santos, Sávio B. Caçador, Sérgio Manhans da Silva Jr.; Vanuza Pereira da Silva Ney. Impresso na Gráfica da UFES com o apoio da Pró-Reitoria de Administração da UFES