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Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 01
APRESENTAÇÃO
A crise financeira que se espalhou por componentes importados, fazendo
todos os países do mundo aprofundou- com que as empresas do setor de
se a partir de agosto de 2008 e atingiu eletroeletrônicos começassem a
a esfera real da produção gerando reduzir a produção e programassem
recessões em vários países no terceiro férias coletivas aos trabalhadores.
trimestre do ano. Apesar de toda a Enfim, o aprofundamento da crise
d i s c u s s ã o a n t e r i o r s o b r e o mundial levou as grandes montadoras
“descolamento”, o Brasil não ficou do setor automobilístico à redução na
imune à esse processo, além das produção e a colocarem 47 mil
enormes perdas financeiras devido às operários, ou 41,6% da força de
quedas na bolsa de valores e a enorme trabalho, em férias coletivas que é o
volatilidade cambial, várias empresas prenúncio de demissões.
começaram a anunciar a redução na O governo brasileiro que vinha
produção e investimentos, por essas defendendo a fortaleza da economia
razões o governo e o Banco Central brasileira mudou o discurso e passou a
tomaram várias medidas para tentar atuar fortemente, anunciando várias
restringir ao mínimo os estragos da medidas, buscando amenizar os
crise no Brasil. impactos da crise. Em 22 de outubro,
O impacto da crise sobre a economia publicou um decreto autorizando o
brasileira manifestou-se de várias Banco do Brasil e a Caixa Econômica
f o r m a s . E m p r i m e i r o l u g a r, Federal a comprarem outros bancos,
destacaram-se os vultosos prejuízos carteiras problemáticas de outros
de empresas brasileiras em suas bancos e até a participação em
a p l i c a ç õ e s e s p e c u l a t i va s e m empresas construtoras ou imobiliárias
derivativos cambiais. A maior parte em crise de liquidez. Com isso,
das empresas e o volume das perdas i m p u l s i o n o u o p r o c e s s o d e
continuam desconhecidos, a imprensa centralização do capital bancário que
chegou a noticiar prejuízos na ordem levou o Banco do Brasil comprar a
de R$ 30 bilhões. Os casos mais Nossa Caixa e à fusão do Banco Itaú
notórios foram os da Aracruz Celulose, com o Unibanco.
Sadia e Votorantim, cujos prejuízos A i n d a c o m o r e a ç ã o à c r i s e
anunciados foram de cerca de R$ 5 internacional, o governo federal e o
bilhões. Em segundo lugar, as governo paulista anunciaram, quase
empresas exportadoras começaram a simultaneamente, a oferta adicional de
encontrar dois tipos de problemas, a créditos para a aquisição de
redução no crédito externo para as automóveis no montante de R$ 8
exportações e a queda na demanda e bilhões, o que não impediu a redução
no preço das principais commodities na produção de automóveis, as férias
exportadas pelo Brasil. Em terceiro, a coletivas e o início do processo de
volatilidade e o aumento na taxa de demissões dos trabalhadores no setor
câmbio começaram a pressionar os automobilístico.
custos de matérias-primas e Por seu lado, o Banco Central começou
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 02
devolvendo gradativamente ao mais adequado seria a monetização da
sistema bancário uma parte dos dívida pública e a redução na taxa
depósitos compulsórios remunerados básica de juros. Primeiro, porque
para evitar uma contração maior do liberaria recursos não remunerados
crédito bancário, além de atuar que obrigaria os bancos a procurarem
fortemente no mercado de câmbio, alguma forma de remuneração
principalmente através da venda de diferente da dívida pública e, segundo,
derivativos cambiais. reduziria a dívida e seus encargos.
Até o final de novembro, as liberações Essa medida sofreria dois tipos de
dos depósitos compulsórios atingiram crítica, uma seria a tradicional idéia de
o montante de R$ 91 bilhões, segundo que aumentaria a demanda e
o presidente do Banco Central. Como pressionaria a inflação, e a outra é que
esses depósitos eram remunerados ou pressionaria o câmbio. Quanto à
em títulos da dívida pública federal, os primeira, algumas medidas já
bancos simplesmente mantiveram a adotadas foram exatamente para
maior parte desses depósitos nas aumentar o crédito pessoal visando
aplicações em que já estavam, sem estimular a demanda final, pois no
aumentar a oferta de crédito. Aliás, quadro de crise mundial em que a
iniciaram um processo agressivo de economia se encontra, há pouco
elevação das taxas de juros na ponta espaço para aumentos nos preços. A
do mercado, aumentando ainda mais o segunda encontra respaldo na política
spread bancário, que é a diferença cambial equivocada do Banco Central,
entre a taxa de empréstimo e a taxa de cujo resultado é exatamente o
captação. Além disso, como o sistema aumento na volatilidade da taxa de
bancário brasileiro consegue receitas câmbio decorrente de ações
fabulosas somente com a cobrança das especulativas com os derivativos
tarifas de serviços bancários, as cambiais do Banco Central.
receitas financeiras adicionais estão Por exemplo, o Bacen vende dólares no
proporcionando taxas de lucro sem mercado futuro à uma determinada
precedentes. taxa de câmbio, suponhamos R$ 2,50
Isso mostra alguns equívocos da no prazo de 60 dias, no vencimento do
política monetária. O papel dos contrato, se a taxa do dia no mercado à
depósitos compulsórios é o de regular vista estiver a R$ 2,00 ele ganha, mas
a criação secundária de moeda se estiver a R$ 3,00, perde.
efetuada pelos bancos comerciais a Naturalmente, os compradores terão
partir dos depósitos à vista, por isso todo o interesse em pressionar para a
eles não deveriam ser remunerados. maior desvalorização comprando mais
Os depósitos compulsórios sobre as dólares no mercado à vista, na data do
aplicações financeiras remuneradas vencimento. Nessas datas, o Bacen
apenas obrigam que o sistema tem que vender dólares no mercado à
bancário mantenha em seus ativos vista ao menor preço possível,
títulos da dívida pública e não retirando das reservas. Fora desses
aplicados em ações ou títulos privados períodos, o Bacen compra os mesmos
de dívida. dólares para evitar o excesso de
Para aumentar a liquidez bancária, o desvalorização, com isso aumenta as
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 03
reservas e até tem ganhado nessas BM&F. Ou seja, dos derivativos
operações. Para alimentar toda essa cambiais (swaps) vendidos pelo Banco
especulação, a Diretoria do Bacen Central que valorizaram cerca de 7%
decidiu, no final de outubro, colocar até no mês, apesar da sua forte
US$ 50,0 bilhões em swaps cambiais intervenção vendendo dólares no
segundo as “necessidades do mercado à vista.
mercado”. Esse conjunto de medidas, tanto do
Por isso tudo, além de uma parte do governo federal quanto do Banco
capital especulativo que foge do país, Central, mostra que não há uma opção
as reservas internacionais caíram e segura contra a crise que se abate
aumentaram entre os meses de sobre o sistema capitalista mundial. As
setembro e novembro. Passaram de tentativas de reativação da demanda
US$ 206,5 bilhões, em 30 de através do crédito não obtiveram
setembro, para US$ 203,2 bilhões, em nenhuma resposta positiva do setor
31 de outubro, e aumentaram para produtivo, aliás foi muito mais
US$ 206,7 bilhões, em 27 de negativa. As medidas tomadas pelo
novembro. Como o último dia útil do Banco Central estão estimulando
mês é a data de fechamento da taxa muito mais a especulação financeira e
média de câmbio (Ptax) que servirá de a centralização do capital bancário do
referência para a liquidação dos que a expansão do crédito.
contratos de dólar negociados na
Com a recessão oficialmente instalada crise, até mesmo por desconhecer sua
nos países desenvolvidos, o governo dimensão e acreditar na blindagem do
Lula, após as diatribes e piadas com Brasil aos seus efeitos, a política
que vinha tratando a crise mundial até econômica tem atuado em várias
há pouco tempo, na crença de que por frentes, mas suas ações têm se
ela passaria incólume, terá de mostrar mostrado insuficientes para acalmar o
muita competência para impedir que mercado, destravar o crédito e
essa atinja o Brasil e para conseguir conter/reverter a desvalorização da
colher alguns frutos do crescimento moeda nacional frente ao dólar. Da
em 2009, ano que antecede as eleições liberação dos depósitos compulsórios
presidenciais de 2010. Por enquanto, bancários, que já passa dos R$ 150
projeções otimistas, como a do FMI, bilhões, às intervenções no mercado
indicam uma redução do crescimento de câmbio para conter a alta da moeda
do PIB de 5,2% em 2008 para 3% em americana e dos pacotes de
2009, mas não são poucos os institutos empréstimos para sustentar o nível de
de pesquisa que estão apostando em atividade em setores altamente
um desempenho bem menos geradores de emprego, como a
favorável. indústria de construção e a
Embora tenha reagido tardiamente à automobilística, os resultados obtidos
1. POLÍTICA ECONÔMICA
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 04
não têm sido animadores. internacional, embora contribuam para
Na ausência de confiança, o setor compensar os efeitos da desvalorização
bancário não retomou o nível anterior do Real sobre a inflação, indicam
de operações de crédito, com os acentuada e progressiva queda do
r e c u r s o s d o s c o m p u l s ó r i o s saldo da balança comercial e aumento
continuando a ser aplicados em títulos preocupante do déficit em conta-
do governo; o câmbio, influenciado corrente, tornando a projeção atual, de
por seguidas más notícias externas e que este atingirá US$ 35 bilhões em
pela pressão de demanda por dólar, 2009, altamente otimista.
continua registrando alta volatilidade C o m r e c e s s ã o n o s p a í s e s
e s u s t e n t a n d o e x p r e s s i v a desenvolvidos, as perspectivas da
desvalorização, apesar do reforço de continuidade de elevadas entradas de
US$ 30 bilhões disponibilizados pelo Investimento Externo Direto (IED) no
FED para o Banco Central fazer Brasil deixam de ser favoráveis, e, dado
intervenções no mercado e da linha de o quadro atual de crise de liquidez,
curto prazo de até US$ 22,5 bilhões limitadas as possibilidades do mercado
posta à disposição do Brasil pelo FMI; de crédito internacional continuar
a atividade produtiva, apesar de suprindo o país de empréstimos para o
prosseguir no embalo do crescimento pagamento de seus compromissos
anterior, começa a mostrar visíveis externos. Neste caso, o Brasil poderá
sinais de desaceleração em vários ter de lançar mão das reservas
s e t o r e s , a c o m p a n h a d o s d e externas – atualmente em torno de
indicadores sobre a perda de US$ 200 bilhões -, das quais tem se
confiança da indústria e dos valido como trunfo para decantar a
consumidores, do adiamento de competência da política econômica,
investimentos pelas empresas, do para honrar esses compromissos. Com
aumento dos níveis de inadimplência e isso, o retorno da vulnerabilidade
de projeções que indicam o externa, principal trava do crescimento
progressivo aumento do desemprego, econômico, pode tornar-se inevitável,
especialmente a partir de janeiro de alimentando as forças da instabilidade
2009. e obstando avanços da economia
A maior dificuldade para mitigar as sustentados pelo mercado interno,
incertezas que pairam sobre a mesmo que a política econômica venha
economia brasileira e começa a a colher alguns frutos nessa frente.
paralisar a ação dos agentes As previsões mais otimistas na
econômicos se encontra, sem dúvidas, atualidade são de que o Brasil, assim
no front externo: o enfraquecimento como outros países emergentes, deve
d a d e m a n d a m u n d i a l p o r ser menos afetado de que os países
commodities, que respondem por desenvolvidos pela crise. Mas, com
cerca de 60% das exportações este quadro, muito dificilmente se
brasileiras, e o conseqüente declínio poderá contar com um ano de
de seus preços no mercado prosperidade em 2009.
Vitória/ES - Boletim Nº 43 - 05
2. INFLAÇÃO
A inflação no terceiro trimestre de 5,00%.
2008 demonstrou mudança de O IPCA, índice calculado pelo IBGE e
trajetória frente à aceleração do oficialmente adotado pelo governo
segundo trimestre. Todos os índices para o cumprimento do sistema de
que medem os preços ao consumidor metas de inflação, apresentou, para os
tiveram redução no ritmo de meses de julho, agosto e setembro,
crescimento. E o principal motivo para variações de 0,53%, 0,28% e 0,26%,
tanto está na reversão da tendência de respectivamente. O resultado
elevação nos preços dos alimentos, acumulado no ano foi de 4,76% e em
que haviam puxado a inflação para doze meses o índice apresenta
cima até então. A queda pode ser variação positiva de 6,25%. A variação
explicada pelo recuo nas cotações está próxima do teto do Sistema de
internacionais de commodities Metas de Inflação, que é de 6,50% ao
agrícolas com o aprofundamento da ano. As metas de inflação são
crise. Também é possível destacar a estabelecidas pelo Conselho Monetário
queda da taxa de câmbio, que no início Nacional e o IPCA é o índice oficial
de agosto atingiu a menor cotação em utilizado pelo Comitê de Política
q u a s e d e z a n o s , a t i n g i n d o Monetária para atingir a meta
US$1,00=R$1,5593. Em setembro, estabelecida, que é de 4,50%, com um
entretanto, o dólar disparou, chegando intervalo de tolerância com piso de
a US$1,00=R$2,3924, cujos efeitos 2,50% e teto de 6,50%.
devem refletir-se já no próximo Analisando os principais grupos de
trimestre. bens e serviços que compõem o cálculo
Dentre os índices calculados no do índice, observa-se claramente que o
município de São Paulo, o IPC, da FIPE, grupo Alimentos e Bebidas contribuiu
apresentou variações de 0,45% em com a redução da aceleração do índice,
julho, 0,21% em agosto e 0,26% em com deflações nos meses de agosto e
setembro, ante 0,96% em junho. O setembro. No acumulado em doze
resultado acumulado no ano foi uma meses o grupo foi o que mais
variação positiva de 5,07%. Já o índice contribuiu para a elevação do índice,
calculado pelo DIEESE, o ICV, subiu com variação de 12,94%, valor menor
0 , 8 7 % , 0 , 3 2 % e 0 , 1 4 % , que os 15,79% em junho. Com a queda
respectivamente nos três meses, com nos preços dos alimentos, o INPC,
um resultado acumulado no ano de índice calculado pelo IBGE para faixas
Jul/08 Ago/08 Set/08 no ano 12 meses
IPCA 0,53 0,28 0,26 4,76 6,25
INPC 0,58 0,21 0,15 5,25 7,04
IPC-FIPE 0,45 0,38 0,38 5,07 6,51
ICV-DIEESE 0,87 0,32 0,14 5,00 6,79
IGP-M 1,76 -0,32 0,11 8,47 12,31
IGP-DI 1,12 -0,38 0,36 8,33 11,91
Fonte: IBGE, FIPE, DIEESE e FGV.
Tabela 2.1 – Índices de preços (em %) de renda menores e
q u e v i n h a
a p r e s e n t a n d o
resultado maior que o
I P C A , d e s t a v e z
apresentou variações
menores. O índice teve
variação positiva de
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 06
0,58%, 0,21% e 0,15% nos três maior na composição do índice,
meses. A explicação mais uma vez quando há aumento ou redução nesse
reside nos preços dos alimentos: como grupo o resultado do índice como um
para faixas menores de renda os todo varia também em maior
alimentos e bebidas têm um peso proporção do que em índices
Tabela 2.2 – Decomposição do IPCA (em %)
IPCA Jul/08 Ago/08 Set/08 12 meses
Índice geral 0,53 0,28 0,26 6,25
Alimentos e bebidas 1,05 -0,18 -0,27 12,94
Habitação 0,60 0,77 0,50 4,28
Artigos de residência 0,05 0,23 0,37 0,15
Vestuário -0,03 0,39 0,70 6,27
Transportes 0,46 0,06 0,39 3,60
Saúde e cuidados pessoais 0,47 0,32 0,46 5,65
Despesas pessoais 0,51 0,73 0,80 7,53
Educ., leitura e papelaria -0,02 0,42 -0,05 4,53
Comunicação 0,36 0,69 -0,12 1,52
Fonte: IBGE
destinados a faixas de
renda maiores. O IGP-
DI (Índice Geral de
Preços – Disponibilidade
Interna) fechou o mês
de julho em 1,12% ante
variação de 1,89% em
junho. Nesse mês, todos
os índices que compõem
o IGP-DI recuaram se
comparados ao mês de junho. O IPA- queda deveu-se principalmente ao IPA
DI (Índice de Preços por Atacado – que fechou agosto em - 0,80% contra
Disponibilidade Interna) passou de 1,28% em julho. Dentro desse índice o
2,29% em junho para 1,28% em julho, grupo que mais variou foi Produtos
devido à desaceleração de seus Agrícolas que abandonaram uma
c o m p o n e n t e s : o i t e m B e n s elevação de 1,14% para - 5,09% em
Intermediários passou de 2,59% para agosto. O IPC e INCC tiveram menor
1,86%, o item Matérias-Primas Brutas elevação em agosto, respectivamente,
de 3,33% para 1,39%, e Bens Finais de 0,14% e 1,18%.
0,99% para 0,44%. O IPC (Índice de O IGP-DI fechou o mês de setembro
Preço ao Consumidor) desacelerou ao com alta de 0,36% após deflação
deixar para trás uma elevação de verificada no mês anterior. O IPA teve
0,77% em junho para uma elevação de alta de 0,44%, com destaque para o
0,53% no mês seguinte. O principal componente Matérias-Primas Brutas,
grupo dentro do índice que contribuiu que após um decréscimo de 4,84% em
para essa suavização foi o grupo agosto, apresentou alta de 0,51% em
Alimentação, ao partir de uma setembro. O IPC para esse mês
expansão de 1,85% em junho para desacelerou 0,09%, com contribuição
0,83% em julho. O INCC (Índice dos preços da habitação (0,72% para
Nacional da Construção Civil) recuou 0,24%) e da alimentação (-0,71%
de 1,92% para 1,46% na comparação para -0,97%). O INCC desacelerou
junho/julho. A Mão-de-Obra teve a para 0,95%; o item Materiais cedeu de
desaceleração mais significativa, 2,40% para 1,78% e o item Serviços
cedendo para 1,14% frente a 2,25% de 0,66% para 0,23%.
em junho. Em julho, o IGP-M (Índice Geral de
No mês de agosto, o IGP-DI Preços – Mercado) desacelerou 1,76%,
apresentou deflação de 0,38%. Essa em contrapartida a uma alta de 1,98%
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 07
em junho. Todos os componentes 11,46%) e bovinos (7,59% para -
desse índice apresentaram suavização 0,68%). O IPC fechou em 0,23%,
no ritmo de alta. O IPA passou de aceleração menor do que a verificada
2,27% para 2,20% em julho, com no mês anterior, com contribuição do
participação do item Bens Finais grupo Alimentos (1,41% para -0,46) e
cedendo de 1,23% para 0,38%. O IPC Educação, Leitura e Recreação (0,34%
fechou o mês em 0,65%, ante para 0,03%). O INCC teve alta de
elevação de 0,89% no mês anterior. 1,21%, destacando-se o grupo
O IGP-M apresentou deflação de Serviços (1,09% para 0,5%) e Mão-
0,32% em agosto, principalmente de-Obra (1,27% para 0,25%).
devido a queda do preço dos No mês de setembro, o IGP-M voltou a
alimentos. Essa é a primeira deflação acelerar fechando em 0,11%. O IPA
mensal apresentada pelo índice desde saiu de uma deflação para uma
abril de 2006, quando caiu -0,42%. O aceleração de 0,04%. O grupo
IPA teve queda de 0,74%, influenciado Matérias-Primas Brutas (-4,71% para -
pelo grupo Matérias-Primas Brutas que 1,21%) foi, neste mês, assim como no
passou de uma aceleração de 3,78% anterior, o maior responsável pela
para uma queda de 4,71%. Ressalta- variação do índice. O grupo Bens Finais
se nesse grupo a participação da soja apresentou decréscimo passando de
em grãos (9,38% para -13,32%), do 0,32% em agosto para -0,18% em
milho em grãos (11,64% para - setembro. O IPC caiu para 0,06%,
Tabela 2.3 – Componentes do IGP-DI (em %)
Indicadores Jul/08 Ago/08 Set/08 Ano 12 Meses
IGP-DI 1,12 -0,38 0,36 8,33 11,91
INCC 1,46 1,18 0,95 10,27 11,88
IPA-DI 1,28 -0,80 0,44 9,47 14,32
IPC 0,53 0,14 -0,09 4,44 5,59
Fonte: FGV
No mês de julho, o preço
da cesta básica aumentou
em 14 das 16 capitais
pesquisadas pelo DIEESE
- D e p a r t a m e n t o
Intersindical de Estatística
e Estudos Socioeconômicos - sendo significativas em Goiânia, Salvador e
registrada as maiores altas em Rio de Janeiro, 4,97%, 4,57%, 2,06%,
Curitiba, Salvador e Porto Alegre, respectivamente. O preço do feijão
7 , 3 5 % , 5 , 4 5 % e 5 , 0 9 % , manteve o comportamento altista em
respectivamente. Porto Alegre 11 capitais, sendo em Salvador
apresentou a cesta mais cara do país 17,23% e Recife 10,75%.
(R$ 259,29). A capital capixaba Em agosto, o preço da cesta básica
registrou o valor de R$ 230,19, no apresentou queda em 15 das 16
período. Dentre os alimentos com capitais pesquisadas. Recife e Natal
comportamento altista, destacaram- registraram as maiores quedas, -
se a carne, o leite e o feijão. A carne, 10,77%, -10,73%, respectivamente,
produto de maior peso na cesta básica Goiânia foi a única cidade a apresentar
registrou alta em 14 capitais, sendo as alta, 1,15%. Porto Alegre continuou a
mais expressivas em Brasília, 10,49%, registrar a cesta mais cara, R$ 241,16.
e Salvador, 7,95%. O preço do leite Já em Vitória foi apurado o valor de R$
obteve alta em 10 cidades, as mais 207,99. O preço do tomate destacou-
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 08
se pelo recuo nas 16 capitais, sendo as Goiânia, 10,14%.
taxas mais expressivas às ocorridas E m s e t e m b r o , p e r s i s t i u o
em Natal -60,00% e Vitória -55,56%. comportamento de queda dos preços
O óleo de soja, também registrou da cesta básica. As mais significativas
queda nas 16 cidades, sendo em foram apuradas em Belém, 7,34% e
Aracaju a mais expressiva -10,98%. Salvador 5,28%. No período, a capital
Também se observou queda no preço paulista passou a apresentar a cesta
da carne em 11 capitais, as principais mais cara do país, R$ 234,68,
diminuições ocorreram em Aracaju, - ultrapassando Porto Alegre, R$
7,33% e Brasília, -6,30%. Dentre os 232,16. Em Vitória o valor apurado foi
produtos que apresentaram alta de R$ 205,09. Dentre os produtos em
destacou-se o açúcar, que registrou que houve o predomínio de queda, o
aumento em 7 cidades, a maior em óleo de soja se destacou com
Capitais Jul/08 Ago/08 Set/08 Var.(%)
Aracaju 196,61 185,86 176,05 -10,46
Belém 211,13 206,33 191,19 -9,44
Belo Horizonte 247,01 231,26 220,97 -10,54
Brasília 236,69 229,17 221,03 -6,62
Curitiba 244,30 229,93 218,10 -10,72
Florianópolis 238,53 219,01 223,47 -6,31
Fortaleza 199,49 178,37 169,67 -14,95
Goiânia 204,22 206,56 198,28 -2,91
João Pessoa 194,90 182,29 177,82 -8,76
Natal 211,64 188,93 183,57 -13,26
Porto Alegre 259,29 241,16 232,16 -10,46
Recife 197,35 176,09 167,76 -14,99
Rio de Janeiro 240,03 214,68 215,58 -10,19
Salvador 195,65 187,28 174,25 -10,94
São Paulo 252,13 241,15 234,68 -6,92
Vitória 230,19 207,99 205,09 -10,90
Fonte: DIEESE
Tabela 2.4 – preço médio da cesta básica – R$ correntes d i m i n u i ç ã o n a s 1 6
capitais, com Aracaju, -
12,66%, e Curitiba, -
12,50%, com as maiores
quedas. O preço do pão
caiu em 14 cidades, as
quedas mais acentuadas
ocorreram em Belém e
Natal, -4,56% e -4,54%,
respectivamente. A carne,
produto de maior peso na
cesta básica, registrou
alta em 9 localidades, a
maior em Florianópolis,
8,85%. O preço da
m a n t e i g a , t a m b é m
apresentou alta em 10 cidades, sendo sendo em algumas capitais quedas
a maior delas na capital capixaba, bem acentuadas, como em Recife, -
10,61%, resultado muito acima dos 14,99%, e Fortaleza, -14,95%. Vitória
apurados para as demais capitais. também apresentou queda bastante
Verificaram-se, no período analisado, expressiva, de -10,90%.
muitas quedas no valor da cesta básica
3. NÍVEL DE ATIVIDADE
PIB desconsiderando as influências
Superando as expectativas, o Produto sazonais (Tabela 3.1). Este resultado
Interno Bruto (PIB) referente ao foi o dobro do registrado no trimestre
segundo trimestre de 2008 cresceu, passado. Em relação ao mesmo
1,6% em relação ao trimestre anterior, trimestre do ano anterior o
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 09
crescimento foi de 6,1%; comparando crescendo no ritmo do ano passado.
o acumulado do ano 6%; e Com isso as projeções para o ano de
comparando os últimos quatro 2008 foram reajustadas para cima,
trimestres, também 6% (Tabela 3.1). embora se espere certo arrefecimento
O resultado do PIB para o segundo do crescimento no segundo semestre,
trimestre de 2008 reflete uma frente ao possível aprofundamento da
economia robusta, que continua crise internacional.
Tabela 3.1 - Principais resultados do PIB a preços de mercado
Discriminação
2º
Trim/07
3º
Trim/07
4º
Trim/07
1º
Trim/08
2º
Trim/08
Acumulado no ano/mesmo
período do ano anterior 4,9 5,1 5,4 5,9 6,0
Últimos quatro trimestres/quatro
trim. imediatamente anteriores 4,8 5,1 5,40 5,8 6,0
Trimestre/mesmo trimestre do
ano anterior 5,4 5,6 6,2 5,9 6,1
Trim./trim. imediatamente
anterior (com ajuste sazonal) 1,3 1,9 1,8 0,8 1,6
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.
Em valores correntes, o PIB somou, no setor (5%) e pelo crescimento das
segundo trimestre de 2008, R$ 716,9 operações de crédito para o setor
bilhões. Deste aumento, R$ 608,5 habitacional (26,7%).
bilhões referem-se ao valor adicionado O setor de Serviços aumentou em
a preços básicos, aumento de 5,7% 5,5%. Os maiores destaques foram
em relação ao mesmo trimestre de para Intermediação Financeira e
2007, e R$ 108,4 bilhões a impostos Seguros (12,7%); Serviços de
líquidos sobre produtos, uma Informação (9,7%) e Comércio
expansão de 8,5% em relação ao (8,9%).
mesmo trimestre do ano anterior. Ótica da Demanda
Ótica da Oferta Pelo lado da Demanda, destaca-se o
A Agropecuária, no segundo trimestre crescimento da Formação Bruta de
de 2008, registrou aumento de 7,13% Capital Fixo (16,2%), explicado pela
em relação ao mesmo trimestre de
i m p o r t a ç ã o d e m á q u i n a s e
2007. Foi o maior indicador, e reflete a
equipamentos e pelo ritmo demelhoria das safras neste ano.
crescimento da construção civilA atividade industrial obteve um
(9,9%). Outro fator que influenciou noaumento de 5,7% em comparação
com o mesmo trimestre do ano alto crescimento da FBCF foi a taxa de
passado. Aproximadamente 80% do juros efetiva, que no segundo
PIB industrial é constituído pela trimestre de 2008 (11,7% ao ano)
construção civil, que se destacou e
ficou abaixo da mesma taxa no mesmo
obteve um crescimento de 9,9% em
período de 2007 (12,3% ao ano). Arelação ao mesmo trimestre de 2007.
variável Investimento cresce a umaEste forte aumento foi beneficiado pelo
taxa acima de dois dígitos há cincoaumento da população ocupada no
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 10
trimestres consecutivos, o que vem crescimento elevado (5,3%).
assegurando a capacidade produtiva Na Demanda Externa, as Exportações
brasileira. de Bens e Serviços obtiveram uma
Pelo lado do Consumo, as famílias elevação de 8,1%, devido, em grande
aumentaram as despesas em 6,7% parte, ao fim da greve dos auditores
em relação ao mesmo trimestre do fiscais, que durou 56 dias e prejudicou
ano passado. Fatores que explicam as exportações. As importações
este crescimento são: a elevação de fecharam com crescimento de 25,8%.
32,7%, em termos nominais, do saldo O Setor Externo vem prejudicando
das operações de crédito do sistema bastante o PIB devido às importações.
financeiro com recursos livres para Analistas dizem que as estas vêm
pessoas físicas; a elevação de 8,1% da puxando para baixo o PIB, nos últimos
massa salarial real, que se deve ao quatro trimestres, em -2,93 pontos
aumento da ocupação. De janeiro a percentuais. Sendo assim, o PIB
junho o saldo entre contratados e poderia ter alcançado um ritmo de
demitidos ficou em 1,361 milhão. Por crescimento acima de 8% se as
outro lado, o Consumo do Governo importações fossem substituídas por
não apresentou forte elevação, produção interna.
mesmo se mantendo num ritmo de
Setor de Atividade
Variação em volume em relação ao mesmo
trimestre do ano anterior - %
2007.II 2007.III 2007.IV 2008.I 2008.II
Agropecuária 1,1 9,7 8,6 3,0 7,1
Indústria 6,9 5,0 4,3 6,9 5,7
Extrativa Mineral 5,9 2,0 0,3 3,3 5,3
Transformação 7,4 5,7 4,0 7,3 4,8
Construção Civil 6,3 5,0 6,2 8,8 9,9
Prod. e distrib. de eletricidade, gás e água 5,9 3,8 6,5 5,5 4,5
Serviços 4,5 4,6 5,3 5,0 5,5
Comércio 8,1 7,4 8,4 7,7 8,9
Transporte, amarzenagem e correio 5,9 4,6 4,9 3,7 4,4
Serviços de informação 7,0 8,6 8,9 9,5 9,7
Interm. financ. seguros, prev. Complem. 9,4 13,3 20 15,2 12,7
Outros serviços 2,3 1,7 1,6 2,6 4,0
Ativ. imobilárias e aluguel 4,0 3,2 2,4 2,1 1,9
Adm. saúde e educação públicas 0,8 1,0 0,4 1,1 2,3
Valor adicionado a preços básicos 4,8 5,1 5,3 5,5 5,7
Impostos líquidos sobre produtos 9,2 8,7 11,6 8,0 8,5
PIB a preços de mercado 5,4 5,6 6,2 5,9 6,1
Despesa de consumo das famílias 5,8 6,0 8,6 6,6 6,7
Despesa de consumo da adm. pública 3,4 3,1 2,2 5,8 5,3
Formação bruta de capital fixo 13,9 14,6 16,0 15,2 16,2
Exportação de bens e serviços 13,3 1,8 6,4 (-)2,1 5,1
Importação de bens e serviços (-) 18,6 20,4 23,4 18,9 25,8
Fone: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação das contas nacionais
Tabela 3.2 - Brasil: Produto Interno Bruto (em %)
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 11
estudado, a manutenção da trajetóriaIndústria
ascendente na atividade produtiva,Durante todos os meses de 2008 o
observada desde o início do ano pelocomportamento da indústria foi
índice de média móvel trimestralinfluenciado, principalmente, pelo
embora as projeções para o fim desteforte crescimento da produção de
ano e início de 2009 apontem para umamáquinas e equipamentos e de bens
d e s a c e l e r a ç ã o d o r i t m o d ede consumo duráveis (especialmente
crescimento, baseada no recuo doveículos). Esses setores, como
crédito, agravado com a criseafirmamos nas edições anteriores,
internacional e da política monetáriaestão se beneficiando do forte
contracionista iniciada em abril. Osaumento da demanda interna e do
resultados se encontram na Tabela 3.3.crédito. Observa-se, no período
O mês de Setembro, no acumulado em vinte e sete atividades investigadas e
comparação com mesmo mês de 2007, todas as categorias de uso
apresenta aumento de 6,45% com apresentaram crescimento, sendo que
perfil generalizado: vinte e duas das os acréscimos mais importantes para o
Atividade Abr Mai Jun Jul Ago Set
Indústria Geral 7,24 6,2 6,27 6,67 6,01 6,45
Indústrias Extrativas 5,86 6,13 6,39 6,84 7,07 7,36
Indústria de Transformação 7,33 6,21 6,26 6,66 5,95 6,39
Alimentos 3,79 3 2,48 2,72 1,2 1,15
Bebidas -0,59 -0,7 0,29 0,75 0,37 0,72
Fumo -7,74 -11,8 -11,23 -7,68 -8,63 -7,98
Têxtil 2,15 0,47 0,11 0,67 0,21 0,43
Vestuário e acessórios 10,49 7,01 6,71 6,39 5 5,96
Calçados e artigos de couro 0,09 -2,41 -3,69 -3,36 -4,2 -3,57
Madeira -2,46 -4,57 -5,16 -6,42 -7,85 -8,93
Celulose, papel e produtos de papel 5,75 6,4 6,35 6,28 6,02 6,97
Edição, impres. e reprod. de gravações 0,21 1,59 1,11 1,46 1,55 2,9
Refino de petróleo e álcool 1,22 2,02 2,2 2,58 1,98 1,93
Farmacêutica 4,08 4,94 4,67 6,7 8,25 10,65
Perf, sabões, deterg. e prod. de limp. -0,43 -2,23 -3,14 -3,29 -4,1 -4,07
Outros produtos químicos 7,02 5,64 5,35 5,75 4,86 4,46
Borracha e plástico 9,42 8,45 8,95 9,27 8,7 8,76
Minerais não metálicos 7,62 7,13 7,8 8,42 8,9 9,85
Metalurgia básica 8,14 7,41 7,56 7,91 7,87 7,83
Prod. de metal – excl. máq. e equip. 8,99 8,46 8,95 6,86 5,71 5,99
Máquinas e equipamentos 12,77 10,39 9,4 10,03 9,22 10,59
Máq. p/ escrit. e equip. de informática -8,42 -8,69 -5,56 -2,43 -2,92 -2,07
Máq, apar. e materiais elétricos 8,2 6,28 6,97 6,78 6,3 6,96
Mat. eletrônico, apar. e equip. de com. 8,77 6,85 7,37 8,91 6,76 6,2
Equip. e instr. Méd. -hospitalar, ópticos 15,84 12,08 12,1 14,8 14,8 16,97
Veículos automotores 21,68 18,22 18,42 18,43 17,24 17,56
Outros equipamentos de transporte 34,08 31,84 33,14 32,52 29,83 31,54
Mobiliário 5,97 4,51 5,16 5,28 3,85 4,23
Diversos -1,03 -2,25 -0,62 0,35 -0,37 0,55
Fonte: IBGE / Sidra – Pesquisa da Indústria Mensal Produção Física
Tabela 3.3 - Produção Física Industrial por Atividades
(Var. % Acumulada em relação à igual período do Ano Anterior)
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 12
resultado global foram novamente exportações preocupa e deverá ser, em
apontados pelas indústrias de veículos 2009, ainda menos acelerado do que
automotores (17,56%), seguida de vem se mostrando na segunda metade
máquinas e equipamentos (10,59%), de 2008.
farmacêutica (10,65%) e outros Outro aspecto interessante a se
e q u i p a m e n t o s d e t ra n s p o r t e registrar é o aumento contínuo do
(31,54%). Os segmentos que estão Nível de Utilização de Capacidade
liderando o crescimento da atividade Instalada (Nuci) calculado pela
industrial são também os que têm Confederação Nacional da Indústria
puxado a ocupação industrial. Vê-se (CNI), que desde o início de 2006
que a continuidade da expansão do chama a atenção por coincidir com o
emprego industrial em setembro início do período de forte expansão dos
acompanha os bons resultados investimentos. Neste período inicial, a
apurados na produção do setor, produção cresceu a um ritmo superior
segundo a economista da coordenação ao da capacidade instalada,
de indústria do IBGE, Isabella Nunes. d i m i n u i n d o a o c i o s i d a d e .
Segundo ela, os resultados trimestrais Posteriormente, o índice se estabiliza -
de ocupação "mostram um ciclo forte a partir do segundo semestre de 2007 -
de expansão do emprego na sugerindo uma ampliação de
indústria". O emprego industrial capacidade advinda da maturação dos
aumentou 2,5% no terceiro trimestre investimentos feitos anteriormente.
deste ano frente a igual período de Esse aumento no Nuci – embora
2007, totalizando nove trimestres constante – é moderado, o que
consecutivos de expansão nessa base contrasta com o ritmo acelerado de
de comparação. O IBGE destaca ainda crescimento tanto do emprego quanto
que “a amplitude do crescimento das horas trabalhadas na indústria,
também é confirmada pelo aumento sinalizando novamente um possível
e m 6 5 % d o s 7 5 5 p r o d u t o s resultado da ampliação da capacidade
pesquisados, enquanto em agosto produtiva, efeito das inversões
esse percentual alcançou 48%”. realizadas nos períodos anteriores.
Outro sintoma disso é o processoEntretanto, o setor automotivo, que
contínuo de elevação da produtividadedurante todo ano recebeu atenção
do trabalho na indústria, medida naespecial pelos resultados e,
Pesquisa Industrial Mensal dejustamente por sua importância
Emprego e Salário (Pimes), do IBGE. Orelativa no cálculo total da produção,
Nuci em Julho de 2008 apresentou umdepara-se agora com alguns desafios.
crescimento na série com ajusteO setor (que representa em torno de
sazonal no valor de 83,5%, o mais alto5,4% do Produto Interno Bruto do
da série histórica. Depois de umapaís) vinha crescendo num ritmo
ligeira estabilização na utilização daacima da sua capacidade e prepara-se
capacidade instalada em agostopara não crescer em 2009, devido
(83%), em setembro o índice passaprincipalmente a redução na
para 83,3%. Em setembro do anoconcessão de crédito ao consumidor,
passado, a utilização da capacidadevariável comprometida pela crise
instalada da indústria brasileira era deinternacional de liquidez. O ritmo das
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 13
82,6%. Comércio
Em suma, o comportamento da Na passagem do segundo para o
produção industrial no primeiro terceiro trimestre do ano de 2008, o
semestre foi marcado por uma alta comércio varejista apresentou um leve
volatilidade, em parte explicada pelo crescimento de 9,3% para 10,2%. Os
efeito dos dias úteis, cuja influência se resultados do volume de vendas para
torna mais importante quanto maior os meses de Julho, Agosto e Setembro
for a utilização de capacidade. Este foram 0,1%, 1,1%, e 1,2%,
fator explica, em grande parte, tanto a respectivamente. Setembro foi o
queda ocorrida em agosto quanto a sétimo mês consecutivo a apresentar
recuperação de setembro. Assim, variação positiva em relação ao mês
sabendo-se que com exceção de imediatamente anterior.
agosto, os demais meses do segundo N u m a a n á l i s e t r i m e s t ra l d o
semestre terão dias úteis a mais do comportamento de cada segmento do
que os meses do segundo semestre de comércio mostra que todos apontaram
2007, há boas perspectivas para o crescimento no índice acumulado no
resultado no final do ano. ano (tabela 3.4). Demonstrando que o
Porém, segundo a Coordenação de setor ainda não sente reflexo da
Indústria do IBGE, é possível um redução do ritmo frente a grave crise
contágio da crise nos próximos meses. econômica mundial. A atividade
Os ramos mais afetados serão os de “Outros artigos de uso pessoal e
bens de capital (máquinas e doméstico” (20,8%), seguida de
e q u i p a m e n t o s ) e d u r á v e i s móveis e eletrodomésticos (16,9%),
(eletrodomésticos e veículos), mais continua apresentando a maior taxa de
sensíveis ao crédito, escasso e caro. crescimento do comércio varejista
Além da restrição do crédito, há outros para os últimos 12 meses. Tais
sinais que preocupam, como por resultados continuam a ser explicados
exemplo, as férias coletivas de pela melhoria no quadro geral da
montadoras e de empresas da Zona economia (expansão do crédito,
Franca de Manaus, que vão atingir a melhoria da massa de salários da
produção de alguns setores. população ocupada e redução dos
Atividades Jul/08 Ago/08 Set/08 Trim* Jan/Set 12 meses
Comércio varejista 0,1 1,1 1,2 10,2 10,4 10,3
Combustíveis e lubrificantes 0,3 0,2 0,1 13,5 10,0 8,8
Hiper, super alim. beb. e fumo -0,1 1,4 0,6 4,9 5,5 5,7
Supermercados e hipermercados -0,8 1,7 0,5 4,5 5,3 5,5
Tecidos, vestuário e calçados -3,0 0,8 2,8 7,3 10,1 10,6
Móveis e eletrodomésticos 1,5 1,2 3,1 17,9 18,3 16,9
Outros art. uso pés. e doméstico 4,0 -1,0 1,9 18,1 20,3 20,8
Comércio varejista e ampliado 0,4 -1,3 4,0 12,9 13,8 13,7
Veículos, motos, partes e peças 0,8 -3,4 5,5 18,0 20,7 21,0
Material de construção 1,3 -0,8 1,0 12,1 11,5 12,2
Fonte: Pesquisa mensal do comércio (IBGE)
*variação percentual em relação a igual período imediatamente anterior
Tabela 3.4 – Vendas no varejo por atividade (variação real%)
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 14
preços dos eletrônicos). 20,7% no acumulado no ano e 21,0%
Já o segmento de “hipermercados, no acumulado últimos 12 meses. A
s u p e r m e r c a d o s , p r o d u t o s conjuntura econômica do país até o
alimentícios, bebidas e fumos” obteve mês de julho veio propiciando a
um aumento de 4,9% em relação ao expansão das vendas do ramo com a
trimestre anterior. Este desempenho, redução das taxas de juros e a
segundo o IBGE, reflete o aumento dos a m p l i a ç ã o d o s p r a z o s d e
preços dos alimentos em termos f i n a n c i a m e n t o , b e m c o m o
anuais (13,3% segundo o IPCA). Em expectativas positivas quanto à
agosto a atividade volta ser a manutenção do emprego. Porém no
responsável pela maior contribuição à mês de agosto os agentes econômicos
taxa global do varejo (38%), e mesmo temerosos com o agravamento da
abaixo do comportamento médio do crise passaram a ser mais rigorosos
varejo, expressa uma tendência de com concessão de crédito e elevaram
recuperação do segmento quando as taxas de juros fazendo com que o
comparado com os resultados dos dois setor caísse da primeira para a terceira
meses anteriores, refletindo um posição em termos de contribuição à
provável fim do efeito da inflação. E em taxa global do varejo ampliado
relação a setembro o resultado reflete, indicando acomodação deste mercado
em parte, um efeito base pelo maior após 19 meses de crescimento a taxas
número de finais de semana do mesmo de dois dígitos. Segundo o IBGE o
mês do ano de 2007. comércio varejista capixaba manteve-
Para o Comércio Varejista Ampliado, se em expansão registrando um
que é composto do varejo, mais as crescimento de 10,8% no trimestre e
atividades de veículos, motos, partes e 10,5% no ano. O único segmento a
peças e de material de construção, registrar possíveis efeitos da crise e
obtém-se novamente desempenho das recentes medidas de restrição ao
superior ao comércio varejista. A crédito é o de “materiais de
venda de veículos, motos, partes e construção” que apresentaram uma
peças registrou um crescimento de queda de -7,2% no mês de agosto.
Tabela 3.5 – Vendas no varejo por atividade – Espírito Santo (variação real %)
Atividades Jul/08 Ago/08 Set/08 Trim. Jan/Set 12 meses
Comércio varejista 14,0 9,8 8,6 10,8 10,5 9,5
Combustíveis e lubrificantes 18,2 20,2 25,4 21,3 10,9 8,7
Hiper.,Super.,alim.beb . e fumo 6,9 4,4 -1,6 3,2 4,6 5,3
Supermerc. e hipermercados 6,4 3,9 -2,2 2,7 4,1 4,9
Tecidos, vestuário e calçados 26,9 17,6 18,2 9,5 21,8 18,6
Móveis e eletrodomésticos 33,7 23,4 39,4 32,2 27,6 22,1
Out. artigos de uso pes.e dom. 17,4 -7,3 11,9 7,3 13,5 8,3
Comércio varejista e ampliado 30,5 22,9 22,5 25,3 23,7 22,8
Veículos, motos, partes e peças 54,7 40,7 41,1 45,5 44,2 44,2
Material de construção 6,9 -7,2 8,9 2,8 5,4 5,3
Fonte: Pesquisa Me nsal do comércio (IBGE).
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 15
Quais os impactos da crise financeira, (Programas de Demissão Voluntária).
sobremaneira causada pelo “auri sacra Assim, a conjuntura relativamente
fames” (execrável fome por ouro) do favorável ao emprego que se tem
mercado financeiro, para o mercado de observado no Brasil logo poderá ser
trabalho no Brasil? revertida dependendo dos próximos
Em geral, de acordo com os fatos episódios da crise.
recentes, a resposta é que afetará O aumento da taxa de desemprego, a
substantivamente. Em tempos de crise redução do salário médio real do
o normal é que a taxa de desemprego t r a b a l h a d o r, o a u m e n t o d a
eleve-se. De acordo com Juan precariedade do trabalho (bem como
Somavía, diretor-geral da OIT da pobreza) e a perda da proteção
(Organização Internacional do social do trabalho são variáveis que se
Trabalho) ocorrerá um corte de 20 poderão ser agravadas com a crise. Os
milhões de empregos no período da lucros da bonança financeira foram
crise. Este número pode até ser privatizados, porém tudo indica que as
considerado subestimado, segundo perdas serão socializadas.
Somavía, pois ainda não se sabe a Em relação à taxa de desemprego no
magnitude da crise (mesmo que Brasil no terceiro trimestre de 2008,
existam aqueles que afirmam que esta houve resultados positivos frente ao
crise é pior do que a de 1929). mesmo período do ano anterior pelas
Conforme previsão da OIT, o número duas principais metodologias de
de desempregados aumentará de 190 pesquisa. Pelo IBGE (Instituto
milhões em 2007 para 210 milhões em Brasileiro de Geografia e Estatística), o
2009. fim do período registrou queda da taxa
Mas, e a situação no Brasil? A de desemprego para 7,6% (Tabela
conjuntura nos indica que não está 4.1).
muito diferente da situação mundial. Por outro lado, o DIEESE fechou o
Muitas empresas, dentre elas as período apresentando resultado de
siderúrgicas, metalúrgicas e 12,7% para a região metropolitana de
automobilísticas estão reduzindo a São Paulo (Tabela 4.1). A redução na
produção. Férias coletivas estão sendo taxa de desemprego reflete um
programadas bem como PDVs aumento da posição de ocupados com
4. EMPREGO E SALÁRIOS
Tabela 4.1 - Taxa de Desemprego (%)
Meses
IBGE* DIEESE**
2007 2008 2007 2008
Julho 9,5 8,1 15,0 12,7
Agosto 9,5 7,6 15,0 12,8
Setembro 9,0 7,6 15,1 12,7
* Média das seis maiores regiões metropolitanas do país.
** Região Metropolitana de São Paulo.
Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED
c a r t e i r a d e t r a b a l h o ,
resultado que pode ser
explicado pela demanda
interna aquecida, mesmo em
momentos de tensão no que
diz respeito à crise financeira
e retração do crédito mundial.
No que tange ao rendimento
médio real, este também
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 16
obteve melhora no período. De acordo feita. Segundo o IPEA, 91,5% das
com o IBGE, para todo o período o v a g a s c r i a d a s a p r e s e n t a m
resultado foi melhor em relação ao remuneração de até 3,5 salários
mesmo período do ano anterior. Na míninmos. Isto significa que mesmo o
comparação entre os três meses de crescimento da economia, que pode
2008 também ocorreu melhora. Pelo ser considerado como o grande fator
DIEESE, o mês de julho apresentou propulsor na criação de empregos,
uma retração de 4,97% em relação ao ainda não se mostrou forte o suficiente
mesmo período do ano anterior, porém para gerar um aumento na taxa de
a recuperação ocorreu em agosto, com crescimento das vagas com melhores
crescimento de 7,55% em relação ao faixas de remunerações. A PEA
mesmo período do ano anterior (População Economicamente Ativa)
(Tabela 4.2).Uma ponderação sobre a aumentou em todo o período, sendo
criação de novos empregos deve ser estimada em 23.797 milhões de
pessoas na categoria de dispostas a de novas ocupações, embora a PEA
ofertar sua mão-de-obra para o também tenha crescido a um ritmo
trabalho. Este crescimento se deu de menor.
forma menos intensa em relação ao Em outra medida, o comportamento
mesmo período de 2007. Neste das pessoas desocupadas apresentou
período 338 mil pessoas ingressaram comportamento diferenciado ao longo
na PEA.
do terceiro trimestre do ano de 2008. A
O número das pessoas ocupadas
tendência era de queda até o mês detambém se elevou, com ingresso de
setembro, quando 27 mil pessoas311 mil pessoas classificadas como
passaram a fazer parte da categoria deocupadas no terceiro trimestre de
2008. Este resultado é positivo, porém desocupadas. Isto significa que apesar
inferior ao obtido em no mesmo d a m a n u t e n ç ã o d a t a x a d e
período de 2007. Neste período 418 desemprego em 7,6% registrada em
mil pessoas foram classificadas como
setembro ser uma das menores da
ocupadas. Este saldo negativo,
história do país, ela esconde umcomparando-se o terceiro trimestre de
aumento absoluto do número de2008 em relação a 2007 pode significar
desocupados. Quanto ao empregouma redução da aceleração da criação
Tabela 4.2 - Rendimento Médio Real - em R$ e variação percentual
em relação ao mesmo mês do ano anterior
Meses IBGE * DIEESE**
2007 2008 Var (%) 2007 2008 Var (%)
Julho 1185,24 1231,02 3,86 1190,27 1131,08 -4,97
Agosto 1180,87 1256,96 6,44 1200,66 1291,35 7,55
Setembro 1184,69 1267,30 6,97 1239,94 - -
** Seis regiões metropolitanas.
* Região Metropolitana de São Paulo.
Deflator: IPCA. Mês: Set/2008=100.
Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED
pessoas em
setembro de
2008 para as
seis regiões
metropolitana
s (Tabela 4.3).
I s t o
representou
um ingresso
de 221 mil
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 17
formal, os dados do CAGED (Cadastro trimestre de 2008 indicam que o saldo
G e r a l d e E m p r e g a d o s e entre empregados e desempregados
Desempregados) para o terceiro no país situou-se em 725.182 novos
redução de 81.766 vagas criadas em postos de trabalho em relação ao
relação ao trimestre imediatamente mesmo período de 2007. No trimestre,
anterior e um aumento de 213.693 o maior saldo de empregos criados foi
Tabela 4.3 - População Economicamente Ativa
(Regiões Metropolitanas - em mil pessoas)
Ocupadas Desocupadas Total
Meses 2007 2008 2007 2008 2007 2008
Julho 20.832 21.668 2.175 1.908 23.007 23.576
Agosto 21.049 21.820 2.216 1.791 23.264 23.611
Setembro 21.250 21.979 2.095 1.818 23.345 23.797
Fonte: IBGE/PME
empregos
( T a b e l a
4 . 4 ) , o
q u e
significou
u m a
Tabela 4.4 – Saldo entre empregados e desempregados
no Brasil por setor – 2008
Atividade Econômica Julho Agosto Setembro Total
Extrativa Mineral 1.450 1.579 1.481 4.510
Indústria de Transformação 37.495 54.576 114.002 206.073
Serv. Indust. Util. Pública 1.120 1.120 1.046 3.286
Construção Civil 35.078 35.882 32.769 103.729
Comércio 25.292 54.159 53.260 132.711
Serviços 51.292 95.191 104.653 251.136
Admin. Pública 6.551 1.611 942 9.104
Agropecuária 44.940 -4.995 -25.312 14.633
Total 203.218 239.123 282.841 725.182
Fonte: MTE – CAGED
no setor de
S e r v i ç o s
(251.136),
c o m
destaque
para três
ramos que
s ã o
atividades
fechando o trimestre com aumento dede informática e serviços relacionados;
132.711 novos postos de trabalho
a l o j a m e n t o , a l i m e n t a ç ã o e
celetistas contra 112.867 no trimestre
m a n u t e n ç ã o ; t r a n s p o r t e e
imediatamente anterior. Isso ocorreu
comunicação. Além disso, outro devido ao impulso dado pelo comércio
desempenho digno de destaque foi o varejista que criou 108.127 vagas no
da Indústria de Transformação, que trimestre, cerca de 81% do setor para
o período em questão.criou cerca de 28% das novas vagas
A agropecuária teve um desempenhototais, com destaque em julho para a
negativo no trimestre com 14.633metalurgia e material de transporte,
novos empregos criados contra
em setembro e agosto para produtos
178.314 no trimestre imediatamente
alimentícios; têxtil e vestuário. anterior. Porém, apresentou uma
O comércio apresentou crescimento na recuperação substancial em relação ao
geração de postos de trabalho, mesmo período do ano passado,
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 18
quando fechou o trimestre com saldo na geração de postos de trabalho com
negativo de 41.183 empregos formais. 48% do total do trimestre, com
Em termos regionais (Tabela 4.5), o destaque para os estados de São Paulo
Sudeste mais uma vez esteve à frente (219.925 novas vagas criadas), com
62.27% dos empregos gerados na 6 1 . 8 0 0 n o v o s e m p r e g o s ,
região e Minas Gerais (63.653 novos respectivamente, no trimestre
postos de trabalho). Merece atenção o anterior.
setor de Serviços nessa região, por Espírito Santo
concentrar os maiores centros Durante o terceiro trimestre de 2008,
comerciais do país. As regiões Norte e segundo o CAGED, o Espírito Santo
Nordeste tiveram acréscimos bastante obteve um saldo de 10.588 novos
consideráveis com relação ao segundo empregos formais criados. Em relação
trimestre de 2008 com a criação de ao trimestre anterior, o Espírito Santo
3 1 . 8 9 3 e 2 0 0 . 9 3 8 v a g a s , o b t e v e u m a r e d u ç ã o d e ,
respectivamente, contra 27.375 e aproximadamente, 48,2% na criação
de novos postos
d e t r a b a l h o
c e l e t i s t a s ,
embora tenha
alcançado uma
variação positiva
de 82,4% em
r e l a ç ã o a o
t e r c e i r o
t r i m e s t r e d e
2007. A variação
Tabela 4.5 – Saldo entre ligados e desligados no Brasil
por região (total no trimestre)
Atividade Econômica Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Extrativa Mineral 802 451 2.167 1.069 21
Indústria de Transformação 5.563 95.457 75.478 27.487 2.088
Serv. Indust. Util. Pública 567 431 1.137 773 348
Construção Civil 4.905 23.852 50.408 14.741 9.823
Comércio 5.679 18.829 73.065 23.955 11.183
Serviços 12.697 32.942 155.656 34.894 14.947
Admin. Pública 231 1.884 5.282 1.683 24
Agropecuária 1.449 27.092 -10.004 -6.882 2.978
Total 31.893 200.938 353.189 97.720 41.412
Fonte: MTE – CAGED
Tabela 4.6 - Evolução do Emprego Formal por Setor de Atividade
Atividade Econômica jul/08 ago/08 set/08 Total
Extrativa Mineral -23 65 -32 10
Indústria de Transformação 1.173 995 1.089 3.257
Serv. Ind. Util. Pública 69 40 26 135
Construção Civil 917 698 455 2.070
Comércio 335 365 1.873 2.573
Serviços 943 1.918 2.320 5.181
Adm. Pública 135 8 13 156
Agric., Silvicultura -1.695 -569 -530 -2.794
Total 1.854 3.520 5.214 10.588
Fonte: CAGED
foi negativa em quase todos os encontrando. As exceções foram os
setores, sendo expressiva nos setores s e t o r e s d e I n d ú s t r i a d e
de Adm. Pública (-46,2%) e Transformação, que registrou tímidos
Construção Civil (-35,5%), e 0,31% de variação positiva em seu
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 19
saldo, e Serviços, cuja variação foi agrícola registrou um saldo negativo de
de 8,5%. Ainda assim, à exceção de 2.794, relacionado com o fim da safra de
três setores (Serv. Ind. Util. Pública, café. Um fraco desempenho também
Comércio e Adm. Pública), todos pode ser observado no setor Extrativo
registraram variações positivas em Mineral, com a geração de apenas 10
relação ao terceiro trimestre de postos celetistas no período, ainda
2007. Neste trimestre, o setor de afetado pelo desempenho fraco da
serviços novamente liderou a indústria de Mármore e Granito frente à
geração de empregos no estado, crise internacional. Este setor enfrenta
com um saldo de 5.181 novos postos uma forte queda nas exportações de
celetistas, seguido pela Indústria de rochas ornamentais, atingindo 8,3% em
Transformação, com 3.257 novos setembro. Até o fim do ano, prevê-se
postos puxada, principalmente, pelo uma queda entre 15 e 20% nas
d e s e m p e n h o d a i n d ú s t r i a exportações capixabas e uma
metalúrgica e pelo Comércio, com reorganização do setor. No terceiro
2.573 novos postos. Já o setor trimestre, observou-se, ainda, uma
Tabela 4.7 - Evolução do Emprego Formal por Setor de Atividade Econômica
Atividade Econômica Espírito Santo Região Metropolitana* Vitória
Extrativa Mineral 10 34 34
Indústria de Transformação 3.257 2.002 204
Serv. Ind. Util. Pública 135 142 114
Construção Civil 2.070 1.798 853
Comércio 2.573 1.514 370
Serviços 5.181 3.409 1.559
Adm. Pública 156 51 6
Agric., Silvicultura -2.794 20 -8
Total 10.588 8.970 3.132
Fonte: CAGED
*Região Metropolitana da Grande Vitória: Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Guarapari exceto Fundão
grande concentração da geração de Espírito Santo. Em segundo lugar,
empregos na região metropolitana, novamente encontra-se a Serra, com
r e s p o n s á v e l p o r 8 . 9 7 0 um saldo positivo de 2.748 novos
(aproximadamente 84,7%) dos novos postos devido ao bom desempenho
postos celetistas criados no período, nos setores de Construção Civil e
um incremento de 45,1% em sua Serviços. O único município a
participação na geração de empregos apresentar saldo negativo na geração
no estado. Deste total, 3.132 de empregos durante o período foi
empregos formais foram criados Guarapari, com -194, impulsionado
somente na cidade de Vitória, pelo saldo negativo do setor de
representando 29,5% do total para o Construção Civil (-175).
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 20
No terceiro trimestre do ano 2008, a 1.500% no crédito pessoal”. Assim, os
taxa de juros Selic, sofreu elevação de sucessivos aumentos nos juros, não
0,75 pontos percentuais, saltando dos garantem redução nas intenções de
13% a.a. no início do período para compra, uma vez que o consumidor
13,75% a.a., no final do mesmo, ou leva mais em consideração a garantia
seja, um aumento de 5,8% na taxa. O do emprego e se financiamentos
comitê de política monetária (Copom), cabem no seu orçamento. Ademais, o
“considera neste momento que, em presidente do Conselho Regional de
que pese a deterioração das Economia do Rio de Janeiro (Corecon-
perspectivas para o crescimento RJ), João Paulo de Almeida Magalhães,
econômico mundial, os riscos para a levanta outras questões sobre a
materialização de um cenário elevação da taxa. Em entrevista para
inflacionário benigno no país não Agência Brasil, diz que “aumentar a
apresentaram ainda melhora taxa neste momento é uma loucura”,
suficientemente convincente”. pois para ele, “um dos maiores gastos
Entretanto, o vice-presidente da do Estado é com o pagamento dos
Associação Nacional dos Executivos de juros da dívida, estimado em R$ 160
F i n a n ç a s , A d m i n i s t r a ç ã o e bilhões neste ano, o que, por si só,
Contabilidade (Anefac), Miguel José recomendaria corte na taxa de juros”.
Ribeiro de Oliveira, argumenta que os Isso pode ser retratado, com a
efeitos da elevação da taxa de juros participação do M4 que engloba os
Selic são ínfimos e não tem os títulos públicos, na evolução dos
rebatimentos almejados no consumo agregados monetários, que em agosto
interno, pois, “a distância entre a taxa de 2008, já representa 72% do PIB,
Selic e as taxas efetivamente cobradas ver gráfico 5.1.
nos financiamentos era até então de Na análise dos agregados para o
134,22% ao ano, o que dá uma trimestre, tabela 5.1, a demanda por
variação de quase 1.000% entre as liquidez imediata do público já se não
duas pontas, e garante que tem reflete com tanta clareza, pois o
financeira cobrando diferença de até conceito de grau de liquidez perde
5. POLÍTICA MONETÁRIA
Tabela 5.1 : Base Monetária, componentes e meios de pagamentos
Saldo em final de período (em R$ milhões) e variação em 12 meses (%)
Componentes
jul/08 ago/08 set/08
R$ % R$ % R$ %
Base Monetária 129 092 11,5 132 071 15,4 136 936 13,8
Papel moeda emitido 94 091 20,0 95 835 20,0 98 211 17,0
Reservas Bancárias 35 001 -6,4 36 236 4,6 38 725 6,5
Meios de Pagamentos 189 955 13,3 187 988 10,1 193 428 10,0
Moeda em poder do pub. 76 074 2,0 76 915 1,1 79 895 3,9
Depósitos à vista 113 880 1,9 111 072 -2,5 113 533 2,2
Meios de Pagamentos referem-se à média dos saldos nos dias úteis.
Fonte: BCB. Nota para a imprensa
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 21
sentindo atualmente. Devido, todos os o grau de multiplicação da base
a g r e g a d o s a s s u m i r e m monetária, ou seja, o poder de criação
comportamento de quase-moeda, ou de moeda secundária pelo setor
seja, podendo ser convertidos bancário, mostrou-se bem estável
facilmente em haveres líquidos. O com, 1,40 em julho e setembro, contra
próprio Departamento Econômico do 1,41 em agosto, que revela para o
Banco Central do Brasil divulgou os período a criação de 40 centavos para
novos critérios dos meios de cada real emitido. No trimestre, a
pagamento ampliados, que ficaram variação do papel moeda emitido foi de
definidos pelos seus sistemas 4,3%, representando uma elevação de
emissores e não mais pelo grau de 1,4 pontos percentuais em relação ao
liquidez. trimestre anterior (abril, maio e
Dessa forma, a base monetária junho), que teve variação trimestral de
apresentou variação de 6,1% no 2,9%, assim houve uma expansão do
trimestre e cresceu 15,4% e 13,8%, papel moeda em termos relativos na
respectivamente, nos meses de julho, comparação dos períodos.
agosto e setembro, 11,5%, em relação O M2 corresponde a M1 e às poupanças
aos mesmos meses do ano anterior. de alta liquidez realizadas no mercado
O multiplicador monetário, que revela interno por famílias, empresas e
instituições depositárias, alcançando tanto pelas aplicações nas quotas fixa,
em agosto de 2008 o percentual de c o m o p e l a s o p e r a ç õ e s
27% do PIB, de acordo com o gráfico compromissadas com o Bacen. Já para
5.1. A tabela 5.2 mostra que no o M4, a expansão no trimestre foi de
trimestre o M2 teve variação de 9,2%, 3,7% contra 2,6% no trimestre
os depósitos de poupança de 2,5%, os passado.
depósito de investimentos 2,6% e os No gráfico 5.1 isso fica claro, Vê-se
títulos privados 14%, sendo o último o claramente que a participação de M3 e
maior responsável pelo o aumento do M4 em relação ao Produto Interno
M2. Bruto é muito superior aos outros
Tem-se no M3, uma variação no meios de pagamento, especialmente o
trimestre de 3,3% contra 3,6% no M3. Pois, esse está refletindo
trimestre passado, queda provocada exatamente a política de juros e
Tabela 5.2 - Meios de Pagamentos (M4) - Saldos em R$ milhões
Discriminação Jul/08 Ago/08 Set/08
Depósitos p/ investimentos 2.907 2.821 2.984
Depósito de poupança 251 931 254 773 258 295
Títulos privados 465 013 504 581 533 712
M2 905 717 949 454 989 680
Quotas de fundos de renda fixa 793 871 785 087 778 335
Operações Compromissadas com títulos federais 66 998 66 407 57 063
M3 1 766 586 1 800 948 1 825 079
Títulos federais (SELIC) 320 208 321 870 340 953
Títulos estaduais e municipais 38 38 38
M4 2 086 832 2 122 857 2 166 070
Fonte: BCB. Nota para a imprensa
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 22
endividamento interno e a abertura marcado pela turbulência no setor
financeira do país. A política de taxas externo, ainda sob reflexo da crise
de juros elevadas deve ser econômico-financeira. As rápidas
acompanhada de aumento de alterações da taxa de câmbio
colocação de títulos públicos federais o b s e r v a d a s n e s s e p e r í o d o
no mercado aberto. Para tanto, demonstraram uma vulnerabilidade da
mantém a taxa juros no patamar economia brasileira frente aos
almejado, onerando-se assim o setor problemas internacionais. Apesar de
público que, por sua vez, fica servindo ter alcançado um alto nível de
de âncora para a política monetária credibilidade no último ano, o país
atual. encontra-se, assim como os demais,
O terceiro trimestre de 2008 foi em situação de alerta. A autoridade
monetária buscou agir para que os observado em julho, em que houve
impactos nas operações financeiras uma pressão positiva sobre a base
cheguem mais brandos ao lado real da monetária, o que refletiu um aumento
economia. de liquidez na economia. Fatores
As operações do tesouro nacional como: encargos da dívida contratual
mantiveram sua tendência de pressão externa (R$ 3,16 bilhões) e os
negativa sobre a base monetária no encargos da dívida pública mobiliária
saldo do trimestre. Essa tendência federal - que passaram de R$ 6,85
reflete, em grande parte, o esforço bilhões em junho para R$ 11,02
fiscal feito pelo governo para superar a bilhões em julho – influenciaram esse
meta de superávit primário do ano resultado. Mas o principal motivo
anterior. O único movimento atípico foi dessa pressão positiva apareceu na
Gráfico 5.1 - Evolução dos Agregados Monetários em Relação ao
PIB - 2004/2008 - Fim de período
0
10
20
30
40
50
60
70
80
08/2004 08/2005 08/2006 08/2007 08/2008
Mês/Ano
Percentual
M0 - base
monetária
M1
M2
M3
M4
Fonte: IPEADATA
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 23
relação tesouro nacional-banco 35 bilhões por mês, em média. O
central, em julho o Banco Central fez resultado dessas operações (diferença
um resgate de R$ 23,5 bilhões em entre a rentabilidade do DI e a variação
títulos públicos, expandindo a base cambial mais cupom) representou
monetária. Houve ainda gastos ganho para o Banco Central no
menores com subsídios, pessoal e trimestre, o que afetou negativamente
encargos sociais. a base monetária. O destaque foi o
As operações com derivativos, mês de setembro que apresentou R$
efetuadas através do swap cambial e 6,5 bilhões para o Banco Central. Esse
swap cambial reverso, apresentaram, ganho é explicado pela desvalorização
segundo o Banco Central, uma de 16,5% do real frente ao dólar
exposição total líquida negativa em R$ durante o mês. A cotação do dólar que
da base monetária devido ao resgate capital das empresas, que alcançou
de títulos, principalmente no mercado US$ 4,3 bilhões. Em setembro, a
primário. Essas operações serviram situação do investimento em carteira
para contrabalançar as pressões se inverteu completamente: houve
negativas do tesouro nacional (em uma saída líquida de recursos de US$
agosto e setembro -R$ 10,3 bilhões e 1 , 8 b i l h ã o . O e m p r é s t i m o
–R$ 5,0 bilhões, respectivamente); e intercompanhias, no valor de US$ 3,6
das operações com derivativos (-R$ bilhões, foi o fator que ajudou a manter
6,5 bilhões em setembro). uma pequena pressão positiva do setor
Em julho, o investimento em carteira externo sobre a base monetária.
foi o principal componente do setor A análise dos fatores condicionantes
externo responsável pela expansão da da base monetária permite observar
base monetária, com saldo positivo de que a instabilidade gerada pela crise
US$ 4,6 bilhões. Com o mercado internacional atinge nitidamente a
financeiro mais instável, a entrada de economia brasileira através das
recursos de investimento em carteira operações financeiras que se
reduziu para US$ 989 milhões em relacionam com o setor externo.
agosto. A pressão sobre a base Mesmo com a alta taxa básica de juros
monetária se manteve positiva fixada pelo COPOM para o controle da
durante este mês devido ao inflação, houve uma contração do
investimento estrangeiro direto no investimento em carteira, quando
país, sob a forma de participação no normalmente observa-se que o
Tabela 5.3 – Fatores Condicionantes da Base Monetária
Fluxos acumulados no mês ( R$ milhões )
Discriminação jul/08 ago/08 set/08
Oper. do Tesouro Nacional 133 -10 325 -5 041
Oper. com títulos públicos federais -5 957 14 554 14 221
Operações do Setor externo 2 724 2 058 286
Redesconto do Banco Central 0 0 28
Depósitos de instituições financeiras -1 748 -2 045 1 766
Operações com derivativos - ajustes 1 040 -1 336 -6 507
Outras contas 108 74 112
Variação da base monetária -3 701 2 979 4 865
Fonte: BCB. Nota para a imprensa.
estava em R$ 1,64 no
i n í c i o n o m ê s
encerrou este período
em R$ 1,91.
A atuação direta do
Banco Central feita
p o r m e i o d a s
operações com títulos
públicos federais
resultou em expansão
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 24
aumento da taxa básica de juros crescimento de 12,2% nas operações
resulta em aumento desse tipo de fundamentadas em recursos externos,
investimento. Isso revela a incerteza como os contratos de arrendamento
dos agentes, devido ao aumento do m e r c a n t i l ( l e a s i n g ) e o s
risco dessas operações, e a maior adiantamentos de contrato de câmbio,
liquidez buscada pelos aplicadores. e um aumento de 3,6% nos
Outro fator relacionado com o setor financiamentos concedidos pelo
externo que apresentou alteração BNDES. Neste contexto, apesar do
devido à instabilidade financeira é a governo de negar a existência de um
operação de swap cambial que, apesar pacote econômico para combater os
de ter representado ganho para o efeitos da crise, já anunciou uma série
Banco Central nesse trimestre, refletiu de medidas para proteger o Brasil,
o aumento brusco da demanda por como a venda de dólares, com e sem
dólares, também devido à incerteza e compromisso de recompra e a redução
ao risco, o que desestabilizou o na taxa de recolhimento dos
câmbio. Essas contas, operações com compulsórios.
setor externo e derivativos, merecem Os empréstimos contratados pelo
destaque na análise conjuntural da setor privado da economia atingiram
crise, pois envolvem fatores como taxa um volume total de R$ 1,127 trilhão,
de câmbio e taxa básica de juros, que em setembro, o que representa um
têm ligação direta com a parte não crescimento de 3,5%, no mês, e
financeira da economia. 22,9%, no ano. Segundo ao Banco
Operações de Crédito Central, foi devido especialmente à
As operações de crédito do sistema e x p a n s ã o d o s e m p r é s t i m o s
financeiro mantiveram-se em ritmo de concedidos aos setores da indústria e
crescimento elevado no terceiro outros serviços. Os segmentos de
trimestre de 2008 e alcançaram um alimentação, energia e metalurgia
volume total de R$ 1,149 trilhão, em foram os principais responsáveis pelo
setembro, o que representa um crescimento do crédito industrial em
aumento de 3,5% frente ao mês 5,4%, no mês de setembro, e 9,6%,
anterior e de 34% nos últimos doze no trimestre, alcançando um volume
meses, chegando a 39,1% do PIB total de R$ 268,1 bilhões. Já no que se
brasileiro. Os resultados alcançados refere à expansão da carteira de
são devidos, principalmente, a um crédito do setor de outros serviços, os
Tabela 5.4 – Operações de Crédito do Sistema Financeiro
Saldo por Atividade Econômica (R$ milhões)
Setor Público Setor Privado
Total
GeralMeses
Gov.
federal
Est. e
munic.
Total
Indús-
tria
Habi-
tação
Rural
Comér-
cio
Pessoas
Físicas
Outros
Serviços
Total
Jul/08 3.935 15.559 19.494 248.316 54.218 98.761 112.814 365.357 186.916 1.066.382 1.085.876
Ago/08 4.578 15.871 20.449 254.474 56.177 99.551 117.441 370.985 191.216 1.089.844 1.110.293
Set/08 4.782 16.502 21.284 268.143 57.941 102.543 119.903 379.314 199.776 1.127.621 1.148.905
Faixa de Risco (setembro 2008 em %)
AA+A 99,8 67,5 74,7 73,4 46,1 50,0 60,8 66,7 67,6 65,2 65,4
B a G 0,2 31,2 24,3 25,7 48,8 46,2 37,3 28,6 31,0 32,0 31,8
H 0,0 1,3 1,0 0,9 5,1 3,8 1,9 4,7 1,4 2,8 2,8
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: BCB. Nota para a imprensa
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 25
s e g m e n t o s d e t ra n s p o r t e e total de R$ 21,3 bilhões.
telecomunicações apresentam-se A taxa básica de juros, no trimestre em
como impulsionadores do crescimento questão sofreu dois incrementos de
mensal de 4,5% e de 8,2% no 0,75%, situando-se a um patamar de
trimestre. 13,75% ao ano. Já as taxas médias de
Os setores comerciais, rurais e juros usualmente praticadas pelas
habitacionais, também apresentaram instituições financeiras atingiram um
um elevado crescimento no período patamar de 53,1% a.a. no segmento
analisado. O setor de comércio obteve de pessoas físicas, por conta da
um incremento de 2,1% e 8,2%, elevação das taxas de juros do cheque
alcançando um volume de R$ 119,9 especial e do crédito pessoal, e,
bilhões de empréstimos, no mês. As manteve-se estável para pessoas
operações de crédito destinadas ao jurídicas em 28,3% a.a. Estas taxas,
segmento rural apresentaram um juntamente com a expansão do crédito
volume total de R$ 102,5 bilhões, o ajudaram os grandes bancos
que representa um crescimento de 3% comerciais brasileiros a não sofrerem
no mês de setembro e de 4,2% no perdas com a crise até o momento,
trimestre, devido ao início do plantio visto que todos tiveram um
da safra do próximo verão. Já os crescimento no lucro líquido no
financiamentos concedidos ao período.
segmento habitacional registraram A inadimplência neste período,
uma elevação 3,1% no mês, devido à considerando os pagamentos
utilização de recursos advindos do atrasados em mais de que 90 dias,
FGTS e da caderneta de poupança para manteve-se praticamente constante,
a aquisição imobiliária. nos meses de agosto e setembro, em
Os empréstimos destinados às todos os setores. No segmento de
pessoas físicas atingiram um volume pessoas físicas ocorreu uma queda de
de R$ 379,3 bilhões em setembro, 0,2 p.p., passando 12% para 11,8%,
uma expansão de 2,2% no mês e 6,2% devido à redução na concessão de
no trimestre. Os empréstimos ao setor créditos de alto risco. Nas operações
público apresentaram um incremento destinadas às indústrias ocorreu uma
de 4,1% no mês de setembro e de queda de 0,1 p.p. na taxa de
10,1% no trimestre, alcançando um inadimplência, situando-se em 2,7%.
6. POLÍTICA FISCAL
Os principais indicadores fiscais Governo Central, por meio da elevação
disponíveis em novembro deste ano, do superávit primário em comparação
referentes ao mês de setembro, ainda ao ano anterior. Essa estratégia,
não manifestaram, de forma sensível, associada a uma política financeira de
efeitos da crise externa em curso. O administração da dívida pública no
que os dados evidenciaram foi a plano cambial, possibilitou, no
continuidade da política de ajuste acumulado do ano corrente, a quase
fiscal, especialmente da parte do zeragem da relação déficit nominal PIB
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 26
e a continuidade da queda da relação Em 2007, nesse mesmo período, o
DLSP/PIB. Além do esforço fiscal superávit equivaleu a R$ 51,5 bilhões,
crescente da parte do Governo Federal 2,74% do PIB. O superávit do
e das Empresas Estatais, ambos acumulado no ano de 2008 foi
apresentando superávits nominais, alcançado devido à substancial
esses resultados estão fortemente participação do Tesouro Nacional. Esse
influenciados por aspectos financeiros: âmbito expandiu nominalmente seu
o elevado volume de reservas superávit em 28,8% comparando-se
externas, que torna negativa a dívida ao ano anterior, contabilizando até
externa líquida e reduz a dívida total; a setembro R$ 113 bilhões; a
obtenção de receitas financeiras da Previdência Social teve um déficit de
parte do Banco Central, abatendo os R$ 31,8 bilhões, com uma diminuição
gastos com juros nominais do Governo nominal de 11% em relação ao ano
Central. anterior e por fim o Banco Central
Ante o aprofundamento dos impactos reduziu o déficit para R$ 0,4 bilhão ou
negativos da crise externa na um decréscimo nominal de 26%, em
economia, o governo têm cogitado relação ao acumulado no ano prévio.
trabalhar com o valor mínimo do O terceiro trimestre de 2008
superávit primário fixado pela LDO apresentou uma redução gradativa do
2009 para o Setor Público Consolidado resultado primário em termos
(3,8% do PIB). Segundo o ministro do mensais. Não obstante, o superávit no
planejamento, Paulo Bernardo, “não trimestre é superior ao de igual
faz sentido aumentar o esforço fiscal período em 2007. No trimestre houve
no momento em que a economia dá um crescimento nominal de 21,8% nas
sinais de desaceleração”. O ministro receitas totais em relação a igual de
ressaltou também a importância do trimestre 2007. No mês de agosto, as
investimento público, através da receitas do tesouro apresentaram um
redução do resultado primário em decréscimo sazonal de 9%. A
relação ao PIB, a fim de compensar a a r r e c a d a ç ã o d e r e c e i t a s
possível redução do investimento extraordinárias com Imposto de Renda
de Pessoas Jurídicas (IRPJ),privado em tempos de crise.¹ A LDO
Contribuição Social dos Lucrosestabeleceu que o superávit primário
Líquidos (CSLL) e a receita trimestralpoderia ser elevado do seu valor
da participação especial na exploraçãomínimo, 3,8% do PIB, até 4,3%, ao se
de petróleo e gás natural, verificadaagregar 0,5% da poupança extra do
em julho, explica em parte esseFundo Soberano.
decréscimo. Também em agostoOs nove meses de 2008 evidenciaram
observou-se um incremento nominala estratégia do governo em expandir o
superávit primário do Governo ¹VALOR ON LINE. Governo reduz superávit de 2009
p a r a 3 , 8 % . R e t i r a d o d e :Central, calculado pela Secretaria do
Tesouro Nacional, no critério acima da
linha. O indicador fiscal referido, no
acumulado do ano corrente até
setembro, foi da ordem de R$ 80,8 . Publicado em:31 de Outubro
de2008.Acessoem: 2deNovembrode2008bilhões ou 3,81% do PIB (tabela 6.1).
http://www.valoronline.com.br/ValorImpresso/Mater
iaImpresso.aspx?tit=Governo%20reduz%20o%20su
per%c3%a1vit%20de%202009%20para%203,8%&
dtMateria=31%2010%202008&codMateria=52390
69&codCategoria=83
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 27
de 30% das transferências aos Estados
e Municípios em relação a julho
corrente Ocorreu
encargos sociais, equivalentes a R$ 13
bilhões, são explicados pelo
. a elevação de R$ 3,4 adiantamento de parcela do décimo
bilhões nas transferências aos fundos terceiro salário dos servidores do
de participação, além disso, pelo Poder Executivo Federal. Os gastos
acréscimo de R$ 1,7 bilhão nas demais com o custeio e capital, da ordem de
transferências em decorrência da R$ 17,7 bilhões, também foram
do repasse de recursos significativos em julho. Esses gastos
provenientes de “royalties” de petróleo decorreram da elevação das despesas
e gás natural. Em setembro de 2008 com seguro desemprego e abono
houve uma elevação nominal de 56% salarial do Fundo de Amparo ao
das receitas do Banco Central em Trabalhador (FAT) no montante de R$
relação a agosto. 2,1 bilhões. Em setembro de 2008 as
A despesa total, no último trimestre, despesas mais expressivas foram os
teve um comportamento nominal b e n e f í c i o s p r e v i d e n c i á r i o s ,
crescente de 13% em relação ao contabilizados em R$ 20,8 bilhões.
mesmo período do ano precedente, Isso ocorreu devido ao pagamento da
apesar da redução desta em agosto e primeira parcela do abono anual à
setembro se comparada com o valor maioria dos segurados e dependentes
de julho de 2008. No mês de julho os da Previdência. As contas fiscais para o
dispêndios maiores com pessoal e Governo Consolidado, no critério
sazonalidade
abaixo da linha obtido pelo Banco cerca de 30% superior ao verificado
Central, mostram o desempenho fiscal em igual período em 2007. A
do setor público através da variação do ampliação do esforço fiscal do Governo
endividamento líquido. O resultado Central é o que explica tal
primário consolidado, no acumulado comportamento, tendo esse âmbito
até setembro de 2008, registrou um elevado, em igual período, a relação
superávit de R$ 118,4 bilhões, 5,59% superávit primário/PIB de 2,84% para
do PIB. Este superávit primário foi 3,82%. No mesmo período, os
6.1 Resultado Primário do Governo Central (R$ milhões)
Discriminação set/07 jan-
-
set/07 jul/08 ago/08 set/08 jan-
-
set/08
I. RECEITA TOTAL 49.294,9 444.506,7 62.844,3 58.451,1 60.006,9 526.247,8
I.1. Receitas do Tesouro 37.834,8 346.546,0 49.488,4 45.128,5 46.373,6 411.628,0
I.2. Receitas da Previdência Social 11.392,6 97.108,1 13.230,2 13.193,2 13.430,0 113.356,2
I.3. Receitas do Banco Central 67,5 852,5 125,7 129,4 203,3 1.263,6
II. TRANSF. A ESTADOS E MUNICÍPIOS 7.896,9 76.464,3 9.265,8 12.080,6 9.530,0 94.115,3
III. RECEITA LÍQUIDA TOTAL (I -II) 41.398,0 368.042,4 53.578,5 46.370,5 50.476,9 432.132,4
IV. DESPESA TOTAL 41.359,3 316.547,2 46.380,9 40.112,9 44.469,3 351.304,3
IV.1. Pessoal e Encargos Sociais 8.962,2 84.091,8 13.016,3 9.524,0 9.949,1 92.090,9
IV.2. Benefícios Previdenciários 20.550,4 132.848,9 15.407,5 17.253,5 20.846,5 145.166,5
IV.3. Custeio e Capital 11.678,2 97.925,3 17.710,1 13.098,4 13.255,8 111.789,1
IV.4. Transf . do Tesouro ao Banco Central 11,1 287,4 68,1 68,2 74,6 594,1
IV.5. Despesas do Banco Central 157,4 1.393,8 178,9 168,8 343,2 1.663,8
V. RESULTADO PRIMÁRIO GOV . CENTRAL 38,7 51.495,2 7.197,6 6.257,5 6.007,6 80.828,1
V.1. Tesouro Nacional 9.286,4 87.777,2 9.428,1 10.357,2 13.564,0 113.038,6
V.2. Previdência Social -9.157,7 -35.740,8 -2.177,3 -4.060,3 -7.416,5 -31.810,3
V.3. Banco Central -89,9 -541,3 -53,2 -39,4 -139,9 -400,2
VI. RESULTADO PRIMÁRIO/PIB (%) 2,74 3,81
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 28
governos regionais e as estatais ano, processo interrompido a partir do
reduziram essa mesma relação. segundo trimestre, também contribuiu
No mês de setembro de 2008, para explicar o que ocorreu no âmbito
verificou-se um superávit primário do central. No global houve redução de
Governo Consolidado de R$ 10,0 6,35% para 5,92% da relação
bilhões. Deste valor, R$ 5,17 bilhões despesas com juros/PIB para o
foram obtidos pelo Governo Central, Governo Consolidado, comparando-se
R$ 1,59 bilhões pelos Governos os acumulados em 2007 e 2008.
Regionais e R$ 3,24 bilhões pelas A relação resultado nominal/PIB do
Empresas Estatais. Setor Público Consolidado aproximou-
As despesas com juros nominais para o se à zero no acumulado até setembro
Setor Público, em setembro de 2008, de 2008, equivalendo a 0,33%, contra
totalizaram R$ 6,14 bilhões, numa 1,5% em igual período no ano
queda de mais de 50% frente ao mês passado. O déficit de R$ 7,06 bilhões,
anterior. Explica essa queda a redução contra R$ 11,92 bilhões de 2007,
das despesas com juros do Governo deveu-se ao significativo déficit
Federal e dos governos regionais e os nominal dos Governos Regionais (R$
ganhos financeiros do Banco Central 26,14 bilhões). Ele ocorreu a despeito
em setembro, estes últimos do forte superávit nominal do Governo
equivalentes à R$ 3,86 bilhões. As Central (R$ 7,35 bilhões) e das
despesas com juros acumularam, até Empresas Estatais (R$ 11,73 bilhões).
setembro de 2008, R$ 125,47 bilhões No mês de setembro de 2008
(5,92% do PIB), valor R$ 6,1 bilhões verificou-se um superávit nominal de
superior ao mesmo período de 2007. R$ 3,86 bilhões para o Setor Público
Os Governos Regionais foram os Consolidado. As Empresas Estatais
principais responsáveis pela ampliação foram as que mais contribuíram para
desse gasto, incrementando-o em esse valor, com um superávit nominal
92,5%, tendo ocorrido redução da de R$ 2,74 bilhões, seguidas pelo
parte do Governo Central. A queda da Governo Central (-R$ 1,01 bilhões). A
taxa Selic no primeiro trimestre do Dívida Líquida do Setor Público (DLSP)
Tabela 6.2 – Necessidades de Financiamento do Setor Público (R$ milhões)
Discriminação set/07 Jan-set/07 jul/08 ago/08 set/08 jan-set/08
I. Resultado Primário -3 554 -91 223 -12 109 -10 184 -10 005 -118 414
I.1. Governo Central - 812 -53 326 -7 774 -7 253 -5 173 -80 877
I.2. Governos Regionais -1 389 -25 588 -2 847 -2 467 -1 590 -26 121
I.3. Empresas Estatais -1 353 -12 310 -1 488 - 464 -3 242 -11 416
II. Juros Nominais 15 473 119 363 18 777 12 527 6 142 125 472
II.1. Governo Central 9 622 93 737 9 883 5 727 4 160 73 526
II.2. Governos Regionais 6 198 27 145 9 008 6 641 1 482 52 258
II.3. Empresas Estatais - 347 -1 520 - 114 158 500 - 313
III. Resultado Nominal 11 919 28 140 6 668 2 343 -3 863 7 058
III.1. Governo Central 8 811 40 412 2 109 -1 526 -1 013 -7 351
III.2. Governos Regionais 4 809 1 558 6 162 4 174 - 108 26 138
III.3 – Empresas Estatais -1.701 -13.829 -1.603 -306 -2.742 -11.729
(+) déficit (-) superávit
Fonte: BCB – Nota para a imprensa de 31/10/2008.
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 29
No que tange ao endividamento das operações de swap cambiais
mobiliário, manifestaram-se liquidadas atingiu cerca de R$ 2,7
alguns indícios de efeitos da crise bilhões em setembro. Por outro
financeira internacional ao longo lado, as expectativas pessimistas
do terceiro trimestre de 2008. O alavancaram a alta da taxa de juros
que se pôde observar, num domésticos. Houve impacto direto
primeiro momento, foi a tentativa sobre os prazos de vencimentos
do mercado de esterilizar os efeitos d o s t í t u l o s a d q u i r i d o s ,
provocados pela desvalorização do principalmente, os títulos de
Real. Segundo a ata do COPOM de rentabilidade prefixada, que
outubro de 2008, as medidas para apresentaram redução expressiva
atenuar os efeitos da crise se na estrutura de seu vencimento.
limitaram às intervenções do Tais acontecimentos colocaram por
Banco Central no mercado de terra o argumento da imunização
câmbio e a venda de títulos com economia brasileira frente à crise
r e n t a b i l i d a d e p r e f i x a d a . externa, proferido durante todo o
Corroborando tal fato, o montante primeiro semestre de 2008.
atingiu R$ 1,13 trilhão em setembro de Por outro lado, o aumento da despesa
2008, 38,3% do PIB. Equivaleu, em com juros respondeu pela elevação da
agosto do mesmo ano, a R$ 1,18 dívida em 4,3 p. p.
trilhões, 40,4% do PIB. A relação No que tange à composição da dívida,
D L S P / P I B t e m d e c r e s c i d o o acúmulo crescente de reservas pelo
seguidamente, de 42,7% em Banco Central, tem resultando numa
dezembro de 2007, atingindo 38,3% dívida externa líquida negativa. A
em setembro de 2008. dívida interna, distintamente, elevou-
Ao longo de 2008 os principais fatores se continuamente, apesar de manter
que atuaram no sentido de reduzir a uma relação estável com o PIB. Esse
dívida pública foram: o superávit último aspecto se explica, em grande
primário, respondendo por 4 p.p. do medida, pela elevação do superávit
PIB nessa redução, o efeito do PIB primário, pela queda da taxa Selic no
valorizado, em 3,5 p.p. e o ajuste face primeiro trimestre do ano e pelo bom
a desvalorização cambial, em 0,9 p.p. comportamento do PIB no período.
Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (R$ milhões)
Discriminação set/07 dez/07 jul/08 ago/08 set/08
Dívida Líquida Total 1.120.509 1.150.357 1.192.177 1.182.748 1.127.157
Governo Central 798767,9 816.681 840.320 828.429 782.229
Governos Regionais 362517,2 373.323 394.458 399.256 401.172
Empresas Estatais -40.776 -39.647 -42.601 -44.938 -56.244
Dívida Líquida Total 1.120.509 1.150.357 1.192.177 1.182.748 1.127.157
Dívida Interna Líquida 1.336.840 1.393.139 1.456.916 1.462.033 1.461.587
Dívida Externa Líquida -216.330 -242.782 -264.739 -279.286 -334.430
DLSP em % do PIB 43,2 42,7 40,7 40,4 38,3
Fonte: BCB – Notas para a imprensa de dezembro de 2007 e de 31/10/2008
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 30
Não obstante, conforme a tabela de juros de longo prazo que
6.4, o perfil da dívida analisado refletiram na diminuição de 0,4
através dos seus indexadores não p.p. da participação dos títulos
mostrou números preocupantes: a vinculados à TR, taxa que é
participação dos títulos prefixados referência para os rendimentos da
continua aumentando e a dos poupança. Já a participação das
títulos indexados à Selic continua operações no mercado aberto
diminuindo. Alguns indícios de atingiu o seu maior valor durante o
impactos, por um lado, podem ser ano de 2008 (19,9%) no mês de
d e s t a c a d o s . A s m u d a n ç a s julho de 2008. O aumento deveu-
relacionadas à participação dos se às operações compromissadas
títulos vinculados ao câmbio realizadas com maior freqüência
refletiram à ação do mecanismo de após a ameaça de falta de liquidez
s w a p c a m b i a l . O c o r r e ra m no mercado financeiro. Por fim, de
mudanças significativas nas taxas acordo com a tabela 6.5, observa-
s e u m a u m e n t o d e investimento, que acumularam
aproximadamente R$ 21 bilhões uma redução de R$ 9,6 bilhões
dos títulos vinculados ao durante todo o último trimestre,
compulsório. reflexo da busca por títulos com
É provável que parte desse menores riscos. Por ultimo, o
aumento se deva aos depósitos aumento dos títulos da carteira do
voluntários mantidos pelos bancos Banco Central, mais uma vez,
comerciais, que preferiram essa indica a posição de cautela dessa
alternativa à concessão de crédito. instituição frente ao cenário de
Outro ponto que merece atenção é instabilidade no sistema financeiro
a diminuição do montante de mundial.
títulos vinculados aos fundos de
Tabela 6.4 - Títulos Públicos Federais e oper. e mercado aberto
Discriminação Set/07 jul/08 ago/07 set/07
Dívida Total (R$ bilhões) 1.376,9 1.504,2 1.506,6 1.507,1
Indexadores (%)
Over/Selic* 32,7 31,8 32,3 31,7
Câmbio* -2,0 -1,7 -1,7 -1,9
Prefixado 32,1 24,7 25,5 26,3
TR 2,0 1,6 1,4 1,2
Índice de preços 22,4 23,6 23,6 23,9
Oper. De Merc. Aberto 12,8 19,9 18,8 18,7
*com operações de Swap
Fonte: BCB - Notas para imprensa de 31 outubro de 2008
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 31
7. SETOR EXTERNO
O Setor Externo, ao longo do terceiro US$ 23,9 bilhões ao longo de 2008,
trimestre de 2008, segue a tendência contra US$ 73,4 bilhões no mesmo
apontada nos boletins anteriores. Isto período de 2007. Portanto apresentou
é, diminuição do saldo comercial e uma queda de 67,4% em relação ao
aumento das remessas de recursos a mesmo período anterior.
título de serviços e rendas (juros e Transações Correntes
remessas de lucros). Desse modo, a O saldo em transações correntes
conta capital e financeira permanece registrou déficit US$ 6,1 bilhões no
como a principal responsável pelo t r i m e s t r e , i n v e r t e n d o o
equilíbrio do balanço de pagamentos e comportamento superavitário dos
p e l o a c ú m u l o d e r e s e r v a s últimos anos. Esse saldo, que havia
internacionais. No entanto, há sinais sido de US$1,712 bilhão em 2007, já
de que a vitalidade para atrair capitais apresenta ao longo do ano um déficit
estrangeiros está diminuindo em razão de US$ 23,264 bilhões, pior resultado
da instabilidade e incerteza crescentes desde 2000. Esse resultado é
no cenário mundial. explicado tanto pela diminuição do
Como resultado dessa tendência saldo da balança comercial, com a taxa
observa-se que o superávit registrado de crescimento dos bens importados
no trimestre foi de US$ 4,7 bilhões e de mantendo-se acima da taxa de
Tabela 6.5 - Detentores dos Títulos Federais em poder do público(a) em bilhões
Discriminação dez/07 jul/08 ago/08 set/08 Variação
Carteira Própria 370,1 310,5 322,4 315,9 5,4
Títulos Vinculados (b) 167,1 196,8 199,6 218,6 21,8
Clientes
Pessoa Física 2,5 3,3 3,4 3,4 0,1
Pessoa Juríd. Não Financeira 102,4 124,5 128,1 130,9 6,4
Pessoa Juríd. Financeira (c) 22,1 34,2 35,3 35,5 1,3
Fundos de Investimento (d) 513,1 489 491,3 479,4 -9,6
Outros Fundos 0,7 0,9 0,9 0,7 -0,2
TOTAL CLIENTES 640,9 651,9 659,1 649,9 -2
TOTAL MERCADO (1) 1.178,2 1.159,2 1.181,1 1.184,4 25,2
EXTRA-MERCADO (2) 7,2 6,4 6,7 7,9 1,5
Em poder do público (1)+(2) 1.185,3 1.165,5 1.187,8 1.192,2 26,7
(a) Valores apurados com base na posição de carteira avaliada pelo preço da curva de
rentabilidade intrínseca dos títulos.
(b) Títulosvinculados a depósito compulsório sobre poupança, sobre depósitos a prazo e
sobre recursos de depósitos interfinanceiros de sociedades de arrendamento
mercantil;reserva técnica; constituição e aumento de capital; caução; e câmaras.
(c) Pessoa jurídica financeira abrange instituições sem conta individualizada no Selic.
(d) Os dados referem-se às contas Cliente Especial dos fundos de investimento regulados
pela CVM.
(e) Títulos emitidos por meio de colocação direta.
Fonte: BCB - Notas para imprensa de 31 de outubro de 2008
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 32
crescimento dos produtos exportados, de 19,4% em comparação com mesmo
quanto pelo aumento do déficit na
período de 2007. Pelo lado da rubrica
conta serviços e rendas.
serviços e rendas, o resultado das
Pelo lado da balança comercial, o
transações correntes foi agravado
superávit de US$ 8,3 bilhões no
devido ao aumento do déficit
terceiro trimestre apresentou queda
2,2%. Portanto os resultados do saldoapresentado. Houve um aumento de
de transações correntes tendem a
51,8% em relação ao mesmo período
sofrer ainda mais com a queda da
de 2007, passando de US$ 10,169
demanda e dos preços observados nos
bilhões passou para um déficit de US$ ú l t i m o s m e s e s n o m e r c a d o
15, 445 bilhões. Essa evolução torna- internacional.
se ainda mais preocupante, uma vez Em termos de importações houve um
aumento em todas as categorias deque o aumento substancial dessa
produtos como: combustível erubrica demonstra a vulnerabilidade
lubrificantes (78%), bens de capitaldo país à crise econômica mundial ao
(49,9%), bens de consumo (47,1%),
ter sua dinâmica determinada pela
matérias- primas e intermediários
entrada e saída de capitais externos. (46,6%), quando comparado ao
Em termos da composição das mesmo período de 2007. No conjunto
e x p o r t a ç õ e s o b s e r va - s e , n o bens de capital, vale a pena destacar o
acumulado do ano e em comparação aumento nas aquisições de partes e
com o mesmo período de 2007, que os peças para bens de capital para a
produtos básicos apresentaram uma agricultura (+106,4%); equipamento
variação de 47,6% em termos de móvel de transporte (+80,7%);
receita e um aumento de 1,5% na máquinas e ferramentas (+70,9%);
quantidade exportada. Por sua vez, os equipamento fixo de transporte
semi-manufaturados apresentaram, (+61,2%); ferramentas (+58,9%);
respectivamente, aumento de 26,5% e
Tabela 7.1 - Transações Correntes (US$ milhões)
2007 2008
Discriminação Jul - Set Jul Ago Set Jul - Set
Balança Comercial 10.357 3.318 2.275 2.274 8.347
Exportação de Bens 43.385 20.451 19.747 20.017 60.215
Importações de Bens -33.028 -17.134 -17.472 -17.263 -51.869
Serviços e Rendas (Líquido) -10.169 -5.911 -3.688 -5.846 -15.445
Serviços -3.340 -1.510 -1.390 -1.934 -4.835
Receita 5.875 2.993 2.654 2.576 8.222
Despesa -9.215 -4.503 -4.044 -4.510 -13.057
Rendas -6.829 -4.401 -2.298 -3.912 -10.610
Receita 2.934 885 782 836 2.503
Despesa -9.763 -5.285 -3.080 -4.748 -13.113
Transf. Unilaterais (Líquido) 1.015 372 291 323 986
Saldo em Transações Correntes 1.203 -2.221 -1.122 -2.769 -6.113
Fonte: BCB – Séries temporais
Vitória/ES - Boletim Nº43 - 33
maquinaria industrial (+57,2%); redução de US$ 2,2 bilhões do terceiro
máquinas e aparelhos de escritório e trimestre de 2007 para 2008.
serviço científico (+40,8%); partes e Se avaliarmos a conta capital e
peças para bens de capital para financeira no acumulado dos nove
indústria (+38,3%); acessórios de meses observa-se uma tendência mais
maquinaria industrial (+35,6%); e clara, e mais preocupante, de como
bens e equipamentos para agricultura essa conta está evoluindo. Nos
(+34,1%). primeiros nove meses de 2007, ela
Por um lado, esse aumento atingiu o patamar de US$ 72,546
generalizado das importações é bilhões, em comparação com US$
resultado do crescimento da economia 50,100 bilhões no mesmo período de
durante o ano. Por outro lado, a 2008, uma redução de USS$ 22,446
tendência de diminuição da receita bilhões, que equivale a uma redução
proveniente das exportações e o percentual de 30,9%.
aumento das despesas com serviços e A rubrica investimento direto teve
rendas indicam uma trajetória de saldo ao longo de 2008 no valor de US$
aumento do déficit em transações 15,42 bilhões frente a um saldo de US$
correntes e, portanto, de manutenção 31,28 bilhões em 2007, para os nove
do crescimento econômico. primeiros meses do ano. Uma redução
Essa restrição é ainda mais clara em termos absolutos de US$ 15,86
quando se considera o peso das bilhões.
regiões de origem e destino das No entanto, em relação apenas ao
transações brasileiras no trimestre: as terceiro trimestre de 2008 a rubrica de
transações estão concentradas investimento direto apresentou um
basicamente nos Estados Unidos, resultado de US$ 7,3 bilhões em
União Européia e Ásia, que relação a US$ 7,0 bilhões em 2007.
representam 62,2% das importações e Este não indica recuperação da
57,2% das exportações brasileiras. c o n f i a n ç a d o s i n v e s t i d o r e s
Além disso, os Estados Unidos, internacionais no potencial da
epicentro da crise atual, representa economia brasileira, sendo apenas
70,9% das exportações e 66% das resultado de investimentos que já
importações brasileiras. estavam planejados e, portanto, serão
Conta Capital e Financeira implantados apesar da conjuntura
Conforme já mencionado, a conta atual. Além disso, boa parte desse
capital e financeira, tabela 7.2, foi capital não pode ser considerada de
fundamental para a manutenção do fato como novos investimentos, pois
balanço de pagamentos superavitário, se destinam à aquisição de
porém em 2008 esses valores participação acionária em empresas já
diminuíram em comparação com o instaladas. US$ 9,65 bilhões do total
mesmo período de 2007. de US$ 14,13 bilhões que ingressou no
No terceiro trimestre de 2008 a conta Brasil como investimento estrangeiro
capital e financeira apresentou um foi utilizado para a aquisição de ações.
saldo acumulado de US$ 9,6 bilhões A rubrica investimento em carteira,
frente a um valor de US$ 11,8 bilhões que contabiliza todo o capital que entra
para o mesmo período do ano passado, na economia com intuito de ser
Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 34
Tabela 7.2 - Conta Capital e Financeira (US$ milhões)
Discriminação
2007 2008
Jan-Set Jul-Set Ano Jan-Set Jul Ago Set Jul-Set
Conta capital e financeira 72546 11859 88924 50100 5723 679 3203 9605
Conta capital 564 222 756 730 114 93 102 309
Conta financeira 71982 11637 88168 49370 5609 586 3102 9297
Investimento direto 31281 7003 27518 15427 2827 1250 3225 7303
Investimentos em carteira 35582 11455 48390 17087 4615 989 -1809 3794
Derivativos -465 -217 -710 -401 -2 -30 10 -21
Outros investimentos 5584 -6603 12970 17258 -1832 -1623 1675 -1779
Erros e omissões -2419 -929 -3152 -2877 -1140 2329 38 1228
Var. reservas ( - = aumento) -73743 -12133 -87484 -23959 -2362 -1886 -473 -4721
Resultado global do balanço 73743 12133 87484 23959 2362 1886 473 4721
Fonte: BCB – Séries Temporais
aplicado nos mercados financeiros, capital estrangeiro aplicado em ações
registrou um saldo de US$ 3,79 brasileiras registrou um déficit, uma
bilhões, em 2008, em comparação com saída ou retirada de posições, no valor
US$ 11,45 bilhões no terceiro de US$ 3,66 bilhões, em relação a um
trimestre de 2007. superávit de US$ 7,14 bilhões em
Uma redução de 66,8% no trimestre é 2007. No terceiro trimestre de 2008 o
de fato preocupante, pois ao longo do volume de investimento estrangeiro
período o Banco Central do Brasil em títulos de renda fixa atingiu um
elevou consideravelmente a taxa superávit de US$ 7,34 bilhões
básica de juros e adotou uma política contrastando com US$ 4,58 bilhões.
cambial agressiva visando evitar uma Os dados mostram uma mudança
desvalorização acentuada do real. radical de posição dos investidores que
Tais medidas procuram atrair capital se afastam do mercado acionário
de portfólio e evitam repatriação de brasileiro que é alicerçado em grandes
capital. No entanto, as medidas do empresas produtoras de bens de baixo
Banco Central não tem sido suficientes valor agregado e que enfrentam uma
para evitar a saída do capital baixa persistente nas cotações
especulativo do mercado brasileiro. Ao internacionais dos produtos que
longo dos nove meses de 2008 o saldo comercializam.
foi de US$ 17,07 bilhões, frente a US$ A rubrica outros investimentos
35,58 bilhões para o mesmo período apresentou um saldo negativo de US$
no ano de 2007, uma redução de US$ 1,77 bilhão no terceiro trimestre de
18,51 bilhões, que quase se equipara 2008. Analisando o mesmo período de
ao déficit em transações correntes. 2007 a rubrica revela um saldo
Esses dados mostram o impacto que negativo de US$ 6,6 bilhões. Apesar de
essa conta pode vir a ter no balanço de o cenário internacional estar um
pagamentos. Tais impactos não têm momento de receio com relação a risco
sido observados em razão dos e evitando disponibilizar crédito para
reajustes recorrentes da taxa básica empresas e governos sem solidez, o
de juros, tornando os títulos da dívida Brasil razoáveis financiamentos tanto
pública ainda atrativos. de curto prazo como de longo prazo no
Ao longo do período citado o volume de valor de US$ 5,24, porém no mesmo
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Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES

  • 1. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 01 APRESENTAÇÃO A crise financeira que se espalhou por componentes importados, fazendo todos os países do mundo aprofundou- com que as empresas do setor de se a partir de agosto de 2008 e atingiu eletroeletrônicos começassem a a esfera real da produção gerando reduzir a produção e programassem recessões em vários países no terceiro férias coletivas aos trabalhadores. trimestre do ano. Apesar de toda a Enfim, o aprofundamento da crise d i s c u s s ã o a n t e r i o r s o b r e o mundial levou as grandes montadoras “descolamento”, o Brasil não ficou do setor automobilístico à redução na imune à esse processo, além das produção e a colocarem 47 mil enormes perdas financeiras devido às operários, ou 41,6% da força de quedas na bolsa de valores e a enorme trabalho, em férias coletivas que é o volatilidade cambial, várias empresas prenúncio de demissões. começaram a anunciar a redução na O governo brasileiro que vinha produção e investimentos, por essas defendendo a fortaleza da economia razões o governo e o Banco Central brasileira mudou o discurso e passou a tomaram várias medidas para tentar atuar fortemente, anunciando várias restringir ao mínimo os estragos da medidas, buscando amenizar os crise no Brasil. impactos da crise. Em 22 de outubro, O impacto da crise sobre a economia publicou um decreto autorizando o brasileira manifestou-se de várias Banco do Brasil e a Caixa Econômica f o r m a s . E m p r i m e i r o l u g a r, Federal a comprarem outros bancos, destacaram-se os vultosos prejuízos carteiras problemáticas de outros de empresas brasileiras em suas bancos e até a participação em a p l i c a ç õ e s e s p e c u l a t i va s e m empresas construtoras ou imobiliárias derivativos cambiais. A maior parte em crise de liquidez. Com isso, das empresas e o volume das perdas i m p u l s i o n o u o p r o c e s s o d e continuam desconhecidos, a imprensa centralização do capital bancário que chegou a noticiar prejuízos na ordem levou o Banco do Brasil comprar a de R$ 30 bilhões. Os casos mais Nossa Caixa e à fusão do Banco Itaú notórios foram os da Aracruz Celulose, com o Unibanco. Sadia e Votorantim, cujos prejuízos A i n d a c o m o r e a ç ã o à c r i s e anunciados foram de cerca de R$ 5 internacional, o governo federal e o bilhões. Em segundo lugar, as governo paulista anunciaram, quase empresas exportadoras começaram a simultaneamente, a oferta adicional de encontrar dois tipos de problemas, a créditos para a aquisição de redução no crédito externo para as automóveis no montante de R$ 8 exportações e a queda na demanda e bilhões, o que não impediu a redução no preço das principais commodities na produção de automóveis, as férias exportadas pelo Brasil. Em terceiro, a coletivas e o início do processo de volatilidade e o aumento na taxa de demissões dos trabalhadores no setor câmbio começaram a pressionar os automobilístico. custos de matérias-primas e Por seu lado, o Banco Central começou
  • 2. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 02 devolvendo gradativamente ao mais adequado seria a monetização da sistema bancário uma parte dos dívida pública e a redução na taxa depósitos compulsórios remunerados básica de juros. Primeiro, porque para evitar uma contração maior do liberaria recursos não remunerados crédito bancário, além de atuar que obrigaria os bancos a procurarem fortemente no mercado de câmbio, alguma forma de remuneração principalmente através da venda de diferente da dívida pública e, segundo, derivativos cambiais. reduziria a dívida e seus encargos. Até o final de novembro, as liberações Essa medida sofreria dois tipos de dos depósitos compulsórios atingiram crítica, uma seria a tradicional idéia de o montante de R$ 91 bilhões, segundo que aumentaria a demanda e o presidente do Banco Central. Como pressionaria a inflação, e a outra é que esses depósitos eram remunerados ou pressionaria o câmbio. Quanto à em títulos da dívida pública federal, os primeira, algumas medidas já bancos simplesmente mantiveram a adotadas foram exatamente para maior parte desses depósitos nas aumentar o crédito pessoal visando aplicações em que já estavam, sem estimular a demanda final, pois no aumentar a oferta de crédito. Aliás, quadro de crise mundial em que a iniciaram um processo agressivo de economia se encontra, há pouco elevação das taxas de juros na ponta espaço para aumentos nos preços. A do mercado, aumentando ainda mais o segunda encontra respaldo na política spread bancário, que é a diferença cambial equivocada do Banco Central, entre a taxa de empréstimo e a taxa de cujo resultado é exatamente o captação. Além disso, como o sistema aumento na volatilidade da taxa de bancário brasileiro consegue receitas câmbio decorrente de ações fabulosas somente com a cobrança das especulativas com os derivativos tarifas de serviços bancários, as cambiais do Banco Central. receitas financeiras adicionais estão Por exemplo, o Bacen vende dólares no proporcionando taxas de lucro sem mercado futuro à uma determinada precedentes. taxa de câmbio, suponhamos R$ 2,50 Isso mostra alguns equívocos da no prazo de 60 dias, no vencimento do política monetária. O papel dos contrato, se a taxa do dia no mercado à depósitos compulsórios é o de regular vista estiver a R$ 2,00 ele ganha, mas a criação secundária de moeda se estiver a R$ 3,00, perde. efetuada pelos bancos comerciais a Naturalmente, os compradores terão partir dos depósitos à vista, por isso todo o interesse em pressionar para a eles não deveriam ser remunerados. maior desvalorização comprando mais Os depósitos compulsórios sobre as dólares no mercado à vista, na data do aplicações financeiras remuneradas vencimento. Nessas datas, o Bacen apenas obrigam que o sistema tem que vender dólares no mercado à bancário mantenha em seus ativos vista ao menor preço possível, títulos da dívida pública e não retirando das reservas. Fora desses aplicados em ações ou títulos privados períodos, o Bacen compra os mesmos de dívida. dólares para evitar o excesso de Para aumentar a liquidez bancária, o desvalorização, com isso aumenta as
  • 3. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 03 reservas e até tem ganhado nessas BM&F. Ou seja, dos derivativos operações. Para alimentar toda essa cambiais (swaps) vendidos pelo Banco especulação, a Diretoria do Bacen Central que valorizaram cerca de 7% decidiu, no final de outubro, colocar até no mês, apesar da sua forte US$ 50,0 bilhões em swaps cambiais intervenção vendendo dólares no segundo as “necessidades do mercado à vista. mercado”. Esse conjunto de medidas, tanto do Por isso tudo, além de uma parte do governo federal quanto do Banco capital especulativo que foge do país, Central, mostra que não há uma opção as reservas internacionais caíram e segura contra a crise que se abate aumentaram entre os meses de sobre o sistema capitalista mundial. As setembro e novembro. Passaram de tentativas de reativação da demanda US$ 206,5 bilhões, em 30 de através do crédito não obtiveram setembro, para US$ 203,2 bilhões, em nenhuma resposta positiva do setor 31 de outubro, e aumentaram para produtivo, aliás foi muito mais US$ 206,7 bilhões, em 27 de negativa. As medidas tomadas pelo novembro. Como o último dia útil do Banco Central estão estimulando mês é a data de fechamento da taxa muito mais a especulação financeira e média de câmbio (Ptax) que servirá de a centralização do capital bancário do referência para a liquidação dos que a expansão do crédito. contratos de dólar negociados na Com a recessão oficialmente instalada crise, até mesmo por desconhecer sua nos países desenvolvidos, o governo dimensão e acreditar na blindagem do Lula, após as diatribes e piadas com Brasil aos seus efeitos, a política que vinha tratando a crise mundial até econômica tem atuado em várias há pouco tempo, na crença de que por frentes, mas suas ações têm se ela passaria incólume, terá de mostrar mostrado insuficientes para acalmar o muita competência para impedir que mercado, destravar o crédito e essa atinja o Brasil e para conseguir conter/reverter a desvalorização da colher alguns frutos do crescimento moeda nacional frente ao dólar. Da em 2009, ano que antecede as eleições liberação dos depósitos compulsórios presidenciais de 2010. Por enquanto, bancários, que já passa dos R$ 150 projeções otimistas, como a do FMI, bilhões, às intervenções no mercado indicam uma redução do crescimento de câmbio para conter a alta da moeda do PIB de 5,2% em 2008 para 3% em americana e dos pacotes de 2009, mas não são poucos os institutos empréstimos para sustentar o nível de de pesquisa que estão apostando em atividade em setores altamente um desempenho bem menos geradores de emprego, como a favorável. indústria de construção e a Embora tenha reagido tardiamente à automobilística, os resultados obtidos 1. POLÍTICA ECONÔMICA
  • 4. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 04 não têm sido animadores. internacional, embora contribuam para Na ausência de confiança, o setor compensar os efeitos da desvalorização bancário não retomou o nível anterior do Real sobre a inflação, indicam de operações de crédito, com os acentuada e progressiva queda do r e c u r s o s d o s c o m p u l s ó r i o s saldo da balança comercial e aumento continuando a ser aplicados em títulos preocupante do déficit em conta- do governo; o câmbio, influenciado corrente, tornando a projeção atual, de por seguidas más notícias externas e que este atingirá US$ 35 bilhões em pela pressão de demanda por dólar, 2009, altamente otimista. continua registrando alta volatilidade C o m r e c e s s ã o n o s p a í s e s e s u s t e n t a n d o e x p r e s s i v a desenvolvidos, as perspectivas da desvalorização, apesar do reforço de continuidade de elevadas entradas de US$ 30 bilhões disponibilizados pelo Investimento Externo Direto (IED) no FED para o Banco Central fazer Brasil deixam de ser favoráveis, e, dado intervenções no mercado e da linha de o quadro atual de crise de liquidez, curto prazo de até US$ 22,5 bilhões limitadas as possibilidades do mercado posta à disposição do Brasil pelo FMI; de crédito internacional continuar a atividade produtiva, apesar de suprindo o país de empréstimos para o prosseguir no embalo do crescimento pagamento de seus compromissos anterior, começa a mostrar visíveis externos. Neste caso, o Brasil poderá sinais de desaceleração em vários ter de lançar mão das reservas s e t o r e s , a c o m p a n h a d o s d e externas – atualmente em torno de indicadores sobre a perda de US$ 200 bilhões -, das quais tem se confiança da indústria e dos valido como trunfo para decantar a consumidores, do adiamento de competência da política econômica, investimentos pelas empresas, do para honrar esses compromissos. Com aumento dos níveis de inadimplência e isso, o retorno da vulnerabilidade de projeções que indicam o externa, principal trava do crescimento progressivo aumento do desemprego, econômico, pode tornar-se inevitável, especialmente a partir de janeiro de alimentando as forças da instabilidade 2009. e obstando avanços da economia A maior dificuldade para mitigar as sustentados pelo mercado interno, incertezas que pairam sobre a mesmo que a política econômica venha economia brasileira e começa a a colher alguns frutos nessa frente. paralisar a ação dos agentes As previsões mais otimistas na econômicos se encontra, sem dúvidas, atualidade são de que o Brasil, assim no front externo: o enfraquecimento como outros países emergentes, deve d a d e m a n d a m u n d i a l p o r ser menos afetado de que os países commodities, que respondem por desenvolvidos pela crise. Mas, com cerca de 60% das exportações este quadro, muito dificilmente se brasileiras, e o conseqüente declínio poderá contar com um ano de de seus preços no mercado prosperidade em 2009.
  • 5. Vitória/ES - Boletim Nº 43 - 05 2. INFLAÇÃO A inflação no terceiro trimestre de 5,00%. 2008 demonstrou mudança de O IPCA, índice calculado pelo IBGE e trajetória frente à aceleração do oficialmente adotado pelo governo segundo trimestre. Todos os índices para o cumprimento do sistema de que medem os preços ao consumidor metas de inflação, apresentou, para os tiveram redução no ritmo de meses de julho, agosto e setembro, crescimento. E o principal motivo para variações de 0,53%, 0,28% e 0,26%, tanto está na reversão da tendência de respectivamente. O resultado elevação nos preços dos alimentos, acumulado no ano foi de 4,76% e em que haviam puxado a inflação para doze meses o índice apresenta cima até então. A queda pode ser variação positiva de 6,25%. A variação explicada pelo recuo nas cotações está próxima do teto do Sistema de internacionais de commodities Metas de Inflação, que é de 6,50% ao agrícolas com o aprofundamento da ano. As metas de inflação são crise. Também é possível destacar a estabelecidas pelo Conselho Monetário queda da taxa de câmbio, que no início Nacional e o IPCA é o índice oficial de agosto atingiu a menor cotação em utilizado pelo Comitê de Política q u a s e d e z a n o s , a t i n g i n d o Monetária para atingir a meta US$1,00=R$1,5593. Em setembro, estabelecida, que é de 4,50%, com um entretanto, o dólar disparou, chegando intervalo de tolerância com piso de a US$1,00=R$2,3924, cujos efeitos 2,50% e teto de 6,50%. devem refletir-se já no próximo Analisando os principais grupos de trimestre. bens e serviços que compõem o cálculo Dentre os índices calculados no do índice, observa-se claramente que o município de São Paulo, o IPC, da FIPE, grupo Alimentos e Bebidas contribuiu apresentou variações de 0,45% em com a redução da aceleração do índice, julho, 0,21% em agosto e 0,26% em com deflações nos meses de agosto e setembro, ante 0,96% em junho. O setembro. No acumulado em doze resultado acumulado no ano foi uma meses o grupo foi o que mais variação positiva de 5,07%. Já o índice contribuiu para a elevação do índice, calculado pelo DIEESE, o ICV, subiu com variação de 12,94%, valor menor 0 , 8 7 % , 0 , 3 2 % e 0 , 1 4 % , que os 15,79% em junho. Com a queda respectivamente nos três meses, com nos preços dos alimentos, o INPC, um resultado acumulado no ano de índice calculado pelo IBGE para faixas Jul/08 Ago/08 Set/08 no ano 12 meses IPCA 0,53 0,28 0,26 4,76 6,25 INPC 0,58 0,21 0,15 5,25 7,04 IPC-FIPE 0,45 0,38 0,38 5,07 6,51 ICV-DIEESE 0,87 0,32 0,14 5,00 6,79 IGP-M 1,76 -0,32 0,11 8,47 12,31 IGP-DI 1,12 -0,38 0,36 8,33 11,91 Fonte: IBGE, FIPE, DIEESE e FGV. Tabela 2.1 – Índices de preços (em %) de renda menores e q u e v i n h a a p r e s e n t a n d o resultado maior que o I P C A , d e s t a v e z apresentou variações menores. O índice teve variação positiva de
  • 6. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 06 0,58%, 0,21% e 0,15% nos três maior na composição do índice, meses. A explicação mais uma vez quando há aumento ou redução nesse reside nos preços dos alimentos: como grupo o resultado do índice como um para faixas menores de renda os todo varia também em maior alimentos e bebidas têm um peso proporção do que em índices Tabela 2.2 – Decomposição do IPCA (em %) IPCA Jul/08 Ago/08 Set/08 12 meses Índice geral 0,53 0,28 0,26 6,25 Alimentos e bebidas 1,05 -0,18 -0,27 12,94 Habitação 0,60 0,77 0,50 4,28 Artigos de residência 0,05 0,23 0,37 0,15 Vestuário -0,03 0,39 0,70 6,27 Transportes 0,46 0,06 0,39 3,60 Saúde e cuidados pessoais 0,47 0,32 0,46 5,65 Despesas pessoais 0,51 0,73 0,80 7,53 Educ., leitura e papelaria -0,02 0,42 -0,05 4,53 Comunicação 0,36 0,69 -0,12 1,52 Fonte: IBGE destinados a faixas de renda maiores. O IGP- DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) fechou o mês de julho em 1,12% ante variação de 1,89% em junho. Nesse mês, todos os índices que compõem o IGP-DI recuaram se comparados ao mês de junho. O IPA- queda deveu-se principalmente ao IPA DI (Índice de Preços por Atacado – que fechou agosto em - 0,80% contra Disponibilidade Interna) passou de 1,28% em julho. Dentro desse índice o 2,29% em junho para 1,28% em julho, grupo que mais variou foi Produtos devido à desaceleração de seus Agrícolas que abandonaram uma c o m p o n e n t e s : o i t e m B e n s elevação de 1,14% para - 5,09% em Intermediários passou de 2,59% para agosto. O IPC e INCC tiveram menor 1,86%, o item Matérias-Primas Brutas elevação em agosto, respectivamente, de 3,33% para 1,39%, e Bens Finais de 0,14% e 1,18%. 0,99% para 0,44%. O IPC (Índice de O IGP-DI fechou o mês de setembro Preço ao Consumidor) desacelerou ao com alta de 0,36% após deflação deixar para trás uma elevação de verificada no mês anterior. O IPA teve 0,77% em junho para uma elevação de alta de 0,44%, com destaque para o 0,53% no mês seguinte. O principal componente Matérias-Primas Brutas, grupo dentro do índice que contribuiu que após um decréscimo de 4,84% em para essa suavização foi o grupo agosto, apresentou alta de 0,51% em Alimentação, ao partir de uma setembro. O IPC para esse mês expansão de 1,85% em junho para desacelerou 0,09%, com contribuição 0,83% em julho. O INCC (Índice dos preços da habitação (0,72% para Nacional da Construção Civil) recuou 0,24%) e da alimentação (-0,71% de 1,92% para 1,46% na comparação para -0,97%). O INCC desacelerou junho/julho. A Mão-de-Obra teve a para 0,95%; o item Materiais cedeu de desaceleração mais significativa, 2,40% para 1,78% e o item Serviços cedendo para 1,14% frente a 2,25% de 0,66% para 0,23%. em junho. Em julho, o IGP-M (Índice Geral de No mês de agosto, o IGP-DI Preços – Mercado) desacelerou 1,76%, apresentou deflação de 0,38%. Essa em contrapartida a uma alta de 1,98%
  • 7. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 07 em junho. Todos os componentes 11,46%) e bovinos (7,59% para - desse índice apresentaram suavização 0,68%). O IPC fechou em 0,23%, no ritmo de alta. O IPA passou de aceleração menor do que a verificada 2,27% para 2,20% em julho, com no mês anterior, com contribuição do participação do item Bens Finais grupo Alimentos (1,41% para -0,46) e cedendo de 1,23% para 0,38%. O IPC Educação, Leitura e Recreação (0,34% fechou o mês em 0,65%, ante para 0,03%). O INCC teve alta de elevação de 0,89% no mês anterior. 1,21%, destacando-se o grupo O IGP-M apresentou deflação de Serviços (1,09% para 0,5%) e Mão- 0,32% em agosto, principalmente de-Obra (1,27% para 0,25%). devido a queda do preço dos No mês de setembro, o IGP-M voltou a alimentos. Essa é a primeira deflação acelerar fechando em 0,11%. O IPA mensal apresentada pelo índice desde saiu de uma deflação para uma abril de 2006, quando caiu -0,42%. O aceleração de 0,04%. O grupo IPA teve queda de 0,74%, influenciado Matérias-Primas Brutas (-4,71% para - pelo grupo Matérias-Primas Brutas que 1,21%) foi, neste mês, assim como no passou de uma aceleração de 3,78% anterior, o maior responsável pela para uma queda de 4,71%. Ressalta- variação do índice. O grupo Bens Finais se nesse grupo a participação da soja apresentou decréscimo passando de em grãos (9,38% para -13,32%), do 0,32% em agosto para -0,18% em milho em grãos (11,64% para - setembro. O IPC caiu para 0,06%, Tabela 2.3 – Componentes do IGP-DI (em %) Indicadores Jul/08 Ago/08 Set/08 Ano 12 Meses IGP-DI 1,12 -0,38 0,36 8,33 11,91 INCC 1,46 1,18 0,95 10,27 11,88 IPA-DI 1,28 -0,80 0,44 9,47 14,32 IPC 0,53 0,14 -0,09 4,44 5,59 Fonte: FGV No mês de julho, o preço da cesta básica aumentou em 14 das 16 capitais pesquisadas pelo DIEESE - D e p a r t a m e n t o Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos - sendo significativas em Goiânia, Salvador e registrada as maiores altas em Rio de Janeiro, 4,97%, 4,57%, 2,06%, Curitiba, Salvador e Porto Alegre, respectivamente. O preço do feijão 7 , 3 5 % , 5 , 4 5 % e 5 , 0 9 % , manteve o comportamento altista em respectivamente. Porto Alegre 11 capitais, sendo em Salvador apresentou a cesta mais cara do país 17,23% e Recife 10,75%. (R$ 259,29). A capital capixaba Em agosto, o preço da cesta básica registrou o valor de R$ 230,19, no apresentou queda em 15 das 16 período. Dentre os alimentos com capitais pesquisadas. Recife e Natal comportamento altista, destacaram- registraram as maiores quedas, - se a carne, o leite e o feijão. A carne, 10,77%, -10,73%, respectivamente, produto de maior peso na cesta básica Goiânia foi a única cidade a apresentar registrou alta em 14 capitais, sendo as alta, 1,15%. Porto Alegre continuou a mais expressivas em Brasília, 10,49%, registrar a cesta mais cara, R$ 241,16. e Salvador, 7,95%. O preço do leite Já em Vitória foi apurado o valor de R$ obteve alta em 10 cidades, as mais 207,99. O preço do tomate destacou-
  • 8. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 08 se pelo recuo nas 16 capitais, sendo as Goiânia, 10,14%. taxas mais expressivas às ocorridas E m s e t e m b r o , p e r s i s t i u o em Natal -60,00% e Vitória -55,56%. comportamento de queda dos preços O óleo de soja, também registrou da cesta básica. As mais significativas queda nas 16 cidades, sendo em foram apuradas em Belém, 7,34% e Aracaju a mais expressiva -10,98%. Salvador 5,28%. No período, a capital Também se observou queda no preço paulista passou a apresentar a cesta da carne em 11 capitais, as principais mais cara do país, R$ 234,68, diminuições ocorreram em Aracaju, - ultrapassando Porto Alegre, R$ 7,33% e Brasília, -6,30%. Dentre os 232,16. Em Vitória o valor apurado foi produtos que apresentaram alta de R$ 205,09. Dentre os produtos em destacou-se o açúcar, que registrou que houve o predomínio de queda, o aumento em 7 cidades, a maior em óleo de soja se destacou com Capitais Jul/08 Ago/08 Set/08 Var.(%) Aracaju 196,61 185,86 176,05 -10,46 Belém 211,13 206,33 191,19 -9,44 Belo Horizonte 247,01 231,26 220,97 -10,54 Brasília 236,69 229,17 221,03 -6,62 Curitiba 244,30 229,93 218,10 -10,72 Florianópolis 238,53 219,01 223,47 -6,31 Fortaleza 199,49 178,37 169,67 -14,95 Goiânia 204,22 206,56 198,28 -2,91 João Pessoa 194,90 182,29 177,82 -8,76 Natal 211,64 188,93 183,57 -13,26 Porto Alegre 259,29 241,16 232,16 -10,46 Recife 197,35 176,09 167,76 -14,99 Rio de Janeiro 240,03 214,68 215,58 -10,19 Salvador 195,65 187,28 174,25 -10,94 São Paulo 252,13 241,15 234,68 -6,92 Vitória 230,19 207,99 205,09 -10,90 Fonte: DIEESE Tabela 2.4 – preço médio da cesta básica – R$ correntes d i m i n u i ç ã o n a s 1 6 capitais, com Aracaju, - 12,66%, e Curitiba, - 12,50%, com as maiores quedas. O preço do pão caiu em 14 cidades, as quedas mais acentuadas ocorreram em Belém e Natal, -4,56% e -4,54%, respectivamente. A carne, produto de maior peso na cesta básica, registrou alta em 9 localidades, a maior em Florianópolis, 8,85%. O preço da m a n t e i g a , t a m b é m apresentou alta em 10 cidades, sendo sendo em algumas capitais quedas a maior delas na capital capixaba, bem acentuadas, como em Recife, - 10,61%, resultado muito acima dos 14,99%, e Fortaleza, -14,95%. Vitória apurados para as demais capitais. também apresentou queda bastante Verificaram-se, no período analisado, expressiva, de -10,90%. muitas quedas no valor da cesta básica 3. NÍVEL DE ATIVIDADE PIB desconsiderando as influências Superando as expectativas, o Produto sazonais (Tabela 3.1). Este resultado Interno Bruto (PIB) referente ao foi o dobro do registrado no trimestre segundo trimestre de 2008 cresceu, passado. Em relação ao mesmo 1,6% em relação ao trimestre anterior, trimestre do ano anterior o
  • 9. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 09 crescimento foi de 6,1%; comparando crescendo no ritmo do ano passado. o acumulado do ano 6%; e Com isso as projeções para o ano de comparando os últimos quatro 2008 foram reajustadas para cima, trimestres, também 6% (Tabela 3.1). embora se espere certo arrefecimento O resultado do PIB para o segundo do crescimento no segundo semestre, trimestre de 2008 reflete uma frente ao possível aprofundamento da economia robusta, que continua crise internacional. Tabela 3.1 - Principais resultados do PIB a preços de mercado Discriminação 2º Trim/07 3º Trim/07 4º Trim/07 1º Trim/08 2º Trim/08 Acumulado no ano/mesmo período do ano anterior 4,9 5,1 5,4 5,9 6,0 Últimos quatro trimestres/quatro trim. imediatamente anteriores 4,8 5,1 5,40 5,8 6,0 Trimestre/mesmo trimestre do ano anterior 5,4 5,6 6,2 5,9 6,1 Trim./trim. imediatamente anterior (com ajuste sazonal) 1,3 1,9 1,8 0,8 1,6 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. Em valores correntes, o PIB somou, no setor (5%) e pelo crescimento das segundo trimestre de 2008, R$ 716,9 operações de crédito para o setor bilhões. Deste aumento, R$ 608,5 habitacional (26,7%). bilhões referem-se ao valor adicionado O setor de Serviços aumentou em a preços básicos, aumento de 5,7% 5,5%. Os maiores destaques foram em relação ao mesmo trimestre de para Intermediação Financeira e 2007, e R$ 108,4 bilhões a impostos Seguros (12,7%); Serviços de líquidos sobre produtos, uma Informação (9,7%) e Comércio expansão de 8,5% em relação ao (8,9%). mesmo trimestre do ano anterior. Ótica da Demanda Ótica da Oferta Pelo lado da Demanda, destaca-se o A Agropecuária, no segundo trimestre crescimento da Formação Bruta de de 2008, registrou aumento de 7,13% Capital Fixo (16,2%), explicado pela em relação ao mesmo trimestre de i m p o r t a ç ã o d e m á q u i n a s e 2007. Foi o maior indicador, e reflete a equipamentos e pelo ritmo demelhoria das safras neste ano. crescimento da construção civilA atividade industrial obteve um (9,9%). Outro fator que influenciou noaumento de 5,7% em comparação com o mesmo trimestre do ano alto crescimento da FBCF foi a taxa de passado. Aproximadamente 80% do juros efetiva, que no segundo PIB industrial é constituído pela trimestre de 2008 (11,7% ao ano) construção civil, que se destacou e ficou abaixo da mesma taxa no mesmo obteve um crescimento de 9,9% em período de 2007 (12,3% ao ano). Arelação ao mesmo trimestre de 2007. variável Investimento cresce a umaEste forte aumento foi beneficiado pelo taxa acima de dois dígitos há cincoaumento da população ocupada no
  • 10. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 10 trimestres consecutivos, o que vem crescimento elevado (5,3%). assegurando a capacidade produtiva Na Demanda Externa, as Exportações brasileira. de Bens e Serviços obtiveram uma Pelo lado do Consumo, as famílias elevação de 8,1%, devido, em grande aumentaram as despesas em 6,7% parte, ao fim da greve dos auditores em relação ao mesmo trimestre do fiscais, que durou 56 dias e prejudicou ano passado. Fatores que explicam as exportações. As importações este crescimento são: a elevação de fecharam com crescimento de 25,8%. 32,7%, em termos nominais, do saldo O Setor Externo vem prejudicando das operações de crédito do sistema bastante o PIB devido às importações. financeiro com recursos livres para Analistas dizem que as estas vêm pessoas físicas; a elevação de 8,1% da puxando para baixo o PIB, nos últimos massa salarial real, que se deve ao quatro trimestres, em -2,93 pontos aumento da ocupação. De janeiro a percentuais. Sendo assim, o PIB junho o saldo entre contratados e poderia ter alcançado um ritmo de demitidos ficou em 1,361 milhão. Por crescimento acima de 8% se as outro lado, o Consumo do Governo importações fossem substituídas por não apresentou forte elevação, produção interna. mesmo se mantendo num ritmo de Setor de Atividade Variação em volume em relação ao mesmo trimestre do ano anterior - % 2007.II 2007.III 2007.IV 2008.I 2008.II Agropecuária 1,1 9,7 8,6 3,0 7,1 Indústria 6,9 5,0 4,3 6,9 5,7 Extrativa Mineral 5,9 2,0 0,3 3,3 5,3 Transformação 7,4 5,7 4,0 7,3 4,8 Construção Civil 6,3 5,0 6,2 8,8 9,9 Prod. e distrib. de eletricidade, gás e água 5,9 3,8 6,5 5,5 4,5 Serviços 4,5 4,6 5,3 5,0 5,5 Comércio 8,1 7,4 8,4 7,7 8,9 Transporte, amarzenagem e correio 5,9 4,6 4,9 3,7 4,4 Serviços de informação 7,0 8,6 8,9 9,5 9,7 Interm. financ. seguros, prev. Complem. 9,4 13,3 20 15,2 12,7 Outros serviços 2,3 1,7 1,6 2,6 4,0 Ativ. imobilárias e aluguel 4,0 3,2 2,4 2,1 1,9 Adm. saúde e educação públicas 0,8 1,0 0,4 1,1 2,3 Valor adicionado a preços básicos 4,8 5,1 5,3 5,5 5,7 Impostos líquidos sobre produtos 9,2 8,7 11,6 8,0 8,5 PIB a preços de mercado 5,4 5,6 6,2 5,9 6,1 Despesa de consumo das famílias 5,8 6,0 8,6 6,6 6,7 Despesa de consumo da adm. pública 3,4 3,1 2,2 5,8 5,3 Formação bruta de capital fixo 13,9 14,6 16,0 15,2 16,2 Exportação de bens e serviços 13,3 1,8 6,4 (-)2,1 5,1 Importação de bens e serviços (-) 18,6 20,4 23,4 18,9 25,8 Fone: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação das contas nacionais Tabela 3.2 - Brasil: Produto Interno Bruto (em %)
  • 11. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 11 estudado, a manutenção da trajetóriaIndústria ascendente na atividade produtiva,Durante todos os meses de 2008 o observada desde o início do ano pelocomportamento da indústria foi índice de média móvel trimestralinfluenciado, principalmente, pelo embora as projeções para o fim desteforte crescimento da produção de ano e início de 2009 apontem para umamáquinas e equipamentos e de bens d e s a c e l e r a ç ã o d o r i t m o d ede consumo duráveis (especialmente crescimento, baseada no recuo doveículos). Esses setores, como crédito, agravado com a criseafirmamos nas edições anteriores, internacional e da política monetáriaestão se beneficiando do forte contracionista iniciada em abril. Osaumento da demanda interna e do resultados se encontram na Tabela 3.3.crédito. Observa-se, no período O mês de Setembro, no acumulado em vinte e sete atividades investigadas e comparação com mesmo mês de 2007, todas as categorias de uso apresenta aumento de 6,45% com apresentaram crescimento, sendo que perfil generalizado: vinte e duas das os acréscimos mais importantes para o Atividade Abr Mai Jun Jul Ago Set Indústria Geral 7,24 6,2 6,27 6,67 6,01 6,45 Indústrias Extrativas 5,86 6,13 6,39 6,84 7,07 7,36 Indústria de Transformação 7,33 6,21 6,26 6,66 5,95 6,39 Alimentos 3,79 3 2,48 2,72 1,2 1,15 Bebidas -0,59 -0,7 0,29 0,75 0,37 0,72 Fumo -7,74 -11,8 -11,23 -7,68 -8,63 -7,98 Têxtil 2,15 0,47 0,11 0,67 0,21 0,43 Vestuário e acessórios 10,49 7,01 6,71 6,39 5 5,96 Calçados e artigos de couro 0,09 -2,41 -3,69 -3,36 -4,2 -3,57 Madeira -2,46 -4,57 -5,16 -6,42 -7,85 -8,93 Celulose, papel e produtos de papel 5,75 6,4 6,35 6,28 6,02 6,97 Edição, impres. e reprod. de gravações 0,21 1,59 1,11 1,46 1,55 2,9 Refino de petróleo e álcool 1,22 2,02 2,2 2,58 1,98 1,93 Farmacêutica 4,08 4,94 4,67 6,7 8,25 10,65 Perf, sabões, deterg. e prod. de limp. -0,43 -2,23 -3,14 -3,29 -4,1 -4,07 Outros produtos químicos 7,02 5,64 5,35 5,75 4,86 4,46 Borracha e plástico 9,42 8,45 8,95 9,27 8,7 8,76 Minerais não metálicos 7,62 7,13 7,8 8,42 8,9 9,85 Metalurgia básica 8,14 7,41 7,56 7,91 7,87 7,83 Prod. de metal – excl. máq. e equip. 8,99 8,46 8,95 6,86 5,71 5,99 Máquinas e equipamentos 12,77 10,39 9,4 10,03 9,22 10,59 Máq. p/ escrit. e equip. de informática -8,42 -8,69 -5,56 -2,43 -2,92 -2,07 Máq, apar. e materiais elétricos 8,2 6,28 6,97 6,78 6,3 6,96 Mat. eletrônico, apar. e equip. de com. 8,77 6,85 7,37 8,91 6,76 6,2 Equip. e instr. Méd. -hospitalar, ópticos 15,84 12,08 12,1 14,8 14,8 16,97 Veículos automotores 21,68 18,22 18,42 18,43 17,24 17,56 Outros equipamentos de transporte 34,08 31,84 33,14 32,52 29,83 31,54 Mobiliário 5,97 4,51 5,16 5,28 3,85 4,23 Diversos -1,03 -2,25 -0,62 0,35 -0,37 0,55 Fonte: IBGE / Sidra – Pesquisa da Indústria Mensal Produção Física Tabela 3.3 - Produção Física Industrial por Atividades (Var. % Acumulada em relação à igual período do Ano Anterior)
  • 12. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 12 resultado global foram novamente exportações preocupa e deverá ser, em apontados pelas indústrias de veículos 2009, ainda menos acelerado do que automotores (17,56%), seguida de vem se mostrando na segunda metade máquinas e equipamentos (10,59%), de 2008. farmacêutica (10,65%) e outros Outro aspecto interessante a se e q u i p a m e n t o s d e t ra n s p o r t e registrar é o aumento contínuo do (31,54%). Os segmentos que estão Nível de Utilização de Capacidade liderando o crescimento da atividade Instalada (Nuci) calculado pela industrial são também os que têm Confederação Nacional da Indústria puxado a ocupação industrial. Vê-se (CNI), que desde o início de 2006 que a continuidade da expansão do chama a atenção por coincidir com o emprego industrial em setembro início do período de forte expansão dos acompanha os bons resultados investimentos. Neste período inicial, a apurados na produção do setor, produção cresceu a um ritmo superior segundo a economista da coordenação ao da capacidade instalada, de indústria do IBGE, Isabella Nunes. d i m i n u i n d o a o c i o s i d a d e . Segundo ela, os resultados trimestrais Posteriormente, o índice se estabiliza - de ocupação "mostram um ciclo forte a partir do segundo semestre de 2007 - de expansão do emprego na sugerindo uma ampliação de indústria". O emprego industrial capacidade advinda da maturação dos aumentou 2,5% no terceiro trimestre investimentos feitos anteriormente. deste ano frente a igual período de Esse aumento no Nuci – embora 2007, totalizando nove trimestres constante – é moderado, o que consecutivos de expansão nessa base contrasta com o ritmo acelerado de de comparação. O IBGE destaca ainda crescimento tanto do emprego quanto que “a amplitude do crescimento das horas trabalhadas na indústria, também é confirmada pelo aumento sinalizando novamente um possível e m 6 5 % d o s 7 5 5 p r o d u t o s resultado da ampliação da capacidade pesquisados, enquanto em agosto produtiva, efeito das inversões esse percentual alcançou 48%”. realizadas nos períodos anteriores. Outro sintoma disso é o processoEntretanto, o setor automotivo, que contínuo de elevação da produtividadedurante todo ano recebeu atenção do trabalho na indústria, medida naespecial pelos resultados e, Pesquisa Industrial Mensal dejustamente por sua importância Emprego e Salário (Pimes), do IBGE. Orelativa no cálculo total da produção, Nuci em Julho de 2008 apresentou umdepara-se agora com alguns desafios. crescimento na série com ajusteO setor (que representa em torno de sazonal no valor de 83,5%, o mais alto5,4% do Produto Interno Bruto do da série histórica. Depois de umapaís) vinha crescendo num ritmo ligeira estabilização na utilização daacima da sua capacidade e prepara-se capacidade instalada em agostopara não crescer em 2009, devido (83%), em setembro o índice passaprincipalmente a redução na para 83,3%. Em setembro do anoconcessão de crédito ao consumidor, passado, a utilização da capacidadevariável comprometida pela crise instalada da indústria brasileira era deinternacional de liquidez. O ritmo das
  • 13. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 13 82,6%. Comércio Em suma, o comportamento da Na passagem do segundo para o produção industrial no primeiro terceiro trimestre do ano de 2008, o semestre foi marcado por uma alta comércio varejista apresentou um leve volatilidade, em parte explicada pelo crescimento de 9,3% para 10,2%. Os efeito dos dias úteis, cuja influência se resultados do volume de vendas para torna mais importante quanto maior os meses de Julho, Agosto e Setembro for a utilização de capacidade. Este foram 0,1%, 1,1%, e 1,2%, fator explica, em grande parte, tanto a respectivamente. Setembro foi o queda ocorrida em agosto quanto a sétimo mês consecutivo a apresentar recuperação de setembro. Assim, variação positiva em relação ao mês sabendo-se que com exceção de imediatamente anterior. agosto, os demais meses do segundo N u m a a n á l i s e t r i m e s t ra l d o semestre terão dias úteis a mais do comportamento de cada segmento do que os meses do segundo semestre de comércio mostra que todos apontaram 2007, há boas perspectivas para o crescimento no índice acumulado no resultado no final do ano. ano (tabela 3.4). Demonstrando que o Porém, segundo a Coordenação de setor ainda não sente reflexo da Indústria do IBGE, é possível um redução do ritmo frente a grave crise contágio da crise nos próximos meses. econômica mundial. A atividade Os ramos mais afetados serão os de “Outros artigos de uso pessoal e bens de capital (máquinas e doméstico” (20,8%), seguida de e q u i p a m e n t o s ) e d u r á v e i s móveis e eletrodomésticos (16,9%), (eletrodomésticos e veículos), mais continua apresentando a maior taxa de sensíveis ao crédito, escasso e caro. crescimento do comércio varejista Além da restrição do crédito, há outros para os últimos 12 meses. Tais sinais que preocupam, como por resultados continuam a ser explicados exemplo, as férias coletivas de pela melhoria no quadro geral da montadoras e de empresas da Zona economia (expansão do crédito, Franca de Manaus, que vão atingir a melhoria da massa de salários da produção de alguns setores. população ocupada e redução dos Atividades Jul/08 Ago/08 Set/08 Trim* Jan/Set 12 meses Comércio varejista 0,1 1,1 1,2 10,2 10,4 10,3 Combustíveis e lubrificantes 0,3 0,2 0,1 13,5 10,0 8,8 Hiper, super alim. beb. e fumo -0,1 1,4 0,6 4,9 5,5 5,7 Supermercados e hipermercados -0,8 1,7 0,5 4,5 5,3 5,5 Tecidos, vestuário e calçados -3,0 0,8 2,8 7,3 10,1 10,6 Móveis e eletrodomésticos 1,5 1,2 3,1 17,9 18,3 16,9 Outros art. uso pés. e doméstico 4,0 -1,0 1,9 18,1 20,3 20,8 Comércio varejista e ampliado 0,4 -1,3 4,0 12,9 13,8 13,7 Veículos, motos, partes e peças 0,8 -3,4 5,5 18,0 20,7 21,0 Material de construção 1,3 -0,8 1,0 12,1 11,5 12,2 Fonte: Pesquisa mensal do comércio (IBGE) *variação percentual em relação a igual período imediatamente anterior Tabela 3.4 – Vendas no varejo por atividade (variação real%)
  • 14. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 14 preços dos eletrônicos). 20,7% no acumulado no ano e 21,0% Já o segmento de “hipermercados, no acumulado últimos 12 meses. A s u p e r m e r c a d o s , p r o d u t o s conjuntura econômica do país até o alimentícios, bebidas e fumos” obteve mês de julho veio propiciando a um aumento de 4,9% em relação ao expansão das vendas do ramo com a trimestre anterior. Este desempenho, redução das taxas de juros e a segundo o IBGE, reflete o aumento dos a m p l i a ç ã o d o s p r a z o s d e preços dos alimentos em termos f i n a n c i a m e n t o , b e m c o m o anuais (13,3% segundo o IPCA). Em expectativas positivas quanto à agosto a atividade volta ser a manutenção do emprego. Porém no responsável pela maior contribuição à mês de agosto os agentes econômicos taxa global do varejo (38%), e mesmo temerosos com o agravamento da abaixo do comportamento médio do crise passaram a ser mais rigorosos varejo, expressa uma tendência de com concessão de crédito e elevaram recuperação do segmento quando as taxas de juros fazendo com que o comparado com os resultados dos dois setor caísse da primeira para a terceira meses anteriores, refletindo um posição em termos de contribuição à provável fim do efeito da inflação. E em taxa global do varejo ampliado relação a setembro o resultado reflete, indicando acomodação deste mercado em parte, um efeito base pelo maior após 19 meses de crescimento a taxas número de finais de semana do mesmo de dois dígitos. Segundo o IBGE o mês do ano de 2007. comércio varejista capixaba manteve- Para o Comércio Varejista Ampliado, se em expansão registrando um que é composto do varejo, mais as crescimento de 10,8% no trimestre e atividades de veículos, motos, partes e 10,5% no ano. O único segmento a peças e de material de construção, registrar possíveis efeitos da crise e obtém-se novamente desempenho das recentes medidas de restrição ao superior ao comércio varejista. A crédito é o de “materiais de venda de veículos, motos, partes e construção” que apresentaram uma peças registrou um crescimento de queda de -7,2% no mês de agosto. Tabela 3.5 – Vendas no varejo por atividade – Espírito Santo (variação real %) Atividades Jul/08 Ago/08 Set/08 Trim. Jan/Set 12 meses Comércio varejista 14,0 9,8 8,6 10,8 10,5 9,5 Combustíveis e lubrificantes 18,2 20,2 25,4 21,3 10,9 8,7 Hiper.,Super.,alim.beb . e fumo 6,9 4,4 -1,6 3,2 4,6 5,3 Supermerc. e hipermercados 6,4 3,9 -2,2 2,7 4,1 4,9 Tecidos, vestuário e calçados 26,9 17,6 18,2 9,5 21,8 18,6 Móveis e eletrodomésticos 33,7 23,4 39,4 32,2 27,6 22,1 Out. artigos de uso pes.e dom. 17,4 -7,3 11,9 7,3 13,5 8,3 Comércio varejista e ampliado 30,5 22,9 22,5 25,3 23,7 22,8 Veículos, motos, partes e peças 54,7 40,7 41,1 45,5 44,2 44,2 Material de construção 6,9 -7,2 8,9 2,8 5,4 5,3 Fonte: Pesquisa Me nsal do comércio (IBGE).
  • 15. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 15 Quais os impactos da crise financeira, (Programas de Demissão Voluntária). sobremaneira causada pelo “auri sacra Assim, a conjuntura relativamente fames” (execrável fome por ouro) do favorável ao emprego que se tem mercado financeiro, para o mercado de observado no Brasil logo poderá ser trabalho no Brasil? revertida dependendo dos próximos Em geral, de acordo com os fatos episódios da crise. recentes, a resposta é que afetará O aumento da taxa de desemprego, a substantivamente. Em tempos de crise redução do salário médio real do o normal é que a taxa de desemprego t r a b a l h a d o r, o a u m e n t o d a eleve-se. De acordo com Juan precariedade do trabalho (bem como Somavía, diretor-geral da OIT da pobreza) e a perda da proteção (Organização Internacional do social do trabalho são variáveis que se Trabalho) ocorrerá um corte de 20 poderão ser agravadas com a crise. Os milhões de empregos no período da lucros da bonança financeira foram crise. Este número pode até ser privatizados, porém tudo indica que as considerado subestimado, segundo perdas serão socializadas. Somavía, pois ainda não se sabe a Em relação à taxa de desemprego no magnitude da crise (mesmo que Brasil no terceiro trimestre de 2008, existam aqueles que afirmam que esta houve resultados positivos frente ao crise é pior do que a de 1929). mesmo período do ano anterior pelas Conforme previsão da OIT, o número duas principais metodologias de de desempregados aumentará de 190 pesquisa. Pelo IBGE (Instituto milhões em 2007 para 210 milhões em Brasileiro de Geografia e Estatística), o 2009. fim do período registrou queda da taxa Mas, e a situação no Brasil? A de desemprego para 7,6% (Tabela conjuntura nos indica que não está 4.1). muito diferente da situação mundial. Por outro lado, o DIEESE fechou o Muitas empresas, dentre elas as período apresentando resultado de siderúrgicas, metalúrgicas e 12,7% para a região metropolitana de automobilísticas estão reduzindo a São Paulo (Tabela 4.1). A redução na produção. Férias coletivas estão sendo taxa de desemprego reflete um programadas bem como PDVs aumento da posição de ocupados com 4. EMPREGO E SALÁRIOS Tabela 4.1 - Taxa de Desemprego (%) Meses IBGE* DIEESE** 2007 2008 2007 2008 Julho 9,5 8,1 15,0 12,7 Agosto 9,5 7,6 15,0 12,8 Setembro 9,0 7,6 15,1 12,7 * Média das seis maiores regiões metropolitanas do país. ** Região Metropolitana de São Paulo. Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED c a r t e i r a d e t r a b a l h o , resultado que pode ser explicado pela demanda interna aquecida, mesmo em momentos de tensão no que diz respeito à crise financeira e retração do crédito mundial. No que tange ao rendimento médio real, este também
  • 16. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 16 obteve melhora no período. De acordo feita. Segundo o IPEA, 91,5% das com o IBGE, para todo o período o v a g a s c r i a d a s a p r e s e n t a m resultado foi melhor em relação ao remuneração de até 3,5 salários mesmo período do ano anterior. Na míninmos. Isto significa que mesmo o comparação entre os três meses de crescimento da economia, que pode 2008 também ocorreu melhora. Pelo ser considerado como o grande fator DIEESE, o mês de julho apresentou propulsor na criação de empregos, uma retração de 4,97% em relação ao ainda não se mostrou forte o suficiente mesmo período do ano anterior, porém para gerar um aumento na taxa de a recuperação ocorreu em agosto, com crescimento das vagas com melhores crescimento de 7,55% em relação ao faixas de remunerações. A PEA mesmo período do ano anterior (População Economicamente Ativa) (Tabela 4.2).Uma ponderação sobre a aumentou em todo o período, sendo criação de novos empregos deve ser estimada em 23.797 milhões de pessoas na categoria de dispostas a de novas ocupações, embora a PEA ofertar sua mão-de-obra para o também tenha crescido a um ritmo trabalho. Este crescimento se deu de menor. forma menos intensa em relação ao Em outra medida, o comportamento mesmo período de 2007. Neste das pessoas desocupadas apresentou período 338 mil pessoas ingressaram comportamento diferenciado ao longo na PEA. do terceiro trimestre do ano de 2008. A O número das pessoas ocupadas tendência era de queda até o mês detambém se elevou, com ingresso de setembro, quando 27 mil pessoas311 mil pessoas classificadas como passaram a fazer parte da categoria deocupadas no terceiro trimestre de 2008. Este resultado é positivo, porém desocupadas. Isto significa que apesar inferior ao obtido em no mesmo d a m a n u t e n ç ã o d a t a x a d e período de 2007. Neste período 418 desemprego em 7,6% registrada em mil pessoas foram classificadas como setembro ser uma das menores da ocupadas. Este saldo negativo, história do país, ela esconde umcomparando-se o terceiro trimestre de aumento absoluto do número de2008 em relação a 2007 pode significar desocupados. Quanto ao empregouma redução da aceleração da criação Tabela 4.2 - Rendimento Médio Real - em R$ e variação percentual em relação ao mesmo mês do ano anterior Meses IBGE * DIEESE** 2007 2008 Var (%) 2007 2008 Var (%) Julho 1185,24 1231,02 3,86 1190,27 1131,08 -4,97 Agosto 1180,87 1256,96 6,44 1200,66 1291,35 7,55 Setembro 1184,69 1267,30 6,97 1239,94 - - ** Seis regiões metropolitanas. * Região Metropolitana de São Paulo. Deflator: IPCA. Mês: Set/2008=100. Fonte: IBGE/PME e DIEESE/PED pessoas em setembro de 2008 para as seis regiões metropolitana s (Tabela 4.3). I s t o representou um ingresso de 221 mil
  • 17. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 17 formal, os dados do CAGED (Cadastro trimestre de 2008 indicam que o saldo G e r a l d e E m p r e g a d o s e entre empregados e desempregados Desempregados) para o terceiro no país situou-se em 725.182 novos redução de 81.766 vagas criadas em postos de trabalho em relação ao relação ao trimestre imediatamente mesmo período de 2007. No trimestre, anterior e um aumento de 213.693 o maior saldo de empregos criados foi Tabela 4.3 - População Economicamente Ativa (Regiões Metropolitanas - em mil pessoas) Ocupadas Desocupadas Total Meses 2007 2008 2007 2008 2007 2008 Julho 20.832 21.668 2.175 1.908 23.007 23.576 Agosto 21.049 21.820 2.216 1.791 23.264 23.611 Setembro 21.250 21.979 2.095 1.818 23.345 23.797 Fonte: IBGE/PME empregos ( T a b e l a 4 . 4 ) , o q u e significou u m a Tabela 4.4 – Saldo entre empregados e desempregados no Brasil por setor – 2008 Atividade Econômica Julho Agosto Setembro Total Extrativa Mineral 1.450 1.579 1.481 4.510 Indústria de Transformação 37.495 54.576 114.002 206.073 Serv. Indust. Util. Pública 1.120 1.120 1.046 3.286 Construção Civil 35.078 35.882 32.769 103.729 Comércio 25.292 54.159 53.260 132.711 Serviços 51.292 95.191 104.653 251.136 Admin. Pública 6.551 1.611 942 9.104 Agropecuária 44.940 -4.995 -25.312 14.633 Total 203.218 239.123 282.841 725.182 Fonte: MTE – CAGED no setor de S e r v i ç o s (251.136), c o m destaque para três ramos que s ã o atividades fechando o trimestre com aumento dede informática e serviços relacionados; 132.711 novos postos de trabalho a l o j a m e n t o , a l i m e n t a ç ã o e celetistas contra 112.867 no trimestre m a n u t e n ç ã o ; t r a n s p o r t e e imediatamente anterior. Isso ocorreu comunicação. Além disso, outro devido ao impulso dado pelo comércio desempenho digno de destaque foi o varejista que criou 108.127 vagas no da Indústria de Transformação, que trimestre, cerca de 81% do setor para o período em questão.criou cerca de 28% das novas vagas A agropecuária teve um desempenhototais, com destaque em julho para a negativo no trimestre com 14.633metalurgia e material de transporte, novos empregos criados contra em setembro e agosto para produtos 178.314 no trimestre imediatamente alimentícios; têxtil e vestuário. anterior. Porém, apresentou uma O comércio apresentou crescimento na recuperação substancial em relação ao geração de postos de trabalho, mesmo período do ano passado,
  • 18. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 18 quando fechou o trimestre com saldo na geração de postos de trabalho com negativo de 41.183 empregos formais. 48% do total do trimestre, com Em termos regionais (Tabela 4.5), o destaque para os estados de São Paulo Sudeste mais uma vez esteve à frente (219.925 novas vagas criadas), com 62.27% dos empregos gerados na 6 1 . 8 0 0 n o v o s e m p r e g o s , região e Minas Gerais (63.653 novos respectivamente, no trimestre postos de trabalho). Merece atenção o anterior. setor de Serviços nessa região, por Espírito Santo concentrar os maiores centros Durante o terceiro trimestre de 2008, comerciais do país. As regiões Norte e segundo o CAGED, o Espírito Santo Nordeste tiveram acréscimos bastante obteve um saldo de 10.588 novos consideráveis com relação ao segundo empregos formais criados. Em relação trimestre de 2008 com a criação de ao trimestre anterior, o Espírito Santo 3 1 . 8 9 3 e 2 0 0 . 9 3 8 v a g a s , o b t e v e u m a r e d u ç ã o d e , respectivamente, contra 27.375 e aproximadamente, 48,2% na criação de novos postos d e t r a b a l h o c e l e t i s t a s , embora tenha alcançado uma variação positiva de 82,4% em r e l a ç ã o a o t e r c e i r o t r i m e s t r e d e 2007. A variação Tabela 4.5 – Saldo entre ligados e desligados no Brasil por região (total no trimestre) Atividade Econômica Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Extrativa Mineral 802 451 2.167 1.069 21 Indústria de Transformação 5.563 95.457 75.478 27.487 2.088 Serv. Indust. Util. Pública 567 431 1.137 773 348 Construção Civil 4.905 23.852 50.408 14.741 9.823 Comércio 5.679 18.829 73.065 23.955 11.183 Serviços 12.697 32.942 155.656 34.894 14.947 Admin. Pública 231 1.884 5.282 1.683 24 Agropecuária 1.449 27.092 -10.004 -6.882 2.978 Total 31.893 200.938 353.189 97.720 41.412 Fonte: MTE – CAGED Tabela 4.6 - Evolução do Emprego Formal por Setor de Atividade Atividade Econômica jul/08 ago/08 set/08 Total Extrativa Mineral -23 65 -32 10 Indústria de Transformação 1.173 995 1.089 3.257 Serv. Ind. Util. Pública 69 40 26 135 Construção Civil 917 698 455 2.070 Comércio 335 365 1.873 2.573 Serviços 943 1.918 2.320 5.181 Adm. Pública 135 8 13 156 Agric., Silvicultura -1.695 -569 -530 -2.794 Total 1.854 3.520 5.214 10.588 Fonte: CAGED foi negativa em quase todos os encontrando. As exceções foram os setores, sendo expressiva nos setores s e t o r e s d e I n d ú s t r i a d e de Adm. Pública (-46,2%) e Transformação, que registrou tímidos Construção Civil (-35,5%), e 0,31% de variação positiva em seu
  • 19. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 19 saldo, e Serviços, cuja variação foi agrícola registrou um saldo negativo de de 8,5%. Ainda assim, à exceção de 2.794, relacionado com o fim da safra de três setores (Serv. Ind. Util. Pública, café. Um fraco desempenho também Comércio e Adm. Pública), todos pode ser observado no setor Extrativo registraram variações positivas em Mineral, com a geração de apenas 10 relação ao terceiro trimestre de postos celetistas no período, ainda 2007. Neste trimestre, o setor de afetado pelo desempenho fraco da serviços novamente liderou a indústria de Mármore e Granito frente à geração de empregos no estado, crise internacional. Este setor enfrenta com um saldo de 5.181 novos postos uma forte queda nas exportações de celetistas, seguido pela Indústria de rochas ornamentais, atingindo 8,3% em Transformação, com 3.257 novos setembro. Até o fim do ano, prevê-se postos puxada, principalmente, pelo uma queda entre 15 e 20% nas d e s e m p e n h o d a i n d ú s t r i a exportações capixabas e uma metalúrgica e pelo Comércio, com reorganização do setor. No terceiro 2.573 novos postos. Já o setor trimestre, observou-se, ainda, uma Tabela 4.7 - Evolução do Emprego Formal por Setor de Atividade Econômica Atividade Econômica Espírito Santo Região Metropolitana* Vitória Extrativa Mineral 10 34 34 Indústria de Transformação 3.257 2.002 204 Serv. Ind. Util. Pública 135 142 114 Construção Civil 2.070 1.798 853 Comércio 2.573 1.514 370 Serviços 5.181 3.409 1.559 Adm. Pública 156 51 6 Agric., Silvicultura -2.794 20 -8 Total 10.588 8.970 3.132 Fonte: CAGED *Região Metropolitana da Grande Vitória: Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Guarapari exceto Fundão grande concentração da geração de Espírito Santo. Em segundo lugar, empregos na região metropolitana, novamente encontra-se a Serra, com r e s p o n s á v e l p o r 8 . 9 7 0 um saldo positivo de 2.748 novos (aproximadamente 84,7%) dos novos postos devido ao bom desempenho postos celetistas criados no período, nos setores de Construção Civil e um incremento de 45,1% em sua Serviços. O único município a participação na geração de empregos apresentar saldo negativo na geração no estado. Deste total, 3.132 de empregos durante o período foi empregos formais foram criados Guarapari, com -194, impulsionado somente na cidade de Vitória, pelo saldo negativo do setor de representando 29,5% do total para o Construção Civil (-175).
  • 20. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 20 No terceiro trimestre do ano 2008, a 1.500% no crédito pessoal”. Assim, os taxa de juros Selic, sofreu elevação de sucessivos aumentos nos juros, não 0,75 pontos percentuais, saltando dos garantem redução nas intenções de 13% a.a. no início do período para compra, uma vez que o consumidor 13,75% a.a., no final do mesmo, ou leva mais em consideração a garantia seja, um aumento de 5,8% na taxa. O do emprego e se financiamentos comitê de política monetária (Copom), cabem no seu orçamento. Ademais, o “considera neste momento que, em presidente do Conselho Regional de que pese a deterioração das Economia do Rio de Janeiro (Corecon- perspectivas para o crescimento RJ), João Paulo de Almeida Magalhães, econômico mundial, os riscos para a levanta outras questões sobre a materialização de um cenário elevação da taxa. Em entrevista para inflacionário benigno no país não Agência Brasil, diz que “aumentar a apresentaram ainda melhora taxa neste momento é uma loucura”, suficientemente convincente”. pois para ele, “um dos maiores gastos Entretanto, o vice-presidente da do Estado é com o pagamento dos Associação Nacional dos Executivos de juros da dívida, estimado em R$ 160 F i n a n ç a s , A d m i n i s t r a ç ã o e bilhões neste ano, o que, por si só, Contabilidade (Anefac), Miguel José recomendaria corte na taxa de juros”. Ribeiro de Oliveira, argumenta que os Isso pode ser retratado, com a efeitos da elevação da taxa de juros participação do M4 que engloba os Selic são ínfimos e não tem os títulos públicos, na evolução dos rebatimentos almejados no consumo agregados monetários, que em agosto interno, pois, “a distância entre a taxa de 2008, já representa 72% do PIB, Selic e as taxas efetivamente cobradas ver gráfico 5.1. nos financiamentos era até então de Na análise dos agregados para o 134,22% ao ano, o que dá uma trimestre, tabela 5.1, a demanda por variação de quase 1.000% entre as liquidez imediata do público já se não duas pontas, e garante que tem reflete com tanta clareza, pois o financeira cobrando diferença de até conceito de grau de liquidez perde 5. POLÍTICA MONETÁRIA Tabela 5.1 : Base Monetária, componentes e meios de pagamentos Saldo em final de período (em R$ milhões) e variação em 12 meses (%) Componentes jul/08 ago/08 set/08 R$ % R$ % R$ % Base Monetária 129 092 11,5 132 071 15,4 136 936 13,8 Papel moeda emitido 94 091 20,0 95 835 20,0 98 211 17,0 Reservas Bancárias 35 001 -6,4 36 236 4,6 38 725 6,5 Meios de Pagamentos 189 955 13,3 187 988 10,1 193 428 10,0 Moeda em poder do pub. 76 074 2,0 76 915 1,1 79 895 3,9 Depósitos à vista 113 880 1,9 111 072 -2,5 113 533 2,2 Meios de Pagamentos referem-se à média dos saldos nos dias úteis. Fonte: BCB. Nota para a imprensa
  • 21. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 21 sentindo atualmente. Devido, todos os o grau de multiplicação da base a g r e g a d o s a s s u m i r e m monetária, ou seja, o poder de criação comportamento de quase-moeda, ou de moeda secundária pelo setor seja, podendo ser convertidos bancário, mostrou-se bem estável facilmente em haveres líquidos. O com, 1,40 em julho e setembro, contra próprio Departamento Econômico do 1,41 em agosto, que revela para o Banco Central do Brasil divulgou os período a criação de 40 centavos para novos critérios dos meios de cada real emitido. No trimestre, a pagamento ampliados, que ficaram variação do papel moeda emitido foi de definidos pelos seus sistemas 4,3%, representando uma elevação de emissores e não mais pelo grau de 1,4 pontos percentuais em relação ao liquidez. trimestre anterior (abril, maio e Dessa forma, a base monetária junho), que teve variação trimestral de apresentou variação de 6,1% no 2,9%, assim houve uma expansão do trimestre e cresceu 15,4% e 13,8%, papel moeda em termos relativos na respectivamente, nos meses de julho, comparação dos períodos. agosto e setembro, 11,5%, em relação O M2 corresponde a M1 e às poupanças aos mesmos meses do ano anterior. de alta liquidez realizadas no mercado O multiplicador monetário, que revela interno por famílias, empresas e instituições depositárias, alcançando tanto pelas aplicações nas quotas fixa, em agosto de 2008 o percentual de c o m o p e l a s o p e r a ç õ e s 27% do PIB, de acordo com o gráfico compromissadas com o Bacen. Já para 5.1. A tabela 5.2 mostra que no o M4, a expansão no trimestre foi de trimestre o M2 teve variação de 9,2%, 3,7% contra 2,6% no trimestre os depósitos de poupança de 2,5%, os passado. depósito de investimentos 2,6% e os No gráfico 5.1 isso fica claro, Vê-se títulos privados 14%, sendo o último o claramente que a participação de M3 e maior responsável pelo o aumento do M4 em relação ao Produto Interno M2. Bruto é muito superior aos outros Tem-se no M3, uma variação no meios de pagamento, especialmente o trimestre de 3,3% contra 3,6% no M3. Pois, esse está refletindo trimestre passado, queda provocada exatamente a política de juros e Tabela 5.2 - Meios de Pagamentos (M4) - Saldos em R$ milhões Discriminação Jul/08 Ago/08 Set/08 Depósitos p/ investimentos 2.907 2.821 2.984 Depósito de poupança 251 931 254 773 258 295 Títulos privados 465 013 504 581 533 712 M2 905 717 949 454 989 680 Quotas de fundos de renda fixa 793 871 785 087 778 335 Operações Compromissadas com títulos federais 66 998 66 407 57 063 M3 1 766 586 1 800 948 1 825 079 Títulos federais (SELIC) 320 208 321 870 340 953 Títulos estaduais e municipais 38 38 38 M4 2 086 832 2 122 857 2 166 070 Fonte: BCB. Nota para a imprensa
  • 22. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 22 endividamento interno e a abertura marcado pela turbulência no setor financeira do país. A política de taxas externo, ainda sob reflexo da crise de juros elevadas deve ser econômico-financeira. As rápidas acompanhada de aumento de alterações da taxa de câmbio colocação de títulos públicos federais o b s e r v a d a s n e s s e p e r í o d o no mercado aberto. Para tanto, demonstraram uma vulnerabilidade da mantém a taxa juros no patamar economia brasileira frente aos almejado, onerando-se assim o setor problemas internacionais. Apesar de público que, por sua vez, fica servindo ter alcançado um alto nível de de âncora para a política monetária credibilidade no último ano, o país atual. encontra-se, assim como os demais, O terceiro trimestre de 2008 foi em situação de alerta. A autoridade monetária buscou agir para que os observado em julho, em que houve impactos nas operações financeiras uma pressão positiva sobre a base cheguem mais brandos ao lado real da monetária, o que refletiu um aumento economia. de liquidez na economia. Fatores As operações do tesouro nacional como: encargos da dívida contratual mantiveram sua tendência de pressão externa (R$ 3,16 bilhões) e os negativa sobre a base monetária no encargos da dívida pública mobiliária saldo do trimestre. Essa tendência federal - que passaram de R$ 6,85 reflete, em grande parte, o esforço bilhões em junho para R$ 11,02 fiscal feito pelo governo para superar a bilhões em julho – influenciaram esse meta de superávit primário do ano resultado. Mas o principal motivo anterior. O único movimento atípico foi dessa pressão positiva apareceu na Gráfico 5.1 - Evolução dos Agregados Monetários em Relação ao PIB - 2004/2008 - Fim de período 0 10 20 30 40 50 60 70 80 08/2004 08/2005 08/2006 08/2007 08/2008 Mês/Ano Percentual M0 - base monetária M1 M2 M3 M4 Fonte: IPEADATA
  • 23. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 23 relação tesouro nacional-banco 35 bilhões por mês, em média. O central, em julho o Banco Central fez resultado dessas operações (diferença um resgate de R$ 23,5 bilhões em entre a rentabilidade do DI e a variação títulos públicos, expandindo a base cambial mais cupom) representou monetária. Houve ainda gastos ganho para o Banco Central no menores com subsídios, pessoal e trimestre, o que afetou negativamente encargos sociais. a base monetária. O destaque foi o As operações com derivativos, mês de setembro que apresentou R$ efetuadas através do swap cambial e 6,5 bilhões para o Banco Central. Esse swap cambial reverso, apresentaram, ganho é explicado pela desvalorização segundo o Banco Central, uma de 16,5% do real frente ao dólar exposição total líquida negativa em R$ durante o mês. A cotação do dólar que da base monetária devido ao resgate capital das empresas, que alcançou de títulos, principalmente no mercado US$ 4,3 bilhões. Em setembro, a primário. Essas operações serviram situação do investimento em carteira para contrabalançar as pressões se inverteu completamente: houve negativas do tesouro nacional (em uma saída líquida de recursos de US$ agosto e setembro -R$ 10,3 bilhões e 1 , 8 b i l h ã o . O e m p r é s t i m o –R$ 5,0 bilhões, respectivamente); e intercompanhias, no valor de US$ 3,6 das operações com derivativos (-R$ bilhões, foi o fator que ajudou a manter 6,5 bilhões em setembro). uma pequena pressão positiva do setor Em julho, o investimento em carteira externo sobre a base monetária. foi o principal componente do setor A análise dos fatores condicionantes externo responsável pela expansão da da base monetária permite observar base monetária, com saldo positivo de que a instabilidade gerada pela crise US$ 4,6 bilhões. Com o mercado internacional atinge nitidamente a financeiro mais instável, a entrada de economia brasileira através das recursos de investimento em carteira operações financeiras que se reduziu para US$ 989 milhões em relacionam com o setor externo. agosto. A pressão sobre a base Mesmo com a alta taxa básica de juros monetária se manteve positiva fixada pelo COPOM para o controle da durante este mês devido ao inflação, houve uma contração do investimento estrangeiro direto no investimento em carteira, quando país, sob a forma de participação no normalmente observa-se que o Tabela 5.3 – Fatores Condicionantes da Base Monetária Fluxos acumulados no mês ( R$ milhões ) Discriminação jul/08 ago/08 set/08 Oper. do Tesouro Nacional 133 -10 325 -5 041 Oper. com títulos públicos federais -5 957 14 554 14 221 Operações do Setor externo 2 724 2 058 286 Redesconto do Banco Central 0 0 28 Depósitos de instituições financeiras -1 748 -2 045 1 766 Operações com derivativos - ajustes 1 040 -1 336 -6 507 Outras contas 108 74 112 Variação da base monetária -3 701 2 979 4 865 Fonte: BCB. Nota para a imprensa. estava em R$ 1,64 no i n í c i o n o m ê s encerrou este período em R$ 1,91. A atuação direta do Banco Central feita p o r m e i o d a s operações com títulos públicos federais resultou em expansão
  • 24. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 24 aumento da taxa básica de juros crescimento de 12,2% nas operações resulta em aumento desse tipo de fundamentadas em recursos externos, investimento. Isso revela a incerteza como os contratos de arrendamento dos agentes, devido ao aumento do m e r c a n t i l ( l e a s i n g ) e o s risco dessas operações, e a maior adiantamentos de contrato de câmbio, liquidez buscada pelos aplicadores. e um aumento de 3,6% nos Outro fator relacionado com o setor financiamentos concedidos pelo externo que apresentou alteração BNDES. Neste contexto, apesar do devido à instabilidade financeira é a governo de negar a existência de um operação de swap cambial que, apesar pacote econômico para combater os de ter representado ganho para o efeitos da crise, já anunciou uma série Banco Central nesse trimestre, refletiu de medidas para proteger o Brasil, o aumento brusco da demanda por como a venda de dólares, com e sem dólares, também devido à incerteza e compromisso de recompra e a redução ao risco, o que desestabilizou o na taxa de recolhimento dos câmbio. Essas contas, operações com compulsórios. setor externo e derivativos, merecem Os empréstimos contratados pelo destaque na análise conjuntural da setor privado da economia atingiram crise, pois envolvem fatores como taxa um volume total de R$ 1,127 trilhão, de câmbio e taxa básica de juros, que em setembro, o que representa um têm ligação direta com a parte não crescimento de 3,5%, no mês, e financeira da economia. 22,9%, no ano. Segundo ao Banco Operações de Crédito Central, foi devido especialmente à As operações de crédito do sistema e x p a n s ã o d o s e m p r é s t i m o s financeiro mantiveram-se em ritmo de concedidos aos setores da indústria e crescimento elevado no terceiro outros serviços. Os segmentos de trimestre de 2008 e alcançaram um alimentação, energia e metalurgia volume total de R$ 1,149 trilhão, em foram os principais responsáveis pelo setembro, o que representa um crescimento do crédito industrial em aumento de 3,5% frente ao mês 5,4%, no mês de setembro, e 9,6%, anterior e de 34% nos últimos doze no trimestre, alcançando um volume meses, chegando a 39,1% do PIB total de R$ 268,1 bilhões. Já no que se brasileiro. Os resultados alcançados refere à expansão da carteira de são devidos, principalmente, a um crédito do setor de outros serviços, os Tabela 5.4 – Operações de Crédito do Sistema Financeiro Saldo por Atividade Econômica (R$ milhões) Setor Público Setor Privado Total GeralMeses Gov. federal Est. e munic. Total Indús- tria Habi- tação Rural Comér- cio Pessoas Físicas Outros Serviços Total Jul/08 3.935 15.559 19.494 248.316 54.218 98.761 112.814 365.357 186.916 1.066.382 1.085.876 Ago/08 4.578 15.871 20.449 254.474 56.177 99.551 117.441 370.985 191.216 1.089.844 1.110.293 Set/08 4.782 16.502 21.284 268.143 57.941 102.543 119.903 379.314 199.776 1.127.621 1.148.905 Faixa de Risco (setembro 2008 em %) AA+A 99,8 67,5 74,7 73,4 46,1 50,0 60,8 66,7 67,6 65,2 65,4 B a G 0,2 31,2 24,3 25,7 48,8 46,2 37,3 28,6 31,0 32,0 31,8 H 0,0 1,3 1,0 0,9 5,1 3,8 1,9 4,7 1,4 2,8 2,8 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: BCB. Nota para a imprensa
  • 25. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 25 s e g m e n t o s d e t ra n s p o r t e e total de R$ 21,3 bilhões. telecomunicações apresentam-se A taxa básica de juros, no trimestre em como impulsionadores do crescimento questão sofreu dois incrementos de mensal de 4,5% e de 8,2% no 0,75%, situando-se a um patamar de trimestre. 13,75% ao ano. Já as taxas médias de Os setores comerciais, rurais e juros usualmente praticadas pelas habitacionais, também apresentaram instituições financeiras atingiram um um elevado crescimento no período patamar de 53,1% a.a. no segmento analisado. O setor de comércio obteve de pessoas físicas, por conta da um incremento de 2,1% e 8,2%, elevação das taxas de juros do cheque alcançando um volume de R$ 119,9 especial e do crédito pessoal, e, bilhões de empréstimos, no mês. As manteve-se estável para pessoas operações de crédito destinadas ao jurídicas em 28,3% a.a. Estas taxas, segmento rural apresentaram um juntamente com a expansão do crédito volume total de R$ 102,5 bilhões, o ajudaram os grandes bancos que representa um crescimento de 3% comerciais brasileiros a não sofrerem no mês de setembro e de 4,2% no perdas com a crise até o momento, trimestre, devido ao início do plantio visto que todos tiveram um da safra do próximo verão. Já os crescimento no lucro líquido no financiamentos concedidos ao período. segmento habitacional registraram A inadimplência neste período, uma elevação 3,1% no mês, devido à considerando os pagamentos utilização de recursos advindos do atrasados em mais de que 90 dias, FGTS e da caderneta de poupança para manteve-se praticamente constante, a aquisição imobiliária. nos meses de agosto e setembro, em Os empréstimos destinados às todos os setores. No segmento de pessoas físicas atingiram um volume pessoas físicas ocorreu uma queda de de R$ 379,3 bilhões em setembro, 0,2 p.p., passando 12% para 11,8%, uma expansão de 2,2% no mês e 6,2% devido à redução na concessão de no trimestre. Os empréstimos ao setor créditos de alto risco. Nas operações público apresentaram um incremento destinadas às indústrias ocorreu uma de 4,1% no mês de setembro e de queda de 0,1 p.p. na taxa de 10,1% no trimestre, alcançando um inadimplência, situando-se em 2,7%. 6. POLÍTICA FISCAL Os principais indicadores fiscais Governo Central, por meio da elevação disponíveis em novembro deste ano, do superávit primário em comparação referentes ao mês de setembro, ainda ao ano anterior. Essa estratégia, não manifestaram, de forma sensível, associada a uma política financeira de efeitos da crise externa em curso. O administração da dívida pública no que os dados evidenciaram foi a plano cambial, possibilitou, no continuidade da política de ajuste acumulado do ano corrente, a quase fiscal, especialmente da parte do zeragem da relação déficit nominal PIB
  • 26. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 26 e a continuidade da queda da relação Em 2007, nesse mesmo período, o DLSP/PIB. Além do esforço fiscal superávit equivaleu a R$ 51,5 bilhões, crescente da parte do Governo Federal 2,74% do PIB. O superávit do e das Empresas Estatais, ambos acumulado no ano de 2008 foi apresentando superávits nominais, alcançado devido à substancial esses resultados estão fortemente participação do Tesouro Nacional. Esse influenciados por aspectos financeiros: âmbito expandiu nominalmente seu o elevado volume de reservas superávit em 28,8% comparando-se externas, que torna negativa a dívida ao ano anterior, contabilizando até externa líquida e reduz a dívida total; a setembro R$ 113 bilhões; a obtenção de receitas financeiras da Previdência Social teve um déficit de parte do Banco Central, abatendo os R$ 31,8 bilhões, com uma diminuição gastos com juros nominais do Governo nominal de 11% em relação ao ano Central. anterior e por fim o Banco Central Ante o aprofundamento dos impactos reduziu o déficit para R$ 0,4 bilhão ou negativos da crise externa na um decréscimo nominal de 26%, em economia, o governo têm cogitado relação ao acumulado no ano prévio. trabalhar com o valor mínimo do O terceiro trimestre de 2008 superávit primário fixado pela LDO apresentou uma redução gradativa do 2009 para o Setor Público Consolidado resultado primário em termos (3,8% do PIB). Segundo o ministro do mensais. Não obstante, o superávit no planejamento, Paulo Bernardo, “não trimestre é superior ao de igual faz sentido aumentar o esforço fiscal período em 2007. No trimestre houve no momento em que a economia dá um crescimento nominal de 21,8% nas sinais de desaceleração”. O ministro receitas totais em relação a igual de ressaltou também a importância do trimestre 2007. No mês de agosto, as investimento público, através da receitas do tesouro apresentaram um redução do resultado primário em decréscimo sazonal de 9%. A relação ao PIB, a fim de compensar a a r r e c a d a ç ã o d e r e c e i t a s possível redução do investimento extraordinárias com Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ),privado em tempos de crise.¹ A LDO Contribuição Social dos Lucrosestabeleceu que o superávit primário Líquidos (CSLL) e a receita trimestralpoderia ser elevado do seu valor da participação especial na exploraçãomínimo, 3,8% do PIB, até 4,3%, ao se de petróleo e gás natural, verificadaagregar 0,5% da poupança extra do em julho, explica em parte esseFundo Soberano. decréscimo. Também em agostoOs nove meses de 2008 evidenciaram observou-se um incremento nominala estratégia do governo em expandir o superávit primário do Governo ¹VALOR ON LINE. Governo reduz superávit de 2009 p a r a 3 , 8 % . R e t i r a d o d e :Central, calculado pela Secretaria do Tesouro Nacional, no critério acima da linha. O indicador fiscal referido, no acumulado do ano corrente até setembro, foi da ordem de R$ 80,8 . Publicado em:31 de Outubro de2008.Acessoem: 2deNovembrode2008bilhões ou 3,81% do PIB (tabela 6.1). http://www.valoronline.com.br/ValorImpresso/Mater iaImpresso.aspx?tit=Governo%20reduz%20o%20su per%c3%a1vit%20de%202009%20para%203,8%& dtMateria=31%2010%202008&codMateria=52390 69&codCategoria=83
  • 27. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 27 de 30% das transferências aos Estados e Municípios em relação a julho corrente Ocorreu encargos sociais, equivalentes a R$ 13 bilhões, são explicados pelo . a elevação de R$ 3,4 adiantamento de parcela do décimo bilhões nas transferências aos fundos terceiro salário dos servidores do de participação, além disso, pelo Poder Executivo Federal. Os gastos acréscimo de R$ 1,7 bilhão nas demais com o custeio e capital, da ordem de transferências em decorrência da R$ 17,7 bilhões, também foram do repasse de recursos significativos em julho. Esses gastos provenientes de “royalties” de petróleo decorreram da elevação das despesas e gás natural. Em setembro de 2008 com seguro desemprego e abono houve uma elevação nominal de 56% salarial do Fundo de Amparo ao das receitas do Banco Central em Trabalhador (FAT) no montante de R$ relação a agosto. 2,1 bilhões. Em setembro de 2008 as A despesa total, no último trimestre, despesas mais expressivas foram os teve um comportamento nominal b e n e f í c i o s p r e v i d e n c i á r i o s , crescente de 13% em relação ao contabilizados em R$ 20,8 bilhões. mesmo período do ano precedente, Isso ocorreu devido ao pagamento da apesar da redução desta em agosto e primeira parcela do abono anual à setembro se comparada com o valor maioria dos segurados e dependentes de julho de 2008. No mês de julho os da Previdência. As contas fiscais para o dispêndios maiores com pessoal e Governo Consolidado, no critério sazonalidade abaixo da linha obtido pelo Banco cerca de 30% superior ao verificado Central, mostram o desempenho fiscal em igual período em 2007. A do setor público através da variação do ampliação do esforço fiscal do Governo endividamento líquido. O resultado Central é o que explica tal primário consolidado, no acumulado comportamento, tendo esse âmbito até setembro de 2008, registrou um elevado, em igual período, a relação superávit de R$ 118,4 bilhões, 5,59% superávit primário/PIB de 2,84% para do PIB. Este superávit primário foi 3,82%. No mesmo período, os 6.1 Resultado Primário do Governo Central (R$ milhões) Discriminação set/07 jan- - set/07 jul/08 ago/08 set/08 jan- - set/08 I. RECEITA TOTAL 49.294,9 444.506,7 62.844,3 58.451,1 60.006,9 526.247,8 I.1. Receitas do Tesouro 37.834,8 346.546,0 49.488,4 45.128,5 46.373,6 411.628,0 I.2. Receitas da Previdência Social 11.392,6 97.108,1 13.230,2 13.193,2 13.430,0 113.356,2 I.3. Receitas do Banco Central 67,5 852,5 125,7 129,4 203,3 1.263,6 II. TRANSF. A ESTADOS E MUNICÍPIOS 7.896,9 76.464,3 9.265,8 12.080,6 9.530,0 94.115,3 III. RECEITA LÍQUIDA TOTAL (I -II) 41.398,0 368.042,4 53.578,5 46.370,5 50.476,9 432.132,4 IV. DESPESA TOTAL 41.359,3 316.547,2 46.380,9 40.112,9 44.469,3 351.304,3 IV.1. Pessoal e Encargos Sociais 8.962,2 84.091,8 13.016,3 9.524,0 9.949,1 92.090,9 IV.2. Benefícios Previdenciários 20.550,4 132.848,9 15.407,5 17.253,5 20.846,5 145.166,5 IV.3. Custeio e Capital 11.678,2 97.925,3 17.710,1 13.098,4 13.255,8 111.789,1 IV.4. Transf . do Tesouro ao Banco Central 11,1 287,4 68,1 68,2 74,6 594,1 IV.5. Despesas do Banco Central 157,4 1.393,8 178,9 168,8 343,2 1.663,8 V. RESULTADO PRIMÁRIO GOV . CENTRAL 38,7 51.495,2 7.197,6 6.257,5 6.007,6 80.828,1 V.1. Tesouro Nacional 9.286,4 87.777,2 9.428,1 10.357,2 13.564,0 113.038,6 V.2. Previdência Social -9.157,7 -35.740,8 -2.177,3 -4.060,3 -7.416,5 -31.810,3 V.3. Banco Central -89,9 -541,3 -53,2 -39,4 -139,9 -400,2 VI. RESULTADO PRIMÁRIO/PIB (%) 2,74 3,81 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional
  • 28. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 28 governos regionais e as estatais ano, processo interrompido a partir do reduziram essa mesma relação. segundo trimestre, também contribuiu No mês de setembro de 2008, para explicar o que ocorreu no âmbito verificou-se um superávit primário do central. No global houve redução de Governo Consolidado de R$ 10,0 6,35% para 5,92% da relação bilhões. Deste valor, R$ 5,17 bilhões despesas com juros/PIB para o foram obtidos pelo Governo Central, Governo Consolidado, comparando-se R$ 1,59 bilhões pelos Governos os acumulados em 2007 e 2008. Regionais e R$ 3,24 bilhões pelas A relação resultado nominal/PIB do Empresas Estatais. Setor Público Consolidado aproximou- As despesas com juros nominais para o se à zero no acumulado até setembro Setor Público, em setembro de 2008, de 2008, equivalendo a 0,33%, contra totalizaram R$ 6,14 bilhões, numa 1,5% em igual período no ano queda de mais de 50% frente ao mês passado. O déficit de R$ 7,06 bilhões, anterior. Explica essa queda a redução contra R$ 11,92 bilhões de 2007, das despesas com juros do Governo deveu-se ao significativo déficit Federal e dos governos regionais e os nominal dos Governos Regionais (R$ ganhos financeiros do Banco Central 26,14 bilhões). Ele ocorreu a despeito em setembro, estes últimos do forte superávit nominal do Governo equivalentes à R$ 3,86 bilhões. As Central (R$ 7,35 bilhões) e das despesas com juros acumularam, até Empresas Estatais (R$ 11,73 bilhões). setembro de 2008, R$ 125,47 bilhões No mês de setembro de 2008 (5,92% do PIB), valor R$ 6,1 bilhões verificou-se um superávit nominal de superior ao mesmo período de 2007. R$ 3,86 bilhões para o Setor Público Os Governos Regionais foram os Consolidado. As Empresas Estatais principais responsáveis pela ampliação foram as que mais contribuíram para desse gasto, incrementando-o em esse valor, com um superávit nominal 92,5%, tendo ocorrido redução da de R$ 2,74 bilhões, seguidas pelo parte do Governo Central. A queda da Governo Central (-R$ 1,01 bilhões). A taxa Selic no primeiro trimestre do Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) Tabela 6.2 – Necessidades de Financiamento do Setor Público (R$ milhões) Discriminação set/07 Jan-set/07 jul/08 ago/08 set/08 jan-set/08 I. Resultado Primário -3 554 -91 223 -12 109 -10 184 -10 005 -118 414 I.1. Governo Central - 812 -53 326 -7 774 -7 253 -5 173 -80 877 I.2. Governos Regionais -1 389 -25 588 -2 847 -2 467 -1 590 -26 121 I.3. Empresas Estatais -1 353 -12 310 -1 488 - 464 -3 242 -11 416 II. Juros Nominais 15 473 119 363 18 777 12 527 6 142 125 472 II.1. Governo Central 9 622 93 737 9 883 5 727 4 160 73 526 II.2. Governos Regionais 6 198 27 145 9 008 6 641 1 482 52 258 II.3. Empresas Estatais - 347 -1 520 - 114 158 500 - 313 III. Resultado Nominal 11 919 28 140 6 668 2 343 -3 863 7 058 III.1. Governo Central 8 811 40 412 2 109 -1 526 -1 013 -7 351 III.2. Governos Regionais 4 809 1 558 6 162 4 174 - 108 26 138 III.3 – Empresas Estatais -1.701 -13.829 -1.603 -306 -2.742 -11.729 (+) déficit (-) superávit Fonte: BCB – Nota para a imprensa de 31/10/2008.
  • 29. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 29 No que tange ao endividamento das operações de swap cambiais mobiliário, manifestaram-se liquidadas atingiu cerca de R$ 2,7 alguns indícios de efeitos da crise bilhões em setembro. Por outro financeira internacional ao longo lado, as expectativas pessimistas do terceiro trimestre de 2008. O alavancaram a alta da taxa de juros que se pôde observar, num domésticos. Houve impacto direto primeiro momento, foi a tentativa sobre os prazos de vencimentos do mercado de esterilizar os efeitos d o s t í t u l o s a d q u i r i d o s , provocados pela desvalorização do principalmente, os títulos de Real. Segundo a ata do COPOM de rentabilidade prefixada, que outubro de 2008, as medidas para apresentaram redução expressiva atenuar os efeitos da crise se na estrutura de seu vencimento. limitaram às intervenções do Tais acontecimentos colocaram por Banco Central no mercado de terra o argumento da imunização câmbio e a venda de títulos com economia brasileira frente à crise r e n t a b i l i d a d e p r e f i x a d a . externa, proferido durante todo o Corroborando tal fato, o montante primeiro semestre de 2008. atingiu R$ 1,13 trilhão em setembro de Por outro lado, o aumento da despesa 2008, 38,3% do PIB. Equivaleu, em com juros respondeu pela elevação da agosto do mesmo ano, a R$ 1,18 dívida em 4,3 p. p. trilhões, 40,4% do PIB. A relação No que tange à composição da dívida, D L S P / P I B t e m d e c r e s c i d o o acúmulo crescente de reservas pelo seguidamente, de 42,7% em Banco Central, tem resultando numa dezembro de 2007, atingindo 38,3% dívida externa líquida negativa. A em setembro de 2008. dívida interna, distintamente, elevou- Ao longo de 2008 os principais fatores se continuamente, apesar de manter que atuaram no sentido de reduzir a uma relação estável com o PIB. Esse dívida pública foram: o superávit último aspecto se explica, em grande primário, respondendo por 4 p.p. do medida, pela elevação do superávit PIB nessa redução, o efeito do PIB primário, pela queda da taxa Selic no valorizado, em 3,5 p.p. e o ajuste face primeiro trimestre do ano e pelo bom a desvalorização cambial, em 0,9 p.p. comportamento do PIB no período. Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (R$ milhões) Discriminação set/07 dez/07 jul/08 ago/08 set/08 Dívida Líquida Total 1.120.509 1.150.357 1.192.177 1.182.748 1.127.157 Governo Central 798767,9 816.681 840.320 828.429 782.229 Governos Regionais 362517,2 373.323 394.458 399.256 401.172 Empresas Estatais -40.776 -39.647 -42.601 -44.938 -56.244 Dívida Líquida Total 1.120.509 1.150.357 1.192.177 1.182.748 1.127.157 Dívida Interna Líquida 1.336.840 1.393.139 1.456.916 1.462.033 1.461.587 Dívida Externa Líquida -216.330 -242.782 -264.739 -279.286 -334.430 DLSP em % do PIB 43,2 42,7 40,7 40,4 38,3 Fonte: BCB – Notas para a imprensa de dezembro de 2007 e de 31/10/2008
  • 30. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 30 Não obstante, conforme a tabela de juros de longo prazo que 6.4, o perfil da dívida analisado refletiram na diminuição de 0,4 através dos seus indexadores não p.p. da participação dos títulos mostrou números preocupantes: a vinculados à TR, taxa que é participação dos títulos prefixados referência para os rendimentos da continua aumentando e a dos poupança. Já a participação das títulos indexados à Selic continua operações no mercado aberto diminuindo. Alguns indícios de atingiu o seu maior valor durante o impactos, por um lado, podem ser ano de 2008 (19,9%) no mês de d e s t a c a d o s . A s m u d a n ç a s julho de 2008. O aumento deveu- relacionadas à participação dos se às operações compromissadas títulos vinculados ao câmbio realizadas com maior freqüência refletiram à ação do mecanismo de após a ameaça de falta de liquidez s w a p c a m b i a l . O c o r r e ra m no mercado financeiro. Por fim, de mudanças significativas nas taxas acordo com a tabela 6.5, observa- s e u m a u m e n t o d e investimento, que acumularam aproximadamente R$ 21 bilhões uma redução de R$ 9,6 bilhões dos títulos vinculados ao durante todo o último trimestre, compulsório. reflexo da busca por títulos com É provável que parte desse menores riscos. Por ultimo, o aumento se deva aos depósitos aumento dos títulos da carteira do voluntários mantidos pelos bancos Banco Central, mais uma vez, comerciais, que preferiram essa indica a posição de cautela dessa alternativa à concessão de crédito. instituição frente ao cenário de Outro ponto que merece atenção é instabilidade no sistema financeiro a diminuição do montante de mundial. títulos vinculados aos fundos de Tabela 6.4 - Títulos Públicos Federais e oper. e mercado aberto Discriminação Set/07 jul/08 ago/07 set/07 Dívida Total (R$ bilhões) 1.376,9 1.504,2 1.506,6 1.507,1 Indexadores (%) Over/Selic* 32,7 31,8 32,3 31,7 Câmbio* -2,0 -1,7 -1,7 -1,9 Prefixado 32,1 24,7 25,5 26,3 TR 2,0 1,6 1,4 1,2 Índice de preços 22,4 23,6 23,6 23,9 Oper. De Merc. Aberto 12,8 19,9 18,8 18,7 *com operações de Swap Fonte: BCB - Notas para imprensa de 31 outubro de 2008
  • 31. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 31 7. SETOR EXTERNO O Setor Externo, ao longo do terceiro US$ 23,9 bilhões ao longo de 2008, trimestre de 2008, segue a tendência contra US$ 73,4 bilhões no mesmo apontada nos boletins anteriores. Isto período de 2007. Portanto apresentou é, diminuição do saldo comercial e uma queda de 67,4% em relação ao aumento das remessas de recursos a mesmo período anterior. título de serviços e rendas (juros e Transações Correntes remessas de lucros). Desse modo, a O saldo em transações correntes conta capital e financeira permanece registrou déficit US$ 6,1 bilhões no como a principal responsável pelo t r i m e s t r e , i n v e r t e n d o o equilíbrio do balanço de pagamentos e comportamento superavitário dos p e l o a c ú m u l o d e r e s e r v a s últimos anos. Esse saldo, que havia internacionais. No entanto, há sinais sido de US$1,712 bilhão em 2007, já de que a vitalidade para atrair capitais apresenta ao longo do ano um déficit estrangeiros está diminuindo em razão de US$ 23,264 bilhões, pior resultado da instabilidade e incerteza crescentes desde 2000. Esse resultado é no cenário mundial. explicado tanto pela diminuição do Como resultado dessa tendência saldo da balança comercial, com a taxa observa-se que o superávit registrado de crescimento dos bens importados no trimestre foi de US$ 4,7 bilhões e de mantendo-se acima da taxa de Tabela 6.5 - Detentores dos Títulos Federais em poder do público(a) em bilhões Discriminação dez/07 jul/08 ago/08 set/08 Variação Carteira Própria 370,1 310,5 322,4 315,9 5,4 Títulos Vinculados (b) 167,1 196,8 199,6 218,6 21,8 Clientes Pessoa Física 2,5 3,3 3,4 3,4 0,1 Pessoa Juríd. Não Financeira 102,4 124,5 128,1 130,9 6,4 Pessoa Juríd. Financeira (c) 22,1 34,2 35,3 35,5 1,3 Fundos de Investimento (d) 513,1 489 491,3 479,4 -9,6 Outros Fundos 0,7 0,9 0,9 0,7 -0,2 TOTAL CLIENTES 640,9 651,9 659,1 649,9 -2 TOTAL MERCADO (1) 1.178,2 1.159,2 1.181,1 1.184,4 25,2 EXTRA-MERCADO (2) 7,2 6,4 6,7 7,9 1,5 Em poder do público (1)+(2) 1.185,3 1.165,5 1.187,8 1.192,2 26,7 (a) Valores apurados com base na posição de carteira avaliada pelo preço da curva de rentabilidade intrínseca dos títulos. (b) Títulosvinculados a depósito compulsório sobre poupança, sobre depósitos a prazo e sobre recursos de depósitos interfinanceiros de sociedades de arrendamento mercantil;reserva técnica; constituição e aumento de capital; caução; e câmaras. (c) Pessoa jurídica financeira abrange instituições sem conta individualizada no Selic. (d) Os dados referem-se às contas Cliente Especial dos fundos de investimento regulados pela CVM. (e) Títulos emitidos por meio de colocação direta. Fonte: BCB - Notas para imprensa de 31 de outubro de 2008
  • 32. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 32 crescimento dos produtos exportados, de 19,4% em comparação com mesmo quanto pelo aumento do déficit na período de 2007. Pelo lado da rubrica conta serviços e rendas. serviços e rendas, o resultado das Pelo lado da balança comercial, o transações correntes foi agravado superávit de US$ 8,3 bilhões no devido ao aumento do déficit terceiro trimestre apresentou queda 2,2%. Portanto os resultados do saldoapresentado. Houve um aumento de de transações correntes tendem a 51,8% em relação ao mesmo período sofrer ainda mais com a queda da de 2007, passando de US$ 10,169 demanda e dos preços observados nos bilhões passou para um déficit de US$ ú l t i m o s m e s e s n o m e r c a d o 15, 445 bilhões. Essa evolução torna- internacional. se ainda mais preocupante, uma vez Em termos de importações houve um aumento em todas as categorias deque o aumento substancial dessa produtos como: combustível erubrica demonstra a vulnerabilidade lubrificantes (78%), bens de capitaldo país à crise econômica mundial ao (49,9%), bens de consumo (47,1%), ter sua dinâmica determinada pela matérias- primas e intermediários entrada e saída de capitais externos. (46,6%), quando comparado ao Em termos da composição das mesmo período de 2007. No conjunto e x p o r t a ç õ e s o b s e r va - s e , n o bens de capital, vale a pena destacar o acumulado do ano e em comparação aumento nas aquisições de partes e com o mesmo período de 2007, que os peças para bens de capital para a produtos básicos apresentaram uma agricultura (+106,4%); equipamento variação de 47,6% em termos de móvel de transporte (+80,7%); receita e um aumento de 1,5% na máquinas e ferramentas (+70,9%); quantidade exportada. Por sua vez, os equipamento fixo de transporte semi-manufaturados apresentaram, (+61,2%); ferramentas (+58,9%); respectivamente, aumento de 26,5% e Tabela 7.1 - Transações Correntes (US$ milhões) 2007 2008 Discriminação Jul - Set Jul Ago Set Jul - Set Balança Comercial 10.357 3.318 2.275 2.274 8.347 Exportação de Bens 43.385 20.451 19.747 20.017 60.215 Importações de Bens -33.028 -17.134 -17.472 -17.263 -51.869 Serviços e Rendas (Líquido) -10.169 -5.911 -3.688 -5.846 -15.445 Serviços -3.340 -1.510 -1.390 -1.934 -4.835 Receita 5.875 2.993 2.654 2.576 8.222 Despesa -9.215 -4.503 -4.044 -4.510 -13.057 Rendas -6.829 -4.401 -2.298 -3.912 -10.610 Receita 2.934 885 782 836 2.503 Despesa -9.763 -5.285 -3.080 -4.748 -13.113 Transf. Unilaterais (Líquido) 1.015 372 291 323 986 Saldo em Transações Correntes 1.203 -2.221 -1.122 -2.769 -6.113 Fonte: BCB – Séries temporais
  • 33. Vitória/ES - Boletim Nº43 - 33 maquinaria industrial (+57,2%); redução de US$ 2,2 bilhões do terceiro máquinas e aparelhos de escritório e trimestre de 2007 para 2008. serviço científico (+40,8%); partes e Se avaliarmos a conta capital e peças para bens de capital para financeira no acumulado dos nove indústria (+38,3%); acessórios de meses observa-se uma tendência mais maquinaria industrial (+35,6%); e clara, e mais preocupante, de como bens e equipamentos para agricultura essa conta está evoluindo. Nos (+34,1%). primeiros nove meses de 2007, ela Por um lado, esse aumento atingiu o patamar de US$ 72,546 generalizado das importações é bilhões, em comparação com US$ resultado do crescimento da economia 50,100 bilhões no mesmo período de durante o ano. Por outro lado, a 2008, uma redução de USS$ 22,446 tendência de diminuição da receita bilhões, que equivale a uma redução proveniente das exportações e o percentual de 30,9%. aumento das despesas com serviços e A rubrica investimento direto teve rendas indicam uma trajetória de saldo ao longo de 2008 no valor de US$ aumento do déficit em transações 15,42 bilhões frente a um saldo de US$ correntes e, portanto, de manutenção 31,28 bilhões em 2007, para os nove do crescimento econômico. primeiros meses do ano. Uma redução Essa restrição é ainda mais clara em termos absolutos de US$ 15,86 quando se considera o peso das bilhões. regiões de origem e destino das No entanto, em relação apenas ao transações brasileiras no trimestre: as terceiro trimestre de 2008 a rubrica de transações estão concentradas investimento direto apresentou um basicamente nos Estados Unidos, resultado de US$ 7,3 bilhões em União Européia e Ásia, que relação a US$ 7,0 bilhões em 2007. representam 62,2% das importações e Este não indica recuperação da 57,2% das exportações brasileiras. c o n f i a n ç a d o s i n v e s t i d o r e s Além disso, os Estados Unidos, internacionais no potencial da epicentro da crise atual, representa economia brasileira, sendo apenas 70,9% das exportações e 66% das resultado de investimentos que já importações brasileiras. estavam planejados e, portanto, serão Conta Capital e Financeira implantados apesar da conjuntura Conforme já mencionado, a conta atual. Além disso, boa parte desse capital e financeira, tabela 7.2, foi capital não pode ser considerada de fundamental para a manutenção do fato como novos investimentos, pois balanço de pagamentos superavitário, se destinam à aquisição de porém em 2008 esses valores participação acionária em empresas já diminuíram em comparação com o instaladas. US$ 9,65 bilhões do total mesmo período de 2007. de US$ 14,13 bilhões que ingressou no No terceiro trimestre de 2008 a conta Brasil como investimento estrangeiro capital e financeira apresentou um foi utilizado para a aquisição de ações. saldo acumulado de US$ 9,6 bilhões A rubrica investimento em carteira, frente a um valor de US$ 11,8 bilhões que contabiliza todo o capital que entra para o mesmo período do ano passado, na economia com intuito de ser
  • 34. Vitória/ES - Boletim Nº.43 - 34 Tabela 7.2 - Conta Capital e Financeira (US$ milhões) Discriminação 2007 2008 Jan-Set Jul-Set Ano Jan-Set Jul Ago Set Jul-Set Conta capital e financeira 72546 11859 88924 50100 5723 679 3203 9605 Conta capital 564 222 756 730 114 93 102 309 Conta financeira 71982 11637 88168 49370 5609 586 3102 9297 Investimento direto 31281 7003 27518 15427 2827 1250 3225 7303 Investimentos em carteira 35582 11455 48390 17087 4615 989 -1809 3794 Derivativos -465 -217 -710 -401 -2 -30 10 -21 Outros investimentos 5584 -6603 12970 17258 -1832 -1623 1675 -1779 Erros e omissões -2419 -929 -3152 -2877 -1140 2329 38 1228 Var. reservas ( - = aumento) -73743 -12133 -87484 -23959 -2362 -1886 -473 -4721 Resultado global do balanço 73743 12133 87484 23959 2362 1886 473 4721 Fonte: BCB – Séries Temporais aplicado nos mercados financeiros, capital estrangeiro aplicado em ações registrou um saldo de US$ 3,79 brasileiras registrou um déficit, uma bilhões, em 2008, em comparação com saída ou retirada de posições, no valor US$ 11,45 bilhões no terceiro de US$ 3,66 bilhões, em relação a um trimestre de 2007. superávit de US$ 7,14 bilhões em Uma redução de 66,8% no trimestre é 2007. No terceiro trimestre de 2008 o de fato preocupante, pois ao longo do volume de investimento estrangeiro período o Banco Central do Brasil em títulos de renda fixa atingiu um elevou consideravelmente a taxa superávit de US$ 7,34 bilhões básica de juros e adotou uma política contrastando com US$ 4,58 bilhões. cambial agressiva visando evitar uma Os dados mostram uma mudança desvalorização acentuada do real. radical de posição dos investidores que Tais medidas procuram atrair capital se afastam do mercado acionário de portfólio e evitam repatriação de brasileiro que é alicerçado em grandes capital. No entanto, as medidas do empresas produtoras de bens de baixo Banco Central não tem sido suficientes valor agregado e que enfrentam uma para evitar a saída do capital baixa persistente nas cotações especulativo do mercado brasileiro. Ao internacionais dos produtos que longo dos nove meses de 2008 o saldo comercializam. foi de US$ 17,07 bilhões, frente a US$ A rubrica outros investimentos 35,58 bilhões para o mesmo período apresentou um saldo negativo de US$ no ano de 2007, uma redução de US$ 1,77 bilhão no terceiro trimestre de 18,51 bilhões, que quase se equipara 2008. Analisando o mesmo período de ao déficit em transações correntes. 2007 a rubrica revela um saldo Esses dados mostram o impacto que negativo de US$ 6,6 bilhões. Apesar de essa conta pode vir a ter no balanço de o cenário internacional estar um pagamentos. Tais impactos não têm momento de receio com relação a risco sido observados em razão dos e evitando disponibilizar crédito para reajustes recorrentes da taxa básica empresas e governos sem solidez, o de juros, tornando os títulos da dívida Brasil razoáveis financiamentos tanto pública ainda atrativos. de curto prazo como de longo prazo no Ao longo do período citado o volume de valor de US$ 5,24, porém no mesmo