SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 35
Baixar para ler offline
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 01
APRESENTAÇÃO
A economia brasileira encerrou o ano taxa bem superior ao das exportações,
de 2007 com bons resultados, apesar 32% e 16,6%, respectivamente, o
da instabilidade gerada pela crise dos saldo da balança comercial foi positivo
mercados financeiros e deflagrada em em US$ 40 bilhões. Com a forte
agosto do mesmo ano. A taxa de entrada de capitais registrada na conta
crescimento real do PIB foi de 5,4%, e financeira, o balanço de pagamentos
o governo comemora o aumento de fechou o ano com um superávit de US$
4,0% do PIB per capita nacional. 87,5 bilhões, o que ampliou
Ambos os resultados estão entre os s o b r e m a n e i r a a s r e s e r v a s
melhores apresentados pelo país na internacionais do Brasil. No início de
última década, e ficam abaixo apenas 2008, as reservas internacionais
do crescimento de 5,7% do PIB e 4,2% atingiram o patamar de histórico US$
do PIB per capita obtidos em 2004. No 190 bilhões. Com esse resultado,
entanto, ao contrário do que superaram a dívida externa do país,
aconteceu em 2004, quando o tornando o Brasil um credor líquido
crescimento foi puxado pelo forte mundial.
desempenho das exportações, em No entanto, as preocupações
2007, os resultados apresentados apontadas nas edições anteriores
foram frutos dos aumentos de 6,5% deste Boletim continuam presentes e
no consumo das famílias e de 13,4% se agravam cada vez mais. Os
na formação bruta de capital fixo. desdobramentos sob o lado real da
Com o crescimento da economia, economia da crise financeira do
houve queda na taxa de desemprego subprime estão se apresentando: a
de cerca de um ponto percentual e, em economia americana mostra claros
termos absolutos, este foi um dos sinais de desaquecimento, que
melhores resultados apresentados l e va ra m o F u n d o M o n e t á r i o
pelo Governo Lula. Internacional (FMI) a rever a projeção
A taxa de inflação medida pelo Índice de crescimento de 1,5% para 0,5%,
de Preços ao Consumidor Amplo em 2008. Como os EUA são um ator de
(IPCA) foi de 4,47%, o que significa peso na economia mundial, a previsão
que a política monetária praticada pelo de crescimento global também foi
governo cumpriu a sua meta de 4,5%. revista para baixo, passando de 4,1%
Na parte fiscal, o governo fez o dever para 3,7%. No caso brasileiro, um
de casa, dentro da política ortodoxa desaquecimento da economia mundial
praticada desde o primeiro mandato. pode levar a uma queda da demanda
Reduziu a dívida em relação ao PIB, e por nossos produtos, reduzindo o
obteve uma melhora no perfil da dívida saldo da balança comercial. No atual
pública interna, com maior prazo e cenário de redução continua dos
aumento da participação dos títulos saldos comerciais, essa queda no
pré-fixados e indexados a índices de ritmo de crescimento mundial deve
preços. Do lado externo, apesar do acelerar esse processo e antecipar
crescimento das importações a uma uma já prevista reversão nas contas
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 02
externas do país. da origem). O resultado é uma
No cenário interno, o crescimento do significativa queda na arrecadação dos
consumo levou ao aumento da grandes Estados produtores e a
utilização da capacidade produtiva limitação do uso desse imposto como
instalada e à preocupação de um instrumento de incentivo para
descompasso entre a oferta e a empresas locais. Como esses Estados
demanda, com suas conseqüências possuem grande representação no
sobre a inflação. Na parte fiscal, a Congresso, tudo indica que discussão
proposta de reforma tributária levará um bom número de meses até
apresentada pelo governo, embora se chegar a uma proposta final.
não mais ocupe a primeira página dos Enfim, apesar dos bons resultados, o
jornais, é motivo de preocupação para governo e economistas não podem
muitos governadores dos Estados descansar e “colher os frutos” do atual
brasileiros, pois propõe a alteração na cenário, pois a economia não é uma
cobrança do principal imposto máquina que uma vez bem regulada e
estadual, o ICMS (Imposto sobre a lubrificada segue o seu ritmo sem sair
Circulação de Mercadorias e Serviços). do prumo. Pelo contrário, é a interação
Segundo a proposta, o recolhimento do de variáveis internas e externas, na
ICMS seria feito no Estado em que o sua grande maioria não controladas
bem ou serviço fosse consumido pelo governo, e cujos resultados são
(princípio do destino), e não mais no permeados pela incerteza.
Estado onde ele é produzido (princípio
1. POLÍTICA ECONÔMICA
O governo Lula enfrenta a primeira principais economias emergentes, e o
crise externa de todo o seu mandato. fato de ter se tornado credor do
Beneficiada pela bonança da economia mundo, além do elevado custo fiscal
mundial que teve início em 2003, envolvido nessa conquista, tenha
propiciando a esta sustentar uma taxa aumentado os riscos para imprimir
média anual de expansão de 5% até maior velocidade ao processo de
2007, e pela expressiva liquidez valorização da moeda nacional ante o
internacional, sua administração dólar, já que melhoraram os atrativos
conseguiu, nos últimos cinco anos, do país para o capital externo de curto
mesmo implementando uma política prazo em busca de uma alta e mais
econômica de cunho inequivocamente segura rentabilidade. As forças que
ortodoxo, um crescimento médio real sustentaram este melhor desempenho
do PIB de 3,8% a.a. e, mais da economia brasileira e que
importante, reduzir expressivamente a permitiram ao país tornar-se credor do
vulnerabilidade externa da economia mundo estão, contudo, se desfazendo
brasileira e tornar o país credor líquido muito rapidamente: a projeção de
do mundo. São feitos importantes, crescimento dos EUA caiu para menos
embora o crescimento obtido tenha de 1%; a da zona do euro para menos
ficado distante do alcançado pelas de 2% e a do Japão se encontra
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 03
atualmente em 1,5%. Mesmo a China, Os resultados das contas externas
com uma inflação anualizada de 8,7%, neste início de ano já revelam estar
está revendo sua taxa de crescimento ocorrendo, de fato, uma reversão nos
para 8%, um nível 3,5 pontos ganhos que vinham sendo obtidos: os
percentuais abaixo da obtida em 2007. saldos da balança comercial
Por outro lado, a crise do crédito encolheram 66,9% até o fim de março;
subprime e do sistema bancário norte- o déficit em conta-corrente
americano aumentou a aversão ao inicialmente projetado pelo Banco
risco dos investidores, arrefecendo seu Central em US$ 3,5 bilhões já foi
entusiasmo em aplicações no mundo revisto para US$ 12 bilhões (1% do
global. Para completar o quadro, as PIB), mas a aposta do mercado é de
commodities, responsáveis por cerca que atinja US$ 24 bilhões (2% do PIB).
de 60% das exportações brasileiras e A expectativa de uma entrada líquida
pelos elevados saldos comerciais que de capitais externos caiu de US$ 26
têm sido obtidos, começam a emitir bilhões para US$ 12 bilhões. Nessa
sinais de desaceleração de preços e de situação, uma das maiores conquistas
enfraquecimento da demanda, do atual governo, a redução da
afetadas pela crise global e pela vulnerabilidade externa, pode estar se
migração de aplicações e apostas dos perdendo.
investidores no mercado futuro. A verdade é que a política econômica,
Internamente, o consumo das famílias, comprometida com a cartilha da
que se transformou no principal motor ortodoxia, deixou novamente de
do crescimento do PIB nos últimos aproveitar o quadro favorável
anos, impulsionado principalmente propiciado pelo desempenho da
pela expansão do crédito geral e economia mundial para avançar na
consignado, não está encontrando correção de muitos problemas da
respostas adequadas na ampliação da economia brasileira. Com a reversão
capacidade produtiva, conduzindo ao deste quadro, mesmo com “muita
a u m e n t o p r e o c u p a n t e d a s criatividade”, o que até o momento não
importações e à diminuição dos saldos demonstrou, será muito difícil evitar a
comerciais, além de pressionar os deterioração da situação econômica e
níveis de preços internos e o enfraquecimento dos ganhos que
comprometer o atingimento da meta foram obtidos. Uma nova onda de
inflacionária de 4,5% para este ano. “pessimismo” poderá rapidamente
Por isso, a política econômica, apesar substituir a de exagerado “otimismo”
das discordâncias sobre as medidas com que o governo procura divulgar os
que serão tomadas para esfriar o resultados positivos que, longe de
ímpeto da demanda, tem sinalizado frutos gerados por uma política pró-
que forçosamente terá de caminhar ativa e consistente, caíram,
nessa direção, retirando mais algumas praticamente de graça, em seu colo.
forças do crescimento.
2. INFLAÇÃO
A meta de inflação do governo para o ano de 2007, cujo centro estipulado é
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 04
de 4,50%, foi formalmente cumprida. subitens terem contribuído com
O índice de inflação utilizado é o Índice variações negativas de preço, como o
de Preços ao Consumidor Amplo tomate (-16%) e o açúcar cristal (-
(IPCA), do IBGE, que no último 28%), a maioria teve elevações. Dentre
trimestre apresentou variações de eles estão os aumentos de 25% no
0,30% em outubro, 0,38% em preço da alcatra, 46% do leite em pó,
novembro e 0,74% em dezembro, 68% da batata-inglesa e 145% do
encerrando o ano em 4,46%. feijão-carioca.
No dia 31 de janeiro de 2008, Essa elevação da inflação no Brasil,
entretanto, o Banco Central divulgou a entretanto, não é um fenômeno
ata da 132ª reunião do Comitê de somente local, e sim mundial. O
Política Monetária (COPOM), e nela aumento dos preços de alimentos, no
demonstrou preocupação com a ano passado, e a elevação dos preços
evolução do IPCA no último trimestre do barril de petróleo, que superou a
de 2007, que havia “sido notadamente barreira dos US$ 100,00, pressionaram
menos favorável de que em trimestres os índices de inflação de vários países.
anteriores”. Na mesma ata, sinaliza Nos Estados Unidos, a inflação atingiu
que, caso a inflação venha a 4,1%, a maior taxa em 17 anos. Na
prosseguir fora da trajetória da meta, China, o aumento foi de 4,8%, o maior
poderá partir para ajustes na política em 11 anos, na União Européia, a
monetária. Leia-se, aqui, aumento na inflação foi de 3,2%, a maior desde a
taxa básica de juros, a SELIC. O grupo criação do Euro há 10 anos, e até o
alimentos e bebidas foi considerado o Japão, com histórico de deflação, teve
vilão do ano na inflação. No IPCA, ele inflação de 0,8%, também a maior em
apresentou elevação de 10,77% no 10 anos.
acumulado do ano. Apesar de alguns
Tabela 2.1 – Índices de preços (%)
Indicadores Out/07 Nov/07 Dez/07
Acumulado no
ano
IPCA 0,30 0,38 0,74 4,46
INPC 0,30 0,43 0,97 5,16
IPC-FIPE 0,08 0,47 0,82 4,38
ICV-DIEESE 0,33 0,28 1,09 4,80
IGP-M 1,05 0,69 1,76 7,75
IGP-DI 0,75 1,05 1,47 7,90
Fonte: IBGE, INPC e DIEESE
O Índice Nacional de Preços ao grupo alimentos e bebidas no INPC, o
Consumidor (INPC), também que resultou num índice maior para
calculado pelo IBGE e destinado a este último.
faixas de renda menores, entre 1 e 6 Os índices calculados para a cidade de
salários mínimos, apresentou elevação São Paulo em geral acompanharam os
ainda maior no ano, de 5,16% (0,30% índices do IBGE. O Índice de Preços ao
em outubro, 0,43% em novembro e Consumidor (IPC), calculado pela
0,97% em dezembro). A diferença FIPE, teve altas de 0,08%, 0,47% e
entre o IPCA e o INPC foi devida, 0,82% respectivamente nos últimos
principalmente, ao maior peso do meses de 2007, acumulando 4,38% no
Vitória/ES - Boletim Nº 40 - 05
Tabela 2.2 – Decomposição do IPCA
IPCA Out/07 Nov/07 Dez/07
Acumulado no
ano
Índice geral 0,30 0,38 0,74 4,46
Alimentos e bebidas 0,52 0,73 2,06 10,77
Habitação -0,02 0,41 0,16 1,76
Artigos de residência 0,10 -0,46 -0,43 -2,48
Vestuário 0,72 0,55 0,72 3,78
Transportes 0,12 0,38 0,71 2,08
Saúde e cuidados pessoais 0,49 0,35 0,00 4,47
Despesas pessoais 0,59 0,35 1,00 6,54
Educação, leitura e papelaria 0,01 0,02 0,07 4,16
Comunicação 0,05 0,01 -0,03 0,69
Fonte: IBGE
ano. Já o Índice do Custo de Vida do 1,09%, com o acumulado do ano de
DIEESE apresentou, nos mesmos 4,80%.
meses, elevações de 0,33%, 0,28% e
A inflação medida pelo IGP-DI (Índice dezembro. No ano, o IGP-DI variou
Geral de Preços – Disponibilidade 7,90%. O IGP-M (Índice Geral de
Interna) fechou o mês de outubro em Preços do Mercado) que difere do IGP-
0,75%, num patamar abaixo do mês DI no que tange o período de coleta dos
anterior de 1,17%. Cabe mencionar dados apresentou, em outubro,
que o IPC (Índice de Preços variação de 1,05%, ante 1,29% em
Consumidor) e o IPA-DI (Índice de setembro. Vale mencionar que apenas
Preços por Atacado), que juntos o INCC-M, que corresponde a 10% do
respondem por 90% do IGP, índice, apresentou elevação: 0,49%
apresentaram queda em relação ao ante 0,39% em setembro. Em
mês de setembro, de 0,23% para novembro, o IGP-M surpreendeu e
0,13%, e de 1,64% para 1,02%, fechou em 0,69%. Tal desaceleração é
respectivamente. Todavia, no mês de explicada pela queda do IPA-M. O IPA-
novembro, o IGP-DI apresentou M apresentou variação de 0,97%,
variação de 1,05%, ficando 0,30 p.p. ficando 0,45 p.p. abaixo do registrado
acima do mês anterior. Apenas o INCC- no mês de outubro. Entretanto, no mês
DI (Índice Nacional de Construção de dezembro o índice apresentou
Civil) apresentou desaceleração - aumento de 1,76%, variação essa que
0,36% em novembro ante 0,51% em foi a maior do ano de 2007. Somente o
outubro. Tanto o IPC e o IPA-DI INCC-M recuou quando comparado ao
a p r e s e n t a ra m a c e l e ra ç ã o e , mês anterior (0,48% para 0,43%),
conseqüentemente, contribuíram para enquanto que o IPA-M e o IPC-M, que
a elevação do índice no mês em juntos correspondem a 90% do IGP-M,
questão. No mês de dezembro, o índice apresentaram aceleração (0,97% para
apresentou aumento de 1,47%, o 2,36%, e 0,04% para 0,67%,
maior percentual ao longo do ano de respectivamente). Os preços dos
2007. Todos os índices que compõem o produtos agrícolas contribuíram para
IGP-DI apresentaram aceleração no essa elevação do IPA-M, com destaque
mês quando comparado ao mês de para: milho em grão (17,43%); soja
novembro, com destaque para o IPC em grão (7,25%); e bovinos (9,47%).
que passou de 0,27% para 0,70%, em No ano, o IGP-M variou 7,75%.
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 06
Em outubro, o preço da cesta básica, registrados nos meses anteriores,
recuou em apenas cinco das dezesseis apresentou redução em nove cidades,
capitais pesquisadas pelo DIEESE, destacando-se Porto Alegre, -13,77%,
sendo todas pertencentes ao nordeste, Florianópolis, 12,33% e Brasília, -
Natal, Aracaju, Recife, João Pessoa e 10,65%.
Fortaleza. As maiores altas foram No mês de novembro, o preço da cesta
apuradas em Belém e São Paulo, que básica aumentou em onze das
registraram R$ 172,72 e R$ 201,25 dezesseis capitais pesquisadas pelo
respectivamente. Porto Alegre DIEESE. Devido ao recuo no preço da
registrou novamente o maior custo, R$ cesta básica de Porto Alegre, São Paulo
213,97, já em Vitória o preço da cesta destacou-se por apresentar a cesta
básica foi de R$ 182,84. Devido ao mais cara do mês, R$ 205,48. Em
longo período de seca em varias Vitória, a cesta básica registrou
regiões do país, os preços de alguns pequena queda de 1,56%, chegando a
produtos que compõem a cesta básica, R$ 179,98. Assim como no mês de
como feijão, arroz, soja e milho, outubro, o feijão e a batata foram os
aumentaram. O feijão registrou alta produtos que registraram as maiores
em todas as capitais, sendo que as altas. O feijão foi o principal destaque
maiores ocorreram em João Pessoa, do mês, com aumentos em todas as
33,26 %, Fortaleza, 28,71% e Vitória, capitais, principalmente em Aracaju,
24,21%. A quebra das safrinhas para 80,87%, Recife, 36,19%, Belo
reposição dos estoques e o Horizonte, 35,90% e Natal, 35,69%.
e n c a r e c i m e n t o d e a d u b o s e Este aumento ainda é reflexo da falta
fertilizantes derivados de petróleo de chuvas, que afetou as safrinhas de
favoreceram a elevação do feijão. reposição de estoque e atrasou o
Outro produto com forte elevação no principal plantio. A batata, pesquisada
preço foi a batata, cujo preço é nas nove capitais do Centro-Sul,
pesquisado nas nove capitais do centro encareceu expressivamente em todas
sul. Os aumentos foram registrados elas, com destaque para Rio de
em oito capitais, com destaque para Janeiro, 38,82%, Brasília, 38,46% e
Porto Alegre, 43,20%, Belo Horizonte, Belo Horizonte, 35,42%, aumento este
30,91% e Rio de Janeiro, 26,67%. A também causado pelo clima
única queda foi apurada em Goiânia, - desfavorável. Também se destacaram
2,13%. O leite, responsável por parte a carne e o óleo de soja que ficaram
dos aumentos da cesta básica mais caros em 15 capitais. Os produtos
T ab e la 2 . 3 – C o m p on en t es d o IG P -D I (e m % )
I n dica do re s O u t/0 7 N ov /0 7 D e z /0 7
A cu m u la do
n o a n o
I G P -D I 0 ,7 5 1 ,0 5 1,4 7 7 ,9 0
I N CC -D I 0 ,5 1 0 ,3 6 0,5 9 6 ,1 5
I PA -D I 1 ,0 2 1 ,4 5 1,9 0 9 ,4 3
I PC 0 ,1 3 0 ,2 7 0,7 0 4 ,6 1
F on te : FG V
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 07
Tabela 2.4 – Preço médio da cesta básica – R$ correntes
Fonte: DIEESE
Capital Out/07 Nov/07 Dez/07
Variação no
Período (%)
Variação no
Ano (%)
Aracaju 151,42 160,10 171,16 13,04 24,38
Belém 172,72 176,57 190,01 10,01 20,90
Belo Horizonte 186,77 194,05 204,80 9,65 19,42
Brasília 177,82 189,20 193,23 8,67 12,44
Curitiba 179,15 185,31 187,23 4,51 11,46
Florianópolis 187,08 186,92 190,83 2,00 13,18
Fortaleza 146,96 146,71 158,35 7,75 19,13
Goiânia 161,72 167,96 189,34 17,08 24,21
João Pessoa 143,16 142,43 155,09 8,33 15,84
Natal 151,99 157,76 167,91 10,47 19,32
Porto Alegre 213,97 205,18 212,92 -0,49 14,33
Recife 142,07 145,42 155,41 9,39 17,61
Rio de Janeiro 194,27 194,92 194,46 0,10 13,46
Salvador 151,66 158,20 158,71 4,65 17,73
São Paulo 201,25 205,48 214,63 6,65 17,90
Vitória 182,84 179,98 189,51 3,65 19,81
que registraram as maiores quedas teve alta em quinze localidades, e as
foram o tomate, o açúcar, o leite e o taxas mais elevadas foram observadas
café. Com o fim da entressafra, o em Belo Horizonte, 15,92% e Vitória,
preço do leite apresentou queda em 14,30%. O açúcar apresentou queda em
oito capitais, a maior delas em nove capitais, as maiores em Fortaleza, -
Florianópolis, -6,25%. 18,49% e Salvador, -16,03%. A batata,
Em dezembro, quinze capitais que nos meses anteriores registrou
registraram alta no preço da cesta fortes aumentos, apresentou queda em
básica. A maior alta ocorreu em oito cidades, as maiores em Porto Alegre,
Goiânia, 12,73%, elevando para R$ -34,84%, Florianópolis, -26,19% e Rio
189,34 o valor da cesta. São Paulo de Janeiro, -26,07%. Goiânia registrou
continuou a registrar a cesta mais aumento de 18,70%.
cara no mês de dezembro, R$ No período de outubro a dezembro,
214,63, e em Vitória a cesta básica quinze capitais registraram alta no preço
ficou em R$ 189,51. No mês de da cesta básica, com destaque para
dezembro, assim como o ocorrido Goiânia, 17,08%. Apenas Porto Alegre
nos meses de outubro e novembro, o registrou queda de 0,49%. Em Vitória o
grande destaque para o aumento do aumento foi de 3,65%.
preço da cesta básica foi o feijão, Na variação anual, todas as dezesseis
que apresentou elevação nas capitais registraram alta no custo dos
dezesseis capitais pesquisadas. produtos alimentícios essenciais, sendo
Belém liderou com um aumento de em Aracaju a maior delas, 24,38%, e em
69,45%, seguida por Fortaleza, Curitiba a menor, 11,46%. Goiânia e
67,90% e Goiânia, 66,31%. A carne Belém também apresentaram elevações
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 08
De acordo com os dados das contas produtivo do país alcançou a cifra de
nacionais trimestrais divulgados pelo R$ 2,33 trilhões.
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Outro indicador do nível de atividade
e Estatística), o PIB a preços de da economia brasileira que animou os
mercado encerrou o ano de 2007 com m e r c a d o s e f o i m o t i v o d e
um crescimento de 5,4% em relação comemorações por parte do governo
ao ano anterior. Ao se considerar o PIB foi o PIB per capita, que apresentou
ao custo dos fatores, ou a preços uma elevação em termos reais de
básicos, o crescimento foi de 4,8%. A 4,0%, quando comparado a 2006. Isto
diferença entre ambas as taxas se deu significa que, caso a distribuição de
em função do crescimento de 9,1% renda no Brasil fosse plenamente
dos Impostos líquidos sobre produtos. eqüitativa, cada residente do país teria
Já numa comparação do último recebido, em média, uma renda de R$
trimestre de 2007 com igual período 13.515,00, ou uma renda mensal de
de 2006 observa-se um crescimento R$ 1.126,25, em 2007.
de 6,2%. O Ministro da Fazenda fez a seguinte
O PIB encerrou o ano totalizando um observação em relação à divulgação
montante de aproximadamente R$
deste indicador: “entre as décadas de2,56 trilhões, em valores correntes,
50 e 70 a economia brasileira era maislogo, R$ 225 bilhões a mais do que o
acumulado em 2006, quando o esforço dinâmica, crescia cerca de 7% ao ano,
T a b e l a 3 .1 . T a x a a c u m u l a d a d o P I B p e l a s ó t i c a s d o p r o d u t o e d a d e m a n d a a o l o n g o d o a n o –
v a r i a ç ã o e m v o l u m e e m r e l a ç ã o a o m e s m o p e r í o d o d o a n o a n t e r i o r ( % )
S e t o r d e a ti v id a d e 2 0 0 6 .IV 2 0 0 7 .I 2 0 0 7 .I I 2 0 0 7 .I I I 2 0 0 7 .IV
A g ro p e c u á r ia 4 ,2 3 ,7 2 ,3 4 ,5 5 ,3
I n d ú s t r ia 2 ,9 3 ,2 5 ,1 5 4 ,9
E x t r a ti v a m in e r a l 5 ,7 4 5 3 ,9 3
T r a n s f o r m a ç ã o 2 3 ,1 5 ,3 5 ,5 5 ,1
C o n s t r u ç ã o c iv il 4 ,6 2 ,3 4 ,3 4 ,6 5
P ro d . e d s it r ib .d e e le t r ic id a d e , g á s e á g u a 3 ,3 3 ,8 4 ,9 4 ,5 5
S e r v iç o s 3 ,8 4 ,5 4 ,5 4 ,5 4 ,7
C o m é r c io 5 ,1 6 ,1 7 ,1 7 ,2 7 ,6
T r a n s p o rt e , a r m a z e n a g e m e c o r r e i o 3 ,2 3 ,8 4 ,9 4 ,8 4 ,8
S e rv iç o s d e i n f o r m a ç ã o 2 ,5 7 ,3 7 ,1 7 ,6 8
I n te rm . f in a n c , s e g u r o s , p re v . c o m p l e m . e s e r v . r e l. 6 ,2 9 ,3 9 ,4 1 0 ,7 1 3
O u tr o s s e rv iç o s 3 ,1 3 ,5 2 ,9 2 ,5 2 ,3
A t iv . i m o b i li á r ia s e a lu g u e l 2 ,3 4 ,5 4 ,2 3 ,9 3 ,5
A d m ., s a ú d e e e d u c a ç ã o p ú b l ic a s 3 ,7 1 ,5 1 ,1 1 ,1 0 ,9
V a l o r a d i c io n a d o a p r e ç o s b á s ic o s 3 ,5 4 4 ,4 4 ,6 4 ,8
I m p o s t o s l íq u i d o s s o b r e p r o d u to s 5 6 ,9 8 ,1 8 ,3 9 ,1
P I B a p r e ç o s d e m e r c a d o 3 ,8 4 ,4 4 ,9 5 ,1 5 ,4
C o n s u m o d a s f a m í li a s 4 ,6 5 ,7 5 ,7 5 ,8 6 ,5
C o n s u m o d o g o v e r n o 2 ,8 3 ,7 3 ,5 3 ,4 3 ,1
F o r m a ç ã o b r u t a d e c a p i ta l f ix o 1 0 8 ,8 1 1 ,4 1 2 ,5 1 3 ,4
E x p o r ta ç ã o 4 ,7 6 9 ,7 6 ,7 6 ,6
I m p o r t a ç ã o ( - ) 1 8 ,3 1 9 ,8 1 9 ,2 1 9 ,6 2 0 ,7
F o n t e : I B G E / S C N tr im e tr a i s
maiores a 20%, sendo de 24,21% e cesta básica, com elevações superiores a
20,90%, respectivamente. Vitória 100% em Natal, Fortaleza e Goiânia. Já o
registrou aumento de 19,81% no tomate e o açúcar foram os produtos que
valor da cesta básica. O feijão foi um contribuíram para reduzir o crescimento
d o s p r i n c i p a i s p r o d u t o s desse custo.
responsáveis pela alta no custo da
3. NÍVEL DE ATIVIDADE
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 09
cadeia sinalizaria um crescimento dee o PIB per capita crescia a 4%. No
maior qualidade. Por isto alguns
entanto, o crescimento da população
especialistas afirmam que o resultado
era maior, de 3% ao ano. Atualmente, de 2007, apesar de inferior ao de
com a população crescendo menos, o 2004, ano em que o PIB cresceu 5,7%,
é mais consolidado e apresentapaís precisa crescer menos para
perspectivas mais otimistas.melhorar a vida da população" (Folha
No entanto, para que esse processo
On-Line 12/03/2008). A última taxa de virtuoso continue, sem que haja
crescimento da população brasileira maiores pressões sobre o saldo da
divulgada foi de 1,44% em 2004. balança comercial, devido ao aumento
O crescimento do país neste período das importações, e sobre a taxa de
reanimou os debates sobre o tema da i n f l a ç ã o , é p r e c i s o q u e o s
estabilidade dos preços. Segundo o investimentos se acelerem para
presidente do Banco Central (BC), ampliar a capacidade produtiva do
Henrique Meirelles, o país está país. O possível descompasso entre a
colhendo os frutos da estabilidade e demanda e a oferta já é motivo de
iniciará um ciclo de crescimento preocupação por parte do governo,
sustentável que permitirá uma como declarou à impressa o Presidente
ampliação dos investimentos em todos Luís Inácio Lula da Silva.
os setores da Economia. Ótica do Produto
Mas, ainda assim, há temores de que Com base na tabela 3.1, nota-se que
se houver uma elevação da taxa básica todos os setores e subsetores que são
(Selic), o real poderá se valorizar ainda levados em consideração para o
mais, o que poderia inverter o saldo cálculo do PIB apresentaram
das contas de transações correntes, e crescimento no ano de 2007 quando
isto impactaria negativamente no comparados com 2006.
cômputo do PIB. O setor agropecuário foi o que mais
Segundo vários analistas econômicos, cresceu ao longo do ano de 2007,
o principal motivo para o crescimento 5,3%. O destaque ficou por conta do
do PIB foi a demanda interna. Prova trigo, que apresentou um crescimento
disso, o aumento do consumo das de 62,3%, seguido por resultados
famílias em 6,5% e a elevação do nível positivos na produção de algodão
de investimento, sob a forma de (33,5%), milho (20,9%), cana
formação bruta de capital fixo (FBCF), (13,2%) e soja (11,1%). Segundo a
de 13,4%. Tais resultados nos gerente de Contas Nacionais
permitem arriscar que a economia Trimestrais do IBGE, a lavoura é o
brasileira poderia estar ingressando destaque do setor, à frente da pecuária
em um processo de círculo virtuoso, no e da silvicultura.
qual o aumento do investimento A indústria também apresentou
reflete-se positivamente nos níveis da crescimento, de 4,9% e, desta forma,
oferta de produtos que, por sua vez, superou o setor de serviços. Dentre os
provoca elevação da quantidade de subsetores da indústria, o destaque foi
emprego e, desta forma, novo para a indústria de transformação, que
aumento do consumo. E este efeito em apresentou crescimento de 5,1%,
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 10
seguida pela construção civil, 5,0%, pode residir no segmento de petróleo e
que se equiparou à indústria de gás natural, que evoluiu apenas 0,8%
p r o d u ç ã o e d i s t r i b u i ç ã o d e no último ano e que, sozinho,
eletricidade, gás e água, e a indústria responde por 65% dentro do grande
extrativa, com 3%. grupo das atividades extrativas
Máquinas e equipamentos, os ramos minerais. Paradas programadas em
automotivos e de materiais elétricos e plataformas, além do aumento nas
eletrônicos foram os segmentos que se importações de petróleo e gás natural,
destacaram dentro da indústria de p o d e m a j u d a r a e x p l i c a r o
transformação. A construção civil, por comportamento do setor. Por seu lado,
sua vez, foi beneficiada pela expansão a extração de minério, cujo peso
de 23% do crédito destinado a corresponde a 25% dentro da
habitação, além do crescimento da indústria extrativa, ajudou a segurar
ordem de 3,4% do pessoal ocupado os resultados, apresentando
em tal setor de atividade. ampliação de 10,7% em 2007.
O crescimento da indústria como um O setor de serviços, que com a
todo vem corroborar com a análise mudança metodológica do PIB passou
otimista feita anteriormente, haja a representar maior influência no
vista um parque produtivo bem resultado final do produto interno,
consolidado ser um potencial gerador cresceu abaixo da média apresentada
de novos empregos, o que representa pelo país, como um todo, ou seja,
não apenas aquecimento do mercado 4,7%. A maior contribuição dentro do
interno, mas também maior geração e setor veio do segmento de
difusão de tecnologia nacional, ponto intermediação financeira, seguros,
importante a ser destacado quando o previdência complementar e serviços
assunto é segurança em relação a relacionados, com uma elevação de
impactos externos. 13%. Os subsetores de serviços de
A indústria extrativa mineral que há informação e comércio ficaram em
pouco tempo era o destaque da segundo e terceiro lugares com um
economia nacional, neste último ano crescimento de 8% e 7,6%,
cresceu apenas 3% em relação ao ano respectivamente.
de 2006. Bem abaixo, portanto, da Segundo especialistas a elevação do
taxa de 5,7% observada na subsetor de intermediação financeira
comparação 2006/2005. O motivo foi provocada pelo aquecimento do
para a desaceleração no crescimento crédito na economia brasileira.
T a b e l a 3 . 2 . C o m p o s iç ã o p e r c e n tu a l d o P I B p e la ó t ic a d a d e m a n d a e P I B p . m .
- e m v a lo re s c o r r e n te s ( R $ m ilh õ e s )
P e r ío d o 2 0 0 6 2 0 0 7 I I I 2 0 0 7 I V 2 0 0 7
C o n s u m o d a s fa m í li a s 6 0 ,3 5 6 0 ,5 1 6 0 , 9 5 6 0 , 8 7
C o n s u m o d o g o v e r n o 1 9 ,8 5 1 8 ,4 6 2 2 , 1 6 1 9 , 6 7
F o r m a ç ã o b r u t a d e c a p i ta l f ix o 1 6 ,5 0 1 8 ,3 8 1 7 , 6 7 1 7 , 5 7
V a r ia ç ã o d e e s t o q u e s 0 ,3 8 1 ,1 0 ( - ) 1 , 7 3 0 , 3 6
E x p o r t a ç ã o 1 4 ,5 9 1 4 ,5 5 1 3 , 2 8 1 3 , 8 7
I m p or ta ç ã o ( - ) 1 1 ,6 7 1 3 ,0 0 1 2 , 3 3 1 2 , 3 4
T o t a l 1 0 0 1 0 0 1 0 0 , 0 0 1 0 0 , 0 0
P I B p m ( V a l o r e s C o r r e n te s ) 2 3 3 2 9 3 6 6 4 5 2 3 1 6 7 9 5 8 3 2 5 5 8 8 2 1
F o n t e : E la b o r a ç ã o d o s a u t or e s c o m b a s e e m d a d os d o S C N t r im e s tr a l
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 11
Ótica da demanda Este crescimento moderado condiz
Com base ainda na tabela 3.1, pode-se com o resultado primeiro obtido pelo
extrair índices do comportamento das governo, que passou de 2,1% do PIB,
variáveis que compõe o PIB pela ótica em 2006, para 2,27%, em 2007.
da demanda, que por sinal foram todos No ano de 2007 a participação do gasto
positivos. A formação bruta de capital da administração pública no PIB foi de
fixo (FBCF), índice que permite 19,67%, contra 19,85%, em 2006.
analisar o investimento no país, foi Apesar da pequena queda na
destaque com um crescimento recorde composição do PIB, em valores
de 13,4%. Este comportamento correntes continua sendo válido
positivo da FBCF vem ocorrendo desde afirmar que houve crescimento do
o ano passado, mas foi expandido no gasto do governo em 2007 da ordem
a n o d e 2 0 0 7 e m f u n ç ã o , de R$ 40,2 bilhões.
principalmente, da redução da taxa Em relação ao setor externo, o PIB
básica de juros (Selic). ainda pôde aproveitar-se de um saldo
De acordo com a tabela 3.2, em 2007, superavitário da balança comercial.
a FBCF respondeu com uma Mas, a contribuição positiva do setor
participação no PIB da ordem de externo foi proporcionalmente menor
17,57%, valor relativamente superior em 2007 do que em anos anteriores,
à participação do mesmo indicador em principalmente, em 2004, quando as
2006, 16,8%. Em termos de valores exportações cresceram 15,29%,
correntes isto indica que, em 2006 a portando-se como a variável de maior
FBCF contribuiu com um montante de, crescimento naquele ano. Em 2007 as
aproximadamente, R$ 385 bilhões na exportações se ampliaram em 6,6%,
totalização do PIB, enquanto que, em enquanto as importações, 20,7%. A
2007, tal indicador atingiu a cifra de, elevação significativa das importações
aproximadamente, R$ 450 bilhões. foi proporcionada pela valorização do
O consumo das famílias ampliou-se em real, o que já causa temor por parte do
6,5%, elevação esta ocasionada, em governo, que pretende anunciar uma
especial, por um aumento de 3,6% na série de medias em 2008 para
massa salarial dos trabalhadores, e f a v o r e c e r a s e x p o r t a ç õ e s
também pelo aumento nominal de principalmente dos setores mais
28,8% no saldo de créditos do sistema penalizados pela desvalorização do
financeiro, com recursos livres para as dólar, entre os quais estariam aqueles
pessoas físicas. A participação do que não possuem vínculos com
consumo das famílias no cômputo do commodities, como, por exemplo, os
PIB se elevou em 0,52 p.p, o que setores de vestuário, materiais
corresponde a um acréscimo de eletrônicos e outros.
aproximadamente R$ 150 bilhões no Em termos de participação no cômputo
PIB de 2007. do PIB, as exportações contribuíram
O consumo do governo teve um com de 13,87% e as importações com
acréscimo de 3,1% no ano de 2007 -12,34%. Em relação ao ano de 2006,
quando comparado com o ano de a participação das importações
2006, constatando-se ser a variável aumentou 0,67 p.p, enquanto a das
que menos cresceu no ano passado. exportações reduziu-se em 0,72 p.p.
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 12
Porém, em valores correntes, nota-se periodicidade desta mobilidade da
que ambas as variáveis se elevaram média varia; e, além disso, a série
em 2007. As exportações e as pode sofrer ou não o ajuste sazonal.
i m p o r t a ç õ e s c r e s c e r a m , Tais opções podem trazer diversas
respectivamente, R$ 14,5 bilhões e R$ influências para o resultado, pois
43,5 bilhões. afetam os pesos relativos das variáveis
INDÚSTRIA investigadas, originando assim,
A produção física industrial brasileira diferentes valores, ainda que as
fechou 2007 mantendo o ritmo de diferenças entre eles sejam muito
crescimento observado durante o ano. pequenas. No caso em questão, a série
Apesar do mês de dezembro ter escolhida pelo IBGE, foi a que
mostrado recuo no quantum produzido apresentou o resultado mais
em 16 dos 27 ramos pesquisados, o marcante, ou seja, 6% de variação
desempenho geral resultou num acumulada em 2007. Nesta série, os
crescimento de 5,59% da produção dados apresentados foram calculados
física da indústria (Tabela 3.3). Esse com atualização dos pesos, ou seja,
aumento superou em muito o nível de colocando base = 100, para todo
2005 (3,43%) e 2006 (2,01%) sendo período imediatamente anterior, e sem
menor somente se comparado ao ano ajuste sazonal.
de 2004, quando o crescimento foi de Já a planilha de dados adotada por este
aproximadamente 7,20%. Grupo de Conjuntura para a análise do
Vale ressaltar que, no dia oito de presente boletim obedeceu à
fevereiro do corrente ano, o IBGE metodologia que vem sendo utilizada
divulgou os resultados de sua Pesquisa em todas as divulgações passadas.
Industrial Mensal, na qual o Assim, a série empregada continua
crescimento físico da produção, sendo aquela que apresenta os dados
acumulado em 2007, é noticiado como com ajustamento sazonal e, tendo o
tendo alcançado a taxa de 6% em ano de 2002, como base média =
relação ao ano de 2006, e não os 100.Segundo apontam os dados, a
5,59% aqui informados. Esta diferença indústria foi incentivada basicamente
entre as duas taxas é explicada pelas pelo incremento da demanda interna.
diferentes metodologias usadas no Além disso, outros fatores também
cálculo dessa taxa. O instituto concorreram para a elevação da
governamental divulga a pesquisa produção do setor industrial, entre
completa, a qual contém diversas eles, o contínuo aumento da concessão
tabelas. A base de ponderação de crédito, maior volume nos
utilizada para os indicadores é fixa, investimentos, haja vista os repetidos
tendo como referência a estrutura resultados positivos da Formação
média dos valores da transformação bruta de capital fixo, o crescimento da
industrial observada no período de renda e do nível de emprego, bem
1998/2000. No entanto, a forma de como a expansão das exportações no
cálculo é que varia, podendo ser a série ano
apresentada com base em cadeia ou
não; com base média móvel ou não - e,
em caso de adoção da média, há a
passado. Os resultados obtidos
também se tornam animadores
quando da constatação de que a
indústria no país já cresce há 17
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 13
t r i m e s t r e s c o n s e c u t i v o s s e este que quase anulou a expansão do
comparados com igual período mês anterior. Esta flutuação negativa
anterior. dos últimos dois meses pode ter sido
No que tange a produção física influenciada pelo comportamento da
industrial do último trimestre de 2007 taxa de câmbio e o risco crescente de
(Tabela 3.3), destaque deve ser dado crise nos EUA (grande fornecedor de
ao fato de que o crescimento insumos para estes ramos). A
relativamente expressivo no trimestre produção da indústria extrativa
em alguns segmentos, tais como também alcançou patamar elevado de
Equipamentos médico-hospitalares, crescimento neste último trimestre, o
Celulose e papel, Outros produtos que colaborou para o bom resultado
químicos, Máquinas para escritório e acumulado de 10,26% no ano.
equipamentos de informática, deveu- A produção física por categorias de uso
se ao comportamento observado no (Tabela 3.4) registrou principal
primeiro mês do trimestre, ou seja, crescimento no ramo de bens de
outubro, haja vista os meses de capital ao longo de todo o ano
novembro e dezembro terem analisado. O crescimento total em
apresentado forte recuo, movimento 2007 foi de 18,42%, evidenciando
Tab ela 3.3 - Pro duç ão física industrial po r tip o de índice, seções e atividad es indus triais -
Brasil – Variação % em relação ao período imediat ament e anterior
Descrição T.I/07 T .II/07 T.III/07 T.IV/07 Total/07
1.Indústria geral 1,82 2,47 0,61 0,59 5,59
2.Indústria extrativa 0,64 1,58 -0,09 7,95 10,26
3.Indústria de transformação 1,61 2,64 0,56 0,40 5,30
3.1Alimentos 2,59 -1,51 1,33 -0,97 1,39
3.2Bebidas -2,03 0,89 0,28 5,92 4,98
3.3Fumo 3,69 -10,42 -5,74 5,09 -7,99
3.4Têxtil 4,57 1,15 0,36 0,61 6,80
3.5Vestuário e acessórios 2,21 8,64 -5,83 1,99 6,66
3.6Calçados e artigos de couro -3,53 2,39 0,37 -7,06 -7,86
3.7Madeira -6,35 0,44 3,03 -4,13 -7,09
3.8Celulose, papel e produtos de papel -0,15 2,71 -8,52 9,63 2,86
3.9Edição, impressão e reprodução de gravações 2,52 2,34 1,48 -11,68 -5,97
3.10Refino de petróleo e álcool 2,60 3,06 -0,89 1,27 6,14
3.11Farmacêutica -11,66 21,78 -7,25 1,94 1,72
3.12Perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza 10,41 -3,88 -3,90 0,92 2,92
3.13Outros produtos químicos 0,14 2,37 -1,54 5,33 6,32
3.14Borracha e plástico 1,66 4,57 1,33 -0,41 7,29
3.15Minerais não metálicos 1,84 0,98 -1,13 2,58 4,29
3.16Metalurgia básica 2,18 2,45 -0,93 3,63 7,47
3.17Produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos 0,15 8,08 -3,55 0,03 4,43
3.18Máquinas e equipamentos 8,36 4,11 0,70 2,41 16,34
3.19Máquinas para escritório e equipamentos de informática 1,16 -8,72 3,45 4,24 -0,43
3.20Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 5,19 5,77 1,92 0,59 14,06
3.21Material eletrônico, aparelhos e equipamentos de
comunicações 2,29 0,59 9,56 4,59 17,92
3.22Equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, ópticos
e outros 4,45 0,83 2,23 5,82 13,94
3.23Veículos automotores 6,79 5,01 3,85 -4,24 11,51
3.24Outros equipamentos de transporte 6,35 1,98 6,01 -14,24 -1,39
3.25Mobiliário 1,06 -1,17 1,92 0,19 1,99
3.26Diversos -3,53 -0,72 -1,45 -3,77 -9,17
Fonte: IBGE/Sidra - Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 14
uma tendência observada desde o planejamento para aumento em 2008
início do governo Lula. e 2009 é ainda maior do que o
Outro apontamento relevante é para o observado nos anos antecedentes. Ao
aumento da capacidade instalada da que parece, governo, dirigentes
indústria que vem crescendo desde industriais e analistas do setor estão
2004 e, segundo a Fundação Getúlio c o n t e n t e s c o m o r e s u l t a d o
Vargas, baseada em uma pesquisa apresentado pela indústria, em 2007,
com amostra de 710 empresas, o no país.
T a b e la 3 .4 - P r o d u ç ã o fís ic a in d u s t r ia l p o r t ip o d e ín d ic e e c at e g o r ia s d e
u s o - B r a s i l - V a r ia ç ã o % e m r e la ç ã o a o p e r ío d o im e d ia ta m e n te a n te r io r
D e scri çã o T . I/0 7 T . II/0 7 T . III/0 7 T .IV /0 7 T o ta l/ 07
B e n s d e ca p i ta l 3, 47 5, 69 4 ,2 1 3 ,9 2 1 8 ,4 2
B e n s i nt e rm e d iá ri o s 2, 40 1, 17 -0 ,7 7 3 ,0 4 5 ,9 3
B e n s d e co nsu m o 1, 39 3, 30 -0 ,0 1 -1 ,7 8 2 ,8 7
B e n s d e c o n sum o d u rá v e i s 5, 96 3, 02 3 ,8 3 -1 ,8 6 1 1 ,2 4
S e m i- d u rá v e is e nã o
d urá v e is 0, 10 4, 97 -2 ,8 6 -1 ,0 3 1 ,0 2
F o n t e : IB G E /S i d ra - P e sq ui sa In d ust ri a l M e nsa l - P ro d u çã o F ísi ca
Comércio da massa de salário da economia,
O crescimento do comércio varejista, decorrente da melhora da renda e do
acumulado no ano de 2007, de acordo emprego, e a expansão do crédito.
com a Pesquisa Mensal do Comércio Contudo, apesar do bom desempenho
(IBGE), foi de 9,6%, sendo esta a do setor, observou-se a partir do mês
maior variação desde o início da série de outubro um aumento contínuo dos
no ano 2000 (Tabela 3.5). preços do grupo Alimentação e
Na passagem do terceiro para o quarto Bebidas, registrado pelo IPCA, que
trimestre de 2007, registrou-se uma pode ter contribuído para o baixo
leve aceleração no ritmo de desempenho medido mês a mês, de -
crescimento do volume de vendas, 1,6%, 0,9% e 0,2% nos meses de
com elevação da taxa de 9,3% para outubro, novembro e dezembro,
9,6%. As taxas dos meses de outubro, respectivamente (Tabela 3.5).
novembro e dezembro foram de - A segunda maior taxa de crescimento
0,1%, 1,7%, 0,0% respectivamente, entre os segmentos do varejo em 2007
interrompendo a série de resultados foi a de Móveis e eletrodomésticos,
positivos desde o início do ano. registrando variação de 15,4% no
No índice acumulado do ano para o volume de vendas em relação ao ano
Brasil, todos os segmentos do varejo anterior, sustentando resultados
mostraram crescimento (Tabela 3.5). positivos pelo quarto ano consecutivo.
O segmento que obteve maior De acordo com o IBGE, as mesmas
participação no crescimento do índice condições favoráveis anteriormente
f o i o d e H i p e r m e r c a d o s , destacadas, além da ampliação do
Supermercados, Alimentos, Bebidas e crédito para consumo e da queda nos
Fumo, com expansão de 6,4% no p r e ç o s p r o p o r c i o n a d a p e l a
volume de vendas, respondendo por concorrência dos importados foram os
um terço da taxa global do varejo no principais fatores que explicam o bom
ano. resultado do setor. Porém, na
O bom desempenho reflete o aumento passagem de novembro para
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 15
dezembro de 2007, dos cinco setores no acumulado de 2007, com destaque
pesquisados com séries com ajustes maior para o primeiro destes, 22,6%.
sazonais, o segmento foi o que obteve Tal resultado teve a contribuição
o pior desempenho, com -6,2%. Essa favorável de fatores como a queda das
foi a primeira retração do setor Móveis taxas de juros e o aumento do número
e eletrodomésticos após quatro meses de prestações. Refletindo o
de avanços consecutivos. crescimento das atividades no setor de
A atividade Outros artigos de uso construção civil, além de medidas
pessoal e doméstico obteve, em 2007, oficiais de incentivo, o segmento de
variação de 22,2% no volume de Material de construção obteve
vendas em relação ao ano de 2006, crescimento de 10,8% para o período
resultado influenciado pela situação de janeiro a dezembro de 2007.
econômica favorável no país além de Para o Espírito Santo (Tabela 3.6), os
uma retração dos preços no item meses de outubro, novembro e
Artigos de residência nos meses de dezembro, apresentaram taxas de
novembro e dezembro, de acordo com 7,4%, 4,5% e 6,4% respectivamente,
o INPC calculado pelo IBGE. acumulando crescimento de 6,1% no
Com o melhor resultado obtido em último trimestre de 2007 e de 9,1% no
todo o período da pesquisa, a atividade ano, ou seja, pouco abaixo do
Tecidos, vestuário e calçados, resultado nacional.
apresentou resultado de 10,7% na Dos segmentos que compõem o índice
c o m p a r a ç ã o c o m 2 0 0 6 . N a do comércio varejista as maiores altas
comparação mês a mês, o segmento no Estado foram de Hipermercados,
apresentou uma elevação expressiva, Supermercados, Alimentos, Bebidas e
de 3,3%, na passagem de setembro Fumo, com aumento acumulado de
para outubro e sofreu uma retração de 1 0 , 2 % n o a n o e M ó v e i s e
-2,2% de novembro para dezembro de Eletrodomésticos, com 16,0%. Dois
2007. i t e n s r e g i s t r a r a m r e c u o s ,
O Comércio varejista ampliado, que Combustíveis e Lubrificantes, com -
inclui ainda as atividades de Veículos, 1,4% e Outros artigos de uso pessoal e
motos, partes e peças e de Material de doméstico, com -0,9%. A análise do
construção, obteve variação de 13,5% Comércio Varejista Ampliado mostra
Tab ela 3 .5 – Volu me d e ven das no var ejo por atividade (var iação real% m ês a m ês)
Ativ idad es
Out/07
*
N ov/07
*
Dez/07
*
T rim estre *
*
Acum ula do 12
M eses**
Co m ércio Vare jista -0,1 1,7 0, 0 9, 6 9,6
Co m bustíveis e Lub rifica ntes 1,4 2,0 -2, 3 5, 2 5,1
H iper. , Supe r., A lim ., Beb . E F um o -1,6 0,9 0, 2 5, 8 6,4
Sup erm ercad os e Hipe rme rca do s -3,3 1,2 0, 5 5, 8 6,8
T ecidos, vestuário e calça do s 3,3 1,5 -2, 2 11,9 10,7
M óv eis e eletro do m éstico s 1,1 1,1 -6, 2 13,5 15,4
Outro s artigos d e uso p esso al e
d om éstico - - - 21,7 22,2
Co m ércio Vare jista Am plia do - - - 13,4 13,5
Ve ículo s, mo to s, p arte s e p eças 2,5 -1,2 -2, 1 21,7 22,6
M ateria l d e Construção - - - 14,0 10,8
Fo nte: Pesq uisa M ensa l d o Com é rcio (IBGE).
*variação p erce ntual real m ês/m ês com ajuste sazonal.
**v ariação pe rce ntua l e m relação a igual p erío do d o im ed iatam ente a nterior.
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 16
crescimento de 15,6% em 2007, tendo ano com crescimento acumulado de
destaque o segmento de Veículos, 26,9%.
Motos Partes e Peças, que terminou o
4. EMPREGO E SALÁRIOS
Tabela 3.6 – Volume de vendas no varejo por atividade – Espírito Santo (variação real% em
relação ao mesmo período do ano anterior)
Atividades Out/07* Nov/07* Dez/07* Trimestre*
Acumulado
12 Meses**
Comércio Varejista 7,4 4,5 6,4 6,1 9,1
Combustíveis e Lubrificantes 0,4 3,8 3,3 2,5 -1,4
Hiper., Super., Alim., Beb. E Fumo 9,7 6,4 6,4 7,5 10,2
Supermercados e Hipermercados 9,7 6,4 6,0 7,4 10,5
Tecidos, vestuário e calçados 12,7 9,3 13,8 11,9 4,1
Móveis e eletrodomésticos 4,6 0,3 10,3 5,1 16,0
Outros artigos de uso pessoal e doméstico -9,9 -7,2 -4,1 -7,1 -0,9
Comércio Varejista Ampliado 20,9 19,3 17,9 19,4 15,6
Veículos, motos, partes e peças 43,4 43,9 44,2 43,8 26,9
Material de Construção 11,0 3,4 0,1 4,8 6,7
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio (IBGE).
*variação percentual em relação a igual período imediatamente anterior.
No ano de 2007, em relação a 2006, conseqüente queda da taxa de
ocorreu queda na taxa de desemprego desemprego.
da ordem de um ponto percentual pelo Os resultados positivos apresentados
IBGE/PME e de 0,7 ponto percentual pelas duas metodologias de cálculo
pelo DIEESE/PED (tabela 4.1). Em também eram esperados em virtude
termos absolutos, estes são os da observação, neste boletim e em
melhores resultados da série para o anteriores, dos bons resultados de
Governo Lula.Para o quarto trimestre criação de novos postos de trabalho
do ano, os resultados também são celetistas e do nível de atividade da
animadores: ocorreu queda da taxa de economia brasileira.
desemprego nas duas metodologias, No último trimestre de 2007, de acordo
em todos os meses do período. Pelo com o CAGED (tabela 4.2), o saldo
IBGE, a taxa de desemprego passou de entre empregados e desempregados
8,7%, em outubro, para 7,4%, em no Brasil obteve um resultado positivo
dezembro, o que representou uma de 10.400 postos de trabalho. Um
queda de 1,3 p.p. no trimestre. Pelo saldo positivo também foi observado
DIEESE, de 14,4%, em outubro, para para o ano de 2007, de 1.617.392
13,5% em dezembro, representando postos de trabalho, um crescimento
uma queda de 0,9 p.p. no período. Por recorde da ordem de 5,85%,
ser um período de aquecimento da convergindo com o aumento do PIB de
demanda devido às festas de fim de 5,4%.
ano e férias escolares, aliado à Destaca-se, aqui, o resultado total de
facilidade de crédito, é comum o dezembro, com a redução de 319.414
aumento das contratações e a postos de trabalho, representando
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 17
uma queda de 1,08% em relação ao setores). É importante notar, ainda,
mês anterior. Segundo o CAGED, tal que o setor Agropecuário, embora
redução é usual devido a fatores tenha obtido um saldo mais modesto
sazonais negativos (entressafra em relação aos outros setores (21.093
agrícola, esgotamento da bolha de postos), mantém-se na trajetória de
consumo do final do ano, entre outros) recuperação observada em 2006,
que perpassam quase todos os setores quando obteve saldo positivo no ano de
de atividades econômicas, tendo 6.574 postos de trabalho.
apenas o Comércio, a Extrativa Mineral No setor de Serviços, o saldo positivo
e os Serviços Industriais de Utilidade foi impulsionado, principalmente,
Pública como os únicos setores pelos ramos de Serviços de Comércio e
apresentarem resultado positivo Administração de Imóveis (249.320
(30.129, 128 e 252, respectivamente). postos) e Serviços de Alojamentos,
Apesar disso, a maioria dos setores, Alimentação, Reparação e Manutenção
excetuando-se os saldos negativos da (170.284 postos). Já na Indústria de
Agropecuária, Administração Pública e Transformação, os segmentos
I n d ú s t r i a d e Tr a n s f o r m a ç ã o industriais que mais se sobressaíram
encerraram o último trimestre com em termos de criação de empregos
saldo positivo, com destaque para o foram a Indústria de Produtos
Comércio, devido aos fatores sazonais Alimentícios (94.657 postos), a
positivos já mencionados (férias de fim Indústria Metalúrgica (58.113 postos),
de ano, empregos de curta duração, a Indústria de Material de Transportes
entre outros). (49.631 postos) e a Indústria Mecânica
Em 2007, todos os setores registraram (47.995 postos). Vale ainda ressaltar a
saldo positivo, com destaque para os expressiva melhora da Indústria de
setores de Serviços e Comércio, Calçados em relação ao saldo do ano
responsáveis pela criação de 61,3% anterior (9.177 postos em 2007 ante -
dos novos postos de trabalho, e cujo 401 postos em 2006).
crescimento foi o mais alto já Em termos geográficos (tabela 4.3),
registrado na série do CAGED em t o d a s a s g r a n d e s r e g i õ e s
números absolutos. Em termos apresentaram expansão do emprego
relativos, o destaque cabe ao setor de formal, com destaque para o Sudeste,
Construção Civil, com o crescimento de representando 58,7% da criação total
13,08% no ano (ante os 5,85% de novos postos de trabalho
registrados para a totalidade dos (949.797), seguido pelo Sul
T a b e la 4 . 1 - T a x a d e D e s e m p r e g o ( % )
M e s e s I B G E * D I E E S E * *
2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 6 2 0 0 7
O u tu b r o 9 ,8 8 , 7 1 4 ,6 1 4 ,4
N o v e m b r o 9 ,5 8 , 2 1 4 ,1 1 4 ,2
D e z e m b r o 8 ,4 7 , 4 1 4 ,2 1 3 ,5
F o n te : I B G E / P M E e D I E E S E /P E D
* M éd i a d a s s e i s m a i o res re g iõ e s m et ro p o l it a n a s d o p a í s .
* * R e g i ão M et ro p o l it a n a d e S ão P au l o .
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 18
Tabela 4.2 - Saldo entre em pregados e desem pregados no B rasil
Atividade Econôm ica Outubro Nov embro Deze mbro
Total no
trim estre
Total de
2007
Extrativa Mineral 771 -24 128 875 9.762
Ind. Transform ação 60.034 -2.496 -142.972 -85.434 394.584
Serv. Ind. Utilid. Pública 217 188 252 657 7.752
Construção Civil 21.685 7.811 -25.881 3.615 176.755
Com ércio 63.773 99.677 30.129 193.579 405.091
Serviços 67.751 62.422 -40.795 89.378 587.103
Adm . Pública 2.434 81 -18.624 -16.109 15.252
Agropecuária -11.405 -43.105 -121.651 -176.161 21.093
Total 205.260 124.554 -319.414 10.400 1.617.392
Fonte: CAGED
(300.315), Nordeste (204.310),
Centro-Oeste (93.995) e Norte
(68.975). Entre os estados, em
números absolutos, os melhores
desempenhos foram registrados em
São Paulo (611.539), Minas Gerais
(168.398), Rio de Janeiro (144.786),
Paraná (122.361), Rio Grande do Sul
(94.324) e Santa Catarina (83.630).
Em com um aumento de 8,14% no
nível de emprego. Em sentido oposto,
os estados de Alagoas - devido ao
desempenho desfavorável de
atividades ligadas à Indústria de
Produtos Alimentícios do complexo
sucroalcooleiro - e do Acre - devido ao
postos de trabalho. O interior desses
estados que possuem região
metropolitana foi responsável pelo
incremento de 577.608 postos de
trabalho (representando um
crescimento de 5,67% no ano),
indicando, em 2007, menor
d i n a m i s m o e m r e l a ç ã o a o s
a g l o m e r a d o s u r b a n o s ,
comportamento que pode ser
atribuído, em parte, às atividades
r e l a c i o n a d a s a o s e t o r d a
Agropecuária.
Dado que os resultados indicam uma
redução da taxa de desemprego (nas
duas metodologias), uma questão a
balanço negativo das atividades
ligadas à Administração Pública e à
Construção Civil - apresentaram
redução no nível de emprego (-505 e -
96 postos, respectivamente).
J á n o c o n j u n t o d a s Á r e a s
Metropolitanas foi registrado um
crescimento médio de 6,41% no ano,
decorrente da criação de 736.593
ser levantada é se a velocidade com
que esta taxa se reduz seria
acompanhada de uma melhoria das
condições de trabalho (um indicador
importante, ainda que insuficiente, é
o nível de salários, tratado mais
adiante), e também se essa queda da
taxa de desemprego é suficiente para
absorver o crescimento da PEA
T a b el a 4 . 3 - S a ld o e n tr e li g a d os e d e s li g a d o s d o B r as i l p o r R e g i õe s (t o ta l n o tr i m es t r e )
S et o r S u d e s te S u l N o r d e st e N o r te C en tr o - O es t e
A d m . Pú b lic a - 1 2 .7 7 6 ,0 0 - 3 .9 1 8 ,0 0 9 7 9 ,0 0 - 2 0 1 ,0 0 - 1 9 3 ,0 0
A g ro p e c u á ri a - 1 3 1 .9 2 3 ,0 0 - 9 8 6 ,0 0 - 1 7 .4 8 3 ,0 0 - 2 .5 5 3 ,0 0 - 2 3 .2 1 6 ,0 0
C o m ér c io 1 0 4 .9 8 0 ,0 0 3 8 .9 9 1 ,0 0 2 9 .8 0 2 ,0 0 8 .3 3 9 ,0 0 1 1 .4 6 7 ,0 0
C o n s tr u ç ã o C iv il 5 .4 4 1 ,0 0 - 6 5 7 ,0 0 2 .4 4 4 ,0 0 - 2 .3 9 7 ,0 0 - 1 .2 1 6 ,0 0
E x t. M in e ra l 6 8 1 ,0 0 7 2 ,0 0 1 9 1 ,0 0 2 6 4 ,0 0 - 3 3 3 ,0 0
I n d . T ra n s fo r m a ç ão - 6 3 .6 1 3 ,0 0 - 7 .0 9 7 ,0 0 9 .4 3 7 ,0 0 - 2 .7 0 3 ,0 0 - 2 1 .4 5 8 ,0 0
S er v . In d . U ti l. P ú b lic a 8 2 1 ,0 0 - 1 8 2 ,0 0 2 0 9 ,0 0 - 3 9 ,0 0 - 1 5 2 ,0 0
S er v iç o s 6 3 .2 9 1 ,0 0 1 1 .9 3 1 ,0 0 1 0 .6 5 5 ,0 0 1 .2 9 3 ,0 0 2 .2 0 8 ,0 0
T o ta l - 3 3 .0 9 8 ,0 0 3 8 .1 5 4 ,0 0 3 6 .2 3 4 ,0 0 2 .0 0 3 ,0 0 - 3 2 .8 9 3 ,0 0
F o n t e: C A G E D
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 19
T a be la 4 .4 - P op ula ç ã o E con om ica m e n te A tiv a
V alo re s A bs o lu tos
(e m m il p e ss o as )
V ar (% ) m ê s /m ê s
a n te rio r
V ar (% ) m e sm o
m ês do an o an te rio r
2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 6 2 0 07 2 0 0 6 2 0 0 7
O u t ub r o 2 2 9 0 5 ,07 2 3 3 24 ,3 3 -0 ,3 8 -0 ,0 9 3,1 1 1 ,8 3
N o vem b ro 2 2 9 1 5 ,76 2 3 3 70 ,3 9 0 ,0 5 0 ,2 0 2,9 1 1 ,9 8
D e ze m b r o 2 2 6 5 1 ,83 2 3 0 94 ,9 4 -1 ,1 5 -1 ,1 8 2,5 7 1 ,9 6
Fo nt e: IB G E /P M E
T a b e l a 4 . 5 - V a r i a ç ã o e m p . p . d o í n d i c e d e
d e s e m p r e g o ( a n o / a n o i m e d i a t a m e n t e a n t e r i o r )
e t a x a s d e c r e s c i m e n t o r e a l d o P I B
A n o I B G E D I E E S E P I B
2 0 0 2 - 0 , 1 0 , 7 2 , 7
2 0 0 3 0 , 4 0 , 6 1 , 2
2 0 0 4 - 1 , 3 - 2 5 , 7
2 0 0 5 - 1 , 3 - 1 , 3 3 , 2
2 0 0 6 - 1 , 1 - 1 , 6 3 , 8
2 0 0 7 - 0 , 8 - 0 , 7 5 , 4
F o n t e : I B G E / P M E e C o n t a s N a c i o n a is , D I E E S E / P E D
(População Economicamente Ativa).
Este último indicador pode ser
observado na Tabela 4.4.
Governo Lula - são insuficientes para
indicar uma melhoria substantiva na
questão do desemprego. Três
Em primeiro lugar, o crescimento da
PEA (População Economicamente
Ativa) é maior do que a queda da taxa
d e d e s e m p r e g o p e l a s d u a s
metodologias desde 2002. Isto
significa que nos últimos anos nem
todos os novos entrantes na PEA
conseguem ser absorvidos no mercado
de trabalho.
Além disso, cabe salientar que a queda
da taxa de desemprego não ocorre de
modo acelerado. Desde 2005 a taxa de
desemprego tende a se reduzir em
valores menores do que nos anos
elementos contribuem para esta
conclusão: a taxa de desemprego se
reduz de modo desacelerado (a partir
de 2005); a queda da taxa de
desemprego é menor do que as taxas
de crescimento do produto; e o
crescimento da PEA é maior do que a
redução da taxa de desemprego.
Em relação à renda dos trabalhadores
(Tabela 4.6), os dados apresentados
pelo IBGE apontam crescimento do
nível de salários em todos os meses do
quarto trimestre de 2007, tanto em
termos absolutos, como em termos
anteriores - com exceção de 2006 pelo
DIEESE. Isto pode indicar que são
necessários esforços de crescimento do
produto cada vez maiores para que se
reduza a taxa de desemprego, uma vez
que se considera a relação inversa entre
ambos. Os dados podem ser
observados na Tabela 4.5
Assim, demonstra-se que apesar de
positivos, os resultados apresentados -
não só em 2007, mas em todo o
relativos. Em contrapartida, os dados
d o D I E E S E d i v e r g e m d o s
apresentados pelo IBGE, pois há
queda do nível de salários em todos
os meses da série.
Cabe ressaltar que as metodologias
de pesquisa do IBGE e do DIEESE são
diferentes quanto à amplitude
geográfica da pesquisa. Enquanto a
do IBGE abrange seis regiões
metropolitanas (Belo Horizonte, Rio
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 20
de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, cresceram 1,59%, em novembro,
Salvador e Recife), a pesquisa do 2,80%, e em dezembro, 2,43%.
D I E E S E é r e s t r i t a a r e g i ã o Assim, uma observação que se pode
metropolitana de São Paulo (apesar de fazer é de que o crescimento do nível
também existirem pesquisas de salários são maiores nas demais
metropolitanas por parte deste regiões metropolitanas do país, o que
instituto na Bahia, Distrito Federal, pode ser um indicativo de dinamismo
Recife e Salvador). Assim, aquela é m a i o r e m o u t r a s r e g i õ e s
mais abrangente do que esta e permite metropolitanas em comparação com a
avaliar de forma diferente os dados d e S ã o P a u l o . N u m a
apresentados perspectiva otimista, seria um
Como nos informa o DIEESE, ocorreu primeiro passo rumo à atenuação das
queda no nível de salários de 0,63%, desigualdades regionais brasileiras.
2,27% e 5,28% para os meses de Empregos e Salários no Espírito
outubro, novembro e dezembro, Santo
r e s p e c t i v a m e n t e , n a r e g i ã o No período referente ao quarto
metropolitana de São Paulo. Além trimestre de 2007, segundo os dados
disso, a taxa de desemprego também do CAGED (tabela 4.7), a criação de
caiu no mesmo período, tanto pelo empregos para o Estado apresentou
IBGE como pelo DIEESE. Tendo em um saldo negativo de 413 postos de
vista que o mercado não absorve toda trabalho. Para o ano, os dados
a nova mão-de-obra e com a queda da registraram um crescimento do
taxa de desemprego de forma emprego formal na ordem de 4,5%.
desacelerada, há indícios de que, pelas O destaque negativo se deu pelo saldo
condições apresentadas na região da agropecuária ao longo do trimestre
mais dinâmica da economia brasileira, (-3.920 postos de trabalho). A queda
os empregadores possuem elevado na contratação de mão-de-obra foi
poder de barganha sobre os devido à redução na expectativa de
assalariados, sobretudo num ano de produção causada, sobretudo, pela
elevado crescimento do produto seca generalizada em todo o Estado,
interno bruto. que afetou muitas lavouras, pela
Por outro lado, os resultados do IBGE entressafra agrícola e pelo término do
apontam para uma melhoria do nível período escolar, considerando que
de salários para todos os períodos da muitas crianças ajudam na agricultura
série. Em outubro os salários familiar. É interessante observar que
Tab e la 4 .6 - Re nd im e nt o M é dio R e al- e m R$ e v ariação
p e rc e nt ual e m re laçã o ao m e sm o m ê s d o an o ant e rior
M e ses IBG E DIE ESE *
20 0 6 2 0 07 V ar ( %) 2 00 6 20 0 7 Var ( % )
O utu bro 1 11 0 ,2 2 11 2 7,87 1 ,5 9 11 48 ,5 7 1 14 1 ,3 2 -0 ,6 3
N o vem bro 1 11 2 ,4 1 11 4 3,60 2 ,8 0 11 45 ,0 2 1 11 9 ,0 0 -2 ,2 7
D ezem br o 1 12 8 ,0 5 11 5 5,45 2 ,4 3 11 79 ,9 9 1 11 7 ,7 3 -5 ,2 8
* Reg iã o M etrop olitan a d e São Pau lo .
De flator: IPC A. M ês N ovem bro = 10 0.
Fon te: IBGE /P M E e DIE ES E/ PE D
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 21
essa queda manteve-se com relação uma queda de, aproximadamente,
ao trimestre anterior, quando o setor 42% na criação de novas vagas em
também apresentou um saldo negativo comparação com o terceiro trimestre
de 3.421 vagas. No entanto, em de 2007, porém uma elevação de mais
comparação ao quarto trimestre de de 100% com relação ao mesmo
2006, podemos afirmar que a queda período de 2006. Foram responsáveis
em 2007 foi bastante elevada, uma vez pela queda, ao logo do trimestre, os
que no ano anterior o setor apresentou subsetores relacionados a Instituições
um saldo de -1.849 postos. Financeiras e a Ensino. Os ramos que
O setor de Comércio, porém, mostrou- mais contribuíram foram Serviços de
se bastante aquecido com relação ao Alojamento, Alimentação, Reparação e
trimestre anterior, com 4.559 novos Manutenção.
empregos, seguindo a mesma A Construção Civil segue uma
tendência de 2006. A alta contratação tendência de queda em relação ao
deu-se por causa do período de festas e trimestre anterior, fechando com um
vendas no varejo, pois se observa que saldo negativo em 1.430 postos. No
o impulso maior ficou por conta do ano, o setor registrou uma queda de
comércio varejista, que obteve tanto 74% na criação de novas vagas se
em novembro como em dezembro comparado com o ano de 2006. A
saldo maior que o saldo total do setor. Indústria de transformação teve o
Acredita-se que tal fato deve-se ao resultado do trimestre prejudicado
aumento da massa de salário e à pelo desempenho de dezembro, que
expansão do crédito. O bom apresentou resultado negativo de 1238
desempenho do setor, vale destacar, postos de trabalho.
também foi impulsionado por Quanto aos dados da indústria
segmentos ligados a veículos capixaba, houve, segundo o IEL
motocicletas, partes e peças e (Instituto Euvaldo Lodi), um
equipamentos e materiais para decréscimo de 0,94% na criação de
escritório e informática. novas vagas no mês de outubro, em
Já o setor de Serviços, que junto com o relação ao mês anterior (tabela 4.8),
comércio foram os que mais principalmente, devido ao período de
empregaram no Estado, apresentou entressafra da indústria alcooleira, da
Tabela 4.7 - Ev olução do Emprego por Atividade Econômica
Estado: Espírito Santo
Atividade
Econômica
Out/2007 Nov/2007 Dez/2007 Total No Ano
Extrat. Mineral 3 1 -4 1 -15 -25 7 03
In dust. Transformação 34 8 46 5 -1.2 38 -425 1.9 41
Serv. In d. Ut. Pub. 9 2 3 7 -1 14 15 4 30
Con strução Civil 3 0 -40 6 -1.0 54 -1.430 1.2 76
Comércio 92 9 2.02 3 1.6 07 4.559 9.9 50
Serviços 1.12 2 1.16 5 -31 2.256 13.0 63
Adm. Pública 6 3 2 -1.4 81 -1.443 -8 43
Agric., Silvicultura -2.30 0 -1.26 5 -3 55 -3.920 -1.4 46
Total 25 8 2.01 0 -2.6 81 -413 25.0 74
Fonte: MTE-CAGE D
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 22
5. POLÍTICA MONETÁRIA
Entre março e setembro de 2007, a quanto ao cumprimento da meta de
taxa básica de juros, a SELIC, foi inflação. O receio quanto aos efeitos
reduzida seis vezes consecutivas da crise financeira internacional,
devido às expectativas favoráveis desencadeada em agosto de 2007,
conclusão de obras e da diminuição da de dezembro apresentou uma redução
atividade produtiva moveleira. Entre de 1,43% do pessoal ocupado na
os setores que obtiveram maior queda, i n d ú s t r i a c a p i x a b a , d e v i d o ,
destacam-se o de máquinas, principalmente, à diminuição da
aparelhos e materiais elétricos e o de atividade produtiva em alguns setores
coque, refino de petróleo e álcool. por motivos sazonais, redução de
No mês de novembro, o nível de demanda ou término de contratos.
empregos manteve-se em queda, Nesse contexto, destacam-se os
destacando-se novamente os setores segmentos de produtos químicos,
coque, refino de petróleo e álcool e o vestuário e acessórios, máquinas,
de máquinas, aparelhos e materiais aparelhos e materiais elétricos e
elétricos. As maiores ampliações, móveis e indústrias diversas. Porém
porém ocorreram nas atividades verificamos um ligeiro aumento no
referentes a alimentos e bebidas e segmento de produtos metálicos, com
veículos automotores. exceção das máquinas.
Seguindo a mesma tendência, o mês
T abela 4.8 – V ariação m ensal do pesso al ocupad o po r gênero de
atividad e no ES (%)
ATIV IDAD E ECO NÔM IC A OUT/SET NOV /OUT DEZ/NO V
Indústrias Extrativas 1,25 -1,16 -0,33
A lim entos e B ebida s 0,83 2,51 -2,24
P rodutos Têxteis 0,65 1,19 -1,00
V estuá rio e Acessórios 0,95 -0,24 -6,42
C ouros e Ca lçados 0,66 -3,98 -3,69
C elulose e P apel 0,06 0,45 1,47
Edição e Im pressã o 2,03 1,94 0,61
C oque, Refino Petró leo, Álcoo l -19,01 -22,46 -2,09
P rodutos Quím ico s 0,00 1,52 -6,78
A rtigo s de Borracha e Plá stico 1,09 0,05 -0,39
Minerais Não-Metálicos 0,77 0,18 -1,67
Me ta lurgia Bá sica 0,16 0,76 0,87
P rod. Metálico s – Ex cl. Máquina s 2,49 -0,20 2,44
Má q., Aparelho s e Ma t. Elétricos -21,61 -4,50 -7,56
V eículo s Autom otores -1,17 2,77 -1,54
Mó veis e Indústrias Diversa s -1,46 0,89 -5,86
Eletricidade e Gá s -0,88 -0,44 -4,37
C aptação, Tra ta m., Distr. Á gua -0,54 -0,34 -0,48
C onstrução -3,71 0,25 -1,43
Total da Indústria -0,94 -0,36 -1,43
Fo nte: IEL-ES
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 23
levou o Comitê de Política Monetária – do real, pois reduziria o ingresso dos
COPOM - a manter estável a taxa capitais externos especulativos. Mas, o
SELIC em 11,25%, desde então. Dessa resultado da política monetária,
forma, o país encerrou o ano em associado às condições de fragilidade
primeiro lugar no ranking dos países internacional do dólar, está
com a taxa de juros real mais elevada contribuindo para um novo aumento
do mundo. da vulnerabilidade externa devido à
A conjuntura econômica brasileira redução no saldo da balança comercial
apresentava boas condições no e ao aumento nas remessas de rendas
contexto internacional, graças à de capital. Entre 2006 e 2007, o saldo
r e d u ç ão n o s i n d i c ad o r e s d e na conta de transações correntes
vulnerabilidade externa, ao controle diminuiu de US$ 13,6 para US$ 3,6
da inflação, aos superávits na balança bilhões e tornou-se negativo, em US$
comercial, ao aumento das reservas 6,3 bilhões, no primeiro bimestre de
internacionais e à diminuição da 2008, apontando para um déficit de
relação dívida/PIB. No entanto, apesar mais de US$ 30,0 bilhões nas
desses resultados, a taxa de juros transações correntes para 2008.
continuou a pressionar a política fiscal Durante o último trimestre do ano, a
através da realização dos elevados economia brasileira foi afetada pelo
superávits primários necessários ao sensível crescimento da demanda
pagamento de uma parte dos juros da doméstica, pela instabilidade e
dívida mobiliária interna. Vale ressaltar extrema volatilidade no mercado
que a redução na taxa de juros, além financeiro, derivado da crise bancária
de contribuir para alavancar o lado européia e norte-americana, e pelo
p r o d u t i v o d a e c o n o m i a , e ligeiro aumento nos indicadores de
conseqüentemente o crescimento inflação, devido principalmente ao
econômico, estimularia o aumento das aumento dos preços dos alimentos.
exportações através da desvalorização
Tab ela 5 .1 : Bas e Mon etária, com pon entes e meios de p agam entos
Sald o em fin al de p eríod o (em R$ m ilhões ) e variação em 1 2 m eses (% )
out/07 nov/07 dez/07
C om ponentes R $ % R $ % R$ %
Base Monetária 122 967 23,1 130 847 24,2 146 617 21,1
Papel m oeda em itido 83 781 17,8 88 018 19,5 102 885 19,9
Reservas B ancárias 39 186 36,3 42 829 35,1 43 732 24,0
M eios de Pagamentos 179 278 22,6 183 776 22,4 210 540 25,9
M oeda em poder do públi co 68 510 18,1 69 379 18,2 79 263 18,2
Depós itos à vista 110 768 25,6 114 398 25,1 131 276 31,1
Meios de Pagam entos referem -se à média dos saldos nos dias úteis.
Fonte: B CB . Nota para a imprensa
O s a g r e g a d o s m o n e t á r i o s bancárias em 24,0%, demonstrando
apresentaram elevado crescimento no mais uma vez que o índice geral de
trimestre em relação ao mesmo preços não é o reflexo direto da oferta
período do ano anterior. A base monetária, como defende a teoria
monetária encerrou 2007 no montante quantitativa da moeda.
de R$ 146,6 bilhões, 21,1% maior que A conversão da base monetária em
em dezembro de 2006. O papel moeda meios pagamentos (M1) – como média
emitido cresceu 19,9% e as reservas dos saldos diários - resultou em uma
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 24
expressiva variação no trimestre, quase R$ 1,9 trilhão de reais, ou
encerrando o ano em R$ 210,5 70,5% do PIB. Com exceção dos
bilhões, 25,9% maior do que no ano depósitos para investimentos, os
anterior. Desse total, o papel moeda demais itens constituem uma parte da
em poder do público representou riqueza acumulada aplicada a juros.
37,6% e os depósitos à vista, 62,4%. Esses depósitos para investimentos
O efeito multiplicador aumentou a representam apenas uma conta
base monetária em 43,6%. intermediária entre as aplicações,
A Tabela 5.2 mostra o conjunto de através da qual o governo isentou do
agregados financeiros acumulados, ou IOF e CPMF, e a troca de aplicações
as aplicações financeiras no sistema entre ações na bolsa de valores e
bancário, de propriedade das famílias quaisquer das outras formas de
e das empresas e representam uma crédito que integram o M4.
parte importante do passivo bancário. A maior parte do M4 representa a
Os depósitos de poupança são contrapartida da dívida mobiliária
reservas de uma parcela importante federal representada pelos saldos dos
da população, mas a maior parte fundos de renda fixa, operações
desse saldo é de propriedade de compromissadas e títulos federais.
menos de 10% das famílias. Por outro Essas três contas acumulam mais de
lado, as demais aplicações estão ainda R$ 1,0 trilhão de reais do total de R$
mais concentradas em cerca de um 1,2 trilhão da dívida mobiliária federal.
por cento das famílias. Esse conjunto, O restante é constituído do M1 e de
também denominado de meios de cerca de R$ 500,0 bilhões de dívidas
pagamentos (M4), aumentou 21,4% privadas de empresas (títulos) e
em 12 meses, encerrando o ano em bancos (poupança).
Tabela 5.2 - Meios de Pagamentos (M4) - Saldos emR$ milhões
Mês
Depósi
tos para
investi
mentos
Depósito
de
poupança
Títulos
privados M2
Quotas
de
fundos
de
renda
fixa
Operações
Compromis
sadas com
títulos
federais M3
Títulos
federais
(SELIC)
Títulos
estaduais e
municipais M4
Out 3.541 221 169 319547 722 353 806 509 40 750 1 569 611 266 846 23 1 836 480
Nov 3.831 225 355 318210 736 220 807 044 43 345 1 586 609 271 311 24 1 857 943
Dez 4.249 234 672 311084 782 028 794 163 42 529 1 618 721 267 928 24 1 886 672
Fonte: BCB. Nota para a imprensa
Os fatores condicionantes da base ano reduziram significativamente esse
monetária, apresentados na Tabela processo entre novembro e dezembro.
5.3, mostram a maior monetização da Por outro lado, a aquisição de divisas,
economia e de parte da dívida pública, visando a amenizar a desvalorização
no último trimestre do ano. Em do dólar, também arrefeceu no último
primeiro lugar, a política de obtenção mês do ano reduzindo a expansão
de elevados superávits primários monetária através desse mecanismo.
continuou a reduzir a base monetária, O aumento significativo dos depósitos
entretanto, os pagamentos que se das instituições financeiras também
acumulam normalmente no final do contribuiu pelo lado da contração da
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 25
base monetária. Tudo isso permitiu utilizados em saneamento básico.
que o Banco Central efetuasse uma Setorialmente, as atividades
monetização da dívida de mais de R$ econômicas que se destacaram em
30 bilhões no último trimestre do ano. relação às suas operações de crédito
Há de se ressaltar também que, de foram a indústria e o consumo de
acordo com operacionalidade da pessoas físicas. A indústria, devido às
política monetária em que “o Banco e x p e c t a t i v a s p o s i t i v a s d o s
C e n t ra l n ã o p o d e c o n t r o l a r empresários com as vendas de fim de
simultaneamente a taxa de juros e o ano, obteve o maior volume das
nível de reservas bancárias”¹, o operações de crédito do quarto
agregado monetário deve flutuar como trimestre, com uma variação de
forma de ajuste para dada taxa de 11,6%, em relação ao trimestre
juros, um vez que o atual controle é anterior. Nesse setor tiveram destaque
sobre a taxa de juros. Por isso, a os sub-setores de agroindústria,
variação da base monetária deve se extração mineral e de papel e celulose.
ajustar continuamente às taxas de No ano, esse crescimento foi de
juros do mercado. Isso faz com que o 29,8%, ficando atrás somente das
c o m p o r t a m e n t o d o s f a t o r e s operações com pessoas físicas que
condicionantes da base pareça um fecharam o ano com um aumento de
indicador de mudanças na condução 33,0%.
de política monetária, quando na O crédito para pessoas físicas
verdade não é. apresentou uma taxa de crescimento
As Operações de Crédito do Sistema inferior à observada no trimestre
Financeiro continuaram crescendo no anterior devido ao pagamento do 13°
último trimestre de 2007, chegando a salário e as maiores contratações,
34,7% do PIB. Elas constituem parte típicas dessa época do ano. Porém
dos ativos bancários e são decorrentes essa particularidade não diminuiu a
de sua atividade de intermediação importância de sua participação no
financeira. total das operações de crédito, que
No quarto trimestre houve aumento de representou em dezembro 33,6% do
1,8% nas operações com o setor total das operações do sistema
público, impulsionadas pelos estados e bancário.
¹Carvalho, F. C. de; Souza, F. E. P. de; Sicsú, J.;municípios, que tiveram um aumento
Paula, L. F. R. de & Studart, R. (2000). Economia
nas operações de 2,2% devido,
monetária e financeira: teoria e política. Rio de
principalmente, aos recursos Janeiro: Campus.
Tabela 5.3 – Fatores Condicionantes da Base Monetária
Fluxos acumulados no mês (R$ milhões)
Período Tesouro
Nacional
Operações
com títulos
públicos
federais
Operações
do Setor
externo
Redesconto
do Banco
Central
Depósitos
de
instituições
financeiras
Operações
com
derivativos
- ajustes
Outras
contas
Variação
da base
monetária
Out/07 -6 244 930 6 430 - 0 - 562 1 988 85 2 627
Nov/0/ -11 197 10 601 1 0 010 - 0 -1 040 - 527 34 7 881
Dez/07 -4 826 19 229 4 210 - 0 -3 466 485 1 38 15 769
Fonte: BCB. Nota para a impren sa
Essa maior liquidez observada no final operações com cheque especial, -
do ano também teve conseqüências na 7,2% no trimestre, um aspecto
redução do volume total das positivo para os devedores, pois essa
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 26
Tabela 5.4 – Operações deCrédito do Sistema Financeiro
Saldo por Atividade Econômica (R$milhões)
Setor
Público
Setor
Privado
Total
Geral
Meses
Governo
federal
Governos
estaduais e
municipais
Total do
Setor
Público
Indústria Habitação Rural Comércio
Pessoas
Físicas
Outros
Serviços
Total do
Setor
Privado
Out/07 3 668 14 628 18 297 197 420 43 499
86
496
91 215 302 315 142 388 863 334 881 631
Nov/07 3 676 14 954 18 630 205 344 44 418
88
375
94 834 310 123 147 924 891 018 909 648
Dez/07 3 596 15 235 18 831 213 577 44 846
89
053
97 431 313 620 154 953 913 480 932 311
Variação (%)
No ano -14,3 3,8 -0,2 29,8 25,7 14,6 24,2 33,0 27,5 28,0 27,3
Faixa de Risco (dezembro 2007 em %)
AA+A 99,7 64,2 71,0 72,7 51,4 50,6 61,6 66,4 67,4 65,3 65,4
B até G 0,3 35,2 28,5 26,2 42,6 46,8 35,9 29,0 30,6 31,8 31,7
H 0,0 0,6 0,5 1,1 6,0 2,6 2,5 4,6 2,0 3,0 2,9
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte:BCB. Nota para a imprensa
operação é conhecida por suas altas O volume total do financiamento
taxas de juros (138,1% a.a. em imobiliário para pessoa física merece
dezembro). destaque no ano de 2007, pois
As transações de crédito por faixa de apresentou um crescimento de
valor tiveram maior alta nos 87,5%, e, somente no mês de
financiamentos acima de R$ 50 mil dezembro, esse crescimento foi de
para pessoas físicas, reflexo das 10%, com prazo médio de 2199 dias.
facilidades do crédito, maior nível de Segundo dados da Abecip (Associação
emprego e de rendimentos. O crédito Brasileira das Entidades de Crédito
consignado com desconto em folha Imobiliário e Poupança), o aumento
encerrou o ano com 57,3% do total de desse financiamento se deve também
crédito pessoal e com uma taxa de à maior utilização dos recursos da
juros média de 28,4% a.a. Os prazos poupança (R$ 18,3 bilhões e 195.981
médios aumentaram, no ano, 41% unidades em 2007, no maior patamar
para pessoas jurídicas e 72% para registrado desde 1988, com 181,8 mil
pessoas físicas, com 440 e 351 dias, imóveis).
respectivamente, em dezembro.
6. POLÍTICA FISCAL
O governo continuou a seguir, no ano perfil da dívida; a queda da taxa Selic,
de 2007, o caminho de um ajuste fiscal ainda que atualmente interrompida,
estrutural com vistas à construção de com efeitos favoráveis de redução dos
uma credibilidade externa sólida como gastos com apropriação de juros; o
atrativo ao aporte de capitais acúmulo de reservas monetárias
estrangeiros no Brasil: a relação dívida suficientes para saldar a dívida
líquida/PIB segue diminuindo pouco a externa. Tais fatores têm contribuído
pouco ao longo dos últimos anos, com para uma menor vulnerabilidade fiscal,
um correspondente alongamento do pelo menos por enquanto, à crise
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 27
Tabela6.1 - ResultadoPrimáriodoGovernoCentral (R$milhões)
Discriminação dez/06 jan -dez/06 out/07 nov/07 dez/07 jan-dez/07
I. RECEITATOTAL 57.649,4 543.251,8 54.692,0 52.552,1 67.121,6 618.872,4
I.1. Receitas doTesouro 40.074,7 418.162,6 42.886,6 40.627,7 47.081,3 477.141,6
I.2. Receitas daPrevidência Social 17.391,1 123.520,2 11.711,9 11.763,4 19.828,3 140.411,8
I.3. Receitas doBancoCentral 183,6 1.569,0 93,5 161,0 212,0 1.319,1
II. TRANSFERÊNCIASAESTADOSE MUNICÍPIOS 9.285,7 92.779,9 8.123,3 9.551,4 11.465,8 105.604,7
III. RECEITALÍQUIDATOTAL (I-II) 48.363,7 450.471,9 46.568,7 43.000,7 55.655,8 513.267,7
IV. DESPESATOTAL 54.153,9 400.669,2 36.690,7 38.496,6 63.708,2 455.442,8
IV.1. Pessoal eEncargosSociais 13.016,5 105.030,6 9.015,0 10.024,7 13.240,5 116.372,0
IV.2. Benefícios Previdenciários 19.446,0 165.585,3 14.406,3 14.324,1 23.714,2 185.293,4
IV.3. CusteioeCapital 21.359,0 127.617,6 13.071,8 13.899,0 26.396,6 151.292,8
IV.4. Transferênciado Tesouro aoBancoCentral 111,8 695,4 38,6 64,6 130,2 520,8
IV.5. Despesas doBanco Central 220,7 1.740,3 159,1 184,2 226,7 1.963,8
V. RESULTADOPRIMÁRIOGOVERNOCENTRAL (III -IV) -5.790,2 49.802,7 9.878,0 4.504,1 -8.052,4 57.824,9
V.1. TesouroNacional -3.698,3 92.039,1 12.637,9 7.088,0 -4.151,9 103.351,3
V.2. PrevidênciaSocial (RGPS) -2.054,9 -42.065,1 -2.694,4 -2.560,6 -3.885,9 -44.881,7
V.3. BancoCentral6
-37,0 -171,2 -65,6 -23,2 -14,6 -644,7
VI. RES.PRIMÁRIO/ PIB(%) 2,10 2,27
Fonte: SecretariadoTesouroNacional - MinistériodaFazenda
norte-americana. de R$ 14,7 bilhões para R$ 16,5
O último trimestre de 2007 explicita bilhões. Desse montante, R$ 16
que essas prioridades fiscais do bilhões eram provenientes do
Governo Central foram mantidas, Orçamento Geral da União, tendo sido
orientando-se para um ajuste fiscal empenhado até o final do ano. No
estrutural. Nesse trimestre, dois entanto, apenas R$ 4,5 bilhões foram
eventos de grande relevância para a pagos ainda em 2007.
política fiscal devem ser citados. O resultado primário acumulado do
O primeiro deles foi a não renovação, Governo Central equivaleu, em 2007,
para os anos de 2008 e posteriores, da a R$ 57,8 bilhões ou 2,27% do PIB
Contribuição Provisória sobre a estimado, segundo os dados acima da
Movimentação Financeira (CPMF), linha obtidos pela Secretaria do
sucedida na primeira quinzena de Tesouro Nacional. No ano de 2006 este
dezembro. Com vencimento em 31 de superávit foi de R$49,8 bilhões,
dezembro de 2007, a arrecadação equivalente a 2,10% do PIB. O
total da CPMF correspondeu a R$ 36,4 aumento de R$ 8 bilhões no resultado
bilhões, ou 5,9% da receita total anual primário de 2007 significou uma
obtida pelo Governo Federal. Tal expansão de 16,1% com relação a
mudança gerou a necessidade de uma 2006.
r e f o r m u l a ç ã o d a p r o p o s t a Na análise do último trimestre de
orçamentária de 2008, cuja aprovação 2007, destaca-se principalmente o
pelo Senado só ocorreu em março de mês de dezembro, deficitário em R$ 8
2008. O segundo evento foi a
bilhões. As razões para tanto se devem
retificação do orçamento do Programa
principalmente a fatores sazonais,de Aceleração do Crescimento (PAC),
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 28
associados à elevação de gastos com Central (BACEN), foi influenciado pelo
pessoal e encargos sociais, custeio e efeito da maior atividade econômica
capital bem como gastos com sobre a arrecadação do ICMS e dos
benefícios previdenciários. Os gastos impostos compartilhados com a União.
No 4º trimestre de 2007, o maiorcom pessoal e encargos se elevaram,
superávit primário para o setor públicoentre novembro e dezembro, de R$ 10
consolidado ocorreu no mês debilhões para R$ 13,2 bilhões. Isso se
outubro. Neste mês a receita do
deveu, em grande medida, ao
governo superou seus gastos em R$
pagamento da segunda parcela do 15,3 bilhões. Mais uma vez, o Governo
décimo terceiro pelo Poder Executivo, Central (Governo Federal e Banco
além de férias do funcionalismo Central) foi o responsável pela maior
parte desse resultado, com umpúblico federal. No mesmo período, o
superávit de R$ 10 bilhões. Osgasto do governo com o custeio e
superávits dos governos regionaiscapital aumentou de R$ 13,9 bilhões
(estaduais e municipais) e das
para R$ 26,4 bilhões. Este último
empresas estatais totalizaram,
aumento esteve associado à ampliação respectivamente, R$ 3 bilhões e R$ 2,2
das outras despesas, as quais incluem bilhões. No mês de novembro, o
p r i n c i p a l m e n t e c r é d i t o s superávit primário do setor público
consolidado reduziu-se para R$ 6,8e x t r a o r d i n á r i o s e d e s p e s a s
bilhões. Desse montante, o Governodiscricionárias. O sensível crescimento
Central foi responsável por R$ 4,8do gasto com os benefícios
bilhões, os governos regionais por R$ 2
previdenciários, de R$14,3 bilhões
bilhões e as empresas estatais por R$
para R$23,7 bilhões, também deve ser
26 milhões. No mês de dezembro
ressaltado. Foi ocasionado pelo houve um déficit primário de R$ 11,8
dispêndio com a segunda parcela do bilhões, refletindo também nesse
abono natalino. indicador a sazonalidade das
despesas. Da mesma forma que oA análise das contas do setor público
Governo Central foi o principalconsolidado para o ano de 2007, no
responsável pelos maiores superávits,critério abaixo da linha, mostra um
ele também respondeu por esse maior
superávit primário de R$ 101,6
déficit, totalizando R$ 8,7 bilhões. Os
bilhões. Esse montante correspondeu governos regionais registraram
a 3,98% do PIB de 2007 e representou naquele mês um déficit de R$ 704
um aumento de 0,12 p.p. em relação milhões e as empresas estatais um
déficit de R$ 2,4 bilhões.ao registrado em 2006. É interessante
As despesas com juros nominais,notar que os governos regionais
principal fator condicionante da dívidaaumentaram sua participação na
pública, apropriadas pelo critério de
formação desse resultado em
competência, isto é, no momento em
comparação ao resultado alcançado no que a dívida é gerada, totalizaram no
ano passado. Isto, segundo o Banco ano de 2007 R$ 159,5 bilhões,
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 29
registrando queda de 0,61 p.p. do PIB totalidade dos juros apropriados por
em relação ao ano anterior. De acordo competência atingiu a soma de R$
com dados do Banco Central, a 12,2 bilhões.
redução da taxa Selic no período O resultado nominal, no qual estão
contribuiu para a menor incorporação incluídos o resultado primário e os
de juros. Ainda é interessante notar j u r o s n o m i n a i s a p r o p r i a d o s ,
que, em relação ao PIB, os juros correspondeu a um déficit acumulado,
apropriados registraram o menor valor no ano de 2007, de R$ 57,9 bilhões
desde 1997, equivalendo em 2007 a (2,27% do PIB). Este resultado foi o
6,25% do PIB. melhor em comparação ao PIB desde o
Na análise mês a mês, a despesa com início da série, em 1991. A análise do
juros somou R$ 15,9 bilhões no mês de último trimestre mostrou um déficit
outubro. Segundo o Banco Central, os nominal crescente, partindo de R$ 528
principais fatores que contribuíram milhões em outubro, R$ 5,2 bilhões em
para esse resultado foram o maior novembro e atingindo a casa de R$ 24
número de dias úteis de outubro em bilhões em dezembro.
relação a setembro e a apreciação Pode-se concluir que, no acumulado do
cambial de 5,2%. Em novembro, os ano, os esforços do governo em reduzir
gastos com juros nominais, os déficits nominais foram positivos,
apropriados pelo mesmo critério,
mas não o suficiente para zerá-los. De
somaram R$ 12,1 bilhões. Dentre os
qualquer forma, o governo temfatores que contribuíram para o
conseguido aumentar os superávitsresultado observado destacam-se o
primários, gerando tranqüilidade nomenor número de dias úteis em
novembro e o efeito da desvalorização mercado, a despeito dos efeitos da
cambial sobre os ativos indexados ao sazonalidade verificados no final do
câmbio. No último mês do ano, a ano.
Tabela 6.2 – Necessidades de Financiamento do Setor Público (R$ milhões)
Discriminação dez/06 Jan-dez/06 out/07 nov/07 dez/07 jan-dez/07
I. Resultado Primário 6 453 -90 144 -15 347 -6 817 11 780 -101 606
I.1. Governo Central 5 763 -51 352 -10 018 -4 784 8 688 -59 439
I.2. Governos Regionais 2 013 -19 715 -3 043 -2 007 704 -29 934
I.3. Empresas Estatais -1 323 -19 077 -2 287 - 26 2 388 -12 234
II. Juros Nominais 12 992 160 027 15 875 12 056 12 238 159 532
II.1. Governo Central 7 742 125 827 10 899 7 240 7 169 119 046
II.2. Governos Regionais 5 396 36 322 5 346 4 637 5 510 42 638
II.3. Empresas Estatais - 147 -2 121 - 370 179 - 441 -2 152
III. Resultado Nominal 19 445 69 883 528 5 239 24 018 57 926
III.1. Governo Central 13 506 74 475 882 2 457 15 857 59 607
III.2. Governos Regionais 7 409 16 606 2 303 2 630 6 214 12 704
III.3. Empresas Estatais -1 470 -21 199 -2 657 153 1 948 -14 385
(+) déficit (-) superávit
Fonte: BCB - Nota para a imprensa de 31/01/2008
A Dívida Líquida do Setor Público endividamento líquido do setor público
( D L S P ) , q u e c o n s o l i d a o não financeiro e do Banco Central do
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 30
Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (R$ milhões)
Discriminação dez/06 out/07 nov/07 dez/07
Dívida Líquida Total 1 067 363 1 132 026 1 127 620 1 150 357
Governo Central 735800 809074 802271 816680
Governos Regionais 363937 364215 367223 373323
Empresas Estatais -32373 - 41 264 - 41 873 - 39 647
Dívida Líquida Total 1067363 1 132 026 1 127 620 1 150 357
Dívida Líquida Interna 1130902 1 349 655 1 366 120 1 393 139
Dívida Líquida Externa -63538 - 217 629 - 238 500 - 242 782
DLSP em % do PIB 44,9 43,2 42,4 42,8
Fonte: BCB - Nota para a imprensa de 31/01/2008
Considerando-se a dívida pública, investidor externo. O alongamento do
particularmente, a dívida pública prazo médio da dívida através do
interna, sob o ponto de vista de sua aumento dos prazos dos títulos
composição, pode-se dizer que o perfil emitidos, assim como a substituição
da dívida melhorou consideravelmente gradual dos títulos remunerados pela
no ano de 2007. Como a análise do Selic e pelo câmbio por títulos de
setor externo irá mostrar ao final remuneração pré-fixada e pelos
desse boletim, este resultado não índices de preços indicam a melhora
pode ser estendido à dívida externa, no perfil geral da dívida. Como se pode
que teve uma piora no seu perfil com o observar na tabela 6.4, na composição
aumento da dívida de curto prazo. Esta da dívida, a parcela indexada por
melhora no perfil da dívida interna índices de preços e títulos pré-fixados
pode ser caracterizado pelo representou 56% do total no mês de
cumprimento do objetivo fixado pelo dezembro. Houve uma diminuição ao
governo de minimizar os custos do longo do ano de 5,8 p.p. da
financiamento de longo prazo, a fim de participação dos títulos atrelados à
assegurar maior confiança para o t a x a S e l i c , o q u e d i m i n u i
Brasil junto ao sistema financeiro (42,4% do PIB). Um fator importante
(público e privado), setor privado não que contribuiu para essa redução foi o
financeiro e resto do mundo, alcançou efeito da desvalorização cambial sobre
em dezembro de 2007 R$ 1.150,4 os ativos indexados ao dólar, segundo
bilhões (42,8% do PIB), de acordo com dados do Bacen. É relevante destacar
a tabela 6.3. Este resultado foi 0,4 p.p. que o resultado final de 2007 mantém
acima do verificado em novembro, em a tendência à redução da relação
porcentagem do PIB, mas 1,9 p.p. DLSP/PIB, desde que esta relação
abaixo do registrado em dezembro de atingiu seu menor patamar em 1998,
2006. O déficit primário sazonal quando alcançou 38,9%. Vale ainda
contribuiu para a elevação da dívida comentar que, a dívida externa
líquida registrada em dezembro, brasileira não foi paga formalmente,
comparativamente a novembro. Em como divulgado na mídia. A verdade é
outubro havia atingido 43,7% do PIB, que o governo possui reservas
totalizando R$ 1.132 bilhões, e em monetárias suficientes para saldá-la,
novembro caiu para R$ 1.127,6 bilhões mas a dívida ainda não foi liquidada.
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 31
consideravelmente o custo de mercado aberto no montante da dívida
manutenção da dívida. Este é fato total, apresentando uma diminuição de
favorável, especialmente no cenário 1,8 ponto percentual de outubro a
de instabilidade externa, o que mostra dezembro.
certa vantagem do país no âmbito Entretanto, segundo a ata do COPOM,
fiscal. do dia 4 e 5 de dezembro, a crise
Especificamente no último trimestre, a externa passou a gerar efeitos sobre as
composição da dívida caminhou
taxas de juros internas, principalmente
dentro das expectativas, garantindo
as de prazo mais longo. Isto graças àum fim de ano dentro das metas
redução do fluxo de recursos para osestabelecidas pelo Plano Anual de
países emergentes, além do aumentoFinanciamento (PAF), elaborado pelo
Tesouro Nacional. Nesses meses o do risco país, uma vez que os agentes
comportamento dos indicadores não têm segurança de investir nos EUA
caracterizou uma estabilização das provocando uma aversão geral ao
turbulências externas acorridas nos
risco. Outro fato destacado pela ata foi
meses de julho e agosto de 2007.
o aumento dos resgates e emissões deAssim, o esforço realizado para a
títulos do tesouro brasileiro, quemanutenção da taxa de juros durante
somaram R$ 36 bilhões, de outubro atéa crise foi minimizado nos meses
seguintes. Dessa forma, observa-se a data da reunião, em seus leilões
uma tendência de queda na tradicionais.
participação das operações de
Tabela 6.4 - Títulos Públicos Federais e oper. e mercado aberto
Discriminação dez/06 out/07 nov/07 dez/07
Dívida Total (R$ bilhões) 1.153,5 1.389,9 1.392,7 1.390,7
Indexadores (%)
Over/Selic* 38,1 33,4 33,3 32,3
Câmbio* -1,0 -1,9 -2,0 -2,0
Prefixado 34,2 30,4 31,6 32,9
TR 2,1 2,0 2,0 1,8
Índice de preços 21,4 22,5 22,7 23,1
Oper. De Merc. Aberto 5,2 13,7 12,4 11,9
*com operações de Swap
Fonte: BCB - Notas para imprensa de março de 2008
O balanço de pagamentos brasileiro entanto, a conta capital e financeira é a
fechou o ano de 2007 com um saldo grande responsável por esse resultado.
de US$ 87,48 bilhões. Esse Ela atingiu um saldo final positivo de US$
resultado engloba as transações 88,94 bilhões, enquanto o saldo de
correntes mais a conta capital e transações correntes foi de apenas US$
representa um aumento expressivo 3,55 bilhões. Apesar do saldo global, as
em relação ao saldo total observado transações correntes apresentaram uma
em 2006 (US$ 30,57 bilhões). No queda de 73,9% em relação ao resultado
7. SETOR EXTERNO
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 32
registrado em 2006, quando o saldo externas em relação ao ano passado,
registrado foi de US$ 13,62 bilhões. devido principalmente ao aumento do
A conta serviços e rendas foi a grande preço de commodities, o aumento das
responsável por essa queda no saldo importações, no mesmo período, foi
das transações correntes, com um superior, tendo alcançado a cifra de
déficit de US$ 40,57 bilhões (US$ US$ 120,61 bilhões. Outro fato a ser
12,67 bilhões referentes a serviços e destacado é que a rubrica serviços e
US$ 27,91 bilhões referentes a rendas vêm ganhando cada vez mais
rendas). Por sua vez, a balança importância, devido não só ao
comercial e as transações unilaterais aumento dos déficits registrados, mas
apresentaram, respectivamente, também ao aumento do volume em
saldos de US$ 40,4 bilhões e US$ 4,09 termos absolutos das receitas e
bilhões. Apesar dos expressivos despesas, denotando o aumento
resultados do setor exportador, com dessas operações.
aumento de 16,3% nas vendas
Tabela 7.1 - Transações Correntes (US$ milhões)
Discriminação 2006 2007
Out-Dez Ano Out Nov Dez Out-Dez Ano
Balança comercial (FOB) 12 241 46 458 3 439 2 027 3 636 9 102 40 040
Exportações 36 851 137 807 15 769 14 052 14 231 44 052 160 651
Importações 24 608 91 350 12 330 12 025 10 595 34 950 120 612
Serviços e rendas -9 969 -37 143 -3 785 -3 676 -4 795 -12 253 -40 570
Receitas 6 920 25 901 3 347 3 003 4 042 10 392 35 351
Despesas 16 889 63 043 7 132 6 677 8 837 22 646 75 921
Transferências unilaterais correntes (líquido) 1 094 4 306 304 303 460 1 067 4 086
Transações correntes 3368 13 621 -42 -1 344 -699 -2 085 3 555
Fonte: BCB – Notas para imprensa
A conta capital e financeira, tabela 7.2, captassem recursos no exterior a
continuou apresentando resultados preços mais baixos para investirem em
cada vez mais vultosos. O saldo títulos brasileiros.
registrado em 2007 foi de US$ 88,9 O saldo final da conta financeira no ano
bilhões contra US$ 15,9 bilhões, em foi de US$ 88,2 bilhões. No último
2006. Portanto, o aumento neste trimestre de 2007, o grande
período foi mais de 400%, sendo responsável pelo saldo dessa conta foi
principalmente de capital de curto a conta investimento em carteira, que
prazo. Um fator relevante para tal registra fluxos de ativos e passivos
comportamento deveu-se ao fato de constituídos pela emissão de títulos de
que a taxa de juros brasileira se crédito comumente negociados em
manteve estável, em níveis altíssimos, mercados secundários de papéis. O
e a taxa de juros nos EUA veio sofrendo saldo dos investimentos em carteira foi
quedas representativas ao longo de de US$ 12,5 bilhões, o que
2007, fazendo com o que a taxa de representou aproximadamente 80%
juros do Brasil apresentasse um da conta capital e financeira no
aumento real. Isso tornou os títulos trimestre. Em 2007, o saldo final dessa
públicos brasileiros mais atrativos, rubrica foi de US$ 47,9 bilhões.
fazendo com que investidores Os investimentos diretos líquidos -
Vitória/ES - Boletim N.40º - 33
Ao longo do ano de 2007, a dívida internacionais (conceito de liquidez
externa brasileira apresentou internacional) fecharam no mês de
crescimento gradativamente. No dezembro com saldo de US$ 180,3
último mês, a dívida externa total foi bilhões. Durante o ano de 2007, as
de US$ 197,6 bilhões, contra US$ r e s e r v a s a u m e n t a r a m
172,5 bilhões em dezembro de 2006, aproximadamente US$ 94,4 bilhões.
o que representou um aumento de Isso pode ser explicado, como já
14,5% no estoque. No entanto, uma apontado anteriormente, pelas
análise mais profunda do perfil da compras sucessivas de reservas pelo
dívida externa brasileira mostra que a Banco Central ao longo do ano. Durante
dívida de curto prazo foi responsável todo ano de 2007, essas compras
pela maior parte desse aumento. A líquidas do Banco Central atingiram o
dívida externa brasileira de médio e montante de US$ 78,5 bilhões. A
longo prazo se manteve constante, ou relação reservas internacionais/dívida
seja, sem muita variação. No que diz externa foi de 0,91, em dezembro. Vale
respeito à dívida de curto prazo, o ressaltar que o governo tem afirmado
aumento observado foi superior a que por conta dessa relação estar
100%: em dezembro 2006, o estoque próxima a 1, o país encontra-se em
da dívida de curto prazo era de US$ situação totalmente segura. No
20,3 bilhões, e em dezembro 2007 o entanto, é preciso frisar que o perfil da
estoque foi de US$ 42,5 bilhões. Esta dívida torna-se cada vez mais de curto
d í v i d a e s t á c o n c e n t r a d a prazo e, portanto, sujeita a
exclusivamente no setor privado e movimentos especulativos.
público financeiro. As reservas
d i f e r e n ç a e n t r e o s a l d o d o contra um saldo negativo de US$ 9,4
investimento direto no exterior e o bilhões no ano anterior.
investimento direto no país - também A conta outros investimentos (créditos
bateram recorde em relação a 2006. comerciais, empréstimos, moeda e
Apesar do saldo ter apresentado déficit depósitos, outros ativos e passivos e
de US$ 3,7 bilhões, no último trimestre operações de regul ari zação)
de 2007, este não foi suficiente para apresentou, em 2007, um saldo no
comprometer o resultado do ano, que final praticamente igual ao do ano
fechou positivo em US$ 27,5 bilhões, anterior, US$ 12,5 bilhões.
Tabela 7.2 - Conta Capital e Financeira (US$ milhões)
Discriminação 2006 2007
Out-Dez Ano Out Nov Dez Out-Dez Ano
Conta capital e financeira 7 565 15 982 3 838 7 867 3 588 15 293 88 935
Conta capital 245 869 48 92 56 196 698
Conta financeira 7 320 15 113 3 790 7 775 3 532 15 097 88 238
Invest. Direto (líquido) - 13 521 - 9 420 - 959 91 - 2 894 - 3 762 27 585
Invest. em carteira 7 077 9 573 5 312 - 1 196 8 392 12 508 47 975
Derivativos 147 383 212 - 131 - 13 69 192
Outros investimentos 13 616 14 577 - 775 9 011 - 1 954 6 282 12 485
Erros e omissões 1 169 965 456 - 128 204 533 - 5 006
Var. reservas (- = aumento) - 12 102 - 30 569 - 4 252 - 6 395 - 3 093 - 13 741 - 87 484
Resultado global do balanço 12 102 30 569 4 252 6 395 3 093 13 741 87 484
Fonte: BCB - Notas para imprensa
Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 34
Tabela 7.3 - Dívida externa (US$ milhões)
Discriminação 2006 2007
Dez Out Nov Dez
Dívida médio e longo prazo 152 266 153 000 155 286 155 158
Setor público não financeiro 76 263 70 523 70 222 70 132
Setor priv. e públ. Financeiro 76 003 82 477 85 064 85 026
Dívida curto prazo 20 323 41 610 40 919 42 538
Setor público não financeiro 6 0 0 0
Setor priv. e públ. Financeiro 20 317 41 610 40 919 42 538
Dívida externa total 172 589 194 610 196 205 197 697
Fonte: BCB - Notas para imprensa
Desaceleração da economia mundial ameaça ganhos do Brasil

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...Grupo de Economia Política IE-UFRJ
 
Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015
Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015
Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015DenizecomZ
 
Boletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...
Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...
Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...Grupo de Economia Política IE-UFRJ
 
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1Jamildo Melo
 
A crise econômica no brasil
A crise econômica no brasilA crise econômica no brasil
A crise econômica no brasilDiego Guilherme
 
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
O Mundo PóS Crise Dez09
O Mundo PóS Crise   Dez09O Mundo PóS Crise   Dez09
O Mundo PóS Crise Dez09JulioHegedus
 
Cenários econômicos Brasil 2016
Cenários econômicos Brasil 2016Cenários econômicos Brasil 2016
Cenários econômicos Brasil 2016Wagner Gonsalez
 
Boletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 

Mais procurados (20)

Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
 
Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015
Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015
Discurso Alexandre Tombini_CAE_24_03_2015
 
Economia brasileira e gaúcha - Perspectivas 2015 e 2016
Economia brasileira e gaúcha - Perspectivas 2015 e 2016Economia brasileira e gaúcha - Perspectivas 2015 e 2016
Economia brasileira e gaúcha - Perspectivas 2015 e 2016
 
Boletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 57 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...
Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...
Política Macroeconômica, crescimento e distribuição de renda na Economia Bras...
 
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 25 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
Documento critico-ao-primeiro-ano-do-governo-dilma1
 
PAC 2 ano 1
PAC 2 ano 1PAC 2 ano 1
PAC 2 ano 1
 
A crise econômica no brasil
A crise econômica no brasilA crise econômica no brasil
A crise econômica no brasil
 
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
O Mundo PóS Crise Dez09
O Mundo PóS Crise   Dez09O Mundo PóS Crise   Dez09
O Mundo PóS Crise Dez09
 
Economia Brasileira e Gaúcha - Perspectivas 2015 e 2016
Economia Brasileira e Gaúcha - Perspectivas 2015 e 2016Economia Brasileira e Gaúcha - Perspectivas 2015 e 2016
Economia Brasileira e Gaúcha - Perspectivas 2015 e 2016
 
20120601
2012060120120601
20120601
 
Cenários econômicos Brasil 2016
Cenários econômicos Brasil 2016Cenários econômicos Brasil 2016
Cenários econômicos Brasil 2016
 
Boletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 49 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 50 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 

Semelhante a Desaceleração da economia mundial ameaça ganhos do Brasil

Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Grupo 2 apresentacão junta
Grupo 2 apresentacão juntaGrupo 2 apresentacão junta
Grupo 2 apresentacão juntajulianazaponi
 
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Cenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdf
Cenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdfCenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdf
Cenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdfFabio Castelo Branco
 
Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54economiaufes
 
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Acompanhamento Conjuntural - Setembro/2011
Acompanhamento Conjuntural - Setembro/2011Acompanhamento Conjuntural - Setembro/2011
Acompanhamento Conjuntural - Setembro/2011Sistema FIEB
 
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasilO falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasilFernando Alcoforado
 
Relatório economia 2011
Relatório economia 2011Relatório economia 2011
Relatório economia 2011hasaverus
 
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Relatório de alocação março - macro vf
Relatório de alocação   março - macro vfRelatório de alocação   março - macro vf
Relatório de alocação março - macro vfEugenio Lysei
 
Retrospectiva Prospectiva: Um futuro não muito brilhante
Retrospectiva Prospectiva: Um futuro não muito brilhanteRetrospectiva Prospectiva: Um futuro não muito brilhante
Retrospectiva Prospectiva: Um futuro não muito brilhanteBanco Pine
 
O brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e social
O brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e socialO brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e social
O brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e socialFernando Alcoforado
 
Acompanhamento Conjuntural - Dezembro 2011
Acompanhamento Conjuntural - Dezembro 2011Acompanhamento Conjuntural - Dezembro 2011
Acompanhamento Conjuntural - Dezembro 2011Sistema FIEB
 
ExpoGestão 2019 - Maílson da Nóbrega - Perspectivas da economia brasileira
ExpoGestão 2019 - Maílson da Nóbrega - Perspectivas da economia brasileiraExpoGestão 2019 - Maílson da Nóbrega - Perspectivas da economia brasileira
ExpoGestão 2019 - Maílson da Nóbrega - Perspectivas da economia brasileiraExpoGestão
 

Semelhante a Desaceleração da economia mundial ameaça ganhos do Brasil (20)

Eco latam
Eco latamEco latam
Eco latam
 
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Grupo 2 apresentacão junta
Grupo 2 apresentacão juntaGrupo 2 apresentacão junta
Grupo 2 apresentacão junta
 
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Economia
Economia Economia
Economia
 
Boletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 27 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Cenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdf
Cenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdfCenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdf
Cenário Econômico Brasileiro e Global 2022 Pós COVID.pdf
 
Relatório Sobre Acréscimos na Selic
Relatório Sobre Acréscimos na SelicRelatório Sobre Acréscimos na Selic
Relatório Sobre Acréscimos na Selic
 
Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54
 
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Acompanhamento Conjuntural - Setembro/2011
Acompanhamento Conjuntural - Setembro/2011Acompanhamento Conjuntural - Setembro/2011
Acompanhamento Conjuntural - Setembro/2011
 
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasilO falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
 
Relatório economia 2011
Relatório economia 2011Relatório economia 2011
Relatório economia 2011
 
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Relatório de alocação março - macro vf
Relatório de alocação   março - macro vfRelatório de alocação   março - macro vf
Relatório de alocação março - macro vf
 
Retrospectiva Prospectiva: Um futuro não muito brilhante
Retrospectiva Prospectiva: Um futuro não muito brilhanteRetrospectiva Prospectiva: Um futuro não muito brilhante
Retrospectiva Prospectiva: Um futuro não muito brilhante
 
O brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e social
O brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e socialO brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e social
O brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e social
 
Acompanhamento Conjuntural - Dezembro 2011
Acompanhamento Conjuntural - Dezembro 2011Acompanhamento Conjuntural - Dezembro 2011
Acompanhamento Conjuntural - Dezembro 2011
 
ExpoGestão 2019 - Maílson da Nóbrega - Perspectivas da economia brasileira
ExpoGestão 2019 - Maílson da Nóbrega - Perspectivas da economia brasileiraExpoGestão 2019 - Maílson da Nóbrega - Perspectivas da economia brasileira
ExpoGestão 2019 - Maílson da Nóbrega - Perspectivas da economia brasileira
 

Mais de economiaufes

Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 

Mais de economiaufes (15)

Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 53 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 

Desaceleração da economia mundial ameaça ganhos do Brasil

  • 1. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 01 APRESENTAÇÃO A economia brasileira encerrou o ano taxa bem superior ao das exportações, de 2007 com bons resultados, apesar 32% e 16,6%, respectivamente, o da instabilidade gerada pela crise dos saldo da balança comercial foi positivo mercados financeiros e deflagrada em em US$ 40 bilhões. Com a forte agosto do mesmo ano. A taxa de entrada de capitais registrada na conta crescimento real do PIB foi de 5,4%, e financeira, o balanço de pagamentos o governo comemora o aumento de fechou o ano com um superávit de US$ 4,0% do PIB per capita nacional. 87,5 bilhões, o que ampliou Ambos os resultados estão entre os s o b r e m a n e i r a a s r e s e r v a s melhores apresentados pelo país na internacionais do Brasil. No início de última década, e ficam abaixo apenas 2008, as reservas internacionais do crescimento de 5,7% do PIB e 4,2% atingiram o patamar de histórico US$ do PIB per capita obtidos em 2004. No 190 bilhões. Com esse resultado, entanto, ao contrário do que superaram a dívida externa do país, aconteceu em 2004, quando o tornando o Brasil um credor líquido crescimento foi puxado pelo forte mundial. desempenho das exportações, em No entanto, as preocupações 2007, os resultados apresentados apontadas nas edições anteriores foram frutos dos aumentos de 6,5% deste Boletim continuam presentes e no consumo das famílias e de 13,4% se agravam cada vez mais. Os na formação bruta de capital fixo. desdobramentos sob o lado real da Com o crescimento da economia, economia da crise financeira do houve queda na taxa de desemprego subprime estão se apresentando: a de cerca de um ponto percentual e, em economia americana mostra claros termos absolutos, este foi um dos sinais de desaquecimento, que melhores resultados apresentados l e va ra m o F u n d o M o n e t á r i o pelo Governo Lula. Internacional (FMI) a rever a projeção A taxa de inflação medida pelo Índice de crescimento de 1,5% para 0,5%, de Preços ao Consumidor Amplo em 2008. Como os EUA são um ator de (IPCA) foi de 4,47%, o que significa peso na economia mundial, a previsão que a política monetária praticada pelo de crescimento global também foi governo cumpriu a sua meta de 4,5%. revista para baixo, passando de 4,1% Na parte fiscal, o governo fez o dever para 3,7%. No caso brasileiro, um de casa, dentro da política ortodoxa desaquecimento da economia mundial praticada desde o primeiro mandato. pode levar a uma queda da demanda Reduziu a dívida em relação ao PIB, e por nossos produtos, reduzindo o obteve uma melhora no perfil da dívida saldo da balança comercial. No atual pública interna, com maior prazo e cenário de redução continua dos aumento da participação dos títulos saldos comerciais, essa queda no pré-fixados e indexados a índices de ritmo de crescimento mundial deve preços. Do lado externo, apesar do acelerar esse processo e antecipar crescimento das importações a uma uma já prevista reversão nas contas
  • 2. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 02 externas do país. da origem). O resultado é uma No cenário interno, o crescimento do significativa queda na arrecadação dos consumo levou ao aumento da grandes Estados produtores e a utilização da capacidade produtiva limitação do uso desse imposto como instalada e à preocupação de um instrumento de incentivo para descompasso entre a oferta e a empresas locais. Como esses Estados demanda, com suas conseqüências possuem grande representação no sobre a inflação. Na parte fiscal, a Congresso, tudo indica que discussão proposta de reforma tributária levará um bom número de meses até apresentada pelo governo, embora se chegar a uma proposta final. não mais ocupe a primeira página dos Enfim, apesar dos bons resultados, o jornais, é motivo de preocupação para governo e economistas não podem muitos governadores dos Estados descansar e “colher os frutos” do atual brasileiros, pois propõe a alteração na cenário, pois a economia não é uma cobrança do principal imposto máquina que uma vez bem regulada e estadual, o ICMS (Imposto sobre a lubrificada segue o seu ritmo sem sair Circulação de Mercadorias e Serviços). do prumo. Pelo contrário, é a interação Segundo a proposta, o recolhimento do de variáveis internas e externas, na ICMS seria feito no Estado em que o sua grande maioria não controladas bem ou serviço fosse consumido pelo governo, e cujos resultados são (princípio do destino), e não mais no permeados pela incerteza. Estado onde ele é produzido (princípio 1. POLÍTICA ECONÔMICA O governo Lula enfrenta a primeira principais economias emergentes, e o crise externa de todo o seu mandato. fato de ter se tornado credor do Beneficiada pela bonança da economia mundo, além do elevado custo fiscal mundial que teve início em 2003, envolvido nessa conquista, tenha propiciando a esta sustentar uma taxa aumentado os riscos para imprimir média anual de expansão de 5% até maior velocidade ao processo de 2007, e pela expressiva liquidez valorização da moeda nacional ante o internacional, sua administração dólar, já que melhoraram os atrativos conseguiu, nos últimos cinco anos, do país para o capital externo de curto mesmo implementando uma política prazo em busca de uma alta e mais econômica de cunho inequivocamente segura rentabilidade. As forças que ortodoxo, um crescimento médio real sustentaram este melhor desempenho do PIB de 3,8% a.a. e, mais da economia brasileira e que importante, reduzir expressivamente a permitiram ao país tornar-se credor do vulnerabilidade externa da economia mundo estão, contudo, se desfazendo brasileira e tornar o país credor líquido muito rapidamente: a projeção de do mundo. São feitos importantes, crescimento dos EUA caiu para menos embora o crescimento obtido tenha de 1%; a da zona do euro para menos ficado distante do alcançado pelas de 2% e a do Japão se encontra
  • 3. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 03 atualmente em 1,5%. Mesmo a China, Os resultados das contas externas com uma inflação anualizada de 8,7%, neste início de ano já revelam estar está revendo sua taxa de crescimento ocorrendo, de fato, uma reversão nos para 8%, um nível 3,5 pontos ganhos que vinham sendo obtidos: os percentuais abaixo da obtida em 2007. saldos da balança comercial Por outro lado, a crise do crédito encolheram 66,9% até o fim de março; subprime e do sistema bancário norte- o déficit em conta-corrente americano aumentou a aversão ao inicialmente projetado pelo Banco risco dos investidores, arrefecendo seu Central em US$ 3,5 bilhões já foi entusiasmo em aplicações no mundo revisto para US$ 12 bilhões (1% do global. Para completar o quadro, as PIB), mas a aposta do mercado é de commodities, responsáveis por cerca que atinja US$ 24 bilhões (2% do PIB). de 60% das exportações brasileiras e A expectativa de uma entrada líquida pelos elevados saldos comerciais que de capitais externos caiu de US$ 26 têm sido obtidos, começam a emitir bilhões para US$ 12 bilhões. Nessa sinais de desaceleração de preços e de situação, uma das maiores conquistas enfraquecimento da demanda, do atual governo, a redução da afetadas pela crise global e pela vulnerabilidade externa, pode estar se migração de aplicações e apostas dos perdendo. investidores no mercado futuro. A verdade é que a política econômica, Internamente, o consumo das famílias, comprometida com a cartilha da que se transformou no principal motor ortodoxia, deixou novamente de do crescimento do PIB nos últimos aproveitar o quadro favorável anos, impulsionado principalmente propiciado pelo desempenho da pela expansão do crédito geral e economia mundial para avançar na consignado, não está encontrando correção de muitos problemas da respostas adequadas na ampliação da economia brasileira. Com a reversão capacidade produtiva, conduzindo ao deste quadro, mesmo com “muita a u m e n t o p r e o c u p a n t e d a s criatividade”, o que até o momento não importações e à diminuição dos saldos demonstrou, será muito difícil evitar a comerciais, além de pressionar os deterioração da situação econômica e níveis de preços internos e o enfraquecimento dos ganhos que comprometer o atingimento da meta foram obtidos. Uma nova onda de inflacionária de 4,5% para este ano. “pessimismo” poderá rapidamente Por isso, a política econômica, apesar substituir a de exagerado “otimismo” das discordâncias sobre as medidas com que o governo procura divulgar os que serão tomadas para esfriar o resultados positivos que, longe de ímpeto da demanda, tem sinalizado frutos gerados por uma política pró- que forçosamente terá de caminhar ativa e consistente, caíram, nessa direção, retirando mais algumas praticamente de graça, em seu colo. forças do crescimento. 2. INFLAÇÃO A meta de inflação do governo para o ano de 2007, cujo centro estipulado é
  • 4. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 04 de 4,50%, foi formalmente cumprida. subitens terem contribuído com O índice de inflação utilizado é o Índice variações negativas de preço, como o de Preços ao Consumidor Amplo tomate (-16%) e o açúcar cristal (- (IPCA), do IBGE, que no último 28%), a maioria teve elevações. Dentre trimestre apresentou variações de eles estão os aumentos de 25% no 0,30% em outubro, 0,38% em preço da alcatra, 46% do leite em pó, novembro e 0,74% em dezembro, 68% da batata-inglesa e 145% do encerrando o ano em 4,46%. feijão-carioca. No dia 31 de janeiro de 2008, Essa elevação da inflação no Brasil, entretanto, o Banco Central divulgou a entretanto, não é um fenômeno ata da 132ª reunião do Comitê de somente local, e sim mundial. O Política Monetária (COPOM), e nela aumento dos preços de alimentos, no demonstrou preocupação com a ano passado, e a elevação dos preços evolução do IPCA no último trimestre do barril de petróleo, que superou a de 2007, que havia “sido notadamente barreira dos US$ 100,00, pressionaram menos favorável de que em trimestres os índices de inflação de vários países. anteriores”. Na mesma ata, sinaliza Nos Estados Unidos, a inflação atingiu que, caso a inflação venha a 4,1%, a maior taxa em 17 anos. Na prosseguir fora da trajetória da meta, China, o aumento foi de 4,8%, o maior poderá partir para ajustes na política em 11 anos, na União Européia, a monetária. Leia-se, aqui, aumento na inflação foi de 3,2%, a maior desde a taxa básica de juros, a SELIC. O grupo criação do Euro há 10 anos, e até o alimentos e bebidas foi considerado o Japão, com histórico de deflação, teve vilão do ano na inflação. No IPCA, ele inflação de 0,8%, também a maior em apresentou elevação de 10,77% no 10 anos. acumulado do ano. Apesar de alguns Tabela 2.1 – Índices de preços (%) Indicadores Out/07 Nov/07 Dez/07 Acumulado no ano IPCA 0,30 0,38 0,74 4,46 INPC 0,30 0,43 0,97 5,16 IPC-FIPE 0,08 0,47 0,82 4,38 ICV-DIEESE 0,33 0,28 1,09 4,80 IGP-M 1,05 0,69 1,76 7,75 IGP-DI 0,75 1,05 1,47 7,90 Fonte: IBGE, INPC e DIEESE O Índice Nacional de Preços ao grupo alimentos e bebidas no INPC, o Consumidor (INPC), também que resultou num índice maior para calculado pelo IBGE e destinado a este último. faixas de renda menores, entre 1 e 6 Os índices calculados para a cidade de salários mínimos, apresentou elevação São Paulo em geral acompanharam os ainda maior no ano, de 5,16% (0,30% índices do IBGE. O Índice de Preços ao em outubro, 0,43% em novembro e Consumidor (IPC), calculado pela 0,97% em dezembro). A diferença FIPE, teve altas de 0,08%, 0,47% e entre o IPCA e o INPC foi devida, 0,82% respectivamente nos últimos principalmente, ao maior peso do meses de 2007, acumulando 4,38% no
  • 5. Vitória/ES - Boletim Nº 40 - 05 Tabela 2.2 – Decomposição do IPCA IPCA Out/07 Nov/07 Dez/07 Acumulado no ano Índice geral 0,30 0,38 0,74 4,46 Alimentos e bebidas 0,52 0,73 2,06 10,77 Habitação -0,02 0,41 0,16 1,76 Artigos de residência 0,10 -0,46 -0,43 -2,48 Vestuário 0,72 0,55 0,72 3,78 Transportes 0,12 0,38 0,71 2,08 Saúde e cuidados pessoais 0,49 0,35 0,00 4,47 Despesas pessoais 0,59 0,35 1,00 6,54 Educação, leitura e papelaria 0,01 0,02 0,07 4,16 Comunicação 0,05 0,01 -0,03 0,69 Fonte: IBGE ano. Já o Índice do Custo de Vida do 1,09%, com o acumulado do ano de DIEESE apresentou, nos mesmos 4,80%. meses, elevações de 0,33%, 0,28% e A inflação medida pelo IGP-DI (Índice dezembro. No ano, o IGP-DI variou Geral de Preços – Disponibilidade 7,90%. O IGP-M (Índice Geral de Interna) fechou o mês de outubro em Preços do Mercado) que difere do IGP- 0,75%, num patamar abaixo do mês DI no que tange o período de coleta dos anterior de 1,17%. Cabe mencionar dados apresentou, em outubro, que o IPC (Índice de Preços variação de 1,05%, ante 1,29% em Consumidor) e o IPA-DI (Índice de setembro. Vale mencionar que apenas Preços por Atacado), que juntos o INCC-M, que corresponde a 10% do respondem por 90% do IGP, índice, apresentou elevação: 0,49% apresentaram queda em relação ao ante 0,39% em setembro. Em mês de setembro, de 0,23% para novembro, o IGP-M surpreendeu e 0,13%, e de 1,64% para 1,02%, fechou em 0,69%. Tal desaceleração é respectivamente. Todavia, no mês de explicada pela queda do IPA-M. O IPA- novembro, o IGP-DI apresentou M apresentou variação de 0,97%, variação de 1,05%, ficando 0,30 p.p. ficando 0,45 p.p. abaixo do registrado acima do mês anterior. Apenas o INCC- no mês de outubro. Entretanto, no mês DI (Índice Nacional de Construção de dezembro o índice apresentou Civil) apresentou desaceleração - aumento de 1,76%, variação essa que 0,36% em novembro ante 0,51% em foi a maior do ano de 2007. Somente o outubro. Tanto o IPC e o IPA-DI INCC-M recuou quando comparado ao a p r e s e n t a ra m a c e l e ra ç ã o e , mês anterior (0,48% para 0,43%), conseqüentemente, contribuíram para enquanto que o IPA-M e o IPC-M, que a elevação do índice no mês em juntos correspondem a 90% do IGP-M, questão. No mês de dezembro, o índice apresentaram aceleração (0,97% para apresentou aumento de 1,47%, o 2,36%, e 0,04% para 0,67%, maior percentual ao longo do ano de respectivamente). Os preços dos 2007. Todos os índices que compõem o produtos agrícolas contribuíram para IGP-DI apresentaram aceleração no essa elevação do IPA-M, com destaque mês quando comparado ao mês de para: milho em grão (17,43%); soja novembro, com destaque para o IPC em grão (7,25%); e bovinos (9,47%). que passou de 0,27% para 0,70%, em No ano, o IGP-M variou 7,75%.
  • 6. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 06 Em outubro, o preço da cesta básica, registrados nos meses anteriores, recuou em apenas cinco das dezesseis apresentou redução em nove cidades, capitais pesquisadas pelo DIEESE, destacando-se Porto Alegre, -13,77%, sendo todas pertencentes ao nordeste, Florianópolis, 12,33% e Brasília, - Natal, Aracaju, Recife, João Pessoa e 10,65%. Fortaleza. As maiores altas foram No mês de novembro, o preço da cesta apuradas em Belém e São Paulo, que básica aumentou em onze das registraram R$ 172,72 e R$ 201,25 dezesseis capitais pesquisadas pelo respectivamente. Porto Alegre DIEESE. Devido ao recuo no preço da registrou novamente o maior custo, R$ cesta básica de Porto Alegre, São Paulo 213,97, já em Vitória o preço da cesta destacou-se por apresentar a cesta básica foi de R$ 182,84. Devido ao mais cara do mês, R$ 205,48. Em longo período de seca em varias Vitória, a cesta básica registrou regiões do país, os preços de alguns pequena queda de 1,56%, chegando a produtos que compõem a cesta básica, R$ 179,98. Assim como no mês de como feijão, arroz, soja e milho, outubro, o feijão e a batata foram os aumentaram. O feijão registrou alta produtos que registraram as maiores em todas as capitais, sendo que as altas. O feijão foi o principal destaque maiores ocorreram em João Pessoa, do mês, com aumentos em todas as 33,26 %, Fortaleza, 28,71% e Vitória, capitais, principalmente em Aracaju, 24,21%. A quebra das safrinhas para 80,87%, Recife, 36,19%, Belo reposição dos estoques e o Horizonte, 35,90% e Natal, 35,69%. e n c a r e c i m e n t o d e a d u b o s e Este aumento ainda é reflexo da falta fertilizantes derivados de petróleo de chuvas, que afetou as safrinhas de favoreceram a elevação do feijão. reposição de estoque e atrasou o Outro produto com forte elevação no principal plantio. A batata, pesquisada preço foi a batata, cujo preço é nas nove capitais do Centro-Sul, pesquisado nas nove capitais do centro encareceu expressivamente em todas sul. Os aumentos foram registrados elas, com destaque para Rio de em oito capitais, com destaque para Janeiro, 38,82%, Brasília, 38,46% e Porto Alegre, 43,20%, Belo Horizonte, Belo Horizonte, 35,42%, aumento este 30,91% e Rio de Janeiro, 26,67%. A também causado pelo clima única queda foi apurada em Goiânia, - desfavorável. Também se destacaram 2,13%. O leite, responsável por parte a carne e o óleo de soja que ficaram dos aumentos da cesta básica mais caros em 15 capitais. Os produtos T ab e la 2 . 3 – C o m p on en t es d o IG P -D I (e m % ) I n dica do re s O u t/0 7 N ov /0 7 D e z /0 7 A cu m u la do n o a n o I G P -D I 0 ,7 5 1 ,0 5 1,4 7 7 ,9 0 I N CC -D I 0 ,5 1 0 ,3 6 0,5 9 6 ,1 5 I PA -D I 1 ,0 2 1 ,4 5 1,9 0 9 ,4 3 I PC 0 ,1 3 0 ,2 7 0,7 0 4 ,6 1 F on te : FG V
  • 7. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 07 Tabela 2.4 – Preço médio da cesta básica – R$ correntes Fonte: DIEESE Capital Out/07 Nov/07 Dez/07 Variação no Período (%) Variação no Ano (%) Aracaju 151,42 160,10 171,16 13,04 24,38 Belém 172,72 176,57 190,01 10,01 20,90 Belo Horizonte 186,77 194,05 204,80 9,65 19,42 Brasília 177,82 189,20 193,23 8,67 12,44 Curitiba 179,15 185,31 187,23 4,51 11,46 Florianópolis 187,08 186,92 190,83 2,00 13,18 Fortaleza 146,96 146,71 158,35 7,75 19,13 Goiânia 161,72 167,96 189,34 17,08 24,21 João Pessoa 143,16 142,43 155,09 8,33 15,84 Natal 151,99 157,76 167,91 10,47 19,32 Porto Alegre 213,97 205,18 212,92 -0,49 14,33 Recife 142,07 145,42 155,41 9,39 17,61 Rio de Janeiro 194,27 194,92 194,46 0,10 13,46 Salvador 151,66 158,20 158,71 4,65 17,73 São Paulo 201,25 205,48 214,63 6,65 17,90 Vitória 182,84 179,98 189,51 3,65 19,81 que registraram as maiores quedas teve alta em quinze localidades, e as foram o tomate, o açúcar, o leite e o taxas mais elevadas foram observadas café. Com o fim da entressafra, o em Belo Horizonte, 15,92% e Vitória, preço do leite apresentou queda em 14,30%. O açúcar apresentou queda em oito capitais, a maior delas em nove capitais, as maiores em Fortaleza, - Florianópolis, -6,25%. 18,49% e Salvador, -16,03%. A batata, Em dezembro, quinze capitais que nos meses anteriores registrou registraram alta no preço da cesta fortes aumentos, apresentou queda em básica. A maior alta ocorreu em oito cidades, as maiores em Porto Alegre, Goiânia, 12,73%, elevando para R$ -34,84%, Florianópolis, -26,19% e Rio 189,34 o valor da cesta. São Paulo de Janeiro, -26,07%. Goiânia registrou continuou a registrar a cesta mais aumento de 18,70%. cara no mês de dezembro, R$ No período de outubro a dezembro, 214,63, e em Vitória a cesta básica quinze capitais registraram alta no preço ficou em R$ 189,51. No mês de da cesta básica, com destaque para dezembro, assim como o ocorrido Goiânia, 17,08%. Apenas Porto Alegre nos meses de outubro e novembro, o registrou queda de 0,49%. Em Vitória o grande destaque para o aumento do aumento foi de 3,65%. preço da cesta básica foi o feijão, Na variação anual, todas as dezesseis que apresentou elevação nas capitais registraram alta no custo dos dezesseis capitais pesquisadas. produtos alimentícios essenciais, sendo Belém liderou com um aumento de em Aracaju a maior delas, 24,38%, e em 69,45%, seguida por Fortaleza, Curitiba a menor, 11,46%. Goiânia e 67,90% e Goiânia, 66,31%. A carne Belém também apresentaram elevações
  • 8. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 08 De acordo com os dados das contas produtivo do país alcançou a cifra de nacionais trimestrais divulgados pelo R$ 2,33 trilhões. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Outro indicador do nível de atividade e Estatística), o PIB a preços de da economia brasileira que animou os mercado encerrou o ano de 2007 com m e r c a d o s e f o i m o t i v o d e um crescimento de 5,4% em relação comemorações por parte do governo ao ano anterior. Ao se considerar o PIB foi o PIB per capita, que apresentou ao custo dos fatores, ou a preços uma elevação em termos reais de básicos, o crescimento foi de 4,8%. A 4,0%, quando comparado a 2006. Isto diferença entre ambas as taxas se deu significa que, caso a distribuição de em função do crescimento de 9,1% renda no Brasil fosse plenamente dos Impostos líquidos sobre produtos. eqüitativa, cada residente do país teria Já numa comparação do último recebido, em média, uma renda de R$ trimestre de 2007 com igual período 13.515,00, ou uma renda mensal de de 2006 observa-se um crescimento R$ 1.126,25, em 2007. de 6,2%. O Ministro da Fazenda fez a seguinte O PIB encerrou o ano totalizando um observação em relação à divulgação montante de aproximadamente R$ deste indicador: “entre as décadas de2,56 trilhões, em valores correntes, 50 e 70 a economia brasileira era maislogo, R$ 225 bilhões a mais do que o acumulado em 2006, quando o esforço dinâmica, crescia cerca de 7% ao ano, T a b e l a 3 .1 . T a x a a c u m u l a d a d o P I B p e l a s ó t i c a s d o p r o d u t o e d a d e m a n d a a o l o n g o d o a n o – v a r i a ç ã o e m v o l u m e e m r e l a ç ã o a o m e s m o p e r í o d o d o a n o a n t e r i o r ( % ) S e t o r d e a ti v id a d e 2 0 0 6 .IV 2 0 0 7 .I 2 0 0 7 .I I 2 0 0 7 .I I I 2 0 0 7 .IV A g ro p e c u á r ia 4 ,2 3 ,7 2 ,3 4 ,5 5 ,3 I n d ú s t r ia 2 ,9 3 ,2 5 ,1 5 4 ,9 E x t r a ti v a m in e r a l 5 ,7 4 5 3 ,9 3 T r a n s f o r m a ç ã o 2 3 ,1 5 ,3 5 ,5 5 ,1 C o n s t r u ç ã o c iv il 4 ,6 2 ,3 4 ,3 4 ,6 5 P ro d . e d s it r ib .d e e le t r ic id a d e , g á s e á g u a 3 ,3 3 ,8 4 ,9 4 ,5 5 S e r v iç o s 3 ,8 4 ,5 4 ,5 4 ,5 4 ,7 C o m é r c io 5 ,1 6 ,1 7 ,1 7 ,2 7 ,6 T r a n s p o rt e , a r m a z e n a g e m e c o r r e i o 3 ,2 3 ,8 4 ,9 4 ,8 4 ,8 S e rv iç o s d e i n f o r m a ç ã o 2 ,5 7 ,3 7 ,1 7 ,6 8 I n te rm . f in a n c , s e g u r o s , p re v . c o m p l e m . e s e r v . r e l. 6 ,2 9 ,3 9 ,4 1 0 ,7 1 3 O u tr o s s e rv iç o s 3 ,1 3 ,5 2 ,9 2 ,5 2 ,3 A t iv . i m o b i li á r ia s e a lu g u e l 2 ,3 4 ,5 4 ,2 3 ,9 3 ,5 A d m ., s a ú d e e e d u c a ç ã o p ú b l ic a s 3 ,7 1 ,5 1 ,1 1 ,1 0 ,9 V a l o r a d i c io n a d o a p r e ç o s b á s ic o s 3 ,5 4 4 ,4 4 ,6 4 ,8 I m p o s t o s l íq u i d o s s o b r e p r o d u to s 5 6 ,9 8 ,1 8 ,3 9 ,1 P I B a p r e ç o s d e m e r c a d o 3 ,8 4 ,4 4 ,9 5 ,1 5 ,4 C o n s u m o d a s f a m í li a s 4 ,6 5 ,7 5 ,7 5 ,8 6 ,5 C o n s u m o d o g o v e r n o 2 ,8 3 ,7 3 ,5 3 ,4 3 ,1 F o r m a ç ã o b r u t a d e c a p i ta l f ix o 1 0 8 ,8 1 1 ,4 1 2 ,5 1 3 ,4 E x p o r ta ç ã o 4 ,7 6 9 ,7 6 ,7 6 ,6 I m p o r t a ç ã o ( - ) 1 8 ,3 1 9 ,8 1 9 ,2 1 9 ,6 2 0 ,7 F o n t e : I B G E / S C N tr im e tr a i s maiores a 20%, sendo de 24,21% e cesta básica, com elevações superiores a 20,90%, respectivamente. Vitória 100% em Natal, Fortaleza e Goiânia. Já o registrou aumento de 19,81% no tomate e o açúcar foram os produtos que valor da cesta básica. O feijão foi um contribuíram para reduzir o crescimento d o s p r i n c i p a i s p r o d u t o s desse custo. responsáveis pela alta no custo da 3. NÍVEL DE ATIVIDADE
  • 9. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 09 cadeia sinalizaria um crescimento dee o PIB per capita crescia a 4%. No maior qualidade. Por isto alguns entanto, o crescimento da população especialistas afirmam que o resultado era maior, de 3% ao ano. Atualmente, de 2007, apesar de inferior ao de com a população crescendo menos, o 2004, ano em que o PIB cresceu 5,7%, é mais consolidado e apresentapaís precisa crescer menos para perspectivas mais otimistas.melhorar a vida da população" (Folha No entanto, para que esse processo On-Line 12/03/2008). A última taxa de virtuoso continue, sem que haja crescimento da população brasileira maiores pressões sobre o saldo da divulgada foi de 1,44% em 2004. balança comercial, devido ao aumento O crescimento do país neste período das importações, e sobre a taxa de reanimou os debates sobre o tema da i n f l a ç ã o , é p r e c i s o q u e o s estabilidade dos preços. Segundo o investimentos se acelerem para presidente do Banco Central (BC), ampliar a capacidade produtiva do Henrique Meirelles, o país está país. O possível descompasso entre a colhendo os frutos da estabilidade e demanda e a oferta já é motivo de iniciará um ciclo de crescimento preocupação por parte do governo, sustentável que permitirá uma como declarou à impressa o Presidente ampliação dos investimentos em todos Luís Inácio Lula da Silva. os setores da Economia. Ótica do Produto Mas, ainda assim, há temores de que Com base na tabela 3.1, nota-se que se houver uma elevação da taxa básica todos os setores e subsetores que são (Selic), o real poderá se valorizar ainda levados em consideração para o mais, o que poderia inverter o saldo cálculo do PIB apresentaram das contas de transações correntes, e crescimento no ano de 2007 quando isto impactaria negativamente no comparados com 2006. cômputo do PIB. O setor agropecuário foi o que mais Segundo vários analistas econômicos, cresceu ao longo do ano de 2007, o principal motivo para o crescimento 5,3%. O destaque ficou por conta do do PIB foi a demanda interna. Prova trigo, que apresentou um crescimento disso, o aumento do consumo das de 62,3%, seguido por resultados famílias em 6,5% e a elevação do nível positivos na produção de algodão de investimento, sob a forma de (33,5%), milho (20,9%), cana formação bruta de capital fixo (FBCF), (13,2%) e soja (11,1%). Segundo a de 13,4%. Tais resultados nos gerente de Contas Nacionais permitem arriscar que a economia Trimestrais do IBGE, a lavoura é o brasileira poderia estar ingressando destaque do setor, à frente da pecuária em um processo de círculo virtuoso, no e da silvicultura. qual o aumento do investimento A indústria também apresentou reflete-se positivamente nos níveis da crescimento, de 4,9% e, desta forma, oferta de produtos que, por sua vez, superou o setor de serviços. Dentre os provoca elevação da quantidade de subsetores da indústria, o destaque foi emprego e, desta forma, novo para a indústria de transformação, que aumento do consumo. E este efeito em apresentou crescimento de 5,1%,
  • 10. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 10 seguida pela construção civil, 5,0%, pode residir no segmento de petróleo e que se equiparou à indústria de gás natural, que evoluiu apenas 0,8% p r o d u ç ã o e d i s t r i b u i ç ã o d e no último ano e que, sozinho, eletricidade, gás e água, e a indústria responde por 65% dentro do grande extrativa, com 3%. grupo das atividades extrativas Máquinas e equipamentos, os ramos minerais. Paradas programadas em automotivos e de materiais elétricos e plataformas, além do aumento nas eletrônicos foram os segmentos que se importações de petróleo e gás natural, destacaram dentro da indústria de p o d e m a j u d a r a e x p l i c a r o transformação. A construção civil, por comportamento do setor. Por seu lado, sua vez, foi beneficiada pela expansão a extração de minério, cujo peso de 23% do crédito destinado a corresponde a 25% dentro da habitação, além do crescimento da indústria extrativa, ajudou a segurar ordem de 3,4% do pessoal ocupado os resultados, apresentando em tal setor de atividade. ampliação de 10,7% em 2007. O crescimento da indústria como um O setor de serviços, que com a todo vem corroborar com a análise mudança metodológica do PIB passou otimista feita anteriormente, haja a representar maior influência no vista um parque produtivo bem resultado final do produto interno, consolidado ser um potencial gerador cresceu abaixo da média apresentada de novos empregos, o que representa pelo país, como um todo, ou seja, não apenas aquecimento do mercado 4,7%. A maior contribuição dentro do interno, mas também maior geração e setor veio do segmento de difusão de tecnologia nacional, ponto intermediação financeira, seguros, importante a ser destacado quando o previdência complementar e serviços assunto é segurança em relação a relacionados, com uma elevação de impactos externos. 13%. Os subsetores de serviços de A indústria extrativa mineral que há informação e comércio ficaram em pouco tempo era o destaque da segundo e terceiro lugares com um economia nacional, neste último ano crescimento de 8% e 7,6%, cresceu apenas 3% em relação ao ano respectivamente. de 2006. Bem abaixo, portanto, da Segundo especialistas a elevação do taxa de 5,7% observada na subsetor de intermediação financeira comparação 2006/2005. O motivo foi provocada pelo aquecimento do para a desaceleração no crescimento crédito na economia brasileira. T a b e l a 3 . 2 . C o m p o s iç ã o p e r c e n tu a l d o P I B p e la ó t ic a d a d e m a n d a e P I B p . m . - e m v a lo re s c o r r e n te s ( R $ m ilh õ e s ) P e r ío d o 2 0 0 6 2 0 0 7 I I I 2 0 0 7 I V 2 0 0 7 C o n s u m o d a s fa m í li a s 6 0 ,3 5 6 0 ,5 1 6 0 , 9 5 6 0 , 8 7 C o n s u m o d o g o v e r n o 1 9 ,8 5 1 8 ,4 6 2 2 , 1 6 1 9 , 6 7 F o r m a ç ã o b r u t a d e c a p i ta l f ix o 1 6 ,5 0 1 8 ,3 8 1 7 , 6 7 1 7 , 5 7 V a r ia ç ã o d e e s t o q u e s 0 ,3 8 1 ,1 0 ( - ) 1 , 7 3 0 , 3 6 E x p o r t a ç ã o 1 4 ,5 9 1 4 ,5 5 1 3 , 2 8 1 3 , 8 7 I m p or ta ç ã o ( - ) 1 1 ,6 7 1 3 ,0 0 1 2 , 3 3 1 2 , 3 4 T o t a l 1 0 0 1 0 0 1 0 0 , 0 0 1 0 0 , 0 0 P I B p m ( V a l o r e s C o r r e n te s ) 2 3 3 2 9 3 6 6 4 5 2 3 1 6 7 9 5 8 3 2 5 5 8 8 2 1 F o n t e : E la b o r a ç ã o d o s a u t or e s c o m b a s e e m d a d os d o S C N t r im e s tr a l
  • 11. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 11 Ótica da demanda Este crescimento moderado condiz Com base ainda na tabela 3.1, pode-se com o resultado primeiro obtido pelo extrair índices do comportamento das governo, que passou de 2,1% do PIB, variáveis que compõe o PIB pela ótica em 2006, para 2,27%, em 2007. da demanda, que por sinal foram todos No ano de 2007 a participação do gasto positivos. A formação bruta de capital da administração pública no PIB foi de fixo (FBCF), índice que permite 19,67%, contra 19,85%, em 2006. analisar o investimento no país, foi Apesar da pequena queda na destaque com um crescimento recorde composição do PIB, em valores de 13,4%. Este comportamento correntes continua sendo válido positivo da FBCF vem ocorrendo desde afirmar que houve crescimento do o ano passado, mas foi expandido no gasto do governo em 2007 da ordem a n o d e 2 0 0 7 e m f u n ç ã o , de R$ 40,2 bilhões. principalmente, da redução da taxa Em relação ao setor externo, o PIB básica de juros (Selic). ainda pôde aproveitar-se de um saldo De acordo com a tabela 3.2, em 2007, superavitário da balança comercial. a FBCF respondeu com uma Mas, a contribuição positiva do setor participação no PIB da ordem de externo foi proporcionalmente menor 17,57%, valor relativamente superior em 2007 do que em anos anteriores, à participação do mesmo indicador em principalmente, em 2004, quando as 2006, 16,8%. Em termos de valores exportações cresceram 15,29%, correntes isto indica que, em 2006 a portando-se como a variável de maior FBCF contribuiu com um montante de, crescimento naquele ano. Em 2007 as aproximadamente, R$ 385 bilhões na exportações se ampliaram em 6,6%, totalização do PIB, enquanto que, em enquanto as importações, 20,7%. A 2007, tal indicador atingiu a cifra de, elevação significativa das importações aproximadamente, R$ 450 bilhões. foi proporcionada pela valorização do O consumo das famílias ampliou-se em real, o que já causa temor por parte do 6,5%, elevação esta ocasionada, em governo, que pretende anunciar uma especial, por um aumento de 3,6% na série de medias em 2008 para massa salarial dos trabalhadores, e f a v o r e c e r a s e x p o r t a ç õ e s também pelo aumento nominal de principalmente dos setores mais 28,8% no saldo de créditos do sistema penalizados pela desvalorização do financeiro, com recursos livres para as dólar, entre os quais estariam aqueles pessoas físicas. A participação do que não possuem vínculos com consumo das famílias no cômputo do commodities, como, por exemplo, os PIB se elevou em 0,52 p.p, o que setores de vestuário, materiais corresponde a um acréscimo de eletrônicos e outros. aproximadamente R$ 150 bilhões no Em termos de participação no cômputo PIB de 2007. do PIB, as exportações contribuíram O consumo do governo teve um com de 13,87% e as importações com acréscimo de 3,1% no ano de 2007 -12,34%. Em relação ao ano de 2006, quando comparado com o ano de a participação das importações 2006, constatando-se ser a variável aumentou 0,67 p.p, enquanto a das que menos cresceu no ano passado. exportações reduziu-se em 0,72 p.p.
  • 12. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 12 Porém, em valores correntes, nota-se periodicidade desta mobilidade da que ambas as variáveis se elevaram média varia; e, além disso, a série em 2007. As exportações e as pode sofrer ou não o ajuste sazonal. i m p o r t a ç õ e s c r e s c e r a m , Tais opções podem trazer diversas respectivamente, R$ 14,5 bilhões e R$ influências para o resultado, pois 43,5 bilhões. afetam os pesos relativos das variáveis INDÚSTRIA investigadas, originando assim, A produção física industrial brasileira diferentes valores, ainda que as fechou 2007 mantendo o ritmo de diferenças entre eles sejam muito crescimento observado durante o ano. pequenas. No caso em questão, a série Apesar do mês de dezembro ter escolhida pelo IBGE, foi a que mostrado recuo no quantum produzido apresentou o resultado mais em 16 dos 27 ramos pesquisados, o marcante, ou seja, 6% de variação desempenho geral resultou num acumulada em 2007. Nesta série, os crescimento de 5,59% da produção dados apresentados foram calculados física da indústria (Tabela 3.3). Esse com atualização dos pesos, ou seja, aumento superou em muito o nível de colocando base = 100, para todo 2005 (3,43%) e 2006 (2,01%) sendo período imediatamente anterior, e sem menor somente se comparado ao ano ajuste sazonal. de 2004, quando o crescimento foi de Já a planilha de dados adotada por este aproximadamente 7,20%. Grupo de Conjuntura para a análise do Vale ressaltar que, no dia oito de presente boletim obedeceu à fevereiro do corrente ano, o IBGE metodologia que vem sendo utilizada divulgou os resultados de sua Pesquisa em todas as divulgações passadas. Industrial Mensal, na qual o Assim, a série empregada continua crescimento físico da produção, sendo aquela que apresenta os dados acumulado em 2007, é noticiado como com ajustamento sazonal e, tendo o tendo alcançado a taxa de 6% em ano de 2002, como base média = relação ao ano de 2006, e não os 100.Segundo apontam os dados, a 5,59% aqui informados. Esta diferença indústria foi incentivada basicamente entre as duas taxas é explicada pelas pelo incremento da demanda interna. diferentes metodologias usadas no Além disso, outros fatores também cálculo dessa taxa. O instituto concorreram para a elevação da governamental divulga a pesquisa produção do setor industrial, entre completa, a qual contém diversas eles, o contínuo aumento da concessão tabelas. A base de ponderação de crédito, maior volume nos utilizada para os indicadores é fixa, investimentos, haja vista os repetidos tendo como referência a estrutura resultados positivos da Formação média dos valores da transformação bruta de capital fixo, o crescimento da industrial observada no período de renda e do nível de emprego, bem 1998/2000. No entanto, a forma de como a expansão das exportações no cálculo é que varia, podendo ser a série ano apresentada com base em cadeia ou não; com base média móvel ou não - e, em caso de adoção da média, há a passado. Os resultados obtidos também se tornam animadores quando da constatação de que a indústria no país já cresce há 17
  • 13. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 13 t r i m e s t r e s c o n s e c u t i v o s s e este que quase anulou a expansão do comparados com igual período mês anterior. Esta flutuação negativa anterior. dos últimos dois meses pode ter sido No que tange a produção física influenciada pelo comportamento da industrial do último trimestre de 2007 taxa de câmbio e o risco crescente de (Tabela 3.3), destaque deve ser dado crise nos EUA (grande fornecedor de ao fato de que o crescimento insumos para estes ramos). A relativamente expressivo no trimestre produção da indústria extrativa em alguns segmentos, tais como também alcançou patamar elevado de Equipamentos médico-hospitalares, crescimento neste último trimestre, o Celulose e papel, Outros produtos que colaborou para o bom resultado químicos, Máquinas para escritório e acumulado de 10,26% no ano. equipamentos de informática, deveu- A produção física por categorias de uso se ao comportamento observado no (Tabela 3.4) registrou principal primeiro mês do trimestre, ou seja, crescimento no ramo de bens de outubro, haja vista os meses de capital ao longo de todo o ano novembro e dezembro terem analisado. O crescimento total em apresentado forte recuo, movimento 2007 foi de 18,42%, evidenciando Tab ela 3.3 - Pro duç ão física industrial po r tip o de índice, seções e atividad es indus triais - Brasil – Variação % em relação ao período imediat ament e anterior Descrição T.I/07 T .II/07 T.III/07 T.IV/07 Total/07 1.Indústria geral 1,82 2,47 0,61 0,59 5,59 2.Indústria extrativa 0,64 1,58 -0,09 7,95 10,26 3.Indústria de transformação 1,61 2,64 0,56 0,40 5,30 3.1Alimentos 2,59 -1,51 1,33 -0,97 1,39 3.2Bebidas -2,03 0,89 0,28 5,92 4,98 3.3Fumo 3,69 -10,42 -5,74 5,09 -7,99 3.4Têxtil 4,57 1,15 0,36 0,61 6,80 3.5Vestuário e acessórios 2,21 8,64 -5,83 1,99 6,66 3.6Calçados e artigos de couro -3,53 2,39 0,37 -7,06 -7,86 3.7Madeira -6,35 0,44 3,03 -4,13 -7,09 3.8Celulose, papel e produtos de papel -0,15 2,71 -8,52 9,63 2,86 3.9Edição, impressão e reprodução de gravações 2,52 2,34 1,48 -11,68 -5,97 3.10Refino de petróleo e álcool 2,60 3,06 -0,89 1,27 6,14 3.11Farmacêutica -11,66 21,78 -7,25 1,94 1,72 3.12Perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza 10,41 -3,88 -3,90 0,92 2,92 3.13Outros produtos químicos 0,14 2,37 -1,54 5,33 6,32 3.14Borracha e plástico 1,66 4,57 1,33 -0,41 7,29 3.15Minerais não metálicos 1,84 0,98 -1,13 2,58 4,29 3.16Metalurgia básica 2,18 2,45 -0,93 3,63 7,47 3.17Produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos 0,15 8,08 -3,55 0,03 4,43 3.18Máquinas e equipamentos 8,36 4,11 0,70 2,41 16,34 3.19Máquinas para escritório e equipamentos de informática 1,16 -8,72 3,45 4,24 -0,43 3.20Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 5,19 5,77 1,92 0,59 14,06 3.21Material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações 2,29 0,59 9,56 4,59 17,92 3.22Equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, ópticos e outros 4,45 0,83 2,23 5,82 13,94 3.23Veículos automotores 6,79 5,01 3,85 -4,24 11,51 3.24Outros equipamentos de transporte 6,35 1,98 6,01 -14,24 -1,39 3.25Mobiliário 1,06 -1,17 1,92 0,19 1,99 3.26Diversos -3,53 -0,72 -1,45 -3,77 -9,17 Fonte: IBGE/Sidra - Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física
  • 14. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 14 uma tendência observada desde o planejamento para aumento em 2008 início do governo Lula. e 2009 é ainda maior do que o Outro apontamento relevante é para o observado nos anos antecedentes. Ao aumento da capacidade instalada da que parece, governo, dirigentes indústria que vem crescendo desde industriais e analistas do setor estão 2004 e, segundo a Fundação Getúlio c o n t e n t e s c o m o r e s u l t a d o Vargas, baseada em uma pesquisa apresentado pela indústria, em 2007, com amostra de 710 empresas, o no país. T a b e la 3 .4 - P r o d u ç ã o fís ic a in d u s t r ia l p o r t ip o d e ín d ic e e c at e g o r ia s d e u s o - B r a s i l - V a r ia ç ã o % e m r e la ç ã o a o p e r ío d o im e d ia ta m e n te a n te r io r D e scri çã o T . I/0 7 T . II/0 7 T . III/0 7 T .IV /0 7 T o ta l/ 07 B e n s d e ca p i ta l 3, 47 5, 69 4 ,2 1 3 ,9 2 1 8 ,4 2 B e n s i nt e rm e d iá ri o s 2, 40 1, 17 -0 ,7 7 3 ,0 4 5 ,9 3 B e n s d e co nsu m o 1, 39 3, 30 -0 ,0 1 -1 ,7 8 2 ,8 7 B e n s d e c o n sum o d u rá v e i s 5, 96 3, 02 3 ,8 3 -1 ,8 6 1 1 ,2 4 S e m i- d u rá v e is e nã o d urá v e is 0, 10 4, 97 -2 ,8 6 -1 ,0 3 1 ,0 2 F o n t e : IB G E /S i d ra - P e sq ui sa In d ust ri a l M e nsa l - P ro d u çã o F ísi ca Comércio da massa de salário da economia, O crescimento do comércio varejista, decorrente da melhora da renda e do acumulado no ano de 2007, de acordo emprego, e a expansão do crédito. com a Pesquisa Mensal do Comércio Contudo, apesar do bom desempenho (IBGE), foi de 9,6%, sendo esta a do setor, observou-se a partir do mês maior variação desde o início da série de outubro um aumento contínuo dos no ano 2000 (Tabela 3.5). preços do grupo Alimentação e Na passagem do terceiro para o quarto Bebidas, registrado pelo IPCA, que trimestre de 2007, registrou-se uma pode ter contribuído para o baixo leve aceleração no ritmo de desempenho medido mês a mês, de - crescimento do volume de vendas, 1,6%, 0,9% e 0,2% nos meses de com elevação da taxa de 9,3% para outubro, novembro e dezembro, 9,6%. As taxas dos meses de outubro, respectivamente (Tabela 3.5). novembro e dezembro foram de - A segunda maior taxa de crescimento 0,1%, 1,7%, 0,0% respectivamente, entre os segmentos do varejo em 2007 interrompendo a série de resultados foi a de Móveis e eletrodomésticos, positivos desde o início do ano. registrando variação de 15,4% no No índice acumulado do ano para o volume de vendas em relação ao ano Brasil, todos os segmentos do varejo anterior, sustentando resultados mostraram crescimento (Tabela 3.5). positivos pelo quarto ano consecutivo. O segmento que obteve maior De acordo com o IBGE, as mesmas participação no crescimento do índice condições favoráveis anteriormente f o i o d e H i p e r m e r c a d o s , destacadas, além da ampliação do Supermercados, Alimentos, Bebidas e crédito para consumo e da queda nos Fumo, com expansão de 6,4% no p r e ç o s p r o p o r c i o n a d a p e l a volume de vendas, respondendo por concorrência dos importados foram os um terço da taxa global do varejo no principais fatores que explicam o bom ano. resultado do setor. Porém, na O bom desempenho reflete o aumento passagem de novembro para
  • 15. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 15 dezembro de 2007, dos cinco setores no acumulado de 2007, com destaque pesquisados com séries com ajustes maior para o primeiro destes, 22,6%. sazonais, o segmento foi o que obteve Tal resultado teve a contribuição o pior desempenho, com -6,2%. Essa favorável de fatores como a queda das foi a primeira retração do setor Móveis taxas de juros e o aumento do número e eletrodomésticos após quatro meses de prestações. Refletindo o de avanços consecutivos. crescimento das atividades no setor de A atividade Outros artigos de uso construção civil, além de medidas pessoal e doméstico obteve, em 2007, oficiais de incentivo, o segmento de variação de 22,2% no volume de Material de construção obteve vendas em relação ao ano de 2006, crescimento de 10,8% para o período resultado influenciado pela situação de janeiro a dezembro de 2007. econômica favorável no país além de Para o Espírito Santo (Tabela 3.6), os uma retração dos preços no item meses de outubro, novembro e Artigos de residência nos meses de dezembro, apresentaram taxas de novembro e dezembro, de acordo com 7,4%, 4,5% e 6,4% respectivamente, o INPC calculado pelo IBGE. acumulando crescimento de 6,1% no Com o melhor resultado obtido em último trimestre de 2007 e de 9,1% no todo o período da pesquisa, a atividade ano, ou seja, pouco abaixo do Tecidos, vestuário e calçados, resultado nacional. apresentou resultado de 10,7% na Dos segmentos que compõem o índice c o m p a r a ç ã o c o m 2 0 0 6 . N a do comércio varejista as maiores altas comparação mês a mês, o segmento no Estado foram de Hipermercados, apresentou uma elevação expressiva, Supermercados, Alimentos, Bebidas e de 3,3%, na passagem de setembro Fumo, com aumento acumulado de para outubro e sofreu uma retração de 1 0 , 2 % n o a n o e M ó v e i s e -2,2% de novembro para dezembro de Eletrodomésticos, com 16,0%. Dois 2007. i t e n s r e g i s t r a r a m r e c u o s , O Comércio varejista ampliado, que Combustíveis e Lubrificantes, com - inclui ainda as atividades de Veículos, 1,4% e Outros artigos de uso pessoal e motos, partes e peças e de Material de doméstico, com -0,9%. A análise do construção, obteve variação de 13,5% Comércio Varejista Ampliado mostra Tab ela 3 .5 – Volu me d e ven das no var ejo por atividade (var iação real% m ês a m ês) Ativ idad es Out/07 * N ov/07 * Dez/07 * T rim estre * * Acum ula do 12 M eses** Co m ércio Vare jista -0,1 1,7 0, 0 9, 6 9,6 Co m bustíveis e Lub rifica ntes 1,4 2,0 -2, 3 5, 2 5,1 H iper. , Supe r., A lim ., Beb . E F um o -1,6 0,9 0, 2 5, 8 6,4 Sup erm ercad os e Hipe rme rca do s -3,3 1,2 0, 5 5, 8 6,8 T ecidos, vestuário e calça do s 3,3 1,5 -2, 2 11,9 10,7 M óv eis e eletro do m éstico s 1,1 1,1 -6, 2 13,5 15,4 Outro s artigos d e uso p esso al e d om éstico - - - 21,7 22,2 Co m ércio Vare jista Am plia do - - - 13,4 13,5 Ve ículo s, mo to s, p arte s e p eças 2,5 -1,2 -2, 1 21,7 22,6 M ateria l d e Construção - - - 14,0 10,8 Fo nte: Pesq uisa M ensa l d o Com é rcio (IBGE). *variação p erce ntual real m ês/m ês com ajuste sazonal. **v ariação pe rce ntua l e m relação a igual p erío do d o im ed iatam ente a nterior.
  • 16. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 16 crescimento de 15,6% em 2007, tendo ano com crescimento acumulado de destaque o segmento de Veículos, 26,9%. Motos Partes e Peças, que terminou o 4. EMPREGO E SALÁRIOS Tabela 3.6 – Volume de vendas no varejo por atividade – Espírito Santo (variação real% em relação ao mesmo período do ano anterior) Atividades Out/07* Nov/07* Dez/07* Trimestre* Acumulado 12 Meses** Comércio Varejista 7,4 4,5 6,4 6,1 9,1 Combustíveis e Lubrificantes 0,4 3,8 3,3 2,5 -1,4 Hiper., Super., Alim., Beb. E Fumo 9,7 6,4 6,4 7,5 10,2 Supermercados e Hipermercados 9,7 6,4 6,0 7,4 10,5 Tecidos, vestuário e calçados 12,7 9,3 13,8 11,9 4,1 Móveis e eletrodomésticos 4,6 0,3 10,3 5,1 16,0 Outros artigos de uso pessoal e doméstico -9,9 -7,2 -4,1 -7,1 -0,9 Comércio Varejista Ampliado 20,9 19,3 17,9 19,4 15,6 Veículos, motos, partes e peças 43,4 43,9 44,2 43,8 26,9 Material de Construção 11,0 3,4 0,1 4,8 6,7 Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio (IBGE). *variação percentual em relação a igual período imediatamente anterior. No ano de 2007, em relação a 2006, conseqüente queda da taxa de ocorreu queda na taxa de desemprego desemprego. da ordem de um ponto percentual pelo Os resultados positivos apresentados IBGE/PME e de 0,7 ponto percentual pelas duas metodologias de cálculo pelo DIEESE/PED (tabela 4.1). Em também eram esperados em virtude termos absolutos, estes são os da observação, neste boletim e em melhores resultados da série para o anteriores, dos bons resultados de Governo Lula.Para o quarto trimestre criação de novos postos de trabalho do ano, os resultados também são celetistas e do nível de atividade da animadores: ocorreu queda da taxa de economia brasileira. desemprego nas duas metodologias, No último trimestre de 2007, de acordo em todos os meses do período. Pelo com o CAGED (tabela 4.2), o saldo IBGE, a taxa de desemprego passou de entre empregados e desempregados 8,7%, em outubro, para 7,4%, em no Brasil obteve um resultado positivo dezembro, o que representou uma de 10.400 postos de trabalho. Um queda de 1,3 p.p. no trimestre. Pelo saldo positivo também foi observado DIEESE, de 14,4%, em outubro, para para o ano de 2007, de 1.617.392 13,5% em dezembro, representando postos de trabalho, um crescimento uma queda de 0,9 p.p. no período. Por recorde da ordem de 5,85%, ser um período de aquecimento da convergindo com o aumento do PIB de demanda devido às festas de fim de 5,4%. ano e férias escolares, aliado à Destaca-se, aqui, o resultado total de facilidade de crédito, é comum o dezembro, com a redução de 319.414 aumento das contratações e a postos de trabalho, representando
  • 17. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 17 uma queda de 1,08% em relação ao setores). É importante notar, ainda, mês anterior. Segundo o CAGED, tal que o setor Agropecuário, embora redução é usual devido a fatores tenha obtido um saldo mais modesto sazonais negativos (entressafra em relação aos outros setores (21.093 agrícola, esgotamento da bolha de postos), mantém-se na trajetória de consumo do final do ano, entre outros) recuperação observada em 2006, que perpassam quase todos os setores quando obteve saldo positivo no ano de de atividades econômicas, tendo 6.574 postos de trabalho. apenas o Comércio, a Extrativa Mineral No setor de Serviços, o saldo positivo e os Serviços Industriais de Utilidade foi impulsionado, principalmente, Pública como os únicos setores pelos ramos de Serviços de Comércio e apresentarem resultado positivo Administração de Imóveis (249.320 (30.129, 128 e 252, respectivamente). postos) e Serviços de Alojamentos, Apesar disso, a maioria dos setores, Alimentação, Reparação e Manutenção excetuando-se os saldos negativos da (170.284 postos). Já na Indústria de Agropecuária, Administração Pública e Transformação, os segmentos I n d ú s t r i a d e Tr a n s f o r m a ç ã o industriais que mais se sobressaíram encerraram o último trimestre com em termos de criação de empregos saldo positivo, com destaque para o foram a Indústria de Produtos Comércio, devido aos fatores sazonais Alimentícios (94.657 postos), a positivos já mencionados (férias de fim Indústria Metalúrgica (58.113 postos), de ano, empregos de curta duração, a Indústria de Material de Transportes entre outros). (49.631 postos) e a Indústria Mecânica Em 2007, todos os setores registraram (47.995 postos). Vale ainda ressaltar a saldo positivo, com destaque para os expressiva melhora da Indústria de setores de Serviços e Comércio, Calçados em relação ao saldo do ano responsáveis pela criação de 61,3% anterior (9.177 postos em 2007 ante - dos novos postos de trabalho, e cujo 401 postos em 2006). crescimento foi o mais alto já Em termos geográficos (tabela 4.3), registrado na série do CAGED em t o d a s a s g r a n d e s r e g i õ e s números absolutos. Em termos apresentaram expansão do emprego relativos, o destaque cabe ao setor de formal, com destaque para o Sudeste, Construção Civil, com o crescimento de representando 58,7% da criação total 13,08% no ano (ante os 5,85% de novos postos de trabalho registrados para a totalidade dos (949.797), seguido pelo Sul T a b e la 4 . 1 - T a x a d e D e s e m p r e g o ( % ) M e s e s I B G E * D I E E S E * * 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 6 2 0 0 7 O u tu b r o 9 ,8 8 , 7 1 4 ,6 1 4 ,4 N o v e m b r o 9 ,5 8 , 2 1 4 ,1 1 4 ,2 D e z e m b r o 8 ,4 7 , 4 1 4 ,2 1 3 ,5 F o n te : I B G E / P M E e D I E E S E /P E D * M éd i a d a s s e i s m a i o res re g iõ e s m et ro p o l it a n a s d o p a í s . * * R e g i ão M et ro p o l it a n a d e S ão P au l o .
  • 18. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 18 Tabela 4.2 - Saldo entre em pregados e desem pregados no B rasil Atividade Econôm ica Outubro Nov embro Deze mbro Total no trim estre Total de 2007 Extrativa Mineral 771 -24 128 875 9.762 Ind. Transform ação 60.034 -2.496 -142.972 -85.434 394.584 Serv. Ind. Utilid. Pública 217 188 252 657 7.752 Construção Civil 21.685 7.811 -25.881 3.615 176.755 Com ércio 63.773 99.677 30.129 193.579 405.091 Serviços 67.751 62.422 -40.795 89.378 587.103 Adm . Pública 2.434 81 -18.624 -16.109 15.252 Agropecuária -11.405 -43.105 -121.651 -176.161 21.093 Total 205.260 124.554 -319.414 10.400 1.617.392 Fonte: CAGED (300.315), Nordeste (204.310), Centro-Oeste (93.995) e Norte (68.975). Entre os estados, em números absolutos, os melhores desempenhos foram registrados em São Paulo (611.539), Minas Gerais (168.398), Rio de Janeiro (144.786), Paraná (122.361), Rio Grande do Sul (94.324) e Santa Catarina (83.630). Em com um aumento de 8,14% no nível de emprego. Em sentido oposto, os estados de Alagoas - devido ao desempenho desfavorável de atividades ligadas à Indústria de Produtos Alimentícios do complexo sucroalcooleiro - e do Acre - devido ao postos de trabalho. O interior desses estados que possuem região metropolitana foi responsável pelo incremento de 577.608 postos de trabalho (representando um crescimento de 5,67% no ano), indicando, em 2007, menor d i n a m i s m o e m r e l a ç ã o a o s a g l o m e r a d o s u r b a n o s , comportamento que pode ser atribuído, em parte, às atividades r e l a c i o n a d a s a o s e t o r d a Agropecuária. Dado que os resultados indicam uma redução da taxa de desemprego (nas duas metodologias), uma questão a balanço negativo das atividades ligadas à Administração Pública e à Construção Civil - apresentaram redução no nível de emprego (-505 e - 96 postos, respectivamente). J á n o c o n j u n t o d a s Á r e a s Metropolitanas foi registrado um crescimento médio de 6,41% no ano, decorrente da criação de 736.593 ser levantada é se a velocidade com que esta taxa se reduz seria acompanhada de uma melhoria das condições de trabalho (um indicador importante, ainda que insuficiente, é o nível de salários, tratado mais adiante), e também se essa queda da taxa de desemprego é suficiente para absorver o crescimento da PEA T a b el a 4 . 3 - S a ld o e n tr e li g a d os e d e s li g a d o s d o B r as i l p o r R e g i õe s (t o ta l n o tr i m es t r e ) S et o r S u d e s te S u l N o r d e st e N o r te C en tr o - O es t e A d m . Pú b lic a - 1 2 .7 7 6 ,0 0 - 3 .9 1 8 ,0 0 9 7 9 ,0 0 - 2 0 1 ,0 0 - 1 9 3 ,0 0 A g ro p e c u á ri a - 1 3 1 .9 2 3 ,0 0 - 9 8 6 ,0 0 - 1 7 .4 8 3 ,0 0 - 2 .5 5 3 ,0 0 - 2 3 .2 1 6 ,0 0 C o m ér c io 1 0 4 .9 8 0 ,0 0 3 8 .9 9 1 ,0 0 2 9 .8 0 2 ,0 0 8 .3 3 9 ,0 0 1 1 .4 6 7 ,0 0 C o n s tr u ç ã o C iv il 5 .4 4 1 ,0 0 - 6 5 7 ,0 0 2 .4 4 4 ,0 0 - 2 .3 9 7 ,0 0 - 1 .2 1 6 ,0 0 E x t. M in e ra l 6 8 1 ,0 0 7 2 ,0 0 1 9 1 ,0 0 2 6 4 ,0 0 - 3 3 3 ,0 0 I n d . T ra n s fo r m a ç ão - 6 3 .6 1 3 ,0 0 - 7 .0 9 7 ,0 0 9 .4 3 7 ,0 0 - 2 .7 0 3 ,0 0 - 2 1 .4 5 8 ,0 0 S er v . In d . U ti l. P ú b lic a 8 2 1 ,0 0 - 1 8 2 ,0 0 2 0 9 ,0 0 - 3 9 ,0 0 - 1 5 2 ,0 0 S er v iç o s 6 3 .2 9 1 ,0 0 1 1 .9 3 1 ,0 0 1 0 .6 5 5 ,0 0 1 .2 9 3 ,0 0 2 .2 0 8 ,0 0 T o ta l - 3 3 .0 9 8 ,0 0 3 8 .1 5 4 ,0 0 3 6 .2 3 4 ,0 0 2 .0 0 3 ,0 0 - 3 2 .8 9 3 ,0 0 F o n t e: C A G E D
  • 19. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 19 T a be la 4 .4 - P op ula ç ã o E con om ica m e n te A tiv a V alo re s A bs o lu tos (e m m il p e ss o as ) V ar (% ) m ê s /m ê s a n te rio r V ar (% ) m e sm o m ês do an o an te rio r 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 6 2 0 07 2 0 0 6 2 0 0 7 O u t ub r o 2 2 9 0 5 ,07 2 3 3 24 ,3 3 -0 ,3 8 -0 ,0 9 3,1 1 1 ,8 3 N o vem b ro 2 2 9 1 5 ,76 2 3 3 70 ,3 9 0 ,0 5 0 ,2 0 2,9 1 1 ,9 8 D e ze m b r o 2 2 6 5 1 ,83 2 3 0 94 ,9 4 -1 ,1 5 -1 ,1 8 2,5 7 1 ,9 6 Fo nt e: IB G E /P M E T a b e l a 4 . 5 - V a r i a ç ã o e m p . p . d o í n d i c e d e d e s e m p r e g o ( a n o / a n o i m e d i a t a m e n t e a n t e r i o r ) e t a x a s d e c r e s c i m e n t o r e a l d o P I B A n o I B G E D I E E S E P I B 2 0 0 2 - 0 , 1 0 , 7 2 , 7 2 0 0 3 0 , 4 0 , 6 1 , 2 2 0 0 4 - 1 , 3 - 2 5 , 7 2 0 0 5 - 1 , 3 - 1 , 3 3 , 2 2 0 0 6 - 1 , 1 - 1 , 6 3 , 8 2 0 0 7 - 0 , 8 - 0 , 7 5 , 4 F o n t e : I B G E / P M E e C o n t a s N a c i o n a is , D I E E S E / P E D (População Economicamente Ativa). Este último indicador pode ser observado na Tabela 4.4. Governo Lula - são insuficientes para indicar uma melhoria substantiva na questão do desemprego. Três Em primeiro lugar, o crescimento da PEA (População Economicamente Ativa) é maior do que a queda da taxa d e d e s e m p r e g o p e l a s d u a s metodologias desde 2002. Isto significa que nos últimos anos nem todos os novos entrantes na PEA conseguem ser absorvidos no mercado de trabalho. Além disso, cabe salientar que a queda da taxa de desemprego não ocorre de modo acelerado. Desde 2005 a taxa de desemprego tende a se reduzir em valores menores do que nos anos elementos contribuem para esta conclusão: a taxa de desemprego se reduz de modo desacelerado (a partir de 2005); a queda da taxa de desemprego é menor do que as taxas de crescimento do produto; e o crescimento da PEA é maior do que a redução da taxa de desemprego. Em relação à renda dos trabalhadores (Tabela 4.6), os dados apresentados pelo IBGE apontam crescimento do nível de salários em todos os meses do quarto trimestre de 2007, tanto em termos absolutos, como em termos anteriores - com exceção de 2006 pelo DIEESE. Isto pode indicar que são necessários esforços de crescimento do produto cada vez maiores para que se reduza a taxa de desemprego, uma vez que se considera a relação inversa entre ambos. Os dados podem ser observados na Tabela 4.5 Assim, demonstra-se que apesar de positivos, os resultados apresentados - não só em 2007, mas em todo o relativos. Em contrapartida, os dados d o D I E E S E d i v e r g e m d o s apresentados pelo IBGE, pois há queda do nível de salários em todos os meses da série. Cabe ressaltar que as metodologias de pesquisa do IBGE e do DIEESE são diferentes quanto à amplitude geográfica da pesquisa. Enquanto a do IBGE abrange seis regiões metropolitanas (Belo Horizonte, Rio
  • 20. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 20 de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, cresceram 1,59%, em novembro, Salvador e Recife), a pesquisa do 2,80%, e em dezembro, 2,43%. D I E E S E é r e s t r i t a a r e g i ã o Assim, uma observação que se pode metropolitana de São Paulo (apesar de fazer é de que o crescimento do nível também existirem pesquisas de salários são maiores nas demais metropolitanas por parte deste regiões metropolitanas do país, o que instituto na Bahia, Distrito Federal, pode ser um indicativo de dinamismo Recife e Salvador). Assim, aquela é m a i o r e m o u t r a s r e g i õ e s mais abrangente do que esta e permite metropolitanas em comparação com a avaliar de forma diferente os dados d e S ã o P a u l o . N u m a apresentados perspectiva otimista, seria um Como nos informa o DIEESE, ocorreu primeiro passo rumo à atenuação das queda no nível de salários de 0,63%, desigualdades regionais brasileiras. 2,27% e 5,28% para os meses de Empregos e Salários no Espírito outubro, novembro e dezembro, Santo r e s p e c t i v a m e n t e , n a r e g i ã o No período referente ao quarto metropolitana de São Paulo. Além trimestre de 2007, segundo os dados disso, a taxa de desemprego também do CAGED (tabela 4.7), a criação de caiu no mesmo período, tanto pelo empregos para o Estado apresentou IBGE como pelo DIEESE. Tendo em um saldo negativo de 413 postos de vista que o mercado não absorve toda trabalho. Para o ano, os dados a nova mão-de-obra e com a queda da registraram um crescimento do taxa de desemprego de forma emprego formal na ordem de 4,5%. desacelerada, há indícios de que, pelas O destaque negativo se deu pelo saldo condições apresentadas na região da agropecuária ao longo do trimestre mais dinâmica da economia brasileira, (-3.920 postos de trabalho). A queda os empregadores possuem elevado na contratação de mão-de-obra foi poder de barganha sobre os devido à redução na expectativa de assalariados, sobretudo num ano de produção causada, sobretudo, pela elevado crescimento do produto seca generalizada em todo o Estado, interno bruto. que afetou muitas lavouras, pela Por outro lado, os resultados do IBGE entressafra agrícola e pelo término do apontam para uma melhoria do nível período escolar, considerando que de salários para todos os períodos da muitas crianças ajudam na agricultura série. Em outubro os salários familiar. É interessante observar que Tab e la 4 .6 - Re nd im e nt o M é dio R e al- e m R$ e v ariação p e rc e nt ual e m re laçã o ao m e sm o m ê s d o an o ant e rior M e ses IBG E DIE ESE * 20 0 6 2 0 07 V ar ( %) 2 00 6 20 0 7 Var ( % ) O utu bro 1 11 0 ,2 2 11 2 7,87 1 ,5 9 11 48 ,5 7 1 14 1 ,3 2 -0 ,6 3 N o vem bro 1 11 2 ,4 1 11 4 3,60 2 ,8 0 11 45 ,0 2 1 11 9 ,0 0 -2 ,2 7 D ezem br o 1 12 8 ,0 5 11 5 5,45 2 ,4 3 11 79 ,9 9 1 11 7 ,7 3 -5 ,2 8 * Reg iã o M etrop olitan a d e São Pau lo . De flator: IPC A. M ês N ovem bro = 10 0. Fon te: IBGE /P M E e DIE ES E/ PE D
  • 21. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 21 essa queda manteve-se com relação uma queda de, aproximadamente, ao trimestre anterior, quando o setor 42% na criação de novas vagas em também apresentou um saldo negativo comparação com o terceiro trimestre de 3.421 vagas. No entanto, em de 2007, porém uma elevação de mais comparação ao quarto trimestre de de 100% com relação ao mesmo 2006, podemos afirmar que a queda período de 2006. Foram responsáveis em 2007 foi bastante elevada, uma vez pela queda, ao logo do trimestre, os que no ano anterior o setor apresentou subsetores relacionados a Instituições um saldo de -1.849 postos. Financeiras e a Ensino. Os ramos que O setor de Comércio, porém, mostrou- mais contribuíram foram Serviços de se bastante aquecido com relação ao Alojamento, Alimentação, Reparação e trimestre anterior, com 4.559 novos Manutenção. empregos, seguindo a mesma A Construção Civil segue uma tendência de 2006. A alta contratação tendência de queda em relação ao deu-se por causa do período de festas e trimestre anterior, fechando com um vendas no varejo, pois se observa que saldo negativo em 1.430 postos. No o impulso maior ficou por conta do ano, o setor registrou uma queda de comércio varejista, que obteve tanto 74% na criação de novas vagas se em novembro como em dezembro comparado com o ano de 2006. A saldo maior que o saldo total do setor. Indústria de transformação teve o Acredita-se que tal fato deve-se ao resultado do trimestre prejudicado aumento da massa de salário e à pelo desempenho de dezembro, que expansão do crédito. O bom apresentou resultado negativo de 1238 desempenho do setor, vale destacar, postos de trabalho. também foi impulsionado por Quanto aos dados da indústria segmentos ligados a veículos capixaba, houve, segundo o IEL motocicletas, partes e peças e (Instituto Euvaldo Lodi), um equipamentos e materiais para decréscimo de 0,94% na criação de escritório e informática. novas vagas no mês de outubro, em Já o setor de Serviços, que junto com o relação ao mês anterior (tabela 4.8), comércio foram os que mais principalmente, devido ao período de empregaram no Estado, apresentou entressafra da indústria alcooleira, da Tabela 4.7 - Ev olução do Emprego por Atividade Econômica Estado: Espírito Santo Atividade Econômica Out/2007 Nov/2007 Dez/2007 Total No Ano Extrat. Mineral 3 1 -4 1 -15 -25 7 03 In dust. Transformação 34 8 46 5 -1.2 38 -425 1.9 41 Serv. In d. Ut. Pub. 9 2 3 7 -1 14 15 4 30 Con strução Civil 3 0 -40 6 -1.0 54 -1.430 1.2 76 Comércio 92 9 2.02 3 1.6 07 4.559 9.9 50 Serviços 1.12 2 1.16 5 -31 2.256 13.0 63 Adm. Pública 6 3 2 -1.4 81 -1.443 -8 43 Agric., Silvicultura -2.30 0 -1.26 5 -3 55 -3.920 -1.4 46 Total 25 8 2.01 0 -2.6 81 -413 25.0 74 Fonte: MTE-CAGE D
  • 22. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 22 5. POLÍTICA MONETÁRIA Entre março e setembro de 2007, a quanto ao cumprimento da meta de taxa básica de juros, a SELIC, foi inflação. O receio quanto aos efeitos reduzida seis vezes consecutivas da crise financeira internacional, devido às expectativas favoráveis desencadeada em agosto de 2007, conclusão de obras e da diminuição da de dezembro apresentou uma redução atividade produtiva moveleira. Entre de 1,43% do pessoal ocupado na os setores que obtiveram maior queda, i n d ú s t r i a c a p i x a b a , d e v i d o , destacam-se o de máquinas, principalmente, à diminuição da aparelhos e materiais elétricos e o de atividade produtiva em alguns setores coque, refino de petróleo e álcool. por motivos sazonais, redução de No mês de novembro, o nível de demanda ou término de contratos. empregos manteve-se em queda, Nesse contexto, destacam-se os destacando-se novamente os setores segmentos de produtos químicos, coque, refino de petróleo e álcool e o vestuário e acessórios, máquinas, de máquinas, aparelhos e materiais aparelhos e materiais elétricos e elétricos. As maiores ampliações, móveis e indústrias diversas. Porém porém ocorreram nas atividades verificamos um ligeiro aumento no referentes a alimentos e bebidas e segmento de produtos metálicos, com veículos automotores. exceção das máquinas. Seguindo a mesma tendência, o mês T abela 4.8 – V ariação m ensal do pesso al ocupad o po r gênero de atividad e no ES (%) ATIV IDAD E ECO NÔM IC A OUT/SET NOV /OUT DEZ/NO V Indústrias Extrativas 1,25 -1,16 -0,33 A lim entos e B ebida s 0,83 2,51 -2,24 P rodutos Têxteis 0,65 1,19 -1,00 V estuá rio e Acessórios 0,95 -0,24 -6,42 C ouros e Ca lçados 0,66 -3,98 -3,69 C elulose e P apel 0,06 0,45 1,47 Edição e Im pressã o 2,03 1,94 0,61 C oque, Refino Petró leo, Álcoo l -19,01 -22,46 -2,09 P rodutos Quím ico s 0,00 1,52 -6,78 A rtigo s de Borracha e Plá stico 1,09 0,05 -0,39 Minerais Não-Metálicos 0,77 0,18 -1,67 Me ta lurgia Bá sica 0,16 0,76 0,87 P rod. Metálico s – Ex cl. Máquina s 2,49 -0,20 2,44 Má q., Aparelho s e Ma t. Elétricos -21,61 -4,50 -7,56 V eículo s Autom otores -1,17 2,77 -1,54 Mó veis e Indústrias Diversa s -1,46 0,89 -5,86 Eletricidade e Gá s -0,88 -0,44 -4,37 C aptação, Tra ta m., Distr. Á gua -0,54 -0,34 -0,48 C onstrução -3,71 0,25 -1,43 Total da Indústria -0,94 -0,36 -1,43 Fo nte: IEL-ES
  • 23. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 23 levou o Comitê de Política Monetária – do real, pois reduziria o ingresso dos COPOM - a manter estável a taxa capitais externos especulativos. Mas, o SELIC em 11,25%, desde então. Dessa resultado da política monetária, forma, o país encerrou o ano em associado às condições de fragilidade primeiro lugar no ranking dos países internacional do dólar, está com a taxa de juros real mais elevada contribuindo para um novo aumento do mundo. da vulnerabilidade externa devido à A conjuntura econômica brasileira redução no saldo da balança comercial apresentava boas condições no e ao aumento nas remessas de rendas contexto internacional, graças à de capital. Entre 2006 e 2007, o saldo r e d u ç ão n o s i n d i c ad o r e s d e na conta de transações correntes vulnerabilidade externa, ao controle diminuiu de US$ 13,6 para US$ 3,6 da inflação, aos superávits na balança bilhões e tornou-se negativo, em US$ comercial, ao aumento das reservas 6,3 bilhões, no primeiro bimestre de internacionais e à diminuição da 2008, apontando para um déficit de relação dívida/PIB. No entanto, apesar mais de US$ 30,0 bilhões nas desses resultados, a taxa de juros transações correntes para 2008. continuou a pressionar a política fiscal Durante o último trimestre do ano, a através da realização dos elevados economia brasileira foi afetada pelo superávits primários necessários ao sensível crescimento da demanda pagamento de uma parte dos juros da doméstica, pela instabilidade e dívida mobiliária interna. Vale ressaltar extrema volatilidade no mercado que a redução na taxa de juros, além financeiro, derivado da crise bancária de contribuir para alavancar o lado européia e norte-americana, e pelo p r o d u t i v o d a e c o n o m i a , e ligeiro aumento nos indicadores de conseqüentemente o crescimento inflação, devido principalmente ao econômico, estimularia o aumento das aumento dos preços dos alimentos. exportações através da desvalorização Tab ela 5 .1 : Bas e Mon etária, com pon entes e meios de p agam entos Sald o em fin al de p eríod o (em R$ m ilhões ) e variação em 1 2 m eses (% ) out/07 nov/07 dez/07 C om ponentes R $ % R $ % R$ % Base Monetária 122 967 23,1 130 847 24,2 146 617 21,1 Papel m oeda em itido 83 781 17,8 88 018 19,5 102 885 19,9 Reservas B ancárias 39 186 36,3 42 829 35,1 43 732 24,0 M eios de Pagamentos 179 278 22,6 183 776 22,4 210 540 25,9 M oeda em poder do públi co 68 510 18,1 69 379 18,2 79 263 18,2 Depós itos à vista 110 768 25,6 114 398 25,1 131 276 31,1 Meios de Pagam entos referem -se à média dos saldos nos dias úteis. Fonte: B CB . Nota para a imprensa O s a g r e g a d o s m o n e t á r i o s bancárias em 24,0%, demonstrando apresentaram elevado crescimento no mais uma vez que o índice geral de trimestre em relação ao mesmo preços não é o reflexo direto da oferta período do ano anterior. A base monetária, como defende a teoria monetária encerrou 2007 no montante quantitativa da moeda. de R$ 146,6 bilhões, 21,1% maior que A conversão da base monetária em em dezembro de 2006. O papel moeda meios pagamentos (M1) – como média emitido cresceu 19,9% e as reservas dos saldos diários - resultou em uma
  • 24. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 24 expressiva variação no trimestre, quase R$ 1,9 trilhão de reais, ou encerrando o ano em R$ 210,5 70,5% do PIB. Com exceção dos bilhões, 25,9% maior do que no ano depósitos para investimentos, os anterior. Desse total, o papel moeda demais itens constituem uma parte da em poder do público representou riqueza acumulada aplicada a juros. 37,6% e os depósitos à vista, 62,4%. Esses depósitos para investimentos O efeito multiplicador aumentou a representam apenas uma conta base monetária em 43,6%. intermediária entre as aplicações, A Tabela 5.2 mostra o conjunto de através da qual o governo isentou do agregados financeiros acumulados, ou IOF e CPMF, e a troca de aplicações as aplicações financeiras no sistema entre ações na bolsa de valores e bancário, de propriedade das famílias quaisquer das outras formas de e das empresas e representam uma crédito que integram o M4. parte importante do passivo bancário. A maior parte do M4 representa a Os depósitos de poupança são contrapartida da dívida mobiliária reservas de uma parcela importante federal representada pelos saldos dos da população, mas a maior parte fundos de renda fixa, operações desse saldo é de propriedade de compromissadas e títulos federais. menos de 10% das famílias. Por outro Essas três contas acumulam mais de lado, as demais aplicações estão ainda R$ 1,0 trilhão de reais do total de R$ mais concentradas em cerca de um 1,2 trilhão da dívida mobiliária federal. por cento das famílias. Esse conjunto, O restante é constituído do M1 e de também denominado de meios de cerca de R$ 500,0 bilhões de dívidas pagamentos (M4), aumentou 21,4% privadas de empresas (títulos) e em 12 meses, encerrando o ano em bancos (poupança). Tabela 5.2 - Meios de Pagamentos (M4) - Saldos emR$ milhões Mês Depósi tos para investi mentos Depósito de poupança Títulos privados M2 Quotas de fundos de renda fixa Operações Compromis sadas com títulos federais M3 Títulos federais (SELIC) Títulos estaduais e municipais M4 Out 3.541 221 169 319547 722 353 806 509 40 750 1 569 611 266 846 23 1 836 480 Nov 3.831 225 355 318210 736 220 807 044 43 345 1 586 609 271 311 24 1 857 943 Dez 4.249 234 672 311084 782 028 794 163 42 529 1 618 721 267 928 24 1 886 672 Fonte: BCB. Nota para a imprensa Os fatores condicionantes da base ano reduziram significativamente esse monetária, apresentados na Tabela processo entre novembro e dezembro. 5.3, mostram a maior monetização da Por outro lado, a aquisição de divisas, economia e de parte da dívida pública, visando a amenizar a desvalorização no último trimestre do ano. Em do dólar, também arrefeceu no último primeiro lugar, a política de obtenção mês do ano reduzindo a expansão de elevados superávits primários monetária através desse mecanismo. continuou a reduzir a base monetária, O aumento significativo dos depósitos entretanto, os pagamentos que se das instituições financeiras também acumulam normalmente no final do contribuiu pelo lado da contração da
  • 25. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 25 base monetária. Tudo isso permitiu utilizados em saneamento básico. que o Banco Central efetuasse uma Setorialmente, as atividades monetização da dívida de mais de R$ econômicas que se destacaram em 30 bilhões no último trimestre do ano. relação às suas operações de crédito Há de se ressaltar também que, de foram a indústria e o consumo de acordo com operacionalidade da pessoas físicas. A indústria, devido às política monetária em que “o Banco e x p e c t a t i v a s p o s i t i v a s d o s C e n t ra l n ã o p o d e c o n t r o l a r empresários com as vendas de fim de simultaneamente a taxa de juros e o ano, obteve o maior volume das nível de reservas bancárias”¹, o operações de crédito do quarto agregado monetário deve flutuar como trimestre, com uma variação de forma de ajuste para dada taxa de 11,6%, em relação ao trimestre juros, um vez que o atual controle é anterior. Nesse setor tiveram destaque sobre a taxa de juros. Por isso, a os sub-setores de agroindústria, variação da base monetária deve se extração mineral e de papel e celulose. ajustar continuamente às taxas de No ano, esse crescimento foi de juros do mercado. Isso faz com que o 29,8%, ficando atrás somente das c o m p o r t a m e n t o d o s f a t o r e s operações com pessoas físicas que condicionantes da base pareça um fecharam o ano com um aumento de indicador de mudanças na condução 33,0%. de política monetária, quando na O crédito para pessoas físicas verdade não é. apresentou uma taxa de crescimento As Operações de Crédito do Sistema inferior à observada no trimestre Financeiro continuaram crescendo no anterior devido ao pagamento do 13° último trimestre de 2007, chegando a salário e as maiores contratações, 34,7% do PIB. Elas constituem parte típicas dessa época do ano. Porém dos ativos bancários e são decorrentes essa particularidade não diminuiu a de sua atividade de intermediação importância de sua participação no financeira. total das operações de crédito, que No quarto trimestre houve aumento de representou em dezembro 33,6% do 1,8% nas operações com o setor total das operações do sistema público, impulsionadas pelos estados e bancário. ¹Carvalho, F. C. de; Souza, F. E. P. de; Sicsú, J.;municípios, que tiveram um aumento Paula, L. F. R. de & Studart, R. (2000). Economia nas operações de 2,2% devido, monetária e financeira: teoria e política. Rio de principalmente, aos recursos Janeiro: Campus. Tabela 5.3 – Fatores Condicionantes da Base Monetária Fluxos acumulados no mês (R$ milhões) Período Tesouro Nacional Operações com títulos públicos federais Operações do Setor externo Redesconto do Banco Central Depósitos de instituições financeiras Operações com derivativos - ajustes Outras contas Variação da base monetária Out/07 -6 244 930 6 430 - 0 - 562 1 988 85 2 627 Nov/0/ -11 197 10 601 1 0 010 - 0 -1 040 - 527 34 7 881 Dez/07 -4 826 19 229 4 210 - 0 -3 466 485 1 38 15 769 Fonte: BCB. Nota para a impren sa Essa maior liquidez observada no final operações com cheque especial, - do ano também teve conseqüências na 7,2% no trimestre, um aspecto redução do volume total das positivo para os devedores, pois essa
  • 26. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 26 Tabela 5.4 – Operações deCrédito do Sistema Financeiro Saldo por Atividade Econômica (R$milhões) Setor Público Setor Privado Total Geral Meses Governo federal Governos estaduais e municipais Total do Setor Público Indústria Habitação Rural Comércio Pessoas Físicas Outros Serviços Total do Setor Privado Out/07 3 668 14 628 18 297 197 420 43 499 86 496 91 215 302 315 142 388 863 334 881 631 Nov/07 3 676 14 954 18 630 205 344 44 418 88 375 94 834 310 123 147 924 891 018 909 648 Dez/07 3 596 15 235 18 831 213 577 44 846 89 053 97 431 313 620 154 953 913 480 932 311 Variação (%) No ano -14,3 3,8 -0,2 29,8 25,7 14,6 24,2 33,0 27,5 28,0 27,3 Faixa de Risco (dezembro 2007 em %) AA+A 99,7 64,2 71,0 72,7 51,4 50,6 61,6 66,4 67,4 65,3 65,4 B até G 0,3 35,2 28,5 26,2 42,6 46,8 35,9 29,0 30,6 31,8 31,7 H 0,0 0,6 0,5 1,1 6,0 2,6 2,5 4,6 2,0 3,0 2,9 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte:BCB. Nota para a imprensa operação é conhecida por suas altas O volume total do financiamento taxas de juros (138,1% a.a. em imobiliário para pessoa física merece dezembro). destaque no ano de 2007, pois As transações de crédito por faixa de apresentou um crescimento de valor tiveram maior alta nos 87,5%, e, somente no mês de financiamentos acima de R$ 50 mil dezembro, esse crescimento foi de para pessoas físicas, reflexo das 10%, com prazo médio de 2199 dias. facilidades do crédito, maior nível de Segundo dados da Abecip (Associação emprego e de rendimentos. O crédito Brasileira das Entidades de Crédito consignado com desconto em folha Imobiliário e Poupança), o aumento encerrou o ano com 57,3% do total de desse financiamento se deve também crédito pessoal e com uma taxa de à maior utilização dos recursos da juros média de 28,4% a.a. Os prazos poupança (R$ 18,3 bilhões e 195.981 médios aumentaram, no ano, 41% unidades em 2007, no maior patamar para pessoas jurídicas e 72% para registrado desde 1988, com 181,8 mil pessoas físicas, com 440 e 351 dias, imóveis). respectivamente, em dezembro. 6. POLÍTICA FISCAL O governo continuou a seguir, no ano perfil da dívida; a queda da taxa Selic, de 2007, o caminho de um ajuste fiscal ainda que atualmente interrompida, estrutural com vistas à construção de com efeitos favoráveis de redução dos uma credibilidade externa sólida como gastos com apropriação de juros; o atrativo ao aporte de capitais acúmulo de reservas monetárias estrangeiros no Brasil: a relação dívida suficientes para saldar a dívida líquida/PIB segue diminuindo pouco a externa. Tais fatores têm contribuído pouco ao longo dos últimos anos, com para uma menor vulnerabilidade fiscal, um correspondente alongamento do pelo menos por enquanto, à crise
  • 27. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 27 Tabela6.1 - ResultadoPrimáriodoGovernoCentral (R$milhões) Discriminação dez/06 jan -dez/06 out/07 nov/07 dez/07 jan-dez/07 I. RECEITATOTAL 57.649,4 543.251,8 54.692,0 52.552,1 67.121,6 618.872,4 I.1. Receitas doTesouro 40.074,7 418.162,6 42.886,6 40.627,7 47.081,3 477.141,6 I.2. Receitas daPrevidência Social 17.391,1 123.520,2 11.711,9 11.763,4 19.828,3 140.411,8 I.3. Receitas doBancoCentral 183,6 1.569,0 93,5 161,0 212,0 1.319,1 II. TRANSFERÊNCIASAESTADOSE MUNICÍPIOS 9.285,7 92.779,9 8.123,3 9.551,4 11.465,8 105.604,7 III. RECEITALÍQUIDATOTAL (I-II) 48.363,7 450.471,9 46.568,7 43.000,7 55.655,8 513.267,7 IV. DESPESATOTAL 54.153,9 400.669,2 36.690,7 38.496,6 63.708,2 455.442,8 IV.1. Pessoal eEncargosSociais 13.016,5 105.030,6 9.015,0 10.024,7 13.240,5 116.372,0 IV.2. Benefícios Previdenciários 19.446,0 165.585,3 14.406,3 14.324,1 23.714,2 185.293,4 IV.3. CusteioeCapital 21.359,0 127.617,6 13.071,8 13.899,0 26.396,6 151.292,8 IV.4. Transferênciado Tesouro aoBancoCentral 111,8 695,4 38,6 64,6 130,2 520,8 IV.5. Despesas doBanco Central 220,7 1.740,3 159,1 184,2 226,7 1.963,8 V. RESULTADOPRIMÁRIOGOVERNOCENTRAL (III -IV) -5.790,2 49.802,7 9.878,0 4.504,1 -8.052,4 57.824,9 V.1. TesouroNacional -3.698,3 92.039,1 12.637,9 7.088,0 -4.151,9 103.351,3 V.2. PrevidênciaSocial (RGPS) -2.054,9 -42.065,1 -2.694,4 -2.560,6 -3.885,9 -44.881,7 V.3. BancoCentral6 -37,0 -171,2 -65,6 -23,2 -14,6 -644,7 VI. RES.PRIMÁRIO/ PIB(%) 2,10 2,27 Fonte: SecretariadoTesouroNacional - MinistériodaFazenda norte-americana. de R$ 14,7 bilhões para R$ 16,5 O último trimestre de 2007 explicita bilhões. Desse montante, R$ 16 que essas prioridades fiscais do bilhões eram provenientes do Governo Central foram mantidas, Orçamento Geral da União, tendo sido orientando-se para um ajuste fiscal empenhado até o final do ano. No estrutural. Nesse trimestre, dois entanto, apenas R$ 4,5 bilhões foram eventos de grande relevância para a pagos ainda em 2007. política fiscal devem ser citados. O resultado primário acumulado do O primeiro deles foi a não renovação, Governo Central equivaleu, em 2007, para os anos de 2008 e posteriores, da a R$ 57,8 bilhões ou 2,27% do PIB Contribuição Provisória sobre a estimado, segundo os dados acima da Movimentação Financeira (CPMF), linha obtidos pela Secretaria do sucedida na primeira quinzena de Tesouro Nacional. No ano de 2006 este dezembro. Com vencimento em 31 de superávit foi de R$49,8 bilhões, dezembro de 2007, a arrecadação equivalente a 2,10% do PIB. O total da CPMF correspondeu a R$ 36,4 aumento de R$ 8 bilhões no resultado bilhões, ou 5,9% da receita total anual primário de 2007 significou uma obtida pelo Governo Federal. Tal expansão de 16,1% com relação a mudança gerou a necessidade de uma 2006. r e f o r m u l a ç ã o d a p r o p o s t a Na análise do último trimestre de orçamentária de 2008, cuja aprovação 2007, destaca-se principalmente o pelo Senado só ocorreu em março de mês de dezembro, deficitário em R$ 8 2008. O segundo evento foi a bilhões. As razões para tanto se devem retificação do orçamento do Programa principalmente a fatores sazonais,de Aceleração do Crescimento (PAC),
  • 28. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 28 associados à elevação de gastos com Central (BACEN), foi influenciado pelo pessoal e encargos sociais, custeio e efeito da maior atividade econômica capital bem como gastos com sobre a arrecadação do ICMS e dos benefícios previdenciários. Os gastos impostos compartilhados com a União. No 4º trimestre de 2007, o maiorcom pessoal e encargos se elevaram, superávit primário para o setor públicoentre novembro e dezembro, de R$ 10 consolidado ocorreu no mês debilhões para R$ 13,2 bilhões. Isso se outubro. Neste mês a receita do deveu, em grande medida, ao governo superou seus gastos em R$ pagamento da segunda parcela do 15,3 bilhões. Mais uma vez, o Governo décimo terceiro pelo Poder Executivo, Central (Governo Federal e Banco além de férias do funcionalismo Central) foi o responsável pela maior parte desse resultado, com umpúblico federal. No mesmo período, o superávit de R$ 10 bilhões. Osgasto do governo com o custeio e superávits dos governos regionaiscapital aumentou de R$ 13,9 bilhões (estaduais e municipais) e das para R$ 26,4 bilhões. Este último empresas estatais totalizaram, aumento esteve associado à ampliação respectivamente, R$ 3 bilhões e R$ 2,2 das outras despesas, as quais incluem bilhões. No mês de novembro, o p r i n c i p a l m e n t e c r é d i t o s superávit primário do setor público consolidado reduziu-se para R$ 6,8e x t r a o r d i n á r i o s e d e s p e s a s bilhões. Desse montante, o Governodiscricionárias. O sensível crescimento Central foi responsável por R$ 4,8do gasto com os benefícios bilhões, os governos regionais por R$ 2 previdenciários, de R$14,3 bilhões bilhões e as empresas estatais por R$ para R$23,7 bilhões, também deve ser 26 milhões. No mês de dezembro ressaltado. Foi ocasionado pelo houve um déficit primário de R$ 11,8 dispêndio com a segunda parcela do bilhões, refletindo também nesse abono natalino. indicador a sazonalidade das despesas. Da mesma forma que oA análise das contas do setor público Governo Central foi o principalconsolidado para o ano de 2007, no responsável pelos maiores superávits,critério abaixo da linha, mostra um ele também respondeu por esse maior superávit primário de R$ 101,6 déficit, totalizando R$ 8,7 bilhões. Os bilhões. Esse montante correspondeu governos regionais registraram a 3,98% do PIB de 2007 e representou naquele mês um déficit de R$ 704 um aumento de 0,12 p.p. em relação milhões e as empresas estatais um déficit de R$ 2,4 bilhões.ao registrado em 2006. É interessante As despesas com juros nominais,notar que os governos regionais principal fator condicionante da dívidaaumentaram sua participação na pública, apropriadas pelo critério de formação desse resultado em competência, isto é, no momento em comparação ao resultado alcançado no que a dívida é gerada, totalizaram no ano passado. Isto, segundo o Banco ano de 2007 R$ 159,5 bilhões,
  • 29. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 29 registrando queda de 0,61 p.p. do PIB totalidade dos juros apropriados por em relação ao ano anterior. De acordo competência atingiu a soma de R$ com dados do Banco Central, a 12,2 bilhões. redução da taxa Selic no período O resultado nominal, no qual estão contribuiu para a menor incorporação incluídos o resultado primário e os de juros. Ainda é interessante notar j u r o s n o m i n a i s a p r o p r i a d o s , que, em relação ao PIB, os juros correspondeu a um déficit acumulado, apropriados registraram o menor valor no ano de 2007, de R$ 57,9 bilhões desde 1997, equivalendo em 2007 a (2,27% do PIB). Este resultado foi o 6,25% do PIB. melhor em comparação ao PIB desde o Na análise mês a mês, a despesa com início da série, em 1991. A análise do juros somou R$ 15,9 bilhões no mês de último trimestre mostrou um déficit outubro. Segundo o Banco Central, os nominal crescente, partindo de R$ 528 principais fatores que contribuíram milhões em outubro, R$ 5,2 bilhões em para esse resultado foram o maior novembro e atingindo a casa de R$ 24 número de dias úteis de outubro em bilhões em dezembro. relação a setembro e a apreciação Pode-se concluir que, no acumulado do cambial de 5,2%. Em novembro, os ano, os esforços do governo em reduzir gastos com juros nominais, os déficits nominais foram positivos, apropriados pelo mesmo critério, mas não o suficiente para zerá-los. De somaram R$ 12,1 bilhões. Dentre os qualquer forma, o governo temfatores que contribuíram para o conseguido aumentar os superávitsresultado observado destacam-se o primários, gerando tranqüilidade nomenor número de dias úteis em novembro e o efeito da desvalorização mercado, a despeito dos efeitos da cambial sobre os ativos indexados ao sazonalidade verificados no final do câmbio. No último mês do ano, a ano. Tabela 6.2 – Necessidades de Financiamento do Setor Público (R$ milhões) Discriminação dez/06 Jan-dez/06 out/07 nov/07 dez/07 jan-dez/07 I. Resultado Primário 6 453 -90 144 -15 347 -6 817 11 780 -101 606 I.1. Governo Central 5 763 -51 352 -10 018 -4 784 8 688 -59 439 I.2. Governos Regionais 2 013 -19 715 -3 043 -2 007 704 -29 934 I.3. Empresas Estatais -1 323 -19 077 -2 287 - 26 2 388 -12 234 II. Juros Nominais 12 992 160 027 15 875 12 056 12 238 159 532 II.1. Governo Central 7 742 125 827 10 899 7 240 7 169 119 046 II.2. Governos Regionais 5 396 36 322 5 346 4 637 5 510 42 638 II.3. Empresas Estatais - 147 -2 121 - 370 179 - 441 -2 152 III. Resultado Nominal 19 445 69 883 528 5 239 24 018 57 926 III.1. Governo Central 13 506 74 475 882 2 457 15 857 59 607 III.2. Governos Regionais 7 409 16 606 2 303 2 630 6 214 12 704 III.3. Empresas Estatais -1 470 -21 199 -2 657 153 1 948 -14 385 (+) déficit (-) superávit Fonte: BCB - Nota para a imprensa de 31/01/2008 A Dívida Líquida do Setor Público endividamento líquido do setor público ( D L S P ) , q u e c o n s o l i d a o não financeiro e do Banco Central do
  • 30. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 30 Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (R$ milhões) Discriminação dez/06 out/07 nov/07 dez/07 Dívida Líquida Total 1 067 363 1 132 026 1 127 620 1 150 357 Governo Central 735800 809074 802271 816680 Governos Regionais 363937 364215 367223 373323 Empresas Estatais -32373 - 41 264 - 41 873 - 39 647 Dívida Líquida Total 1067363 1 132 026 1 127 620 1 150 357 Dívida Líquida Interna 1130902 1 349 655 1 366 120 1 393 139 Dívida Líquida Externa -63538 - 217 629 - 238 500 - 242 782 DLSP em % do PIB 44,9 43,2 42,4 42,8 Fonte: BCB - Nota para a imprensa de 31/01/2008 Considerando-se a dívida pública, investidor externo. O alongamento do particularmente, a dívida pública prazo médio da dívida através do interna, sob o ponto de vista de sua aumento dos prazos dos títulos composição, pode-se dizer que o perfil emitidos, assim como a substituição da dívida melhorou consideravelmente gradual dos títulos remunerados pela no ano de 2007. Como a análise do Selic e pelo câmbio por títulos de setor externo irá mostrar ao final remuneração pré-fixada e pelos desse boletim, este resultado não índices de preços indicam a melhora pode ser estendido à dívida externa, no perfil geral da dívida. Como se pode que teve uma piora no seu perfil com o observar na tabela 6.4, na composição aumento da dívida de curto prazo. Esta da dívida, a parcela indexada por melhora no perfil da dívida interna índices de preços e títulos pré-fixados pode ser caracterizado pelo representou 56% do total no mês de cumprimento do objetivo fixado pelo dezembro. Houve uma diminuição ao governo de minimizar os custos do longo do ano de 5,8 p.p. da financiamento de longo prazo, a fim de participação dos títulos atrelados à assegurar maior confiança para o t a x a S e l i c , o q u e d i m i n u i Brasil junto ao sistema financeiro (42,4% do PIB). Um fator importante (público e privado), setor privado não que contribuiu para essa redução foi o financeiro e resto do mundo, alcançou efeito da desvalorização cambial sobre em dezembro de 2007 R$ 1.150,4 os ativos indexados ao dólar, segundo bilhões (42,8% do PIB), de acordo com dados do Bacen. É relevante destacar a tabela 6.3. Este resultado foi 0,4 p.p. que o resultado final de 2007 mantém acima do verificado em novembro, em a tendência à redução da relação porcentagem do PIB, mas 1,9 p.p. DLSP/PIB, desde que esta relação abaixo do registrado em dezembro de atingiu seu menor patamar em 1998, 2006. O déficit primário sazonal quando alcançou 38,9%. Vale ainda contribuiu para a elevação da dívida comentar que, a dívida externa líquida registrada em dezembro, brasileira não foi paga formalmente, comparativamente a novembro. Em como divulgado na mídia. A verdade é outubro havia atingido 43,7% do PIB, que o governo possui reservas totalizando R$ 1.132 bilhões, e em monetárias suficientes para saldá-la, novembro caiu para R$ 1.127,6 bilhões mas a dívida ainda não foi liquidada.
  • 31. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 31 consideravelmente o custo de mercado aberto no montante da dívida manutenção da dívida. Este é fato total, apresentando uma diminuição de favorável, especialmente no cenário 1,8 ponto percentual de outubro a de instabilidade externa, o que mostra dezembro. certa vantagem do país no âmbito Entretanto, segundo a ata do COPOM, fiscal. do dia 4 e 5 de dezembro, a crise Especificamente no último trimestre, a externa passou a gerar efeitos sobre as composição da dívida caminhou taxas de juros internas, principalmente dentro das expectativas, garantindo as de prazo mais longo. Isto graças àum fim de ano dentro das metas redução do fluxo de recursos para osestabelecidas pelo Plano Anual de países emergentes, além do aumentoFinanciamento (PAF), elaborado pelo Tesouro Nacional. Nesses meses o do risco país, uma vez que os agentes comportamento dos indicadores não têm segurança de investir nos EUA caracterizou uma estabilização das provocando uma aversão geral ao turbulências externas acorridas nos risco. Outro fato destacado pela ata foi meses de julho e agosto de 2007. o aumento dos resgates e emissões deAssim, o esforço realizado para a títulos do tesouro brasileiro, quemanutenção da taxa de juros durante somaram R$ 36 bilhões, de outubro atéa crise foi minimizado nos meses seguintes. Dessa forma, observa-se a data da reunião, em seus leilões uma tendência de queda na tradicionais. participação das operações de Tabela 6.4 - Títulos Públicos Federais e oper. e mercado aberto Discriminação dez/06 out/07 nov/07 dez/07 Dívida Total (R$ bilhões) 1.153,5 1.389,9 1.392,7 1.390,7 Indexadores (%) Over/Selic* 38,1 33,4 33,3 32,3 Câmbio* -1,0 -1,9 -2,0 -2,0 Prefixado 34,2 30,4 31,6 32,9 TR 2,1 2,0 2,0 1,8 Índice de preços 21,4 22,5 22,7 23,1 Oper. De Merc. Aberto 5,2 13,7 12,4 11,9 *com operações de Swap Fonte: BCB - Notas para imprensa de março de 2008 O balanço de pagamentos brasileiro entanto, a conta capital e financeira é a fechou o ano de 2007 com um saldo grande responsável por esse resultado. de US$ 87,48 bilhões. Esse Ela atingiu um saldo final positivo de US$ resultado engloba as transações 88,94 bilhões, enquanto o saldo de correntes mais a conta capital e transações correntes foi de apenas US$ representa um aumento expressivo 3,55 bilhões. Apesar do saldo global, as em relação ao saldo total observado transações correntes apresentaram uma em 2006 (US$ 30,57 bilhões). No queda de 73,9% em relação ao resultado 7. SETOR EXTERNO
  • 32. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 32 registrado em 2006, quando o saldo externas em relação ao ano passado, registrado foi de US$ 13,62 bilhões. devido principalmente ao aumento do A conta serviços e rendas foi a grande preço de commodities, o aumento das responsável por essa queda no saldo importações, no mesmo período, foi das transações correntes, com um superior, tendo alcançado a cifra de déficit de US$ 40,57 bilhões (US$ US$ 120,61 bilhões. Outro fato a ser 12,67 bilhões referentes a serviços e destacado é que a rubrica serviços e US$ 27,91 bilhões referentes a rendas vêm ganhando cada vez mais rendas). Por sua vez, a balança importância, devido não só ao comercial e as transações unilaterais aumento dos déficits registrados, mas apresentaram, respectivamente, também ao aumento do volume em saldos de US$ 40,4 bilhões e US$ 4,09 termos absolutos das receitas e bilhões. Apesar dos expressivos despesas, denotando o aumento resultados do setor exportador, com dessas operações. aumento de 16,3% nas vendas Tabela 7.1 - Transações Correntes (US$ milhões) Discriminação 2006 2007 Out-Dez Ano Out Nov Dez Out-Dez Ano Balança comercial (FOB) 12 241 46 458 3 439 2 027 3 636 9 102 40 040 Exportações 36 851 137 807 15 769 14 052 14 231 44 052 160 651 Importações 24 608 91 350 12 330 12 025 10 595 34 950 120 612 Serviços e rendas -9 969 -37 143 -3 785 -3 676 -4 795 -12 253 -40 570 Receitas 6 920 25 901 3 347 3 003 4 042 10 392 35 351 Despesas 16 889 63 043 7 132 6 677 8 837 22 646 75 921 Transferências unilaterais correntes (líquido) 1 094 4 306 304 303 460 1 067 4 086 Transações correntes 3368 13 621 -42 -1 344 -699 -2 085 3 555 Fonte: BCB – Notas para imprensa A conta capital e financeira, tabela 7.2, captassem recursos no exterior a continuou apresentando resultados preços mais baixos para investirem em cada vez mais vultosos. O saldo títulos brasileiros. registrado em 2007 foi de US$ 88,9 O saldo final da conta financeira no ano bilhões contra US$ 15,9 bilhões, em foi de US$ 88,2 bilhões. No último 2006. Portanto, o aumento neste trimestre de 2007, o grande período foi mais de 400%, sendo responsável pelo saldo dessa conta foi principalmente de capital de curto a conta investimento em carteira, que prazo. Um fator relevante para tal registra fluxos de ativos e passivos comportamento deveu-se ao fato de constituídos pela emissão de títulos de que a taxa de juros brasileira se crédito comumente negociados em manteve estável, em níveis altíssimos, mercados secundários de papéis. O e a taxa de juros nos EUA veio sofrendo saldo dos investimentos em carteira foi quedas representativas ao longo de de US$ 12,5 bilhões, o que 2007, fazendo com o que a taxa de representou aproximadamente 80% juros do Brasil apresentasse um da conta capital e financeira no aumento real. Isso tornou os títulos trimestre. Em 2007, o saldo final dessa públicos brasileiros mais atrativos, rubrica foi de US$ 47,9 bilhões. fazendo com que investidores Os investimentos diretos líquidos -
  • 33. Vitória/ES - Boletim N.40º - 33 Ao longo do ano de 2007, a dívida internacionais (conceito de liquidez externa brasileira apresentou internacional) fecharam no mês de crescimento gradativamente. No dezembro com saldo de US$ 180,3 último mês, a dívida externa total foi bilhões. Durante o ano de 2007, as de US$ 197,6 bilhões, contra US$ r e s e r v a s a u m e n t a r a m 172,5 bilhões em dezembro de 2006, aproximadamente US$ 94,4 bilhões. o que representou um aumento de Isso pode ser explicado, como já 14,5% no estoque. No entanto, uma apontado anteriormente, pelas análise mais profunda do perfil da compras sucessivas de reservas pelo dívida externa brasileira mostra que a Banco Central ao longo do ano. Durante dívida de curto prazo foi responsável todo ano de 2007, essas compras pela maior parte desse aumento. A líquidas do Banco Central atingiram o dívida externa brasileira de médio e montante de US$ 78,5 bilhões. A longo prazo se manteve constante, ou relação reservas internacionais/dívida seja, sem muita variação. No que diz externa foi de 0,91, em dezembro. Vale respeito à dívida de curto prazo, o ressaltar que o governo tem afirmado aumento observado foi superior a que por conta dessa relação estar 100%: em dezembro 2006, o estoque próxima a 1, o país encontra-se em da dívida de curto prazo era de US$ situação totalmente segura. No 20,3 bilhões, e em dezembro 2007 o entanto, é preciso frisar que o perfil da estoque foi de US$ 42,5 bilhões. Esta dívida torna-se cada vez mais de curto d í v i d a e s t á c o n c e n t r a d a prazo e, portanto, sujeita a exclusivamente no setor privado e movimentos especulativos. público financeiro. As reservas d i f e r e n ç a e n t r e o s a l d o d o contra um saldo negativo de US$ 9,4 investimento direto no exterior e o bilhões no ano anterior. investimento direto no país - também A conta outros investimentos (créditos bateram recorde em relação a 2006. comerciais, empréstimos, moeda e Apesar do saldo ter apresentado déficit depósitos, outros ativos e passivos e de US$ 3,7 bilhões, no último trimestre operações de regul ari zação) de 2007, este não foi suficiente para apresentou, em 2007, um saldo no comprometer o resultado do ano, que final praticamente igual ao do ano fechou positivo em US$ 27,5 bilhões, anterior, US$ 12,5 bilhões. Tabela 7.2 - Conta Capital e Financeira (US$ milhões) Discriminação 2006 2007 Out-Dez Ano Out Nov Dez Out-Dez Ano Conta capital e financeira 7 565 15 982 3 838 7 867 3 588 15 293 88 935 Conta capital 245 869 48 92 56 196 698 Conta financeira 7 320 15 113 3 790 7 775 3 532 15 097 88 238 Invest. Direto (líquido) - 13 521 - 9 420 - 959 91 - 2 894 - 3 762 27 585 Invest. em carteira 7 077 9 573 5 312 - 1 196 8 392 12 508 47 975 Derivativos 147 383 212 - 131 - 13 69 192 Outros investimentos 13 616 14 577 - 775 9 011 - 1 954 6 282 12 485 Erros e omissões 1 169 965 456 - 128 204 533 - 5 006 Var. reservas (- = aumento) - 12 102 - 30 569 - 4 252 - 6 395 - 3 093 - 13 741 - 87 484 Resultado global do balanço 12 102 30 569 4 252 6 395 3 093 13 741 87 484 Fonte: BCB - Notas para imprensa
  • 34. Vitória/ES - Boletim Nº.40 - 34 Tabela 7.3 - Dívida externa (US$ milhões) Discriminação 2006 2007 Dez Out Nov Dez Dívida médio e longo prazo 152 266 153 000 155 286 155 158 Setor público não financeiro 76 263 70 523 70 222 70 132 Setor priv. e públ. Financeiro 76 003 82 477 85 064 85 026 Dívida curto prazo 20 323 41 610 40 919 42 538 Setor público não financeiro 6 0 0 0 Setor priv. e públ. Financeiro 20 317 41 610 40 919 42 538 Dívida externa total 172 589 194 610 196 205 197 697 Fonte: BCB - Notas para imprensa