O documento descreve as considerações para o projeto e implementação de um programa de exercícios aquáticos terapêuticos, incluindo a avaliação do paciente, planejamento do programa, equipamentos necessários, como a piscina, e as diferentes fases do tratamento.
2. HIDROTERAPIA
Fundamentos do programa:
Objetivo Terapêutico
As sessões individuais devem se focar no
relaxamento, no condicionamento
aeróbio, ou em uma combinação de
objetivos.
O projeto das instalações deve estar de
acordo às necessidades dos pacientes e
terapêutas.
Pacientes com dor, dor ao movimento,
movimentação articular limitada,
fraqueza, edema e com coordenação e
equilíbrio deficientes são beneficiados
com TTO aquático.
Considerar as restrições relacionadas ao
local (dimensões, posição da piscina).
Cap 2: Programa de
Exercícios
Aquáticos Terapêuticos
3. HIDROTERAPIA
Profundidade:
A profundidade da água deve ser
ajustada para o tipo de programa ou
para a patologia tratada.
Técnicas de Bad Ragaz necessitam de
água na altura do peito.
Lesões esportivas ou de
condicionamento aeróbio vão utilizar
piscina funda (deep water).
Pode-se utilizar piscinas com fundo
móvel , mas são projetos caríssimos e
fora do padrão aquisitivo brasileiro.
Em piscinas com variação de
rofundidade o declive deve
apresentar uma queda de 1 a 16˚ de
inclinação.
Cap 2: Programa de
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4. HIDROTERAPIA
Temperatura:
A temperatura deve estar entre
33 a 37˚ centígrados.
Para condicionamento aeróbio
deve estar entre 27 e 30˚
centígrados.
Dependendo do número de
pacientes e o espaço pode-se
pensar na construção de uma 2ª
piscina (mais fria ou mais
aquecida).
Cap 2: Programa de
Exercícios
Aquáticos Terapêuticos
5. HIDROTERAPIA
Projeto:
Os arredores da piscina -> a área da piscina
é controlada pelas instalações gerais. O
acesso direto de fora para o local da piscina
não é aconselhado, é importante minimizar
a perda de calor e prevenir os “golpes de
ar”.
A área circundante a piscina deve apresentar
corredores largos para comportar a
passagem de cadeiras de rodas e macas,
facilitando o acesso.
Corrimãos instalados nas paredes dos
corredores próximos são benéficos para os
pacientes que apresentem pouco equilíbrio
e coordenação.
Cap 2: Programa de
Exercícios
Aquáticos Terapêuticos
6. HIDROTERAPIA
As portas devem se abrir
facilmente e permanecer
abertas para facilitar o acesso
aos pacientes com muletas,
cadeiras de roda ou macas.
Portas externas devem ser
equipadas com trancas, e se
nenhum funcionário que
trabalhe no local estiver
presente, devem permanecer
fechadas e seguras.
Cap 2: Programa de
Exercícios
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7. HIDROTERAPIA
A recepção e sala de espera
devem ser amplas permitindo que
os pacientes em cadeiras de rodas
possam manobrar seguramente e
parar num local do saguão sem
bloquear as entradas.
Água potável e refrescos devem
estar disponíveis aos pacientes
assim como telefone para acesso
imediato.
Cap 2: Programa de
Exercícios
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8. HIDROTERAPIA
Os vestiários precisam ser
amplos para permitirem a
movimentação de uma ou duas
cadeiras de roda.
Devem dispor de bancos,
cadeiras, tomadas para
secadores de cabelo.
O chão deve ter piso anti-
derrapante e uma leve
inclinação em direção ao ralo
de escoamento.
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Exercícios
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9. HIDROTERAPIA
A temperatura ambiente
confortável deve ficar por volta de
20 a 25° centígrados, a sua
manutenção é importante para o
conforto dos pacientes e
funcionários.
A constante evaporação da água da
piscina requer um sistema de
exaustão eficiente (na área da
piscina a temp. de 25° C e uma
umidade relativa do ar próxima de
55% são mais adequadas.
Toda piscina terapêutica deve ter
um sistema de alarme e telefone.
O alarme deve ser exclusivo para a
área da piscina e alto o suficiente
para que as pessoas que trabalhem
em outras áreas da clínica possam
ouvi-lo
Cap 2: Programa de
Exercícios
Aquáticos Terapêuticos
10. HIDROTERAPIA
A sala de serviços deve estar
próxima a piscina propiciando
segurança para a estocagem dos
produtos químicos da piscina,
equipamentos e materiais de
limpeza e suplementos adicionais.
A sala de máquinas geralmente é
separada da área da piscina mas
próxima a ela (lembrar que
quanto mais próxima possível
requer menor encanamento,
reduzindo custos e perdas
termais.
Deve-se utilizar o aquecimento
solar em alternativa ao
aquecimento elétrico ou a gaz.
Cap 2: Programa de
Exercícios
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11. HIDROTERAPIA
Toalhas e trajes de banho
também são necessários na
terapia aquática.
Uma lavanderia pode ser
necessária (lavagem de
todo enxoval da clínica).
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Exercícios
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12. HIDROTERAPIA
A piscina:
Existem muitos tamanhos e formatos
de piscinas terapêuticas, sendo as
mais comuns em forma de retângulo.
Os tamanhos também podem ser
variados (depende muito do
custo/benefício).
Deve ter profundidade e largura
suficientes para que se possa executar
técnicas de reabilitação e programas
de reeducação de caminhadas.
A superfície do chão não deve ser
escorregadia, a cor deve ser clara,
com tons contrastantes indicando a
entrada, a saída e as mudanças de
profundidade.
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Exercícios
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13. HIDROTERAPIA
Entrando e saindo da piscina:
Tanto os pacientes como os
membros da equipe de trabalho
devem tomar banho com
sabonete antes e depois das
sessões na piscina.
Podem ser utilizados vários
métodos de entrada e saída da
piscina para pacientes que não
possuem habilidade necessária
para o fazerem sozinhos.
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14. HIDROTERAPIA
Pureza da água:
O produto mais comumente usado é o
cloro.
Outras opções incluem a Bromina, que
alguns consideram menos agressiva à
pele, e o ozônio, que requer um
sistema de backup.
O cloro pode ser aplicado via sistema
automático, como também
manualmente em forma granular.
A nível da água deve ser mantido em
1,5 e 3,0 ppm por milhão e o nível de
cloro entre 0,5 e 1,5 ppm.
O nível de cloro deve ser testado 2
vezes ao dia, preferencialmente antes
do uso da piscina na parte da manhã e
após o último uso no final da tarde.
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Exercícios
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15. HIDROTERAPIA
A manutenção do nível ideal
químico é muito importante.
É importante que uma completa
filtragem da água ocorra a cada 4
horas.
O nível ideal do pH está entre 7,5
e 8; um pH abaixo de 7,3 é
demasiado ácido podendo causar
irritações de pele e deixar os
olhos ardendo.
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Exercícios
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16. HIDROTERAPIA
Contra-indicações para a terapia em
piscina:
- Doenças transmissíveis pela água (Tifo, cólera, desinteria);
- Febre alta – acima de 38° C;
- Insuficiência cardíaca;
- Doenças nos rins (Incontinência urinária, I.R.A -Inabilidade para fazer o ajustamento na perda de
fluidos);
- Desordens gastrointestinais;
- Doenças infecciosas;
- Feridas abertas;
- Doenças da pele com erupções (Pé de atleta – precisa ser curado antes);
- Tímpanos perfurados;
- Menstruação sem absorvente interno;
- Epilepsia
- Pressão arterial anormal (hipo-hipertensão), podem ser tratados em curtos períodos de tempo;
- Em TTO ou TTO recente com radiação (durante os últimos 3 meses);
- Baixa capacidade pulmonar vital (900-1500ml).
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Exercícios
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17. HIDROTERAPIA
Planejamento:
Avaliação Física.
- Anormalidades posturais;
- Nível de possibilidade de
deambulação (anormalidades da
marcha);
- Habilidades nas AVDs ou
capacidade funcional;
- ADM (ativa e passiva);
- Testes de resistência muscular;
- Aparência (por exemplo, inchaço,
atrofia);
- Nível de dor (em escala de 1 a
10).
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18. HIDROTERAPIA
Avaliação subjetiva:
A avaliação subjetiva fornece detalhes que
podem influenciar o resultado do
programa.
O terapeuta deve registrar:
1. Informações do paciente (ficha
cadastral);
2. Histórico geral familiar;
3. Histórico da patologia (data da lesão,
início da dor);
4. Comportamento e sintomas num
período superior a 24 horas;
5. Condição pós-cirúrgica (se for o caso);
6. Avaliação das habilidades aquáticas ou
tendência a hidrofobia.
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19. HIDROTERAPIA
Plano de TTO aquático:
O planejamento precisa incluir objetivos
de curto, médio e longo prazos.
O objetivo de longo prazo é aquele
mensurável final, esperado na conclusão
do TTO.
Deve-se determinar outros detalhes do
plano:
1. A frequência do TTO (geralmente de 2
a 5 vezes na semana);
2. A intensidade do programa, baseado
no nível inicial ou fase;
3. Quando o paciente deve começar o
exercício aquático (depende da lesão,
patologia, se há ferimento aberto);
4. A duração da sessão de exercício
aquático.
Cap 2: Programa de
Exercícios
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20. HIDROTERAPIA
Primeira fase:
Pós-cirúrgica ou aguda -> Nessa
fase geralmente há dor,
inflamação, inchaço, perda de
função.
O paciente inicia assim que tenha
ocorrido a cicatrização da incisão
(ferimentos abertos podem ser
cobertos com bandagens a prova
dágua).
Preferencialmente iniciar 24 horas
após a lesão.
Exercitar-se em água quente reduz
a dor.
Cap 2: Programa de
Exercícios
Aquáticos Terapêuticos
21. HIDROTERAPIA
Nessa fase a
prioridade são:
1. exercícios de fortalecimento e
ADM suaves nas articulações
imediatamente adjacentes;
2. Alongamento suave da estrutura
em restabelecimento;
3. Trabalho suave de ADM da
estrutura em restabelecimento (até
limite de dor) e utilizando apenas a
resistência da água;
4. O uso de outras modalidades
terapêuticas (tração, gelo,
ultrassom) para ajudar a reduzir a
dor, facilitando o exercício.
Cap 2: Programa de
Exercícios
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22. HIDROTERAPIA
Segunda Fase – inicial:
Nessa fase há uma diminuição geral dos
sintomas apresentados.
As prioridades de exercício são:
1. Exercícios específicos de alongamento;
2. Uso de equipamentos de apoio e
assistência para maximizar a ADM,
utilizando apenas a resistência da água.
3. Contração muscular sem significatico
aumento da dor.
4. Restauração e manutenção da força
dos músculos adjacentes a estrutura em
reabilitação.
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Exercícios
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23. HIDROTERAPIA
Terceira Fase – intermediária:
Nessa fase há dor intermitente
mínima, e todos os outros
sintomas são mínimos.
O paciente deve incorporar
equipamentos para aumentar a
força e fazer contrações
musculares sem dor.
A coordenação neuromuscular
deve estar quase normal, e as
estruturas próximas ter ao menos
50% de sua força e amplitude
restauradas.
Cap 2: Programa de
Exercícios
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24. HIDROTERAPIA
As prioridades de
exercícios da fase
intermediária são:
1. Exercícios de
alongamento;
2. Exercícios de resistência
progressiva moderada,
utilizando princípios
aquáticos (velocidade,
turbulência e área de
superfície;
3. Movimentos de amplitude
total.
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25. HIDROTERAPIA
Quarta fase –
Avançada:
O objetivo é maximizar a força, a
resistência e a ADM de movimento
para 90% do normal para o paciente.
Alguns pacientes podem não passar
desse estágio.
As prioridades nessa fase são:
1. Exercícios de flexibilidade e ADM;
2. Exercícios resistivos máximos;
3. Resistência muscular (máximo
número de repetições);
4. Coordenação neuromuscular.
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26. HIDROTERAPIA
Quinta Fase –
Integração à Terra:
Esta fase é destinada a paciente que
podem fazer ambos os programas
(água e terra).
O programa aquático deve incluir
treinamento aeróbio.
Planejar a transferência para um
treinamento de manutenção
(comunitário ou em casa).
O programa básico em terra deve
continuar promover a restauração
força e resistência muscular da área
lesionada.
Cap 2: Programa de
Exercícios
Aquáticos Terapêuticos
27. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRANCIS I.N. Design of Therapeutic pools. Phisiotherapy 75:141-142,
1989.
GOLLAND A. Basic Hydrotherapy. Physiotherapy 67:258-260 – 1981.
JAMILSON L., OGDEN D. Aquatic Therapy PNF Patterns. Tucson,
Therapy Skill Builders, 1994.
KISNER C., COLBY L. Therapeutic Exercise: Foudations and
Techniques. 2ª ed. Philadelphia, F.A. Davis, 1990.