Este documento discute a brucelose bovina, uma doença infecciosa causada pela bactéria Brucella abortus. A doença causa abortos em vacas e outras complicações reprodutivas. Foi introduzida na África pelos colonizadores e tem alta prevalência na África subsaariana. O diagnóstico é feito através de cultura bacteriana, testes serológicos e isolamento do agente causador.
2. • Brucelose bovina ou doença de Bang na sua
variante humana é uma doença altamente
contagiosa causada pela Brucella abortus,
uma bactéria intracelular. Além de causar
caracteristicamente abortos na fase terminal
do segundo terço de gravidez ocasionalmente
causa orquites e inflamação das glândulas
reprodutivas acessórias em touros. Outras
espécies pecuárias e selvagens, com algum
grau de variabilidade, são as vezes afectadas,
tornando por isso uma importante zoonose.
3. • Suspeita-se que a brucelose bovina tenha sido
introduzida em África pelos colonizadores. No
sul do continente Áfricano também parece
provável que tenha sido introduzido pelos
conquistadores negros nas suas migrações do
norte para o sul do continente.
4. • A doença tem uma alta taxa de prevalência na África
subsahariana especialmente em explorações com o
sistema intensivo de produção onde a taxa pode se
situar em 14,5% com perdas que rondam
300.000.000 de rands contra os quase 10% que
Moçambique registava no gado leiteiro na década
70. Todavia a taxa de prevalência da doença no
sector comercial ou familiar de corte em
Moçambique nunca foi conhecida pois as politicas
sectoriais tem rgstado uma inconsistencia de recolha
de daos e o mesmo acontece com as estratégias da
implementação do programa de combate à doença.
5. Etiologia
• Brucella abortus é uma bactéria gran negativa, não
esporulante, não encapsulada e em forma de coccus. Não há
um único teste de grande fiabilidade que possa identificar o
agente mas a combinação de certas características, a forma
de colónia, a morfologia, as propriedades de coloração, a
aglutinação de antiseras e as reacções bioquímicas podem
nos levar a uma identificação correcta. São reconhecidos 9
biotipos, também conhecidos como biovariantes. Dos 90%
dos isolados feitos na África Austral pertecem ao biotipo 2.
• A abundância de eritrol nos úteros de vacas gestantes resulta
na multiplicação massiva da Brucella, com excepção do S19
que é inibido pela presença do eritrol.
6. Epidemiologia
• Não há dados precisos indicativos da
prevalência de brucelose na África Austral. Em
Moçambique em particular os dados não são
representativos e as vezes são colhidos de
uma forma não muito sistemática.
7. • A prevalência de 4,5% em vacas de leite e uma
prevalência geral de 1,4% na população geral do
Zimbabwe parece ter sido alterado últimamente pelo
facto não só devido a mudanças sócio politicas
hávidas naquele país, como também devido a
intensificação da produção animal que parece
favorecer a disseminação da doença. O padrão dos
últimos desenvolvimentos da doença naquele país só
encontra explicação na existência das recentes
criadas pastagem comunitária e um grande contacto
entre o gado comercial com o gado de população e
uma grande densidade da população humana em
áreas muito circunvizinhas às produções pecuárias..
8. • Não aparenta haver uma resistência especifica das
espécies bovinas em relação a doença. Todas as
raças, sejam elas europeias ou índicas ( Bos taurus e
Bos indicus respectivamente) apresentam mesmo
grau de susceptibilidade.
• Há relatórios que confirmam a transmissão via
placentária da doença ou então per os. Touros que
se infectaram in útero não parecem ser capazes de
disseminar a doença durante o serviço.
9. • Gado bovino se infecta ingerindo material
contaminado a partir da água ou da comida
ou após a queda da placenta de feto, ou da
genitália de uma vaca infectada logo após o
aborto ou parto, quando grandes quantidades
de microrganismos estão presentes.
• Animais podem também se infectar através da
inalação de material infectado ou via
conjuntiva.
10. • Brucella abortus é muito sensível à pasteurização e a sua
sobrevivência fora de hospedeiro depende das condições
ambientais. Brucella abortus pode sobreviver no ambiente de
sombra por um período que vai até 8 meses ou 2 anos em
ambiente de solo seco ou 8 meses em ambiente de
putrefacção.
• As vacas lactantes depois do aborto, incluindo o colostro, é
uma importante fonte de infecção e as bactérias são
excretadas de uma forma intermitente ao longo do período
de lactação.
• A urina e as fezes dos animais infectados não são uma grande
fonte de infecção. Higromas de animais infectados também
não constituem uma fonte de infecção pois que não há
libertação da bactéria para o meio ambiente.
11. • Há uma grande redução de número de
bactérias escondidos após o aborto ou
nascimento e vacas geralmente não são
infectivas até a gravidez seguinte quando se
observa de novo um grande crescimento de
brucella no tracto reprodutivo. Durante as
gravidezes subsequentes há uma invasão do
útero grávido e da alanto-corion mas os
abortos raramente ocorrem. 90% de vacas
ficam crónicamente infectadas para o resto da
12. • Animais infectados normalmente abortam
uma vez e subsequentes gravidezes chegam
ao seu término, muito embora eles estejam
infectados. Aproximadamente 2,5 a 9% de
vitelos nascidos de vacas seropositivas podem
estar infectados mas serológicamente
negativos até ao meio termo da gestação ou
mesmo mais tarde e os anticorpos contra B
abortus podem ser detectados pela primeira
vez.
13. • Em touros os testículos (um ou ambos) e as
glândulas acessórias podem estar infectados,
possuir sémen, fluido seminal e urina també
infectados. Assim touros infectados e
apresentando aquele quadro clínico devem
ser vistos com alguma suspeita na manada.
14. • Muitas espécies selvagens como o elande,
Girafa, hipopótamo, e impala embora se
possam infectar parecem não jogar um grande
papel na epidemiologia da brucelose bovina
na África austral.
15. Patogénese
• O estabelecimento da infecção é influênciada pela quantidade da dose
infectiva, virulência da bactéria, resistência dos animais, sexo, e o estado
reprodutivo do animal.
• A B abortus ao penetrar nas mucosas das membranas tais como a faringe
e tracto alimentar sobrevive e multiplica-se particularmente nas células
do sistema retículo endotelial. Depois da penetração o organismo é
fagocitado pelos neutrófilos e macrófagos que o transporta para os
nódulos regionais onde ele multiplica e causa uma linfo-adenite que pode
persistir por meses. A multiplicação do organismo a esse nível é seguida
por uma bacterémia que também leva meses a se resolve por si mesmo
ou então 5-10% de animais se tornam recorrentes. A recorrência se
observa particularmente na altura do parto
22. • Cerca de 20% de vacas infectadas não
abortam enquanto que 80% de vacas que
abortam resultam da infecção pelo B abortus
o fazem uma única vez. A placenta não é
consistentemente retida. Em média há
redução em 20% da produção láctea na
manada. Os abortos precoces resultam numa
redução de perdas de produção de leite em
40-50%. A infecção dos uberes é clinicamente
inaparente e os órgãos tem aparência
23. • Nos touros de forma aguda ou crónica uma
orquite uni e ou bilateral podem ser
observadas assim como epididymitis,
vesiculitis em animais crónicamente
infectados.
•
• Ocasionalmente após a inoculação S19 em
vitelos pode háver aparecimento de higromas.
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24. Diagnóstico
• Devido a variabilidade do seu tempo de
incubação e muitas vezes a natureza
subclínica da doença em muitos animais o
diagnóstico definitivo se procede com o
isolamento do agente e a identificação
serológica de B. abortus.
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25. • Em seguida, se enumeram os testes disponíveis no mercado para o
diagnóstico da doença em bovinos:
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– Cultura
–
– MRT( teste do anel de leite)
–
– Teste de Fixação do Complemento ( CFT)
–
– Teste Seroaglutinacão lenta em tubos ( SAT), fora de uso
–
– Elisa
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•
26. Diagnóstico diferencial
• Númerosos agentes infecciosos podem induzir
aborto em gado bovino. Uma abordagem
multidisciplinar deve envolver patologia,
microbiologia e toxicologia para o beneficio
dum diagnóstico definitivo correcto
27. Controle
• Brucelose
• O tratamento da brucelose bovina não é
normalmente executada
• O planeamento de programas de erradicação