O documento descreve a Ascaridíase, uma verminose causada pelo parasita Ascaris lumbricoides. Detalha a morfologia, ciclo de vida, transmissão, patogenia, diagnóstico, tratamento e prevenção da doença, que é uma das infecções intestinais mais comuns no mundo e afeta principalmente populações com saneamento básico inadequado.
2. INTRODUÇÃO
É uma verminose causada por um parasita chamado Ascaris
lumbricoides. É a verminose intestinal humana mais disseminada no
mundo.
Ascaris lumbricoides está entre os helmintos intestinais mais
prevalentes em seres humanos. Estima-se que cerca de 22% da
população mundial (mais de 1 bilhão de pessoas) estejam infectados
e 10% do total de indivíduos parasitados encontrem-se na América
Latina . Alta prevalência de ascaridíase é considerada indicativa de
saneamento básico inadequado, comumente observado em
comunidades rurais. É a décima sétima causa mundial de morte.
3. INTRODUÇÃO
O panorama atual da infecção pelo A. lumbricoide na população no
Brasil vem apresentando algumas mudanças.
O decréscimo do parasitismo, notadamente entre crianças com idade
inferior a 12 anos, vem sendo observado em comunidades da região
sul e sudeste que são beneficiadas por melhores condições de
saneamento ambiental, especialmente a água tratada.
Outros aspectos que parece ter impacto positivo é a instalação em
locais de riscos de novos postos de saúde de equipe de programa de
Saúde da família.
4. MORFOLOGIA
O estudo da morfologia deste parasito deve ser feito observando-se
as fases evolutivas do seu ciclo biológico, ou seja, macho, fêmea e o
ovo.
As formas adultas são longas, robustas, cilíndricas e apresentam as
extremidades afiladas.
5. MORFOLOGIA
Machos
Os vermes adultos apresentam cor leitosa e medem cerca de 20 a 30
centímetros de comprimento por 2 a 4 mm de largura. A boca ou
vestíbulo bucal localizada na extremidade anterior é contornado por
três fortes lábios com serrilhas de dentículos e sem interlábios. A
boca segue-se o esôfago musculoso e, logo após, o intestino
retilíneo.
O reto é encontrado próximo á extremidade posterior.
Apresenta um testículo filiforme e enovelado, que se diferencia em
canal deferente, continua pelo canal ejaculador, abrindo-se na
coacla, localizada próximo a extremidade posterior.
6. MORFOLOGIA
Apresenta ainda dois espículos
iguais que funcionam como
órgãos acessórios da cópula. A
extremidade posterior
fortemente encurvada para a
face ventral é o caráter sexual
externo que o diferencia da
fêmea, notam-se ainda na cauda,
papilas pré cloacais.
7. MORFOLOGIA
Fêmeas
Medem cerca de 30 a 40 centímetros de comprimentos por 3 a 6
mm de largura quando adultas, sendo mais robustas que os machos.
A cor, a boca e o aparelho digestivo são semelhantes aos do
macho.
Apresentam dois ovários filiformes e enovelados que continuam
como ovidutos, diferenciando em úteros que vão se unir em uma
única vagina, que se exterioriza pela vulva, localizada no terço
anterior do parasito. A extremidade posterior da fêmea é retilínea.
10. MORFOLOGIA
Originalmente são brancos e adquirem cor castanha devido ao contato com as
fezes.
São grandes, medindo aproximadamente 50 x 60 micrômetros, ovais e com
cápsulas espessas, em razão da membrana externa mamilonada, secretada pela
parede uterina e formada por mucopolissacarídeos.
Essas membranas facilitam a aderência dos ovos a superfícies propiciando sua
disseminação.
A esse envoltório seguem-se uma membrana média de constituição proteica, e
outra mais interna, delgada e impermeável á água, constituída de 25% de
proteínas e 75 % de lipídios.
Esta última camada confere ao ovo grande resistência ás condições adversas do
ambiente.
11. HABITAT
Em infecções moderadas, os vermes adultos, são encontrados no
intestino delgado, principalmente no jejuno e íleo, mas, em infecções
intensas ocupam toda a extensão do intestino delgado. Podem ficar
presos á mucosa, com auxilio dos lábios ou migrarem pela luz
intestinal.
13. TRANSMISSÃO
Ocorre pela ingestão de água ou alimentos contaminados com os ovos
contendo a larva L3. Um indivíduo contaminado pelo verme elimina
diariamente milhares de ovos de Ascaris pelas fezes. Em locais sem saneamento
básico adequado, estas fezes contaminam solos e água. A transmissão do
áscaris ocorre quando uma pessoa sadia ingere acidentalmente estes ovos
presentes no ambiente.
Crianças costumam se infectar ao brincar em solos contaminados. As mãos sujas
podem levar os ovos diretamente para a boca ou contaminar brinquedos ou
objetos, que entrarão, posteriormente, em contato com a boca de outras
crianças.
14. TRANSMISSÃO
Já os adultos, geralmente, se infectam ao ingerir água ou alimentos
contaminados.
Uma vez no ambiente, os ovos de Ascaris são muito resistentes, podendo
permanecer viáveis por vários anos, caso encontrem condições adequadas de
umidade e temperatura. Filtragem da água, cozimento de alimentos e lavagem
adequada de frutas e verduras cruas são suficientes para eliminar os ovos e
impedir contaminações de novos indivíduos.
Uma infecção prévia pelo Ascaris não garante imunidade, sendo perfeitamente
possível uma mesma pessoa desenvolver a parasitose várias vezes ao longo da
vida.
15. PATOGENIA
O parasitismo pode ser assintomático. A ação patogênica
desenvolve-se habitualmente em duas etapas: durante a migração
das larvas e quando os vermes adultos já se encontram em seu
habitat definitivo (intestino delgado), podendo os mecanismos
gerais serem de origem mecânica, tóxica ou alérgica.
16. PATOGENIA
Durante a migração das larvas:
– Fígado:
• Focos hemorrágicos
• Necrose
• Reação inflamatória
• Aumento do volume hepático
– Pulmão
• Quadro pneumônico
• Edemaciação alveolar
• Manifestações alérgicas
• Febre
• Tosse e catarro sanguinolento
17. PATOGENIA
Verme adulto
• 3 a 4 vermes: sem manifestação clínica
• Mais de 30 vermes :
– Desconforto abdominal
– Náusea
– Perda de apetite e emagrecimento
– Baixo desenvolvimento físico e mental
– Irritabilidade
– Enovelamento de vermes
18. PATOGENIA
• De 100 ou mais vermes (infecção massiva), podemos ter alterações graves que
são as seguintes:
Ação exploradora: Os vermes consomem grande quantidade de proteínas,
carboidratos, lipídios e vitaminas A e C levando o paciente, principalmente
crianças, à subnutrição e depauperamento físico e mental;
Ação tóxica: reação entre antígenos parasitários e anticorpos alergizantes do
hospedeiro, causando edema, urticária, convulsões e epileptiformes, etc.;
Ação mecânica: causam irritação na parede intestinal e podem enovelar-se
na luz intestinal, levando à sua obstrução.
19. PATOGENIA
Áscaris Errático: nos casos de pacientes com carga parasitária
grande ou nos casos em que o verme sofra alguma ação irritativa
(medicamento impróprio ou em dosagem pequena), pode levar o
helminto a deslocar-se de seu habitat normal para atingir outro local.
As situações ectópicas que podemos encontrar são:
• Apêndice cecal, causando apendicite aguda;
• Canal colédoco, causando obstrução do mesmo;
• Canal de Wirsung, causando pancreatite aguda;
• Eliminação do verme pela boca e narinas.
22. DIAGNÓSTICO
• Métodos parasitológicos: encontro de ovos nas fezes:
– Qualitativos: Exame direto e sedimentação espontânea
– Quantitativos: Stoll e Kato-Katz.
• Pesquisa de larva no escarro.
• Exame de imagem.
• Métodos imunológicos:
– Intradermorreação
– Úteis na fase larvária ou quando a infecção se dá por machos de Ascaris
lumbricoides