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Composição e
Valor Nutritivo dos Alimentos
Conservação de Alimentos
PROF. DRA. ADRIANA DANTAS
CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
UERGS, CAXIAS DO SUL
Definição de Alimentos
 Todas as substâncias ou produtos de qualquer natureza, sólidos ou
líquidos, naturais ou transformados que, por suas características,
aplicações, composição, preparação e estado de conservação são
susceptíveis de ser utilizados na alimentação.
 Todos os produtos utilizados para manter e construir os tecidos corporais, regular
processos vitais e fornecer energia.
 Qualquer substância não tóxica capaz de satisfazer as necessidades
nutritivas do organismo.
 Substâncias naturais de composição química complexa que associadas a outras são
capazes de assegurar o ciclo regular da vida.
Classificação dos Alimentos
 Quanto à sua origem:
 * Naturais Simples - consumidos diretamente sem outras manipulações que não o cultivo
(vegetais) e matança (animais).
 * Naturais Complexos - de origem vegetal ou animal mas tecnologicamente transformados.
 Todos os alimentos são constituídos por um certo número de componentes essenciais para a
vida humana, sendo que a sua proporção varia de alimento para alimento.
COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS
 PROTEÍNAS
 LÍPIDOS (GORDURAS)
 HIDRATOS DE CARBONO (AÇÚCARES)
 SAIS MINERAIS
 VITAMINAS
 ÁGUA
Classificação quanto a composição
 Dependendo da sua composição nestes nutrientes essenciais, os alimentos podem
classificar-se em:
 Ricos em proteínas - carne, peixe, ovos, ...
 Ricos em lipídeos - manteiga, azeite, margarinas, ...
 Ricos em hidratos de carbono - pão, açúcar, mel, batatas, ...
 Ricos em vitaminas e sais minerais - verduras, cenouras, ...
Proteínas
 As proteínas - proto (primeiro, mais importante)
 devido à grande importância como componentes dos seres
vivos,
 mais de 50% do peso seco das célula
 Propriedade biológica - expressão da informação genética.
 Abundância nas células depende da especificidade destas e
do grau de complexidade do ser vivo de que fazem parte;
Proteínas
 Enorme o número de proteínas
existentes na natureza
 Todas elas são constituídas a partir
de diversas combinações de vinte
diferentes moléculas, conhecidas
por aminoácidos.
 O nome amino- ácido deriva do
fato de que quimicamente todos
os vinte são constituídos por um
grupo carboxilo e um grupo amina
ligados ao mesmo átomo de
carbono
Aminoácidos
 Os nomes dos aminoácidos são geralmente derivados das
fontes alimentares, a partir das quais foram primeiramente
isolados.
 Por exemplo, a asparagina tem o seu nome derivado dos
espargos e a glutamina do glúten de trigo.
 Estes compostos químicos são referidos por conjuntos de
três letras (Tabela 1.1).
Aminoácidos
 Quando presentes no meio fisiológico, ou seja em solução aquosa, os amino-
ácidos encontram-se sob forma ionizada, podendo comportar-se como ácidos ou
como bases, como abaixo se ilustra, no caso da alanina.
Estrutura das proteínas
 As proteínas, podem ainda diferir entre si na sua estrutura tri-
dimensional, apresentando três possíveis conformações:
 Estrutura primária - dada apenas pelas ligações peptídicas
 Estrutura secundária - quando existe também um enrolamento
helicoidal através de ligações de hidrogénio (responsável pelas
chamadas proteínas fibrosas)
 Estrutura Terciária – chamadas proteínas globulares
Estrutura terciária
 A proteínas globulares é proporcionada por uma combinação de interações não
covalentes as quais permitem a adoção de uma conformação “em bola”,
impedindo a penetração da água
 ligações de hidrogénio
 atração eletrostática
 interações hidrofóbica
 ligações por pontes de bissulfito
Proteínas fibrosas x globulares
 As proteínas fibrosas são insolúveis em água
 desempenham funções estruturais
 As proteínas globulares são solúveis em água
 responsáveis por funções de nutrição e transporte e
também constituem o muito particular grupo das
enzimas.
As proteínas e seus papéis biológicos nos
organismos vivos
 Enzimas (atividade catalítica)
 Proteínas de transporte (hemoglobina, lipoproteínas, ...)
 Proteínas de armazenamento e nutrição (sementes de plantas, ovalbumina, ...)
 Proteínas de contração e movimento (músculos)
 Proteínas estruturais (pele, queratina, ...)
 Proteínas de defesa (anticorpos, veneno das plantas, ...)
 Proteínas de regulação (hormonas)
 Outras (podendo apresentar como exemplos a monelina, extraída de uma planta africana,
usada como adoçante; e proteínas anticongelamento de peixes polares; ...)
Proteínas conjugadas
 Além dos aminoácidos, as proteínas podem conter outros
componentes:
 lípidos (lipoproteínas), açúcares (glicoproteínas), metais
(metaloproteínas) ou grupos fosfato (fosfoproteínas).
 A estas proteínas dá-se o nome genérico de proteínas
conjugadas oposição àquelas apenas compostas por amino-
ácidos a que se chama proteínas simples.
Desnaturação das proteínas
 Uma das mais importantes modificações que as proteínas globulares podem
sofrer é a desnaturação
 é o “desenrolamento” da sua estrutura terciária, com alteração irreversível das suas
propriedades.
 A desnaturação deve-se normalmente à ação do calor,
 exemplo da clara de ovo, que contém albumina (uma proteína), a qual quando aquecida
coagula, ou seja desnatura-se.
 Outros agentes físicos ou químicos tais como valores extremos de pH, solventes
orgânicos miscíveis (etanol, acetona), solutos (ureia), detergentes ou agitação
aeróbica vigorosa, podem também causar a desnaturação das proteínas
Valor nutritivo das proteínas
 As proteínas per se não são necessárias à dieta humana.
 É o seu conteúdo em nove aminoácidos essenciais (His, Ile, Leu, Lys, Met,
Phe, Thr, Trp e Val) que lhes confere o seu valor nutritivo.
 A qualidade nutritiva de uma proteína pode ser medida pelo seu valor
biológico.
 Este fator mede a quantidade de aminoácidos essenciais, na forma livre e
nas proporções adequadas, capazes de ser absorvidos pelo organismo.
Lipídeos
 Os lipídeos, ou gorduras são substâncias oleosas ou gordurosas,
insolúveis na água.
 Podem existir sob várias formas (triglicerídeos, ceras, fosfoglicéricos,
esfingolipídios, esteróis e ésteres de ácidos gordos) das quais os mais
abundantes são os triglicerídeos ou gorduras comuns, os quais servem de
principal combustível para a maioria dos organismos.
 Estas moléculas são as mais importantes fontes de armazenamento de
energia química.
 Outra das funções desempenhadas pelos lipídeos é o transporte de
vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K).
Componentes dos Lipídios
 A maioria dos lipídeos contém, como componentes principais, os chamados ácidos
graxos, que são ácidos orgânicos de cadeias longas, podendo apresentar de 4 a 20
átomos de carbono;
 Contêm um único grupo carboxila e uma “cauda” não polar, responsável pela
insolubilidade na água e pelo carácter oleoso.
 Os ácidos gordos diferem entre si pelo comprimento da cadeia e pela presença,
número e posição de ligações duplas.
 Quase todos possuem um número par de átomos de carbono (16 ou 18).
Lipidios saturados e insaturados
 Quando a cauda só tem ligações
simples diz-se que são saturados
 Quando existem ligações duplas
chamam-se insaturados
 os mais abundantes, quer em animais
quer nos vegetais.
 Os ácidos gordos saturados com
12 a 24 átomos de carbono são
sempre sólidos (ceras)
 Os insaturados aparecem sob a
forma de óleos
Tipos de ácidos graxos
 Estruturas do ácido oleico (saturado) e do ácido esteárico (insaturado)
 Diferem no primeiro apenas na presença de uma ligação dupla entre os carbonos 9 e 10 (a
azul escuro na figura).
 Esta é a posição típica, nas cadeias da maioria dos ácidos graxos insaturados, da ligação
dupla, quando esta é única.
 Se existem mais que uma, elas aparecem sempre entre o carbono 10 e o fim da cauda
 na ponta se encontra o grupo carbóxilo, considerada a cabeça da molécula.
 Quando existem várias ligações duplas na mesma cadeia, estas nunca são conjugadas,
mas sim separadas por um grupo metileno.
Triglicerídeos
 Os triglicerídeos, principais componentes
dos depósitos de gordura, tanto nos
animais como nos vegetais
 São os lipídios mais abundantes na
natureza.
 Quimicamente, são ésteres de glicerol com
3 moléculas de ácidos gordos.
Tipos de triglicerídeos
 Quando R1 = R2 = R3, estamos na presença de triglicerídeos simples;
 No caso em que duas ou mais das cadeias de ácidos graxos são diferentes, chamam-se
triglicerídeos mistos.
 Na maioria das gorduras naturais, utilizadas na nossa alimentação, como o azeite, a manteiga e
outras, coexistem as duas espécies de triglicerídeos.
 No caso particular em que os três ácidos graxos são saturados, os triglicérides de que fazem
parte têm um aspecto de sólido gorduroso, à temperatura ambiente, de que o sebo é um
exemplo.
 Quando o inverso se dá, isto é todas as cadeias de ácidos graxos são insaturadas o triglicerídeo
é líquido, quando conservado à temperatura ambiente.
 Exemplo típico desta ocorrência é a trioleína, principal componente do azeite.
Hidrólise dos Triglicerídios
 Estes compostos podem ser degradados ou alterados por ações físicas e químicas.
 De entre as possíveis reações de que são objeto, destacamos:
 Hidrólise por ação do calor, de ácidos ou bases
 Ação da Lipase, enzima secretada pelo pâncreas
Saponificação
 A saponificação é uma hidrólise específica por ação de NaOH ou KOH que origina
sais de K+ ou Na+ (sabões) em vez de ácidos gordos.
 É este o processo conducente ao fabrico dos sabonetes caseiros.
 Decomposição por ação de temperaturas muito elevadas (> 200 ºC) com formação
de creolina, a qual origina um odor penetrante.
 A auto oxidação é causada por um ataque de oxigénio a triglicérides insaturados,
com formação de ácidos gordos inferiores, de cheiro forte.
 Esta é a reação que leva ao surgimento do cheiro a ranço e que pode ser inibida
por ação da vitamina E ou do ácido ascórbico.
Ceras
 Menos abundantes que os triglicerídeos
 Estas são ésteres de ácidos graxos de
cadeia longa (14 - 36 átomos de carbono),
saturada ou insaturada, com álcoois de
cadeia também longa (16 - 22 átomos de
carbono).
 O papel das ceras é de proteção dos
organismos;
 Constituintes das peles dos animais e das
penas das aves
Ceras
 Em termos de
componentes alimentares,
os lipídeos constituem
cerca de 20% da dieta
diária de um adulto
humano (Tabela 1.3)
Hidratos de Carbono - Carboidratos
 Os hidratos de carbono, ou açúcares representam a principal fonte calórica para a
maioria dos animais (incluindo o homem) e ainda para muitos microrganismos.
 Os açúcares são, do ponto de vista químico, aldeídos ou cetonas poli hidroxilados ou
ainda, substâncias que, após hidrólise, originam tais compostos.
 Têm em comum a fórmula geral CnH2nOn (por exemplo, a glucose tem a fórmula
C6H12O6) havendo, no entanto, algumas exceções e mesmo hidratos de carbono que
contêm átomos de azoto, fósforo ou enxofre.
Número de unidades
 O número de unidades que os compõem dividem-se em:
 Monossacáridos, constituídos por uma única unidade aldeído ou cetona, de que o
exemplo mais característico é a glucose.
 Oligossacáridos, compostos por curtas cadeias de monossacáridos covalentemente
ligados.
 os mais abundantes são os dissacáridos, com duas unidades.
 exemplo típico é a sacarose, em que uma D-glucose está covalentemente ligada a uma D-frutose.
 Polissacáridos são cadeias longas com centenas ou milhares de unidades podendo ser
lineares, como a celulose, ou ramificadas como o glicogénio.
Monossacarídeos
 Os monossacáridios apresentam-se como sólidos cristalinos, solúveis em água e são
geralmente doces.
 Quando se apresentam sob a forma de aldeído recebem o nome de aldoses e quando sob
forma cetônica denominam-se cetoses.
 O gliceraldeído e a dihidroxiacetona são dois dos exemplos mais simples de aldoses e cetoses
existentes.
Monossacarídeos
 Os monossacáridos podem ter 4, 5, 6 ou 7
átomos de carbono, recebendo os nomes de,
respectivamente, tetroses, pentoses, hexoses e
heptoses.
 As hexoses, a glucose e a frutose são
exemplos, formam o grupo de
monossacarídeos mais abundante na
natureza.
 Os monossacarídeos com 5 ou mais átomos
de carbono, encontram-se normalmente, em
solução, sob forma cíclica, aqui exemplificada
por uma molécula de glucopiranose.
Dissacarídeos
 Os dissacarídeos são formados por reação de um grupo OH de
uma das unidades com o carbono anomérico da segunda,
formando a chamada ligação glicosídica.
 A estrutura seguinte mostra um dos dissacarídeos mais
conhecidos, a sacarose, evidenciando esse tipo de ligação entre os
dois açúcares.
 Estas ligações glicosídicas podem ser facilmente hidrolisadas por
ação de ácidos, mas resistem bem em soluções básicas.
Polissacarídeos
 Podem ser constituídos por um único tipo de monómero, recebendo a
designação de homopolissacarideos, de que o amido - apenas composto
por unidades de glucose - é um exemplo, ou terem na sua constituição
dois ou mais tipos diferentes de monómeros, sendo então chamados
heteropolissacarideos.
 Dos polissacáridos mais comuns, distinguiremos, pela sua importância na
alimentação, o já mencionado amido (encontrado nas batatas e muitas
sementes) e o glicogénio (existente nos fígados dos animais).
 Percentagens de hidratos
de carbonos encontradas
em alguns dos alimentos
Sais Minerais
 Os seres humanos requerem, na sua dieta, elementos inorgânicos para o
crescimento e o desenvolvimento das suas funções biológicas.
 Estes sais minerais podem ser divididos em duas categorias, consoante as
quantidades necessárias.
 Temos assim, entre aqueles cuja dose diária se mede em alguns gramas,
os sais de cálcio, magnésio, sódio, potássio, fósforo, enxofre e cloro.
 Aqueles requeridos em quantidades da ordem dos microgramas ou
miligramas por dia incluem compostos de ferro, iodo, cobre, manganês,
zinco, cobalto, molibdénio, selénio, vanádio, níquel, crómio, flúor, silício,
arsénio e estanho.
 Dos elementos mais ricos em sais minerais podemos destacar o leite
(com cerca de 1% do seu conteúdo) e a carne (com 1 a 2%, dependendo
da origem).
Vitaminas
 As vitaminas pertencem aos chamados micronutrientes, necessárias em muito pequenas quantidades.
 No entanto, são essenciais ao bom desenvolvimento das nossas funções biológicas, agindo como
catalizadores nos processos de transformação química dos macro nutrientes, a que conjuntamente se dá
o nome de metabolismo.
 Conhecem-se, atualmente, 13 vitaminas indispensáveis na nossa dieta diária (e na de muitos outros
animais).
 As vitaminas podem ser agrupadas em duas classes:
 as hidrossolúveis
 vitaminas B1 (tiamina), B2 (riboflavina), ácido nicotínico, ácido pantoténico, B6 (piridoxina),
biotina, ácido fólico, B12 e C (ácido ascórbico).
 as lipossolúveis, consoante são solubilizáveis em solução aquosa ou em gorduras.
 vitaminas A, D, E e K
Água
 A água é a substância mais abundante nos organismos vivos,
constituindo 70% ou mais da sua massa total.
 Dado que existe em todas as partes das células, a água é o
meio no qual se dão o transporte de nutrientes, o
metabolismo e a transferência de energia química.
 Apesar de ser um líquido quimicamente estável, a água
possui propriedades diferentes das dos outros líquidos, como
sejam elevados pontos de fusão e de ebulição.
A molécula H2O
 Estas propriedades indicam a existência de grandes forças de atração
entre as moléculas de água adjacentes, proporcionando-lhes grande
coesão interna.
 A intensidade destas forças de atração intermoleculares deve-se à
estrutura peculiar da molécula de água.
 Cada um dos átomos de hidrogénio partilha um par de elétrons com o
átomo de oxigénio.
 A geometria dos pares de elétrons partilhados força a molécula a adoptar
uma estrutura em V (Figura 1.3).
Água
 Os dois pares de elétrons livres do oxigénio conferem-lhe uma carga
negativa parcial, situada na ponta do V, enquanto que a forte capacidade
atrativa do oxigénio origina a formação de cargas positivas parciais nos
átomos de hidrogénio.
 Estes fatos fazem com que a molécula de água, apesar de globalmente
neutra, possua cargas positiva e negativa separadas, comportando-se
como um dipolo eléctrico.
 Devido a tal separação de cargas, duas moléculas de água podem ser
atraídas entre si, pela força eletrostática existente entre a carga negativa
parcial do átomo de oxigénio de uma e a carga positiva parcial de um dos
átomos de hidrogénio da outra.
Interação eletrostática
 A este tipo de interação eletrostática é dado o nome de ligação de
hidrogénio (Figura 1.4) conhecida como água disponível, representada
pela sigla aw (do inglês available water).
 A água disponível define-se como a razão entre a pressão de vapor da
solução (as substâncias dissolvidas na água existente nos alimentos) e a
pressão de vapor do solvente (i. e., a água).
 A taxa de água disponível depende do soluto que se encontra dissolvido
na água, ou seja da composição do alimento (em proteínas, açúcares,
gorduras, etc.) e é proporcional à fração molar desse mesmo soluto, de
acordo com as relações seguintes.
 aw = P/P0 = x0
 (P0-P)/P = x1/(x1+x2)
 X1 - nº de moles do soluto
 Uma humidade atmosférica relativa correspondente a uma aw inferior à
do alimento, secará a superfície deste último, dando-se o fenômeno
contrário se a humidade relativa fosse superior à aw do alimento.
 Logicamente, aw varia de alimento para alimento, segundo a sua
composição.
Água disponível no alimento
 A diminuição da água disponível num dado alimento pode ser devida a
diferentes fatores, como sejam:
 existência de substâncias dissolvidas (açúcares, sais) em grandes
concentrações, que fixam a água, impossibilitando a sua utilização por
parte dos microrganismos;
 presença de géis ou gelatinas a cobrir os alimentos, o que conduz a que
quase toda a água disponível seja utilizada na hidratação destes
compostos altamente hidrófilos;
 abaixamento da temperatura leva a água disponível, ou pelo menos
parte dela (dependendo da temperatura) a solidificar, tornando-se
não disponível para o crescimento microbiano
Métodos utilizados para diminuir aw
 estabilização por adição de substâncias reguladoras;
 adição de solutos;
 determinação das isotermas de sorção da água dos alimentos.
 As isotermas de sorção relacionam a humidade ambiente com aw de
um alimento a uma dada temperatura.
 Idealmente, estas duas taxas de humidade deveriam ser idênticas.
 Nesses casos, diz-se que os alimentos estão em equílibrio.
Desorção x adsorção
 No entanto, devido às suas propriedades físico-químicas, raramente a aw dos
alimentos está em equilíbrio com a humidade atmosférica.
 Existem fenómenos de modificação de estrutura, interação com solutos, e outros
que influenciam a capacidade de adsorção de água por parte dos alimentos.
 Nos casos em que a aw do alimento é superior à humidade atmosférica,
estamos em presença de um fenómeno de desorção; o caso inverso é apelidado
de adsorção.
 Os gráficos das isotermas de sorção têm uma forma típica, em que se podem
distinguir três fases distintas.
Estágio de isotérmas
 Estágio 1 - água fortemente ligada, entrando na composição molecular
do alimento. Chama-se água de constituição e não é fundível nem
congelável.
 Estágio 2 - água fracamente ligada. É absorvida, por condensação à
superfície, formando-se camadas de água ligadas por pontes de
hidrogénio.
 Um ligeiro aumento desta quantidade de água no produto provoca um
grande aumento de aw.
 Estágio 3 - água livre adsorvida à superfície.
 Só pode ser retirada por ação térmica ou mecânica. Mais fácil de retirar
que a anterior.
Isotermas
 O estudo das isotermas de sorção de um dado alimento possibilita:
 Previsão e controle da atividade microbiana;
 Previsão da velocidade dos fenómenos bioquímicos;
 Previsão da variação de peso durante o armazenamento;
 Controle do processo de secagem e do processo de armazenamento;
 Estimativa da duração prática do armazenamento;
 Estabelecimento do tipo de embalagem;
 Como já foi dito, a água disponível, existente nos alimentos, possibilita o
desenvolvimento da flora microbiana, mas nem todos os tipos de
microrganismos têm as mesmas necessidades de água para o seu
desenvolvimento.
 Genericamente as bactérias são os microrganismos que requerem uma maior aw
para se multiplicarem, sendo os fungos os microrganismos que melhor se
adaptam a ambientes de mais baixa humidade (isto se não tivermos em conta as
bactérias osmófilas, especialmente adaptadas a ambientes menos húmidos).
 A Tabela 1.6 indica os valores mínimos de aw que possibilitam a multiplicação
dos vários tipos de microrganismos, nos alimentos.
Composição e controle de qualidade
 A composição de um alimento, isto é, a maior ou menor riqueza nos seus
constituintes, define a sua qualidade alimentar.
 É o controle desta qualidade que permite avaliar da aceitabilidade de um
produto para consumo.
 A apreciação da qualidade de um alimento faz-se de acordo com critérios
físico químicos, microbiológicos, organolépticos e higiénicos.
 Não sendo um valor absoluto, a qualidade tem que ser claramente
quantificada e definida para os diferentes casos possíveis.
Conservação dos alimentos
 Da necessidade de manter os alimentos dentro de todas estas normas de
qualidade, durante períodos de tempo cada vez mais longos, nasceram a indústria
e a tecnologia da conservação de alimentos,
 Têm vindo a se desenvolver, ao longo dos tempos, devido a fatores como sejam a
exigência dos consumidores por produtos de maior qualidade, o desenvolvimento
de novos processos tecnológicos e a globalização dos mercados.
 A indústria de conservação alimentar engloba, os processos de transformação,
embalagem e distribuição, todos eles de fundamental importância no aspecto final
com que o produto chega ao consumidor.
Sistema HACCP
(Hazard Analysis Critical Control Point)
 É um sistema de inspeção utilizado pela indústria alimentar para permitir o controlo
das diversas etapas de transformação de um alimento, com vista à obtenção de um
certificado de qualidade.
 Este sistema envolve as seguintes fases essenciais:
 1) Análise de risco - identificação e cálculo dos riscos resultantes dos ingredientes,
processos, distribuição e venda e ainda de fatores humanos como o provável uso do
alimento.
 2) Determinação dos pontos críticos de controlo (CCPs) - estes são os pontos do
processo de produção em que é possível controlar os riscos identificados.
 3) Estabelecimento de sistemas apropriados para monitorizar estes pontos críticos de
controlo.

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  • 1. Composição e Valor Nutritivo dos Alimentos Conservação de Alimentos PROF. DRA. ADRIANA DANTAS CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS UERGS, CAXIAS DO SUL
  • 2. Definição de Alimentos  Todas as substâncias ou produtos de qualquer natureza, sólidos ou líquidos, naturais ou transformados que, por suas características, aplicações, composição, preparação e estado de conservação são susceptíveis de ser utilizados na alimentação.  Todos os produtos utilizados para manter e construir os tecidos corporais, regular processos vitais e fornecer energia.  Qualquer substância não tóxica capaz de satisfazer as necessidades nutritivas do organismo.  Substâncias naturais de composição química complexa que associadas a outras são capazes de assegurar o ciclo regular da vida.
  • 3. Classificação dos Alimentos  Quanto à sua origem:  * Naturais Simples - consumidos diretamente sem outras manipulações que não o cultivo (vegetais) e matança (animais).  * Naturais Complexos - de origem vegetal ou animal mas tecnologicamente transformados.  Todos os alimentos são constituídos por um certo número de componentes essenciais para a vida humana, sendo que a sua proporção varia de alimento para alimento.
  • 4. COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS  PROTEÍNAS  LÍPIDOS (GORDURAS)  HIDRATOS DE CARBONO (AÇÚCARES)  SAIS MINERAIS  VITAMINAS  ÁGUA
  • 5. Classificação quanto a composição  Dependendo da sua composição nestes nutrientes essenciais, os alimentos podem classificar-se em:  Ricos em proteínas - carne, peixe, ovos, ...  Ricos em lipídeos - manteiga, azeite, margarinas, ...  Ricos em hidratos de carbono - pão, açúcar, mel, batatas, ...  Ricos em vitaminas e sais minerais - verduras, cenouras, ...
  • 6. Proteínas  As proteínas - proto (primeiro, mais importante)  devido à grande importância como componentes dos seres vivos,  mais de 50% do peso seco das célula  Propriedade biológica - expressão da informação genética.  Abundância nas células depende da especificidade destas e do grau de complexidade do ser vivo de que fazem parte;
  • 7. Proteínas  Enorme o número de proteínas existentes na natureza  Todas elas são constituídas a partir de diversas combinações de vinte diferentes moléculas, conhecidas por aminoácidos.  O nome amino- ácido deriva do fato de que quimicamente todos os vinte são constituídos por um grupo carboxilo e um grupo amina ligados ao mesmo átomo de carbono
  • 8. Aminoácidos  Os nomes dos aminoácidos são geralmente derivados das fontes alimentares, a partir das quais foram primeiramente isolados.  Por exemplo, a asparagina tem o seu nome derivado dos espargos e a glutamina do glúten de trigo.  Estes compostos químicos são referidos por conjuntos de três letras (Tabela 1.1).
  • 9. Aminoácidos  Quando presentes no meio fisiológico, ou seja em solução aquosa, os amino- ácidos encontram-se sob forma ionizada, podendo comportar-se como ácidos ou como bases, como abaixo se ilustra, no caso da alanina.
  • 10. Estrutura das proteínas  As proteínas, podem ainda diferir entre si na sua estrutura tri- dimensional, apresentando três possíveis conformações:  Estrutura primária - dada apenas pelas ligações peptídicas  Estrutura secundária - quando existe também um enrolamento helicoidal através de ligações de hidrogénio (responsável pelas chamadas proteínas fibrosas)  Estrutura Terciária – chamadas proteínas globulares
  • 11. Estrutura terciária  A proteínas globulares é proporcionada por uma combinação de interações não covalentes as quais permitem a adoção de uma conformação “em bola”, impedindo a penetração da água  ligações de hidrogénio  atração eletrostática  interações hidrofóbica  ligações por pontes de bissulfito
  • 12. Proteínas fibrosas x globulares  As proteínas fibrosas são insolúveis em água  desempenham funções estruturais  As proteínas globulares são solúveis em água  responsáveis por funções de nutrição e transporte e também constituem o muito particular grupo das enzimas.
  • 13. As proteínas e seus papéis biológicos nos organismos vivos  Enzimas (atividade catalítica)  Proteínas de transporte (hemoglobina, lipoproteínas, ...)  Proteínas de armazenamento e nutrição (sementes de plantas, ovalbumina, ...)  Proteínas de contração e movimento (músculos)  Proteínas estruturais (pele, queratina, ...)  Proteínas de defesa (anticorpos, veneno das plantas, ...)  Proteínas de regulação (hormonas)  Outras (podendo apresentar como exemplos a monelina, extraída de uma planta africana, usada como adoçante; e proteínas anticongelamento de peixes polares; ...)
  • 14. Proteínas conjugadas  Além dos aminoácidos, as proteínas podem conter outros componentes:  lípidos (lipoproteínas), açúcares (glicoproteínas), metais (metaloproteínas) ou grupos fosfato (fosfoproteínas).  A estas proteínas dá-se o nome genérico de proteínas conjugadas oposição àquelas apenas compostas por amino- ácidos a que se chama proteínas simples.
  • 15. Desnaturação das proteínas  Uma das mais importantes modificações que as proteínas globulares podem sofrer é a desnaturação  é o “desenrolamento” da sua estrutura terciária, com alteração irreversível das suas propriedades.  A desnaturação deve-se normalmente à ação do calor,  exemplo da clara de ovo, que contém albumina (uma proteína), a qual quando aquecida coagula, ou seja desnatura-se.  Outros agentes físicos ou químicos tais como valores extremos de pH, solventes orgânicos miscíveis (etanol, acetona), solutos (ureia), detergentes ou agitação aeróbica vigorosa, podem também causar a desnaturação das proteínas
  • 16. Valor nutritivo das proteínas  As proteínas per se não são necessárias à dieta humana.  É o seu conteúdo em nove aminoácidos essenciais (His, Ile, Leu, Lys, Met, Phe, Thr, Trp e Val) que lhes confere o seu valor nutritivo.  A qualidade nutritiva de uma proteína pode ser medida pelo seu valor biológico.  Este fator mede a quantidade de aminoácidos essenciais, na forma livre e nas proporções adequadas, capazes de ser absorvidos pelo organismo.
  • 17.
  • 18. Lipídeos  Os lipídeos, ou gorduras são substâncias oleosas ou gordurosas, insolúveis na água.  Podem existir sob várias formas (triglicerídeos, ceras, fosfoglicéricos, esfingolipídios, esteróis e ésteres de ácidos gordos) das quais os mais abundantes são os triglicerídeos ou gorduras comuns, os quais servem de principal combustível para a maioria dos organismos.  Estas moléculas são as mais importantes fontes de armazenamento de energia química.  Outra das funções desempenhadas pelos lipídeos é o transporte de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K).
  • 19. Componentes dos Lipídios  A maioria dos lipídeos contém, como componentes principais, os chamados ácidos graxos, que são ácidos orgânicos de cadeias longas, podendo apresentar de 4 a 20 átomos de carbono;  Contêm um único grupo carboxila e uma “cauda” não polar, responsável pela insolubilidade na água e pelo carácter oleoso.  Os ácidos gordos diferem entre si pelo comprimento da cadeia e pela presença, número e posição de ligações duplas.  Quase todos possuem um número par de átomos de carbono (16 ou 18).
  • 20. Lipidios saturados e insaturados  Quando a cauda só tem ligações simples diz-se que são saturados  Quando existem ligações duplas chamam-se insaturados  os mais abundantes, quer em animais quer nos vegetais.  Os ácidos gordos saturados com 12 a 24 átomos de carbono são sempre sólidos (ceras)  Os insaturados aparecem sob a forma de óleos
  • 21. Tipos de ácidos graxos  Estruturas do ácido oleico (saturado) e do ácido esteárico (insaturado)  Diferem no primeiro apenas na presença de uma ligação dupla entre os carbonos 9 e 10 (a azul escuro na figura).  Esta é a posição típica, nas cadeias da maioria dos ácidos graxos insaturados, da ligação dupla, quando esta é única.  Se existem mais que uma, elas aparecem sempre entre o carbono 10 e o fim da cauda  na ponta se encontra o grupo carbóxilo, considerada a cabeça da molécula.  Quando existem várias ligações duplas na mesma cadeia, estas nunca são conjugadas, mas sim separadas por um grupo metileno.
  • 22. Triglicerídeos  Os triglicerídeos, principais componentes dos depósitos de gordura, tanto nos animais como nos vegetais  São os lipídios mais abundantes na natureza.  Quimicamente, são ésteres de glicerol com 3 moléculas de ácidos gordos.
  • 23. Tipos de triglicerídeos  Quando R1 = R2 = R3, estamos na presença de triglicerídeos simples;  No caso em que duas ou mais das cadeias de ácidos graxos são diferentes, chamam-se triglicerídeos mistos.  Na maioria das gorduras naturais, utilizadas na nossa alimentação, como o azeite, a manteiga e outras, coexistem as duas espécies de triglicerídeos.  No caso particular em que os três ácidos graxos são saturados, os triglicérides de que fazem parte têm um aspecto de sólido gorduroso, à temperatura ambiente, de que o sebo é um exemplo.  Quando o inverso se dá, isto é todas as cadeias de ácidos graxos são insaturadas o triglicerídeo é líquido, quando conservado à temperatura ambiente.  Exemplo típico desta ocorrência é a trioleína, principal componente do azeite.
  • 24. Hidrólise dos Triglicerídios  Estes compostos podem ser degradados ou alterados por ações físicas e químicas.  De entre as possíveis reações de que são objeto, destacamos:  Hidrólise por ação do calor, de ácidos ou bases  Ação da Lipase, enzima secretada pelo pâncreas
  • 25. Saponificação  A saponificação é uma hidrólise específica por ação de NaOH ou KOH que origina sais de K+ ou Na+ (sabões) em vez de ácidos gordos.  É este o processo conducente ao fabrico dos sabonetes caseiros.  Decomposição por ação de temperaturas muito elevadas (> 200 ºC) com formação de creolina, a qual origina um odor penetrante.  A auto oxidação é causada por um ataque de oxigénio a triglicérides insaturados, com formação de ácidos gordos inferiores, de cheiro forte.  Esta é a reação que leva ao surgimento do cheiro a ranço e que pode ser inibida por ação da vitamina E ou do ácido ascórbico.
  • 26. Ceras  Menos abundantes que os triglicerídeos  Estas são ésteres de ácidos graxos de cadeia longa (14 - 36 átomos de carbono), saturada ou insaturada, com álcoois de cadeia também longa (16 - 22 átomos de carbono).  O papel das ceras é de proteção dos organismos;  Constituintes das peles dos animais e das penas das aves
  • 27. Ceras  Em termos de componentes alimentares, os lipídeos constituem cerca de 20% da dieta diária de um adulto humano (Tabela 1.3)
  • 28. Hidratos de Carbono - Carboidratos  Os hidratos de carbono, ou açúcares representam a principal fonte calórica para a maioria dos animais (incluindo o homem) e ainda para muitos microrganismos.  Os açúcares são, do ponto de vista químico, aldeídos ou cetonas poli hidroxilados ou ainda, substâncias que, após hidrólise, originam tais compostos.  Têm em comum a fórmula geral CnH2nOn (por exemplo, a glucose tem a fórmula C6H12O6) havendo, no entanto, algumas exceções e mesmo hidratos de carbono que contêm átomos de azoto, fósforo ou enxofre.
  • 29. Número de unidades  O número de unidades que os compõem dividem-se em:  Monossacáridos, constituídos por uma única unidade aldeído ou cetona, de que o exemplo mais característico é a glucose.  Oligossacáridos, compostos por curtas cadeias de monossacáridos covalentemente ligados.  os mais abundantes são os dissacáridos, com duas unidades.  exemplo típico é a sacarose, em que uma D-glucose está covalentemente ligada a uma D-frutose.  Polissacáridos são cadeias longas com centenas ou milhares de unidades podendo ser lineares, como a celulose, ou ramificadas como o glicogénio.
  • 30. Monossacarídeos  Os monossacáridios apresentam-se como sólidos cristalinos, solúveis em água e são geralmente doces.  Quando se apresentam sob a forma de aldeído recebem o nome de aldoses e quando sob forma cetônica denominam-se cetoses.  O gliceraldeído e a dihidroxiacetona são dois dos exemplos mais simples de aldoses e cetoses existentes.
  • 31. Monossacarídeos  Os monossacáridos podem ter 4, 5, 6 ou 7 átomos de carbono, recebendo os nomes de, respectivamente, tetroses, pentoses, hexoses e heptoses.  As hexoses, a glucose e a frutose são exemplos, formam o grupo de monossacarídeos mais abundante na natureza.  Os monossacarídeos com 5 ou mais átomos de carbono, encontram-se normalmente, em solução, sob forma cíclica, aqui exemplificada por uma molécula de glucopiranose.
  • 32. Dissacarídeos  Os dissacarídeos são formados por reação de um grupo OH de uma das unidades com o carbono anomérico da segunda, formando a chamada ligação glicosídica.  A estrutura seguinte mostra um dos dissacarídeos mais conhecidos, a sacarose, evidenciando esse tipo de ligação entre os dois açúcares.  Estas ligações glicosídicas podem ser facilmente hidrolisadas por ação de ácidos, mas resistem bem em soluções básicas.
  • 33. Polissacarídeos  Podem ser constituídos por um único tipo de monómero, recebendo a designação de homopolissacarideos, de que o amido - apenas composto por unidades de glucose - é um exemplo, ou terem na sua constituição dois ou mais tipos diferentes de monómeros, sendo então chamados heteropolissacarideos.  Dos polissacáridos mais comuns, distinguiremos, pela sua importância na alimentação, o já mencionado amido (encontrado nas batatas e muitas sementes) e o glicogénio (existente nos fígados dos animais).
  • 34.  Percentagens de hidratos de carbonos encontradas em alguns dos alimentos
  • 35. Sais Minerais  Os seres humanos requerem, na sua dieta, elementos inorgânicos para o crescimento e o desenvolvimento das suas funções biológicas.  Estes sais minerais podem ser divididos em duas categorias, consoante as quantidades necessárias.  Temos assim, entre aqueles cuja dose diária se mede em alguns gramas, os sais de cálcio, magnésio, sódio, potássio, fósforo, enxofre e cloro.
  • 36.  Aqueles requeridos em quantidades da ordem dos microgramas ou miligramas por dia incluem compostos de ferro, iodo, cobre, manganês, zinco, cobalto, molibdénio, selénio, vanádio, níquel, crómio, flúor, silício, arsénio e estanho.  Dos elementos mais ricos em sais minerais podemos destacar o leite (com cerca de 1% do seu conteúdo) e a carne (com 1 a 2%, dependendo da origem).
  • 37. Vitaminas  As vitaminas pertencem aos chamados micronutrientes, necessárias em muito pequenas quantidades.  No entanto, são essenciais ao bom desenvolvimento das nossas funções biológicas, agindo como catalizadores nos processos de transformação química dos macro nutrientes, a que conjuntamente se dá o nome de metabolismo.  Conhecem-se, atualmente, 13 vitaminas indispensáveis na nossa dieta diária (e na de muitos outros animais).  As vitaminas podem ser agrupadas em duas classes:  as hidrossolúveis  vitaminas B1 (tiamina), B2 (riboflavina), ácido nicotínico, ácido pantoténico, B6 (piridoxina), biotina, ácido fólico, B12 e C (ácido ascórbico).  as lipossolúveis, consoante são solubilizáveis em solução aquosa ou em gorduras.  vitaminas A, D, E e K
  • 38. Água  A água é a substância mais abundante nos organismos vivos, constituindo 70% ou mais da sua massa total.  Dado que existe em todas as partes das células, a água é o meio no qual se dão o transporte de nutrientes, o metabolismo e a transferência de energia química.  Apesar de ser um líquido quimicamente estável, a água possui propriedades diferentes das dos outros líquidos, como sejam elevados pontos de fusão e de ebulição.
  • 39. A molécula H2O  Estas propriedades indicam a existência de grandes forças de atração entre as moléculas de água adjacentes, proporcionando-lhes grande coesão interna.  A intensidade destas forças de atração intermoleculares deve-se à estrutura peculiar da molécula de água.  Cada um dos átomos de hidrogénio partilha um par de elétrons com o átomo de oxigénio.  A geometria dos pares de elétrons partilhados força a molécula a adoptar uma estrutura em V (Figura 1.3).
  • 40. Água  Os dois pares de elétrons livres do oxigénio conferem-lhe uma carga negativa parcial, situada na ponta do V, enquanto que a forte capacidade atrativa do oxigénio origina a formação de cargas positivas parciais nos átomos de hidrogénio.  Estes fatos fazem com que a molécula de água, apesar de globalmente neutra, possua cargas positiva e negativa separadas, comportando-se como um dipolo eléctrico.  Devido a tal separação de cargas, duas moléculas de água podem ser atraídas entre si, pela força eletrostática existente entre a carga negativa parcial do átomo de oxigénio de uma e a carga positiva parcial de um dos átomos de hidrogénio da outra.
  • 41.
  • 42. Interação eletrostática  A este tipo de interação eletrostática é dado o nome de ligação de hidrogénio (Figura 1.4) conhecida como água disponível, representada pela sigla aw (do inglês available water).  A água disponível define-se como a razão entre a pressão de vapor da solução (as substâncias dissolvidas na água existente nos alimentos) e a pressão de vapor do solvente (i. e., a água).  A taxa de água disponível depende do soluto que se encontra dissolvido na água, ou seja da composição do alimento (em proteínas, açúcares, gorduras, etc.) e é proporcional à fração molar desse mesmo soluto, de acordo com as relações seguintes.
  • 43.  aw = P/P0 = x0  (P0-P)/P = x1/(x1+x2)  X1 - nº de moles do soluto  Uma humidade atmosférica relativa correspondente a uma aw inferior à do alimento, secará a superfície deste último, dando-se o fenômeno contrário se a humidade relativa fosse superior à aw do alimento.  Logicamente, aw varia de alimento para alimento, segundo a sua composição.
  • 44.
  • 45. Água disponível no alimento  A diminuição da água disponível num dado alimento pode ser devida a diferentes fatores, como sejam:  existência de substâncias dissolvidas (açúcares, sais) em grandes concentrações, que fixam a água, impossibilitando a sua utilização por parte dos microrganismos;  presença de géis ou gelatinas a cobrir os alimentos, o que conduz a que quase toda a água disponível seja utilizada na hidratação destes compostos altamente hidrófilos;  abaixamento da temperatura leva a água disponível, ou pelo menos parte dela (dependendo da temperatura) a solidificar, tornando-se não disponível para o crescimento microbiano
  • 46. Métodos utilizados para diminuir aw  estabilização por adição de substâncias reguladoras;  adição de solutos;  determinação das isotermas de sorção da água dos alimentos.  As isotermas de sorção relacionam a humidade ambiente com aw de um alimento a uma dada temperatura.  Idealmente, estas duas taxas de humidade deveriam ser idênticas.  Nesses casos, diz-se que os alimentos estão em equílibrio.
  • 47. Desorção x adsorção  No entanto, devido às suas propriedades físico-químicas, raramente a aw dos alimentos está em equilíbrio com a humidade atmosférica.  Existem fenómenos de modificação de estrutura, interação com solutos, e outros que influenciam a capacidade de adsorção de água por parte dos alimentos.  Nos casos em que a aw do alimento é superior à humidade atmosférica, estamos em presença de um fenómeno de desorção; o caso inverso é apelidado de adsorção.  Os gráficos das isotermas de sorção têm uma forma típica, em que se podem distinguir três fases distintas.
  • 48.
  • 49. Estágio de isotérmas  Estágio 1 - água fortemente ligada, entrando na composição molecular do alimento. Chama-se água de constituição e não é fundível nem congelável.  Estágio 2 - água fracamente ligada. É absorvida, por condensação à superfície, formando-se camadas de água ligadas por pontes de hidrogénio.  Um ligeiro aumento desta quantidade de água no produto provoca um grande aumento de aw.  Estágio 3 - água livre adsorvida à superfície.  Só pode ser retirada por ação térmica ou mecânica. Mais fácil de retirar que a anterior.
  • 50. Isotermas  O estudo das isotermas de sorção de um dado alimento possibilita:  Previsão e controle da atividade microbiana;  Previsão da velocidade dos fenómenos bioquímicos;  Previsão da variação de peso durante o armazenamento;  Controle do processo de secagem e do processo de armazenamento;  Estimativa da duração prática do armazenamento;  Estabelecimento do tipo de embalagem;
  • 51.
  • 52.  Como já foi dito, a água disponível, existente nos alimentos, possibilita o desenvolvimento da flora microbiana, mas nem todos os tipos de microrganismos têm as mesmas necessidades de água para o seu desenvolvimento.  Genericamente as bactérias são os microrganismos que requerem uma maior aw para se multiplicarem, sendo os fungos os microrganismos que melhor se adaptam a ambientes de mais baixa humidade (isto se não tivermos em conta as bactérias osmófilas, especialmente adaptadas a ambientes menos húmidos).  A Tabela 1.6 indica os valores mínimos de aw que possibilitam a multiplicação dos vários tipos de microrganismos, nos alimentos.
  • 53.
  • 54. Composição e controle de qualidade  A composição de um alimento, isto é, a maior ou menor riqueza nos seus constituintes, define a sua qualidade alimentar.  É o controle desta qualidade que permite avaliar da aceitabilidade de um produto para consumo.  A apreciação da qualidade de um alimento faz-se de acordo com critérios físico químicos, microbiológicos, organolépticos e higiénicos.  Não sendo um valor absoluto, a qualidade tem que ser claramente quantificada e definida para os diferentes casos possíveis.
  • 55.
  • 56. Conservação dos alimentos  Da necessidade de manter os alimentos dentro de todas estas normas de qualidade, durante períodos de tempo cada vez mais longos, nasceram a indústria e a tecnologia da conservação de alimentos,  Têm vindo a se desenvolver, ao longo dos tempos, devido a fatores como sejam a exigência dos consumidores por produtos de maior qualidade, o desenvolvimento de novos processos tecnológicos e a globalização dos mercados.  A indústria de conservação alimentar engloba, os processos de transformação, embalagem e distribuição, todos eles de fundamental importância no aspecto final com que o produto chega ao consumidor.
  • 57. Sistema HACCP (Hazard Analysis Critical Control Point)  É um sistema de inspeção utilizado pela indústria alimentar para permitir o controlo das diversas etapas de transformação de um alimento, com vista à obtenção de um certificado de qualidade.  Este sistema envolve as seguintes fases essenciais:  1) Análise de risco - identificação e cálculo dos riscos resultantes dos ingredientes, processos, distribuição e venda e ainda de fatores humanos como o provável uso do alimento.  2) Determinação dos pontos críticos de controlo (CCPs) - estes são os pontos do processo de produção em que é possível controlar os riscos identificados.  3) Estabelecimento de sistemas apropriados para monitorizar estes pontos críticos de controlo.