O documento discute os tipos e estruturas de textos dissertativos. Apresenta o texto dissertativo como aquele que exige um posicionamento do autor sobre um assunto, defendendo uma tese ou opinião. Detalha as estruturas do texto dissertativo expositivo e argumentativo, incluindo elementos como introdução, desenvolvimento e conclusão.
3. 8.2.4 Texto Dissertativo
“Dissertar é debater, discutir,
questionar. É desenvolver um
raciocínio; desenvolver argumentos
que fundamentem nossa posição;
polemizar, inclusive, com opiniões e
com argumentos contrários aos
nossos; estabelecer relações de
causa e consequência”.
4. O texto dissertativo “Exige do
redator um posicionamento diante
de determinado assunto, quer
expressando sua opinião quer
postulando uma tese. Existe a
possibilidade dissertativa na
descrição e também na narração”.
5. A dissertação pode ser:
Expositiva ou informativa
discussão de uma ideia, cuja
intenção é a de expor um assunto,
comentando-o; apresentação de
determinadas informações ou
problemas, explicação de assuntos
ou fatos. Não há defesa de um ponto
de vista, apesar de estar implícito no
texto porque a seleção das ideias
em torno de um assunto se constitui
em postura dissertativa.
6. Argumentativa é aquela em que o
redator se mune das técnicas de
persuasão com o objetivo de
convencer o leitor a partilhar de sua
opinião ou mudar de ponto de vista.
Visa a convencer, persuadir ou
influenciar o ouvinte/leitor através
da apresentação de uma tese (ponto
de vista), cuja veracidade deve ser
demonstrada e provada por meio de
argumentos adequados.
7. A Natureza da Argumentação
A argumentação, ao lado da propaganda
política, da manipulação, da sedução e da
demonstração, é uma das maneiras de se
convencer alguém, por meio de métodos
sistemáticos, para coagir as massas
(propaganda); de manipulação psicológica
(técnicas de venda); da sedução (slogan)
ou apelam para a razão, utilizando a
demonstração, isto é, um conjunto de
meios que permitem transformar uma
afirmação ou enunciado em um “fato
estabelecido” que ninguém poderá
contestar.
8. Assim, são características dos textos
argumentativos:
o texto é concebido de forma a
convencer ou a persuadir;
a tese defendida deve ser claramente
identificada pelo destinatário;
os argumentos utilizados devem ser
diversificados: proverbiais,
universais, experiência pessoal,
históricos, exemplares, científicos
etc.;
a organização do texto deve ter em
conta os articuladores do discurso
mais adequados.
9. Organização do Discurso
Dissertativo
Elementos da Argumentação: o
locutor-argumentador busca
convencer um sujeito-alvo
(alocutário ou destinatário previsto)
a compartilhar sua opinião acerca de
um determinado tema ou questão
polêmica, mediante a apresentação
de razões.
10. Para alcançar esse objetivo
comunicativo, o locutor precisa
levar em consideração o contexto de
recepção (crenças, valores, pontos
de vista do alocutário), de modo a
escolher argumentos adequados à
expressão de sua opinião.
11. Fases ou Etapas
Introdução do tema: (tópico frasal,
exórdio): indicação do tema por meio
de perguntas, um caso ou anedota, um
relato histórico sobre o tema, uma
descrição da situação de uma
comunidade para a qual o tema tenha
especial importância etc. Delimita o
tema e fixa os objetivos da redação;
deve ser mais genérico que o
desenvolvimento e não pode conter
ideias conclusivas.
12. Proposição da opinião ou tese: o
locutor apresenta sua opinião
(proposta ou tese) a respeito do tema
ou questão polêmica, apresentando
também as razões.
Comprovação da tese: o locutor
apresenta argumentos e provas que
sustentam seu ponto de vista ao
mesmo tempo em que procura
invalidar argumentos e provas que
possam sustentar pontos de vista
diferentes.
13. Conclusão: etapa final, pode conter
uma recapitulação do que foi dito. É
o fecho redacional; deve terminar de
forma incisiva, dando ao leitor a
sensação de ter sido esgotado o
plano do autor. Não há necessidade
de uma conclusão explícita com
expressões do tipo concluindo,
finalmente, em suma e outras.
14. Resumindo:
Estrutura do discurso expositivo:
apresentação do tema;
desenvolvimento do tema
(explicação, demonstração e
estabelecimento lógico entre os
dados enunciados); e conclusão
(síntese do exposto).
15. Estrutura do discurso argumentativo
(modelo 1): indicação do tema ou
objeto de argumentação; formulação
da tese defendida; demonstração, por
meios de argumentos, de que é
verdadeira; conclusão (tenta-se
convencer ou persuadir).
Estrutura dos textos argumentativos
(modelo 2): formulação da tese a
refutar; consideração do ponto de
vista adverso; refutação por meio de
contra-argumentos; conclusão por
ridicularização (ironia) ou por meio da
razão.
16. Marcas Linguísticas do Texto
Dissertativo
Argumentos: em sentido amplo,
recurso ou estratégia usada para
ajudar a defender ou refutar opiniões;
em sentido restrito, um conjunto de
afirmações ou suposições de tal forma
encadeadas que uma delas, chamada
conclusão, decorre das demais,
chamadas razões ou premissas;
conclusão e raciocínio de causalidade
podem ser expressos pelos
paradigmas como então, ou se
então.
17. Para marcar essa relação e identificar
uma razão, uma suposição ou uma
conclusão, usamos frequentemente
palavras e expressões conhecidas
como indicadores de raciocínio ou
inferência: como (de razão), então (de
conclusão), se (de suposição), mas (de
oposição) etc.
Verbos no presente do indicativo
quase sempre.
Verbos na 3ª pessoa, geralmente.
18. Exemplo
Eu disse uma vez que escrever é uma
maldição. Não me lembro por que
exatamente eu o disse, e com sinceridade.
Hoje repito: é uma maldição, mas uma
maldição que salva.
Não estou me referindo muito a escrever
para jornal. Mas escrever aquilo que
eventualmente pode se transformar num
conto ou num romance. É uma maldição
porque obriga e arrasta como um vício
penoso do qual é quase impossível se
livrar, pois nada o substitui. E é uma
salvação.
19. Salva a alma presa, salva a pessoa que
se sente inútil, salva o dia que se vive
e que nunca se entende a menos que
se escreva. Escrever é procurar
entender, é procurar reproduzir o
irreproduzível, é sentir até o último fim
o sentimento que permaneceria
apenas vago e sufocador. Escrever é
também abençoar uma vida que não
foi abençoada... lembro-me agora com
saudade da dor de escrever livros
(Clarice Lispector).