1) Eça de Queirós foi um escritor português nascido em 1845 na Póvoa de Varzim. Estudou direito na Universidade de Coimbra.
2) Trabalhou como diplomata em Inglaterra, onde escreveu alguns de seus trabalhos mais importantes como Os Maias.
3) Definiu o Realismo como uma crítica da sociedade que analisa objetivamente a realidade para condenar o que é ruim nela.
2. Cultura, Língua e Comunicação
Eça de Queirós
Biografia
José Maria de Eça de Queirós nasceu em 25 de Novembro de 1845, numa casa
da praça do Almada na Póvoa de Varzim, no centro da cidade; foi baptizado na
Igreja Matriz de Vila do Conde. Filho de José Maria Teixeira de Queirós, nascido
no Rio de Janeiro em 1820, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça, nascida em
Monção em 1826.
Eça de Queirós foi baptizado como "filho natural de José Maria d'Almeida de
Teixeira de Queiroz e de Mãe incógnita", fórmula comum que traduzia a solução
usada em caso similar nos registos de baptismo quando a mãe pertencia a
estratos sociais elevados.
Uma das teses para tentar justificar o facto dos pais do escritor não se terem
casado antes do nascimento deste sustenta que Carolina Augusta Pereira de Eça
não teria obtido o necessário consentimento da parte de sua mãe, já viúva do
coronel José Pereira de Eça.
De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se oporia, casaram-se os pais
de Eça de Queirós, quando o menino tinha quase quatro anos. Por via dessas
contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar
para a casa de Verdemilho em Aradas, Aveiro, a casa da sua avó paterna que em
1855 morreu.
Nessa altura, foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861,
com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra onde estudou direito.
Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Os seus primeiros trabalhos,
publicados avulsos na revista "Gazeta de Portugal", foram depois coligidos em
livro, publicado depois da sua morte sob o título Prosas Bárbaras.
Em 1869 e 1870, Eça de Queirós fez uma viagem de seis semanas ao Oriente (de
23 de Outubro de 1869 a 3 de Janeiro de 1870), em companhia de D. Luís de
Castro, 5.º Conde de Resende, irmão da sua futura mulher, Emília de Castro,
tendo assistido no Egipto à inauguração do canal do Suez. Visitaram,
igualmente, a Palestina. Aproveitou as notas de viagem para alguns dos seus
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3. Cultura, Língua e Comunicação
trabalhos, o mais notável dos quais o “O mistério da estrada de Sintra”, em
1870, e “A relíquia”, publicado em 1887. Em 1871, foi um dos participantes das
chamadas Conferências do Casino.
Quando foi despachado mais tarde como administrador municipal de Leiria,
escreveu a sua primeira novela realista, O Crime do Padre Amaro, que apareceu
em 1875.
Tendo entrado na carreira diplomática, Eça de Queirós passou os anos mais
produtivos de sua vida em Inglaterra, como cônsul de Portugal em Newcastle e
em Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, A
Capital, escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Suas obras mais
conhecidas, Os Maias e O Mandarim, foram escritas em Bristol e Paris,
respectivamente.
Seu último livro foi A Ilustre Casa de Ramires, sobre um fidalgo do séc. XIX com
problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem.
Morreu em 16 de Agosto de 1900 em Paris. Teve funerais nacionais. Está
sepultado em Santa Cruz do Douro.
Seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente vinte línguas.
Principais obras de Eça de Queiroz:
A Cidade e as Serras
A Ilustre Casa de Ramires
A Relíquia
A Tragédia da Rua das Flores
As Farpas
Contos e Prosas Bárbaras
O Crime do Padre Amaro
O Mandarim
O Mistério da Estrada de Sintra
O Primo Basílio
Os Maias
Uma Campanha Alegre
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4. Cultura, Língua e Comunicação
Realismo
Eça de Queirós definiu o Realismo como "uma base filosófica para todas as
concepções de espírito - uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento
humano, na eterna região do belo, do bom e do justo (...) é a crítica do Homem
(...) para condenar o que houver de mau na nossa sociedade (...) É não
simplesmente o expôr (o real) minudente, trivial, fotográfico (...) mas sim partir
dele para a análise do Homem e sociedade."
As características gerais do Realismo são: a análise e síntese da realidade com
objectividade, em oposição à subjectividade romântica; exactidão, veracidade e
abundância de pormenores, com o retrato fidelíssimo da natureza; total
indiferença perante o "Eu" subjectivo e pensante perante a natureza (o "Eu"
romântico); neutralidade de coração perante o bem e o mal, o feio e o bonito,
vício e virtude; análise corajosa de vícios e podridão da sociedade;
relacionamento lógico entre as causas desse comportamento (biológicas ou
sociais, e a natureza interior e exterior da personagem); admissão de temas
cosmopolitas na literatura; uso de expressões simples e sem convencionalismos
(por oposição ao tom declamatório romântico).
O Realismo é uma forma de expressão artística que procura reproduzir de forma
mais ou menos evidente e naturalista o mundo e os objectos da realidade
envolvente, surgindo de forma cíclica ao longo da história e tendo como grande
impulsionadora a França.
O Realismo apresenta-se como uma doutrina filosófica e uma corrente estética e
literária que procura a conformação com a realidade. As suas características
estão intimamente ligadas ao momento histórico, reflectindo as novas
descobertas científicas, as evoluções tecnológicas e as ideias sociais, políticas e
económicas da época.
O Realismo preocupa-se com a verdade dos factos, a realidade concreta, a
explicação lógica dos comportamentos. Procura ver a realidade de forma
objectiva e surge como reacção ao idealismo e ao subjectivismo emocional
românticos. Como movimento da arte e da literatura, procura representar o
mundo exterior de uma forma fidedigna, sem interferência de reflexões
intelectuais nem preconceitos, e voltada para a análise das condições políticas,
económicas e sociais.
Eça de Queirós, na 4.ª Conferência do Casino Lisbonense afirma que "O
Realismo é uma reacção contra o Romantismo: O Romantismo era a apoteose
do sentimento; - o Realismo é a anatomia do carácter. É a crítica do homem. É a
arte que nos pinta a nossos próprios olhos - para nos conhecermos, para que
saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau
na nossa sociedade".
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