O documento discute a fundamentação da moral segundo Kant. Ele defende que apenas a vontade boa é considerada moralmente correta, independentemente de suas consequências. Uma vontade é boa em si quando visa cumprir o dever pelo dever, sem levar em conta resultados ou benefícios.
1. A
Fundamentação
da
Moral:
o
que
distingue
uma
acção
moralmente
correcta
de
uma
acção
moralmente
errada?
BEM
ÚLTIMO:
A
VONTADE
BOA
De
todas
as
coisas
que
é
possível
conceber
neste
mundo
(...)
não
existe
nada
que
possa
ser
considerado
bom
sem
qualificação
excepto
a
vontade
boa.
A
inteligência,
a
perspicácia,
o
discernimento
e
sejam
quais
forem
os
talentos
do
espírito
que
se
queira
nomear
são,
sem
dúvida,
bons
e
desejáveis
em
muitos
aspectos,
tal
como
as
qualidades
do
temperamento
como
a
coragem,
a
determinação,
a
perseverança.
Mas,
estes
dons
da
natureza
podem
também
tornar-‐se
extremamente
maus
e
prejudiciais
se
a
vontade
que
dará
uso
a
estes
dons
da
natureza
(...)
não
for
boa.
(...)
um
ser
que
não
seja
agraciado
por
qualquer
resquício
de
uma
vontade
pura
e
boa,
mas
que
contudo
desfrute
de
uma
prosperidade
initerrupta
nunca
pode
deleitar
um
espectador
racional
e
imparcial.
Assim,
uma
vontade
boa
parece
constituir
a
condição
indispensável
até
para
se
ser
digno
de
felicidade.
(...)
Uma
vontade
é
boa
não
por
causa
do
seus
efeitos
ou
do
que
consegue
alcançar,
nem
por
ser
apropriada
para
alcançar
um
dado
fim;
é
boa
unicamente
através
da
sua
vontade,
i.
e.,
é
boa
em
si.
Quando
é
considerada
em
si,
é
muito
mais
estimada
do
que
seja
o
que
for
que
alguma
vez
ela
poderia
produzir
meramente
para
favorecer
qualquer
inclinação,
ou
mesmo
a
soma
de
todas
as
inclinações.
Mesmo
que
esta
vontade,
devido
a
um
destino
especialmente
desafortunado
ou
à
provisão
mesquinha
da
natureza
madrasta,
seja
completamente
desprovida
de
poder
para
cumprir
o
seu
propósito;
mesmo
que
se
com
o
maior
esforço
nada
conseguisse
alcançar
e
apenas
restasse
a
vontade
boa
–
mesmo,
assim,
a
vontade
boa,
como
uma
jóia
brilharia
com
a
sua
própria
luz,
como
algo
que
tem
todo
o
seu
valor
em
si.
A
sua
utilidade
e
esterilidade
nunca
podem
aumentar
ou
dimuinuir
o
seu
valor.
A
sua
utilidade
seria,
por
assim
dizer,
apenas
o
contexto
para
nos
permitir
lidar
com
ela
na
vida
corrente
ou
para
atrair
a
atenção
de
quem
não
é
ainda
especalista
(...).
KANT,
I,
(1998),
Fundamentação
da
Metafísica
dos
Costumes.
Lisboa:
Lisboa
Editora,
p.60
(Adaptado
por
Joana
Inês
Pontes)
Interpretação:
1. Explique
o
que
significa
dizer
que
a
vontade
é
boa
sem
qualificação.
2. Formule
explicitamente
o
primeiro
argumento
utilizado
por
Kant
a
favor
da
ideia
de
que
só
a
vontade
é
boa
sem
qualificação?
3. Por
que
razão
Kant
pensa
que
a
vontade
boa
não
o
é
em
função
das
suas
consequências?
4. «Uma
vontade
boa
parece
constituir
a
condição
indispensável
até
para
se
ser
digno
de
felicidade».
Concorda
com
Kant?
Justifique.
Immanuel
Kant
(1724-‐1804):
um
dos
filósofos
mais
influentes
de
sempre.
Desenvolveu
as
suas
idéias
de
forma
sistemática,
abrangendo
quase
todas
as
áreas
centrais
da
filosofia:
ética,
filosofia
política,
teoria
do
conhecimento,
metafísica,
estética
e
filosofia
da
religião.
Em
ética,
foi
o
famoso
defensor
da
deontologia,
um
tipo
de
teoria
que
não
tem
em
conta
as
consequências
das
acções,
mas
apenas
as
intenções
do
agente.
Sugestão
de
leitura
complementar
na
internet:
Rachels,
James
(2003),
“A
Ética
de
Kant”,
in
Crítica
http://criticanarede.com/html/fa_13excerto.html
Vontade
boa
Boa
em
si
Cumprir
o
dever
pelo
dever