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O Sagrado se manifesta através de hierofanias

  • 1. Filosofia  –  10º  Ano                                                                                                                                                                                                                                                                                                          A  Dimensão  Religiosa       A  Manifestação  do  Sagrado              “O  homem  toma  conhecimento  do  sagrado  porque  este  se  manifesta,  se  mostra  como  algo   absolutamente  diferente  do  profano.  A  fim  de  indicarmos  o  ato  da  manifestação  do  sagrado,   propusemos  o  termo  hierofania.  Este  termo  é  cómodo,  pois  não  implica  nenhuma  precisão   suplementar:  exprime  apenas  o  que  está  implicado  no  seu  conteúdo  etimológico,  a  saber,   que  algo  de  sagrado  se  nos  revela.            Poderia   dizer-­‐se   que   a   história   das   religiões   –   desde   as   mais   primitivas   às   mais   elaboradas  –  é  constituída  por  um  número  considerável  de  hierofanias,  pelas  manifestações   das   realidades   sagradas.   A   partir   da   mais   elementar   hierofania   –   por   exemplo,   a   manifestação   do   sagrado   num   objecto   qualquer,   uma   pedra   ou   uma   árvore   –   e   até   a   hierofania  suprema,  que  é,  para  um  cristão,  a  encarnação  de  Deus  em  Jesus  Cristo,  não  existe   solução  de  continuidade.  Encontramo-­‐nos  diante  do  mesmo  acto  misterioso:  a  manifestação   de  algo  “de  ordem  diferente”  –  de  uma  realidade  que  não  pertence  ao  nosso  mundo  –  em   objetos  que  fazem  parte  integrante  do  nosso  mundo  “natural”,  “profano”.            O  homem  ocidental  moderno  experimenta  um  certo  mal  estar  diante  de  inúmeras  formas   de   manifestações   do   sagrado:   é   difícil   para   ele   aceitar   que,   para   certos   seres   humanos,   o   sagrado  possa  manifestar-­‐se  em  pedras  ou  árvores,  por  exemplo.  Mas,  como  não  tardaremos   a  ver,  não  se  trata  de  uma  veneração  da  pedra  como  pedra,  de  um  culto  da  árvore  como   árvore.  A  pedra  sagrada,  a  árvore  sagrada  não  são  adoradas  como  pedra  ou  como  árvore,   mas  justamente  porque  são  hierofanias,  porque  “revelam”  algo  que  já  não  é  nem  pedra,  nem   árvore,  mas  o  sagrado,  o  ganz  andere  (o  totalmente  outro).              Nunca   será   demais   insistir   no   paradoxo   que   constitui   toda   hierofania,   até   a   mais   elementar.   Manifestando   o   sagrado,   um   objeto   qualquer   torna-­‐se   outra   coisa   e,   contudo,   continua  a  ser  ele  mesmo,  porque  continua  a  participar  do  meio  cósmico  envolvente.  Uma   pedra  sagrada  nem  por  isso  é  menos  uma  pedra;  aparentemente  (para  sermos  mais  exatos,   de  um  ponto  de  vista  profano)  nada  a  distingue  de  todas  as  demais  pedras.              Por  outras  palavras,  para  aqueles  que  têm  uma  experiência  religiosa,  toda  a  Natureza  é   susceptível   de   revelar-­‐se   como   sacralidade   cósmica.   O   Cosmos,   na   sua   totalidade,   pode   tornar-­‐se  uma  hierofania.     ELIADEM  Mircea,  (1992)  O  Sagrado  e  o  Profano.  São  Paulo:  Livros  do  Brasil,  pp.12-­‐14.     HÁ  UMA  RUPTURA  PRÉVIA  ENTRE  O  SAGRADO  E  O  PROFANO   SAGRADO     PROFANO   -­‐   Conjunto   de   realidades   (seres,   coisas,   lugares)   separados   do   mundo   comum   (profano)  e  nos  quais  se  manifesta  um  poder   considerado  superior.     -­‐   É   a   realidade   comum,   aquilo   que   faz   parte   integrante  do  mundo  natural  e  quotidiano  –  o   mundo  da  experiência  comum.     HIEROFANIA   –   manifestação   do   sagrado   ou   sobrenatural   através   de   um   determinado   ser   ou   objecto  (animal,  árvore,  montanha  ,  pedra,  etc.),  que  passa  a  adquirir  uma  dimensão  totalmente   nova,   um   carácter   de   sacralidade   (paradoxo   –   manifestando   o   sagrado,   um   objecto   qualquer   torna-­‐se  outra  coisa,  mas,  continua  a  ser  ele  mesmo;  o  objecto  passa  a  se  rum  mediador  entre  o   mundo  natural  e  o  mundo  transcendente-­‐  experiência  do  sagrado.     Professora    Joana  Inês  Pontes