O que determina a moralidade de uma ação: intenção ou consequências
1. O que torna uma
ação moralmente
correta ou incorreta?
2. O que torna uma ação moralmente
correta ou incorreta?
3. Problema
O que determina
a moralidade
de uma ação?
Teoria
deontológica/
intencionalista
Teoria
consequencialista
/ utilitarista
4. Uma teoria é considerada intencionalista
e deontológica (baseada na ideia de
dever) quando considera que o critério
central na determinação das ações
moralmente corretas depende da intenção
do agente, isto é, na análise
de se essa intenção é genuinamente
boa e se tem por base o cumprimento
do dever.
Immanuel Kant
5. Uma teoria é consequencialista e
utilitarista quando considera que o critério
da moralidade da ação depende única e
exclusivamente das consequências e da
utilidade dessas ações,
independentemente da intenção que
levou o agente a realizá-la.
Stuart Mill
6. Tese
O que determina a moralidade de uma ação
é a intenção do agente. A única intenção moralmente
boa é o cumprimento do dever.
A Ética Deontológica de Kant
7. O Princípio do Dever
«É exatamente aí que começa o valor do caráter, que é moralmente, sem
qualquer comparação, o mais alto, e que consiste em fazer o bem, não por
inclinação, mas por dever.»
Immanuel Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Porto Editora, 1995, p. 36.
Só uma ação motivada pura e simplesmente
pelo princípio do querer – dever – é que pode
ter conteúdo moral.
A Ética Deontológica de Kant
8. A Ética Deontológica de Kant
Tipos de ações
Ações contrárias
ao dever
Ações conformes
ao dever
Ações por puro
respeito pelo dever
• Ações imorais
• Ações ilegais
Ações legais
(não são ações
morais)
Ações morais
(cumprimento do
dever pelo dever)
9. A boa vontade
A Ética Deontológica de Kant
O conceito de dever contém em si o de boa
vontade – vontade autónoma –, que
efetivamente quer aquilo que deve querer.
A boa vontade é a única coisa que tem valor
intrínseco e incondicional.
Os talentos do espírito, as qualidades do
temperamento e a felicidade e outros dons
da fortuna são coisas boas e desejáveis, no
entanto, também se podem tornar muito más e
prejudiciais sem os princípios de uma boa
vontade, que é boa sem limitações.
10. • O imperativo categórico é
uma ordem ou obrigação
absoluta e incondicional,
imposta pela razão e que
representa o nosso dever
(indica-nos qual é o nosso
dever).
Exemplo: estudo porque é o
meu dever enquanto estudante.
O imperativo hipotético é um
mandamento condicional do tipo
“se…então” e exprime a
necessidade de fazer algo como
condição para atingir um
determinado objetivo.
Exemplo: estudo para ter
sucesso.
A Ética Deontológica de Kant
Imperativo categórico Imperativo hipotético
≠
11. Fórmula da lei universal Fórmula da humanidade (fim em si)
Exemplo
• A máxima «quando me encontro em apuros, faço uma promessa sem intenção de a cumprir» não pode constituir uma lei
universal, pois tornaria impossível a própria promessa: todos deixariam de acreditar uns nos outros.
• Seguramente, também concluirias que, se alguém te prometesse algo sem intenção de cumprir, estaria a desrespeitar-te
enquanto ser autónomo e racional e estaria a utilizar-te como um meio para atingir o objetivo de conseguir dinheiro emprestado.
Neste sentido, esta máxima também não cumpre a fórmula da humanidade.
A Ética Deontológica de Kant
Imperativo categórico
«Age apenas segundo uma máxima tal
que possas ao mesmo tempo querer
que ela se torne lei universal.»
«Age de tal maneira que uses a humanidade,
tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
outro, sempre e simultaneamente como um fim em
si e nunca simplesmente como um meio.»
12. A moralidade é a relação das ações com a
autonomia da vontade, isto é, com a
legislação universal possível por meio do
imperativo categórico e dos seus princípios
morais.
A vontade autónoma é uma vontade que se
autodetermina por princípios que
universalmente aceita e que não estão
relacionados com sentimentos, impulsos e
inclinações.
A Ética Deontológica de Kant
Autonomia da vontade
«Vontade livre e vontade submetida a leis morais são
uma e a mesma coisa. […] Ora, à ideia da liberdade está
inseparavelmente ligado o conceito de autonomia, e a
este, o princípio universal da moralidade, o qual está na
base de todas as ações de seres racionais, como a lei
natural está na base de todos os fenómenos.»
Immanuel Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes,
Porto Editora, 1995, pp. 84-89.
13. A vontade é heterónoma quando não
se autodetermina e não controla os
seus desejos e sentimentos,
deixando-se conduzir por eles, ou
seja, quando se suporta em
imperativos hipotéticos, que nos
sugerem ações para atingir
determinados fins.
A Ética Deontológica de Kant
Heteronomia da vontade
«Não é a vontade que então se dá a lei a si mesma, mas
sim é o objeto que dá a lei à vontade pela sua relação
com ela. Esta relação, quer assente na inclinação, quer
em representantes da razão, só pode tornar possíveis
imperativos hipotéticos: devo fazer alguma coisa porque
quero qualquer outra coisa.»
Immanuel Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Porto
Editora, 1995, p. 78.
14. Críticas à ética de Kant
1
A ética de Kant é acusada de ser demasiado
fria e racional ao ignorar os
sentimentos/emoções que, muitas vezes,
estão na base das nossas ações.
2
A ética de Kant desvaloriza
as consequências da ação.
15. Críticas à ética de Kant
3
A ética de Kant nem
sempre permite
resolver conflitos
entre deveres
morais, uma vez que
é uma ética
demasiado formal.
4
Problemas na fórmula da lei universal.
Aristides de Sousa
Mendes com o rabi
Kruger, em 1940
16. Tese
O que determina a moralidade de uma ação são as
consequências da ação. A ação correta é aquela que,
tendo em conta as alternativas, resulta numa maior
felicidade geral.
A Ética Utilitarista de Mill
17. A Ética Utilitarista de Mill
Utilitarismo Consequencialismo
Uma ação é moralmente
correta se as consequências
que dela decorrem
promoverem a felicidade geral.
Uma ação é correta ou incorreta
dependendo exclusivamente dos seus
resultados ou consequências.
19. A Ética Utilitarista de Mill
Princípio da maior felicidade
«O fim último, em relação ao qual e em função do qual
todas as outras coisas são desejáveis
(independentemente de estarmos a considerar o nosso
próprio bem ou o bem das outras pessoas), é uma
existência tanto quanto possível livre de dor e, também
na medida do possível, rica em deleites […].»
John Stuart Mill, Utilitarismo, Porto Editora, 2005, pp. 48-53.
20. A Ética Utilitarista de Mill
Princípio da maior felicidade
«Aquele que salva um semelhante de se afogar faz o que
está moralmente certo, seja o motivo o seu dever seja a
esperança de ser pago pelo incómodo.»
Não há ações boas ou más em si mesmas, só
as consequências as tornam boas ou más.
21. Prazeres: quantidade ou qualidade?
A Ética Utilitarista de Mill
Bentham Mill
Quantidade dos
prazeres
Qualidade dos
prazeres
≠
Duração Intensidade Superiores Inferiores
22. A Ética Utilitarista de Mill
Prazeres
Inferiores Superiores
• Corporais
• Físicos
• Sensoriais
• Espirituais
• Intelectuais
• Estéticos
• Morais
Qualidade dos prazeres
23. A Ética Utilitarista de Mill
Qualidade dos prazeres
«É melhor ser um ser humano insatisfeito do que um
porco satisfeito; é melhor ser Sócrates insatisfeito do que
um tolo satisfeito. E se o tolo ou o porco têm uma opinião
diferente é porque só conhecem o seu próprio lado da
questão. A outra parte da comparação conhece ambos os
lados.»
John Stuart Mill, Utilitarismo, Porto Editora, 2005, p. 78.
24. A Ética Utilitarista de Mill
Princípio da imparcialidade
Uma ação é boa se promover a
felicidade para o maior número
de pessoas.
Mill afirma que o que distingue uma ação
moralmente correta de uma ação moralmente
incorreta são as suas consequências, isto é, se
dela resulta, tendo em conta as alternativas,
uma maior felicidade. Mill não se está a referir à
felicidade individual exclusivamente, mas à
felicidade geral.
25. Críticas à ética de Mill
1
Argumento da máquina de
experiências (Robert Nozick)
2
Argumento do bode expiatório (o utilitarismo
pode conduzir a consequências moralmente
inaceitáveis.)
26. Críticas à ética de Mill
3
A ética utilitarista é demasiado exigente:
será que podemos ser felizes se estivermos
constantemente a sacrificar os nossos
projetos em prol da felicidade da maioria?
4
A impossibilidade de estarmos
constantemente a calcular as consequências
das nossas ações.
27. Kant Stuart Mill
QUE TIPO DE TEORIA ÉTICA É DEFENDIDA? Teoria deontológica e intencionalista. Teoria utilitarista e consequencialista.
DE QUE DEPENDE O VALOR MORAL DA AÇÃO? O valor moral das ações depende da intenção do
agente.
O valor moral das ações depende das consequências da
ação.
QUAL É O CRITÉRIO DA MORALIDADE? Cumprimento do dever – imperativo categórico. Princípio da maior felicidade.
COMO DEVEMOS AGIR? Devemos agir por dever, respeitando a lei moral, à qual
aderimos livre e racionalmente.
Devemos agir tendo como finalidade a máxima felicidade
para o maior número de pessoas.
EXISTEM DEVERES MORAIS ABSOLUTOS? Existem deveres morais absolutos incondicionais. Os
fins não justificam tratar os seres humanos como meros
meios.
Os deveres morais não são absolutos, devem maximizar a
felicidade geral. Alguns princípios morais poderão ser
violados em determinadas circunstâncias se estiver em
causa um bem maior.
QUAL A FINALIDADE ÚLTIMA DA AÇÃO? A finalidade última da ação é o cumprimento do dever. A finalidade última da ação é a promoção da felicidade
geral.
Análise comparativa