O documento discute a estrutura da escola pública brasileira e a educação tradicional. Apesar de medidas para democratizar a escola na década de 1980, sua estrutura permanece basicamente a mesma de há um século, centrada na transmissão de conteúdo. Isso não leva em conta como as pessoas aprendem de fato ou a formação do aluno como sujeito histórico. Defende-se uma educação democrática, por meio do diálogo, que propicie a apropriação da cultura produzida historicamente.
OPGEAENE AULA 2: A Estrutura da Escola e a Educação
1. OPGEAENE
AULA 2: A Estrutura da Escola e a Educação
Profa. Me. Míriam Navarro de Castro Nunes
2. TEXTO
A estrutura da escola e a educação. PARO. Vitor Henrique.
Crítica da estrutura da escola. São Paulo: Cortez, 2011, p.15-
30.
3. Democratização da Escola
A partir de 1980: tendência de democratização da escola
pública básica.
Tratava-se da democratização das relações que envolvem a
organização e o funcionamento da escola.
Medidas foram tomadas com o objetivo de promover a
partilha de poder e facilitar a participação de pais, alunos,
professores, funcionários nas tomadas de decisão.
4. Algumas Medidas
Mecanismos coletivos de participação: Conselho de Classe,
Conselho de Escola, APM (Associação de Pais e Mestres),
Grêmio Estudantil.
Escolha democrática dos dirigentes escolares.
Estímulo ao envolvimento da comunidade nas atividades
escolares.
5. Mecanismos coletivos de participação
APM (Associação de Pais e Mestres): entidade jurídica, de caráter
social, responsável pelo recebimento e aplicação de recursos
financeiros.
Grêmio Estudantil: organização sem fins lucrativos que representa o
interesse dos estudantes e que tem fins cívicos, culturais,
educacionais, desportivos e sociais.
Conselho de Classe: delibera sobre questões pedagógicas, avaliação
escolar e de desempenho.
Conselho de Escola: órgão máximo da escola, poder de decisão em
todas as questões escolares – Está acima do diretor.
6. Escolha democrática dos dirigentes escolares
O diretor deve ser representante da comunidade escolar,
não dos interesses do Estado.
O diretor deve conhecer os problemas e as necessidades da
escola, não um mero concursado.
“Todas essas medidas democratizantes, todavia não
conseguiram modificar substancialmente a estrutura da escola
pública básica, que permanece praticamente idêntica à que
existia há mais de um século” (p. 19).
7. “Se pudéssemos transportar um cirurgião do século 19 para um hospital de hoje,
ele não teria ideia do que fazer. O mesmo vale para um operador da bolsa ou até
para um piloto de avião do século passado. Não saberiam que botão apertar. Mas
se o indivíduo transportado fosse um professor, encontraria na sala de aula deste
século a mesma lousa, os mesmos alunos enfileirados. Saberia exatamente o que
fazer. Viviane Senna
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8. Estrutura da Escola
Estrutura administrativa: ordenação com vistas à realização
das atividades de planejamento, organização, direção e controle
do pessoal e dos recursos materiais e financeiros (atividades-
meio).
Estrutura total: considera as relações sociais, modos de existir
ou de operar, valores, costumes, rotinas, atividades pedagógicas
(atividades-fim).
Novo conceito de Gestão Escolar: envolve as atividades-meio e as
atividades-fim, perpassando todo o processo de realização de
objetivos – MEDIAÇÃO.
9. Educação
Conceito tradicional: consiste na transmissão de
conteúdos de forma organizada, indo do mais simples para
o mais complexo – “educação bancária”.
“Decorre daí, certamente, a impressionante identidade entre a
maneira de ensinar em que se observa numa sala de aula do
primeiro ano do EF e uma aula de pós-graduação em qualquer
universidade do país. Só o conteúdo é diferente, a forma é a
mesma: um repetidor de conhecimentos e informações,
comunicando, com maior ou menor habilidade, para um grupo
que passivamente recebe esses conteúdos” (p. 23).
10. Educação tradicional
Despreza as contribuições da Psicologia sobre a forma como
o ser humano pensa e se desenvolve.
Ignora a condição de autor de quem aprende.
Joga toda a responsabilidade no aluno.
Fiscaliza e seleciona.
11. A motivação para esforçar-se em aprender é sempre
extrínseca ao estudo (o prêmio e o castigo).
Não é capaz de fazer o ensino intrinsicamente motivador e
desejável.
Se encaixa perfeitamente com estrutura da escola vigente
(autoritária, antidemocrática).
12. Educação como prática democrática
Educação como produção do humano-histórico.
É pelo trabalho, então (como mediação e não como fim em si),
que o homem produz a sua própria existência, produzindo tudo
aquilo que não está posto naturalmente (p. 26).
O homem cria: sua condição de sujeito e o mundo da cultura
(conj. de valores, conhecimentos, crenças, tecnologia, arte etc.).
Essa cultura precisa ser apropriada de geração em geração, isso
é feito por meio da educação.
13. “A educação é, pois, a apropriação da cultura produzida
historicamente” (p. 26).
Quantidade X Qualidade
Cabeça cheia X Cabeça bem feita
Formação da personalidade humana
14. Relações sociais
A convivência pode se dar de duas maneiras: pela
dominação ou pelo diálogo.
Dominação: prática autoritária que reduz o outro à
condição de objeto, reduzindo sua subjetividade,
estabelecendo o poder de uns sobre os outros – coerção.
Diálogo: prática democrática que promove a convivência
pacífica e livre entre indivíduos e grupos que se afirmam
como sujeitos históricos – persuasão.
16. Relação pedagógica como prática
democrática
Se a educação visa a formação do humano-histórico, então
deve:
ser democrática, promovendo o diálogo e a participação
social;
produzir no educando a vontade de educar-se;
propiciar condições para que o educando se eduque;
considerar seus fundamentos históricos, econômicos,
sociológicos, psicológicos, antropológicos e filosóficos.
17. Conclusão
“É preciso superar essa perspectiva, buscando alternativas de
estrutura total da escola que, não ignorando a necessária
coerência entre meios e fins, sejam compatíveis com uma visão
democrática de ensino” (p. 29).