A entrevista motivacional é uma técnica centrada no paciente que utiliza empatia e resolução de ambivalência para aumentar a motivação à mudança de comportamentos problemáticos. Seus princípios incluem expressar empatia, desenvolver discrepância entre comportamentos atuais e metas, evitar argumentação e acompanhar a resistência para promover a autoeficácia e mudança. A mudança ocorre em estágios motivacionais que vão da pré-contemplação à manutenção.
2. Entrevista Motivacional
A entrevista motivacional é uma
intervenção
centrada
no
paciente, com o intuito de aumentar a
motivação para a mudança do
comportamento
–
problema,
a
resolução
e
exploração
da
ambivalência,
a
supressão
de
comportamentos disfuncionais e o
desenvolvimento de padrões mais
adaptativos.
3.
4. Entrevista Motivacional
O objetivo da EM é ajudar a resolver a
ambivalência e colocar a pessoa em
movimento no caminho da mudança.
É uma maneira de estar com os
pacientes
Impulso motivacional breve
Cria “abertura para a mudança”,
“desperta” a pessoa, dá a partida no
processo de mudança
5. Entrevista Motivacional
Desenvolvida no início dos anos 80
para contribuir com a mudança de
comportamento de bebedores de
álcool.
Pode
ser associada a outras
abordagens teóricas (ex.: prevenção à
recaída) e adaptada para diferentes
ambientes de tratamento
Todos os profissionais da área da
saúde podem ser treinados para
6. Características da EM
Busca identificar e mobilizar os
valores e objetivos intrínsicos do
paciente para, a partir destes,
estimular
uma
mudança
de
comportamento
A mudança é evocada no paciente,
nunca imposta de fora (a mudança
vem de dentro).
Terapeuta tem papel não autoritário
7. Características da EM
Resistência e negação fazem parte
do processo de mudança, sendo
consideradas um sinal de que a
estratégia motivacional não está
funcionando e deve ser modificada
Relação terapeuta-paciente é de
parceria e respeito pela autonomia do
usuário
8. Cinco princípios gerais da EM
Expressar empatia
2. Desenvolver a
discrepância
3. Evitar a argumentação
4. Acompanhar a resistência
5. Promover a auto eficácia
1.
9. Expressar empatia
Aceitação empática
Escuta reflexiva habilidosa
Terapeuta busca compreender os
sentimentos e as perspectivas do
paciente sem julgar, criticar ou culpar
Aceitar não é concordar!!!!
Aceitar as pessoas como elas são as
liberta para o processo de mudança
10. Expressar empatia
Aceitação empática constrói aliança
terapêutica e estimula a auto estima
Então:
A aceitação facilita a
mudança
A escuta reflexiva habilidosa
é fundamental
A ambivalência é normal
11. Desenvolver a discrepância
Criar e ampliar, na mente do paciente,
uma discrepância entre o
comportamento presente e as metas
mais amplas
◦ Discrepância entre “onde se está” e “onde
se quer chegar”
• Quando um comportamento é visto
como conflitante com metas pessoais
importantes, como a saúde, sucesso,
felicidade da família, é provável que a
mudança aconteça
12.
Ambivalência: conflito de
aproximação/evitação
Quando a EM é bem sucedida, ela
muda as percepções do paciente sem
criar uma sensação de pressão ou
coerção
Então:
A conscientização das consequências é
importante
A discrepância entre o comportamento
presente e as metas importantes motivará a
mudança
O paciente deve apresentar os argumentos
13. Evitar a argumentação
O terapeuta evita argumentação e
confrontos diretos
Evita abordagens que gerem
resistência
Não é necessário se preocupar com
rótulos diagnósticos é
A argumentação
Então:contraproducente
Defender gera atitudes de defesa
A resistência é um sinal para a
mudança de estratégia
A rotulação é desnecessária
14. Acompanhar a resistência
O
problema é decisão do
paciente
A relutância e a ambivalência não
são
combatidas,
mas
sim
reconhecidas como naturais e
compreensíveis pelo terapeuta.
Acompanhar a resistência permite
incluir o paciente ativamente no
processo de solução do problema
15. Acompanhar a resistência
Então:
A força pode ser usada em
beneficio próprio
As percepções podem ser
alteradas
Novas perspectivas são
oferecidas, mas não impostas
O paciente é um recurso valioso
na busca de soluções para os
16. Promover a auto-eficácia
Crença de uma pessoa na sua
capacidade de realizar e ter sucesso
em uma tarefa específica
Elemento chave na motivação para a
mudança
“esperança de mudança”
Aumentar as percepções do paciente
quanto à sua capacidade de enfrentar
obstáculos e de ter êxito na mudança
17. Promover a auto-eficácia
Ênfase na responsabilidade pessoal
“você é capaz de fazer isso”
“se você quiser, eu posso ajudá-lo a
modificar-se”
Importante: depoimento de pessoas
que tiveram sucesso no tratamento
Então: A crença na possibilidade de mudança
é um motivador importante
O paciente é responsável por decidir e
realizar mudanças pessoais
Há esperança na gama de abordagens
disponíveis
18. Metodologia da EM
P perguntas abertas
A afirmar – reforço positivo
R refletir
R resumir
19. Entrevista Motivacional
Técnica
não confrontativa
Estratégias para lidar com a
resistência e ambivalência
Crítica
ao modelo moral e
baseado na empatia
Profecia auto-realizável
Toda
mudança
passa
por
estágios motivacionais
20. Modelo de Mudança (Prochaska &
DiClemente,1984)
Mudança de comportamento é um processo (envolve alguns estágios)
A motivação está relacionada ao estágio em que se encontra o indivíduo:
22. Pré contemplação
Não está consciente que seu
comportamento
está
causando
problemas
Acredita
estar
imune
as
consequências adversas
Resiste ou nega as consequências
trazidas por seu comportamento
Não respondem a conselhos de
mudança Estratégia:
Resistentes a qualquer orientação
fornecer informações para encorajá
los
para a mudança
23. Contemplação
Ambivalência em relação ao consumo
Percebem coisas boas e menos boas
Reconhece o problema, cogita a necessidade de
mudar, mas também valoriza os efeitos positivos da
droga e o quanto gosta e precisa dela.
Estratégias:
oAjudar o paciente a reconhecer sua
força e habilidade de mudança
oSugerir estratégias para parar ou
diminuir (menu de opções)
24. Preparação
Reconhece o problema, mas se sente
incapaz de resolvê-lo sozinho e pede
ajuda
Fase passageira, momento do
encaminhamento
25. Ação
•
•
Interrompe o consumo e começa o tratamento.
Ambivalência presente durante todo o processo.
Estratégias:
Estimular a percepção de que seus
problemas têm solução
o Estimular a crença na capacidade de
mudar
o Negociar objetivos e metas para a
mudança
o Sugerir estratégias para a mudança
o Ajudar a identificar situações de risco e
desenvolver plano de ação
o
26. Manutenção
Estágio mais difícil
Reorganização do estilo de vida
Sempre colocada em xeque pela ambivalência
Estratégias:
Prevenção à recaída
o Ter consciência da possibilidade da
recaída
o (com a recaída eles voltam a um dos
estágios anteriores)
o Realizar a mudança passo a passo
o
27. Recaída
Lapso: retorno pontual ao consumo
dentro
de
uma
situação
de
abstinência
Recaída: retorno ao consumo após
um
período
considerável
de
abstinência.
Não é voltar à estaca zero!!!!
Aprender com os erros para evitar
recaídas futuras
28.
29. Referências bibliográficas:
Diehl, A., Cordeiro, D., Laranjeira,
Ronaldo. Dependência química:
prevenção, tratamento e políticas
públicas. Porto Alegre: Artmed, 2011.
Miller, W. R. e Rollnick, S. Entrevista
motivacional: preparando as pessoas
para a mudança de comportamentos
aditivos. Porto Alegre: Artmed, 2001.
Ribeiro, M e Laranjeira, R. O tratamento
do usuário de crack. 2.ed. Porto Alegre:
Artmed, 2012.