O documento discute os distúrbios de aprendizagem, especificamente a dislexia, disgrafia e discalculia. Apresenta as características e causas destes distúrbios, bem como orientações para professores no tratamento e apoio às crianças que os apresentam.
2. O QUE SÃO DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM?
OS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM - são
caracterizados por problemas no sistema nervoso
central que fazem com que os indivíduos tenham
dificuldades em aprender conteúdos ou atividades
específicas, como por exemplo, escrever, ler ou
fazer cálculos matemáticos.
3. DIFICULDADES X DISTURBIOS DE APRENDIZAGEM
DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM - podem ser
entendido como todo e qualquer obstáculo encontrado por
um indivíduo no processo ensino-aprendizagem. Eles
podem ser causados por uma série de fatores como:
conflitos familiares, baixo QI, metodologia de ensino
inapropriada, diferenças culturais, falta de interesse,
desnutrição e muitos outros. Independente de suas
causas, as dificuldades causam problemas no processo
de aprendizagem que podem afetá-lo de forma parcial ou
total.
4. Distúrbios também geram dificuldades
na aprendizagem. Porém, eles são
causados por problemas no sistema nervoso
central e produzem dificuldades específicas.
Assim, eles podem se apresentar em
crianças com QI normal, qualidade de vida
adequada, métodos de ensinos apropriados,
e outros.
5. UM PONTO IMPORTANTE
A maior parte dos distúrbios passa a ser observado
quando a criança começa a freqüentar a escola. É
importante que os professores percebam suas
diferenças no processo ensino-aprendizagem em
relação aos demais alunos da mesma idade. Porem,
para que isso seja possível, é necessário que esses
profissionais tenham os conhecimentos adequados.
7. A dislexia é um distúrbio na leitura afetando a escrita. A criança
dislexa possui inteligência normal ou muitas vezes acima da média.
Sua dificuldade consiste em não conseguir identificar símbolos
gráficos (letras e/ou números) tendo como conseqüência disso a
dificuldade na leitura e escrita.
A dislexia é hereditária. Segundo pesquisas, uma em cada 20
crianças é disléxica (três vezes mais meninos que meninas) e, se um
dos pais for disléxico, a criança terá dezessete vezes mais
probabilidade de sofrer da doença.
Para simplificar, pode-se dizer que a dislexia é causada por
alterações nas áreas do cérebro responsáveis pelos sons da
linguagem, e do sistema que transforma o som em escrita ou uma
letra em um som.
8. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS
Confusão de letras, sílabas ou palavras que se parecem
graficamente: a-o, e-c, f-t, m-n, v-u.
Inversão de letras com grafia similar: b/p, d/p, d/q, b/q, b/d, n/u, a/e.
Inversões das silabas: em/me, sol/los, las/sal, par/pra.
Ao ler pula linha ou volta para a linha anterior.
Soletração defeituosa: lê palavra por palavra, silaba por silaba, ou
reconhece letras isoladamente sem poder ler.
freqüentemente não conseguem orientar-se no espaço sendo
incapazes de distinguir direita de esquerda. Isso traz dificuldade para
se orientarem com mapas, globos e o próprio ambiente.
9.
10. TRATAMENTO E ORIENTAÇÕES
O tratamento será realizado por um especialista ou alguém que
tenha noções de ajuda ao disléxico.
Algumas orientações:
Reforçar a aprendizagem visual com o uso de letras em alto
relevo, com diferentes texturas e cores.
Deve-se iniciar por leituras muito simples com livros atrativos,
aumentando conforme o seu ritmo..
Suas habilidades devem ser julgadas mais em suas respostas
orais do que nas escritas.
=>Sempre que possível, a criança deve ser encorajada a repetir o
que foi lhe dito para fazer, isto inclui mensagens. Sua própria voz é
de muita ajuda para melhorar a memória.
11. ADICIONAL
Pesquisa recente na opinião de Tomasso e outros (2007) sugere
que, ao mesmo tempo em que têm problemas com a leitura e
escrita, as crianças disléxicas também tem dificuldades para
distinguir diferentes sons. Mostram os autores que , além disso,
apresentam problemas de memória e equilíbrio, que devem
merecer atenção especial.
De acordo LEILA SARA (2008) se uma criança é diagnosticada
entre 4 e 5 anos, quando for à escola provavelmente necessitará
somente de cerca de meia hora de instrução extra por dia, num
período de seis meses, para trazê-la aos padrões normais de leitura
e escrita
Segundo a autora, se a dislexia não for diagnosticada até que
complete 7 ou 8 anos de idade, ela terá que fazer muitas coisas
para superar seus problemas.
12. A disgrafia também é conhecida como “letra feia” porque as crianças
que possuem esse tipo de distúrbio, apresentam uma escrita ilegível e
lenta. As crianças não conseguem coordenar as informações visuais
com a realização motora do ato de escrever.
Existem dois tipos de disgrafia: a motora e a pura. A primeira atinge a
maioria das crianças com este distúrbio e consiste na dificuldade em
escrever palavras e números corretamente. A segunda é mais difícil de
ser diagnosticada porque aparece quando a criança sofre algum
trauma emocional e isso se reflete na sua letra.
Existem alguns sinais que podem indicar as relações entre os
problemas causados por este distúrbio e as condições emocionais da
criança:
• Letras pequenas demais podem indicar uma timidez excessiva.
• Letras grandes demais podem indicar uma criança que necessita
estar sempre no centro das atenções.
•Letras feitas com muita força, que chegam a marcar as outras
páginas do caderno, podem indicar que a criança esteja tensa.
13. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS
Lentidão na escrita
Letra ilegível
Traços irregulares: ou muito fortes que chegam a marcar o
papel ou muito leves.
Desorganização geral na folha por não possuir orientação
espacial.
Desorganização do texto, pois não observam a margem
parando muito antes ou ultrapassando. Quando este ultimo
acontece, tende a amontoar letras na borda da folha
O espaço que dá entre as linhas, palavras e letras são
irregulares.
Liga as letras de forma inadequada e com o espaçamento
irregular
14. A disgrafia normalmente é observada um ou dois anos depois que
a criança aprende a escrever. É comum que os professores
demorem para perceber o problema, pois eles estão mais
preocupados com o desenvolvimento intelectual dos alunos do
que com o motor. Embora não se treine de forma efetiva a
organização espacial das crianças, exige-se que elas tenham
uma boa escrita, o que pode ser visto como uma problemática na
educação infantil
A idade mais indicada para se começar a tratar a disgrafia é a
partir dos oito anos, quando a letra começa a se firmar. Quando
não tratado, o distúrbio pode trazer problemas mais sérios na vida
adulta, entre eles a dificuldade de comunicação. Em processos
seletivos como vestibulares, por exemplo, é preciso escrever
textos relativamente longos e tem-se pouco tempo disponível pra
isso. Candidatos que sofrem com a disgrafia, já se apresentam em
desvantagem na concorrência.
15. ORIENTAÇÕES
Algumas atitudes podem ser tomadas no sentido de minimizar os
problemas causados pela disgrafia.
Pode-se citar como exemplo exercícios como o ombro (como os
realizados com o brinquedo “vai e vem”), para o cotovelo (como os
realizados ao jogar peteca), para os punhos e mãos (como brincar com
massinhas ou argilas e pintar com lápis de cor ou giz de cera).
Deve-se destacar a importância dos esportes. Através deles é possível
trabalhar a orientação espacial e a coordenação motora da criança.
Brincadeiras como jogar vôlei, xadrez e peteca também podem ajudar na
melhora da letra, já que fazem a criança usar as mãos e planejar os
movimentos.
Tome cuidado e oriente as crianças para que tenham uma postura
adequada na hora de sentar e pegar no lápis ou caneta, posicionando
corretamente a folha de papel ou caderno em que se pretende escrever
Não imponha nenhum modelo de letra para os alunos, mas sim respeite o
seu grafismo desde que ele seja legível, claro e atinja o objetivo principal da
escrita, que é a transmissão da linguagem oral.
16. DISORTOGRAFIA
A disortografia também é um problema encontrado na linguagem, onde
a criança apresenta dificuldades em realizar a escrita e a fala, lidar com
todas as sinalizações gráficas e outros conhecimentos. Caracteriza-se
pelos sintomas: trocas, inversões, adições junções e omissões.
Exemplos:
Troca de letras que se parecem sonoramente: faca/vaca,
chinelo/jinelo, porta/borta.
Confusão de sílabas como: encontraram/encontrarão.
Adições: ventitilador
Omissões: cadeira/cadera, prato/pato.
Fragmentações: en saiar, a noitecer
Inversões: pipoca/picoca.
Junções: No diaseguinte, sairei maistarde
17. A causa da disortografia encontra se no processo de
decodificação. Segundo Tomaso (2007) essa alteração na
decodificação é causada por um fundo emocional.
ORIENTAÇÕES
Estimular a memória visual através de quadros com
letras do alfabeto, números, famílias silábicas.
Não exigir que a criança escreva vinte vezes a palavra,
pois isso de nada irá adiantar
Não reprimir a criança e sim auxilia - lá positivamente
18. DISCALCULIA
A Discalculia está ligado às dificuldades com as
habilidades matemáticas. As crianças são
capazes de compreender as lições
transmitidas, mas quando tentam colocar em
prática o que aprenderam, acabam trocando e
invertendo as ordens das operações .
19. Algumas das principais dificuldades enfrentadas por aqueles que possuem
discalculia são:
Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior.
Conservar a quantidade .
Exemplo: Não compreendem que 1kg é igual a quatro pacotes de 250 g
Os sinais de soma, multiplicação e os demais.
Seqüenciar números, como, por exemplo, o que vem antes do 11 e
depois do 15 (antecessor e sucessor).
Classificar números.
Dificuldade na memória de trabalho.
Dificuldade de memória em tarefas não-verbais.
Dificuldade na soletração de não-palavras (tarefa de escrita).
Dificuldade na memória de trabalho que implica contagem.
Montar operações.
Contar através dos números cardinais e ordinais.
Estabelecer correspondência um a um: não relaciona o número de
alunos de uma sala à quantidade de carteiras.
20. DICAS PARA O PROFESSOR:
Não force o aluno a fazer as lições quando estiver
nervoso por não ter conseguido;
Explique a ele suas dificuldades e diga que está ali
para ajudá-lo sempre que precisar;
Proponha jogos na sala;
Procure usar situações concretas, nos problemas.
21. “Se não posso, de um lado,
estimular os sonhos
impossíveis, não devo, de
outro, negar a quem sonha
o direito de sonhar. Lido
com gente e não com
coisas”
( PAULO FREIRE)