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Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
1
Página(s) Domínio / texto Cenário de resposta
58 Compreensão do Oral 1.
a. Luís Castro
b. Orienta a conversa fazendo perguntas.
c. Mariana Gray de Castro: investigadora das Universidades de Oxford e Lisboa
d. Clara Riso: diretora da Casa Fernando Pessoa
2.
a. V
b. F − A diretora da Casa Fernando Pessoa faz inicialmente uma síntese biográfica de Fernando Pessoa.
c. F − O estudo é sobre Ricardo Reis e a sua relação com Alberto Caeiro. Relativamente às obras de Reis e de Horácio, Nuno Amado considera-as
semelhantes na forma, mas não no conteúdo.
d. V
e. V
f. F − O estudioso considera que essa explicação deve ser relativizada dada a extensão da obra que Pessoa diz ter sido escrita numa noite em 1914.
3.
a. perspetiva
b. argumentos
59 Informar 1. Ambos os textos exploram a questão da heteronímia de Fernando Pessoa, procurando explicitar esse conceito.
2. É no segmento pessoano citado que se vê essa consciência, concretamente em “que não são minhas, ou, se o são, o não conheço” (ll. 7-8).
3. Texto A – A “conjugação e cruzamento de vozes dialogais” (ll. 1-2); “o heterónimo (o outro) se distingue do ortónimo (o eu) […] tem uma identidade
autónoma, com características psicológicas e ideológico-culturais próprias” (ll. 11-14); Texto B – “outros nomes, nomes diferentes de uma mesma
pessoa” (ll. 3-4); “Na verdade, a ideia de ‘heterónimo’ corresponde a um desejo de desdobramento sem identidade: é exatamente uma representação,
através de diferentes personagens, de diversas faces da mesma individualidade original, ou, então, a expressão de diferentes conceitos da vida de uma
mesma personalidade” (ll. 10-14).
62 Informar 1.
a. Histeroneurastenia e tendência para a despersonalização e simulação.
b. Nasceu em 1889, em Lisboa. Tinha estatura média e olhos azuis, era loiro e frágil. Fez apenas a instrução primária e não exerceu qualquer profissão,
tendo vivido de pequenos rendimentos, no campo, com uma tia-avó. Escrevia mal português.
c. Surgiu “por pura e inesperada inspiração” (ll. 93-94).
d. Nasceu em 1887, no Porto. Era baixo, forte, seco e moreno. Foi educado num colégio de jesuítas e recebeu uma formação latinista e semi-helenista.
Foi médico e viveu no Brasil para onde se expatriou por ser monárquico. Escrevia com correção, mas era exageradamente purista.
e. Surgiu de “uma deliberação abstrata” (l. 95).
f. Nasceu em 1890, em Tavira. Era alto, magro, um pouco curvado, branco e moreno. Usava o cabelo apartado ao lado e monóculo. Recebeu uma
educação vulgar de liceu, mas acabou por se formar em engenharia, primeiro mecânica e depois naval, em Glasgow, na Escócia. Escrevia razoavelmente.
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
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g. Surgiu de “um súbito impulso para escrever” (l. 96).
h. Bernardo Soares, um semi-heterónimo que se parece em muitas coisas com Álvaro de Campos, correspondia a uma mutilação da personalidade do seu
criador e, por isso, a sua prosa era igual à dele.
i. Aparecia quando Fernando Pessoa estava cansado e sonolento.
64 Informar 1.
a. C − “o verso livre e branco […] por vezes quase tocando a prosa” (ll. 4-6).
b. B − “não quer saber de passado nem de futuro […] Vive feliz como os rios e as plantas” (ll. 4-5 e l. 7).
c. A − “Ora Alberto Caeiro surge, precisamente, no momento em que era mister. Compelido a vencer o seu paulismo – isto é, a expressão genuína do seu
subjetivismo lírico” (ll. 5-7).
d. C − “e o que surpreende é a manutenção do mesmo tom, manso e fluente, com repetições insistentes”
(ll. 8-9).
e. B − “O certo, porém, é que é autor de poemas; e começa aqui o paradoxo da sua poesia” (ll. 12-13).
f. C − “tem entre si e a Natureza o objeto do amor que lhe interceta a perceção pura” (ll. 12-13).
g. B − “É sintomático da qualidade do seu espírito que o conteúdo da sensação lhe seja indiferente, que sublinhe o ato de ver” (ll. 18-20).
h. A − “O súbito aparecimento de Alberto Caeiro, mostrando-lhe […] que a poesia […] tem de começar por ser a expressão sincera de estados de espírito
sinceros” (ll. 15-16).
i. D − “satisfaz-se calmamente com o manejo hábil de um número reduzido de vocábulos […] compensam de algum modo a falta de rima” (ll. 2-6).
65 Educação Literária 1. Atendendo a que o bucolismo consiste na exaltação da ruralidade, da ingenuidade e da simplicidade dos costumes, elogiando a beleza da Natureza e
da vida campestre, pode percecionar-se no poema a alegria do sujeito poético que aceita a ordem natural das coisas: alude a vários elementos rurais e
expressa o desejo de comunhão com a terra, as montanhas, as planícies, os rochedos e a erva.
2. O “eu” considera que as dualidades devem ser encaradas com naturalidade. Por isso, refere que a felicidade e a infelicidade devem coexistir para se
poder ser natural (vv. 5-7); também na Natureza tem de haver dias de sol e de chuva (vv. 8 e 9); e o sentir e o pensar são inerentes ao ser humano,
portanto têm de ser encarados normalmente.
3. O verso “E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre” (v. 18) evidencia que se deve aceitar a morte porque o dia também morre. Assim,
fazendo o ser humano parte do Universo, a morte não pode causar estranheza, tal como está inscrito no último verso.
4. Alberto Caeiro é considerado o menos culto dos heterónimos, aquele que aceita calma e placidamente a ordem do mundo, que usa um vocabulário
simples, limitado e repetitivo, aproximando-se da prosa no que se refere à forma e ao ritmo. Formalmente, verifica-se nos seus poemas uma grande
irregularidade estrófica e métrica, para além da ausência da rima. Todos estes aspetos estão presentes no texto: o vocabulário é simples e repetitivo; as
comparações recorrem a termos comuns; os versos não apresentam rima e evidenciam uma enorme variedade de sílabas métricas e as estrofes são
irregulares.
5. Oração subordinada substantiva completiva.
6. Sujeito.
66 Educação Literária 1. O verso que melhor evidencia a importância dos sentidos para apreender o real é “Sei isto porque os meus sentidos mo mostram” (vv. 19 e 21). Aqui se
percebe que graças aos órgãos sensoriais o “eu” conhece a realidade, reafirmando que só acredita naquilo que os seus sentidos lhe mostram, ou seja, só
crê no que é real.
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
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2. O sujeito poético identifica-se com a Natureza, pois ambos têm uma existência real, ambos se definem do mesmo modo – “Sei que a pedra é a real” (v.
17); “Sei que sou real também” (v. 20) – percebendo-se que, perante esta identificação, não será necessário acrescentar mais nenhuma informação, pois
nada mais será necessário: “Que mais há a dizer?” (v. 33).
3. A anáfora presente ao longo do poema permite pôr em relevo as ideias simples que o sujeito poético tem e defende, bem como a sua ingenuidade e o
tom coloquial usado. A anáfora espelha também a necessidade que o “eu” tem de convencer e/ou convencer-se da importância do conhecimento
adquirido pelos sentidos e pelo contacto concreto com a realidade.
4. A interrogação retórica assume um caráter provocatório e tem o intuito de fazer o leitor refletir acerca dos sentidos ocultos que se procuram nas
coisas. No fundo, com a interrogação final, o sujeito poético expõe a sua filosofia de vida, que consiste em amar o natural e em sentir-se mais um dos
elementos que integram a Natureza e o Universo, criticando, indiretamente, os que veem ou querem ver além da realidade.
67 Educação Literária 1. O sujeito poético transforma os pensamentos em sensações (“os meus pensamentos são todos sensações”), anulando a oposição entre sentir e pensar,
dando primazia ao sentir e à apreensão da realidade pelas sensações. O sentido das coisas obtém-se pelas sensações, por isso “Pensar uma flor é vê-la e
cheirá-la” (v. 7).
2. Quando o “eu” afirma “Penso com os olhos e com os ouvidos” (v. 4), “E com as mãos e os pés / E com o nariz e a boca” (vv. 5-6), percebe-se uma
hierarquização das sensações, de acordo com o grau de conhecimento que elas permitem atingir. Assim, segundo o sujeito poético, a realidade é primeiro
apreendida pela visão e pela audição, depois pelo tato (“as mãos e os pés”, v. 5) e, por fim, pelo olfato e pelo gosto.
3. O pensamento surge objetivado no verso “E comer um fruto é saber-lhe o sentido” (v. 8), em que se confere ao pensamento um estatuto concreto e
em que ele é submetido ao primado da sensação, neste caso do gosto.
4. O sujeito poético mostra conhecer a realidade pelos sentidos e só estes lhe permitem alcançar a verdade. Por isso, o contacto direto com a Natureza é
o que lhe permite abraçar a realidade, tal como se depreende dos versos 11-14.
5. A tristeza do sujeito poético resulta do gozo excessivo proporcionado pelas sensações e pelo contacto com a Natureza. Porém, o “eu” aceita essa
tristeza com naturalidade, uma vez que provém do excesso de felicidade, a qual resulta da relação direta com a realidade (“Sinto todo o meu corpo
deitado na realidade”).
6. Justifica-se pela oração introduzida por uma conjunção subordinativa “quando”.
7. “dia”
8. Derivação por sufixação
67 Escrita 1.
Introdução: Caeiro, o heterónimo considerado o mestre.
Desenvolvimento: Vive em permanente contacto com a Natureza (bucolismo) e apreende a realidade através dos sentidos, recusando questionar a
existência do que o rodeia e aceitando a ordem natural do mundo, como a chuva e o sol, a felicidade e a infelicidade. No poema, o sujeito poético
identifica-se com um guardador de rebanhos e com o próprio rebanho. Na imagem, destaca-se o pastor que, no meio do seu rebanho, contempla a
Natureza, comungando daquela realidade que o faz feliz, tal como acontece ao sujeito poético.
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Conclusão: Espécie de compensação para o subjetivismo do criador, que viveu atormentado pela racionalidade excessiva.
69 Aplicar 1.
[A] – [4]; [B] – [5]; [C] – [2];
[D] – [1]; [E] – [2]; [F] – [3];
[G] – [5]; [H] – [4]; [I] – [1].
1.1.
[A] – “foi”
[B] – “Pensa-se”
[C] – “Tens de”
[D] – “importantíssima”
[E] − “Não se deve”
[F] – “Podem”
[G] – “É provável”
[H] – “Acredito”
[I] – “Achei interessante”
2.
a. “felizmente já vai sendo corrente entre nós”. (ll. 10-11)
b. “Uma obra como esta deve ser lida por estudantes e estudiosos”. (l. 5)
c. “A obra História crítica da literatura portuguesa, composta por nove volumes está finalizada.” (ll. 1-2)
d. “talvez não naquelas que se preocupam apenas com a ´espuma (editorial) dos dias’”. (ll. 7-8)
70 Leitura 1.
a. V
b. F
c. V
d. V
e. F
f. V
71 Compreensão do oral 1.
a. V
b. F – São apresentados aspetos biográficos.
c. F – Afirma-se que foi o pioneiro.
d. V
e. V
f. F – Adota uma atitude de tranquilidade em face do destino e da vida.
g. V
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5
h. F – Por detrás da aparente calma de Reis está a inquietude de conhecer e de se realizar.
i. V
j. V
k. F – Os símbolos por ele utilizados remetem para a brevidade da vida.
l. V
m. F – O código de conduta visa ensinar a viver entre o gozo dos prazeres e atenuação do sofrimento.
n. V
o. F – Reis acredita que os deuses são irreais e reais: irreais, porque não são realidades; reais, porque são abstrações concretizadas.
p. V
q. V
r. F – Hermes é o deus da comunicação, o mensageiro, a divindade dos limites, o deus das encruzilhadas, dos ladrões e do comércio.
s. V
t. V
71 Expressão Oral O aluno poderá referir:
− a sensibilização para o estudo do autor;
− a possibilidade de obter informação de uma forma mais rápida e motivadora;
− o acesso a imagens e a informação mais variada, como alguns poemas do autor em análise;
− o confronto entre a informação veiculada no documento vídeo e outra resultante de estudos críticos e analíticos;
− …
72 Educação Literária 1. O poema apresenta como assunto o convite endereçado pelo sujeito poético a Lídia, a mulher amada, para que ambos vivam uma relação tranquila,
que não envolva sentimentos fortes, de modo a evitar o sofrimento que a morte pode provocar a cada um deles, permanecendo apenas, depois dela,
uma memória suave.
2. O verso parentético funciona como um aparte no qual o sujeito poético parece intensificar o pedido que dirige a Lídia, embora tente banir, depois, esse
mesmo desejo de união. Com efeito, o “eu” tem consciência da inutilidade desses momentos pontuais, dada a fugacidade da vida e o seu fim inexorável,
condição que afeta todos os mortais.
3. A apóstrofe presente em “Lídia” (verso 1) está ao serviço do apelo endereçado pelo “eu” à sua companheira. Este apelo é reforçado pelo recurso ao
imperativo (“Vem”, v. 1) e ao conjuntivo com valor exortativo (“fitemos”, “aprendamos”, v. 2), pois o sujeito poético pretende persuadir o seu
interlocutor a aceitar as suas propostas.
4. A gradação está presente na sequência “te arda ou te fira ou te mova” (v. 26), na qual se encontra também uma enumeração, e pretende realçar os
efeitos cada vez mais intensos que decorrerão da morte do sujeito; a metáfora ocorre em expressões como “Nem fomos mais do que crianças” (v. 28)
e “pagãos inocentes” (v. 24), sugerindo a inocência ou a pureza de comportamentos.
5.1 O “rio”, recorrente ao longo do poema, remete para o fluir da vida, o caminhar inexorável para a morte. O “Fado” evidencia a força superior aos
próprios deuses. As “flores” no regaço sugerem a fragilidade e o desapego dos bens materiais. A “sombra” e o “barqueiro sombrio” são ambos símbolos
da morte. A “sombra” representa a transição da vida corpórea para a anímica, estando essa transição figurada no “barqueiro sombrio”, Caronte, que fazia
a travessia do rio Estiges, levando os mortos para o Além.
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
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6. Palavras como “aprendamos” (v. 2), “pensemos” (v. 5), “lembrar-te-ás” (v. 25) e “memória” (v. 31) têm um valor que semanticamente se associa ao uso
do intelecto, da racionalidade.
7. A fugacidade da vida e a iminência da morte são as maiores preocupações do sujeito poético, daí que ele insistentemente recuse as grandes paixões e
preocupações e o justifique com a necessidade de evitar o sofrimento quando a morte chegar. O pedido para desenlaçarem as mãos é revelador desse
medo.
8. Na primeira parte, que corresponde às duas primeiras estrofes, o sujeito poético manifesta o desejo de gozar o momento presente na companhia da
sua amada, sentando-se à beira do rio e fitando-o de mãos enlaçadas. A segunda parte (estrofes 3 a 6) é o momento em que o “eu” pede à amada para
desenlaçarem as mãos, porque devem evitar-se as grandes paixões (amor ou ódio), permanecendo simplesmente sentados “ao pé um do outro”,
amando-se tranquilamente. É na terceira parte (duas últimas estrofes) que o sujeito poético justifica a renúncia aos fugazes prazeres da vida, afirmando
que, não sendo “mais do que crianças” (v. 28), os dois evitarão o sofrimento causado pela antevisão da morte, conservando a serenidade.
9. O classicismo é visível, a nível temático, na crença nos deuses e na mitologia pagã, na crença no destino, na utilização de símbolos que remetem para a
consciência da brevidade da vida e a inexorabilidade da morte. A nível formal, a preferência pela ode, pela sintaxe alatinada e pelo vocabulário
impregnado de termos latinizantes, com recurso à anástrofe, à gradação, à metáfora.
10. Lídia é elevada à categoria de musa, sendo que a expectativa do sujeito lírico é a de que ela seja platonicamente distante, alheia, descomprometida e,
à sua semelhança, espetadora do mundo.
11.
a. estamos, fica, deixa, regressa, vai, vale, passamos, levantam, dão, cremos enlaçamos, beijamos
b. lembrar-te-ás, terei, ser-me-ás
c. fitemos, aprendamos, enlacemos, pensemos, desenlacemos, gozemos, amemo-nos, colhamos, suavize, arda, fira, mova
d. levares
e. tivesse, quiséssemos
12.
a. Oração subordinada substantiva completiva.
b. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
12.1. Complemento direto.
74 Educação Literária 1. − viver sem inquietações, aceitando o destino (“Segue o teu destino”, v. 1);
− não se questionar sobre o sentido da vida, vivendo em desprendimento e em tranquilidade (“Vê de longe a vida. / Nunca a interrogues”, vv. 16-17);
− limitar-se a viver simplesmente, sem desejar mais do que o que se tem (“Viver simplesmente”, v. 13).
2. A realidade está dependente do destino, por isso pode ser ou não aquilo que se espera. Nós somos sempre iguais e seremos o que quisermos ser,
desde que nos limitemos a alcançar apenas o que nos está reservado. Efetivamente, encena-se uma vivência, uma vez que se obedece a códigos de
conduta e a princípios ou a orientações que limitam uma vivência verdadeira, autêntica, mas de mera contemplação e de aceitação, obedecendo a regras
sociais ou outras que nos são impostas.
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
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3. O sujeito poético afirma que a resposta para a vida está “além dos Deuses”, mas também nos aconselha a imitá-los (“Imita o Olimpo”, v. 22). Logo,
acima de nós estão os deuses, e acima de ambos está o destino, numa lógica destino – deuses – homens.
4. Ao querer viver calma e placidamente, sem nada questionar, o “eu” revela a consciência da mortalidade e abdica dos prazeres: adota, assim, uma
postura típica do estoicismo, uma escola filosófica que crê na força determinista do destino e nos aconselha a aceitá-lo (“A resposta / Está além dos
Deuses”, vv. 19-20). Já a encenação da mortalidade está subjacente ao conselho que o "eu" dá para que nos limitemos a viver e a ver de longe a vida, sem
a interrogar, uma vez que a morte é iminente e irreversível.
75 Educação Literária 1. O sujeito poético condena não só os que têm os olhos postos no passado, porque “Veem o que não veem” (v. 2), mas também os que fitam o futuro,
pois “veem / O que não pode ver-se”(vv. 3-4). Assim, percebe-se que, para o sujeito poético, estes comportamentos são ilusórios e condenáveis, o que o
leva a demarcar-se e a perguntar “Porque tão longe ir pôr o que está perto” (v. 5).
2. Como se depreende da crítica feita a “uns” e a “outros”, o sujeito poético faz a apologia do presente, uma vez que construir a existência em função do
passado ou do futuro é não viver. Apesar da brevidade do presente, é nele que o homem se realiza e é nele que pode alcançar a felicidade, daí que o
conselho seja “Colhe / O dia, porque és ele” (vv. 7-8).
3. As formas verbais no presente servem o propósito de enfatizar o momento atual e delimitar unidades temporais mais restritas, de forma a estabelecer
uma homologia entre o tempo presente e o ser humano. É como se o ser humano se diluísse no próprio tempo e fosse ele o tempo: “No mesmo hausto /
Em que vivemos, morreremos. Colhe / O dia, porque és ele”. Remete ainda para a intemporalidade dos conselhos dados pelo “eu”.
4. Como marcas clássicas evidenciam-se o carpe diem (aproveita o dia), a consciência da efemeridade da vida e a eminência da morte, o caráter moralista,
recorrendo-se ao imperativo. Ao nível estilístico, destaca-se a isometria (regularidade métrica) e a regularidade estrófica, as construções sintáticas
alatinadas (recurso às anástrofes e ao hipérbato), o uso da primeira pessoa do plural.
5. A passagem da nuvem branca parece ser inútil, uma vez que o sujeito poético afirma que ela é “fugidia” (“inútil nuvem fugidia” – v. 2) e que apenas
ergue instantaneamente um “sopro arrefecido” entre os campos. Além disso, a sua inutilidade acaba por se tornar ainda mais evidente nos efeitos
nefastos que produz no “eu”.
6. A passagem da nuvem suscita no “eu” poético uma espécie de autoanálise que o leva a comparar esta passagem à ideia que povoa a sua alma e lhe
enegrece a mente, revelando que a racionalização excessiva lhe traz sofrimento e dor, dado que a ideia é perturbadora, altera a sua tranquilidade, tal
como a nuvem branca produz efeitos negativos na terra pela sua passagem, ainda que breve.
7. A personificação é suscitada pela utilização do adjetivo “Solene” para caracterizar a nuvem e a sua passagem, conferindo-lhe um estatuto humano e,
por isso, desencadeando efeitos concretos no sujeito poético. A anástrofe é também visível nos versos 1 e 2, uma vez que a ordem direta seria “A inútil
nuvem branca fugidia passa solene sobre a fértil terra”. O objetivo é destacar, primeiro, as características do objeto que vai ser alvo da descrição do “eu”
porque são elas que refletem as suas atitudes. A aliteração é visível, por exemplo, no verso 4 em que o som /r/ (“um sopro arrefecido”) sugere o barulho
produzido pela passagem da nuvem bem como o efeito negativo que ela produz no sujeito poético.
75 Escrita 1. A imagem apresenta um rosto indefinido e o contorno de um chapéu colocado numa cabeça que, imediatamente, associamos a Fernando Pessoa.
No lugar do rosto está um espaço, uma espécie de rua cercada de muros altos, com portas laterais à direita, com um fundo escuro. À esquerda, no muro,
está uma janela que, pela cor clara, parece deixar ver o espaço exterior. Nesta rua encontram-se figuras humanas masculinas, dispostas num plano que
vai do particular para o geral, sendo que há três silhuetas mais percetíveis e uma, ao fundo, menos clara.
Parece representar-se nesta imagem a fragmentação daquele que vive os heterónimos na sua mente, ou seja, a figura de Fernando Pessoa que, como
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
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sabemos, povoou a sua vida de outros “eus” ou outros seres, mais autênticos que ele próprio. Por isso, facilmente se identificam os seus três principais
heterónimos na posição mais próxima, sendo que o que se encontra mais distante tanto pode ser o seu semi-heterónimo Bernardo Soares como o
próprio Pessoa.
Este tipo de representação da heteronímia pessoana é bastante sugestiva, dado que permite perceber que os heterónimos são representações mentais
mas também configurações autênticas daquele que se “outrou” e viveu várias entidades.
(196 palavras)
76 Informar 1.1 [B]
1.2 [C]
1.3 [A]
78 Compreensão do Oral 1. a. sentir; b. fragmentado; c. sensações; d. novo; e. humanidade; f. deuses; g. emoção; h. infância; i. técnica; j. nenhuma; k. desejou; l. esqueceu; m.
deprimido; n. moderno; o. metafísicas; p. sonhos; q. abarcar; r. sentido; s. contemporâneo; t. moderno; u. inefável.
79 Informar 1.
[A] − [6]
[B] − [4]
[C] − [9]
[D] − [2]
[E] − [10]
[F] − [7]
[G] − [12]
[H] − [8]
[I] − [5]
[J] − [3]
86 Educação Literária 1.1 O sujeito poético encontra-se num ambiente fabril, afirmando “À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica”. (v. 1)
1.2 O “eu” estabelece uma relação contraditória com esse ambiente. Se, por um lado, parece apreciar a beleza da fábrica, por outro, essa realidade
provoca-lhe dor: “À dolorosa luz” (v. 1).
2.1 O sujeito poético afirma que tem os lábios secos (v. 10) e que lhe arde a cabeça (v. 12). Este mal-estar parece ser causado pelos movimentos “em
fúria” e pelos “ruídos” que soam “demasiadamente de perto” (v. 11).
2.2 Para este estado de alucinação concorrem sensações gustativas (“Tenho os lábios secos”, v. 10), auditivas (“ó grandes ruídos modernos, / De vos ouvir
demasiadamente de perto”, vv. 10-11), táteis (“E arde-me a cabeça”, v. 12) e visuais ("e olhando os motores", v. 15), que são a “expressão de todas as […]
sensações” daquele que elogia a contemporaneidade de forma alucinante.
2.3 Uma nova conceção de Belo é preconizada pelos modernistas e é visível nestas estrofes de Álvaro de Campos. Com efeito, depois de fazer referência
aos barulhos típicos da modernidade e da sociedade industrializada, o “eu” vai avaliar positivamente os seus efeitos, afirmando que estes funcionam
como
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
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“um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma” (v. 26); por outro lado, também os versos 32 e 33 expressam uma euforia que resulta de ver
beleza onde tradicionalmente se via o feio, como é o caso de sentir “os perfumes de óleos e calores e carvões” (v. 31).
3.1 Atendendo a que a modernidade também apresenta aspetos perversos, o “eu”, enquanto ser totalizante, dá conta de tudo o que faz parte integrante
dessa modernidade. Por isso, o “eu” enumera vários tipos sociais e personagens da era industrial, revelando o seu interesse por todas as realidades e
sensações que o cercam. Desta forma se justifica a enumeração dos diferentes tipos sociais como “comerciantes”, “vadios”, “escrocs”, “aristocratas”,
“esquálidas figuras dúbias”, “chefes de família”, “cocottes”, “burguesinhas”, “pederastas”, “gente elegante que passeia”, “caixeiros-viajantes”.
3.2 Na estrofe 9 referem-se as “corrupções políticas”, os “escândalos financeiros e diplomáticos”, as “agressões políticas”, um “regicídio”. Já a estrofe 10
trata questões sociais, concretamente as diferentes notícias jornalísticas, bem como os avanços tipográficos, sendo tudo alvo de elogio, e gerador do
delírio do “eu”. Porém, e apesar de todo o poema constituir um elogio à modernidade, os aspetos salientados representam também alguns dos
resultados negativos da sociedade industrializada.
4.1 No poema, o “eu” elogia o belo feroz, por isso exalta tudo o que simboliza a modernidade e a era industrial moderna, ao ponto de, depois de
enumerar alguns aspetos negativos, concluir: “Que importa tudo isto, mas que importa tudo isto / Ao fúlgido e rubro ruído contemporâneo, / Ao ruído
cruel e delicioso da civilização de hoje?” (vv. 207-210).
4.2 A dimensão épica decorre do facto de o poema ‘cantar’ a civilização industrial, referir os pensadores da Antiguidade como responsáveis pela
preparação da era moderna e exaltar as transformações operadas.
4.3
- Apóstrofe, por exemplo,
“Ó rodas, ó engrenagens” (v. 5), “ó grandes ruídos modernos” (v. 10).
- Anástrofe:
“Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão” (v. 20); “E falava com Aristóteles, que havia de não ser discípulo dele.” (v. 133).
- Aliteração do som /f/
“Em fúria fora e dentro de mim” (v. 7), “de ferro e fogo e força” (v. 16).
- Anáfora:
“Por todos os meus nervos dissecados fora, / Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!” (vv. 8-9).
- Enumeração:
“Couraças, canhões, metralhadoras, submarinos, aeroplanos!” (v. 104); “Ó fábricas, ó laboratórios, ó music-halls, ó Luna-Parks, / Ó couraçados, ó pontes,
ó docas flutuantes” (vv. 113-114).
- Metáfora:
“E arde-me a cabeça” (v. 12), “Fauna maravilhosa do fundo do mar da vida!” (v. 181), “A luz do sol abafa o silêncio das esferas” (v. 186).
- Gradação:
“Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando” (v. 24).
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10
- Personificação:
“Do tumulto disciplinado das fábricas” (v. 39), “Progressos dos armamentos gloriosamente mortíferos!” (v. 103).
- Onomatopeia:
“r-r-r-r-r-r-r eterno!” (v. 5), “ Z-z-z-z-z-z-z-zz-z-z-z!” (v. 239).
Impera, por isso, no poema um ritmo torrencial, feroz, vivo, onde surgem em catadupa as diferentes realidades captadas por um “eu” em plena histeria
de sensações.
4.4 O sensacionismo é levado ao paroxismo, uma vez que o “eu” afirma querer sentir tudo de todas as maneiras e, extasiado, deseja “poder exprimir-[se]
todo como um motor se exprime! / Ser completo como uma máquina! / Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!” (vv. 26-28), ou
poder “morrer triturado por um motor / Com o sentimento de deliciosa entrega duma mulher possuída” (vv. 134-135), assumindo mesmo uma atitude
sadomasoquista só para aceder a “tudo com que hoje se constrói, com que hoje se é diferente de ontem!” (v. 101). O ritmo alucinante sugere a euforia
do sujeito poético e a sua quase devoção à modernidade e às transformações, boas e más, operadas pela civilização industrial em que este se insere.
4.5 O tema é a exaltação da modernidade e dos aspetos com ela relacionados, aspetos que se anteveem no título (“Ode triunfal”). A palavra “ode”
significa canto elogioso, a que se acrescenta “triunfal”, que reforça ainda mais a magnitude desse elogio, que, neste caso, é dirigido à era moderna e
industrial.
5. A modalidade epistémica encontra-se nas alíneas a. e d.; a modalidade apreciativa, nas alíneas b. e c..
87 Educação Literária 1. O sujeito poético está num espaço rural, uma vez que afirma não haver ali eletricidade, vendo-se obrigado a ler “à luz de uma vela mortiça” (v. 2). Além
disso, a única coisa “que estava à mão para ler” (v. 4) era a Bíblia, o que aponta para um ambiente cultural sobretudo marcado pela crença religiosa.
Acresce ainda o facto de o “eu” realçar o “sossego excessivo” e de o aliar à “noite de província” (v. 7), confirmando-se, deste modo, o que vinha a ser
anunciado desde o primeiro verso.
2. O sujeito poético sente-se emocionalmente debilitado, desolado, com vontade de chorar, entregando-se à reflexão e à autoanálise, levando a que “um
grande mar de emoção” (v. 12) se ouvisse dentro dele. Pode dizer-se que o abatimento é agravado ou mesmo desencadeado pelo espaço e pelo tempo
que o “eu” convoca: a província e a noite. Ora, o silêncio reinante e a escuridão são, normalmente, os melhores aliados da reflexão, pelo que o
adensamento emotivo pode dever-se ao espaço e ao tempo.
3. As sensações que se destacam são a visual e a auditiva. A primeira é percetível no facto de se afirmar que ali não havia eletricidade, o que aponta para
a escuridão, facto que é comprovado no verso “Por isso foi à luz de uma vela mortiça”. A sensação auditiva surge na referência ao “sossego” da noite, que
contrasta com o “barulho” produzido no íntimo do sujeito poético (“Em torno de mim o sossego excessivo das noites de província / Fazia um grande
barulho ao contrário”, vv. 7-8).
4. No verso está presente uma metáfora que sugere a enormidade, a dimensão do estado emotivo e das emoções que se apossaram do sujeito poético.
5. Como típico da modernidade, temos a referência à eletricidade e à paz reinante na província que permite perceber que contrastava com o bulício
citadino a que o “eu” estaria habituado. O versilibrismo e o heteroestrofismo (verso livre e variedade estrófica, respetivamente) evidenciam-se, deixando
antever o desprezo pelo rigor formal que sempre esteve associado à poesia tradicional. Como marcas temáticas de Campos, destacam-se o abatimento, a
desilusão, a angústia existencial e a consciência da impossibilidade de realização por não ser nada (“Sou nada… / sou uma ficção…”, vv. 13-14), numa
aproximação evidente ao ortónimo e que caracteriza a última fase de Campos.
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
11
6. Como exemplos de marca deítica temporal temos as formas verbais usadas na primeira estrofe que remetem para o passado (“não havia”, “foi”, “li”) e
que se opõem às usadas na segunda e apontam para o presente (“sou”, “ando”, “manda”). Deíticos que marcam a pessoa estão presentes não só em
algumas formas verbais, mas especialmente nos pronomes pessoais “eu”, “me”, “mim”. Como indiciador do espaço, evidencia-se o advérbio com valor
semântico de lugar “Ali”.
7. A forma verbal “Relia-a” (v. 11), conjugada pronominalmente, ilustra a coesão referencial por anáfora, dado que o pronome pessoal aí presente retoma
o antecedente “A Primeira Epístola aos Coríntios” (v. 10).
8. A coesão interfrásica é visível no verso 2, mais precisamente na utilização do conector “Por isso”, que introduz a explicação para a afirmação anterior.
9. A forma verbal permite identificar o valor aspetual habitual, porque o facto de não haver luz é uma situação recorrente num período de tempo
ilimitado.
89 Educação Literária 1. O sujeito poético manifesta uma enorme angústia, um intenso abatimento, sente um mal-estar que se vem intensificando na sua alma desde que
começou a ter consciência de si (vv. 9 e 1-2). O sujeito deixou de ser capaz de conter e controlar a sua angústia, que se foi acumulando ao longo dos anos,
sendo o sujeito poético obrigado a exteriorizá-la em lágrimas. Sente-se perturbado, e os sentimentos negativos que o assolam deixam-lhe “pregas na
alma” (v. 9) e levam-no a coisificar-se, a transformar-se em algo de indefinido (v. 8) e a desejar “endoidecer deveras” (v. 10), sugerindo a entrada num
estado misto de loucura e de lucidez: “Estou lúcido e louco”.
2. O estado angustiante, marcado por uma enorme ambivalência (a lucidez e a loucura; o sentir-se e o alhear-se; a realidade e o sonho), leva o sujeito
poético a evocar o passado (nomeadamente a “velha casa”, símbolo da infância perdida) e a desejar regressar a esse tempo, em que não tinha
responsabilidade nem lucidez suficiente para avaliar o seu estado de espírito. No passado havia afeto, proteção, paz e tranquilidade, mas esse tempo e a
situação eufórica vivida são irrecuperáveis, como se percebe pelo adjetivo “perdida”.
3. O texto é suscetível de ser dividido em quatro partes: a primeira corresponde às três primeiras estrofes, em que se verifica a descrição do estado de
espírito do sujeito poético; na segunda, associada à quarta estrofe, sobressai a evocação da infância, por nesse tempo ele ter sido mais feliz; na quinta
estrofe, correspondente à terceira parte, o sujeito poético regressa de novo à reflexão e à emissão do desejo de acreditar em algo, como se essa crença
aliviasse a angústia mais sentida; no monóstico final, última parte, está inscrito o derradeiro pedido do “eu”, endereçado ao coração, por este ser,
eventualmente, a solução para a sua dor.
4.
a. As expressões “Transbordou da vasilha” (v. 3) e “pregas na alma!” (v. 9) exemplificam a metáfora e apontam para o excesso da angústia e para os
efeitos que ela produz, respetivamente.
b. A afirmação “que trago há séculos em mim” (v. 2) configura uma hipérbole, uma vez que dá conta da quantidade de tempo em que se sente neste
estado de espírito negativo, exagerando-o para acentuar a sua dor.
c. A anáfora está presente nos versos 1 e 2 (“Esta”) e também nos versos 4, 5 e 6. Enquanto na primeira situação, e através do deítico demonstrativo, se
presentifica a angústia, nos versos seguintes a anáfora é reveladora do modo como ela se manifesta.
d. A gradação presente em “Este quase, / Este poder ser que..., / Isto.” (vv. 12-14) ou em “Era feiíssimo, era grotesco” (v. 32) sugerem o crescendo do
abatimento que pode mesmo levar à anulação do “eu”, como se depreende na sua transformação em “Isto”.
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
12
5.1 De um modo geral, a pontuação “obriga” a uma declamação marcada por um ritmo pausado que reforça o pendor reflexivo do poema (como se
confirma na declamação do ator Virgílio Castelo). Particularmente, o ponto de interrogação reforça o desespero do sujeito poético; as reticências
expressam a hesitação, a indefinição e a ansiedade; o ponto de exclamação traduz a emotividade que assola o “eu”; o ponto final está ao serviço da
expressão da certeza dos factos enunciados; os dois pontos antecedem a explicação para a dicotomia “Estou alheio a tudo” e “igual a todos”.
6. O “eu” manifesta o desejo de encontrar uma solução para o seu drama interior que poderia passar pela crença numa “religião qualquer”, não
importando qual, desde que fosse consoladora. Reafirma ainda a vontade de “crer num manipanso qualquer”, o que evidencia a necessidade de
encontrar formas de ultrapassar ou atenuar a angústia que o domina. Note-se que a fé, a crença se inscreve num plano não racional e, portanto, assiste-
se à subordinação da razão à emoção, uma vez que o pensamento, a sua racionalidade e lucidez são a causa do sofrimento atual, ainda que tenha
consciência da impossibilidade de se libertar dessa angústia, como se percebe pela utilização do condicional “serviria” (v. 36).
7. Neste verso, o sujeito poético dirige-se ao coração, pedindo-lhe que estale pois só assim, dado que parece exprimir um desejo subtil de morte, poderá
pôr fim ao sofrimento. Este coração é de “vidro pintado”, logo é frágil, não servindo, por isso, para lhe dar a força necessária para ultrapassar a angústia
sentida.
89 Compreensão/Expressão
Oral
1.
− O orador é Richard Zenith.
− O objetivo é ler e comentar um dos últimos poemas de Álvaro de Campos.
− A partir de determinados versos, Richard Zenith tece alguns comentários que se prendem, por exemplo, com o facto de Pessoa afirmar não ser nada,
mas também poder ser tudo. Para este estudioso, Pessoa era o poeta do nada e do tudo e, por isso, ficou sempre “entre”.
− Explora ainda a afirmação que diz que “o coração é maior que o universo inteiro” e justifica-a, dizendo que realmente o coração é o ritmo da vida, é o
que sente tudo, até a própria existência.
Proposta de planificação da exposição oral:
Introdução: Justificação e tema da intervenção (resposta à atividade do Manual, sob solicitação do professor, com o objetivo de falar de Fernando
Pessoa).
Desenvolvimento: Informações relativas ao orador (Richard Zenith, especialista em Fernando Pessoa e galardoado com o prémio Pessoa em 2012. Poder-
se-á ainda disponibilizar o sítio: https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/premio-pessoa-2012-para-richardzenith-1577444, onde se encontra uma
notícia sobre a atribuição do referido prémio e informações mais detalhadas sobre o orador; aspetos abordados e sua importância para a compreensão
da heteronímia pessoana.
Conclusão: Contributos deste tipo de tarefas para o estudo de obras e pessoas.
89 Escrita Pessoa e os heterónimos (proposta de texto)
A complexidade e a riqueza intelectual de Fernando Pessoa fizeram-no, desde muito cedo, imaginar “outros”, através dos quais pudesse
exprimir os seus pensamentos, “dando à luz”, numa fase mais tardia, aqueles a quem deu total autonomia: Caeiro, Reis e Campos.
Pessoa concedeu a estes três heterónimos uma identidade e estilos próprios, tornando-os distintos entre si e de si, demarcando-se das suas
posições e anulando-se para lhes dar voz. Ao primeiro dotou-o da instintividade e primitivismo típicos de alguém pouco culto academicamente e que
privilegia as sensações em detrimento do pensamento bem como a ruralidade à cidade. Ao segundo fê-lo clássico, pagão, latinista, adepto do epicurismo
e do estoicismo. Ao terceiro deu-lhe a missão de ser o porta-voz do Modernismo e do Futurismo, mas também seu irmão quando chega à última fase
poética.
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
13
Distintos entre si, mas filhos do mesmo pai e pupilos do mesmo mestre, é normal que partilhem algumas disposições: Reis aproxima-se de
Caeiro no amor à Natureza e Campos no sensacionismo. Porém, se Pessoa quis unificar a cisão do seu “eu” através dos heterónimos, essa tentativa saiu
gorada pois estes estilhaçaram-no ainda mais, fazendo-o questionar a sua própria existência.
(191 palavras)
90 Informar/Escrita 1.
O texto reporta-se às três fases poéticas de Álvaro de Campos: a decadentista, exemplificada no poema “Opiário”; a futurista, visível em “Ode
triunfal”, e a última, a pessoal, já liberta de influências nítidas.
Sobre a segunda fase, a mais explorada, diz-se que ilustra a vitalidade, a estética não-aristotélica, o amor ao belo feroz, um estilo esfuziante,
com recurso ao verso livre, enumerações, apóstrofes, reiterações e interjeições. Neste estilo vertiginoso, Álvaro de Campos cultivou uma personalidade
que tudo integra em si e não respeita limites, elogiou as máquinas, a modernidade e a nova Humanidade.
Contudo, a partir de 1916, Campos cai no abatimento, na melancolia, aproximando-se de Pessoa no ceticismo, na dor de pensar e na nostalgia
da infância. Conclui-se que é na fase épica, a segunda, em que elogia as transformações decorrentes da modernidade, que Campos mais se aproxima de
Whitman e mais se afasta do seu criador e dos outros heterónimos.
(146 palavras)
91 Leitura 1. Trata-se de um texto de opinião em que o autor expõe o seu ponto de vista sobre o “linguajar dos mais e dos menos jovens”, baseando-se em
argumentos como o facto de não ser adequado o uso de determinados termos, mostrando que a língua portuguesa é rica e que, por isso, permite uma
diversidade vocabular não percecionada na atualidade. O autor recorre à ironia para fazer passar a sua mensagem de forma mais lúdica. Faz uso de uma
linguagem valorativa (depreciativa) e de recursos expressivos como a comparação, a metáfora e a hipérbole. Em termos linguísticos destaca-se o uso da
primeira pessoa gramatical, as frases declarativas e interrogativas, o presente do indicativo.
2.
a. “stôres” (l. 11)
b. “man” (l. 5)/”boy” (l. 20)
c. “papava” (l. 13)
92 Educação Literária Heterónimos
1. O heterónimo que mais se afasta de Fernando Pessoa é Alberto Caeiro, uma vez que, para este, a verdade se alcança no contacto com as coisas, sem
haver necessidade de as questionar. Assim, a verdade está na existência concreta.
93 Educação Literária Bernardo Soares
1. Bernardo Soares distancia-se menos do seu criador pelo facto de partilhar com ele vivências, alguns traços de personalidade e características poéticas.
Por isso, Soares é considerado um semi-heterónimo.
94 Compreensão do Oral 1.1
a. V
b. V
c. F – É composto por cerca de 500 textos.
d. F – Não há uma ação na obra. É constituída por textos independentes, sem nenhuma ligação entre eles.
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
14
e. V
f. F − Constitui uma reflexão sobre a alma humana.
g. V
h. F – Versa o desencanto que caracterizou o século.
i. V
2.1 [B]
2.2 [D]
2.3 [B]
94 Informar 1.1 [D]
1.2 [A]
97 Leitura 1. [A]
2. [B]
3. [A]
4. [D]
5. [B]
6. Complemento indireto.
7. “de Cesário Verde” (l. 19).
98 Informar 1.
a. Imaginário urbano: “breves episódios de rua, cenas de escritório, encontros de restaurante ou de café −, embora transfigurada por um devaneador” (ll.
3-5); “O comércio dá-lhe ainda assim bons pretextos para imaginar” (ll. 13-14).
b. quotidiano: “rotina da vida quotidiana” (l. 2).
c. deambulação e sonho: o observador acidental: “breves episódios de rua, cenas de escritório, encontros de restaurante ou de café” (ll. 3-4); “Amigo,
como Cesário, de vaguear pela Baixa pombalina” (l. 20).
2. O Livro do desassossego é escrito em prosa poética, tem um caráter reflexivo e de devaneio.
99 Educação Literária 1. Perante a observação do espaço diurno (“ruas tristes”, l. 3), o narrador manifesta uma visão negativa que se coaduna com a sua própria tristeza (“Por
ali arrasto, até haver noite, uma sensação de vida parecida com a dessas ruas.”, ll. 8-9). No entanto, é com o espaço noturno que ele se identifica, pela
ausência de “bulício” que o caracteriza. A cidade é “nada”, de dia (“cheias de um bulício que não quer dizer nada”, l. 10) e de noite (“cheias de uma falta
de bulício que não quer dizer nada”, ll. 10-11); o “eu”: “de dia sou nulo, e de noite sou eu.” Assim, estabelece-se um paralelismo entre o espaço diurno e
noturno, mas um contraste no modo de o sujeito sentir esses espaços.
2. Soares e Cesário Verde dispõem da mesma matéria − a cidade e os seus elementos, apreendidos muitas vezes pela observação.
3. A observação do quotidiano exterior permite ao narrador manifestar o seu estado de alma, de tristeza e amargura. No entanto, ele é capaz de se
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
15
distanciar desse espaço citadino e de tecer uma reflexão de teor mais racional, ao afirmar: “sobe-me da alma à mente uma tristeza de todo o ser” (ll. 16-
17), que o leva a concluir acerca da sua incapacidade de ação em face dessa mesma realidade.
4. A deambulação permite ao narrador a observação atenta da cidade e a reflexão sobre os sonhos, que ele vê como externos a si próprio e que marcam
o seu tédio existencial – por isso os recusa, ao afirmar “os não querer” (ll. 19-20). O barulho do elétrico e a voz do apregoador são convocados por serem
também elementos externos ao sujeito.
100 Educação Literária 1. Ao deambular pela cidade, o narrador assume-se como um mero observador do quotidiano concreto e realça, na paisagem que observa, um homem
que caminha à sua frente. Reparar nesta personagem dá origem a um discurso de devaneio, que adquire significações metafóricas em torno da condição
humana.
2. A oposição consciência/inconsciência corresponde à oposição entre o “eu” e “os outros” – o “eu” está acordado, é consciente, enquanto “os outros”
(representados pelo homem de costas, “o inconsciente a quem sigo”, l. 16) permanecem adormecidos porque são inconscientes (“não têm consciência de
nada, porque não têm consciência de ter consciência.”, ll. 22-23).
3. A caracterização do espaço e das figuras que o habitam é feita através do recurso à 3.ª pessoa do singular (“Eram as costas…”, l. 4, “levava uma pasta”,
ll. 5-6). Esta dá, depois, lugar à 1.ª pessoa e a um discurso subjetivo ao passar para o plano do pensamento, o que é desencadeado pela interpretação do
real que o narrador observa (“Senti nele a ternura que se sente pela comum vulgaridade humana”, ll. 8-9). O segmento “Volvi os olhos para as costas do
homem, janela por onde vi estes pensamentos” (l. 27) ilustra essa tendência.
4. Bernardo Soares observa o homem de costas, vê nele o homem banal, o quotidiano banal de muitos outros (“tudo isto é o mesmo que ele”, ll. 16-17), e
é essa observação do real citadino que desencadeia o seu pensamento reflexivo e o leva a tecer considerações de caráter generalizante: “não têm
[aqueles que passam] consciência de nada, porque não têm consciência de ter consciência” (ll. 22-23). Os segmentos: “Vejo-os a todos através de uma
compaixão de consciente, os pobres diabos homens, o pobre diabo humanidade” (ll. 41-43) e “Uns inteligentes, outros estúpidos, são todos igualmente
estúpidos.” (ll. 23-24) ilustram o tédio e a melancolia que esse quotidiano desencadeia nele.
5. Metáfora que tem como núcleo o verbo dormir, para definir, neste contexto, uma situação de “sonolência” (“toda a vida é um sono”, l. 35), aqui
conotada com inconsciência (“vive inconsciente”, l. 34); assim, identificam-se implicitamente os homens (porque o “homem de costas” é um símbolo),
por não serem fortes nem atuantes, com uma situação de inconsciência. Esta ideia é reforçada pela expressão “eternas crianças do Destino” (l. 37), já que
a infância é vista como o tempo da inconsciência.
6. O “EU”, observador acidental de um “ELE” (o homem que caminha de costas à sua frente), institui-se como um “NÓS” (“eu + ele”). Este “NÓS” é apenas
aparente, pois não há nada que os una. O homem adquire, de seguida, o estatuto de “personagem-tipo” – ele é visto como a síntese de TODOS OS
HOMENS que o “EU” observa todos os dias –, na medida em que representa simbolicamente a massa humana sem vontade nem determinação, a
“comum vulgaridade humana” (l. 9), com a qual o “eu” não se identifica, o que o leva a tecer considerações de caráter subjetivo.
7. A repetição do vocábulo “inconsciente” (l. 34) e a aliteração do /v/ imprimem um ritmo muito marcado à frase; no último parágrafo, a construção
paralelística “uns”/“outros” acentua um ritmo binário que confere ao discurso uma musicalidade que, sendo mais característico da poesia, é distintiva da
prosa de Bernardo Soares.
8. Valor de simultaneidade.
9. Coesão lexical por substituição (sinonímia).
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
16
10.
a. Valor aspetual perfetivo.
b. Valor aspetual genérico.
102 Educação Literária 1.1 Bernardo Soares põe em oposição a metafísica, aquilo que nele é qualquer coisa de espontâneo, e aquilo que é natural e que caracteriza a obra de
Caeiro, acabando por referir que viver/conhecer através das sensações pode ser uma forma de purificação (“limpam-me de toda a metafísica”, l. 10).
1.2 A reiteração do verso “Sou do tamanho do que vejo” (l. 7) põe em relevo o modo como Caeiro apreende o real – através da visão – e a admiração que
Soares nutre por ele (“como uma inspiração”, ll. 1-2). A citação deste verso desencadeia em Soares uma meditação de caráter existencial que realça a
reflexão sobre o ser, exercendo sobre ele uma sensação de liberdade (“sou livre”, l. 13), de segurança (“com uma segurança”, l. 20), de paz e de
tranquilidade (“cai a paz indecifrável”, l. 28).
2. A repetição ao nível da estruturação sintática da frase (“[…] de erguer os braços e gritar […] de dizer palavras […] de afirmar uma nova realidade […]”) e
a sua extensão conferem ao texto um ritmo forte, muito marcado, que se coaduna com o estado de espírito de euforia do narrador “Tenho vontade de
[…]”.
103 Leitura 1. Fernando Pessoa revela ser um homem conversador, dinâmico, amante da poesia e da escrita, vivendo um período de dificuldades financeiras.
2. A existência de várias entradas, correspondentes a vários dias, demonstram a ordenação cronológica; os temas abrangem a poesia e a escrita, as
amizades, os contactos pessoais e profissionais, a situação económica; a ligação ao quotidiano decorre do teor das informações dadas dia a dia e das
deslocações efetuadas. O recurso ao pretérito perfeito do indicativo é uma das marcas de narratividade; o discurso pessoal é visível no uso da 1.ª pessoa
nas formas verbais e nos pronomes pessoais (“eu”, “me”).
103 Escrita O diálogo entre as personagens desenvolve-se de forma monótona, abordando temas relativos à literatura (a referência a Orpheu e à escrita),
mas também abordando banalidades, como o emprego modesto ou a dificuldade em andar.
Esta monotonia, acentuada pelo fumo constante do tabaco, é reforçada pelo cenário escuro, degradado – quer das ruas ou das casas que se
avistam da janela quer do próprio quarto onde Bernardo Soares habita. É de destacar o jogo de sombras e de luz, conferindo uma tonalidade de tristeza,
visível também no rosto crispado e na dificuldade em encarar a luz ao abrir a janela do quarto. O plano das escadas dá a ideia de um labirinto, o que se
coaduna com o estado de espírito da personagem, que confessa o seu desalento. Os efeitos sonoros são quase inexistentes, excetuando o barulho da
porta que se fecha (o que também é representativo deste ambiente fechado e solitário) ou do chá que é servido, pondo, assim, em destaque o texto.
A articulação com os fragmentos estudados é visível nas falas das personagens (Soares afirma que só consegue escrever fragmentos) e nas
temáticas abordadas: o desalento, a reflexão de caráter existencial, a descrença em Deus.
(197 palavras)
104 Informar 1. O recurso à imagem e a um discurso conotativo e simbólico fazem do Livro do desassossego uma obra em prosa poética: a paisagem (“as coisas” que
povoam o espaço citadino) evoca imagens visuais que permitem ao autor criar uma outra realidade, um mundo imaginário.
2. O Cais de Sodré constitui uma parcela do real concreto que o sujeito observa e transfigura através da representação de imagens visuais,
nomeadamente quando ali vê um pagode chinês.
3. Complemento indireto.
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
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4. [D]
105 Educação Literária 1. O narrador considera que tudo no mundo é absurdo: o dinheiro, a procura da fama e de coisas de que não se gosta, o vestuário da rapariga, o forro dos
bancos do elétrico, as atividades por detrás da fabricação dessas peças, no fundo, toda a vida da sociedade, o que ilustra as incoerências do ser humano
que levam Soares a descrer nesse mundo, que considera sem sentido.
2. Através da observação do vestido da rapariga, o autor transporta-se para um outro mundo, decompondo o vestido, imaginando as fábricas, as
máquinas, os operários, as costureiras, as vidas domésticas e sociais de todos os implicados na criação do vestido. Este processo de transformação do real
é transmitido num registo poético em que sobressaem as enumerações (“as máquinas, os operários, as costureiras”, l. 18).
3. Reparar é assumido pelo narrador como um ato habitual, quotidiano (“conforme é meu costume”, ll. 8-9). Este olhar atento e demorado dá lugar à
imaginação. “Ver” é assim sinónimo de imaginação e leva-o a outros lugares (cf. ll. 29-31), como sucede com Cesário Verde em “O sentimento dum
ocidental”.
4. Para Bernardo Soares, “viver” significa “sonhar” − “Vivi a vida inteira.” (l. 32) transmite o cansaço do sujeito, por ter vivido tão intensamente pela
imaginação.
5. O quotidiano urbano, a deambulação, o sonho e a transfiguração poética do real.
107 Verificar 1.
a. Alberto Caeiro
b. Álvaro de Campos
c. Bernardo Soares
d. Ricardo Reis
e. Alberto Caeiro
f. Ricardo Reis
g. Alberto Caeiro
h. Álvaro de Campos
i. Bernardo Soares
j. Alberto Caeiro
2.
a. F − O heterónimo que apresenta uma evolução é Álvaro de Campos.
b. V
c. F − O poeta modernista e futurista é Álvaro de Campos.
d. F − Ricardo Reis aproxima-se de Fernando Pessoa dado recorrer regularmente ao pensamento, de modo a agir de forma racional para evitar as
emoções fortes.
e. V
f. F − A poesia de Reis apresenta regularidade estrófica e métrica, servindo-se, preferencialmente da ode.
g. V
h. V
i. F − Caeiro vive fundamentalmente o presente, recusando o passado e o futuro.
Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta
18
j. V
k. F − O sensacionismo de Campos afasta-se do de Caeiro, uma vez que o primeiro (Campos) intelectualiza as sensações, querendo experienciá-las na sua
plenitude.
l. V
m. V
n. V
o. F − Caeiro é o mestre, mas não faz qualquer juízo de valor (pelo menos nos seus poemas) sobre o Modernismo e/ou o Futurismo de Campos.

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  • 1. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 1 Página(s) Domínio / texto Cenário de resposta 58 Compreensão do Oral 1. a. Luís Castro b. Orienta a conversa fazendo perguntas. c. Mariana Gray de Castro: investigadora das Universidades de Oxford e Lisboa d. Clara Riso: diretora da Casa Fernando Pessoa 2. a. V b. F − A diretora da Casa Fernando Pessoa faz inicialmente uma síntese biográfica de Fernando Pessoa. c. F − O estudo é sobre Ricardo Reis e a sua relação com Alberto Caeiro. Relativamente às obras de Reis e de Horácio, Nuno Amado considera-as semelhantes na forma, mas não no conteúdo. d. V e. V f. F − O estudioso considera que essa explicação deve ser relativizada dada a extensão da obra que Pessoa diz ter sido escrita numa noite em 1914. 3. a. perspetiva b. argumentos 59 Informar 1. Ambos os textos exploram a questão da heteronímia de Fernando Pessoa, procurando explicitar esse conceito. 2. É no segmento pessoano citado que se vê essa consciência, concretamente em “que não são minhas, ou, se o são, o não conheço” (ll. 7-8). 3. Texto A – A “conjugação e cruzamento de vozes dialogais” (ll. 1-2); “o heterónimo (o outro) se distingue do ortónimo (o eu) […] tem uma identidade autónoma, com características psicológicas e ideológico-culturais próprias” (ll. 11-14); Texto B – “outros nomes, nomes diferentes de uma mesma pessoa” (ll. 3-4); “Na verdade, a ideia de ‘heterónimo’ corresponde a um desejo de desdobramento sem identidade: é exatamente uma representação, através de diferentes personagens, de diversas faces da mesma individualidade original, ou, então, a expressão de diferentes conceitos da vida de uma mesma personalidade” (ll. 10-14). 62 Informar 1. a. Histeroneurastenia e tendência para a despersonalização e simulação. b. Nasceu em 1889, em Lisboa. Tinha estatura média e olhos azuis, era loiro e frágil. Fez apenas a instrução primária e não exerceu qualquer profissão, tendo vivido de pequenos rendimentos, no campo, com uma tia-avó. Escrevia mal português. c. Surgiu “por pura e inesperada inspiração” (ll. 93-94). d. Nasceu em 1887, no Porto. Era baixo, forte, seco e moreno. Foi educado num colégio de jesuítas e recebeu uma formação latinista e semi-helenista. Foi médico e viveu no Brasil para onde se expatriou por ser monárquico. Escrevia com correção, mas era exageradamente purista. e. Surgiu de “uma deliberação abstrata” (l. 95). f. Nasceu em 1890, em Tavira. Era alto, magro, um pouco curvado, branco e moreno. Usava o cabelo apartado ao lado e monóculo. Recebeu uma educação vulgar de liceu, mas acabou por se formar em engenharia, primeiro mecânica e depois naval, em Glasgow, na Escócia. Escrevia razoavelmente.
  • 2. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 2 g. Surgiu de “um súbito impulso para escrever” (l. 96). h. Bernardo Soares, um semi-heterónimo que se parece em muitas coisas com Álvaro de Campos, correspondia a uma mutilação da personalidade do seu criador e, por isso, a sua prosa era igual à dele. i. Aparecia quando Fernando Pessoa estava cansado e sonolento. 64 Informar 1. a. C − “o verso livre e branco […] por vezes quase tocando a prosa” (ll. 4-6). b. B − “não quer saber de passado nem de futuro […] Vive feliz como os rios e as plantas” (ll. 4-5 e l. 7). c. A − “Ora Alberto Caeiro surge, precisamente, no momento em que era mister. Compelido a vencer o seu paulismo – isto é, a expressão genuína do seu subjetivismo lírico” (ll. 5-7). d. C − “e o que surpreende é a manutenção do mesmo tom, manso e fluente, com repetições insistentes” (ll. 8-9). e. B − “O certo, porém, é que é autor de poemas; e começa aqui o paradoxo da sua poesia” (ll. 12-13). f. C − “tem entre si e a Natureza o objeto do amor que lhe interceta a perceção pura” (ll. 12-13). g. B − “É sintomático da qualidade do seu espírito que o conteúdo da sensação lhe seja indiferente, que sublinhe o ato de ver” (ll. 18-20). h. A − “O súbito aparecimento de Alberto Caeiro, mostrando-lhe […] que a poesia […] tem de começar por ser a expressão sincera de estados de espírito sinceros” (ll. 15-16). i. D − “satisfaz-se calmamente com o manejo hábil de um número reduzido de vocábulos […] compensam de algum modo a falta de rima” (ll. 2-6). 65 Educação Literária 1. Atendendo a que o bucolismo consiste na exaltação da ruralidade, da ingenuidade e da simplicidade dos costumes, elogiando a beleza da Natureza e da vida campestre, pode percecionar-se no poema a alegria do sujeito poético que aceita a ordem natural das coisas: alude a vários elementos rurais e expressa o desejo de comunhão com a terra, as montanhas, as planícies, os rochedos e a erva. 2. O “eu” considera que as dualidades devem ser encaradas com naturalidade. Por isso, refere que a felicidade e a infelicidade devem coexistir para se poder ser natural (vv. 5-7); também na Natureza tem de haver dias de sol e de chuva (vv. 8 e 9); e o sentir e o pensar são inerentes ao ser humano, portanto têm de ser encarados normalmente. 3. O verso “E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre” (v. 18) evidencia que se deve aceitar a morte porque o dia também morre. Assim, fazendo o ser humano parte do Universo, a morte não pode causar estranheza, tal como está inscrito no último verso. 4. Alberto Caeiro é considerado o menos culto dos heterónimos, aquele que aceita calma e placidamente a ordem do mundo, que usa um vocabulário simples, limitado e repetitivo, aproximando-se da prosa no que se refere à forma e ao ritmo. Formalmente, verifica-se nos seus poemas uma grande irregularidade estrófica e métrica, para além da ausência da rima. Todos estes aspetos estão presentes no texto: o vocabulário é simples e repetitivo; as comparações recorrem a termos comuns; os versos não apresentam rima e evidenciam uma enorme variedade de sílabas métricas e as estrofes são irregulares. 5. Oração subordinada substantiva completiva. 6. Sujeito. 66 Educação Literária 1. O verso que melhor evidencia a importância dos sentidos para apreender o real é “Sei isto porque os meus sentidos mo mostram” (vv. 19 e 21). Aqui se percebe que graças aos órgãos sensoriais o “eu” conhece a realidade, reafirmando que só acredita naquilo que os seus sentidos lhe mostram, ou seja, só crê no que é real.
  • 3. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 3 2. O sujeito poético identifica-se com a Natureza, pois ambos têm uma existência real, ambos se definem do mesmo modo – “Sei que a pedra é a real” (v. 17); “Sei que sou real também” (v. 20) – percebendo-se que, perante esta identificação, não será necessário acrescentar mais nenhuma informação, pois nada mais será necessário: “Que mais há a dizer?” (v. 33). 3. A anáfora presente ao longo do poema permite pôr em relevo as ideias simples que o sujeito poético tem e defende, bem como a sua ingenuidade e o tom coloquial usado. A anáfora espelha também a necessidade que o “eu” tem de convencer e/ou convencer-se da importância do conhecimento adquirido pelos sentidos e pelo contacto concreto com a realidade. 4. A interrogação retórica assume um caráter provocatório e tem o intuito de fazer o leitor refletir acerca dos sentidos ocultos que se procuram nas coisas. No fundo, com a interrogação final, o sujeito poético expõe a sua filosofia de vida, que consiste em amar o natural e em sentir-se mais um dos elementos que integram a Natureza e o Universo, criticando, indiretamente, os que veem ou querem ver além da realidade. 67 Educação Literária 1. O sujeito poético transforma os pensamentos em sensações (“os meus pensamentos são todos sensações”), anulando a oposição entre sentir e pensar, dando primazia ao sentir e à apreensão da realidade pelas sensações. O sentido das coisas obtém-se pelas sensações, por isso “Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la” (v. 7). 2. Quando o “eu” afirma “Penso com os olhos e com os ouvidos” (v. 4), “E com as mãos e os pés / E com o nariz e a boca” (vv. 5-6), percebe-se uma hierarquização das sensações, de acordo com o grau de conhecimento que elas permitem atingir. Assim, segundo o sujeito poético, a realidade é primeiro apreendida pela visão e pela audição, depois pelo tato (“as mãos e os pés”, v. 5) e, por fim, pelo olfato e pelo gosto. 3. O pensamento surge objetivado no verso “E comer um fruto é saber-lhe o sentido” (v. 8), em que se confere ao pensamento um estatuto concreto e em que ele é submetido ao primado da sensação, neste caso do gosto. 4. O sujeito poético mostra conhecer a realidade pelos sentidos e só estes lhe permitem alcançar a verdade. Por isso, o contacto direto com a Natureza é o que lhe permite abraçar a realidade, tal como se depreende dos versos 11-14. 5. A tristeza do sujeito poético resulta do gozo excessivo proporcionado pelas sensações e pelo contacto com a Natureza. Porém, o “eu” aceita essa tristeza com naturalidade, uma vez que provém do excesso de felicidade, a qual resulta da relação direta com a realidade (“Sinto todo o meu corpo deitado na realidade”). 6. Justifica-se pela oração introduzida por uma conjunção subordinativa “quando”. 7. “dia” 8. Derivação por sufixação 67 Escrita 1. Introdução: Caeiro, o heterónimo considerado o mestre. Desenvolvimento: Vive em permanente contacto com a Natureza (bucolismo) e apreende a realidade através dos sentidos, recusando questionar a existência do que o rodeia e aceitando a ordem natural do mundo, como a chuva e o sol, a felicidade e a infelicidade. No poema, o sujeito poético identifica-se com um guardador de rebanhos e com o próprio rebanho. Na imagem, destaca-se o pastor que, no meio do seu rebanho, contempla a Natureza, comungando daquela realidade que o faz feliz, tal como acontece ao sujeito poético.
  • 4. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 4 Conclusão: Espécie de compensação para o subjetivismo do criador, que viveu atormentado pela racionalidade excessiva. 69 Aplicar 1. [A] – [4]; [B] – [5]; [C] – [2]; [D] – [1]; [E] – [2]; [F] – [3]; [G] – [5]; [H] – [4]; [I] – [1]. 1.1. [A] – “foi” [B] – “Pensa-se” [C] – “Tens de” [D] – “importantíssima” [E] − “Não se deve” [F] – “Podem” [G] – “É provável” [H] – “Acredito” [I] – “Achei interessante” 2. a. “felizmente já vai sendo corrente entre nós”. (ll. 10-11) b. “Uma obra como esta deve ser lida por estudantes e estudiosos”. (l. 5) c. “A obra História crítica da literatura portuguesa, composta por nove volumes está finalizada.” (ll. 1-2) d. “talvez não naquelas que se preocupam apenas com a ´espuma (editorial) dos dias’”. (ll. 7-8) 70 Leitura 1. a. V b. F c. V d. V e. F f. V 71 Compreensão do oral 1. a. V b. F – São apresentados aspetos biográficos. c. F – Afirma-se que foi o pioneiro. d. V e. V f. F – Adota uma atitude de tranquilidade em face do destino e da vida. g. V
  • 5. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 5 h. F – Por detrás da aparente calma de Reis está a inquietude de conhecer e de se realizar. i. V j. V k. F – Os símbolos por ele utilizados remetem para a brevidade da vida. l. V m. F – O código de conduta visa ensinar a viver entre o gozo dos prazeres e atenuação do sofrimento. n. V o. F – Reis acredita que os deuses são irreais e reais: irreais, porque não são realidades; reais, porque são abstrações concretizadas. p. V q. V r. F – Hermes é o deus da comunicação, o mensageiro, a divindade dos limites, o deus das encruzilhadas, dos ladrões e do comércio. s. V t. V 71 Expressão Oral O aluno poderá referir: − a sensibilização para o estudo do autor; − a possibilidade de obter informação de uma forma mais rápida e motivadora; − o acesso a imagens e a informação mais variada, como alguns poemas do autor em análise; − o confronto entre a informação veiculada no documento vídeo e outra resultante de estudos críticos e analíticos; − … 72 Educação Literária 1. O poema apresenta como assunto o convite endereçado pelo sujeito poético a Lídia, a mulher amada, para que ambos vivam uma relação tranquila, que não envolva sentimentos fortes, de modo a evitar o sofrimento que a morte pode provocar a cada um deles, permanecendo apenas, depois dela, uma memória suave. 2. O verso parentético funciona como um aparte no qual o sujeito poético parece intensificar o pedido que dirige a Lídia, embora tente banir, depois, esse mesmo desejo de união. Com efeito, o “eu” tem consciência da inutilidade desses momentos pontuais, dada a fugacidade da vida e o seu fim inexorável, condição que afeta todos os mortais. 3. A apóstrofe presente em “Lídia” (verso 1) está ao serviço do apelo endereçado pelo “eu” à sua companheira. Este apelo é reforçado pelo recurso ao imperativo (“Vem”, v. 1) e ao conjuntivo com valor exortativo (“fitemos”, “aprendamos”, v. 2), pois o sujeito poético pretende persuadir o seu interlocutor a aceitar as suas propostas. 4. A gradação está presente na sequência “te arda ou te fira ou te mova” (v. 26), na qual se encontra também uma enumeração, e pretende realçar os efeitos cada vez mais intensos que decorrerão da morte do sujeito; a metáfora ocorre em expressões como “Nem fomos mais do que crianças” (v. 28) e “pagãos inocentes” (v. 24), sugerindo a inocência ou a pureza de comportamentos. 5.1 O “rio”, recorrente ao longo do poema, remete para o fluir da vida, o caminhar inexorável para a morte. O “Fado” evidencia a força superior aos próprios deuses. As “flores” no regaço sugerem a fragilidade e o desapego dos bens materiais. A “sombra” e o “barqueiro sombrio” são ambos símbolos da morte. A “sombra” representa a transição da vida corpórea para a anímica, estando essa transição figurada no “barqueiro sombrio”, Caronte, que fazia a travessia do rio Estiges, levando os mortos para o Além.
  • 6. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 6 6. Palavras como “aprendamos” (v. 2), “pensemos” (v. 5), “lembrar-te-ás” (v. 25) e “memória” (v. 31) têm um valor que semanticamente se associa ao uso do intelecto, da racionalidade. 7. A fugacidade da vida e a iminência da morte são as maiores preocupações do sujeito poético, daí que ele insistentemente recuse as grandes paixões e preocupações e o justifique com a necessidade de evitar o sofrimento quando a morte chegar. O pedido para desenlaçarem as mãos é revelador desse medo. 8. Na primeira parte, que corresponde às duas primeiras estrofes, o sujeito poético manifesta o desejo de gozar o momento presente na companhia da sua amada, sentando-se à beira do rio e fitando-o de mãos enlaçadas. A segunda parte (estrofes 3 a 6) é o momento em que o “eu” pede à amada para desenlaçarem as mãos, porque devem evitar-se as grandes paixões (amor ou ódio), permanecendo simplesmente sentados “ao pé um do outro”, amando-se tranquilamente. É na terceira parte (duas últimas estrofes) que o sujeito poético justifica a renúncia aos fugazes prazeres da vida, afirmando que, não sendo “mais do que crianças” (v. 28), os dois evitarão o sofrimento causado pela antevisão da morte, conservando a serenidade. 9. O classicismo é visível, a nível temático, na crença nos deuses e na mitologia pagã, na crença no destino, na utilização de símbolos que remetem para a consciência da brevidade da vida e a inexorabilidade da morte. A nível formal, a preferência pela ode, pela sintaxe alatinada e pelo vocabulário impregnado de termos latinizantes, com recurso à anástrofe, à gradação, à metáfora. 10. Lídia é elevada à categoria de musa, sendo que a expectativa do sujeito lírico é a de que ela seja platonicamente distante, alheia, descomprometida e, à sua semelhança, espetadora do mundo. 11. a. estamos, fica, deixa, regressa, vai, vale, passamos, levantam, dão, cremos enlaçamos, beijamos b. lembrar-te-ás, terei, ser-me-ás c. fitemos, aprendamos, enlacemos, pensemos, desenlacemos, gozemos, amemo-nos, colhamos, suavize, arda, fira, mova d. levares e. tivesse, quiséssemos 12. a. Oração subordinada substantiva completiva. b. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva. 12.1. Complemento direto. 74 Educação Literária 1. − viver sem inquietações, aceitando o destino (“Segue o teu destino”, v. 1); − não se questionar sobre o sentido da vida, vivendo em desprendimento e em tranquilidade (“Vê de longe a vida. / Nunca a interrogues”, vv. 16-17); − limitar-se a viver simplesmente, sem desejar mais do que o que se tem (“Viver simplesmente”, v. 13). 2. A realidade está dependente do destino, por isso pode ser ou não aquilo que se espera. Nós somos sempre iguais e seremos o que quisermos ser, desde que nos limitemos a alcançar apenas o que nos está reservado. Efetivamente, encena-se uma vivência, uma vez que se obedece a códigos de conduta e a princípios ou a orientações que limitam uma vivência verdadeira, autêntica, mas de mera contemplação e de aceitação, obedecendo a regras sociais ou outras que nos são impostas.
  • 7. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 7 3. O sujeito poético afirma que a resposta para a vida está “além dos Deuses”, mas também nos aconselha a imitá-los (“Imita o Olimpo”, v. 22). Logo, acima de nós estão os deuses, e acima de ambos está o destino, numa lógica destino – deuses – homens. 4. Ao querer viver calma e placidamente, sem nada questionar, o “eu” revela a consciência da mortalidade e abdica dos prazeres: adota, assim, uma postura típica do estoicismo, uma escola filosófica que crê na força determinista do destino e nos aconselha a aceitá-lo (“A resposta / Está além dos Deuses”, vv. 19-20). Já a encenação da mortalidade está subjacente ao conselho que o "eu" dá para que nos limitemos a viver e a ver de longe a vida, sem a interrogar, uma vez que a morte é iminente e irreversível. 75 Educação Literária 1. O sujeito poético condena não só os que têm os olhos postos no passado, porque “Veem o que não veem” (v. 2), mas também os que fitam o futuro, pois “veem / O que não pode ver-se”(vv. 3-4). Assim, percebe-se que, para o sujeito poético, estes comportamentos são ilusórios e condenáveis, o que o leva a demarcar-se e a perguntar “Porque tão longe ir pôr o que está perto” (v. 5). 2. Como se depreende da crítica feita a “uns” e a “outros”, o sujeito poético faz a apologia do presente, uma vez que construir a existência em função do passado ou do futuro é não viver. Apesar da brevidade do presente, é nele que o homem se realiza e é nele que pode alcançar a felicidade, daí que o conselho seja “Colhe / O dia, porque és ele” (vv. 7-8). 3. As formas verbais no presente servem o propósito de enfatizar o momento atual e delimitar unidades temporais mais restritas, de forma a estabelecer uma homologia entre o tempo presente e o ser humano. É como se o ser humano se diluísse no próprio tempo e fosse ele o tempo: “No mesmo hausto / Em que vivemos, morreremos. Colhe / O dia, porque és ele”. Remete ainda para a intemporalidade dos conselhos dados pelo “eu”. 4. Como marcas clássicas evidenciam-se o carpe diem (aproveita o dia), a consciência da efemeridade da vida e a eminência da morte, o caráter moralista, recorrendo-se ao imperativo. Ao nível estilístico, destaca-se a isometria (regularidade métrica) e a regularidade estrófica, as construções sintáticas alatinadas (recurso às anástrofes e ao hipérbato), o uso da primeira pessoa do plural. 5. A passagem da nuvem branca parece ser inútil, uma vez que o sujeito poético afirma que ela é “fugidia” (“inútil nuvem fugidia” – v. 2) e que apenas ergue instantaneamente um “sopro arrefecido” entre os campos. Além disso, a sua inutilidade acaba por se tornar ainda mais evidente nos efeitos nefastos que produz no “eu”. 6. A passagem da nuvem suscita no “eu” poético uma espécie de autoanálise que o leva a comparar esta passagem à ideia que povoa a sua alma e lhe enegrece a mente, revelando que a racionalização excessiva lhe traz sofrimento e dor, dado que a ideia é perturbadora, altera a sua tranquilidade, tal como a nuvem branca produz efeitos negativos na terra pela sua passagem, ainda que breve. 7. A personificação é suscitada pela utilização do adjetivo “Solene” para caracterizar a nuvem e a sua passagem, conferindo-lhe um estatuto humano e, por isso, desencadeando efeitos concretos no sujeito poético. A anástrofe é também visível nos versos 1 e 2, uma vez que a ordem direta seria “A inútil nuvem branca fugidia passa solene sobre a fértil terra”. O objetivo é destacar, primeiro, as características do objeto que vai ser alvo da descrição do “eu” porque são elas que refletem as suas atitudes. A aliteração é visível, por exemplo, no verso 4 em que o som /r/ (“um sopro arrefecido”) sugere o barulho produzido pela passagem da nuvem bem como o efeito negativo que ela produz no sujeito poético. 75 Escrita 1. A imagem apresenta um rosto indefinido e o contorno de um chapéu colocado numa cabeça que, imediatamente, associamos a Fernando Pessoa. No lugar do rosto está um espaço, uma espécie de rua cercada de muros altos, com portas laterais à direita, com um fundo escuro. À esquerda, no muro, está uma janela que, pela cor clara, parece deixar ver o espaço exterior. Nesta rua encontram-se figuras humanas masculinas, dispostas num plano que vai do particular para o geral, sendo que há três silhuetas mais percetíveis e uma, ao fundo, menos clara. Parece representar-se nesta imagem a fragmentação daquele que vive os heterónimos na sua mente, ou seja, a figura de Fernando Pessoa que, como
  • 8. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 8 sabemos, povoou a sua vida de outros “eus” ou outros seres, mais autênticos que ele próprio. Por isso, facilmente se identificam os seus três principais heterónimos na posição mais próxima, sendo que o que se encontra mais distante tanto pode ser o seu semi-heterónimo Bernardo Soares como o próprio Pessoa. Este tipo de representação da heteronímia pessoana é bastante sugestiva, dado que permite perceber que os heterónimos são representações mentais mas também configurações autênticas daquele que se “outrou” e viveu várias entidades. (196 palavras) 76 Informar 1.1 [B] 1.2 [C] 1.3 [A] 78 Compreensão do Oral 1. a. sentir; b. fragmentado; c. sensações; d. novo; e. humanidade; f. deuses; g. emoção; h. infância; i. técnica; j. nenhuma; k. desejou; l. esqueceu; m. deprimido; n. moderno; o. metafísicas; p. sonhos; q. abarcar; r. sentido; s. contemporâneo; t. moderno; u. inefável. 79 Informar 1. [A] − [6] [B] − [4] [C] − [9] [D] − [2] [E] − [10] [F] − [7] [G] − [12] [H] − [8] [I] − [5] [J] − [3] 86 Educação Literária 1.1 O sujeito poético encontra-se num ambiente fabril, afirmando “À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica”. (v. 1) 1.2 O “eu” estabelece uma relação contraditória com esse ambiente. Se, por um lado, parece apreciar a beleza da fábrica, por outro, essa realidade provoca-lhe dor: “À dolorosa luz” (v. 1). 2.1 O sujeito poético afirma que tem os lábios secos (v. 10) e que lhe arde a cabeça (v. 12). Este mal-estar parece ser causado pelos movimentos “em fúria” e pelos “ruídos” que soam “demasiadamente de perto” (v. 11). 2.2 Para este estado de alucinação concorrem sensações gustativas (“Tenho os lábios secos”, v. 10), auditivas (“ó grandes ruídos modernos, / De vos ouvir demasiadamente de perto”, vv. 10-11), táteis (“E arde-me a cabeça”, v. 12) e visuais ("e olhando os motores", v. 15), que são a “expressão de todas as […] sensações” daquele que elogia a contemporaneidade de forma alucinante. 2.3 Uma nova conceção de Belo é preconizada pelos modernistas e é visível nestas estrofes de Álvaro de Campos. Com efeito, depois de fazer referência aos barulhos típicos da modernidade e da sociedade industrializada, o “eu” vai avaliar positivamente os seus efeitos, afirmando que estes funcionam como
  • 9. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 9 “um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma” (v. 26); por outro lado, também os versos 32 e 33 expressam uma euforia que resulta de ver beleza onde tradicionalmente se via o feio, como é o caso de sentir “os perfumes de óleos e calores e carvões” (v. 31). 3.1 Atendendo a que a modernidade também apresenta aspetos perversos, o “eu”, enquanto ser totalizante, dá conta de tudo o que faz parte integrante dessa modernidade. Por isso, o “eu” enumera vários tipos sociais e personagens da era industrial, revelando o seu interesse por todas as realidades e sensações que o cercam. Desta forma se justifica a enumeração dos diferentes tipos sociais como “comerciantes”, “vadios”, “escrocs”, “aristocratas”, “esquálidas figuras dúbias”, “chefes de família”, “cocottes”, “burguesinhas”, “pederastas”, “gente elegante que passeia”, “caixeiros-viajantes”. 3.2 Na estrofe 9 referem-se as “corrupções políticas”, os “escândalos financeiros e diplomáticos”, as “agressões políticas”, um “regicídio”. Já a estrofe 10 trata questões sociais, concretamente as diferentes notícias jornalísticas, bem como os avanços tipográficos, sendo tudo alvo de elogio, e gerador do delírio do “eu”. Porém, e apesar de todo o poema constituir um elogio à modernidade, os aspetos salientados representam também alguns dos resultados negativos da sociedade industrializada. 4.1 No poema, o “eu” elogia o belo feroz, por isso exalta tudo o que simboliza a modernidade e a era industrial moderna, ao ponto de, depois de enumerar alguns aspetos negativos, concluir: “Que importa tudo isto, mas que importa tudo isto / Ao fúlgido e rubro ruído contemporâneo, / Ao ruído cruel e delicioso da civilização de hoje?” (vv. 207-210). 4.2 A dimensão épica decorre do facto de o poema ‘cantar’ a civilização industrial, referir os pensadores da Antiguidade como responsáveis pela preparação da era moderna e exaltar as transformações operadas. 4.3 - Apóstrofe, por exemplo, “Ó rodas, ó engrenagens” (v. 5), “ó grandes ruídos modernos” (v. 10). - Anástrofe: “Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão” (v. 20); “E falava com Aristóteles, que havia de não ser discípulo dele.” (v. 133). - Aliteração do som /f/ “Em fúria fora e dentro de mim” (v. 7), “de ferro e fogo e força” (v. 16). - Anáfora: “Por todos os meus nervos dissecados fora, / Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!” (vv. 8-9). - Enumeração: “Couraças, canhões, metralhadoras, submarinos, aeroplanos!” (v. 104); “Ó fábricas, ó laboratórios, ó music-halls, ó Luna-Parks, / Ó couraçados, ó pontes, ó docas flutuantes” (vv. 113-114). - Metáfora: “E arde-me a cabeça” (v. 12), “Fauna maravilhosa do fundo do mar da vida!” (v. 181), “A luz do sol abafa o silêncio das esferas” (v. 186). - Gradação: “Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando” (v. 24).
  • 10. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 10 - Personificação: “Do tumulto disciplinado das fábricas” (v. 39), “Progressos dos armamentos gloriosamente mortíferos!” (v. 103). - Onomatopeia: “r-r-r-r-r-r-r eterno!” (v. 5), “ Z-z-z-z-z-z-z-zz-z-z-z!” (v. 239). Impera, por isso, no poema um ritmo torrencial, feroz, vivo, onde surgem em catadupa as diferentes realidades captadas por um “eu” em plena histeria de sensações. 4.4 O sensacionismo é levado ao paroxismo, uma vez que o “eu” afirma querer sentir tudo de todas as maneiras e, extasiado, deseja “poder exprimir-[se] todo como um motor se exprime! / Ser completo como uma máquina! / Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!” (vv. 26-28), ou poder “morrer triturado por um motor / Com o sentimento de deliciosa entrega duma mulher possuída” (vv. 134-135), assumindo mesmo uma atitude sadomasoquista só para aceder a “tudo com que hoje se constrói, com que hoje se é diferente de ontem!” (v. 101). O ritmo alucinante sugere a euforia do sujeito poético e a sua quase devoção à modernidade e às transformações, boas e más, operadas pela civilização industrial em que este se insere. 4.5 O tema é a exaltação da modernidade e dos aspetos com ela relacionados, aspetos que se anteveem no título (“Ode triunfal”). A palavra “ode” significa canto elogioso, a que se acrescenta “triunfal”, que reforça ainda mais a magnitude desse elogio, que, neste caso, é dirigido à era moderna e industrial. 5. A modalidade epistémica encontra-se nas alíneas a. e d.; a modalidade apreciativa, nas alíneas b. e c.. 87 Educação Literária 1. O sujeito poético está num espaço rural, uma vez que afirma não haver ali eletricidade, vendo-se obrigado a ler “à luz de uma vela mortiça” (v. 2). Além disso, a única coisa “que estava à mão para ler” (v. 4) era a Bíblia, o que aponta para um ambiente cultural sobretudo marcado pela crença religiosa. Acresce ainda o facto de o “eu” realçar o “sossego excessivo” e de o aliar à “noite de província” (v. 7), confirmando-se, deste modo, o que vinha a ser anunciado desde o primeiro verso. 2. O sujeito poético sente-se emocionalmente debilitado, desolado, com vontade de chorar, entregando-se à reflexão e à autoanálise, levando a que “um grande mar de emoção” (v. 12) se ouvisse dentro dele. Pode dizer-se que o abatimento é agravado ou mesmo desencadeado pelo espaço e pelo tempo que o “eu” convoca: a província e a noite. Ora, o silêncio reinante e a escuridão são, normalmente, os melhores aliados da reflexão, pelo que o adensamento emotivo pode dever-se ao espaço e ao tempo. 3. As sensações que se destacam são a visual e a auditiva. A primeira é percetível no facto de se afirmar que ali não havia eletricidade, o que aponta para a escuridão, facto que é comprovado no verso “Por isso foi à luz de uma vela mortiça”. A sensação auditiva surge na referência ao “sossego” da noite, que contrasta com o “barulho” produzido no íntimo do sujeito poético (“Em torno de mim o sossego excessivo das noites de província / Fazia um grande barulho ao contrário”, vv. 7-8). 4. No verso está presente uma metáfora que sugere a enormidade, a dimensão do estado emotivo e das emoções que se apossaram do sujeito poético. 5. Como típico da modernidade, temos a referência à eletricidade e à paz reinante na província que permite perceber que contrastava com o bulício citadino a que o “eu” estaria habituado. O versilibrismo e o heteroestrofismo (verso livre e variedade estrófica, respetivamente) evidenciam-se, deixando antever o desprezo pelo rigor formal que sempre esteve associado à poesia tradicional. Como marcas temáticas de Campos, destacam-se o abatimento, a desilusão, a angústia existencial e a consciência da impossibilidade de realização por não ser nada (“Sou nada… / sou uma ficção…”, vv. 13-14), numa aproximação evidente ao ortónimo e que caracteriza a última fase de Campos.
  • 11. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 11 6. Como exemplos de marca deítica temporal temos as formas verbais usadas na primeira estrofe que remetem para o passado (“não havia”, “foi”, “li”) e que se opõem às usadas na segunda e apontam para o presente (“sou”, “ando”, “manda”). Deíticos que marcam a pessoa estão presentes não só em algumas formas verbais, mas especialmente nos pronomes pessoais “eu”, “me”, “mim”. Como indiciador do espaço, evidencia-se o advérbio com valor semântico de lugar “Ali”. 7. A forma verbal “Relia-a” (v. 11), conjugada pronominalmente, ilustra a coesão referencial por anáfora, dado que o pronome pessoal aí presente retoma o antecedente “A Primeira Epístola aos Coríntios” (v. 10). 8. A coesão interfrásica é visível no verso 2, mais precisamente na utilização do conector “Por isso”, que introduz a explicação para a afirmação anterior. 9. A forma verbal permite identificar o valor aspetual habitual, porque o facto de não haver luz é uma situação recorrente num período de tempo ilimitado. 89 Educação Literária 1. O sujeito poético manifesta uma enorme angústia, um intenso abatimento, sente um mal-estar que se vem intensificando na sua alma desde que começou a ter consciência de si (vv. 9 e 1-2). O sujeito deixou de ser capaz de conter e controlar a sua angústia, que se foi acumulando ao longo dos anos, sendo o sujeito poético obrigado a exteriorizá-la em lágrimas. Sente-se perturbado, e os sentimentos negativos que o assolam deixam-lhe “pregas na alma” (v. 9) e levam-no a coisificar-se, a transformar-se em algo de indefinido (v. 8) e a desejar “endoidecer deveras” (v. 10), sugerindo a entrada num estado misto de loucura e de lucidez: “Estou lúcido e louco”. 2. O estado angustiante, marcado por uma enorme ambivalência (a lucidez e a loucura; o sentir-se e o alhear-se; a realidade e o sonho), leva o sujeito poético a evocar o passado (nomeadamente a “velha casa”, símbolo da infância perdida) e a desejar regressar a esse tempo, em que não tinha responsabilidade nem lucidez suficiente para avaliar o seu estado de espírito. No passado havia afeto, proteção, paz e tranquilidade, mas esse tempo e a situação eufórica vivida são irrecuperáveis, como se percebe pelo adjetivo “perdida”. 3. O texto é suscetível de ser dividido em quatro partes: a primeira corresponde às três primeiras estrofes, em que se verifica a descrição do estado de espírito do sujeito poético; na segunda, associada à quarta estrofe, sobressai a evocação da infância, por nesse tempo ele ter sido mais feliz; na quinta estrofe, correspondente à terceira parte, o sujeito poético regressa de novo à reflexão e à emissão do desejo de acreditar em algo, como se essa crença aliviasse a angústia mais sentida; no monóstico final, última parte, está inscrito o derradeiro pedido do “eu”, endereçado ao coração, por este ser, eventualmente, a solução para a sua dor. 4. a. As expressões “Transbordou da vasilha” (v. 3) e “pregas na alma!” (v. 9) exemplificam a metáfora e apontam para o excesso da angústia e para os efeitos que ela produz, respetivamente. b. A afirmação “que trago há séculos em mim” (v. 2) configura uma hipérbole, uma vez que dá conta da quantidade de tempo em que se sente neste estado de espírito negativo, exagerando-o para acentuar a sua dor. c. A anáfora está presente nos versos 1 e 2 (“Esta”) e também nos versos 4, 5 e 6. Enquanto na primeira situação, e através do deítico demonstrativo, se presentifica a angústia, nos versos seguintes a anáfora é reveladora do modo como ela se manifesta. d. A gradação presente em “Este quase, / Este poder ser que..., / Isto.” (vv. 12-14) ou em “Era feiíssimo, era grotesco” (v. 32) sugerem o crescendo do abatimento que pode mesmo levar à anulação do “eu”, como se depreende na sua transformação em “Isto”.
  • 12. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 12 5.1 De um modo geral, a pontuação “obriga” a uma declamação marcada por um ritmo pausado que reforça o pendor reflexivo do poema (como se confirma na declamação do ator Virgílio Castelo). Particularmente, o ponto de interrogação reforça o desespero do sujeito poético; as reticências expressam a hesitação, a indefinição e a ansiedade; o ponto de exclamação traduz a emotividade que assola o “eu”; o ponto final está ao serviço da expressão da certeza dos factos enunciados; os dois pontos antecedem a explicação para a dicotomia “Estou alheio a tudo” e “igual a todos”. 6. O “eu” manifesta o desejo de encontrar uma solução para o seu drama interior que poderia passar pela crença numa “religião qualquer”, não importando qual, desde que fosse consoladora. Reafirma ainda a vontade de “crer num manipanso qualquer”, o que evidencia a necessidade de encontrar formas de ultrapassar ou atenuar a angústia que o domina. Note-se que a fé, a crença se inscreve num plano não racional e, portanto, assiste- se à subordinação da razão à emoção, uma vez que o pensamento, a sua racionalidade e lucidez são a causa do sofrimento atual, ainda que tenha consciência da impossibilidade de se libertar dessa angústia, como se percebe pela utilização do condicional “serviria” (v. 36). 7. Neste verso, o sujeito poético dirige-se ao coração, pedindo-lhe que estale pois só assim, dado que parece exprimir um desejo subtil de morte, poderá pôr fim ao sofrimento. Este coração é de “vidro pintado”, logo é frágil, não servindo, por isso, para lhe dar a força necessária para ultrapassar a angústia sentida. 89 Compreensão/Expressão Oral 1. − O orador é Richard Zenith. − O objetivo é ler e comentar um dos últimos poemas de Álvaro de Campos. − A partir de determinados versos, Richard Zenith tece alguns comentários que se prendem, por exemplo, com o facto de Pessoa afirmar não ser nada, mas também poder ser tudo. Para este estudioso, Pessoa era o poeta do nada e do tudo e, por isso, ficou sempre “entre”. − Explora ainda a afirmação que diz que “o coração é maior que o universo inteiro” e justifica-a, dizendo que realmente o coração é o ritmo da vida, é o que sente tudo, até a própria existência. Proposta de planificação da exposição oral: Introdução: Justificação e tema da intervenção (resposta à atividade do Manual, sob solicitação do professor, com o objetivo de falar de Fernando Pessoa). Desenvolvimento: Informações relativas ao orador (Richard Zenith, especialista em Fernando Pessoa e galardoado com o prémio Pessoa em 2012. Poder- se-á ainda disponibilizar o sítio: https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/premio-pessoa-2012-para-richardzenith-1577444, onde se encontra uma notícia sobre a atribuição do referido prémio e informações mais detalhadas sobre o orador; aspetos abordados e sua importância para a compreensão da heteronímia pessoana. Conclusão: Contributos deste tipo de tarefas para o estudo de obras e pessoas. 89 Escrita Pessoa e os heterónimos (proposta de texto) A complexidade e a riqueza intelectual de Fernando Pessoa fizeram-no, desde muito cedo, imaginar “outros”, através dos quais pudesse exprimir os seus pensamentos, “dando à luz”, numa fase mais tardia, aqueles a quem deu total autonomia: Caeiro, Reis e Campos. Pessoa concedeu a estes três heterónimos uma identidade e estilos próprios, tornando-os distintos entre si e de si, demarcando-se das suas posições e anulando-se para lhes dar voz. Ao primeiro dotou-o da instintividade e primitivismo típicos de alguém pouco culto academicamente e que privilegia as sensações em detrimento do pensamento bem como a ruralidade à cidade. Ao segundo fê-lo clássico, pagão, latinista, adepto do epicurismo e do estoicismo. Ao terceiro deu-lhe a missão de ser o porta-voz do Modernismo e do Futurismo, mas também seu irmão quando chega à última fase poética.
  • 13. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 13 Distintos entre si, mas filhos do mesmo pai e pupilos do mesmo mestre, é normal que partilhem algumas disposições: Reis aproxima-se de Caeiro no amor à Natureza e Campos no sensacionismo. Porém, se Pessoa quis unificar a cisão do seu “eu” através dos heterónimos, essa tentativa saiu gorada pois estes estilhaçaram-no ainda mais, fazendo-o questionar a sua própria existência. (191 palavras) 90 Informar/Escrita 1. O texto reporta-se às três fases poéticas de Álvaro de Campos: a decadentista, exemplificada no poema “Opiário”; a futurista, visível em “Ode triunfal”, e a última, a pessoal, já liberta de influências nítidas. Sobre a segunda fase, a mais explorada, diz-se que ilustra a vitalidade, a estética não-aristotélica, o amor ao belo feroz, um estilo esfuziante, com recurso ao verso livre, enumerações, apóstrofes, reiterações e interjeições. Neste estilo vertiginoso, Álvaro de Campos cultivou uma personalidade que tudo integra em si e não respeita limites, elogiou as máquinas, a modernidade e a nova Humanidade. Contudo, a partir de 1916, Campos cai no abatimento, na melancolia, aproximando-se de Pessoa no ceticismo, na dor de pensar e na nostalgia da infância. Conclui-se que é na fase épica, a segunda, em que elogia as transformações decorrentes da modernidade, que Campos mais se aproxima de Whitman e mais se afasta do seu criador e dos outros heterónimos. (146 palavras) 91 Leitura 1. Trata-se de um texto de opinião em que o autor expõe o seu ponto de vista sobre o “linguajar dos mais e dos menos jovens”, baseando-se em argumentos como o facto de não ser adequado o uso de determinados termos, mostrando que a língua portuguesa é rica e que, por isso, permite uma diversidade vocabular não percecionada na atualidade. O autor recorre à ironia para fazer passar a sua mensagem de forma mais lúdica. Faz uso de uma linguagem valorativa (depreciativa) e de recursos expressivos como a comparação, a metáfora e a hipérbole. Em termos linguísticos destaca-se o uso da primeira pessoa gramatical, as frases declarativas e interrogativas, o presente do indicativo. 2. a. “stôres” (l. 11) b. “man” (l. 5)/”boy” (l. 20) c. “papava” (l. 13) 92 Educação Literária Heterónimos 1. O heterónimo que mais se afasta de Fernando Pessoa é Alberto Caeiro, uma vez que, para este, a verdade se alcança no contacto com as coisas, sem haver necessidade de as questionar. Assim, a verdade está na existência concreta. 93 Educação Literária Bernardo Soares 1. Bernardo Soares distancia-se menos do seu criador pelo facto de partilhar com ele vivências, alguns traços de personalidade e características poéticas. Por isso, Soares é considerado um semi-heterónimo. 94 Compreensão do Oral 1.1 a. V b. V c. F – É composto por cerca de 500 textos. d. F – Não há uma ação na obra. É constituída por textos independentes, sem nenhuma ligação entre eles.
  • 14. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 14 e. V f. F − Constitui uma reflexão sobre a alma humana. g. V h. F – Versa o desencanto que caracterizou o século. i. V 2.1 [B] 2.2 [D] 2.3 [B] 94 Informar 1.1 [D] 1.2 [A] 97 Leitura 1. [A] 2. [B] 3. [A] 4. [D] 5. [B] 6. Complemento indireto. 7. “de Cesário Verde” (l. 19). 98 Informar 1. a. Imaginário urbano: “breves episódios de rua, cenas de escritório, encontros de restaurante ou de café −, embora transfigurada por um devaneador” (ll. 3-5); “O comércio dá-lhe ainda assim bons pretextos para imaginar” (ll. 13-14). b. quotidiano: “rotina da vida quotidiana” (l. 2). c. deambulação e sonho: o observador acidental: “breves episódios de rua, cenas de escritório, encontros de restaurante ou de café” (ll. 3-4); “Amigo, como Cesário, de vaguear pela Baixa pombalina” (l. 20). 2. O Livro do desassossego é escrito em prosa poética, tem um caráter reflexivo e de devaneio. 99 Educação Literária 1. Perante a observação do espaço diurno (“ruas tristes”, l. 3), o narrador manifesta uma visão negativa que se coaduna com a sua própria tristeza (“Por ali arrasto, até haver noite, uma sensação de vida parecida com a dessas ruas.”, ll. 8-9). No entanto, é com o espaço noturno que ele se identifica, pela ausência de “bulício” que o caracteriza. A cidade é “nada”, de dia (“cheias de um bulício que não quer dizer nada”, l. 10) e de noite (“cheias de uma falta de bulício que não quer dizer nada”, ll. 10-11); o “eu”: “de dia sou nulo, e de noite sou eu.” Assim, estabelece-se um paralelismo entre o espaço diurno e noturno, mas um contraste no modo de o sujeito sentir esses espaços. 2. Soares e Cesário Verde dispõem da mesma matéria − a cidade e os seus elementos, apreendidos muitas vezes pela observação. 3. A observação do quotidiano exterior permite ao narrador manifestar o seu estado de alma, de tristeza e amargura. No entanto, ele é capaz de se
  • 15. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 15 distanciar desse espaço citadino e de tecer uma reflexão de teor mais racional, ao afirmar: “sobe-me da alma à mente uma tristeza de todo o ser” (ll. 16- 17), que o leva a concluir acerca da sua incapacidade de ação em face dessa mesma realidade. 4. A deambulação permite ao narrador a observação atenta da cidade e a reflexão sobre os sonhos, que ele vê como externos a si próprio e que marcam o seu tédio existencial – por isso os recusa, ao afirmar “os não querer” (ll. 19-20). O barulho do elétrico e a voz do apregoador são convocados por serem também elementos externos ao sujeito. 100 Educação Literária 1. Ao deambular pela cidade, o narrador assume-se como um mero observador do quotidiano concreto e realça, na paisagem que observa, um homem que caminha à sua frente. Reparar nesta personagem dá origem a um discurso de devaneio, que adquire significações metafóricas em torno da condição humana. 2. A oposição consciência/inconsciência corresponde à oposição entre o “eu” e “os outros” – o “eu” está acordado, é consciente, enquanto “os outros” (representados pelo homem de costas, “o inconsciente a quem sigo”, l. 16) permanecem adormecidos porque são inconscientes (“não têm consciência de nada, porque não têm consciência de ter consciência.”, ll. 22-23). 3. A caracterização do espaço e das figuras que o habitam é feita através do recurso à 3.ª pessoa do singular (“Eram as costas…”, l. 4, “levava uma pasta”, ll. 5-6). Esta dá, depois, lugar à 1.ª pessoa e a um discurso subjetivo ao passar para o plano do pensamento, o que é desencadeado pela interpretação do real que o narrador observa (“Senti nele a ternura que se sente pela comum vulgaridade humana”, ll. 8-9). O segmento “Volvi os olhos para as costas do homem, janela por onde vi estes pensamentos” (l. 27) ilustra essa tendência. 4. Bernardo Soares observa o homem de costas, vê nele o homem banal, o quotidiano banal de muitos outros (“tudo isto é o mesmo que ele”, ll. 16-17), e é essa observação do real citadino que desencadeia o seu pensamento reflexivo e o leva a tecer considerações de caráter generalizante: “não têm [aqueles que passam] consciência de nada, porque não têm consciência de ter consciência” (ll. 22-23). Os segmentos: “Vejo-os a todos através de uma compaixão de consciente, os pobres diabos homens, o pobre diabo humanidade” (ll. 41-43) e “Uns inteligentes, outros estúpidos, são todos igualmente estúpidos.” (ll. 23-24) ilustram o tédio e a melancolia que esse quotidiano desencadeia nele. 5. Metáfora que tem como núcleo o verbo dormir, para definir, neste contexto, uma situação de “sonolência” (“toda a vida é um sono”, l. 35), aqui conotada com inconsciência (“vive inconsciente”, l. 34); assim, identificam-se implicitamente os homens (porque o “homem de costas” é um símbolo), por não serem fortes nem atuantes, com uma situação de inconsciência. Esta ideia é reforçada pela expressão “eternas crianças do Destino” (l. 37), já que a infância é vista como o tempo da inconsciência. 6. O “EU”, observador acidental de um “ELE” (o homem que caminha de costas à sua frente), institui-se como um “NÓS” (“eu + ele”). Este “NÓS” é apenas aparente, pois não há nada que os una. O homem adquire, de seguida, o estatuto de “personagem-tipo” – ele é visto como a síntese de TODOS OS HOMENS que o “EU” observa todos os dias –, na medida em que representa simbolicamente a massa humana sem vontade nem determinação, a “comum vulgaridade humana” (l. 9), com a qual o “eu” não se identifica, o que o leva a tecer considerações de caráter subjetivo. 7. A repetição do vocábulo “inconsciente” (l. 34) e a aliteração do /v/ imprimem um ritmo muito marcado à frase; no último parágrafo, a construção paralelística “uns”/“outros” acentua um ritmo binário que confere ao discurso uma musicalidade que, sendo mais característico da poesia, é distintiva da prosa de Bernardo Soares. 8. Valor de simultaneidade. 9. Coesão lexical por substituição (sinonímia).
  • 16. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 16 10. a. Valor aspetual perfetivo. b. Valor aspetual genérico. 102 Educação Literária 1.1 Bernardo Soares põe em oposição a metafísica, aquilo que nele é qualquer coisa de espontâneo, e aquilo que é natural e que caracteriza a obra de Caeiro, acabando por referir que viver/conhecer através das sensações pode ser uma forma de purificação (“limpam-me de toda a metafísica”, l. 10). 1.2 A reiteração do verso “Sou do tamanho do que vejo” (l. 7) põe em relevo o modo como Caeiro apreende o real – através da visão – e a admiração que Soares nutre por ele (“como uma inspiração”, ll. 1-2). A citação deste verso desencadeia em Soares uma meditação de caráter existencial que realça a reflexão sobre o ser, exercendo sobre ele uma sensação de liberdade (“sou livre”, l. 13), de segurança (“com uma segurança”, l. 20), de paz e de tranquilidade (“cai a paz indecifrável”, l. 28). 2. A repetição ao nível da estruturação sintática da frase (“[…] de erguer os braços e gritar […] de dizer palavras […] de afirmar uma nova realidade […]”) e a sua extensão conferem ao texto um ritmo forte, muito marcado, que se coaduna com o estado de espírito de euforia do narrador “Tenho vontade de […]”. 103 Leitura 1. Fernando Pessoa revela ser um homem conversador, dinâmico, amante da poesia e da escrita, vivendo um período de dificuldades financeiras. 2. A existência de várias entradas, correspondentes a vários dias, demonstram a ordenação cronológica; os temas abrangem a poesia e a escrita, as amizades, os contactos pessoais e profissionais, a situação económica; a ligação ao quotidiano decorre do teor das informações dadas dia a dia e das deslocações efetuadas. O recurso ao pretérito perfeito do indicativo é uma das marcas de narratividade; o discurso pessoal é visível no uso da 1.ª pessoa nas formas verbais e nos pronomes pessoais (“eu”, “me”). 103 Escrita O diálogo entre as personagens desenvolve-se de forma monótona, abordando temas relativos à literatura (a referência a Orpheu e à escrita), mas também abordando banalidades, como o emprego modesto ou a dificuldade em andar. Esta monotonia, acentuada pelo fumo constante do tabaco, é reforçada pelo cenário escuro, degradado – quer das ruas ou das casas que se avistam da janela quer do próprio quarto onde Bernardo Soares habita. É de destacar o jogo de sombras e de luz, conferindo uma tonalidade de tristeza, visível também no rosto crispado e na dificuldade em encarar a luz ao abrir a janela do quarto. O plano das escadas dá a ideia de um labirinto, o que se coaduna com o estado de espírito da personagem, que confessa o seu desalento. Os efeitos sonoros são quase inexistentes, excetuando o barulho da porta que se fecha (o que também é representativo deste ambiente fechado e solitário) ou do chá que é servido, pondo, assim, em destaque o texto. A articulação com os fragmentos estudados é visível nas falas das personagens (Soares afirma que só consegue escrever fragmentos) e nas temáticas abordadas: o desalento, a reflexão de caráter existencial, a descrença em Deus. (197 palavras) 104 Informar 1. O recurso à imagem e a um discurso conotativo e simbólico fazem do Livro do desassossego uma obra em prosa poética: a paisagem (“as coisas” que povoam o espaço citadino) evoca imagens visuais que permitem ao autor criar uma outra realidade, um mundo imaginário. 2. O Cais de Sodré constitui uma parcela do real concreto que o sujeito observa e transfigura através da representação de imagens visuais, nomeadamente quando ali vê um pagode chinês. 3. Complemento indireto.
  • 17. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 17 4. [D] 105 Educação Literária 1. O narrador considera que tudo no mundo é absurdo: o dinheiro, a procura da fama e de coisas de que não se gosta, o vestuário da rapariga, o forro dos bancos do elétrico, as atividades por detrás da fabricação dessas peças, no fundo, toda a vida da sociedade, o que ilustra as incoerências do ser humano que levam Soares a descrer nesse mundo, que considera sem sentido. 2. Através da observação do vestido da rapariga, o autor transporta-se para um outro mundo, decompondo o vestido, imaginando as fábricas, as máquinas, os operários, as costureiras, as vidas domésticas e sociais de todos os implicados na criação do vestido. Este processo de transformação do real é transmitido num registo poético em que sobressaem as enumerações (“as máquinas, os operários, as costureiras”, l. 18). 3. Reparar é assumido pelo narrador como um ato habitual, quotidiano (“conforme é meu costume”, ll. 8-9). Este olhar atento e demorado dá lugar à imaginação. “Ver” é assim sinónimo de imaginação e leva-o a outros lugares (cf. ll. 29-31), como sucede com Cesário Verde em “O sentimento dum ocidental”. 4. Para Bernardo Soares, “viver” significa “sonhar” − “Vivi a vida inteira.” (l. 32) transmite o cansaço do sujeito, por ter vivido tão intensamente pela imaginação. 5. O quotidiano urbano, a deambulação, o sonho e a transfiguração poética do real. 107 Verificar 1. a. Alberto Caeiro b. Álvaro de Campos c. Bernardo Soares d. Ricardo Reis e. Alberto Caeiro f. Ricardo Reis g. Alberto Caeiro h. Álvaro de Campos i. Bernardo Soares j. Alberto Caeiro 2. a. F − O heterónimo que apresenta uma evolução é Álvaro de Campos. b. V c. F − O poeta modernista e futurista é Álvaro de Campos. d. F − Ricardo Reis aproxima-se de Fernando Pessoa dado recorrer regularmente ao pensamento, de modo a agir de forma racional para evitar as emoções fortes. e. V f. F − A poesia de Reis apresenta regularidade estrófica e métrica, servindo-se, preferencialmente da ode. g. V h. V i. F − Caeiro vive fundamentalmente o presente, recusando o passado e o futuro.
  • 18. Sentidos 12, Unidade 2 – Fernando Pessoa, Heterónimos e Bernardo Soares Cenários de resposta 18 j. V k. F − O sensacionismo de Campos afasta-se do de Caeiro, uma vez que o primeiro (Campos) intelectualiza as sensações, querendo experienciá-las na sua plenitude. l. V m. V n. V o. F − Caeiro é o mestre, mas não faz qualquer juízo de valor (pelo menos nos seus poemas) sobre o Modernismo e/ou o Futurismo de Campos.