Este documento discute a alimentação adequada para gestantes, destacando os principais nutrientes necessários em cada trimestre, como ferro, cálcio e ácido fólico. Também fornece detalhes sobre a avaliação do ganho de peso e do IMC durante a gravidez, além de orientações gerais sobre refeições e atividade física.
1. UNICEUMA- CENTRO DE ENSINO UNIFICADO DO
MARANHÃO
ÁREAS DAS CIÊNCIAS DA SAÚDE
COORDENAÇÃO DO CURSO DE NUTRIÇÃO
2. DISCIPLINA : SEMINÁRIO TEMÁTICO
PROFESSORA : AFEF T. LABIDI
COMPONENTES:
Carlos
Francisco Eder
Gerrard Teixeira Soares da Silva
Kézia França
Maria de Lourdes P. Silva
4. GESTAÇÃO
A gestação é um período de maior demanda nutricional
do ciclo de vida da mulher, uma vez que envolve rápida
divisão celular e desenvolvimento de novos tecidos e
órgãos.
Os complexos processos que ocorrem no organismo
durante a gestação demandam uma oferta maior de
energia, proteínas, vitaminas e minerais para suprir as
necessidades básicas e formar reservas energéticas para
mãe e feto (VITOLO, 2008);
5. • necessidade de uma quantidade maior de calorias para
suprir o elevado gasto energético ocasionado pelo
aumento da Taxa de Metabolismo Basal (TMB) e para
formar os depósitos de energia dos tecidos materno e
fetal (BUTTE et al., 2004).
Custo energético de uma gestação - 85.000 kcal ou 300 kcal/dia 40
semanas de gestação;
ganho de peso materno de 12,5 kg, assumindo um recém-nascido
com peso entre 3 a 4 kg, depósito de 0,9 kg de proteína e 3,8 kg de
gordura e, finalmente, um aumento na Taxa do Metabolismo Basal
(AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION - ADA, 2008).
6. Avaliação Nutricional
Índice de Massa Corporal - IMC = peso (Kg) / altura² (m)
calcular o valor energético total (VET) diário, baseado na Taxa de
Metabolismo Basal (TMB) e no Fator Atividade (FA), somando a
energia extra convencionada em 300 Kcal/dia a partir do 2º trimestre
de gestação (RDA, 1989);
O Institute of Medicine (IOM, 2009) recomenda um acréscimo de 250
kcal/dia por todo o período da gestação;
7. GANHO DE PESO
Peso pré e/ou ganho de peso insuficiente:
aumento do risco de: BPN, mortalidade perinatal , neonatal e
infantil, retardo no crescimento intra-uterino.
Peso pré e/ou ganho de peso excessivo:
aumento do risco de: diabetes gestacional, dificuldades no
parto, risco ao feto no período perinatal, macrossomia, baixo
índice de Apgar, obesidade infantil, defeito no tubo neural
(independente do ácido fólico).
8. IMC
Método prático e de fácil interpretação; boa relação com massa
gorda. •
Limitações: edema, hipertrofia muscular, cifose; não discrimina
massas magras das gordas; diferenças corporais entre as etnias.
Gestante:
IMC - diagnóstico inicial da gestante: IMC pré- gestacional referido
ou o IMC calculado a partir de medição realizada até a 13ª semana
gestacional.
Não sendo possível: avaliação da gestante com os dados da
primeira consulta de pré-natal, mesmo que esta ocorra após a 13ª
semana gestacional.
11. Condutas segundo a avaliação do estado nutricional encontrado:
Baixo peso (BP): investigar história alimentar, hiperêmese gravídica, infecções,
parasitoses, anemias e doenças debilitantes; dar orientação nutricional, visando à
promoção do peso adequado e de hábitos alimentares saudáveis; remarcar
consulta em intervalo menor que o fixado no calendário habitual;
Adequado (A): seguir calendário habitual, explicar à gestante que seu peso está
adequado para a idade gestacional, dar orientação nutricional, visando à
manutenção do peso adequado e à promoção de hábitos alimentares saudáveis;
Sobrepeso e obesidade (S e O): investigar obesidade pré-gestacional, edema,
polidrâmnio, macrossomia, gravidez múltipla; orientação nutricional, visando à
promoção do peso adequado e de hábitos alimentares saudáveis, ressaltando que,
no período gestacional, não se deve perder peso; remarcar consulta em intervalo
menor que o fixado no calendário habitual. :
Pré-natal e Puerpério atenção qualificada e humanizada, 2005
12. COMPOSIÇÃO DO PLANO ALIMENTAR
IMC = Peso habitual antes da gestação (kg) / Altura (m)²
14. ENERGIA
Necessidades energéticas (maiores de 19 anos):
de 1600 a 2200 kcal, dependendo da atividade física.
RECOMENDAÇÃO (RDA 1989):
+ 300 kcal/dia a partir do 2º trimestre 50 kcal/kg/dia (para adolescentes
com menos de 14 anos) e 40 kcal/kg/dia (para adolescente com mais de 14
anos) a partir do peso ideal pré- gestacional.
16. • Porções por grupos de alimentos 1600 a 2200 Kcal
Grupo dos Pães, Cereais, Raízes e Tubérculos - 5 a 7 porções (150 kcal
cd):
Arroz branco cozido - 4 colheres de sopa
Batata cozida - 1 e ½ unid.
Biscoito tipo “cream cracker” – 5 unid.
Bolo de milho – 1 fatia
Farinha de mandioca –2 colheres de sopa
Macarrão cozido - 3 e ½ colheres de sopa
Pão de forma tradicional - 2 fatias
Pão francês - 1 unidade
Purê de batata - 3 colheres de sopa
17. Porções por grupos de alimentos
Verduras e legumes – 4 porções ao dia (15 Kcal cd):
15 folhas de alface, 1 tomate,
2 colheres de sopa de cenoura ralada,
2 folhas de acelga, etc.
18. Frutas – 3 a 4 porções ao dia (70 Kcal cd):
1 banana,
1 fatia média de abacaxi,
1 fatia grossa de mamão, 1 copo americano de suco de laranja,
1 maçã, etc.
Feijões – 1 porção ao dia (55 kcal cd):
4 colheres de sopa de feijão,
3 colheres de sopa de lentilha,
2 colheres de sopa de grão-de-bico ou soja .
19. Carnes, peixes e ovos – 1 a 1 ½ porções ao dia (190 Kcal cd):
1 fatia pequena de carne assada,
1 filé de frango grelhado,
2 ovos cozidos, etc.
• Leites, queijos, iogurtes – 3 porções ao dia (120 Kcal cd):
1 xícara e meia (chá) de leite desnatado,
1 copo de iogurte desnatado,
1 fatia de queijo minas fresco etc.
20. Óleos e gorduras – 1 a 2 porções ao dia ( 73 Kcal cd):
1 colher de sopa de azeite de oliva,
1 colher de sobremesa de creme vegetal ou margarina cremosa,
1 colher de sopa de óleo de soja etc.
Açúcares e doces – 1 porção ao dia (110 Kcal cd):
1 colher de sopa de açúcar,
meia fatia de goiabada,
mel 2 e ½ colheres de sopa.
21. Ferro
Fontes principais: carnes vermelhas, feijão, soja, alimentos
fortificados (farinha), folhas verde escuras.
• Necessidades:
Mulher (19 a 50 anos); 18 mg/dia
Adolescentes (feminino): 15 mg/dia
Gestantes (todas as idades): 27 mg/dia Quantidade de ferro por
alimento:
100 gr.carne vermelha – 2,6 mg 1 ½ concha peq de feijão – 1,3 mg
Suplementação: 40 mg/dia de Fe (200 mg sulfato ferroso). Ácido
fólico: 5 mg – 1 cp ao dia até a 14ª semana
22. Principais nutrientes a serem consumidos em
todas as fases da gestação.
PRIMEIRO TRIMESTRE
Ácido fólico (ou vitamina B9) -previne defeitos na
formação do tubo neural do feto Entretanto, boa parte
dos ginecologistas e obstetras recomenda que a mulher
que deseja engravidar já comece a tomar a vitamina B9
pelo menos três meses antes da concepção e continue
sua ingestão no primeiro trimestre de gestação. Os
médicos fazem essa prescrição porque o consumo de
ácido fólico nem sempre é suficiente apenas por meio da
alimentação
23. SEGUNDO TRIMESTRE
Vitamina C — a substância age na formação do colágeno,
que compõe pele, vasos sanguíneos, ossos e cartilagem,
aumenta a absorção do ferro e fortalece o sistema
imunológico.
Magnésio — o mineral favorece a formação e o
crescimento dos tecidos do corpo.
Vitamina B6 — importante para o crescimento e o ganho
de peso do feto, e auxilia na prevenção da depressão
pós-parto.
Ferro — é essencial na produção de hemoglobina,
proteína responsável pelo transporte de oxigênio pelo
sangue. Ele ainda previne anemias que podem acometer
tanto o bebê quanto a mãe.
24. TERCEIRO TRIMESTRE
Cálcio — Impotante papel na formação óssea do bebê, o
mineral é nutriente obrigatório na dieta
. Sua deficiência pode provocar cáries, cãibras e unhas
quebradiças.
O cálcio tem outra nobre função: a de auxiliar a produção
de leite após o parto.
processo de coagulação do sangue e na boa manutenção
da pressão sanguínea, dos batimentos cardíacos e das
contrações musculares.
Mas vale uma dica: evite consumir fontes de ferro e
cálcio juntas, como carne e leite, pois um nutriente
atrapalha a absorção do outro.
25. ESSENCIAIS
Durante os nove meses não podem ficar de fora do
cardápio diário para uma gravidez saudável:
Carboidratos – Fornecem energia para o organismo da
mulher e o desenvolvimento do bebê.
Fósforo – Assim como o cálcio, participa da formação
dos brotos dentários e do esqueleto do feto. Fontes:
carnes magras e laticínios;
Proteínas – Responsáveis por construir, manter e renovar
os tecidos da mãe e do bebê. Encontradas nas carnes,
nos feijões, leite e derivados;
26. Vitamina D – Aliada a banhos de sol periódicos, é
fundamental para a fixação do cálcio nos ossos. (leite
enriquecido, manteiga, ovos e fígado);
Lipídeos (gorduras) – Promovem o aporte de vitaminas
lipossolúveis e contêm ácidos graxos essenciais para a
formação do sistema nervoso central do feto(carnes, leite
e derivados, abacate, azeite e salmão, outros);
Niacina (Vitamina B3) – Estimula o desenvolvimento
cerebral do feto e transforma glicose em
energia(verduras, legumes, gema de ovo, carne magra,
leite e derivados);
27. Piridoxina (Vitamina B6) – Importante para o crescimento
e ganho de peso do feto, principalmente a partir do
segundo trimestre da gestação. Ajuda na prevenção da
depressão pós-parto( trigo, milho, fígado, frango, peixe,
leite e derivados);
Tiamina (Vitamina B1) – Assim como a niacina, favorece
o metabolismo energético materno e fetal, transformando
glicose em energia(carnes, cereais integrais, frutas, ovos
e legumes);
Vitamina A – Auxilia o desenvolvimento celular e ósseo e
a formação do broto dentário do feto(leite e derivados,
gema de ovo, fígado, laranja, mamão, couve e vegetais
amarelos).
28. MICRONUTRIENTES – Dietary Reference Intakes - Journal of The
American Dietetic Association, 2001 in: Nutrição e Alimentação na
Gestação – Compacta Nutrição, 2002
Mulheres
adultas
(19 a 50 anos)
Gestantes Aumento % sobre
Mulher adulta
Vitamina A ( g)
700 770 10
Vitamina C(mg) 75 80 13
Tiamina e Riboflavina (mg) 1,1 1,4 27
Niacina (mg) 14 18 29
Vitamina B6 (mg) 1,3 1,9 46
Folato (g) 400 600 50
Ferro (mg) 18 27 50
Zinco (mg) 8 11 38
Iodo (g) 150 220 47
Selênio (g) 55 60 9
29. Recomendações gerais
1. Fazer pelo menos três refeições por dia (café da manhã, almoço e
jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Não “pular” refeições.
2. Utilizar as porções diárias recomendadas por grupos de
alimentos.
3. Ficar atento ao consumo extra de alimentos gordurosos e doces.
4. Diminuir a quantidade de sal na preparação, à mesa (saleiro) e
alimentos industrializados (glutamato monossódico).
5. Beber de 6 a 8 copos de água por dia
6. Atividade física.
7. Abstenção de fumo e álcool. Guia alimentar – CGPAN/MS (2005)
30. MAL-ESTAR MATINAL, NAÚSEAS , VÔMITOS ,PIROSE e PLENITUDE
Ingerir alimentos secos pela manhã
Alimentos gelados, gelo
Alimentação fracionada Pequenos volumes
Não ingerir líquidos durante as refeições
Evitar alimentos gordurosos
Aumentar líquidos e frutas com caldo nos intervalos
Não deitar após as refeições
Utilizar roupas confortáveis
31. DISTENSÃO ABDOMINAL, FLATULÊNCIA e
CONSTIPAÇÃO
Estimular o consumo de fibras: frutas, hortaliças,cereais
integrais, farelos.
Líquidos e água nos intervalos
Atender ao reflexo retal: criar hábito – horário
Atividade física regular
Não usar laxantes
32. PERGUNTAS
1- Explique qual a conduta a ser utilizada no caso de
sobre peso, tendo como base a avaliação do estado
nutricional.
2- Cite 3 medidas a serem tomadas durante a gravidez
para evitar, vômitos, náuseas e o mal-estar matinal?
33. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
RIBEIRO, L C; DEVICENZI, M U; GARCIA, J N; SIGULEM,
D M. Nutrição e Alimentação na Gestação. Compacta
Nutrição, PNUT/EPM, São Paulo, v 3 nº 2 agosto 2002.
Disponível em:
www.pnut.epm.br/Download_Files/CompactaNutGest.pdf
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção á
Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação-
Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Vigilância
alimentar e nutricional – Sisvan. Série A . Normas e
Manuais Técnicos, 2004. Aula de avaliação nutricional de
gestantes disponível em:
http://200.214.130.94/nutricao/sisvan/acesso_publico/bole
tim_sisvan/06/documentos/apresentac
ao_capacitacao_avaliacao_nutrional.