O documento descreve a pintura renascentista, que se desenvolveu na Itália dos séculos XV-XVI. As principais características incluem o uso da perspectiva e da pintura a óleo para representar o ser humano e a natureza de forma realista, com base nos cânones clássicos de beleza e proporção. Exemplos como obras de Cimabue, Giotto, Botticelli, Leonardo da Vinci e outros ilustram a evolução da técnica e dos temas renascentistas.
2. A PINTURA RENASCENTISTA O HOMEM, UNIDADE DE MEDIDA
A arte do séc. XV e XVI foi marcada por uma nova estética e uma nova sensibilidade, surgidas em Itália. Os
artistas do Renascimento recusaram a estética medieval, particularmente a gótica, pois consideravam que só a
arte dos clássicos gregos e romanos é que era harmoniosa, proporcionada e bela, porque seguia regras racionais.
O conteúdo e finalidade da arte renascentista era a beleza, entendida como representação objetiva da realidade,
que só era possível com o conhecimento e cópia da Natureza. Foi o sentido de captação do real que animou os
artistas do Renascimento, que procuravam representar o ser humano e a Natureza com emoção.
Esta procura do real na arte levou à utilização de importantes técnicas (também consideradas características da
pintura desta época):
• A perspetiva, conjunto de regras geométricas que permitem reproduzir, numa superfície plana, objetos e pessoas
com aspeto tridimensional;
• A pintura a óleo, que favorece a visualização do detalhe, a obtenção de brilhos e reflexos intensos, uma maior
riqueza nas cores e tons.
3. • A divulgação do uso do papel, o aparecimento das telas e dos cavaletes que facilitaram a criação e a elaboração
das obras.
Inovações estéticas e formais
• Harmonia
• Equilíbrio
• Realismo anatómico
• Beleza das figuras
• Revela estudo do desenho e
estatuária da Antiguidade Clássica
Temas
• Religiosos (cristãos)
• Mitológicos
• Marianos (representação de Maria, mãe de Cristo)
• Representação dos doadores (a pessoa que faz uma doação)
• Laicos (que não são religiosos) – o nu (inspiração da arte clássica onde o belo era a nudez); a paisagem
(interesse pela cópia e idealização da Natureza); retratos de pessoas poderosas que procuravam eternizar a sua
imagem(evidência do individualismo);
4. a) descoberta da pintura a óleo, invenção atribuída ao flamengo Jan van Eyck, apreciada pela sua maior durabilidade e
possibilidades de retoque, variedade de matizes e gradações de cor;
b) uso da perspetiva, linear ou geométrica, através de linhas que tendem a unir-se no horizonte, confluindo no ponto
de fuga. A perspetiva aérea ou sfumato foi desenvolvida por Leonardo da Vinci.
c) adoção da geometrização das composições, com preferência pela composição em pirâmide;
d) procura da proporção entre as formas representadas com vista a obter o equilíbrio das composições. A arte torna-se
mais harmoniosa e graciosa: as proporções são aplicadas com base na figura humana.
e) introdução das representações naturalistas, visíveis na expressividade dos rostos, nos gestos, nas vestes e nos cenários,
no rigor anatómico dos corpos e na transposição fiel para o quadro da paisagem envolvente.
Características
f) Aperfeiçoam-se os conhecimentos de anatomia (refletidos na representação do nu) e de psicologia (refletidos na
expressividade das figuras representadas);
6. A partir de Itália, a nova estética do Renascimento difunde-se um pouco por toda a Europa.
Os italianos Cimabué e, mais tarde, Giotto di Bondone são considerados precursores da pintura renascentista,
afastando-se da rigidez da pintura gótica: as suas figuras possuem algum volume, transmitem sentimentos e
integram-se em paisagens.
Cimabue, A Virgem no Trono,
têmpera sobre madeira, c. 1280.
Madonna da Santíssima Trindade, Cimabue, de inspiração
bizantina.
É uma obra que mostra Nossa Senhora entronizada com o
menino.
O trono tem pedras preciosas embutidas e ao seu redor estão
anjos.
Em baixo, Abraão e Davi, antepassados de Cristo, com os
profetas Jeremias e Isaías, de cada lado, que olham para a cena
acima.
7. Giotto, A Visitação, Capela degli Scrovegni,
Pádua (1306) – pintura afresco.
Visitação, é um afresco de 1306 pintado por Giotto e faz
parte de um conjunto que se encontra na Cappella degli
Scrovegni em Pádua.
A obra reconta o episódio bíblico da visita de Maria, com a
gravidez avançada, à sua prima Isabel, que era muito mais
velha e que estava igualmente prestas a dar à luz aquele que
segundo os textos bíblicos seria S. João Baptista.
Giotto já realizava composições tridimensionais, servindo
assim de fonte de inspiração para os pintores do
Renascimento.
8. Masaccio seguiu o caminho de Giotto.
Masaccio, pormenor do fresco Batismo dos
Neófitos, Igreja Santa Maria del Carmine, em
Florença, 1425-1426.
As suas composições são
tridimensionais e serviram de
aprendizagem a consagrados
pintores, como Miguel
Ângelo.
S. Pedro inicia a sua missão
evangelizadora batizando os
jovens. (Atos dos Apóstolos, II,
41)
Conhecimentos de anatomia
(corpo humano) e domínio da
técnica da pintura ( transparência
da água )
9. Fra Angelico, A Anunciação, (1430-50), têmpera sobre madeira, painel
central de um retábulo. Museu do Prado, Madrid, c. 1430
A Anunciação foi criada
por Fra Angelico como um
painel devocional para o
altar de São Domingos em
Fiesole, perto de Florença.
O raio de luz divina incide
sobre Maria, iluminando o seu
manto e os tons de pêssego
do seu vestido.
Fra Angélico (1395/1455), realiza
obras de grande austeridade
religiosa, mas com figuras
delicadas, de intenso cromatismo
e cores luminosas.
10. Fra Angelico rodeou a pomba com raios de
luz dourada. A descida do Espírito Santo que
simboliza o momento da conceção ( o
momento em eu Maria engravida de Jesus.
Maria cruza as mãos no peito para
indicar que se submete ao papel e ao
dever que Deus lhe atribuiu.
A cadeira de Maria parece um fundo de
mosaico ou folheada a ouro. O jardim de
flores na outra extremidade do quadro imita o
desenho de uma tapeçaria medieval.
11. ARCANJO GABRIEL:
O halo brilhante ao redor da cabeça
de Gabriel reforça a divindade do
principal mensageiro de Deus. A
pose respeitosa do Arcanjo é tão
graciosa quanto o gesto submisso
de Maria e as duas figuras, cada
uma emoldurada por um arco, se
complementam.
12. DEUS :
Acima da coluna central do
pórtico encontra-se a cabeça
esculpida de um homem de
barba. A imagem faz referência a
Deus, omnipotente e
omnipresente.
13. ADÃO E EVA:
Fora dos limites do pórtico são retratadas
as figuras abatidas de Adão e Eva, que
perderam a graça de Deus e estão a ser
expulsos do Jardim do Éden, caminhando
para fora da pintura. A intenção do artista
foi contrastar o pecado com o estado
imaculado de Maria, lembrando aos
observadores que Cristo nasceu para
redimir os pecados da humanidade.
14. Uma cerca viva com flores separa o jardim
que é palco da Anunciação, do cruel mundo
exterior, dominado pela cena da expulsão de
Adão e Eva do Paraíso. Um jardim fechado
como esse simboliza a pureza de Maria. Ela
era chamada de “rosa sem espinhos”; isto é,
que não tinha pecado. Na cerca vê-se
claramente uma rosa branca.
15. Botticelli, Nascimento deVénus, c. 1480.
A pintura “O nascimento da
Vénus” foi feita entre os anos
1482 e 1485 para decorar a
residência “Villa Medicea di
Castello” do banqueiro e político
Lorenzo di Pierfrancesco, em
Florença, Itália. Atualmente
encontra-se no museu Uffizi, na
mesma cidade. As suas dimensões
são 172,5 x 278,5 cm.
Sandro Botticelli (1445/1510), defende o
desenho sobre a modelação. Cria corpos
esguios e graciosos, integrados em
composições harmoniosas. As suas obras
são fundamentalmente de caráter
mitológico.
16. À esquerda Zéfiro, o vento do Oeste,
fecundador, acompanhado pela ninfa
Clóris, sua esposa.
Hora, uma das deusas das estações, que
oferece um manto inflado pelo vento
soprado por Zéfiro, de cor rosa com
açucenas bordadas.
Vénus, nascida numa concha sobre as
espumas do mar, numa postura casta e
esguia, que chega à costa da ilha de Chipre,
a favorita da deusa.
17. Na obra, o divino é representado pela Vénus. Apesar da composição pagã, pode-se fazer um paralelo com uma
religiosidade cristã, como se a Vénus viesse purificada pelas águas batismais – a concha e a água são utilizadas no
ato do batismo.
Ela é bela e púdica, isto reflete a verdade cristã, consequentemente associa-a à figura de Maria.
As figuras de Zéfiro ao lado de sua esposa Clóris representa o amor terreno carnal, que é purificado pela
presença da Vénus e da Hora, que corre para colocar um manto sobre a primeira.
Botticelli, ao pintar, escolhe a Primavera como estação do ano. Esta é a estação da Vénus, do renascimento, da
renovação, é a estação do amor.
Elementos que fazem referência à estação: a deusa, que é a deusa do amor, do sorriso e rainha da Primavera;
Zéfiro, que é o vento oeste primaveril; a ninfa das Horas da Primavera.
19. Séc. XVI
A Cidade de Roma foi o foco principal desta fase do Renascimento devido ao envolvimento dos Papas em diversos
projetos artísticos;
20. Leonardo da Vinci elevou a pintura a uma verdadeira arte:
redescobriu o homem e o indivíduo com características
verdadeiramente clássicas e ao mesmo tempo, inovadoras. A
arte, cheia de autoconfiança, caracterizou-se pela harmonia,
graciosidade, pelas proporções com base na forma humana,
por uma maior expressividade e pela ligação à ciência.
21. A finalidade da pintura não é recriar a aparência
das coisas, mas sim representar a intenção da
alma humana.
Leonardo da Vinci, Cadernos
21
22. Apesar das reduzidas dimensões que apresenta (77cm x 53cm), adquiriu
um significado mítico devido à enigmática expressão da personagem,
transmitida pelo seu misterioso sorriso.
Tal como todos os quadros de Leonardo da Vinci, esta pintura foi realizad
a sobre madeira (embora em Itália já
fosse frequente a utilização de tela).
Abandonando a têmpera, o pintor utilizou a pintura a óleo
que lhe permitiu aplicar, tanto na figura como na paisagem, um processo
expressivo conhecido por sfumatto (esfumado) – perspetiva aérea
(ilusão de profundidade conseguida através do esfumado da paisagem) .
Este processo consistia na modelação das formas através de gradações
delicadas de luz e sombra, obtidas pela mistura suave dos tons e das
cores e pela diluição dos contornos, criando
uma atmosfera velada e difusamente iluminada.
Mona Lisa, Leonardo daVinci, 1503 e 1506
23. A pintura apresenta uma mulher sentada, mostrando apenas a
parte superior do seu corpo;
Ao fundo, uma paisagem que mistura a Natureza (as águas, as
montanhas) e a ação humana (os caminhos).
O corpo da modelo surge numa estrutura piramidal: na base
estão as suas mãos, no vértice superior o seu rosto.
24. A boca de Mona Lisa
O sorriso ambíguo de Mona Lisa é, sem
dúvida, o elemento do quadro que mais
tem captado a atenção de quem o
observa.
Vários estudos foram realizados para
identificar o sentimento que está por trás
do seu sorriso.
Embora surjam outros resultados como
medo, angústia, uma esmagadora
percentagem (86%) dos traços, visíveis
nas rugas de expressão em torno dos
olhos e na curva dos lábios parecem
indicar que se trata de um sorriso de
felicidade.
25. Detalhe dos Olhos
A pintura foi restaurada numerosas vezes. Exames de raios X mostraram que há três versões escondidas sob a
atual.
O revestimento em madeira mostra sinais de deterioração numa taxa mais elevada do que se pensou previamente,
causando preocupação dos curadores do museu sobre o futuro da pintura.
Contrastando com a imprecisão do seu
sorriso, o olhar da mulher é intenso.
A obra produz um efeito de ótica que
resulta na impressão de que os olhos de
Mona Lisa nos seguem, de todos os
ângulos.
26. Detalhe das mãos de Lisa, com a mão
direita apoiada no seu lado esquerdo. É
uma posição formal de retrato. Leonardo
escolheu este gesto em vez de um anel
de casamento para descrever Mona Lisa
como uma mulher virtuosa e fiel esposa.
27. Quem foi Mona Lisa?
Hipótese 1: Lisa del Giocondo
A teoria mais provável e suportada por GiorgioVasari e outras evidências é a de que se trata de Lisa del Giocondo,
esposa de Francesco del Giocondo, figura importante da sociedade de Florença.
Hipótese 2: Isabel de Aragão
Outra possibilidade é a de ser Isabel de Aragão, a Duquesa de Milão, ao serviço de quem o pintor trabalhou. Alguns
estudos apontam que o tom verde escuro e o padrão das suas vestes são indícios da casa de Visconti-Sforza.
Hipótese 3: Leonardo DaVinci
A terceira suposição amplamente debatida é a de que a figura representada no quadro é, na verdade, Leonardo Da
Vinci vestindo roupas femininas.
28. A Última Ceia, Leonardo daVinci, afresco, 1498. Convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão.
A última ceia, também
conhecida como cenáculo, é
uma pintura feita por Leonardo
da Vinci entre os anos de 1495 e
1497, a pedido do duque de
Milão, Ludovico Sforza, que
representa a cena da última ceia
de Jesus, baseada no evangelho
de João 13:21, passagem em que
Jesus anuncia que será traído
por um de seus apóstolos.
29. A obra-prima de 4,6m x 8,8 m, foi
pintada por Leonardo da Vinci em
uma das paredes do refeitório de
um antigo convento dominicano
ao lado da igreja Santa Maria delle
Grazie.
31. A obra foi projetada em perfeita
simetria. O rosto de Cristo ocupa o
centro do mural e o centro da mesa.
O seu olho direito é o ponto de fuga
da perspetiva para onde convergem
todas as linhas.
Ao lado de Jesus encontram-se os 12
apóstolos, seis em cada lado em
grupos de três o que aumenta a
simetria da cena, juntamente com a
disposição das portas e janelas ao
fundo.
Muitos mistérios e mensagens
subliminares rondam a pintura, o
principal deles diz que sentado à
direita de Jesus está Maria Madalena,
ao invés de João como se acredita.
34. A Anunciação
Leonardo da Vinci (1452-1519)
Executado entre 1472 e 1475
Técnica: pintura a óleo sobre madeira
Dimensões: 2,17 m x 0,98 m
Localização: Galeria degli Uffizi, Florença
Obs.: A obra esteve oculta até 1867, ano em foi descoberta
num mosteiro e transferida para a Galeria degli Uffizi, em
Florença. Durante algum tempo a sua autoria foi
atribuída a Ghirlandaio ou Verrochio.
35. Contexto histórico-cultural
O Quattrocento em Florença: período de renovação
cultural e artística; o mecenato principesco na corte de
Lourenço, o Magnífico.
A conciliação do pensamento platónico com a doutrina
cristã.
A pintura é entendida como um exercício intelectual:
pinttura e cosa mentale.
36. A Anunciação: pintura religiosa, um dos
temas mais comuns da iconografia cristã e
da arte mariana católica romana.
O quadro fixa o momento em que o arcanjo
Gabriel, enviado por Deus, anuncia à
Virgem Maria ser ela a escolhida para
conceber Jesus, Filho de Deus.
Apesar da sua virgindade, Maria viria a
conceber milagrosamente o Filho de Deus,
a quem daria o nome de Jesus (o
“Salvador”).
De acordo com a Bíblia, a Anunciação
ocorreu a 25 de março (no calendário
juliano), exatamente 9 meses antes do
Natal.
A Anunciação ocorreu no sexto mês de
gravidez de Isabel, prima de Maria e mãe de
João Batista.
A Anunciação é o primeiro ato da
Encarnação Divina.
26. Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo
Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da
Galileia, chamada Nazaré
27. a uma virgem prometida em casamento a um
homem de nome José, da casa de David. A virgem
se chamava Maria.
28. O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-
te, cheia de graça! O Senhor está contigo.”
29. Ela perturbou-se com estas palavras e ficou a
pensar no significado da saudação.
30. Então o anjo disse: “Nada temais, Maria!
Encontraste graça junto a Deus,
31. Conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o
nome de Jesus.”
Evangelho segundo São Lucas
(Lucas 1:26-31)
37. Maria é
surpreendida
nos seus
afazeres
quotidianos.
Segundo o Evangelho de S. João, Maria
estaria a costurar um pano (a “tecer o Véu
do Templo”), mas também pode surgir a
folhear a Bíblia, numa premonição do
destino, na versão de Leonardo.
O anjo Gabriel acaba
de chegar e anuncia:
“Conceberás e darás à
luz um filho e lhe
porás o nome de
Jesus”.
A arca de mármore que recebe o
ambão (a estante de leitura) é
uma citação do Túmulo de Piero
e Giovanni de Médicis de
Verrochio, na Igreja de San
Lorenzo, em Florença.
Maria encontra-se num
palácio de arquitetura
florentina, num terraço
sobre o jardim, numa zona
mista interior-exterior.
Maria ergue
a mão
esquerda
em sinal de
respeito e
submissão.
Um muro baixo cerca o jardim,
mas abre-se a meio, deixando
ver um caminho para a floresta,
ao longe, por entre o rosto e a
mão do anjo.
38. Captação da dimensão psicológica das personagens.
As figuras estão modeladas através da técnica do chiaroscuro
(claro/ escuro)
A paisagem, as flores e todos os elementos naturais
evidenciam uma precisão naturalista e o
conhecimento profundo de botânica.
As figuras estão desenhadas a partir de rigorosos
estudos de anatomia, movimento e expressão.
A estrutura da composição baseia-se numa pirâmide, o que lhe
confere equilíbrio, escala e proporção.
A cena está organizada numa composição de
ordem geométrica e clássica.
39. A composição
estrutura-se em duas
áreas distintas,
dominadas por cada
uma das personagens.
O centro da composição
é a paisagem, esbatida
ao fundo, evidenciando
a técnica da perspetiva
aérea.
O recurso a
um espaço
arquitetónico
permite
utilizar a
perspetiva
linear e
contextualizar
as
personagens.
Linha do
horizonte ao nível
dos olhos do anjo,
enquadra toda a
ação.
40. Uma linha
intermédia
acentua a
absoluta
geometrização
da composição.
A composição clássica,
suportada por uma pirâmide,
confere equilíbrio, ordem e
escala ao tema.
O ventre de Maria ocupa um
“centro nevrálgico”, na
interseção das linhas
estruturantes.
41. As asas do anjo são
reproduzidas com rigor
científico a partir do
estudo das asas dos
pássaros.
É no tratamento dos
panejamentos que Leonardo
evidencia o seu domínio da
cor, da luz e do chiaroscuro.
A paisagem, ao
fundo, é
representada
através da
técnica do
sfumato e da
perspetiva
aérea.
42. Leitura de significados
Toda a ação incide na dimensão
psicológica das personagens:
nos seus gestos, nas suas
expressões, nas suas
motivações implícitas.
AVirgem apresenta uma face
humanizada, serena e inteligente,
de acordo com o contexto cultural
do Renascimento.
O anjo Gabriel segura um
lírio na mão esquerda,
símbolo de brancura, da
virgindade e da pureza de
Maria.
O muro que cerca o
pátio é uma alusão ao
Jardim de Éden,
perdido para os
homens, mas
recuperado pela
obediência de Maria
que permitiu a
Encarnação doVerbo.
O “tapete” de flores que reveste o pátio representa a
primavera e o reflorescimento da flora e da fauna. É
uma referência a 25 de março, início da primavera (no
calendário juliano), e dia da Anunciação.
O centro da composição é
a paisagem, o mar e as
montanhas, constituindo
um “vazio psicológico”
onde se concentra a
tensão dramática da ação.
43. Maria é representada numa
expressão de extrema
beatitude, humildade e
encantamento.
A luz divina incide sobre o
rosto e faz brilhar os seus
cabelos dourados.
Os lábios do anjo Gabriel
não esboçam nenhuma
palavra, pois a mensagem
é de ordem espiritual, ele
é o mensageiro de Deus.
O anjo
segura um
lírio na
mão
esquerda,
símbolo da
pureza de
Maria.
Maria está a ler a
Bíblia, na
passagem em
que o profeta
Isaías anuncia
que uma virgem
conceberá o
Salvador.A concha
(segundo a
mitologia
clássica)
simboliza o sexo
feminino e a
fertilidade.
A concha está,
também,
associada à
água, à
purificação e ao
Batismo.(renova
ção de uma vida
nova)
44. A porta entreabre-se
deixando ver o tálamo (o
leito conjugal), símbolo
da união entre o divino e
o humano, de um modo
transcendente.
O cipreste é a árvore da vida,
símbolo da imortalidade e da
ressurreição.
O pinheiro representa a
força vital, inquebrantável e
imortal.
3 ciprestes dividem o espaço de
ação do Anjo: representam o
Filho, o Pai e o Espírito Santo.
7 pinheiros definem o
pano de fundo da
paisagem.
O 4.º cipreste
simboliza o
Homem, pecador
mas redimido
através da
submissão de
Maria.
45. 5. Leitura de significados
45
O Véu do Templo
simboliza a separação
do mundo terreno, e a
entrada na intimidade
com Deus.
Espaço da arquitetura: meio terreno e material
45
Espaço da natureza: meio divino e espiritual
A montanha simboliza a
transcendência,
a ascensão ao Céu,
representa o contacto do
Homem com o divino.
No Templo de Salomão (em Jerusalém),
um Véu separava o Santo dos Santos do
resto do Templo.
Quando Cristo morreu, o Véu ter-se-á
rasgado de alto a baixo, desvelando a
Verdade, permitindo o acesso a Deus.
46. Rafael (1483-1520) criou um desenho com grande força
estático-contemplativa, equilíbrio, elegância e
serenidade.
6. Evolução na representação das relações espaciais devido ao domínio da técnica da perspetiva;
47. Escola de Atenas, Rafael, (1509-
11), 500 × 700, Palácio
Apostólico,Vaticano
“A Escola de Atenas”, é um dos frescos
mais famosos do período renascentista.
Encomendado pelo Papa Júlio II, é
constituído por quatro painéis que
representam a Stanza della segnatura,
local dentro do Vaticano onde o sumo
pontífice despachava.
48. 1. Zenão de Cítio ou Zenão de Eléia
2: Epicuro
3: Frederico II, duque de Mântua e Montferrat
4: Anicius Manlius Severinus
Boethius ou Anaximandro ou Empédocles
5: Averroes
6: Pitágoras
7: Alcibíades ou Alexandre, o Grande
8: Antístenes ou Xenofonte
9: Hipátia (Francesco Maria della Rovere ou
Margherita, amante de Rafael)
10: Ésquines ou Xenofonte
11: Parménides
12: Sócrates
13: Heráclito (Miguel Ângelo)
14: Platão segura oTimeu (Leonardo daVinci)
15:Aristóteles segura a Ética
16: Diógenes de Sínope
17: Plotino
18: Euclides ou Arquimedes acompanhado por estudantes (Bramante)
19: Estrabão ou Zoroastro (Baldassare Castiglione ou Pietro Bembo).
20: Ptolomeu : Apeles (Rafael).
21: Protogenes (Il Sodoma ou Pietro Perugino).
49. A Escola de Atenas ilustra
a Academia de Platão - os
filósofos que surgem
representados identificam-se
com épocas distintas,
mostrando a continuidade
histórica do pensamento
filosófico.
Ao centro da obra
surgem Platão e Aristóteles. Platão
segura o Timeu e aponta para o
alto, sendo assim identificado com
o ideal, o mundo das ideias.
Aristóteles segura a Ética e tem a
mão na horizontal, representando o
mundo terrestre, o mundo sensível.
50. Apolo, o deus da razão, encontra-se no
nicho da esquerda, segura uma lira.
Representa o esclarecimento filosófico e o
poder da razão;
Minerva, a deusa da sabedoria, encontra-
se no nicho à direita. É a protetora
tradicional das instituições devotadas à
busca do saber e das realizações
artísticas.
No canto inferior direito, sentado lendo um
livro, está Pitágoras (c.580-c.500 a.C.), o
famoso matemático grego, parece dar uma
lição de matemática ao grupo: um dos
ouvintes segura uma lousa. Pitágoras
personifica a aritmética e a música.
51. A figura solitária nos degraus não
foi incluída nos desenhos
preliminares. Pode representar
Heráclito, filósofo melancólico
que costumava chorar devido à
ignorância humana. Heráclito
vestido com roupas de pedreiro,
parece ser um retrato de Miguel
Ângelo de quem Rafael era
admirador.
A figura nos degraus é Diógenes
(c.412-c.323 a.C.), um pensador, que
detestava bens materiais e vivia
dentro de uma barraca – de onde veio
o apelido de “o cão”.
52. Rafael incluiu um retrato
de si mesmo: ele é o
jovem ao lado de
Ptolomeu, e olha
diretamente para fora do
quadro, como se
quisesse captar a nossa
atenção e ser notado
53. Rafael apreciava pintar figuras
leves, poéticas, serenas
representadas em esquemas
compositivos piramidais.
Casamento daVirgem (1504), Milão Transfiguração 1518-1520, MuseusVaticanos
55. O Papa Sisto IV (1471-1484) assumiu o compromisso de reconstruir a antiga Capela Magna do
Palácio Apostólico. A obra começou em 1477 e foi concluída em 1481, quando recebeu o novo
nome, em homenagem a este pontífice:Capela Sistina.
Exemplo da obra de Miguel Ângelo Buonaroti
56. A Criação do Homem (teto da Capela Sistina) – 1508-12
O artista representa uma passagem da Bíblia (Livro do
Génesis): o momento em que Deus cria o primeiro homem,
Adão.
57. Deus, do lado direito, está representado
como um homem velho, de barbas e
cabelos brancos (símbolos de sabedoria)
mas com uma forma física jovem e
vigorosa.
Está envolto num manto, acompanhado
dos seus anjos. Com o braço esquerdo,
abraça uma figura feminina, Eva, a
primeira mulher, representada ainda
antes da sua criação.
58. Adão, representado no lado esquerdo, é um homem
jovem, sentado, com o corpo dobrado e numa
posição descontraída. Estende a mão em direção à
figura de Deus, esperando que Ele se aproxime para
lhe transmitir a vida.
O olhar de Adão parece incidir não em Deus, mas na
figura de Eva.
59. No centro, estão os dedos indicadores de
ambos, com um pequeno espaço entre si,
realçado pelo vazio na pintura.
O braço de Adão está dobrado e o seu dedo caído - fraqueza
do Homem;
O braço de Deus está estendido e o dedo esticado- gesto do
poder criador.
Os membros são simétricos e têm uma constituição parecida,
fazendo referência à passagem bíblica "Deus criou o Homem à sua
imagem e semelhança" (Génesis, 1:27). Assim, através desta simetria,
Miguel Ângelo estabelece um equilíbrio entre os dois lados do
afresco, entre o lado da figura divina e o lado da figura humana.
60. Uma interpretação recente, chama a
atenção para o facto das dobras do
manto criarem o formato do cérebro
humano, no centro do qual está Deus.
Na imagem estariam
representadas as diferentes
partes do cérebro
evidenciando os vastos
conhecimentos de anatomia
que o autor possuía.
O pensamento da época contribui para esta hipótese, porque
colocava o Homem no centro de tudo e valorizava suas
descobertas científicas e filosóficas. Assim, o toque de Deus
em Adão poderia ser interpretado como símbolo do
racionalismo.
61. Ticiano (1490-1576)- famoso retratista que valorizou a cor e a luz em detrimento da perspetiva.
Sagrada Conversa de Balbi ou Maria e
o Filho com S. Catarina, S. Domingos e
o Dador (Balbi Holy Conversation,
Madonna and Child with Sts. Catherine
and Dominic and a Donor) – 1512-14