Este documento descreve o período artístico do Maneirismo, caracterizado por composições complexas e dinâmicas, uso de ilusão de ótica e figuras em escorço. Apresenta os principais artistas e estilos deste período na pintura, escultura e arquitetura na Itália e em outros países europeus.
5. Características principais
• Composições complexas, fluidas, sinuosas e dinâmicas;
• Uso de “trompe l’oeil” ou ilusão de ótica;
• Forte carga emocional;
• Figuras representadas em escorço, técnica no qual uma
parte do desenho ou da pintura se projeta para "fora" dela.
• Os objetos são representados em proporções menores que
a realidade;
• Contrastes cromáticos fortes, expressões fisionómicas e
corporais tensas e alteradas;
• Sentido cenográfico das composições;
• As imagens são alongadas, em forma de “S”.
6. “A Transfiguração”, de Rafael
• Obra de forte carga
emocional;
• expressões fisionómicas
e corporais tensas e
alteradas;
7. “Moisés e as Filhas de Jetro”, Rosso Fiorentino
• A obra apresenta intensos
contrastes cromáticos e corpos
em escorço que ocupam a
totalidade da tela.
• É uma obra intensa, de grande
dinamismo e violência.
8. “Alegoria com Vénus e Cúpido”, de Agnolo Bronzino.“Nossa Senhora do Pescoço Alto”, Parmigianino
9. “Deposição” de Pontormo
• Nesta obra é visível uma composição
sinuosa, reforçada pela intensidade
cromática, luminosa e contrastante
• O sofrimento está representado nos
rostos.
• Há uma verdadeira agitação em toda a
composição.
12. • O Maneirismo introduziu na arquitetura uma rutura
relativamente aos cânones e às regras clássicas.
• Sobre essas estruturas foram introduzidas irregularidades;
usadas consolas para dividir o espaço entre as janelas;
• A decoração tornou-se caprichosa e exagerada (colunas
cobertas com pedra almofadada, uso de silharia rude, salas
estreitas e longitudinais,
efeitos de fuga espacial,
entre outros).
• Tipologias: palácios, villas
bibliotecas, igrejas.
13. • Esta igreja constituirá o
modelo das igrejas Jesuíticas
e mesmo Barrocas.
• A fachada é quebrada por
linhas de saliência e
reentrâncias, com dois corpos
ligados por aletas ou volutas.
• A Igreja tende a tornar-se de
salão único com púlpitos
laterais para estarem mais
próximos dos fiéis.
“Igreja de Il Gesú”, de Vignola.
14. • Nota-se a solidez pesada das paredes;
• A nave é única, com cobertura em abóbada
de berço;
• O transepto é pouco saliente;
• Miguel Ângelo e Vasari são os primeiros a
construir de modo maneirista;
• Destacam-se Júlio Romano, Vignola,
Palladio...
Igreja de Santo Estevão, Salamanca,
de Juan de Álava
“planta da villa Capra”, de Palladio.
16. Características principais
• Perda de rigor da representação clássica.
• Perda de realismo racional.
• Pureza técnica e formal.
• Privilegiam os sentimentos, a subjetividade, a
sensualidade e os efeitos plásticos e decorativos.
• A escultura maneirista não adquiriu a mesma perfeição da
pintura, nem da arquitetura. Em parte isso resultou da
fama que por longos anos acompanhou a obra de Miguel
Ângelo, o que condicionou o aparecimento de outros “Tão
grandes" escultores.
17. • Privilegiando a subjetividade e os sentimentos, a forma
mais comum foi a estatuária de grandes dimensões,
com funções representativas e decorativas, com cunho
mais profano que religioso.
• Comporta estatuária individual, grupos escultóricos,
estátuas equestres e fontes esculpidas.
• A figura contorcionada sobre si mesma, numa linha
sinuosa e helicoidal é uma das marcas deste período.
• Nos grupos escultóricos foi substituído o caráter
unifacial da obra por uma perspetiva estereométrica e
multivisual, o que permite a observação omnilateral da
obra.
“O Rapto das Sabinas”de Giovanni di Bologna
18. “Perseu com a cabeça da Medusa” de Benvenuto Cellini
19. “Carro de Neptuno” de Bartolomeo Ammannati
“Saleiro de Francisco I (Reha e Neptuno)” de Cellini
21. A França
• A pintura renascentista continua o gótico internacional.
• A influência italiana nota-se em Jean Fouquet.
• Com a escola de Fontainebleau desenvolvem-se tendências
mais maneiristas: François Clout.
• A arquitetura foi essencialmente palaciana, combinando a
estrutura gótica com a renascentista (castelos do Vale do
Loire).
• A escultura foi usada na decoração de monumento fúnebres
e decoração arquitetónica.
• Manifesta-se na sobriedade e expressão formal, bem como
nas temáticas mitológicas.
22. “Virgem do Dítico de Melun” de Jean Fouquet
“Dama no banho” de François Clouet
23. “Castelo das Sete Damas” de Delorme
“fachada ocidental, Louvre” de Lescot
24. Norte da Europa - pintura
• Na Flandres não se verificam fortes influências italianas.
• Quadros de grande realismo empírico, seguro, minucioso.
• Pintura de género e paisagens trabalhadas com rigor.
• Na Alemanha, com Albrecht Durer desenvolvem-se os
estudos de geometria, proporção, perspetiva e medida.
• Fortemente influenciada pela pintura flamenga e italiana.
• Elaboração de retratos de forte componente psicológica.
• É exemplo desta evolução
na Alemanha, o retábulo de
Issenheim, de Grunewald.
26. Norte da Europa - arquitetura
• Na arquitetura perdura a verticalidade do gótico.
• As formas decorativas dos edifícios são interpretadas
segundo o gosto maneirista (com a construção de volutas,
arabescos, vegetalistas…).
• Em Inglaterra há maior sobriedade construtiva, com edifícios
menos trabalhados, mas mantendo as formas sinuosas.
Wolsey, Palácio de Hampton Court
27. Norte da Europa - escultura
• Mantém-se a inspiração gótica, mas com traços marcadamente maneiristas:
Hans Daucher, Capela dos Fugger
Hubert Gehard, Mercúrio
28. Na Espanha
• Na pintura espanhola do século XVI o artista mais importante
foi El Greco. Marcado pela arte maneirista italiana, da qual
adotou as harmonias cromáticas e uma execução
espontânea, construiu uma pintura em que sobressaem as
formas rítmicas e alongadas dos corpos, em posições
complexas e movimentadas.
• Na arquitetura, a Espanha criou um estilo decorativo próprio,
o Plateresco.
• À sua escultura, juntaram-se durante este período, influencias
Góticas, Flamengas e Italianas.
29. “Enterro do conde de Orgaz”, El Greco
S. Estevão e o filho do pintor
30. Palácio de Carlos V, Granada
Biblioteca do Escorial, Espanha
Bartolomé Ordóñez, Sacrifício de Isaac
31. Portugal
• Sob influência dos descobrimentos, da consolidação do
poder real e do fausto da vida cortesã, renova-se a estética
gótica.
• Surge em Portugal um estilo híbrido a que se chama o
Manuelino. Esta é uma corrente de arte heterogénea que se
manifesta fundamentalmente na arquitetura e na decoração
arquitetónica.
• Nesta arte manuelina fundem-se diversos estilos:
• O gótico final (flamejante);
• O plateresco (estilo espanhol);
• O mudjar (de influência árabe);
• O naturalismo (troncos, ramagens…);
• A heráldica régia (escudo, esfera armilar…).
32. • A arquitetura maneirista em Portugal é também conhecida por
“estilo Chão”, devido à singularidade das suas fachadas,
sóbrias, simples e despojadas de decoração (resultado da
arquitetura militar e das imposições da contrarreforma).
Interior da Igreja de S. Roque
• O exterior dos edifícios é
sóbrio, contrastando com o
resta da Europa.
• No entanto, o interior é mais
decorado: uso da talha
dourada, azulejos, quadros a
óleo, entre outros e nos
palácios, as baixelas,
faianças, porcelanas.
33. Em Portugal, as igrejas maneiristas possuem diversas tipologias:
• Igreja jesuítica (Igreja dos Grilos e Igreja de S. Roque) – Uma só nave com um
ou mais púlpitos.
• Igreja “à Romana” (Igreja de S. Vicente de Fora) – De raíz serliana e
palladiana.
• Igreja de tipo flamengo (Mosteiro de S. Salvador de Grijó, Gaia) – Maior
diversidade decorativa.
• Igreja à Espanhola (Sé de Viseu) – Estrutura arquitectónica quase tapada pela
ornamentação.
Mosteiro de S. Salvador
de Grijó, Gaia
Juan de Herrera, Igreja de
S. Vicente de Fora
34. A escultura
• As obras escultóricas eram fortemente ligadas à temática arquitetónica, o
que se explica pela persistência do gótico em Portugal.
• Entre finais do séc. XV e a segunda metade do séc. XVI verificou-se um
forte surto escultórico, multifacetado.
• Pias batismais, túmulos, portais e altares transmitem essa obra onde os
vários estilos se fundem em pleno.
35. • As obras escultóricas maneiristas mantém uma forte componente pictórica.
• Com João de Ruão, as figuras eram modeladas de forma algo hierática, de
movimentos comedidos.
João de Ruão, Deposição de Cristo
João de Ruão, Jardim da Manga
• Nicolau Chanterenne apresenta já um estilo
clássico e italianizado, com naturalismo.
• Modelação anatómica das figuras, cheias de
movimento, como no retábulo da igreja de S.
Marcos em Coimbra.
36. A pintura
• A pintura sofre uma grande renovação, destacando-se
diversas escolas ou oficinas: Coimbra (fortemente ligada à
estética gótica); Lisboa; Évora (Francisco Henriques) e Viseu
(oficina de Vasco Fernandes).
• Foi usada a pintura a óleo e
seguiram-se as tendências da
perspetiva e as representações
naturalistas.
• Nomes grande da pintura foram
Grão Vasco, Cristóvão de Morais (já
maneirista) ou Nuno Gonçalves.
Cristóvão Morais, D. Sebastião
38. • Etapas fundamentais do maneirismo português:
• Absorção dos modelos de influência italiana.
• Desenvolvimento do modo de trabalhar à maneira
italiana.
• Necessidade de um discurso coerente, organizado e
activo defensor dos valores espirituais da contrarreforma,
precursores do barroco.
• Influência da arte italiana.
• Destaque para Francisco de Holanda que, durante a sua
estadia na Itália contactou com artistas como Parmigiano ou
Rosso.
• Os temas tratam principalmente assuntos religiosos ou
históricos (através de retratos).
39. • Caracteriza-se por:
• Uma rutura com o modelo clássico.
• Culto do bizarro e da individualidade.
• Assunção de referências intelectualizadas a pintores e poetas.
António Nogueira, Descida da cruzDiogo Teixeira, Incredulidade de S. Tomé
40. • Técnica e estética das composições:
• Composições com uma organização espacial movimentada, curvilínea,
elíptica e com diagonais.
• Importância dada ao desenho, vigoroso e serpenteante.
• Proporções e atitudes dinâmicas das figuras que por vezes são
dramáticas.
• Cromatismo vibrante que acentua a vivacidade das cenas e fundos
arquitectónicos ou paisagísticos.
Gregório Lopes, Martírio
de S. Sebastião