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Poderes e crenças – multiplicidade e unidade
A multiplicidade de poderes
À unidade política do mundo romano sucedeu a uma Europa dividida e instável. Durante a Idade média,
senhorios, principados, cidades independentes coexistem com unidades mais vastas - os reinos – e até
com um império, O Império Bizantino, que teve uma importante referência política e cultural para a
cristandade ocidental. O imperador Justiniano, no séc. VI, tentou reconstituir a antiga unidade imperial,
reconquistandoa Itália, o Norte de África, avançando até à Península Ibérica, para aí restabelecer a pax
romana, no entanto foi atacadosucessivamenteporvários povos. A culturaBizantina, além de referência
para a EuropaOcidental,influenciouoIslãoe teve grandeimportâncianaintegraçãodosEslavos e povos
da Rússia na civilização helénica e cristã.
Os senhorios
Área jurídica,fiscale administrativanaqualum senhor, nobreou eclesiástico,exerceopoderbanalsobre
todos os homens (livres ou servos) aí residentes.
Direitos senhoriais:
 O senhordetinhaopoderderecrutarhomensparaaguerra,decontrolarcasteloseoutras
fortificações e de organizar expedições ofensivas – comando militar.
 Exerciaa justiçasobreos homensdoseu território, determinavaas penas,excetoas de
morteedecortedemembros,queeramexclusivasdorei,ecobravaasmultas –punição
judicial.
Direitos dominiais:
 Concedia parcelas de terreno aos camponeses, os quais, em troca, lhe pagavam
prestações em dinheiro, alimento ou trabalho, até pelo uso do forno, moinho e lagar, e
pelaentradanaáreadosenhorio(asportagens),de mercadoriasepessoas(aspeagens)
- coação fiscal.
Os senhorios tinham privilégios chamados imunidade do senhorio que levou a uma considerável perda
de poderes por parte da realeza. Aconcessão da imunidade aos senhores fez-se através:
 de uma carta de couto, pelo que a expressão de território coutado equivalia a território imune,
tendo na sua maioria sido concedidas à Igreja.
 da atribuição do poder público a um nobre, que se considerava honradopor o monarcanele
delegar a administração de territórios ou castelos. Por este facto, o património da nobreza foi
geralmentechamadode honras,com otempo,foram exercendooseupodernãoem nomedorei
masa título pessoal,tendoinclusive,estendidoabusivamenteosprivilégiosdecomando,punição
e coação aos seus simples domínios fundiários, daí a perda de poderes por parte da realeza.
 A atividade económica predominante era a agricultura sendo por isso uma economia
ruralizada.
 O domínio senhorial era constituído:
 PelaReserva,maisconhecidaporquintã–Exploradadiretamentepelosenhor;
 Pelos Mansos – Pequenas parcelas de terras distribuídas aos camponeses.
 Ambaseram afonte de direitosdominiais,provenientesdaexploraçãodosolo
pela massa de camponeses.
Este duplo poder do senhor – o domínio económico e a autoridade sobre os homens – é uma das
características mais marcantes dos tempos medievais.
Ducados e condados
Osduqueseos condesconstituíamosescalõessuperioresdanobrezamedieval.Geralmenteaparentados
com a casareal, possuíam senhoriosimensos,cujaextensãomuitasvezes se foi alargando;generosas
doações régias e uma hábil política de casamentos contribuíram para juntar, numa só mão, parcelas
senhoriaisanteriormenteseparadas.Estessenhoriosenglobavamparaalémdasterrasagrícolasealdeias,
numerosas vilas e, até, cidades importantes.
Os reinos
Os reinos são unidades políticas extensas, que têm à cabeça um rei. Para que se constituía um reino
estável devem conjugar-se duas condições fundamentais:
 O reconhecimento da superioridade de uma família, à qual compete exercer a realeza, em
regime hereditário. O rei detém sobre todos, uma autoridade suprema, que deve utilizar para
garantir o bem comum.
 A delimitação de um território, sobre o qual o monarca exerce a sua autoridade
Deste modo, a constituição de um reino corresponde sempre a um processode identificação entre um
rei, um território e os seus habitantes.
As comunas
A partir doséc.XI, beneficiandodeum climadepaze prosperidade,acidaderenasceeanima-se.Centros
de comércioedeartesanato,habitadasporhomensativose cheiosdeiniciativa,ascidadesaceitammalo
domínio que sobre elas exercem os grandes senhores. Por isso, desde cedo reivindicaram a sua
autonomia.
O movimento de luta pela liberdade citadina começou no Norte de Itália, onde nunca se perderam as
tradiçõesurbanas.Encabeçadospelosmercadores,ogrupomaisativo, maisricoemaisinfluente,obrigou
à união detodososhabitantesdacidade,seladaporum juramento solenedeentreajudaelealdade:a
comuna.
A comuna era uma associação de habitantes que obteve o direito de se administrar livremente, após
lutarem, em alguns casos, pois em algumas quando apresentavam ao senhor as suas reivindicações e o
senhor resistia.
Esse direitossó foram alcançado,porvolta, do séc. XII, quandoboapartedos burgoseuropeusrecebeua
sua cartacomunal,queerao estatuto jurídicodacomunaqueconsagraaformade organizaçãocoletiva
e estipulavam estatutos e privilégios muito diferentes, conforme a cidade e os usos da região.
A unidade da crença
Apesar do seu funcionamento político, a Europa Ocidental assumia-se como um conjunto unido pela
mesma Fé. A Igreja era a única instituição que ultrapassava fronteiras e se estendia, solidamente, por
todos os países e regiões, contribuindoassim paraaconstruçãodeumaidentidadecomum.Destaforma,
a noçãogeográficade Ocidente converteu-senuma realidadecultural,a Cristandadelatina,conjuntode
terras e povos cujalíngualitúrgicaeraolatim eque,em matériareligiosa, obedeciaao bispo deRoma,o
Papa.
O poder do bispo de Roma na Igreja ocidental
Embora, desde os primórdios da cristianismo, se tenha reconhecido ao bispo de Roma uma dignidade
especial,aaceitaçãodasuasupremaciasobreosoutrosbispossuscitougraveseprolongadasdesavenças
que culminaram, no séc. XI, com divisão da Igreja em Igreja Ortodoxa (Oriente) e Igreja Católica
(Ocidente).
A consolidação do poderdaigrejadeRoma, ficouadever-se, em grandeparte, ao PapaGregório VII,
com a reformagregoriana,quenãosó moralizouos costumesea atuaçãodosclérigoscomoproclamou
a supremaciaabsolutado papado (honrado papa).Queafirmouqueapenaso Papa, em nomedeCristo,
tinha um poder absoluto e universal, estando este acima dos príncipes e que podia demitir quem não
respeitasse os direitos de Deus e da Igreja. A estes princípios opuseram-se muitos reis, príncipes e,
sobretudo os imperadores do Sacro Império Romano-Germânico, que não estavam dispostos a
reconhecerem, em matéria política, a sua subjeção à Santa Sé.
No séc.XIII, o PapaInocêncioIIIordenouquetodas as igrejasnacionaisestavam submetidasàSantaSé.
Iniciou a centralização romana com o desenvolvimento da administração eclesiástica e da fiscalidade.
Contribuindo para que neste século, para que a Igreja Católica, fosse, sem dúvida, a instituição mais
poderosa e organizada do Ocidente:
 Tem um centro reconhecido, Roma, e um chefe supremo, o Papa;
 Exerce o seu poder sobre todo o Ocidente e todos os seus habitantes, mas mesmo todos, pois
nesta altura eraimpensávelnãoter religião.NoOcidente,salvo os pequenosgruposde judeuse
mouros, todos eram cristãos;
 Possui meios humanos e materiais;
 Rege-se por um código de leis próprias – o Direito Canónico -, que individualiza os seus
membros face à restante população.
O reforço dacoesão internafaceaBizâncioeao Islão
Diversos fatores aliados ao crescimento da influênciado papado, originou a afirmação da Cristandade
ocidental,tantoperante o mundobizantinocomoperanteo mundomuçulmano,este último,soba direção
deMaomépregaraumanovareligião,o Islamismo.ConquistaramaÁfricadoNorte eilhasmediterrâneas,
de ondeo impériobizantinofoi afastado. Muitosdos habitantesconverteram-seaoIslamismoepassaram
a integrar o exército, contribuindo para o alargamento do mundo muçulmano.
Durantecercadequatro séculos(do séc.VIII AO ÍNICIO DO SÉC.XII),a Cristandadeapequenou-se
face ao Islão.
Mas tu mudouem 1095, a Cristandadedeu um sinal clarode que as coisasestavam prestes a mudar.O
Ocidente desencadeou uma série de grandes ofensivas militares, conhecidas por cruzadas,
atendendoao pedidodo PapaUrbanoII. O seu objetivo era a libertaçãodoslugaressantos da Palestina,
que se encontravam sob o poder dos muçulmanos.
Embora,a nível militar,o êxito das expediçõestenhasido reduzido, fortaleceua ideiade uma sociedade
encabeçada por um ideal religioso, suficientemente forte para lutar, unida, contra os inimigos da Fé.
Este ímpeto guerreiro fez-sesentirem todasaszonasdeconfluênciadomundocristãocomomuçulmano:
na PI, a Reconquistaavançou rapidamente;nosuldaEuropa,diminuíram asraízes muçulmanasàszonas
costeiras;no Mediterrâneo,as embarcaçõescristãsfizeram valer os seus direitos, retomandoasrotas há
muito abandonadas.
No séc. XIII,a Europa Ocidental tinha, claramente, recuperado do seu abatimento face ao Islão.
O quadro económico e demográfico
- Expansão e limites do crescimento
No ano1000, as florestascobriam aEuropa,ocupandoumaenormepartedosolo,em detrimentodaterra
cultivada.No decursodostrês séculos.Seguintes,os homensdesbravaram bosques,amanharambaldios
e secaram pântanos,transformando-osem terrasdelavourajuntoàsquaisnasceramnovasaldeiasevilas.
Estes grandes arroteamentos ficaram a dever-se à ação individual de muitos camponeses, mas,
sobretudo,àiniciativaconjuntadereis,senhoreslaicos,ordem monásticaseatécidades.Poiseram osque
mais possibilidades tinham para atrair camponeses, fornecendo-lhes as primeiras semente, os
instrumentos de trabalho e materiais de construção.
Juntamente com a expansão da superfície de cultivo, a agricultura, beneficiou ainda, de consideráveis
avanços técnicos:
 O emprego crescente do ferro nos utensílios agrícolas, nomeadamente na charrua, auxiliouo
esforçodoscultivadores,permitindoabrirmaisprofundamenteosoloe fixar melhorassementes;
 Novas formas de atrelagem – a cargafrontal para os bois e a coelheirarígidaparaos cavalos –
possibilitando um melhor aproveitamento da força animal.
 O afolhamentocom rotação trienal deculturas,quesubstituiu a tradicionaldivisãoda terra em
apenas duas folhas (uma lavrada e outra em pousio), permitiu granjear, cada ano, uma maior
parcela de terreno.
 A fertilização doscampos com marga(argilacalcária)ecinzas e a maiorutilizaçãode estrume
animal melhorou a qualidade dos solos.
Todosestesaspetos traduziram-sepor um aumento deprodutividadeagrícola que,acompanhadopelo
incentivo dapecuária,fezcrescersignificativamenteasdisponibilidades alimentares na Europa.
O crescimento demográfico
Esta abundânciadealimentosfezaumentaronúmerodehomens. Quando asgrandesfomesrecuaram,
diminuíramtambémas epidemias,porque,melhoralimentada,apopulaçãotornou-semaisresistenteà
doença.
Dispondo de bens essenciais e de um clima geral de paz, a Europa viu, entre os sécs. XI e XIII, a sua
população duplicar.
Renascimento das cidades e a dinamização das trocas
Para além do setor agrícola, o clima de prosperidade fez-se sentir no comércio e no artesanato. O seu
dinamismo contribuiu, em muito, para o renascimento das cidades, que, finalmente, recuperaram do
marasmo em que tinham mergulhado desde a queda do Império Romano.
O surto Urbano
Em tornodosvelhos castelossenhoriais,juntoaosportosouàsvisde circulação, ascidadesaumentaram
em número e em tamanho e transformaram-se. Anteriormente, eram, sobretudo, centros políticos,
militaresereligiosos,derivandoasuaimportânciadadignidadedonobreoubispoqueashabitava.A partir
do séc. XII, as cidades medievais assumem uma feição essencialmente económica. Nelas se
estabelecem mercadores,banqueiros,artesãos, lojistas, que as animam eenriquecem.Sãoeles os mais
característicoshabitantesdoburgoe, por isso, tomam onomede burgueses.Individualizando-se,assim,
um novo gruposocial,a burguesia,queparasemprepermaneceráligado à cidade e às suas atividades.
Masas cidadesnãoeram animadassópelosburgueses,pois os nobresafluíram às cidadesà procurade
divertimentose artigosluxo e peregrinosem buscadehospitalidade,desenraizadosnaesperançadeuma
vida melhor. A cidade assumiu-se, como um polo de atração em permanente crescimento, atingindo o
seu auge no início do séc. XIV, antes da mortífera Peste Negra.
A dinamização das trocas locais e regionais
Embora muitas cidades se animassem, em determinadas épocas do ano, com a realização de grandes
feiras internacionais, eram os pequenos mercados de dominante agrícola que alimentavam a vida
económicacorrente,estabelecendouma ligaçãocontinuaentreacidadeeoscamposmaispróximos.
As necessidadesde abastecimento dapopulaçãourbanarepresentavampara ocamponês um mercado
certo,ondepodiam vendercomproveitoosseusexcedentes.Emborapesadas,asrendassenhoriaiseram,
normalmente, fixas, o que estimulava o agricultor a produzir mais, visto que o excedente revertia em seu
benefício.
Só eram assíduosao mercadooscamponesesdasaldeiasmaispróximasmasessesnãochegavam para
satisfazer a procura, pelo que, as ligações cidade-campo, eram feitas através de profissionais, os
almocreves,queatuavam comointermediários,abastecendoacidadedegéneros alimentícioseaszonas
agrícolasdeprodutos manufaturados.Os senhores recebiam partedasrendasem génerose mandavam
comercializar no mercado local. O mesmo se passava com mosteiros e abadias, cujos excedentes
chegavam regularmente à cidade.
Regulamentar o mercado e abastecer eficazmente a cidade tronou-se uma preocupação e um dever das
autoridades urbanas. As medidas tomadas nesse sentido eram rígidas: limitavam-se as quantidades que
cada um podia adquirir e puniam-se severamente todos os comerciantes que tentassem enganar o
comprador.
Este mercado local,representavaomaiorvolumedetrocasdestaépoca,contribuindodecisivamentepara
a afirmaçãoda economiamonetária.Todaavida económicabeneficioudoseu impulso,oque levou, ao
alargamento da rede de trocas a circuitos mercantis mais vastos e organizados, passando de um
comércio localaumcomércioregional quereanimouasestradaseosrios europeus,estabelecendo,de
novo, as ligações entre os centros de produção e consumo.
As grandes rotas do comércio externo
Nos sécs.XII e XIII, os mercadosaventuraram-seapercorrergrandesdistâncias,reativandoas rotas do
comérciointernacional.As cidades:
- Flandres:prosperidadetrazidapelaativa indústriadelanifícios,juntamentecom ariquezaconseguida
pelocomércio,a Flandresatraía,porforçadasuaposição geográfica,mercadoresdosquatro cantos
da Europa queaquiacorriam paracomprarevender, o seus produtosdo Bálticoe das regiõesdaRússia
(Alemães), do mediterrâneo e especiarias do Oriente (Italianos), entre outros.
- Flamengas: acolheram os mercadores estrangeiros, sobretudo Bruges, com privilégios, concedendo-
lhesresidênciaeautorizaçãoparaconstruirassuascasasde comércio,com oficinas,armazéns, locaisde
descargaedescarga,tornado Burgesno local maiscosmopolitadaEuropa, ondesetransacionamas
peles,a madeiraeaceradoNorte, os vinhos, osal e o azeite daPI, as lãs deInglaterra,o alúmendaSíria
e as especiarias do Oriente.
- Do mar Báltico e do mar Norte (comércio da Hansa): devido ao elevado risco de perda de vidas
humanas e de mercadorias, quando no séc. XI, o comércio à distância foi reativado, cedo se
desenvolveram,por isso associaçõesmercantis destinadasaasseguraraproteçãodoscomerciantesde
umacidadeouregiãoeadefenderosseusinteresses:as hansas ouguildas,tendoaprimeirasidoamais
poderosa,compostapor cercade90 cidades,destinadaa asseguraro monopólio do comércio do mar
Báltico e, quando possível, do mar Norte, sendo Hamburgo, Dantzig, Riga, Colónia e, em especial,
Lubeque as principais cidade hanseáticas. Formando-se, assim, o comércio da Hansa, onde os
comerciantescarregavam rumoaoSuloscereaisdaPrússiae da Polónia;as peles,as gorduras,a cerae
as madeiras da Rússia e da Noruega. No caminho oposto, enchiam os seus navios, com vinho e sal da
França,lãsda Inglaterra,azeite doMediterrâneoetecidosdaFlandreseeram intermediáriosnocomércio
entre a Flandrese Inglaterra, chegandoatransportar,no séc. XV, maisde 70%das mercadoriasinglesas
para a Flandres.
- Do norte de Itália: o desenrolar da 1ª Cruzada, em 1095, marcou o recuo do domínio muçulmano
no Mediterrâneo e a sua abertura ao comércio europeu, o que permitiu a várias cidade italianas, que
foram das regiões europeias as que melhor preservaram a memória e o saber das ligações mercantis,
dominaremasrotascomerciaisquelevamàÁsiaMenor.ÀSíria,ao Egipto deondefaziam chegaraos
mercados europeus as especiarias, os tecidos finos, as pérolas, as pedras preciosas e o alúmen. A isto
juntava-se as suas moedasde ouro, procuradasem todaa Europa, e a ousadiados seus mercadores,os
primeiros a demandarem o longínquo Oriente.
- As cidades-feiradeChampagne:em algumasregiõesfavorecidaspelascondiçõesgeográficasepelos
privilégios dos senhores, que ofereciam condições vantajosas de alojamento, armazenamento, isenção
oureduçãodosimpostoscostumeirosegarantiama segurançadosmercadores,quenaprópriafeira,quer
na viagem de ida e de volta, através de um conduto que os punha a salvo de agressões e processos
judiciais (salvo-conduto), desenvolveram-se feiras periódicas que rapidamente, atingiram dimensão
internacional,destacando-seasque,na Champagne,serealizavam nas cidadesdeLagny,Bar-sur-Aube,
Provins e Troyes, sendoo pontode encontrodosmercadoresdaEuropae detudo o queeles tinham para
oferecer, situadas em pleno eixo de ligação entre o Norte flamengoe o Sul italiano. Decorriam durante o
ano todo, o que tornava Champagne num autêntico mercado continuo.
As novas práticas comerciais e financeiras
O desenvolvimento comercial dos últimos séculos da Idade Média estimuloua criação de novas técnicas
de negócio. É, pois, natural que os mercadores medievais tenham inventado práticas novas que lhes
proporcionassem facilidade e segurança nas suas transições. Foi assim que surgiram as primeiras
sociedadescomerciais,os primeirosseguros eos primeirospagamentosempapel,comoochequee
a letra de câmbio.
Em apoio de todo este pioneirismo financeiroe comercial desenvolveu-se a atividade dos cambistas ou
banqueiros.Estes,semprepresentesnas feiras e nasprincipaispraçascomerciais,ondeeraconstantea
trocademoedas,depressaalargaramasuaatividade,aceitandodepósitosearealizando transiçõesde
dinheiro, bem como operações de crédito. Deste modo se estabeleceram as primeiras atividades
bancárias tal como as conhecemos hoje.
Inicialmenteeram encaradocom mausolhospelaIgreja,poiscondenavaolucroeo comérciodedinheiro,
mercadores e banqueiros viram, a partir do séc. XII, a sua posição social reconhecida e o seu ganho
legitimado pelos benefícios que a vida económica deles retirava.
A quebra demográfica no séc. XIV
Durante a Idade Média, a morte era uma presença permanente, devido:
Á fome
No fim do séc. XIII, a quantidade de alimentos que era possível produzir já não bastava para alimentar
tantos homens. Mais, as lavras intensas tinham esgotado os solos, tornando ainda mais precárias as
colheitasdecadaano,aisto, somaram-seasmudançasclimáticas.As chuvas e ofrio fizeram apodrecer
as sementes e as colheitas perdiam-se. A fome regressou ao Ocidente como uma maldição sempre
repetida:na Provença,um anoem cadatrês era de máscolheitas.Em Navarra, quase todo o séc. XIV é
de escassez e subalimentação. Em Portugal, de meados do séc. XIV aos finais do séc. XV, são
conhecidas,pelomenos,21crisesdesubsistência,quese fez sentir, especialmente,nosgrandescentros
urbanos, mas que também afetaram a província.
Á grande peste
Repentinamente, em 1348, uma terrível epidemia – a Peste Negra – abateu-se sobre o Ocidente.
Trazidado oriente por marinheirosgenovesesque haviam entrado em luta com os Tártaros,nas feitorias
de Crimeia, tendo sido a mais grave epidemia de que há memória, atingindo um terço da população
Europeia, entre 1348 e 1250, sobretudo nas cidades e mosteiros, onde a concentração populacional era
maior.
A Peste Negra tinha um caráter bubónico, fazendo nascer tumefações (bubões negros e azulados) nas
virilhas, nas axilas e pescoço e podia revestir um caráter pulmonar, propagando-se pelo ar respirável, o
qua tornava ainda mais contagiosa e fatal, levando à morte me dois ou três dias.
Os médicosprotegiam-seusandoluvas, uma túnicae umamáscaraem formade bicode pássaros,onde
acumulavam ervas aromáticas, de odor intenso, com o objetivo de filtrar o ar, mas o mal estava aqui: na
ausência de higiene individual e coletiva que rodeava tudo e todos.
Á guerra
Nesta época,os efeitos devastadores da guerraresultavam maisdas violênciasexercidaspelosexércitos
sobre as populações do que propriamente das batalhas. Aaproximação de tropas, amigas ou inimigas,
punhaos camponesesem pânico:searasespezinhadas,celeirosroubados, gadoconfiscado,violaçõese
assassínios eram atitudes comuns, que deixavam atrás de si a fome e destruição, nas cidades as
malfeitorias, não eram menor, temendo os povos pelos seus haveres e pelas suas vidas.
Em suma, nos sécs. XIVe XV a vida assumia, de novo, um conteúdo violento e sombrio.
As fomes e o cortejo de doenças que se lhes seguia deixavam um rasto de miséria e de morte, que os
medievais interpretavam como um castigo divino para os pecados da Humanidade.
A fixação do território português
A Reconquista
Nos sécs. XII e XIII, em plena Reconquista cristã da PI aos muçulmanos, Portugal constitui-se como
entidadepolíticaindependente (Estado) e fixou o seu território nas fronteiras que ainda hoje se mantêm.
Coubea Afonso Henriques transformaro pequenocondadoportucalensenoreinoautónomodePortugal,
tendo o conseguido verdadeiramente em 1179, através da Bula Manifestis Probatum, onde o Papa
Alexandre III dignou-sea acolhersoba proteção daSantaSé, pelossécs fora, o Reinode Portugal,em
trocadopagamentodeum tributoanualem ouro.Ora,nacondiçãodevassalosdoPapa – o chefemáximo
da Cristandade -, os reis de Portugal viram-se, assim, desobrigados de obedecer a qualquer outro
soberano.Masantes,em 1143,Afonso VII, primodeAfonso HenriqueseimperadordasEspanhas,aquem
devia obediência e lealdade na qualidade vassalo, mas a partir da Bula Manifestis Probatum, deixou
verdadeiramente de prestar vassalagem a qualquer outro soberano, a não ser ao Papa (como já foi dito
anteriormente).
Entretanto, Afonso Henriques prossegui a conquista de territórios aos muçulmanos. Em 1147,
conquistouSantarém eLisboa,consolidandoodomíniodalinhadoTejo.Posteriormente,tomoupossede
Sintra, Almada e Palmela, para assegurara a defesa de Lisboa. Em 1158 conquistou Alcácer do Sado
firmando, assim, a presença portuguesa na linha do Sado,
Em 1162 e 1165, alcançaram Beja e Évora, Em 1185 morreu, então o 1º Rei de Portugal D. Afonso
Henriques (o conquistador).
O seuherdeiro D.Sancho I,reide1185a1211,seguiuaspisadasdopai,tendoum grandechefeguerreiro,
levando a duas expediçõesvitoriosasao Algarve, apesardas forças portuguesasnão terem resistido aos
ataques dos Almóadas(povos berberesprovenientes de Marrocos),perdendotodasas posiçõesa sul do
Tejo, à exceção de Évora.
JáD. Afonso II,reide1211a1223,revelou-seum monarcadeaçãomilitarinferior.Nãoobstante,astropas
portuguesas avançaram no Alentejo, intervindo, ao lado dos Castelhanos, Aragoneses e Franceses, na
defesa da península contra os Mouros, derrotando-os na Batalha de Novas de Tolosa (1212).
Com D. Sancho II,reide 1223a 1245, o território portuguêsexpandiu-senoAlentejo, com aconquistade
Elvas, Juromenha,Serpa,Aljustrele Mértolae com areconquistadeBeja.Entre1234e 1239,a soberania
portuguesa chegou ao Algarve oriental.
No reinado de D. Afonso III (1248-1279) conclui-se a conquista doa Algarve, quando o monarcase
apoderou do território ainda em posse dos muçulmanos e no qual se incluíam Faro, Albufeira e Silves, o
norte cristão anexou para sempre o Sul islâmico e a Reconquista portuguesa chegou ao fim,
Do termo da Reconquista ao estabelecimento e fortalecimento das fronteiras
Entre o termo da Reconquista (1249) e o estabelecimento definitivo das fronteiras portuguesas (1279)
passouquasemeioséc.Nesseintervalodetempo,oReinodePortugalresolveuvárioslitígioscom oReino
de Leãoe Castela, poisem 1252,Afonso X de Leão e Castela, acabadodechegaraotrono, reivindicouo
ex-reino algarvio de Niebla (onde se incluía Silves), alegando que a sua soberania lhe havia sido cedida
pelorespetivo rei mouro.Facea umapresumível guerraentre os doisreinos cristão,o Papa InocêncioIV
interveio na celebraçãodo tratado de paz em 1253, que levou Afonso III de Portugal a casar co Beatriz,
filha ilegítima de Afonso X de Leão e Castela, renunciando, temporariamente, aos seus direitos como
suserano do Algarve, a favor do sogro.
A soberaniasobreo Algarve, só voltou a ser Portuguesaem 1267 – o Tratado deBadajoz–quandoorei
Afonso X transferiu o seu poder sobre aquele território para o neto D. Dinis, nascido entretanto, fruto do
casamento entre Afonso III de Portugal e Beatrizde Castela.
Mais tarde, em 1295-97, reacendeu-se as hostilidades entre os dois países, devido à participação de
Portugal na guerra civil que assolou Castela, que só teve fim em 1297, com a celebração do Tratado de
Alcanises,entreD. Dinis e FernandoIV de Castela,onde se acordaram casamentosreaise umapaz de
40 anos baseada na “amizade e defesa mútuas” e fixaram-se os limites territoriais dos dois reinos
hispânicos.Portugaladquiriuassim asua configuração definitiva,compequenasexceções,oquefaz de
Portugal o país europeu com as fronteiras mais antigas e estáveis.
O país rural e senhorial
Nos sécs. XII e XIII, Portugal apresentava-se organizado, do ponto de vista económico e social, em
senhorios e em concelhos. Os senhorios estruturavam o país rural, enquanto os concelhos
dinamizavam o país urbano.
Os senhorios – sua origem, detentores e localização
No casoportuguês,ossenhoriospertenciam ao rei –osreguengos,ànobreza –ashonras,eao clero –
os coutos.Asuaorigem remontaàsconquistas feitasaosmuçulmanoseàsfrequentesdoaçõesterritoriais
que as acompanharam.
Com efeito, os monarcas peninsulares, como reis além-Pirenéus, recompensavam cm terras os nobres e
os clérigos que os ajudaram na guerra e na administração do território. Em troca esperavam contar com
umaredede vassalos fiéis,prontosasegui-lonaslidesmilitaresouaorar pelossucessosreais,acontribuir
nos apertos financeiros ou, simplesmente, aconselhando e apoiando as decisões régias. De modo
semelhante se estruturou a vassalidade na Europa senhorial da Idade Média.
As honras situavam-se, predominantemente, na região do Norte atlântico, onde tiveram lugar as mais
antigas conquistas e doações territoriais, de uma forma geral, identificavam-se pela presença de um
castelo, de uma torre ou de um solar, que atestavam o poder do respetivo senhor.
Os coutos também pontuavam o Norte atlântico, muito embora os de maior dimensão se situassem no
Centroe noSul dopaís, identificavam-sepelapresençadeum mosteiro,deuma SéCatedral eatédeum
castelo.
No Centroe no Sul, ondeo esforçoda reconquistafoimaior,o auxíliodos mongescavaleirosdas ordens
religioso-militares dos Templários, dos Hospitaleiros, de Calatrava/Avis e de Santiago de Espada
revelou-sedecisivona dilataçãodoterritório.Daí as vastas doaçõesea suagrandeimplantaçãonaquelas
partes do país.
A situação social e económica das comunidades rurais dependentes
Nos seus territórios, a nobreza e o clerocontrolavam umamultiplicidadedehomens –osdependentes,a
quem exigiam tributos e prestações. Uns provinham da exploração económica do solo, e chamavam-se
direitosdominais eoutros do exercíciodopoderpolítico,comoaobrigatoriedadedeservir na guerra,as
multas judiciais ou os pagamentos fiscais, e denominavam-se direitos senhoriais.
Os herdadores, proprietários de terras e, como tal, isentos de pagamento de direitos dominiais, ficariam
sujeitos à cobrança de direitos senhoriais pelos senhores e pelo rei.
Os colonos,homenslivresquetrabalhavam em terraalheia,viram,desdeo séc.XIII, os contratosaprazo
prevalecerem sobreosarrendamentosperpétuos,misturando-senelesasprestaçõesdominiaiscomnovas
imposições de carizsenhorial.
Os servos,eram descendentesdeescravoslibertos, a quem foram entregues mansosparaexploraçãoe
que viviam especialmente sobrecarregados com as jeiras (serviços gratuitos e obrigatórios durante um
certonúmerodedias por ano),não podendoabandonarasterrasonde viviam. Progressivamente,noséc.
XII, foram regredindo, ao contrário da escravatura, devido ao crescente afluxo de cativos mouros,
empregues em trabalhos domésticos, no artesanato e até na agricultura.
Os assalariados (cabaneiros,moçosdelavoura…),que vivias do aluguerdoseu trabalho,demasiadona
época das colheitas, escasso no inverno. À semelhança do caçadores, colmeeiros e pastores, achavam-
se mal integrados na lógica do sistema senhorial.
 O PAÍS URBANO E CONCELHIO
- Relatar o contexto que permitiu a afirmação das cidades e vilas concelhias
O desenvolvimento das cidades e vilas portuguesas deveu-se a uma confluência de fatores:
 O território português situava-se na rota de peregrinação a Santiago de Compostela, o que
beneficiou certas cidades de passagem, como o Porto e Guimarães;
 Com o avançoda Reconquista,Portugalherdouasmarcasdeurbanidademuçulmanas,que
estão presentes e centro e sul do país;
 As cidadesdesenvolviam-sesemprequeoseuespaçoeraescolhidopelacorteoupelassés
episcopais para se instalar;
 O ressurgimento comercial do século XII refletiu-se num surto urbano, com destaque para
urbesquefaziam trocascomerciaisatravésdacostaatlânticacomoPorto,Lisboa,Guimarães,
Coimbra, Santarém e Évora.
 A presença da corte, então verdadeiramente itinerante, nas cidades do centro e do sul,
contribuiuparaaconsolidaçãodasestruturasurbanasdoreinonosseusprimeirosséculosde
existência.
 Os mercadoreseuropeus contribuíram paraodinamismodoscentrosurbanos,poistinham
capacidadeparaimpulsionaroartesanatolocalepromoveraexpansãodaproduçãoagrícola
nos territórios adjacentes.
Ao dos meios rurais, onde as tarefas do artesanato competiam aos camponeses, nos centros urbanos
existia um grupo socioprofissional encarregue dos oficiais ou mesteres artesanais, os mesteirais.
- Esclarecer a importância dos concelhos
Uma das razões pela qual os concelhos têm uma grandeimportância é por fornecerem defesa aos
colonos e aos servos fugidos de senhorios. Os concelhos ao acolherem os colonos e os servos vão criar
um segundoobjetivo dafundaçãodosconcelhos:opovoamento.Há aindaoutros grandesobjetivos como
é o caso da exploração económica das novas zonas, promovendo-se, por um lado, o desenvolvimento
económicodopaíse, por outro lado,o aumentodas receitasfiscaisa receberporquem criouo concelho.
E por últimoexpandira autoridade régia sobre as novas áreas povoadas e desenvolvidas. As cidadesou
as vilas concelhias dispunham, na verdade de uma capacidade auto administrativa, maior ou menor, que
os monarcas, e às vezes, que um senhor, que lhe era concedido através da carta de foral – documento
real utilizado em Portugal, que visava estabelecerum Conselhoeregulara sua administração,deveres e
privilégios.
Concelhos são territórios de extensão variável cujos moradores (ou vizinhos) eram dotados de maior ou
menosautonomiaadministrativa,assuasobrigaçõeseprivilégiosestavam consagradosna cartadeforal.
O númeromaissignificativodeconcelhossituava-senasregiõesfronteiriçasdasBeiras,naEstremadura e
no Alentejo. Eram os chamados concelhos urbanos ou perfeitos.
O exercício comunitário de poderes concelhios;
A afirmação política das elites urbanas
A instituiçãode concelhos,através de cartasde foral,ajudouàurbanidadedoterritório portuguêse que
algumas cidades e vilas concelhias fossem dotadas de avultados privilégios fiscais e judiciais e de uma
grande autonomia administrativa, administração essa que cabia:
 vizinhos que eram todos os homens livres, maiores de idade, que habitavam a área concelhia
há um certo tempo e que nela trabalhavam ou eram proprietários, excluindo-se nobres clérigos,
os judeus,os mouros,os estrangeiros,os servos e os escravos. A elescompetiaaadministração
do concelho.Revestiaocaraterde uma administraçãocomunitária,distintadado senhorioque
pertenciaa um únicotitular. Os vizinhos integravam a assembleia (concilium),queera o grande
órgãodeliberativodoconcelho.Conhecidaspor posturasmunicipais,asdecisõesdaassembleia
dos vizinhos regulamentavam questõeseconómicasrelacionadascom adistribuiçãodeterras, o
aproveitamento dos pastos e dos bosques, o exercício dos mesteres, o abastecimento dos
mercados e o tabelamento dos preços. Mas as competências mais significativas do concelho
(assembleia) eram as que se relacionavam com a administração da justiça e a eleição dos
magistrados:
• Procurador:Exerciaocargodetesoureiroe representavaexternamenteoconcelho;
• Chanceler:Competia-lheguardaroseloe a bandeiradoconcelho.
• Alcaidesou juízes: Também chamadosde alvazis,eram ossupremosdirigentesdacomunidade.
• Almotacés:Estavam encarregadosdavigilânciadasatividadeseconómicas(mercados,preçose
medidas),dasanidadeedas obraspúblicas.
A estes magistrados,escolhidospelaAssembleia, acrescentavam-se,os vereadores,nomeadospelorei
entre os vizinhos. Possuíam vastas competências legislativas e executivas, vindo a sobrepor-se,
inclusivamente, à Assembleia dos vizinhos e aos restantes magistrados.
Todososmagistradospertenciamà elitesocial doconcelho,sendocomummentechamadosde homens
– bons. Eram proprietários rurais e donos de razoáveis cabeças de gado nas terras A realeza
engrandecera-osfazendo-oscavaleiros-vilãos,duranteaReconquista.Serviam naguerra a cavalo,com
as suas armasde ferro e os seus séquitos de peões. Mereciam um tratamentojudicialefiscalreservado,
não podendo receber açoites e estavam isentos do pagamento de alguns impostos.
Para além do destaque social, os homens-bons gozavam de preeminência política, uma vez que
monopolizavam asmagistraturasmunicipais,evitandoqueosmesteiraisasocupassem.Aténacomposição
da AssembleiadosVizinhos os peões (povocomum)acabaram porterumaparticipaçãomaismodestado
que a dos homens bons.
Peões:
 Maioria doshabitantesdosconcelhos;
 Pequenosproprietáriosdeterras;
 Nas cidadeseram osmesteirais(artesãosecomerciantes);
 Pagavam a maiorpartedos impostos;
 Participavam naguerra;
A Organização do espaçocitadino
Os centros urbanos da época medieval portuguesa já nada revelavam da influência geométrica do
urbanismoromano.Pelocontrário,a cidademedievalcaracterizava-sepelasua topografiadesordenadae
labiríntica e pela sua atmosfera sombria, fosse o seu urbanismo cristão – a norte- ou muçulmano – no
Centro e no sul.
Espaço amuralhado
A cidademedievalportuguesadestacava-senapaisagem poruma cinturademuralhas.Estasdavam-lhe
proteçãoerendimentos(pelasinúmerastaxasnas portase postigos),além de embelezá-laedelimitavao
espaço urbano.
Toda a cidade medieval comportava uma zona nobre, um centro, que se distinguia do restante espaço,
ondehabitavam os dirigentese as eliteslocais. Neleestava o castelo,atorredemenagem doalcaide,a
Sé ou igreja municipal, o paço episcopal, os paços do concelho, as moradias dos mercadores e
mesteirais abastados, uma praça ou rossio.
As ruas iam diretamente de um ponto ou outro da cidade, ligando duas das suas portas. Chamavam-se
ruas direitas e, tal como as ruas novas enchiam de satisfação os citadinos, que aí abriram as suas
melhores oficinas, lojas e estalagens.
Tudo o resto eram ruas secundárias, autênticas vielas.
As minorias étnico-religiosas
Não faltavam, na cidade medieval portuguesa, as minorias étnico-religiosas: judeus e mouros.
Judeus: eram mesteirais (ourives, alfaiates, sapateiros), mas houve-os também médicos, astrónomos,
cobradores de renda. Mais letrados que o comum dos cristãos, mais abastados, dados à usura e ao
negócio,emboraoshumildesnãofaltassem,osjudeusviviam em bairrospróprios,asjudiarias,comoseus
funcionários, juízes e hierarquia religiosa.
Mouros: Tinham também bairros próprios, as mourarias e situavam-se no arrabalde.
O arrabalde
O arrabalde localiza-sefora dos murose acabouporse transformarnum prolongamentodacidade.Nele
se encontravam as hortas e pomares e os almocreves que animavam o mercado semanal, os ofícios
poluentes.Paramuitosmesteiraisemercadores,oarrabaldeconstituíaum localprivilegiado.Noarrabalde
nãofaltava a animação(malabaristas,saltimbancosetouradas).Um certoarde marginalidade rodeavao
arrabalde.Os pedinteseleprosos,queeram consideradosparasitasnaépocamedieval,confinavam-se
ao arrabalde.
O termo
Para além do arrabalde,cadacidade possuía o seu termo, território às vezes espalhadopordezenas de
quilómetros. Sobre a cidade ou vila interior exerciam a jurisdição e impunham obrigações fiscais ou
militares.Quantomaisvastootermo, maiorariquezadacidadeem proventosagrícolas,disponibilidadede
mão-de-obra,animaçãocomercial ecapacidadede defesa. Tal erao prestígio e a abastançaoriundosda
sua posseque os monarcasoalargavam ouencurtavam sedesejassem agraciar ou castigar as cidades.
Era a fonte de sobrevivência da cidade. Espraiava-se para além do arrabalde. Era um espaço de olivais,
vinhas ou searas e aldeias várias incluídas. Havia uma feira semanalmente de produtos da terra.
2.4. O poder régio,fator estruturante da coesão interna do reino
2.4.1. Da Monarquia Feudal à centralização do poder
Os primeirostemposde Portugal comoEstadoindependente foramvividossobosignode uma
monarquia feudal.Istoé,umamonarquianaqual orei se consideravacomoomaiore poderoso
dos senhores feudais, o proprietário do reino, pelo que a realeza se concebia de forma
patrimonial. O reino era possuído como um bem pessoal que se herdava e, juntamente com a
funçãorégia,se transmitiaemtestamentonapessoadofilhoprimogénito.Foiporconsiderarem
o reino um bem pessoal e não público que os nossos monarcas efetuaram largas doações e
concederam proteção ao clero e à nobreza, recompensando-os pelos serviçosprestados em
troca de fidelidade e apoio nas tarefas da defesa, expansãoe administração do reino, deste
modo a realeza criou uma corte de vassalos.
A centralização do poder: defesa, justiça, legislação e fiscalidade
Desde cedo, a monarquia portuguesa caminhou para a centralização do poder. Os nossos
monarcas sempre basearam o seu poder na doutrina do direito divino, considerando-se os
representantes de Deus na Terra. Este princípio levou-os a intitularem-se reis por “graça” ou
“clemência” de Deus e a assumirem o papel de órgão máximo do poder público. Como tal,
concentravam na sua pessoa as mais altas funções militares, judiciais, legislativas e fiscais.
Só ao rei competia a chefia militar na guerra externa contra os inimigosda Cristandade, tanto
para a defender como para a dilatar.
Com poder recebido diretamente de Deus, O rei assumia-se como o responsável máximo pela
manutenção da paz e da justiça internas. Cabia-lhe a luta contra as formas de abuso e de
violência, o direito de julgar os nobres e outros detentores do poder, a função de tribunal de
apelação como juiz supremo, o exercício da justiça maior, que lhe permitia, em exclusivo,
condenar à morte ou ao talhamento de membros e legislação suprema, já que ao rei, cabia o
exclusivo da cunhagem da moeda, bem como da sua manipulação.
2.4.2. A reestruturação da administração central
A Idade Média foi marcada pela itinerância da corte, para melhor se inteirar dos problemas e
mais eficazmente exercer as tarefas governativas. O rei e a corte faziam-se acompanhar de
funcionários e assembleias, que compunham a administração central, ou seja, o governo do
reino.
O funcionalismo
Desde oreinadode D.AfonsoHenriquesque os altosfuncionáriosdacorte eramo alferes-mor,
mordomo-mor e o chanceler.
 Alferes-mor- ocupavao maisalto postona hierarquiamilitar.Nasbatalhas
transportavao pendãoreal e,na ausência domonarca, ele própriochefiavaoexército.
 Mordomo-mor- cabia-lhe aadministraçãocivil doreino.Eracoadjuvadoporum vedor
para assuntosprivativosdomonarca,chamado dapífero.
 Chanceler- competia-lhe aredaçãodosdiplomasrégiose aguarda do selo real.
Distinguia-se dosrestantesfuncionáriospelosseusconhecimentossuperiorese pela
sua culturajurídica.
A Cúria Régia
A cúria régia era umaconjuntode conselheirosque ajudavamosoberanonoexercíciodassuas
funções, sendo por isso, um órgão indispensável à administração do reino, nela se debatiam
todosos problemasrelativosà administração do reino,como questõesmilitares,económicas,
judiciais.
As reuniões ordinárias da Cúria contavam com a presença dos membros da corte que
acompanhava o rei: a rainha e outros membros da família real, ricos-homens e prelados, o
governador da terra ou onde a corte estanciava, para além dos altos funcionários da corte.
Quandoosassuntosa tratar revestiamumadimensãonacional,omonarcaconvocavaum Cúria
extraordinária em que aos elementos da Cúria ordinária se acrescentavam os prelados das
várias dioceses, os abades das principais comunidades monásticas, os alcaidesdas cidades, os
membros da mais alta nobreza e os chefes das ordens religioso-militares.
Com tão vasta representação era natural que dos conselhos da Cúria Régia resultassem
importantes resoluções. Assim aconteceu com a primeira Cúria extraordinária realizada em
Coimbra, em 1211; nela se elaboraram as primeiras Leis Gerias, reveladoras da influência do
direito romano no reino.
O Conselho Régio e as Cortes
No reinado de D. Afonso III, verificaram-se alteraçõesno funcionamento da Cúria Régia, cujas
reuniões ordinárias e extraordinárias evoluíram , respetivamente, para Conselho régio e para
uma assembleia designada Corte. Esta evolução prende-se com a nova dinâmica política da
centralização do poder real.
Assim, no Conselho Régio há, relativamente aos seus membros, um grau de exigência
incomparavelmente maior ao registado na Cúria Régia. Não bastava pertencer à família real,
residir acidentalmente na corte ou ser rico-homem ou prelado para merecer a dignidade de
conselheiro. Para legislar e administrar convenientemente o reino, exigia-se agora uma
preparação vastíssimaemmatériajurídica,que só os novosletradosestavamemcondiçõesde
oferecer,porisso,arealezafoibuscaraos legistas(juristasinstruídosnodireitoromano),oseus
concelheirosprivados(osprivati), cuja opinião e competência técnica não podiam dispensar.
Quanto às Cortes, cuja primeira assembleia teve lugar em Leiria, em 1254, apresentavam-se
bemmais representativasdoque as anterioresCúriasRégiasextraordinárias.Comefeito,para
alémdasordensreligioso-militares,dosricos-homense outrosfidalgos,tambémcontavamcom
os procuradores dos concelhos das grandes cidades e vilas e com a presença dos três estados
do reino (clero, nobreza e povo – conferindo-lhes uma dimensão nacional).
Dos representantesdostrêsestadosorei ouviaqueixas.Muitasdiziamrespeitoamatériafiscal
e financeira, como as pretensões do rei de lançar novos tributos ou proceder à quebra da
moeda.Especialmente frequenteseramasqueixasdospovoscontra os abusosdos senhorese
os excessos do poder senhorial.
2.4.3. A intervenção na administração local
Na qualidade de chefes supremos do reino, os monarcas prestaram especial atenção à
administração local do território português. Para o efeito,orei D. AfonsoIII estabeleceuuma
nova organização administrativa nas regiões que estavam sob a dependência direta da coroa,
dividindo-asemcomarcas,subdivididasem julgadose estesemalmoxarifadose eramdirigidas
emnome do rei,respetivamente,pelomeirinhoe depoisporcorregedores,juízes,almoxarifes
e mordomos. Nas áreas concelhias, havia, ainda, um alcaide - mor e vereadores:
 Alcaide-mor- comandavaastropas ao serviçodacoroa e vigiavaas atividadesjudiciais
locais(defesa);
 Almoxarife e mordomo - cobravamdireitose rendasdevidosaorei (fiscalidade);
 Corregedore juízes- inspecionavamosmagistradose a administraçãomunicipal
(justiça);
 Vereadoreseramos novosmagistradosconcelhios,cujaescolhacompetiaaorei.
2.4.4 O combate à expansão senhorial e a promoção política das elites urbanas
O controlo exercido sobre o poder local levou á realeza a combater os abusos do poder
senhorial. Neste sentido, foram criadas leis no séc. XIII e XIV, deforma a interromper o
crescimento desenfreado da propriedade nobre e eclesiástica (senhorio):
 Inquéritos– eraminquéritosfeitosnosreguengospara averiguaranaturezadas
propriedades(honras,coutos) e osdireitose rendasdevidosaorei,permitindo
descobrirque haviamsidocometidasinúmerasusurpações;
 Confirmações– representaramoreconhecimento,pelorei,dostítulosde posse de
terras e direitosdanobrezae altoclero,doadospelosantecessores.Ossenhores
eram,assim,consciencializadosde que muitosdosseusbenspodiamregressarà
Coroa;
 Lei de desamortização – estas leisincidiamsobre osbensdocleroque proibindo-ode
adquirirbensde raizpoisa igrejaera umagrande proprietáriade terras.Evitando-se,a
fugaao fiscode bensque,umavezna posse doClero,eramconsiderados“mortos”
para a fazendarégiaporque dotadosde imunidade.
3.1 A experiênciaurbana
3.1.1 Uma nova sensibilidade artística
O GÓTICO
O surto urbano dos séculosXIe XII refletiu-se,emtermosartísticos,na construção de edifícios
novos, imponentes, de cariz religioso: as catedrais.
Rapidamente o novo estilo ultrapassou os limites da comunidade monástica, tornando-se o
símbolo da afirmação do clero urbano.
Portrásdeste noestiloartísticoencontramos,igualmente,umaelitesocialurbana –aburguesia.
O Burguês era, portanto, um homem orgulhoso de si e da sua cidade,fazendode tudo para a
embelezar com edifícios religiosos (igrejas/catedrais) e civis (palácios, edifícios e sedes), nem
que para isso,tivesse que combatercomas elitesdascidadesvizinhas.Devidoaestarivalidade
a cultura e arte desenvolveram-se, surgindo, assim, a arte gótica.
Os elementos construtivos
Ascaracterísticasdoestilogóticoestão,comoé natural intimamenteligadasaosseuselementos
construtivos.
Na arquitetura, a arte gótica caracterizou-se por:
 Verticalidade (muitoaltas);
 Luminosidade – devidoaouso de vitrais,proporcionavamuitasaberturas,oque
tornavao interiordascatedraismuitoiluminado;
 A entradaera diferente,pois,de ummodogeral,a igrejaromânicaapresentaumúnico
portal,a igrejagóticatemtrês portaisque dão acessoàs trêsnavesdo interiorda
igreja;
 Todas as igrejas doséc.XI e XIV têm a rosácea,elementoarquitetónicomuito
característico doestilogótico,eraumajanelaredondaque se encontravanoportal
central;
 Tudo se voltapara o alto,projetando-se nadireçãodocéu,comose vê nas pontas
agulhadas(pináculos)dastorresde algumasigrejascatólicas,poisexpressaa
grandiosidade e acrença na existênciade umDeusque vive numplanosuperior;
 Os arcos quebrados vemsubstituirosarcosde voltainteira,semicircular,utilizadona
arte românica.Este arco confere ao edifícioasensaçãode elevaçãoe verticalidade,
poispode ser“estirado”emaltura,independentementedalargurada sua base;
 A abóbada de cruzamento emogivas derivada abóbadade aresta,permitindoa
construçãode pilares,que proporcionaram paredesmaisfinase tornavamas
igreja/catedraismaisaltas;
 O arcobotante elementoarquitetónico,que transmitiaopesode umaabóbadapara
os contrafortes externos.
O “livro de imagens” da Cristandade (Escultura gótica)
Durante o séc. XIII, a relação arquitetura-escultura é particularmente intensa. Porque, para
além,de asesculturasgóticasse encontramunidasaoselementosarquitetónicose doseuvalor
artístico,a decoraçãoescultóricadascatedraistemum valor doutrinal,poiscontavamao povo
analfabeto da Idade Média, que era a maioria da população, a vida de Cristo e dos santos,
enquanto as gárgulas (esculturas de diabos, monstros ou animais que adornam o exterior da
catedral) alertavam para a possibilidade de condenação do pecador.
Pintura Gótica
Os principais artistas do gótico foram precursores da pintura renascentista:
 Giotto– representavaassantascomosereshumanossimples,pessoascomuns,do
dia--a-dia.A visãohumanistanaqual o homemé o centrode tudocomeçoua surgir
nas suaspinturas.
 Jan Van Eyck – retratavaa vidada sociedade daépoca,registandoaspaisagens
urbanascom as suas características e detalhes.
3.1.2 As mutações na expressão da religiosidade: ordens mendicantes e confrarias
No século XIII, a cidade é um lugar de prosperidade, como atestam as suas catedrais.
Atraídospelosonhode riqueza,muitoscamponesesabandonamocampoe instalam-senos
arrabaldes das cidades. Porém, estas nem sempre lhes oferecem trabalho,e os migrantes
experimentam a miséria, acrescida da solidão, por falta das redes tradicionais de apoio
(família,vizinhos,paróquia).Éneste contextoque irãosurgirnovasestruturasde apoioaos
desfavorecidos da sorte: as ordens mendicantes e as confrarias.
O papel das ordens mendicantes
Asordens mendicantes erammovimentosde renovaçãosurgidosdentrodaIgrejaCatólica,
pois contrariamente aos seus ideais, a Igreja identificava-se com o grupo dos ricos, deste
modo foram criados movimentos de contestação ao luxo do clero e de retorno à
fraternidade e pobreza originais do cristianismo, chamados:
 Franciscanos – criadapor Franciscode Assisque se tornou,nãosó, umexemplode
humildade,mastambémumsantodaigrejacatólicaao renegaro seupassadode
luxo,passandoaviverentre osmendigose osleprosos.Fundouaordemdos
fradesmenoresque mendigavamoutrabalhavamparacomer.Os franciscanos
instalaram-se rapidamente emPortugal,nomeadamentenosconventosde
Alenquer,Lisboa,Coimbrae Leiria.
 Dominicanos– criada por Domingosde Gusmão,fundouumaordemreligiosa
confirmadapeloPapaInocêncioIII.Osdominicanoseram, também,chamados
“fradespregadores”pelaimportânciaque atribuíamàpregação,estritamente
ligada,porseuturno, ao estudoda Teologia.
As confrarias
As confrarias eram associações de entreajuda, de cariz marcadamente religioso, que se
organizamsob a proteçãode um santo.Agrupavamos homenspor ofícios,laços de vizinhança
ou apenas pela devoção ao mesmo santo e o desejo de praticar a caridade assegurando-lhes
apoio financeiro e moral em todas as dificuldades.
3.1.3 A expansãodo ensinoelementar;a fundação de universidades
As primeirasescolas urbanas
Até ao séc. XI, a leitura e a escrita, aprendidas na escola, eram privilégio quase exclusivode
clérigose monges,peloqueos mosteirosmaisconceituadoseramverdadeiroscentrosde saber,
com as suas livrarias e as suas escolasmonacais,destinadasàpreparaçãode jovenscandidatos
a monges e ao aprofundamento dos conhecimentos dos religiosos mais velhos.
Mas a partir do séc. XI, organizaram-se aprimeiras escolasurbanas. A tutelada Igrejamatem-
se mas local e os destinatáriosdestasnovasescolas - escolas-catedrais– são outros:junto das
sés. Estão no centro da cidade e participam do seu dinamismo e do seu espírito. Dirigem-se a
um público mais vasto, admitindo, além de clérigos, numerosos leigos.
A multiplicidadedasescolasurbanascorrespondeàs novasnecessidadesdaadministraçãoe da
economia.As cidadesprecisamde juristaspara os seustribunais,de notáveisescrivãesparaas
repartições públicas, isto é, de homens de letras que constituam o novo funcionalismo.
As universidades
Algumas das escolas catedrais evoluíram para universidades, estabelecimentos do ensino
superior que agregavam várias faculdadese que se organizavam numa estrutura mais rígida e
complexa. Ao longo dos séculos XIII e XIV, as universidades expandiram-se pela Europa
Ocidental, especializando-se em diferentes saberes: Teologia, Direito, Medicina.
As universidades tiveram um impacto importante nas regiões onde se instalaram. Foram
responsáveispelatransformaçãodascidadesemativosfocosde inovação.Emconsequênciada
presença das universidades, logo, estudantes, a cidade tornou-se o local por excelência da
liberdade de ação,pois os estatutosdas universidadesprotegiamosseusalunos,concedendo-
lhesalgumaautonomianosregulamentose defendendo-os,porexemplo,daprisãopordívidas.
Por último, a universidade foi responsável pela alteração da própria fisionomia da cidade.
Em Portugal a primeira universidade surgio em Lisboa, em 1290, chamada o Estudo Geral de
Lisboa, tendo sido transferida em 1308 para Coimbra
3.2 A cultura leigae profana nas cortes régias e senhoriais
3.2.1 O ideal de cavalaria
A nobrezaidentificava-se,porvoltade 1300,comumideal maiselevado:odo perfeitocavaleiro.
A primeiracondiçãoexigidaaocavaleiroé oseu bom nascimento,poispara entrarna cavalaria
tinha de ser nobre. Este deveria seguir uma série de virtudes militares herdadas dos séculos
anteriores:ahonra,a coragem e a lealdade paracom o seusenhor.A estassomam-seavirtude
e o amor a Deus, pois a cavalaria é, simultaneamente, um ideal profanoe religioso, e por isso
deveriamtambémseguirumidealde cruzadas.Estesaindadeveriamseguirumcódigode amor
que existia entre os cavaleiros: o cavaleiro é o herói que serve por amor.
A educação cavaleiresca
A educaçãodojovemcavaleironosseusprimeirosanosde vidaerafeitasoboscuidadosdasua
mãe e depois, já rapaz, era enviado para o paço de um senhor de maior estatuto, onde
permaneciaaté à idade adulta.Aí servia,primeiro,como pajem (cerca de 7 anos),iniciando-se
na equitação e no manejo de armas. Em adolescente este tornava-se escudeiro e, durante 7
anos, servia um cavaleiro, a quem tratava do cavalo e das armas, acompanhando-o nas suas
expediçõese assistindo-oemtudooque respeitasse àslidesde cavalaria.Durante este período
o jovem desenvolvia um treino intenso onde praticava uma série de “desportos”, onde se
destacavam a caça, os torneios e as justas.
Depoisde cerca de 14 anos de aprendizagem, ojovemescudeiroproferiaos votosde cavalaria
que eram enquadrados por um ritual solene. Por fim, era investido numa ordem de cavalaria,
recebendo as esporas de cavaleiro e a tão desejada espada.
3.2.2 O amor cortês
O florescimentodascortesrégiase senhoriaisproporcionouoconvívioentre osdoissexosque,
a partirdo séc. XII,revestiuumaformaespecífica,conhecidapor amor cortês. O amor cortês é
essencialmente espiritual em que a sua dama corresponde ao tipo idealizado de mulher. Esta
propagação do ideal de amor cortês teve importância nas poesias trovadorescas.
O amor foi,pois,um componente essencial dasociedade cortesãe da cultura erudita da Idade
Média. A cultura erudita é a cultura própria dos grupos mais elevados da sociedade,
intimamente ligadaà leiturae ao estudo.É uma cultura intelectualizada,nãoacessível àmaior
parte da população. Na Idade Média, são focos de cultura erudita os conventos, com as suas
livrarias, as universidades e as cortes régias e senhoriais.
3.3 A difusão do gosto e da prática das viagens
Nossécs.XIIIe XIV quando,osEuropeusadquiremumanovavisãodomundo.Soboimpulsodo
comércio, as velhas barreiras geográficas, que tinham fechado a Europa sobre si mesma e
isoladoassuasregiões,começaramaceder.Odesenvolvimentodogrande comérciocrioulaços
entre os mercadores e os governantes. Assim muitas viagens aliaram ao negócio missões
político-diplomáticas e muitos comerciantes começaram a desempenhar o papel de
embaixadores das cortes da Europa.
Romarias e peregrinações
Em toda a Cristandade abundavam igrejas, capelas e ermidas que eram objeto de devoção
especial. A elas acorriam grande número de pessoas em busca de alívio para as suas doenças,
em pagamento de promessas feitas ou, simplesmente, para satisfação da fé.
Estas deslocaçõesincluíamas romarias, celebraçõesorganizadasemhonrade um santo,numa
data fixa do ano, estas atraíam numerosos fiéis e assumiam muitas vezes um caráter lúdico e
folgazão.
Pelasua constante repetiçãoe pelaestreitaaliançaentre a componente religiosae profana,as
romarias foram uma das expressões mais notáveis da cultura popular medieval. Fortemente
enraizadosnoshábitosdaspopulações,persistiramaté hoje,continuandoaanimarosmesesde
Verão.
O componente maior da tradição judaico-cristã era o hábito das grandes peregrinações; estas
eram feitasprincipalmente paratrêslocaisdistintosde peregrinaçãodaCristandade Ocidental:
Jerusalém,cenáriode paixão e damorte de Jesus, Roma,sede dopapadoe local de martíriode
S.Pedro,que aírepousava, e Santiagode Compostela,ondeemmeadosdoséc.IX,se encontrou
um túmulo identificado como sendo o do apóstolo São Tiago.

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A identidade civilizacional da europa ocidental e o espaço português a consolidação de um reino cristão ibérico

  • 1. Poderes e crenças – multiplicidade e unidade A multiplicidade de poderes À unidade política do mundo romano sucedeu a uma Europa dividida e instável. Durante a Idade média, senhorios, principados, cidades independentes coexistem com unidades mais vastas - os reinos – e até com um império, O Império Bizantino, que teve uma importante referência política e cultural para a cristandade ocidental. O imperador Justiniano, no séc. VI, tentou reconstituir a antiga unidade imperial, reconquistandoa Itália, o Norte de África, avançando até à Península Ibérica, para aí restabelecer a pax romana, no entanto foi atacadosucessivamenteporvários povos. A culturaBizantina, além de referência para a EuropaOcidental,influenciouoIslãoe teve grandeimportâncianaintegraçãodosEslavos e povos da Rússia na civilização helénica e cristã. Os senhorios Área jurídica,fiscale administrativanaqualum senhor, nobreou eclesiástico,exerceopoderbanalsobre todos os homens (livres ou servos) aí residentes. Direitos senhoriais:  O senhordetinhaopoderderecrutarhomensparaaguerra,decontrolarcasteloseoutras fortificações e de organizar expedições ofensivas – comando militar.  Exerciaa justiçasobreos homensdoseu território, determinavaas penas,excetoas de morteedecortedemembros,queeramexclusivasdorei,ecobravaasmultas –punição judicial. Direitos dominiais:  Concedia parcelas de terreno aos camponeses, os quais, em troca, lhe pagavam prestações em dinheiro, alimento ou trabalho, até pelo uso do forno, moinho e lagar, e pelaentradanaáreadosenhorio(asportagens),de mercadoriasepessoas(aspeagens) - coação fiscal. Os senhorios tinham privilégios chamados imunidade do senhorio que levou a uma considerável perda de poderes por parte da realeza. Aconcessão da imunidade aos senhores fez-se através:  de uma carta de couto, pelo que a expressão de território coutado equivalia a território imune, tendo na sua maioria sido concedidas à Igreja.  da atribuição do poder público a um nobre, que se considerava honradopor o monarcanele delegar a administração de territórios ou castelos. Por este facto, o património da nobreza foi geralmentechamadode honras,com otempo,foram exercendooseupodernãoem nomedorei masa título pessoal,tendoinclusive,estendidoabusivamenteosprivilégiosdecomando,punição e coação aos seus simples domínios fundiários, daí a perda de poderes por parte da realeza.
  • 2.  A atividade económica predominante era a agricultura sendo por isso uma economia ruralizada.  O domínio senhorial era constituído:  PelaReserva,maisconhecidaporquintã–Exploradadiretamentepelosenhor;  Pelos Mansos – Pequenas parcelas de terras distribuídas aos camponeses.  Ambaseram afonte de direitosdominiais,provenientesdaexploraçãodosolo pela massa de camponeses. Este duplo poder do senhor – o domínio económico e a autoridade sobre os homens – é uma das características mais marcantes dos tempos medievais. Ducados e condados Osduqueseos condesconstituíamosescalõessuperioresdanobrezamedieval.Geralmenteaparentados com a casareal, possuíam senhoriosimensos,cujaextensãomuitasvezes se foi alargando;generosas doações régias e uma hábil política de casamentos contribuíram para juntar, numa só mão, parcelas senhoriaisanteriormenteseparadas.Estessenhoriosenglobavamparaalémdasterrasagrícolasealdeias, numerosas vilas e, até, cidades importantes. Os reinos Os reinos são unidades políticas extensas, que têm à cabeça um rei. Para que se constituía um reino estável devem conjugar-se duas condições fundamentais:  O reconhecimento da superioridade de uma família, à qual compete exercer a realeza, em regime hereditário. O rei detém sobre todos, uma autoridade suprema, que deve utilizar para garantir o bem comum.  A delimitação de um território, sobre o qual o monarca exerce a sua autoridade Deste modo, a constituição de um reino corresponde sempre a um processode identificação entre um rei, um território e os seus habitantes. As comunas A partir doséc.XI, beneficiandodeum climadepaze prosperidade,acidaderenasceeanima-se.Centros de comércioedeartesanato,habitadasporhomensativose cheiosdeiniciativa,ascidadesaceitammalo domínio que sobre elas exercem os grandes senhores. Por isso, desde cedo reivindicaram a sua autonomia. O movimento de luta pela liberdade citadina começou no Norte de Itália, onde nunca se perderam as tradiçõesurbanas.Encabeçadospelosmercadores,ogrupomaisativo, maisricoemaisinfluente,obrigou à união detodososhabitantesdacidade,seladaporum juramento solenedeentreajudaelealdade:a comuna. A comuna era uma associação de habitantes que obteve o direito de se administrar livremente, após lutarem, em alguns casos, pois em algumas quando apresentavam ao senhor as suas reivindicações e o senhor resistia.
  • 3. Esse direitossó foram alcançado,porvolta, do séc. XII, quandoboapartedos burgoseuropeusrecebeua sua cartacomunal,queerao estatuto jurídicodacomunaqueconsagraaformade organizaçãocoletiva e estipulavam estatutos e privilégios muito diferentes, conforme a cidade e os usos da região. A unidade da crença Apesar do seu funcionamento político, a Europa Ocidental assumia-se como um conjunto unido pela mesma Fé. A Igreja era a única instituição que ultrapassava fronteiras e se estendia, solidamente, por todos os países e regiões, contribuindoassim paraaconstruçãodeumaidentidadecomum.Destaforma, a noçãogeográficade Ocidente converteu-senuma realidadecultural,a Cristandadelatina,conjuntode terras e povos cujalíngualitúrgicaeraolatim eque,em matériareligiosa, obedeciaao bispo deRoma,o Papa. O poder do bispo de Roma na Igreja ocidental Embora, desde os primórdios da cristianismo, se tenha reconhecido ao bispo de Roma uma dignidade especial,aaceitaçãodasuasupremaciasobreosoutrosbispossuscitougraveseprolongadasdesavenças que culminaram, no séc. XI, com divisão da Igreja em Igreja Ortodoxa (Oriente) e Igreja Católica (Ocidente). A consolidação do poderdaigrejadeRoma, ficouadever-se, em grandeparte, ao PapaGregório VII, com a reformagregoriana,quenãosó moralizouos costumesea atuaçãodosclérigoscomoproclamou a supremaciaabsolutado papado (honrado papa).Queafirmouqueapenaso Papa, em nomedeCristo, tinha um poder absoluto e universal, estando este acima dos príncipes e que podia demitir quem não respeitasse os direitos de Deus e da Igreja. A estes princípios opuseram-se muitos reis, príncipes e, sobretudo os imperadores do Sacro Império Romano-Germânico, que não estavam dispostos a reconhecerem, em matéria política, a sua subjeção à Santa Sé. No séc.XIII, o PapaInocêncioIIIordenouquetodas as igrejasnacionaisestavam submetidasàSantaSé. Iniciou a centralização romana com o desenvolvimento da administração eclesiástica e da fiscalidade. Contribuindo para que neste século, para que a Igreja Católica, fosse, sem dúvida, a instituição mais poderosa e organizada do Ocidente:  Tem um centro reconhecido, Roma, e um chefe supremo, o Papa;  Exerce o seu poder sobre todo o Ocidente e todos os seus habitantes, mas mesmo todos, pois nesta altura eraimpensávelnãoter religião.NoOcidente,salvo os pequenosgruposde judeuse mouros, todos eram cristãos;  Possui meios humanos e materiais;  Rege-se por um código de leis próprias – o Direito Canónico -, que individualiza os seus membros face à restante população. O reforço dacoesão internafaceaBizâncioeao Islão Diversos fatores aliados ao crescimento da influênciado papado, originou a afirmação da Cristandade ocidental,tantoperante o mundobizantinocomoperanteo mundomuçulmano,este último,soba direção deMaomépregaraumanovareligião,o Islamismo.ConquistaramaÁfricadoNorte eilhasmediterrâneas, de ondeo impériobizantinofoi afastado. Muitosdos habitantesconverteram-seaoIslamismoepassaram a integrar o exército, contribuindo para o alargamento do mundo muçulmano.
  • 4. Durantecercadequatro séculos(do séc.VIII AO ÍNICIO DO SÉC.XII),a Cristandadeapequenou-se face ao Islão. Mas tu mudouem 1095, a Cristandadedeu um sinal clarode que as coisasestavam prestes a mudar.O Ocidente desencadeou uma série de grandes ofensivas militares, conhecidas por cruzadas, atendendoao pedidodo PapaUrbanoII. O seu objetivo era a libertaçãodoslugaressantos da Palestina, que se encontravam sob o poder dos muçulmanos. Embora,a nível militar,o êxito das expediçõestenhasido reduzido, fortaleceua ideiade uma sociedade encabeçada por um ideal religioso, suficientemente forte para lutar, unida, contra os inimigos da Fé. Este ímpeto guerreiro fez-sesentirem todasaszonasdeconfluênciadomundocristãocomomuçulmano: na PI, a Reconquistaavançou rapidamente;nosuldaEuropa,diminuíram asraízes muçulmanasàszonas costeiras;no Mediterrâneo,as embarcaçõescristãsfizeram valer os seus direitos, retomandoasrotas há muito abandonadas. No séc. XIII,a Europa Ocidental tinha, claramente, recuperado do seu abatimento face ao Islão. O quadro económico e demográfico - Expansão e limites do crescimento No ano1000, as florestascobriam aEuropa,ocupandoumaenormepartedosolo,em detrimentodaterra cultivada.No decursodostrês séculos.Seguintes,os homensdesbravaram bosques,amanharambaldios e secaram pântanos,transformando-osem terrasdelavourajuntoàsquaisnasceramnovasaldeiasevilas. Estes grandes arroteamentos ficaram a dever-se à ação individual de muitos camponeses, mas, sobretudo,àiniciativaconjuntadereis,senhoreslaicos,ordem monásticaseatécidades.Poiseram osque mais possibilidades tinham para atrair camponeses, fornecendo-lhes as primeiras semente, os instrumentos de trabalho e materiais de construção. Juntamente com a expansão da superfície de cultivo, a agricultura, beneficiou ainda, de consideráveis avanços técnicos:  O emprego crescente do ferro nos utensílios agrícolas, nomeadamente na charrua, auxiliouo esforçodoscultivadores,permitindoabrirmaisprofundamenteosoloe fixar melhorassementes;  Novas formas de atrelagem – a cargafrontal para os bois e a coelheirarígidaparaos cavalos – possibilitando um melhor aproveitamento da força animal.  O afolhamentocom rotação trienal deculturas,quesubstituiu a tradicionaldivisãoda terra em apenas duas folhas (uma lavrada e outra em pousio), permitiu granjear, cada ano, uma maior parcela de terreno.  A fertilização doscampos com marga(argilacalcária)ecinzas e a maiorutilizaçãode estrume animal melhorou a qualidade dos solos. Todosestesaspetos traduziram-sepor um aumento deprodutividadeagrícola que,acompanhadopelo incentivo dapecuária,fezcrescersignificativamenteasdisponibilidades alimentares na Europa. O crescimento demográfico Esta abundânciadealimentosfezaumentaronúmerodehomens. Quando asgrandesfomesrecuaram, diminuíramtambémas epidemias,porque,melhoralimentada,apopulaçãotornou-semaisresistenteà doença. Dispondo de bens essenciais e de um clima geral de paz, a Europa viu, entre os sécs. XI e XIII, a sua população duplicar. Renascimento das cidades e a dinamização das trocas
  • 5. Para além do setor agrícola, o clima de prosperidade fez-se sentir no comércio e no artesanato. O seu dinamismo contribuiu, em muito, para o renascimento das cidades, que, finalmente, recuperaram do marasmo em que tinham mergulhado desde a queda do Império Romano. O surto Urbano Em tornodosvelhos castelossenhoriais,juntoaosportosouàsvisde circulação, ascidadesaumentaram em número e em tamanho e transformaram-se. Anteriormente, eram, sobretudo, centros políticos, militaresereligiosos,derivandoasuaimportânciadadignidadedonobreoubispoqueashabitava.A partir do séc. XII, as cidades medievais assumem uma feição essencialmente económica. Nelas se estabelecem mercadores,banqueiros,artesãos, lojistas, que as animam eenriquecem.Sãoeles os mais característicoshabitantesdoburgoe, por isso, tomam onomede burgueses.Individualizando-se,assim, um novo gruposocial,a burguesia,queparasemprepermaneceráligado à cidade e às suas atividades. Masas cidadesnãoeram animadassópelosburgueses,pois os nobresafluíram às cidadesà procurade divertimentose artigosluxo e peregrinosem buscadehospitalidade,desenraizadosnaesperançadeuma vida melhor. A cidade assumiu-se, como um polo de atração em permanente crescimento, atingindo o seu auge no início do séc. XIV, antes da mortífera Peste Negra. A dinamização das trocas locais e regionais Embora muitas cidades se animassem, em determinadas épocas do ano, com a realização de grandes feiras internacionais, eram os pequenos mercados de dominante agrícola que alimentavam a vida económicacorrente,estabelecendouma ligaçãocontinuaentreacidadeeoscamposmaispróximos. As necessidadesde abastecimento dapopulaçãourbanarepresentavampara ocamponês um mercado certo,ondepodiam vendercomproveitoosseusexcedentes.Emborapesadas,asrendassenhoriaiseram, normalmente, fixas, o que estimulava o agricultor a produzir mais, visto que o excedente revertia em seu benefício. Só eram assíduosao mercadooscamponesesdasaldeiasmaispróximasmasessesnãochegavam para satisfazer a procura, pelo que, as ligações cidade-campo, eram feitas através de profissionais, os almocreves,queatuavam comointermediários,abastecendoacidadedegéneros alimentícioseaszonas agrícolasdeprodutos manufaturados.Os senhores recebiam partedasrendasem génerose mandavam comercializar no mercado local. O mesmo se passava com mosteiros e abadias, cujos excedentes chegavam regularmente à cidade. Regulamentar o mercado e abastecer eficazmente a cidade tronou-se uma preocupação e um dever das autoridades urbanas. As medidas tomadas nesse sentido eram rígidas: limitavam-se as quantidades que cada um podia adquirir e puniam-se severamente todos os comerciantes que tentassem enganar o comprador. Este mercado local,representavaomaiorvolumedetrocasdestaépoca,contribuindodecisivamentepara a afirmaçãoda economiamonetária.Todaavida económicabeneficioudoseu impulso,oque levou, ao alargamento da rede de trocas a circuitos mercantis mais vastos e organizados, passando de um comércio localaumcomércioregional quereanimouasestradaseosrios europeus,estabelecendo,de novo, as ligações entre os centros de produção e consumo. As grandes rotas do comércio externo Nos sécs.XII e XIII, os mercadosaventuraram-seapercorrergrandesdistâncias,reativandoas rotas do comérciointernacional.As cidades: - Flandres:prosperidadetrazidapelaativa indústriadelanifícios,juntamentecom ariquezaconseguida pelocomércio,a Flandresatraía,porforçadasuaposição geográfica,mercadoresdosquatro cantos
  • 6. da Europa queaquiacorriam paracomprarevender, o seus produtosdo Bálticoe das regiõesdaRússia (Alemães), do mediterrâneo e especiarias do Oriente (Italianos), entre outros. - Flamengas: acolheram os mercadores estrangeiros, sobretudo Bruges, com privilégios, concedendo- lhesresidênciaeautorizaçãoparaconstruirassuascasasde comércio,com oficinas,armazéns, locaisde descargaedescarga,tornado Burgesno local maiscosmopolitadaEuropa, ondesetransacionamas peles,a madeiraeaceradoNorte, os vinhos, osal e o azeite daPI, as lãs deInglaterra,o alúmendaSíria e as especiarias do Oriente. - Do mar Báltico e do mar Norte (comércio da Hansa): devido ao elevado risco de perda de vidas humanas e de mercadorias, quando no séc. XI, o comércio à distância foi reativado, cedo se desenvolveram,por isso associaçõesmercantis destinadasaasseguraraproteçãodoscomerciantesde umacidadeouregiãoeadefenderosseusinteresses:as hansas ouguildas,tendoaprimeirasidoamais poderosa,compostapor cercade90 cidades,destinadaa asseguraro monopólio do comércio do mar Báltico e, quando possível, do mar Norte, sendo Hamburgo, Dantzig, Riga, Colónia e, em especial, Lubeque as principais cidade hanseáticas. Formando-se, assim, o comércio da Hansa, onde os comerciantescarregavam rumoaoSuloscereaisdaPrússiae da Polónia;as peles,as gorduras,a cerae as madeiras da Rússia e da Noruega. No caminho oposto, enchiam os seus navios, com vinho e sal da França,lãsda Inglaterra,azeite doMediterrâneoetecidosdaFlandreseeram intermediáriosnocomércio entre a Flandrese Inglaterra, chegandoatransportar,no séc. XV, maisde 70%das mercadoriasinglesas para a Flandres. - Do norte de Itália: o desenrolar da 1ª Cruzada, em 1095, marcou o recuo do domínio muçulmano no Mediterrâneo e a sua abertura ao comércio europeu, o que permitiu a várias cidade italianas, que foram das regiões europeias as que melhor preservaram a memória e o saber das ligações mercantis, dominaremasrotascomerciaisquelevamàÁsiaMenor.ÀSíria,ao Egipto deondefaziam chegaraos mercados europeus as especiarias, os tecidos finos, as pérolas, as pedras preciosas e o alúmen. A isto juntava-se as suas moedasde ouro, procuradasem todaa Europa, e a ousadiados seus mercadores,os primeiros a demandarem o longínquo Oriente. - As cidades-feiradeChampagne:em algumasregiõesfavorecidaspelascondiçõesgeográficasepelos privilégios dos senhores, que ofereciam condições vantajosas de alojamento, armazenamento, isenção oureduçãodosimpostoscostumeirosegarantiama segurançadosmercadores,quenaprópriafeira,quer na viagem de ida e de volta, através de um conduto que os punha a salvo de agressões e processos judiciais (salvo-conduto), desenvolveram-se feiras periódicas que rapidamente, atingiram dimensão internacional,destacando-seasque,na Champagne,serealizavam nas cidadesdeLagny,Bar-sur-Aube, Provins e Troyes, sendoo pontode encontrodosmercadoresdaEuropae detudo o queeles tinham para oferecer, situadas em pleno eixo de ligação entre o Norte flamengoe o Sul italiano. Decorriam durante o ano todo, o que tornava Champagne num autêntico mercado continuo. As novas práticas comerciais e financeiras O desenvolvimento comercial dos últimos séculos da Idade Média estimuloua criação de novas técnicas de negócio. É, pois, natural que os mercadores medievais tenham inventado práticas novas que lhes proporcionassem facilidade e segurança nas suas transições. Foi assim que surgiram as primeiras sociedadescomerciais,os primeirosseguros eos primeirospagamentosempapel,comoochequee a letra de câmbio. Em apoio de todo este pioneirismo financeiroe comercial desenvolveu-se a atividade dos cambistas ou banqueiros.Estes,semprepresentesnas feiras e nasprincipaispraçascomerciais,ondeeraconstantea
  • 7. trocademoedas,depressaalargaramasuaatividade,aceitandodepósitosearealizando transiçõesde dinheiro, bem como operações de crédito. Deste modo se estabeleceram as primeiras atividades bancárias tal como as conhecemos hoje. Inicialmenteeram encaradocom mausolhospelaIgreja,poiscondenavaolucroeo comérciodedinheiro, mercadores e banqueiros viram, a partir do séc. XII, a sua posição social reconhecida e o seu ganho legitimado pelos benefícios que a vida económica deles retirava. A quebra demográfica no séc. XIV Durante a Idade Média, a morte era uma presença permanente, devido: Á fome No fim do séc. XIII, a quantidade de alimentos que era possível produzir já não bastava para alimentar tantos homens. Mais, as lavras intensas tinham esgotado os solos, tornando ainda mais precárias as colheitasdecadaano,aisto, somaram-seasmudançasclimáticas.As chuvas e ofrio fizeram apodrecer as sementes e as colheitas perdiam-se. A fome regressou ao Ocidente como uma maldição sempre repetida:na Provença,um anoem cadatrês era de máscolheitas.Em Navarra, quase todo o séc. XIV é de escassez e subalimentação. Em Portugal, de meados do séc. XIV aos finais do séc. XV, são conhecidas,pelomenos,21crisesdesubsistência,quese fez sentir, especialmente,nosgrandescentros urbanos, mas que também afetaram a província. Á grande peste Repentinamente, em 1348, uma terrível epidemia – a Peste Negra – abateu-se sobre o Ocidente. Trazidado oriente por marinheirosgenovesesque haviam entrado em luta com os Tártaros,nas feitorias de Crimeia, tendo sido a mais grave epidemia de que há memória, atingindo um terço da população Europeia, entre 1348 e 1250, sobretudo nas cidades e mosteiros, onde a concentração populacional era maior. A Peste Negra tinha um caráter bubónico, fazendo nascer tumefações (bubões negros e azulados) nas virilhas, nas axilas e pescoço e podia revestir um caráter pulmonar, propagando-se pelo ar respirável, o qua tornava ainda mais contagiosa e fatal, levando à morte me dois ou três dias. Os médicosprotegiam-seusandoluvas, uma túnicae umamáscaraem formade bicode pássaros,onde acumulavam ervas aromáticas, de odor intenso, com o objetivo de filtrar o ar, mas o mal estava aqui: na ausência de higiene individual e coletiva que rodeava tudo e todos. Á guerra Nesta época,os efeitos devastadores da guerraresultavam maisdas violênciasexercidaspelosexércitos sobre as populações do que propriamente das batalhas. Aaproximação de tropas, amigas ou inimigas, punhaos camponesesem pânico:searasespezinhadas,celeirosroubados, gadoconfiscado,violaçõese assassínios eram atitudes comuns, que deixavam atrás de si a fome e destruição, nas cidades as malfeitorias, não eram menor, temendo os povos pelos seus haveres e pelas suas vidas. Em suma, nos sécs. XIVe XV a vida assumia, de novo, um conteúdo violento e sombrio. As fomes e o cortejo de doenças que se lhes seguia deixavam um rasto de miséria e de morte, que os medievais interpretavam como um castigo divino para os pecados da Humanidade. A fixação do território português A Reconquista Nos sécs. XII e XIII, em plena Reconquista cristã da PI aos muçulmanos, Portugal constitui-se como entidadepolíticaindependente (Estado) e fixou o seu território nas fronteiras que ainda hoje se mantêm.
  • 8. Coubea Afonso Henriques transformaro pequenocondadoportucalensenoreinoautónomodePortugal, tendo o conseguido verdadeiramente em 1179, através da Bula Manifestis Probatum, onde o Papa Alexandre III dignou-sea acolhersoba proteção daSantaSé, pelossécs fora, o Reinode Portugal,em trocadopagamentodeum tributoanualem ouro.Ora,nacondiçãodevassalosdoPapa – o chefemáximo da Cristandade -, os reis de Portugal viram-se, assim, desobrigados de obedecer a qualquer outro soberano.Masantes,em 1143,Afonso VII, primodeAfonso HenriqueseimperadordasEspanhas,aquem devia obediência e lealdade na qualidade vassalo, mas a partir da Bula Manifestis Probatum, deixou verdadeiramente de prestar vassalagem a qualquer outro soberano, a não ser ao Papa (como já foi dito anteriormente). Entretanto, Afonso Henriques prossegui a conquista de territórios aos muçulmanos. Em 1147, conquistouSantarém eLisboa,consolidandoodomíniodalinhadoTejo.Posteriormente,tomoupossede Sintra, Almada e Palmela, para assegurara a defesa de Lisboa. Em 1158 conquistou Alcácer do Sado firmando, assim, a presença portuguesa na linha do Sado, Em 1162 e 1165, alcançaram Beja e Évora, Em 1185 morreu, então o 1º Rei de Portugal D. Afonso Henriques (o conquistador). O seuherdeiro D.Sancho I,reide1185a1211,seguiuaspisadasdopai,tendoum grandechefeguerreiro, levando a duas expediçõesvitoriosasao Algarve, apesardas forças portuguesasnão terem resistido aos ataques dos Almóadas(povos berberesprovenientes de Marrocos),perdendotodasas posiçõesa sul do Tejo, à exceção de Évora. JáD. Afonso II,reide1211a1223,revelou-seum monarcadeaçãomilitarinferior.Nãoobstante,astropas portuguesas avançaram no Alentejo, intervindo, ao lado dos Castelhanos, Aragoneses e Franceses, na defesa da península contra os Mouros, derrotando-os na Batalha de Novas de Tolosa (1212). Com D. Sancho II,reide 1223a 1245, o território portuguêsexpandiu-senoAlentejo, com aconquistade Elvas, Juromenha,Serpa,Aljustrele Mértolae com areconquistadeBeja.Entre1234e 1239,a soberania portuguesa chegou ao Algarve oriental. No reinado de D. Afonso III (1248-1279) conclui-se a conquista doa Algarve, quando o monarcase apoderou do território ainda em posse dos muçulmanos e no qual se incluíam Faro, Albufeira e Silves, o norte cristão anexou para sempre o Sul islâmico e a Reconquista portuguesa chegou ao fim, Do termo da Reconquista ao estabelecimento e fortalecimento das fronteiras Entre o termo da Reconquista (1249) e o estabelecimento definitivo das fronteiras portuguesas (1279) passouquasemeioséc.Nesseintervalodetempo,oReinodePortugalresolveuvárioslitígioscom oReino de Leãoe Castela, poisem 1252,Afonso X de Leão e Castela, acabadodechegaraotrono, reivindicouo ex-reino algarvio de Niebla (onde se incluía Silves), alegando que a sua soberania lhe havia sido cedida pelorespetivo rei mouro.Facea umapresumível guerraentre os doisreinos cristão,o Papa InocêncioIV interveio na celebraçãodo tratado de paz em 1253, que levou Afonso III de Portugal a casar co Beatriz, filha ilegítima de Afonso X de Leão e Castela, renunciando, temporariamente, aos seus direitos como suserano do Algarve, a favor do sogro. A soberaniasobreo Algarve, só voltou a ser Portuguesaem 1267 – o Tratado deBadajoz–quandoorei Afonso X transferiu o seu poder sobre aquele território para o neto D. Dinis, nascido entretanto, fruto do casamento entre Afonso III de Portugal e Beatrizde Castela.
  • 9. Mais tarde, em 1295-97, reacendeu-se as hostilidades entre os dois países, devido à participação de Portugal na guerra civil que assolou Castela, que só teve fim em 1297, com a celebração do Tratado de Alcanises,entreD. Dinis e FernandoIV de Castela,onde se acordaram casamentosreaise umapaz de 40 anos baseada na “amizade e defesa mútuas” e fixaram-se os limites territoriais dos dois reinos hispânicos.Portugaladquiriuassim asua configuração definitiva,compequenasexceções,oquefaz de Portugal o país europeu com as fronteiras mais antigas e estáveis. O país rural e senhorial Nos sécs. XII e XIII, Portugal apresentava-se organizado, do ponto de vista económico e social, em senhorios e em concelhos. Os senhorios estruturavam o país rural, enquanto os concelhos dinamizavam o país urbano. Os senhorios – sua origem, detentores e localização No casoportuguês,ossenhoriospertenciam ao rei –osreguengos,ànobreza –ashonras,eao clero – os coutos.Asuaorigem remontaàsconquistas feitasaosmuçulmanoseàsfrequentesdoaçõesterritoriais que as acompanharam. Com efeito, os monarcas peninsulares, como reis além-Pirenéus, recompensavam cm terras os nobres e os clérigos que os ajudaram na guerra e na administração do território. Em troca esperavam contar com umaredede vassalos fiéis,prontosasegui-lonaslidesmilitaresouaorar pelossucessosreais,acontribuir nos apertos financeiros ou, simplesmente, aconselhando e apoiando as decisões régias. De modo semelhante se estruturou a vassalidade na Europa senhorial da Idade Média. As honras situavam-se, predominantemente, na região do Norte atlântico, onde tiveram lugar as mais antigas conquistas e doações territoriais, de uma forma geral, identificavam-se pela presença de um castelo, de uma torre ou de um solar, que atestavam o poder do respetivo senhor. Os coutos também pontuavam o Norte atlântico, muito embora os de maior dimensão se situassem no Centroe noSul dopaís, identificavam-sepelapresençadeum mosteiro,deuma SéCatedral eatédeum castelo. No Centroe no Sul, ondeo esforçoda reconquistafoimaior,o auxíliodos mongescavaleirosdas ordens religioso-militares dos Templários, dos Hospitaleiros, de Calatrava/Avis e de Santiago de Espada revelou-sedecisivona dilataçãodoterritório.Daí as vastas doaçõesea suagrandeimplantaçãonaquelas partes do país. A situação social e económica das comunidades rurais dependentes Nos seus territórios, a nobreza e o clerocontrolavam umamultiplicidadedehomens –osdependentes,a quem exigiam tributos e prestações. Uns provinham da exploração económica do solo, e chamavam-se direitosdominais eoutros do exercíciodopoderpolítico,comoaobrigatoriedadedeservir na guerra,as multas judiciais ou os pagamentos fiscais, e denominavam-se direitos senhoriais. Os herdadores, proprietários de terras e, como tal, isentos de pagamento de direitos dominiais, ficariam sujeitos à cobrança de direitos senhoriais pelos senhores e pelo rei. Os colonos,homenslivresquetrabalhavam em terraalheia,viram,desdeo séc.XIII, os contratosaprazo prevalecerem sobreosarrendamentosperpétuos,misturando-senelesasprestaçõesdominiaiscomnovas imposições de carizsenhorial. Os servos,eram descendentesdeescravoslibertos, a quem foram entregues mansosparaexploraçãoe que viviam especialmente sobrecarregados com as jeiras (serviços gratuitos e obrigatórios durante um certonúmerodedias por ano),não podendoabandonarasterrasonde viviam. Progressivamente,noséc.
  • 10. XII, foram regredindo, ao contrário da escravatura, devido ao crescente afluxo de cativos mouros, empregues em trabalhos domésticos, no artesanato e até na agricultura. Os assalariados (cabaneiros,moçosdelavoura…),que vivias do aluguerdoseu trabalho,demasiadona época das colheitas, escasso no inverno. À semelhança do caçadores, colmeeiros e pastores, achavam- se mal integrados na lógica do sistema senhorial.  O PAÍS URBANO E CONCELHIO - Relatar o contexto que permitiu a afirmação das cidades e vilas concelhias O desenvolvimento das cidades e vilas portuguesas deveu-se a uma confluência de fatores:  O território português situava-se na rota de peregrinação a Santiago de Compostela, o que beneficiou certas cidades de passagem, como o Porto e Guimarães;  Com o avançoda Reconquista,Portugalherdouasmarcasdeurbanidademuçulmanas,que estão presentes e centro e sul do país;  As cidadesdesenvolviam-sesemprequeoseuespaçoeraescolhidopelacorteoupelassés episcopais para se instalar;  O ressurgimento comercial do século XII refletiu-se num surto urbano, com destaque para urbesquefaziam trocascomerciaisatravésdacostaatlânticacomoPorto,Lisboa,Guimarães, Coimbra, Santarém e Évora.  A presença da corte, então verdadeiramente itinerante, nas cidades do centro e do sul, contribuiuparaaconsolidaçãodasestruturasurbanasdoreinonosseusprimeirosséculosde existência.  Os mercadoreseuropeus contribuíram paraodinamismodoscentrosurbanos,poistinham capacidadeparaimpulsionaroartesanatolocalepromoveraexpansãodaproduçãoagrícola nos territórios adjacentes. Ao dos meios rurais, onde as tarefas do artesanato competiam aos camponeses, nos centros urbanos existia um grupo socioprofissional encarregue dos oficiais ou mesteres artesanais, os mesteirais. - Esclarecer a importância dos concelhos Uma das razões pela qual os concelhos têm uma grandeimportância é por fornecerem defesa aos colonos e aos servos fugidos de senhorios. Os concelhos ao acolherem os colonos e os servos vão criar um segundoobjetivo dafundaçãodosconcelhos:opovoamento.Há aindaoutros grandesobjetivos como é o caso da exploração económica das novas zonas, promovendo-se, por um lado, o desenvolvimento económicodopaíse, por outro lado,o aumentodas receitasfiscaisa receberporquem criouo concelho. E por últimoexpandira autoridade régia sobre as novas áreas povoadas e desenvolvidas. As cidadesou as vilas concelhias dispunham, na verdade de uma capacidade auto administrativa, maior ou menor, que os monarcas, e às vezes, que um senhor, que lhe era concedido através da carta de foral – documento real utilizado em Portugal, que visava estabelecerum Conselhoeregulara sua administração,deveres e privilégios.
  • 11. Concelhos são territórios de extensão variável cujos moradores (ou vizinhos) eram dotados de maior ou menosautonomiaadministrativa,assuasobrigaçõeseprivilégiosestavam consagradosna cartadeforal. O númeromaissignificativodeconcelhossituava-senasregiõesfronteiriçasdasBeiras,naEstremadura e no Alentejo. Eram os chamados concelhos urbanos ou perfeitos. O exercício comunitário de poderes concelhios; A afirmação política das elites urbanas A instituiçãode concelhos,através de cartasde foral,ajudouàurbanidadedoterritório portuguêse que algumas cidades e vilas concelhias fossem dotadas de avultados privilégios fiscais e judiciais e de uma grande autonomia administrativa, administração essa que cabia:  vizinhos que eram todos os homens livres, maiores de idade, que habitavam a área concelhia há um certo tempo e que nela trabalhavam ou eram proprietários, excluindo-se nobres clérigos, os judeus,os mouros,os estrangeiros,os servos e os escravos. A elescompetiaaadministração do concelho.Revestiaocaraterde uma administraçãocomunitária,distintadado senhorioque pertenciaa um únicotitular. Os vizinhos integravam a assembleia (concilium),queera o grande órgãodeliberativodoconcelho.Conhecidaspor posturasmunicipais,asdecisõesdaassembleia dos vizinhos regulamentavam questõeseconómicasrelacionadascom adistribuiçãodeterras, o aproveitamento dos pastos e dos bosques, o exercício dos mesteres, o abastecimento dos mercados e o tabelamento dos preços. Mas as competências mais significativas do concelho (assembleia) eram as que se relacionavam com a administração da justiça e a eleição dos magistrados: • Procurador:Exerciaocargodetesoureiroe representavaexternamenteoconcelho; • Chanceler:Competia-lheguardaroseloe a bandeiradoconcelho. • Alcaidesou juízes: Também chamadosde alvazis,eram ossupremosdirigentesdacomunidade. • Almotacés:Estavam encarregadosdavigilânciadasatividadeseconómicas(mercados,preçose medidas),dasanidadeedas obraspúblicas. A estes magistrados,escolhidospelaAssembleia, acrescentavam-se,os vereadores,nomeadospelorei entre os vizinhos. Possuíam vastas competências legislativas e executivas, vindo a sobrepor-se, inclusivamente, à Assembleia dos vizinhos e aos restantes magistrados. Todososmagistradospertenciamà elitesocial doconcelho,sendocomummentechamadosde homens – bons. Eram proprietários rurais e donos de razoáveis cabeças de gado nas terras A realeza engrandecera-osfazendo-oscavaleiros-vilãos,duranteaReconquista.Serviam naguerra a cavalo,com as suas armasde ferro e os seus séquitos de peões. Mereciam um tratamentojudicialefiscalreservado, não podendo receber açoites e estavam isentos do pagamento de alguns impostos. Para além do destaque social, os homens-bons gozavam de preeminência política, uma vez que monopolizavam asmagistraturasmunicipais,evitandoqueosmesteiraisasocupassem.Aténacomposição da AssembleiadosVizinhos os peões (povocomum)acabaram porterumaparticipaçãomaismodestado que a dos homens bons. Peões:  Maioria doshabitantesdosconcelhos;  Pequenosproprietáriosdeterras;  Nas cidadeseram osmesteirais(artesãosecomerciantes);  Pagavam a maiorpartedos impostos;  Participavam naguerra;
  • 12. A Organização do espaçocitadino Os centros urbanos da época medieval portuguesa já nada revelavam da influência geométrica do urbanismoromano.Pelocontrário,a cidademedievalcaracterizava-sepelasua topografiadesordenadae labiríntica e pela sua atmosfera sombria, fosse o seu urbanismo cristão – a norte- ou muçulmano – no Centro e no sul. Espaço amuralhado A cidademedievalportuguesadestacava-senapaisagem poruma cinturademuralhas.Estasdavam-lhe proteçãoerendimentos(pelasinúmerastaxasnas portase postigos),além de embelezá-laedelimitavao espaço urbano. Toda a cidade medieval comportava uma zona nobre, um centro, que se distinguia do restante espaço, ondehabitavam os dirigentese as eliteslocais. Neleestava o castelo,atorredemenagem doalcaide,a Sé ou igreja municipal, o paço episcopal, os paços do concelho, as moradias dos mercadores e mesteirais abastados, uma praça ou rossio. As ruas iam diretamente de um ponto ou outro da cidade, ligando duas das suas portas. Chamavam-se ruas direitas e, tal como as ruas novas enchiam de satisfação os citadinos, que aí abriram as suas melhores oficinas, lojas e estalagens. Tudo o resto eram ruas secundárias, autênticas vielas. As minorias étnico-religiosas Não faltavam, na cidade medieval portuguesa, as minorias étnico-religiosas: judeus e mouros. Judeus: eram mesteirais (ourives, alfaiates, sapateiros), mas houve-os também médicos, astrónomos, cobradores de renda. Mais letrados que o comum dos cristãos, mais abastados, dados à usura e ao negócio,emboraoshumildesnãofaltassem,osjudeusviviam em bairrospróprios,asjudiarias,comoseus funcionários, juízes e hierarquia religiosa. Mouros: Tinham também bairros próprios, as mourarias e situavam-se no arrabalde. O arrabalde O arrabalde localiza-sefora dos murose acabouporse transformarnum prolongamentodacidade.Nele se encontravam as hortas e pomares e os almocreves que animavam o mercado semanal, os ofícios poluentes.Paramuitosmesteiraisemercadores,oarrabaldeconstituíaum localprivilegiado.Noarrabalde nãofaltava a animação(malabaristas,saltimbancosetouradas).Um certoarde marginalidade rodeavao arrabalde.Os pedinteseleprosos,queeram consideradosparasitasnaépocamedieval,confinavam-se ao arrabalde. O termo Para além do arrabalde,cadacidade possuía o seu termo, território às vezes espalhadopordezenas de quilómetros. Sobre a cidade ou vila interior exerciam a jurisdição e impunham obrigações fiscais ou militares.Quantomaisvastootermo, maiorariquezadacidadeem proventosagrícolas,disponibilidadede mão-de-obra,animaçãocomercial ecapacidadede defesa. Tal erao prestígio e a abastançaoriundosda sua posseque os monarcasoalargavam ouencurtavam sedesejassem agraciar ou castigar as cidades. Era a fonte de sobrevivência da cidade. Espraiava-se para além do arrabalde. Era um espaço de olivais, vinhas ou searas e aldeias várias incluídas. Havia uma feira semanalmente de produtos da terra. 2.4. O poder régio,fator estruturante da coesão interna do reino 2.4.1. Da Monarquia Feudal à centralização do poder
  • 13. Os primeirostemposde Portugal comoEstadoindependente foramvividossobosignode uma monarquia feudal.Istoé,umamonarquianaqual orei se consideravacomoomaiore poderoso dos senhores feudais, o proprietário do reino, pelo que a realeza se concebia de forma patrimonial. O reino era possuído como um bem pessoal que se herdava e, juntamente com a funçãorégia,se transmitiaemtestamentonapessoadofilhoprimogénito.Foiporconsiderarem o reino um bem pessoal e não público que os nossos monarcas efetuaram largas doações e concederam proteção ao clero e à nobreza, recompensando-os pelos serviçosprestados em troca de fidelidade e apoio nas tarefas da defesa, expansãoe administração do reino, deste modo a realeza criou uma corte de vassalos. A centralização do poder: defesa, justiça, legislação e fiscalidade Desde cedo, a monarquia portuguesa caminhou para a centralização do poder. Os nossos monarcas sempre basearam o seu poder na doutrina do direito divino, considerando-se os representantes de Deus na Terra. Este princípio levou-os a intitularem-se reis por “graça” ou “clemência” de Deus e a assumirem o papel de órgão máximo do poder público. Como tal, concentravam na sua pessoa as mais altas funções militares, judiciais, legislativas e fiscais. Só ao rei competia a chefia militar na guerra externa contra os inimigosda Cristandade, tanto para a defender como para a dilatar. Com poder recebido diretamente de Deus, O rei assumia-se como o responsável máximo pela manutenção da paz e da justiça internas. Cabia-lhe a luta contra as formas de abuso e de violência, o direito de julgar os nobres e outros detentores do poder, a função de tribunal de apelação como juiz supremo, o exercício da justiça maior, que lhe permitia, em exclusivo, condenar à morte ou ao talhamento de membros e legislação suprema, já que ao rei, cabia o exclusivo da cunhagem da moeda, bem como da sua manipulação. 2.4.2. A reestruturação da administração central A Idade Média foi marcada pela itinerância da corte, para melhor se inteirar dos problemas e mais eficazmente exercer as tarefas governativas. O rei e a corte faziam-se acompanhar de funcionários e assembleias, que compunham a administração central, ou seja, o governo do reino. O funcionalismo Desde oreinadode D.AfonsoHenriquesque os altosfuncionáriosdacorte eramo alferes-mor, mordomo-mor e o chanceler.  Alferes-mor- ocupavao maisalto postona hierarquiamilitar.Nasbatalhas transportavao pendãoreal e,na ausência domonarca, ele própriochefiavaoexército.  Mordomo-mor- cabia-lhe aadministraçãocivil doreino.Eracoadjuvadoporum vedor para assuntosprivativosdomonarca,chamado dapífero.
  • 14.  Chanceler- competia-lhe aredaçãodosdiplomasrégiose aguarda do selo real. Distinguia-se dosrestantesfuncionáriospelosseusconhecimentossuperiorese pela sua culturajurídica. A Cúria Régia A cúria régia era umaconjuntode conselheirosque ajudavamosoberanonoexercíciodassuas funções, sendo por isso, um órgão indispensável à administração do reino, nela se debatiam todosos problemasrelativosà administração do reino,como questõesmilitares,económicas, judiciais. As reuniões ordinárias da Cúria contavam com a presença dos membros da corte que acompanhava o rei: a rainha e outros membros da família real, ricos-homens e prelados, o governador da terra ou onde a corte estanciava, para além dos altos funcionários da corte. Quandoosassuntosa tratar revestiamumadimensãonacional,omonarcaconvocavaum Cúria extraordinária em que aos elementos da Cúria ordinária se acrescentavam os prelados das várias dioceses, os abades das principais comunidades monásticas, os alcaidesdas cidades, os membros da mais alta nobreza e os chefes das ordens religioso-militares. Com tão vasta representação era natural que dos conselhos da Cúria Régia resultassem importantes resoluções. Assim aconteceu com a primeira Cúria extraordinária realizada em Coimbra, em 1211; nela se elaboraram as primeiras Leis Gerias, reveladoras da influência do direito romano no reino. O Conselho Régio e as Cortes No reinado de D. Afonso III, verificaram-se alteraçõesno funcionamento da Cúria Régia, cujas reuniões ordinárias e extraordinárias evoluíram , respetivamente, para Conselho régio e para uma assembleia designada Corte. Esta evolução prende-se com a nova dinâmica política da centralização do poder real. Assim, no Conselho Régio há, relativamente aos seus membros, um grau de exigência incomparavelmente maior ao registado na Cúria Régia. Não bastava pertencer à família real, residir acidentalmente na corte ou ser rico-homem ou prelado para merecer a dignidade de conselheiro. Para legislar e administrar convenientemente o reino, exigia-se agora uma preparação vastíssimaemmatériajurídica,que só os novosletradosestavamemcondiçõesde oferecer,porisso,arealezafoibuscaraos legistas(juristasinstruídosnodireitoromano),oseus concelheirosprivados(osprivati), cuja opinião e competência técnica não podiam dispensar. Quanto às Cortes, cuja primeira assembleia teve lugar em Leiria, em 1254, apresentavam-se bemmais representativasdoque as anterioresCúriasRégiasextraordinárias.Comefeito,para alémdasordensreligioso-militares,dosricos-homense outrosfidalgos,tambémcontavamcom os procuradores dos concelhos das grandes cidades e vilas e com a presença dos três estados do reino (clero, nobreza e povo – conferindo-lhes uma dimensão nacional). Dos representantesdostrêsestadosorei ouviaqueixas.Muitasdiziamrespeitoamatériafiscal e financeira, como as pretensões do rei de lançar novos tributos ou proceder à quebra da
  • 15. moeda.Especialmente frequenteseramasqueixasdospovoscontra os abusosdos senhorese os excessos do poder senhorial. 2.4.3. A intervenção na administração local Na qualidade de chefes supremos do reino, os monarcas prestaram especial atenção à administração local do território português. Para o efeito,orei D. AfonsoIII estabeleceuuma nova organização administrativa nas regiões que estavam sob a dependência direta da coroa, dividindo-asemcomarcas,subdivididasem julgadose estesemalmoxarifadose eramdirigidas emnome do rei,respetivamente,pelomeirinhoe depoisporcorregedores,juízes,almoxarifes e mordomos. Nas áreas concelhias, havia, ainda, um alcaide - mor e vereadores:  Alcaide-mor- comandavaastropas ao serviçodacoroa e vigiavaas atividadesjudiciais locais(defesa);  Almoxarife e mordomo - cobravamdireitose rendasdevidosaorei (fiscalidade);  Corregedore juízes- inspecionavamosmagistradose a administraçãomunicipal (justiça);  Vereadoreseramos novosmagistradosconcelhios,cujaescolhacompetiaaorei. 2.4.4 O combate à expansão senhorial e a promoção política das elites urbanas O controlo exercido sobre o poder local levou á realeza a combater os abusos do poder senhorial. Neste sentido, foram criadas leis no séc. XIII e XIV, deforma a interromper o crescimento desenfreado da propriedade nobre e eclesiástica (senhorio):  Inquéritos– eraminquéritosfeitosnosreguengospara averiguaranaturezadas propriedades(honras,coutos) e osdireitose rendasdevidosaorei,permitindo descobrirque haviamsidocometidasinúmerasusurpações;  Confirmações– representaramoreconhecimento,pelorei,dostítulosde posse de terras e direitosdanobrezae altoclero,doadospelosantecessores.Ossenhores eram,assim,consciencializadosde que muitosdosseusbenspodiamregressarà Coroa;  Lei de desamortização – estas leisincidiamsobre osbensdocleroque proibindo-ode adquirirbensde raizpoisa igrejaera umagrande proprietáriade terras.Evitando-se,a fugaao fiscode bensque,umavezna posse doClero,eramconsiderados“mortos” para a fazendarégiaporque dotadosde imunidade. 3.1 A experiênciaurbana 3.1.1 Uma nova sensibilidade artística O GÓTICO
  • 16. O surto urbano dos séculosXIe XII refletiu-se,emtermosartísticos,na construção de edifícios novos, imponentes, de cariz religioso: as catedrais. Rapidamente o novo estilo ultrapassou os limites da comunidade monástica, tornando-se o símbolo da afirmação do clero urbano. Portrásdeste noestiloartísticoencontramos,igualmente,umaelitesocialurbana –aburguesia. O Burguês era, portanto, um homem orgulhoso de si e da sua cidade,fazendode tudo para a embelezar com edifícios religiosos (igrejas/catedrais) e civis (palácios, edifícios e sedes), nem que para isso,tivesse que combatercomas elitesdascidadesvizinhas.Devidoaestarivalidade a cultura e arte desenvolveram-se, surgindo, assim, a arte gótica. Os elementos construtivos Ascaracterísticasdoestilogóticoestão,comoé natural intimamenteligadasaosseuselementos construtivos. Na arquitetura, a arte gótica caracterizou-se por:  Verticalidade (muitoaltas);  Luminosidade – devidoaouso de vitrais,proporcionavamuitasaberturas,oque tornavao interiordascatedraismuitoiluminado;  A entradaera diferente,pois,de ummodogeral,a igrejaromânicaapresentaumúnico portal,a igrejagóticatemtrês portaisque dão acessoàs trêsnavesdo interiorda igreja;  Todas as igrejas doséc.XI e XIV têm a rosácea,elementoarquitetónicomuito característico doestilogótico,eraumajanelaredondaque se encontravanoportal central;  Tudo se voltapara o alto,projetando-se nadireçãodocéu,comose vê nas pontas agulhadas(pináculos)dastorresde algumasigrejascatólicas,poisexpressaa grandiosidade e acrença na existênciade umDeusque vive numplanosuperior;  Os arcos quebrados vemsubstituirosarcosde voltainteira,semicircular,utilizadona arte românica.Este arco confere ao edifícioasensaçãode elevaçãoe verticalidade, poispode ser“estirado”emaltura,independentementedalargurada sua base;  A abóbada de cruzamento emogivas derivada abóbadade aresta,permitindoa construçãode pilares,que proporcionaram paredesmaisfinase tornavamas igreja/catedraismaisaltas;
  • 17.  O arcobotante elementoarquitetónico,que transmitiaopesode umaabóbadapara os contrafortes externos. O “livro de imagens” da Cristandade (Escultura gótica) Durante o séc. XIII, a relação arquitetura-escultura é particularmente intensa. Porque, para além,de asesculturasgóticasse encontramunidasaoselementosarquitetónicose doseuvalor artístico,a decoraçãoescultóricadascatedraistemum valor doutrinal,poiscontavamao povo analfabeto da Idade Média, que era a maioria da população, a vida de Cristo e dos santos, enquanto as gárgulas (esculturas de diabos, monstros ou animais que adornam o exterior da catedral) alertavam para a possibilidade de condenação do pecador. Pintura Gótica Os principais artistas do gótico foram precursores da pintura renascentista:  Giotto– representavaassantascomosereshumanossimples,pessoascomuns,do dia--a-dia.A visãohumanistanaqual o homemé o centrode tudocomeçoua surgir nas suaspinturas.  Jan Van Eyck – retratavaa vidada sociedade daépoca,registandoaspaisagens urbanascom as suas características e detalhes. 3.1.2 As mutações na expressão da religiosidade: ordens mendicantes e confrarias No século XIII, a cidade é um lugar de prosperidade, como atestam as suas catedrais. Atraídospelosonhode riqueza,muitoscamponesesabandonamocampoe instalam-senos arrabaldes das cidades. Porém, estas nem sempre lhes oferecem trabalho,e os migrantes experimentam a miséria, acrescida da solidão, por falta das redes tradicionais de apoio (família,vizinhos,paróquia).Éneste contextoque irãosurgirnovasestruturasde apoioaos desfavorecidos da sorte: as ordens mendicantes e as confrarias. O papel das ordens mendicantes Asordens mendicantes erammovimentosde renovaçãosurgidosdentrodaIgrejaCatólica, pois contrariamente aos seus ideais, a Igreja identificava-se com o grupo dos ricos, deste modo foram criados movimentos de contestação ao luxo do clero e de retorno à fraternidade e pobreza originais do cristianismo, chamados:  Franciscanos – criadapor Franciscode Assisque se tornou,nãosó, umexemplode humildade,mastambémumsantodaigrejacatólicaao renegaro seupassadode luxo,passandoaviverentre osmendigose osleprosos.Fundouaordemdos
  • 18. fradesmenoresque mendigavamoutrabalhavamparacomer.Os franciscanos instalaram-se rapidamente emPortugal,nomeadamentenosconventosde Alenquer,Lisboa,Coimbrae Leiria.  Dominicanos– criada por Domingosde Gusmão,fundouumaordemreligiosa confirmadapeloPapaInocêncioIII.Osdominicanoseram, também,chamados “fradespregadores”pelaimportânciaque atribuíamàpregação,estritamente ligada,porseuturno, ao estudoda Teologia. As confrarias As confrarias eram associações de entreajuda, de cariz marcadamente religioso, que se organizamsob a proteçãode um santo.Agrupavamos homenspor ofícios,laços de vizinhança ou apenas pela devoção ao mesmo santo e o desejo de praticar a caridade assegurando-lhes apoio financeiro e moral em todas as dificuldades. 3.1.3 A expansãodo ensinoelementar;a fundação de universidades As primeirasescolas urbanas Até ao séc. XI, a leitura e a escrita, aprendidas na escola, eram privilégio quase exclusivode clérigose monges,peloqueos mosteirosmaisconceituadoseramverdadeiroscentrosde saber, com as suas livrarias e as suas escolasmonacais,destinadasàpreparaçãode jovenscandidatos a monges e ao aprofundamento dos conhecimentos dos religiosos mais velhos. Mas a partir do séc. XI, organizaram-se aprimeiras escolasurbanas. A tutelada Igrejamatem- se mas local e os destinatáriosdestasnovasescolas - escolas-catedrais– são outros:junto das sés. Estão no centro da cidade e participam do seu dinamismo e do seu espírito. Dirigem-se a um público mais vasto, admitindo, além de clérigos, numerosos leigos. A multiplicidadedasescolasurbanascorrespondeàs novasnecessidadesdaadministraçãoe da economia.As cidadesprecisamde juristaspara os seustribunais,de notáveisescrivãesparaas repartições públicas, isto é, de homens de letras que constituam o novo funcionalismo. As universidades Algumas das escolas catedrais evoluíram para universidades, estabelecimentos do ensino superior que agregavam várias faculdadese que se organizavam numa estrutura mais rígida e complexa. Ao longo dos séculos XIII e XIV, as universidades expandiram-se pela Europa Ocidental, especializando-se em diferentes saberes: Teologia, Direito, Medicina.
  • 19. As universidades tiveram um impacto importante nas regiões onde se instalaram. Foram responsáveispelatransformaçãodascidadesemativosfocosde inovação.Emconsequênciada presença das universidades, logo, estudantes, a cidade tornou-se o local por excelência da liberdade de ação,pois os estatutosdas universidadesprotegiamosseusalunos,concedendo- lhesalgumaautonomianosregulamentose defendendo-os,porexemplo,daprisãopordívidas. Por último, a universidade foi responsável pela alteração da própria fisionomia da cidade. Em Portugal a primeira universidade surgio em Lisboa, em 1290, chamada o Estudo Geral de Lisboa, tendo sido transferida em 1308 para Coimbra 3.2 A cultura leigae profana nas cortes régias e senhoriais 3.2.1 O ideal de cavalaria A nobrezaidentificava-se,porvoltade 1300,comumideal maiselevado:odo perfeitocavaleiro. A primeiracondiçãoexigidaaocavaleiroé oseu bom nascimento,poispara entrarna cavalaria tinha de ser nobre. Este deveria seguir uma série de virtudes militares herdadas dos séculos anteriores:ahonra,a coragem e a lealdade paracom o seusenhor.A estassomam-seavirtude e o amor a Deus, pois a cavalaria é, simultaneamente, um ideal profanoe religioso, e por isso deveriamtambémseguirumidealde cruzadas.Estesaindadeveriamseguirumcódigode amor que existia entre os cavaleiros: o cavaleiro é o herói que serve por amor. A educação cavaleiresca A educaçãodojovemcavaleironosseusprimeirosanosde vidaerafeitasoboscuidadosdasua mãe e depois, já rapaz, era enviado para o paço de um senhor de maior estatuto, onde permaneciaaté à idade adulta.Aí servia,primeiro,como pajem (cerca de 7 anos),iniciando-se na equitação e no manejo de armas. Em adolescente este tornava-se escudeiro e, durante 7 anos, servia um cavaleiro, a quem tratava do cavalo e das armas, acompanhando-o nas suas expediçõese assistindo-oemtudooque respeitasse àslidesde cavalaria.Durante este período o jovem desenvolvia um treino intenso onde praticava uma série de “desportos”, onde se destacavam a caça, os torneios e as justas. Depoisde cerca de 14 anos de aprendizagem, ojovemescudeiroproferiaos votosde cavalaria que eram enquadrados por um ritual solene. Por fim, era investido numa ordem de cavalaria, recebendo as esporas de cavaleiro e a tão desejada espada. 3.2.2 O amor cortês O florescimentodascortesrégiase senhoriaisproporcionouoconvívioentre osdoissexosque, a partirdo séc. XII,revestiuumaformaespecífica,conhecidapor amor cortês. O amor cortês é essencialmente espiritual em que a sua dama corresponde ao tipo idealizado de mulher. Esta propagação do ideal de amor cortês teve importância nas poesias trovadorescas. O amor foi,pois,um componente essencial dasociedade cortesãe da cultura erudita da Idade Média. A cultura erudita é a cultura própria dos grupos mais elevados da sociedade,
  • 20. intimamente ligadaà leiturae ao estudo.É uma cultura intelectualizada,nãoacessível àmaior parte da população. Na Idade Média, são focos de cultura erudita os conventos, com as suas livrarias, as universidades e as cortes régias e senhoriais. 3.3 A difusão do gosto e da prática das viagens Nossécs.XIIIe XIV quando,osEuropeusadquiremumanovavisãodomundo.Soboimpulsodo comércio, as velhas barreiras geográficas, que tinham fechado a Europa sobre si mesma e isoladoassuasregiões,começaramaceder.Odesenvolvimentodogrande comérciocrioulaços entre os mercadores e os governantes. Assim muitas viagens aliaram ao negócio missões político-diplomáticas e muitos comerciantes começaram a desempenhar o papel de embaixadores das cortes da Europa. Romarias e peregrinações Em toda a Cristandade abundavam igrejas, capelas e ermidas que eram objeto de devoção especial. A elas acorriam grande número de pessoas em busca de alívio para as suas doenças, em pagamento de promessas feitas ou, simplesmente, para satisfação da fé. Estas deslocaçõesincluíamas romarias, celebraçõesorganizadasemhonrade um santo,numa data fixa do ano, estas atraíam numerosos fiéis e assumiam muitas vezes um caráter lúdico e folgazão. Pelasua constante repetiçãoe pelaestreitaaliançaentre a componente religiosae profana,as romarias foram uma das expressões mais notáveis da cultura popular medieval. Fortemente enraizadosnoshábitosdaspopulações,persistiramaté hoje,continuandoaanimarosmesesde Verão. O componente maior da tradição judaico-cristã era o hábito das grandes peregrinações; estas eram feitasprincipalmente paratrêslocaisdistintosde peregrinaçãodaCristandade Ocidental: Jerusalém,cenáriode paixão e damorte de Jesus, Roma,sede dopapadoe local de martíriode S.Pedro,que aírepousava, e Santiagode Compostela,ondeemmeadosdoséc.IX,se encontrou um túmulo identificado como sendo o do apóstolo São Tiago.