A partir da seleção pessoal de dados estatísticos publicados pela Pordata - "Números de Portugal, Quadro-resumo" - fez-se um tratamento gráfico que permite, de um modo imediato, verificar as principais tendências demográficas da população portuguesa.
2. Como evoluiu a população
residente desde 1960?
De forma irregular:
§ De 1960 para 1970 registou - 2,1%
§ De 1970 para 1981 registou o maior
acréscimo, 13,5%
§ Entre 1981 e 2011 aumentou
ligeiramente entre cada dois censos
consecutivos
§ De 2011 para 2015, isto é, em 4
anos apresentou uma quebra de
- 1,9%
Num ritmo que reflete a evolução dos
saldos fisiológico e migratório.
8865
8680,6
9851,3 9960,2
10362,7
10557,6
10358,1
1960 1970 1981 1991 2001 2011 2015
População Residente, em milhares (1960-2015)
3. Como têm evoluído os saldos
natural e migratório?
De forma muito irregular de censo para
censo:
§ Um saldo natural que variou entre
118 900 indivíduos, em 1960, para
-23 000 em 2015.
§ Um saldo migratório positivo em 1981 e
2001 e negativo nos restantes anos
censitários, particularmente, em 1970:
-122 300 indivíduos
Influenciando diretamente o crescimento
real da população. Atualmente, o país
perde população, em termos naturais e de
forma efetiva.
-150
-100
-50
0
50
100
150
1960 1970 1981 1991 2001 2011 2015
Evolução dos saldos natural e migratório entre 1960 e 2015
Saldo natural (x 1000) Saldo migratório (x 1000)
4. Como evoluiu a natalidade e a
mortalidade em 55 anos?
A natalidade diminuiu de forma irregular:
§ De 1960 para 1970 e de 1970 para 1981 a
redução foi de -15,5% e -15,9%,
respetivamente.
§ De 1981 para 1991 houve -23,6%
nascimentos
§ Entre 1991 e 2001 foi apenas de -3,1%
§ De 2001 para 2011 foi de -14,1% nascituros
e manteve a tendência para 2015, -11,7%.
A mortalidade teve uma evolução menos
irregular e mostra tendência para um ligeiro
aumento, fruto do envelhecimento:
§ -2,1% de óbitos entre 1960 e 1970
§ 5,5% de óbitos mais entre 2011 e 2015.
0
50000
100000
150000
200000
250000
1960 1970 1981 1991 2001 2011 2015
Evolução da natalidade e da mortalidade (1960 - 2015)
Nascimentos Óbitos
5. Como têm evoluído a taxa de
mortalidade infantil e o índice
sintético de fecundidade?
Ambos os índices têm decrescido
podendo falar-se nalgum “paralelismo”:
§ Em 1960, por cada 100 crianças com
menos de um ano, morriam 77,5.
§ Em 2015 esse valor era apenas de 2,9
óbitos, um dos mais baixos do mundo.
§ Em 1960 nasciam 3,2 filhos por
mulher.
§ Em 2015 esse valor desceu para 1,3
filhos. Desde a década de 80 do
século XX, o país deixou de renovar as
suas gerações.
6. Como tem evoluído o Índice
de Envelhecimento?
§ Entre 1970 e 2015 houve um
aumento significativo de 32,9% para
143,9%, isto é, mais que
quadruplicou.
Este cenário tem duas razões:
§ A quebra acentuada da natalidade
§ O aumento da esperança média de
vida à nascença
E provoca duas consequências graves:
§ A redução do número de indivíduos
em idade ativa por idoso – 6,6 ativos
em 1970 contra 3,2 ativos em 2015
§ Dificulta a sustentabilidade das
contas da Segurança Social
7. Como evoluiu a população
por grandes grupos etários?
Entre 1981 e 2015 verifica-se que:
§ Diminuiu quase para metade o peso
de grupo dos jovens, de 25,3% para
14,2% (- 43,9%)
§ Aumentou pouco o peso do grupo da
população em idade ativa, de 63,2%
para 65,3% (3,3%)
§ Aumentou quase o dobro o peso do
grupo dos idosos, de 11,5% para
20,5% ( 78,2% )
1981 1991 2001 2011 2015
25,3
19,7 16,2 15 14,2
63,2
66,5
67,3 66,1 65,3
11,5 13,8 16,5 18,9 20,5
EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO POR GRANDES
GRUPOS ETÁRIOS
Idosos (65 e + anos)
População em idade ativa (15 aos 64 anos)
Jovens (0 aos 15 anos)
8. Evolução da população
empregada por setor de
atividade entre 1981 e 2015
§ O setor primário reduziu de 26,7% em
1981 para 7,5% em 2015
§ O setor secundário reduziu de 36,5%
em 1981 para 24,3% em 2015
§ O setor terciário aumentou de 36,8%
em 1981 para 68,1% em 2015
Isto é, em 34 anos, houve uma redução
significativa de empregados no setor
primário e uma forte terciarização da
economia do país.
9. Conclusões
Tal como se pode corroborar na consulta às “Estatísticas Demográficas 2015” publicadas pelo INE,
os dados disponibilizados pela “Pordata” mostram que:
q Há um decréscimo populacional fruto de um saldo natural e um saldo migratório, ambos, de
valor negativo.
q Há um envelhecimento populacional acentuado resultante da quebra quer da natalidade quer do
índice sintético de fecundidade. Daí, haver menos jovens, menos ativos e mais idosos (redução
da base da pirâmide etária e alargamento do topo).
q A população portuguesa dedica-se cada vez mais aos serviços e, portanto, assiste-se ao reforço
da terciarização da economia.
Uma multiplicidade de fatores podem ser mencionados como responsáveis por este quadro
demográfico. Podemos afirmar, por exemplo, que houve uma mudança estrutural a partir da década
de 60 do século XX. Primeiro de modo ténue e, a partir de 1974, de forma acelerada, o país abriu-se
a novas culturas, novos hábitos, transformou-se de uma sociedade basicamente rural para uma
sociedade urbana e industrial. Uma revolução de mentalidades, o acesso a métodos de contraceção,
a emancipação feminina, o acesso a maiores níveis de escolarização, a diversificação dos
transportes ... e muitas outras razões, têm contribuído para o país que somos.