O documento discute as estatísticas vitais de Portugal entre 2010-2016. A taxa de natalidade diminuiu entre 2010-2014, mas aumentou entre 2014-2016. Apesar de mais nascimentos, o saldo natural permaneceu negativo, levando a uma perda populacional. Projeções indicam que Portugal enfrentará envelhecimento e declínio populacional ao longo deste século devido às baixas taxas de natalidade e fecundidade.
1. “Nasceram mais
crianças mas o
saldo natural
manteve-se
negativo”
Estatísticas vitais 2016
27/abril/2017 - INE
2. Entre 2010 e 2016
registaram-se dois períodos
de sentido diferente:
§ De 2010 a 2014 a
natalidade diminuiu
2010/2011 ...... -4,5%
2011/2012 ...... -7,2%
2012/2013 ...... -7,9%
2013/2014 ...... -0,6%
§ De 2014 a 2016 a
natalidade aumentou
2014/2015 ...... +3,8%
2015/2016 ...... +1,9%
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=249885877&DESTAQUESmodo=2
Genericamente a natalidade resulta de uma multiplicidade de fatores.
Nas sociedades tradicionais, os hábitos culturais e religiosos são
fortemente impõem-se às opções dos casais e a natalidade é elevada.
Nas sociedades modernas, ocidentais, as opções familiares impõem-
se, os filhos são encarados como um custo e a diversidade de meios
de contraceção favorecem a baixa natalidade.
3. Hipóteses explicativas para a evolução da natalidade
– Dir-se-á que os anos de 2010 a 2014 foram influenciados pela crise
económica e financeira pelo que houve uma quebra acentuada do número
de nascimentos: -4,5%, -7,2%, -7,9% mas, de 2013 para 2014 só -0,6% ... e
a Troika ainda condicionava Portugal!
– Dir-se-á que, desde 2015, a economia do país recuperou e a confiança dos
casais se reflete no aumento de nascimentos ... mas, de +3,8% já passou
para +1,9%!
– Apesar do período de tempo ser curto (7 anos) podemos concluir que, as
dificuldades económicas fazem contrair a maternidade e que, o apelo da
Natureza, impele as mulheres acima dos 35 anos a decidir pela
maternidade tardia.
4. Como se observa no gráfico o
único grupo etário feminino
que registou, entre 2010 e
2016, um aumento do número
de nascimentos foi o das
mulheres com 35 e mais
anos, de 21,8 para 31,5%.
Apesar de haver mais
nascimentos não significa
mais fecundidade pois, sendo
mães mais “velhas” a
tendência é ficarem só com 1
filho. Daí, falar-se da geração
dos filhos-únicos.
A descida de percentagem de
nados-vivos no grupo etário
das mães com menos de 20
anos indicia, provavelmente,
maior acessibilidade ao planeamento familiar ou o resultado das
iniciativas da educação sexual junto da juventude ou, ainda, a
comprovada maior escolaridade dentro das jovens e a opção pela
aposta numa futura carreira profissional.
5. Entre 2010 e 2016, a
mortalidade sofreu uma
variação, de ano para ano,
irregular:
2010/2011 ...... -3,0%
2011/2012 ...... +4,6%
2012/2013 ...... -1,0%
2013/2014 ...... -1,7%
2014/2015 ...... +3,5%
2015/2016 ...... +1,8%
Verifica-se, ainda, que, em
cada ano, morreram mais
homens do que mulheres
(só em 2015 houve uma
exceção).
Morrem mais homens e a sua esperança média de vida é ligeiramente
inferior à das mulheres. Várias razões: a fisiologia dos homens é-lhes
mais desfavorável; tradicionalmente, adquirem vícios mais cedo do que
as mulheres, tais como, consumo excessivo de álcool, tabaco, drogas,
etc. Lamentavelmente, nas sociedade urbano-industriais, as mulheres
aproximam-se dos homens em muitos dos consumos prejudiciais.
6. A combinação das duas
variáveis, nados-vivos e
óbitos, revela, nos últimos
sete anos, uma tendência
clara para
§ saldos naturais
negativos
e, consequentemente, uma
§ perda de população
em termos naturais.
O problema agravou-se
entre 2010 e 2013,
recuperou em 2014 e voltou
a agravar-se em 2015 e
2016.
Desemprego, reduções nos apoios sociais, emancipação da mulher,
emigração, temporária ou permanente, são causas fáceis de elencar.
Mas, mesmo quando dizem haver recuperação económica, as opções
individuais impõem-se prioritariamente. As mulheres estão em maior
número nas universidades, acabam os seus cursos em maior número
do que eles, a carreira assume o primeiro lugar em detrimento da
experiência maternal.
7. As transformações sociais interferem prioritariamente
na demografia
Desde que o regime democrático se instalou no país, as transformações
sociais aceleraram, em especial, nas opções dos indivíduos. Aumentam as
uniões de facto, as famílias monoparentais, os nados –vivos fruto de
procriação medicamente assistida, os nascimentos fora do casamento ...
9. Ao longo do século atual, as
projeções demográficas das
Nações Unidas apontam, para
Portugal:
§ Uma diminuição dos jovens (0-
14 anos) até 2060 e uma
manutenção nos 40 anos
seguintes:
1,8 milhões em 2000
1,05 milhões em 2050
1,0 milhões em 2100
§ Uma diminuição significativa do
grupo etário dos adultos (15-64
anos):
De 7 milhões para 3,9 milhões
§ Um aumento dos idosos (65 e
+anos) até 2050 e uma ligeira
redução nos 40 anos seguintes:
1,7 milhões em 2000 e 3,1 milhões em
2050
E 2,8 milhões em 2100
Baixa natalidade, reduzida fecundidade e
aumento da esperança média de vida
provocam envelhecimento e redução
populacional
10. Reflexo das baixas
natalidade e fecundidade,
Portugal não é capaz de
renovar a sua população.
À escala continental,
Europa, e à escala regional,
Europa do Sul, o país
acompanha as tendências
demográficas mas de forma
mais acentuada.
Apenas no fim deste
século o valor da taxa de
fertilidade de Portugal e da
Europa do Sul se
aproximarão:
cerca de 1,8 filhos por
mulher
Isto é, quer Portugal, a Europa do Sul e a
Europa vão continuar abaixo do índice de
renovação de gerações.
11. Portugal
1950 – uma estrutura etária própria de um país jovem (base larga e topo
estreito)
2015 – uma estrutura etária própria de um país maduro (base estreita e
topo alargado, maior número de adultos)
12. Portugal
2050 – agrava-se o envelhecimento populacional: base da pirâmide
cada vez mais estreita e topo ainda mais largo, pirâmide invertida
2100 – uma estrutura etária em caixão: base e topo semelhantes,
pirâmide ligeiramente mais larga entre os 30 e os 70 anos, uma
população em perda em termos absolutos.
14. Cerca de 1995 a população urbana,
em percentagem, ultrapassou o peso
da população rural em Portugal.
Até 2050, a proporção de urbanos
acentua-se e impõe-se à redução do
peso dos rurais.
Em termos comparativos, Portugal,
que partiu de uma situação mais
ruralizada (62%) em 1950, evoluiu
rapidamente para valores de
urbanização próximos da média
europeia a partir de 2020: entre 75 e
80 %