A partir da leitura do Relatório do Grupo de Trabalho "Agricultura e Floresta" integrado no projecto "Portugal - Uma Estratégia para o Crescimento", cuja apresentação pública decorreu em 23 de março de 2017, elaborei um conjunto de diapositivos sobre os aspetos que, numa escolha pessoal, me despertaram mais a atenção e se coadunam com os objetivos do programa de Geografia do 10/11º anos.
3. Como podem contribuir a
agricultura e a floresta?
1. Qual o “retrato” atual?
2. O que propõe o Grupo de
Trabalho do Fórum?
Algumas sugestões selecionadas a título pessoal
4. Os constrangimentos a reformar:
q Excessiva fragmentação da propriedade
q Insuficiência do regadio (quando o nosso clima o torna essencial)
q Elevado custo de fatores de produção
q Mão-de-obra com qualificações muito baixas
q Exportações ainda insuficientes
q Turismo rural ainda com baixa expansão
q Reduzido número de marcas próprias
q Demasiada burocracia
5. Dimensão média da propriedade em Portugal:
13,8 ha.
Média da UE: 16,1 ha.
Propriedade frequentemente fragmentada
(parcelada e descontínua).
(...) no documento “Programa de Desenvolvimento Rural do Continente, 2014-
2020” consta que “o emparcelamento rural e medidas conexas de valorização
fundiária inseridas em projetos de emparcelamento integral têm como objetivo
principal reordenar o espaço de produção agrícola em zonas de grande potencial,
mas onde a deficiente estrutura fundiária, a grande fragmentação e dispersão da
propriedade e carências acentuadas de infraestruturas inibem ou limitam a sua
utilização rentável.
http://www.cds.parlamento.pt/gp/index.php?option=com_content&view=article&id=13398:cds-pp-pede-ao-governo-que-
concretize-emparcelamento-agricola-de-moreira-e-barrocas-e-taias&catid=59:geral&Itemid=64
(...) no documento “Programa de Desenvolvimento Rural do Continente, 2014-
2020” consta que “o emparcelamento rural e medidas conexas de valorização
fundiária inseridas em projetos de emparcelamento integral têm como objetivo
principal reordenar o espaço de produção agrícola em zonas de grande potencial,
mas onde a deficiente estrutura fundiária, a grande fragmentação e dispersão da
propriedade e carências acentuadas de infraestruturas inibem ou limitam a sua
utilização rentável.
http://www.cds.parlamento.pt/gp/index.php?option=com_content&view=article&id=13398:cds-pp-pede-ao-governo-que-
concretize-emparcelamento-agricola-de-moreira-e-barrocas-e-taias&catid=59:geral&Itemid=64
6. Propriedade minifundiária,
irregular, parcelada e
dispersa em processo de
emparcelamento
freguesias de Moreira e Barroças
e Taias, Viana do Castelo
Projeto de emparcelamento
liderado pela Agrotejo que
envolveu, ao longo de dez
anos, negociações com cerca
de seiscentos proprietários e
abrange uma área de cinco
mil hectares (..)
7. A principal condicionante do
clima para a agricultura é a falta
de chuva no verão ...
A distribuição irregular da chuva
durante o ano torna o regadio
de grande importância quer na
diversificação quer na
intensificação da agricultura na
região...
A irregularidade da precipitação
não só tem lugar durante o ano
mas também entre anos
Insuficiência do regadio, quando o nosso clima
o torna essencial ... O caso do Alentejo
http://www.marbleroutes.eu/virtual-itinerary/images/Scenery_Intro2.jpg
A degradação física em que se encontra a
região é principalmente devida ao
aprovisionamento global de água que
apresenta situação de escassez.Observatorio.uevora.pt
8. http://www.solarproject.pt/?p=4062#more-4062
http://www.agrotec.pt/noticias/entrevista-a-patricia-cotrim-gestora-do-
pdr2020/
A agricultura constitui-se como o
maior utilizador de água, tanto à
escala global, como à escala
nacional. No caso concreto do
nosso país ... a Agricultura e
responsável pela utilização de cerca
de 75% do volume anual de água
utilizada ... O sucesso empresarial da
agricultura portuguesa depende,
em muito elevado grau, da
existência de regadio ... fileiras
como a do azeite e da vinha, a do
tomate para indústria e outras
hortícolas e hortoindustriais, a das
flores, a das frutas (incluindo a das
nozes e amêndoas) e até mesmo a
do leite e laticínios, estão assentes
em atividades de regadio.
9. O Sistema Global de Rega de Alqueva, que beneficia uma
área com cerca de 120 000 hectares, é constituído por um
conjunto de 69 barragens, reservatórios e açudes, 382 km de
rede primária, 1 620 km de extensão de condutas na rede
secundária, 47 estações elevatórias, 5 centrais mini-hídricas
e 1 central fotovoltaica.
O Sistema Global de Rega de Alqueva divide-se em três
subsistemas, de acordo com as diferentes origens de água,
nomeadamente, Alqueva, Ardila e Pedrógão.
Sistema Global de Rega de Alqueva
http://www.edia.pt/pt/o-que-e-o-alqueva/sistema-global-de-rega/106
11. Penamacor foi o primeiro concelho
abrangido pelo Regadio da Cova da Beira
´ A construção do Bloco de Rega da Meimoa, no início da década de 1990,
foi uma das obras mais importantes em Penamacor e o primeiro passo
para a concretização do Regadio da Cova da Beira ...
´ Reivindicado desde o tempo do Estado Novo, o Regadio da Cova da
Beira – projeto que aproveitando a gravidade permite levar água aos
concelhos de Penamacor, Belmonte, Covilhã, Fundão e Sabugal, num
total de 12.500 hectares – demorou várias décadas a chegar ao terreno e
outras tantas a ficar concluído...
´ “Foi uma obra importantíssima para o concelho, pena é que não se tenha
resolvido o problema do minifúndio da propriedade, que ainda hoje nos
cria enormes obstáculos à captação de investimento agrícola. Ainda
assim, a mais-valia existe e é por isso que estamos a desenvolver todos os
esforços para alargar o seu potencial, nomeadamente na fileira hortícola”
13. Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da
Beira
´ O investimento na construção das redes de rega, drenagem e viária,
beneficiando 698 explorações agrícolas e uma área de 5.661,5 ha, cria as
condições para alterar os sistemas de produção agrícola, tornando
possível proceder à instalação de culturas de regadio para as quais a
região tem aptidão, aumentado a rentabilidade das explorações
beneficiadas
´ O ordenamento fundiário, através dos projetos de emparcelamento
levados a cabo, contribui igualmente para tornar as explorações agrícolas
mais viáveis
´ Através das maiores produções, da facilidade de escoamento dos
produtos, da rentabilidade da economia do regadio, prevê-se um
implemento da economia local e consequente fixação da população
´ As populações dos concelhos abrangidos pelo Aproveitamento
Hidroagrícola da Cova da Beira passam a dispôr de abastecimento
público de água abundante e com excelentes condições de salubridade
http://data.dgadr.pt/rrnprojetos/eu/proj_more.php?search_fd0=17
14. Redução no custo dos fatores de produção:
apostar na inovação técnica e tecnológica
Missão: revolucionar a agricultura
Hoje... é «muito mais do que isso», ... integra a
inteligência agora muito mais versátil e ajudando
na gestão técnica e mais operacional». (...)
«O produtor não pode decidir regar simplesmente
porque a planta precisa de água. Pode ter de
regar por outros motivos. Pode ter de regar porque
a planta está demasiado quente. Há diferentes
razões que levam a tomar uma decisão. Olhamos
para a exploração agrícola como um todo e isso
faz com que o produtor, na mesma plataforma,
consiga tomar as decisões conscientemente
baseadas em factos e com isso poupar recursos e
aumentar a produtividade»
http://www.agronegocios.eu/noticias/missao-revolucionar-a-agricultura/
15. Robôs contra pragas. Máquinas
"inteligentes" revolucionam
agricultura nacional
As plataformas robóticas recolhem
informações de forma contínua e
aplicam os produtos
fitofarmacêuticos de uma forma
mais eficiente, reduzindo assim, os
desperdícios.
Startup do Porto cria ferramenta
que aumenta produtividade
agrícola
... um conjunto de ferramentas
integradas de apoio à decisão do
agricultor, que ajuda a aumentar a
produtividade e a qualidade do
fruto e a poupar recursos como
água, eletricidade e tempo.
Agricultores portugueses
apostam cada vez mais nas
renováveis
A Agricultura conta atualmente
com cada vez mais soluções
técnicas e comerciais inovadoras
que permitem melhorar a eficiência
energética das explorações e,
consequentemente, obter uma
redução de custos, entre eles, o da
fatura da eletricidade.
ADP Fertilizantes lança app
destinada ao setor agrícola
(...) estão disponíveis conselhos de
adubação de acordo com a
localização da parcela e a
produção esperada ...
O utilizador pode também ter
acesso a: análises de água de
rega, análises de plantas, análises
de terras, bem como a todas as
normas e métodos mais corretos
para a colheita de amostras.
Agroglobal 2016: 35 mil visitantes em três dias de inovação e
negócios
A introdução de novas culturas, como o amendoal, a floresta e os
pequenos frutos, além das já habituais milho, tomate indústria, batata,
girassol, forragens, olival e vinha, «representaram mais um passo na
evolução do projeto Agroglobal».
Já a inovação foi transversal a todos os expositores do certame, porém o
Pavilhão AgroInov constituiu o palco privilegiado para a mostra das
tecnologias mais futuristas, entre as quais um drone equipado para
pulverização de parcelas agrícolas; robots para diagnóstico do estado da
vinha e realização de operações culturais; sistemas de Rega de Taxa
Variável e controlo de pivots à distância, entre outros.
Notícias sobre Tecnologia - http://www.agronegocios.eu/noticias/seccao/tecnologia
17. Ø 3.2 milhões de hectares, o que corresponde a 35,4% do território nacional
Ø Propriedade florestal maioritariamente privada, com 2,8 milhões de
hectares, ou seja, 84,2% da área total detida por pequenos proprietários de
cariz familiar dos quais 6,5% são pertencentes a empresas industriais
Ø Grande número de prédios situados no Norte e Centro, onde as
explorações chegam a atingir dimensões com menos de 1 hectare. Estima-
se que existem cerca de meio milhão de proprietários florestais.
Ø A floresta e a atividade florestal em Portugal são uma importante área da
nossa economia
Ø Portugal, no contexto Europeu e mesmo Internacional é um país
especializado no sector florestal, sendo a receita um importante contributo
para o PIB.
Adaptado de http://www.pefc.pt/certificacao-gfs/introducao/floresta-portuguesa
18. Apesar do elevado número de
proprietários e a pequena dimensão da
propriedade florestal os bens produzidos
por esta via, sustentam uma importante
e integrada cadeia industrial, baseada
em recursos naturais, suportando por si,
um forte sector de exportação.
Do ponto de vista de transações para o
mercado internacional de produtos
florestais e de base florestal, os mais
importantes são: papel e cartão, pasta
de papel, cortiça, madeira e produtos de
resina e mobiliário.
O sector representa cerca de 10% das
exportações nacionais e 3% do VAB. ...A
uma escala local, contribuem ainda
outros polos como são o caso da
produção de frutos secos (castanha,
pinhão), caça e pesca desportiva em
águas interiores e atividades ao ar livre
(turismo e lazer).
Floresta Portuguesa
http://www.pefc.pt/certificacao-gfs/introducao/floresta-portuguesa
19. O que deve ser reformado na floresta
portuguesa?
☛ Elevada fragmentação
da propriedade
☛ Excessiva
descentralização da
intervenção pública
☛ Incêndios
☛ Certificação florestal
limitada
☛ Baixa produtividade. http://www.agronegocios.eu/noticias/8-congresso-florestal-nacional-
pre-inscricoes-abertas/
20. Dá que pensar | Valor económico da floresta portuguesa
A floresta portuguesa tem um valor económico de
estimado de 1.300 milhões €/ano ...
Desse valor, 41% ... resulta da produção da madeira (toros
para serração, produção de pasta de papel e outros usos
industriais e lenha). A maior fatia do valor económico da
floresta nacional resulta dos outros produtos e serviços,
como a cortiça, resina, mel, frutos, cogumelos, plantas,
bolotas, caça e recreação (47%), bem como serviços
ambientais essenciais (12%), como a proteção da água e
do solo e a retenção de carbono ... Só para dar dois
exemplos, os frutos (pinhão, castanha, alfarroba, medronho
e sabugueiro) têm um valor económico de 53.310.000 euros
e os cogumelos de 16.250.000 euros.
Entre 2000 e 2012, o custo social anual médio com os
incêndios foi de 277 milhões de euros, excluindo custos com
o combate.
Dito de outra forma: cerca de um terço do benefício da
produção anual de riqueza florestal esvai-se com os
incêndios. https://www.100milarvores.pt/2016/08/da-que-pensar-valor-economico-da-floresta-portuguesa.html
21. Rica, versátil, generosa: eis a floresta portuguesa
https://www.publico.pt/floresta-em-perigo/floresta
A floresta, que ocupa
mais de um terço do
território de Portugal, é
fonte de emprego,
exportações, vendas,
lazer, biodiversidade,
sequestro de carbono,
proteção do solo,
regulação da qualidade
da água e do ciclo
hídrico. Mas a soma de
decisões erradas trouxe
como fatura os incêndios,
atiçados pelo
desordenamento.
Nota: De acordo com a data e a fonte consultada surgem valores percentuais
ou, mesmo, valores absolutos não coincidentes
22. A floresta tudo dá – gera riqueza, pincela
paisagens únicas, alberga um sem-número
de vidas, limpa os ares, purifica águas,
protege o solo, dá emprego, deslumbra
turistas e ainda enriquece a gastronomia.
Dá resposta a cada um dos três pilares do
desenvolvimento - economia, sociedade e
ambiente.
(...) é um dos maiores e mais importantes
recursos naturais do país e tem dado provas
disso. Desde sempre. Do fogo, abrigo e
alimentação com que protegia as gentes
de outrora, à pasta de papel ou à cortiça
que hoje alimentam uma fatia importante
da economia nacional, a floresta deu o
material que levou os portugueses a outras
paragens ou que permitiu que a ferrovia
assentasse carris pelo país fora.
Publico.pt
23. O que mudou
de1995 para 2010?
☛ Aumentou a área
arborizada
☛ Aumentou a área ardida
☛ Diminuiu, e muito, a área em
regeneração
☛ Reduziu a área do pinheiro-
bravo
☛ Aumentou a área de
eucalipto
☛ Diminuiu a floresta nas
regiões Norte e Centro
☛ A NUTS II com maior área
florestal é o Alentejo
publico.pt
24. Estando parte do território também sob a
influência do clima atlântico, a diversidade das
plantas que se adaptam e conquistam novos
locais enriquece-se.
É o advento das fagáceas, isto é, carvalhos, faias
ou castanheiros, acompanhados pelos amieiros,
choupos, salgueiros, aveileiras, freixos ou ulmeiros,
assim como abetos.
Surge a agricultura e a pastorícia e a necessidade
de terrenos começa a abrir clareiras na floresta. A
grande machadada é dada na altura dos
Descobrimentos, quando as necessidades de
madeira despem os solos nacionais. Só em
carvalhos, terão sido derrubados mais de cinco
milhões.
A floresta portuguesa já muito evoluiu, regrediu,
progrediu e transformou-se. Umas vezes conduzida
pelas mudanças naturais, outras pela mão do
homem. E como qualquer organismo vivo,
continua nesse trajeto.
publico.pt
25. Propostas lançadas no Fórum
☛Impedir a fragmentação da propriedade abaixo de uma UDE
(unidade de dimensão económica) a definir legalmente
☛Fomentar o emparcelamento.
☛Reduzir os impostos nos processos de concentração e fusão
conducentes ao aumento da dimensão e eficiência das
empresas.
☛Dirigir os fundos de apoio ao investimento para projetos que
agreguem dimensão.
☛Alterar o Código Cooperativo para que nas votações o fator
dimensão seja tido em consideração, de maneira a
modernizar a gestão das Cooperativas e a promover a sua
concentração.
☛Fomentar mecanismos de associação e aproximação da
indústria à produção.