Este documento discute como a análise de redes sociais e a complexidade podem melhorar os sistemas éticos para a ciência aberta na saúde. Ele sugere que incorporando conceitos de complexidade e redes à bioética, como feedback e estruturas de mundo pequeno, pode ajudar a superar barreiras e levar a uma abordagem mais holística e sustentável.
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
Análise de Redes Sociais e Complexidade na Bioética
1. Análise de Redes Sociais e de
Complexidade: Uma Estratégia para
Aprimoramento de Sistemas Éticos
para a Ciência Aberta?
Jorge H C Fernandes, Wagner J Martins e
Ricardo B Sampaio
Confoa 2017
5 de outubro de 2017, ENSP – Fiocruz - RJ
2. Temas e Audiência
• Palavras-Chave
– Complexidade
– Análise de Redes Sociais
– Ética
– Ciência Aberta
– Bioética
• Audiência
– Formuladores de políticas públicas em ciência aberta
– Investigadores em bioética
3. O caminho para a Ciência Aberta
• Abertura das barreiras aos relacionamentos
estabelecidos entre as partes que desejam
produzir conhecimento
• Redes e relacionamentos entre seus agentes
– Solução de problemas éticos
• Reflexão sobre a moral
– Solução de problemas de confiança
• Relações de dependência assumidas e mantidas
– Promoção da cidadania
• Complexidade de arranjos sociais sustentáveis
4. O sucesso da ecologia enquanto
ciência aberta
• Na ecologia, a ciência aberta tem se desenvolvido de
forma muito bem sucedida a partir do século XXI
• Evidências de sucesso
– Ciência cidadã
– Ciência intensiva em dados, voltada ao cidadão
– Dados abertos em ecologia
– Ecologia como uma ciência intensiva em dados
– A Ecologia do código aberto ganha raízes no mundo
• Propostas
– Quatro liberdades (do software livre) aplicadas à ecologia
5. Proposta de investigação
• Segundo Cooper, ecologia é, dentre outras ciências da
natureza, aquela que mais se aproxima das ciências
sociais, dado seu papel no desenho e implementação
de políticas ambientais
• Seriam os desafios éticos, de confiança e de cidadania,
que foram suplantados e que possibilitaram a abertura
da ciência na ecologia, de superação equivalente no
campo da saúde?
• Pergunta central
– Existiriam formas de transposição da ética em ecologia
para conduzir à pesquisa aberta em saúde?
6. Bioética: Referência ética em saúde
• Tratamento “das questões morais que surgem
a partir do uso de novos procedimentos
médicos ou dos avanços na biotecnologia”.
• Desafios da bioética
– Mapeamento das relações que o avanço
[bio]tecnológico estabelece com os distintos
arcabouços históricos, linguísticos, políticos,
religiosos, legais e culturais que caracterizam uma
humanidade heterogênea nos âmbitos local,
regional e mundial.
7. Referências éticas na Ecologia
• Antropocentrismo
– Sobre a utilização de tecnologias diversas que podem
impactar saúde e bem-estar de indivíduos e
populações1como fim maior de um sistema moral
• Biocentrismo
– Qual a influência de intervenções humanas sobre
quaisquer espécimes que sentem dor e prazer?
• Ecocentrismo (holismo, fisiocentrismo, ética ecológica)
– Atribuição de interesse, valor ou significância moral a
espécies e ecossistemas, permitindo o desenvolvimento de
percepção holística de relações envolvidas
8. Trazendo a perspectiva Ecocêntrica
para a Bioética
• Incorporação analítica, na bioética, de
fenômenos investigados nas
– Ciências da complexidade
– Redes complexas
– Análise de redes sociais
– Análise estrutural
9. Ciências da Complexidade
• Quais as propriedades dos sistemas interativos
complexos?
• Como emergem estruturas coerentes e
intencionais, a partir de interações de
componentes mais simples e que muitas vezes
não possuem comportamento intencional?
• Como surge a organização sistêmica e
complexa dos seres vivos naturais ou
artificiais?
10. Análise de Redes Sociais e
Complexidade
• No final do Século XX, a disponibilização de
imensos volumes de dados empíricos sobre
relacionamentos entre agentes encaminhou
análise da complexidade em direção à análise das
redes.
• Fenômenos da complexidade, antes apenas
evidenciados em sistemas físicos simulados,
passaram a ser investigados em registros de ação
humana.
– Surge a complexidade em sistemas sociais.
11. Paradigma da Análise Estrutural em
Sociologia
• São tendenciosas as formas de se determinar
aprioristicamente como surgem grupos e
posições sociais, bem como normas que deles
derivam.
• Fenômenos sociais não surgem por uma
relação abstrata, conceitual, mas sim “devido
às relações concretas entre indivíduos que,
dando forma à estrutura social, facilitam
acessos de alguns a recursos.”
12. Fenômenos a serem transpostos para
uma Bioética Complexa e em Redes
• Da Teoria Clássica dos Sistemas
– feedback, controles e homeostase
• Da complexidade
– Controle emergente, criticalidade auto-organizada, evolução na
borda ordem-caos e fitness landscapes (paisagens de aptidão)
• Das redes complexas
– Liberdade de escala (scale-free), estruturas de mundo pequeno
(small world), de centro-periferia e de força de laços fracos e
fortes
• Da Análise de Redes Sociais e Analise estrutural
– Homofilia, propinquidade, buracos estruturais, grupos coesos,
intermediações, capital social, influência e difusão
13. Conclusões
Ao incorporar de forma incremental o
arcabouço conceitual dos fenômenos de
complexidade e redes, a bioética poderia ser
contemplada com um grande arsenal analítico,
talvez capaz de equacionar um conjunto de
questionamentos morais que a conduzirão a
uma abordagem ecocêntrica, possibilitando a
redução de atuais barreiras à construção de uma
ciência aberta em saúde