Helen Longino é uma filósofa da ciência que defende que a objetividade científica é assegurada pelo caráter social da pesquisa. Ela argumenta que a ciência envolve atividades colaborativas e sociais como a educação, avaliação por pares e aplicações de verbas, e que a objetividade surge das interações críticas entre cientistas dentro destes processos sociais.
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
Helen Longino: Filósofa da Ciência e Objetividade Social
1. Helen Longino: Doutora em Filosofia da Ciência,
Professora em Stanford University
Livros:
1990: Science as Social Knowledge: Values and Objectivity in Scientific
Inquiry
2002:The Fate of Knowledge
2013: Studying Human Behavior: How Scientists Investigate Aggression
and Sexuality
2. Defende a ideia de que a objetividade da ciência é assegurada pelo
caráter social da investigação.
Visões usuais de objetividade na ciência:
1. Ciência origina-se da descrição precisa e detalhada de fatos
2. Objetividade relaciona-se com métodos de investigação
3. Atividade científica: objetiva ou subjetiva?
Papel da experimentação e papel da teoria na atividade científica
”Como as alegações e demonstrações de interação entre ciência e valores
sociais podem afetar nossa concepção de conhecimento científico?”
Parte do pressuposto de que a prática científica é regulada por normas e
valores gerados pelo entendimento dos objetivos da investigação
científica.
4. Importante distinguir duas perspectivas de objetividade:
1. Objetividade como característica dos métodos de investigação
2. Objetividade como característica dos investigadores ou de suas
atitudes e práticas
Ciência como prática. E porque é prática, é social.
5. 3 aspectos do caráter social da ciência:
1. Ciência como empreendimento social e a dependência dos
indivíduos uns dos outros para sua prática ;
2. Iniciação em ciência requer educação;
3. Atividade científica em rede; depende dos valores da sociedade para
ser praticada.
6. ”O conhecimento científico é, afinal, o produto de muitos indivíduos
trabalhando em conjunto (reconhecendo isso ou não).
(...) Investigação científica é complexa e consiste de diferentes tipos de
atividades. Consiste não apenas em produzir teorias mas também em
(produzir) interações concretas, bem como modelos de processos
naturais.
(...) A integração e a transformação destas atividades em um
entendimento coerente sobre um dado fenômeno é assunto de
negociações sociais.”
7. Algumas ideias de Longino sobre a prática científica:
• A investigação científica é uma prática humana colaborativa;
• Teorias são resultado da investigação e não o processo;
• Como atividade humana, a atividade científica é socialmente
organizada em modos que afetam seus objetivos e critérios de
sucesso;
• Desenvolve-se em contexto social e político com o qual tem dinâmica
interação.
8. Acrescenta dois grandes elementos para sua consideração da ciência
como prática social:
avaliação por pares e aplicações de verba
E destaca o tratamento crítico que envolve estes elementos como
crucial para refinar ideias e técnicas
9. Ainda sobre o dilema do que consistiria e regularia a objetividade na
ciência:
”Uma vez que a relação entre hipóteses e evidência é mediada por
conhecimentos existentes que não podem ser, eles mesmos, sujeitos a
confirmação ou não confirmação empírica e que podem surgir de
inspirações metafísicas e normativas, seria um erro identificar a
objetividade de métodos científicos apenas por suas características
empíricas.”
O conhecimento científico é, portanto, social, tanto pelos modos
como é gerado como por seus usos.
10. Critérios para a dimensão crítica:
Locais/espaços reconhecidos para a crítica: fóruns, reuniões científicas,
periódicos, conferências etc, como espaços em que conhecimentos
propostos são apresentados para debate.
Padrões/critérios compartilhados: conhecimentos teóricos, empíricos e
metodológicos que são compartilhados em que permitem a crítica.
Réplica/resposta da comunidade: a comunidade deve estar aberta e ser
tolerante com o discordância.
Igualdade de autoridade intelectual: a qualquer indivíduo que
reconheça as normas e práticas desta comunidade está aberta a
possibilidade de crítica.