O slideshow foi denunciado.
Seu SlideShare está sendo baixado. ×

A "sociedade" no enfoque CTS - ressignificações sobre as atividades científicas e tecnológicas

Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio
Carregando em…3
×

Confira estes a seguir

1 de 50 Anúncio

Mais Conteúdo rRelacionado

Diapositivos para si (20)

Quem viu também gostou (20)

Anúncio

Semelhante a A "sociedade" no enfoque CTS - ressignificações sobre as atividades científicas e tecnológicas (20)

Mais de Leonardo Kaplan (20)

Anúncio

Mais recentes (20)

A "sociedade" no enfoque CTS - ressignificações sobre as atividades científicas e tecnológicas

  1. 1. A “sociedade” no enfoque CTS: ressignificações sobre as atividades científicas e tecnológicas Luis Fernando Marques Dorvillé (FFP/UERJ) Adrian Evelyn Lima Henriques (FFP/UERJ) Francine Lopes Pinhão (FFP/UERJ) Tatiana Galieta (FFP/UERJ)
  2. 2. O que é CTS? • Campo de conhecimento que estuda as inter- relações entre ciência, tecnologia e sociedade em suas múltiplas influências CIÊNCIA TECNOLOGIA SOCIEDADE
  3. 3. Mas, antes de pensar nas relações... • O que entendemos como Ciência? • O que entendemos como Tecnologia? • O que entendemos como Sociedade?
  4. 4. Definição de Ciência • Depende da afinidade com uma ou mais concepções de ciência das diferentes correntes da filosofia da Ciência: – Positivismo ou empirismo indutivista – Falseacionismo (Karl Popper) – Ciência como consenso entre cientistas (Thomas Kuhn) – Racionalismo dialético (Gaston Bachelard) – Visão externalista (Robert Merton, Boris Hessen, John Desmond Bernal) – Anarquismo epistemológico (Paul Feyerabend)
  5. 5. Definição de Ciência • Costumamos mesclar elementos de mais de uma concepção de ciência na nossa própria definição, ainda que de modo não-consciente • Uma definição que gosto: Conjunto de conhecimentos produzidos pela humanidade em contextos sócio-históricos, políticos, econômicos e culturalmente determinantes e determinados, por meio de métodos sistematizáveis, testáveis ou verificáveis, e que possam ser reproduzidos.
  6. 6. O que é tecnologia? • Diferença entre tecnologia e técnica • Técnica: habilidade especial para realizar algo, conhecimento que possa gerar inventos com o intuito de facilitar determinado trabalho (p. ex.: técnicas de plantio, de caça utilizando arco e flecha, etc) • Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX): transformação de técnicas em tecnologias • Tecnologia: produtos ou serviços oriundos da aplicação de conhecimentos científicos, envolvendo um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas, visando a resolução de problemas (p. ex.: computadores, transporte aéreo, fibra ótica, aparelhos telefônicos, televisões, etc)
  7. 7. Tecnologias
  8. 8. O que é sociedade? • Talvez, a pergunta mais difícil e polêmica • Concepção liberal-burguesa: conjunto de indivíduos
  9. 9. O que é sociedade? • Concepção funcionalista (Durkheim): sociedade como um corpo em funcionamento onde todos tem sua função e com a realização das funções individuais de cada componente o todo seria concretizado • Concepção weberiana (Max Weber): sociedade como sistema de poder, que perpassa todos os níveis da sociedade, desde as relações de classe a governados e governantes, como nas relações cotidianas na família ou na empresa. O poder não decorre somente da riqueza e do prestígio, mas também de outras fontes, tais como: a tradição, o carisma ou o conhecimento técnico-racional.
  10. 10. O que é sociedade? • Concepção marxista: sociedade formada por classes sociais, lutas de classes, compreensão do modo de produção capitalista e lutas para superar as relações de exploração e as opressões
  11. 11. Concepções e relações CTS In: Firme, R. N.; Amaral, E. M. R. . Analisando a implementação de uma abordagem CTS na sala de aula de Química. Ciência e Educação, v. 17, n. 2, pp. 383-399, 2011.
  12. 12. Percepção da população sobre Ciência e Tecnologia no Brasil (2015)
  13. 13. LAPLANE, M.; BADARÓ, A.; FALCÃO, D.; MOREIRA, I. C.; CASTELFRANCHI, Y.; RIZZO, F.; OLIVEIRA, I.; PAIVA, M.; CARRIJO, T. Percepção pública da C&T no Brasil 2015: ciência e tecnologia no olhar dos brasileiros. pp. 01-15. Introdução • 4a edição da pesquisa “Percepção Pública da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil” realizada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e pelo Ministério de Ciência,Tecnologia e Inovação (MCTI) • Objetivos do estudo: – Levantamento atualizado sobre interesse, grau de informação, atitudes, visões e conhecimento dos brasileiros em relação à C&T; – Produzir uma análise da evolução dessa percepção pública sobre a área na última década
  14. 14. • Justificativas:  Conhecer e analisar o grau de informação, o conhecimento geral, as atitudes e as visões da população brasileira sobre C&T para aprimorar as ações de popularização científica e de educação em ciência;  Entender as implicações econômicas, políticas, educacionais, culturais e éticas da percepção pública da C&T para formular políticas públicas em educação científica e em comunicação pública da ciência mais adequadas; • Breve histórico das pesquisas sobre percepção pública de C&T no Brasil:  1987 (MAST; CNPq; GALLUP), 2006 e 2010 (MCT)
  15. 15. • Questionário com 105 perguntas fechadas e abertas, com amostra probabilística representativa de toda a população brasileira com 16 anos de idade ou mais, estratificada por gênero, faixa etária, escolaridade, renda declarada, com cotas proporcionais ao tamanho da população, segundo os dados do IBGE • Dados coletados entre 22/12/2014 e 16/03/2015, 1962 entrevistas, em todas as regiões do Brasil Informações sobre a enquete nacional 2015
  16. 16. Principais resultados da enquete 1. Interesse e grau de informação em C&T
  17. 17. 2. Atitudes e visões sobre C&T
  18. 18. • Dorvillé, L. F. M.; Henriques, A. E. L.; Pinhão, F. L.; Galieta, T. A “sociedade” no enfoque CTS: ressignificações sobre as atividades científicas e tecnológicas. In: Anais eletrônicos XI Jornadas Latino-Americanas de Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia (ESOCITE), 2016.
  19. 19. Histórico do movimento CTS • Pós 2a Guerra Mundial, década de 1960 • Crítica à concepção de racionalidade da Ciência e Tecnologia (CT): compreensão de que o desenvolvimento científico conduz ao desenvolvimento tecnológico e econômico e, por consequência, de forma linear, ao bem estar social • Impactos ambientais e agravamento das condições de desigualdade social e econômica no mundo: cresceram as discussões públicas sobre o papel da CT, sobre a visão de Ciência e de seu papel na sociedade (Von Linsingen, 2007)
  20. 20. In: Auler, Fenalti e Dalmolin, 2002, p. 3
  21. 21. In: Auler, Fenalti e Dalmolin, 2002, p. 4
  22. 22. Livre dos valores (ou interesses) econômicos, políticos, sociais ou morais (de raça, etnia, gênero etc) dominantes no ambiente em que ela é produzida O resultado material, enquanto entidade social, tem um modo especial de carregar valores em si mesmo e a reforçá-los Tecnociência, no seu aspecto eminentemente científico, e apoiada no método científico, conduziria um Homem infinitamente curioso em contato com uma natureza, também infinitamente, bela, à verdade. E, e no seu aspecto técnico (ou tecnológico) na direção da maximização da eficiência (entendida esta como um conceito primitivo que não admite a pergunta "eficiência para quem"). Ela teria suas próprias leis imanentes, seguiria uma trajetória linear e inexorável, governada por esse impulso endógeno. A sociedade, submetida a este poder de determinação da tecnociência - ou a este "determinismo tecnológico" - apenas aceitaria seus impactos e tentaria tirar dela o melhor proveito. Sociedade ou os grupos sociais estaria em condições de decidir em cada momento os rumos que irá seguir a tecnociência, ou, como se discutirá em seguida, a forma como ela será aplicada. De qualquer forma, dependeria dessas decisões as características que assumiriam os sistemas técnicos que crescentemente condicionam nossa sociedade contemporânea.
  23. 23. Histórico do movimento CTS • No Brasil: CTS chega no fim dos anos 1970, momento em que se discutia a necessidade de inovações no ensino de ciências • Estudos sobre as implicações da CT na sociedade, bem como sobre as implicações de um determinado modelo de sociedade sobre as políticas de CT
  24. 24. Questões dos estudos CTS • Caráter heterogêneo das perspectivas e abordagens da produção acadêmica na área • Objetivos centrais do ensino de ciências na perspectiva CTS parecem sinalizar para a construção de práticas de cidadania e responsabilidade social • Formação de indivíduos conscientes e capazes de entender a complexidade da atividade científica e o papel das tecnologias presentes em seu cotidiano • Pressuposto desta concepção: quanto mais conhecimento científico e tecnológico, maiores as possibilidades de compreensão e atuação do sujeito como cidadão ativo nas decisões sobre CT
  25. 25. Lacunas nos estudos CTS • Pouca ênfase nas discussões sobre o que se entende por sociedade e as implicações disso para o ensino de ciências na perspectiva CTS • Falta de clareza do conceito de cidadania (Vilanova, 2011; Toti, 2011) • Premissa da formação para a cidadania como justificativa para o ensino de ciências (Vilanova, 2011; Toti, 2011)
  26. 26. Objetivos do artigo de Dorvillé, Henriques, Pinhão e Galieta (2016) • Problematizar o pressuposto de que quanto mais acesso aos conhecimentos científicos e tecnológicos, maiores as possibilidades de compreensão e intervenção social da população nas decisões sobre C&T • Crítica ao modelo liberal de cidadania, compreendendo-a como direito de todos e não condicionada à aquisição de conhecimento formal (Buffa, 2010; Arroyo, 2010) • Compreensão das atividades científicas e tecnológicas como espaços hierarquizados de disputa por legitimidade e recursos (Bourdieu, 1983; 2004; 2007) • Entendimento de formação como aquisição cultural e com caráter emancipatório (Adorno, 1986; 1995a-c; 1996)
  27. 27. Problemas do conceito liberal de cidadania • “Cidadania” como consenso aparente, sem aprofundamento nas pesquisas (Toti, 2009) • Slogan: EC para formar cidadãos para lidar melhor com CT • Necessidade de pensarmos sobre a sociedade onde estamos inseridos e como todos os cidadãos estão implicados nos processos de produção, circulação e consumo da CT • Sem essa reflexão, a tendência é a valorização do binômio CT
  28. 28. Slogans no debate sobre políticas educacionais • Professor como a profissão que pode mudar um país • “Sociedade do conhecimento” • Discurso da qualidade na educação • Inclusão e exclusão • Empreendedorismo • “Aprender a ser” • “Educação ao longo da vida” • “Eficiência educacional” como estratégia de alívio da pobreza
  29. 29. Problemas do conceito liberal de cidadania • Buffa: cidadania que afirma tratar igualmente sujeitos, mas desconsidera que estão em condições desiguais social, econômica e politicamente • Filósofos liberais (séc. XVI e XVII): ideia de que todo indivíduo teria direito à liberdade, à vida e à propriedade (Alvarenga, 2010) • Então, por que não há igualdade de fato entre as pessoas? • Igualdade restrita ao processo de troca e ao sistema jurídico, restrita ao direito normativo mas não ao direito de fato
  30. 30. Problemas do conceito liberal de cidadania • Escola em uma educação liberal: “ensinar tudo a todos”, onde o “tudo” é o conhecimento julgado como fundamental para exercício de qualquer função • Condicionar cidadania à escolarização, adequando os sujeitos ao projeto burguês (Arroyo, 2010) já que não será aceito qualquer homem • Grande peso dado ao saber escolarizado no destino dos indivíduos, como forma de ascensão social
  31. 31. Atuação crítica, autônoma e reflexiva • Inegável que vivemos uma era de rápidas transformações geradas pelo empreendimento técnico-científico e seus produtos • No entanto, persistem a miséria e as assimetrias sociais • Nos cabe refletir sobre as promessas da Razão Iluminista • Adorno e Horkheimer (1991): a Razão Iluminista foi convertida em uma razão instrumental pela burguesia, a serviço da reprodução da lógica social em que se encontra inserida e não da emancipação do pensamento e da ação reflexiva
  32. 32. Atuação crítica, autônoma e reflexiva • Muitos dos avanços em áreas como biotecnologia, comunicação, transporte, consumo das massas conduziram à apropriação absoluta da natureza e à dominação social • Desafio para o processo educacional: formar agentes sociais autônomos e mais capazes de enfrentar as demandas sociais vigentes de maneira ética e reflexiva
  33. 33. Contribuições de Bourdieu • Conceito de campo social como espaço hierarquizado de luta entre atores que ocupam posições de acordo com o volume, os tipos e as articulações de capitais possuídos (culturais, materiais, simbólicos e sociais) • Realidade social como uma dinâmica construída por meio das relações desiguais de poder entre diferentes sujeitos sociais • Mecanismos de naturalização do contexto social vigente, suas assimetrias e condicionantes materiais, em diferentes estruturas e instâncias: Estado, família, Igreja, cultura, escola
  34. 34. Contribuições de Adorno • Conceito de Indústria Cultural como mecanismo de difusão da cultura mercantilizada, levando à perda progressiva de apropriação crítica, necessária para que tais informações tornem-se conhecimento cultural de fato • A semicultura socializada funciona como forma de internalização de ideologias dominantes por meio dos bens culturais massificados, visando à formação de um indivíduo que, mesmo “culto”, não consegue ir além da superfície dos fatos e dados (Adorno, 1995)
  35. 35. Formação educacional como aquisição cultural • Compreensão que favorece o desenvolvimento do pensamento investigativo e reflexivo • Processo formativo emancipatório e autônomo pressupõe a necessidade de aprendizagem reflexiva • Semiformação proporcionada pela Indústria Cultural como oposição à formação emancipadora e reflexiva
  36. 36. Considerações finais • Resgatar o papel de destaque do S na tríade CTS • Compreender as questões inerentes à própria S, ao modo como se estrutura e funciona e não como extensão automática e acrítica da inovação tecnocientífica mercantilizada • Defesa de uma educação política, problematizadora e humanística que vise à formação cultural: ir além da interiorização de representações da realidade burguesa e preenchimento do vazio ético via consumo e reificação do outro • Comprometimento com a intencionalidade de capacitação para o pensamento crítico, favorecendo a atuação de indivíduos mais conscientes no contexto social que os cerca
  37. 37. Considerações finais • Cidadania não é adquirida apenas por meio de um conhecimento escolar específico • Somente a abertura da escola para questões concretas da nossa sociedade poderá garantir uma educação centrada na emancipação • Quebra da barreira simbólica entre a escola e a sociedade
  38. 38. Considerações finais • Paulo Freire (2004): “Às vezes penso que se fala em cidadania como se fosse um conceito, muito abstrato, com certa força mágica, como se, quando a palavra cidadania fosse pronunciada, automaticamente, todos a ganhassem. Como se fosse um presente que políticos e educadores dessem ao povo. Não é isso. É preciso deixar claro que a cidadania é uma produção, uma criação política”

×