Este documento fornece uma introdução à semiologia baseada em evidências, discutindo os principais conceitos como:
1) Integração das melhores evidências científicas com a experiência clínica e os valores do paciente para tomada de decisão;
2) Uso de estimativas de probabilidade, sensibilidade, especificidade e razão de verossimilhança para refinar diagnósticos;
3) Metodologia de busca, avaliação crítica e aplicação de evidências para resolver cenários clínicos.
1. INTRODUÇÃO À
SEMIOLOGIA BASEADA
EM EVIDÊNCIAS
Ferramenta Pedagógica para o Curso de
Extensão FLUEX/CCM/UFPB
“PRACTICA: APRENDIZAGEM CLÍNICA EM
ENFERMARIAS DE PROPEDÊUTICA DO HULW
ATRAVÉS DA METODOLOGIA DA
PROBLEMATIZAÇÃO”
Rilva Lopes de Sousa-Muñoz
2. PRINCÍPIOS DA PRÁTICA BASEADA EM
EVIDÊNCIAS
TOMADA DE DECISÃO
DIAGNÓSTICA
• Informação baseada no
paciente (Anamnese + Exame
Clínico)
• Informação baseada em
pesquisas científicas
3. PRINCÍPIOS DA PRÁTICA BASEADA EM
EVIDÊNCIAS
DIAGNÓSTICO
Processo de decisão clínica que
baseia-se, conscientemente ou
não, em probabilidade
DIAGNÓSTICO PROBABILÍSTICO
Probabilidade como uma
maneira de medir a incerteza
4. RACIOCÍNIO CLÍNICO E INTERPRETAÇÃO
DE EVIDÊNCIA CIENTÍFICA
Medicina Baseada em Evidências
Prática Baseada em Evidências
Saúde Baseada em Evidências
Cardiologia Baseada em Evidências
Saúde Pública Baseada em Evidências
Enfermagem Baseada em Evidências
Semiologia Baseada em Evidências
5. PRÁTICA BASEADA EM EVIDÊNCIAS
“Integração da melhor evidência
de pesquisa científica com a
experiência clínica e os valores e
circunstâncias do paciente”
Valores do
paciente
Experiência
clínica
Melhor
evidência
de Pesquisa
X
Straus SE, et al. Evidence-based
medicine: how to practice and teach
EBM 3d ed. London: Churchill
Livingstone, 2005
6. SEMIOLOGIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS
• Visa à integração das
melhores evidências da
literatura com os dados
obtidos na anamnese e no
exame físico
• Tomada de decisão clínica
HATALA, R. et al. An Evidence-Based Approach to the Clinical
Examination. J Gen Intern Med. 1997; 12(3): 182–187.
8. ESTIMATIVA DE PROBABILIDADE
Probabilidade prévia à
avaliação da validade do
exame (probabilidade pré-
teste)
Probabilidade posterior à
avaliação da validade do
exame (probabilidade pós-
teste)
9. FORMAS DE USAR EVIDÊNCIAS
PUBLICADAS
Prevalência de uma
doença associada a um
determinado sinal,
sintoma ou síndrome
Regras de predição
clínica
10.
11.
12. SEMIOLOGIA BASEADA EM EVIDÊNCIAS
A prática da Semiologia
Baseada em Evidências começa
pelo reconhecimento de uma
dúvida e a elaboração de uma
pergunta
Diante do achado “x”ou do
conjunto de achados x+y+z, qual
a probabilidade da hipótese
diagnóstica “w”?
13. A PERGUNTA CLÍNICA…
Quantas vezes você formulou
uma pergunta clínica
explicitamente e encontrou
uma resposta?
Você tem uma maneira
sistemática de encontrá-la?
Duas questões clinicamente
importantes surgem a cada três
pacientes vistos
COVELL DG, UMAN GC, MANNING PR. Information needs in office practice: are they being met? Ann Intern
Med. 1985 103(4):596-9.
14. UMA INTEGRAÇÃO DE DISCIPLINAS
A Prática Baseada em
Evidências demanda
conhecimentos de três
disciplinas para gerar um
suporte à decisão clínica:
◦Epidemiologia Clínica
◦Bioestatística
◦Informática Médica
15. PASSOS PARA A SEMIOLOGIA
BASEADA EM EVIDÊNCIAS
CENÁRIO CLÍNICO
Pergunta
Informação
BUSCA DA INFORMAÇÃO
Identificação
Seleção
AVALIAR CRITICAMENTE
Validade, Fidedignidade, Aplicabilidade
Força da evidência
RESOLUÇÃO DO CENÁRIO
Aplicação dos resultados
17. RAZÃO DE VEROSSIMILHANÇA
(LIKELIHOOD RATIO)
• Forma de descrever o
desempenho de um exame
diagnóstico
• Resume sensibilidade e
especificidade em um só índice
• Pode ser usada para calcular a
probabilidade de doença com base
no exame positivo ou negativo
18. INTERPRETAÇÃO DOS
VALORES DE RV+
(SACKETT et al., 1991)
RV+ > 10 Sugere mudanças conclusivas
após a realização do exame
RV+ 5-10 Sugere mudanças moderadas
RV+ 1-5 Sugere pequenas mudanças,
insuficiente para o diagnóstico
RV+ < 1 Não sugere mudanças
18
19. Transforma uma crença prévia
(probabilidade “a priori”,
probabilidade pré-teste), através
da verossimilhança (dados
clínicos, resultado do exame), em
uma crença posterior
(probabilidade “a posteriori”,
probabilidade pós-teste).
TEOREMA DE BAYES
Estimar a probabilidade de uma
hipótese diagnóstica
21. EXAME CLÍNICO = TESTE DIAGNÓSTICO
Probabilidade pré-teste
Prevalência da doença
História / exame clínico
Probabilidade pós-teste
Probabilidade da doença
22. EXAME CLÍNICO = TESTE DIAGNÓSTICO
Aquilo que pensávamos antes
Prevalência/probabilidade da
doença
Informações do exame
clínico / complementar
Aquilo que pensamos depois
23. PROBABILIDADE PÓS-TESTE
Zonas de Decisão
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Zona de
probabilidade
baixa
Zona de probabilidade
intermediária
Zona de
probabilidade
alta
FONTE: SCHMIDT, M. I.; DUNCAN, B. B. Epidemiologia clínica e
medicina baseada em evidências. Porto Alegre: Artmed, 2004
25. Prevalência da
doença: 1,5%
Teste
diagnóstico:
positivo
Razão de
verossimilhança
para um
resultado
positivo: 7,0
Probabilidade
pós-teste: 10%.
30. A PERGUNTA
O tipo de pergunta
determina a forma
como analisar os
estudos encontrados
31. TIPOS DE PERGUNTAS
Diagnóstico Como selecionar e interpretar testes
diagnósticos
Terapia Como selecionar tratamentos mais eficazes
que arriscados e com boa relação custo-
benefício
Prognóstico Como estimar o curso clínico com o tempo
e prever desfechos dos pacientes
Etiologia Como identificar causas de doenças
http://www.hsl.unc.edu/services/tutorials/ebm/Supplements/QuestionSupplement.htm
32. QUE MODELO DE ESTUDO É O
MELHOR?
Tipo de Pergunta Melhor Modelo de Estudo
Exame Clínico Prospectivo, comparação cega com
padrão-ouro
Diagnóstico Prospectivo, comparação cega com
padrão-ouro
Terapia Experimental>coorte > caso-controle> séries
de casos
Etiologia Experimental>coorte > caso-controle> séries
de casos
Prognóstico Coorte > caso-controle> séries de casos
Prevenção Experimental>coorte > caso-controle> séries
de casos
Custo Análise econômica
http://www.hsl.unc.edu/services/tutorials/ebm/Supplements/QuestionSupplement.htm
33. A BUSCA DA INFORMAÇÃO – ESTUDOS
SOBRE DIAGNÓSTICO
Hierarquia das evidências
EVIDÊNCIA FRACA EVIDÊNCIA FORTE
Coorte validada
Sensibilidade e especificidade próximas de 100%
Coorte exploratória
Revisão sistemática (com homogeneidade) de estudos diagnósticos nível >3B
Estudo caso-controle
Opinião de especialistas, baseadas na experiência clínica, estudos descritivos, ou relatórios de
Comitês de Especialistas
Revisão sistemática (com homogeneidade) de estudos
diagnósticos nível 1
1A
1B
1C
Revisão sistemática (com homogeneidade) de estudos diagnósticos nível
>2
2A
2B
3B
4
5
35. PUBMED
16 MILHÕES DE REFERÊNCIAS
5.000 JOURNALS - 37 LINGUAS
EMBASE
11 MILHÕES DE REFERÊNCIAS
4.800 JOURNALS – 30 LINGUAS
COCHRANE LIBRARY
REVISÕES SISTEMÁTICA 5297
ENSAIOS CLINICOS (CENTRAL) 533.127
TOTAL DE REGISTROS: 588.274
LILACS
400.000 MIL REGISTROS
1.300 JOURNALS
51. C. L., 30 anos, masculino, em regular
estado geral, com tosse produtiva há
3 dias, sem doença cardíaca ou
respiratória crônica
Febril (38,9 C), FC=118, FR=20 irpm;
Ausculta pulmonar: MV diminuído e
estertores crepitantes à direita.
Os dados do exame clínico são
suficientes para confirmar ou excluir o
diagnóstico de pneumonia em um
primeiro momento?
CENÁRIO CLÍNICO 1
52. BUSCA DE EVIDÊNCIAS NA LITERATURA
EM QUATRO PASSOS:
Transformar a dúvida clínica
em uma questão estruturada
Buscar evidências que possam
responder essa questão
Avaliar as evidências
Aplicar as evidências, se
válidas, no processo
diagnóstico
53. PASSO 1:
Estruturar a questão clínica
problema clínico, teste
diagnóstico (no caso, dados do
exame clínico) e doença (pelo
padrão-ouro)
Problema
clínico
Exame Doença
Paciente adulto
com sintomas
respiratórios
Dados da
história e do
exame físico
Pneumonia
(Raios- X de
tórax)
55. PASSO 2:
Localizar as evidências
Diferentes fontes de consulta –
bases de dados
“Diagnóstico” em fontes pré-avaliadas:
ACPJC
Fontes com dados primários
physical examination AND/OR
medical history taking
+
sensitivity and specificity
56. PASSO 2:
Localizar as evidências
Diferentes fontes de consulta –
bases de dados
Principal fonte de evidência
identificada: Escore de
pneumonia de Heckerling et al.
(1990)
HECKERLING, P. S. et al. Clinical prediction rule for pulmonary
infiltrates. Ann Intern Med, 113: 664-70, 1990.
57. Achado clínico Pontos
Temperatura > 38,7
Pulso > 100
Estertores crepitante
Redução do murmúrio vesicular
Ausência de asma
1
1
1
1
1
Probabilidade de pneumonia
com base em dados de
anamnese e exame físico
(Escore de Heckerling)
REGRA DE
PREDIÇÃO
CLÍNICA
58. Soma de pontos
Probabilidade pós-teste
considerando uma prevalência
de 20%
0
1
2
3
4
5
1,6
5
14
35
63
85
Probabilidade de pneumonia com base em
dados de anamnese e exame físico (Escore de
Heckerling)
59. • PASSO 3:
Avaliar criticamente as
evidências
Validade interna: sim
Resultado importante: sim
Aplicabilidade ao caso: sim
• PASSO 4:
Aplicar os resultados
Paciente com probabilidade de
pneumonia de 85%
60. OUTRA FORMA DE REFINAR A
PROBABILIDADE
Probabilidade pré-teste da
doença
Dados do exame clínico
Confiabilidade inter- e intra-
observador
Validade do exame clínico
Probabilidade pós-teste da
doença
61. M. S. S., 50 anos, bancária,
fumante (20 cigarros por dia),
obesa e com antecedente de
torção no tornozelo há oito
dias, apresenta dispneia
aguda associada a vaga dor
torácica que surgiu após o
almoço, 30 minutos antes, e
taquicardia.
CENÁRIO CLÍNICO 2
63. Qual é a
probabilidade pré-
teste de
tromboembolismo
pulmonar é…
PREVALÊNCIA: PROBABILIDADE
PRÉ-TESTE
64. PROBABILIDADES PÓS-TESTE
Qual é a probabilidade de a
paciente ter tromboembolismo
pulmonar?
Prevalência: 19% (MAFFEI et
al., 1980)
Maffei FHA, Falleiros ATS, Venezian LA, Franco MF. Contribuição ao estudo da
incidência e anatomia patológica do tromboembolismo pulmonar em
autópsias. Rev Assoc Med Bras. 1980; 26:7-10.
65. Stein PD, Terrin ML, Hales CA, et al. Clinical laboratory. Roentgenographic, and
eletrocardiographic findings in patients with acute pulmonary embolism and no pre-
existing cardiac or pulmonary disease. Chest 100: 598-603, 1991.
Dispnéia + dor torácica +
taquicardia
Sensibilidade = 97%
Especificidade = 10%
Razão de verossimilhança
RV+= sensibilidade/1-
especificidade
RV+= 10,8%
67. Wells PS, Anderson DR, Bormanis J et al. Value of assessment of
pretest probability of deep-vein thrombosis in clinical
managment. Lancet 1997; 350:1795-8.
REGRA DE
PREDIÇÃO
CLÍNICA
68.
69. “Medicina é a arte da
incerteza e a ciência
da probabilidade”
(Sir WILLIAM OSLER)