Apresentação utilizada em workshop sobre "Sistemas de Saúde" na II NOVA MEDICAL SCHOOL JOBSHOP, a 26 de novembro de 2017. Enfoque nos diferentes modelos de sistemas de saúde e principais diferenças de alguns sistemas de saúde. Utilização de vários diapositivos já partilhados sobre migração médica.
PRINCIPAIS DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO (1).pptx
Sistemas de Saúde
1. Sistemas de Saúde
II NOVA MEDICAL SCHOOL JOBSHOP
26 de novembro de 2017
Miguel Cabral
2. Introdução:
1. Por que razão este WS?
2. O que é que eu percebo disto?
• Médico Interno de Saúde Pública
• Curso de Especialização em Administração Hospitalar
• Coordenador para a Europa da IFMSA 2011-2013
3. Intenções:
1. Definir “claramente“ a diferença entre um sistema
nacional de saúde e um serviço nacional de saúde
2. Modelos teóricos de Sistemas de Saúde
3. Exemplos de diferenças entre sistemas de saúde
4. Questões de particular interesse laboral para
médicos
5. (Internatos no estrangeiro)
6. Sistema de Saúde
“A OMS utiliza uma definição de sistema de saúde
muito ampla que compreende “todas as atividades
que têm como finalidade essencial a promoção, a
recuperação ou a manutenção da saúde”
(WHO,2000). Tal significa que as intervenções
favoráveis à saúde como a melhoria da segurança
rodoviária e do ambiente, integram, de acordo com
este conceito abrangente, o sistema de saúde embora
com a preocupação de as quantificar e de avaliar o
seu impacto na realização dos objetivos do
sistema.”
Jorge Simões
7. Sistema de Saúde
“É verdade, também, que a responsabilidade do
sistema de saúde nos resultados ou ganhos em
saúde é bem menor do que se pensava. A evidência
tende a demonstrar que o rendimento dos
cidadãos, o desenvolvimento económico e social,
a escolaridade, as características culturais,
constituem factores cuja importância em especial
nas sociedades mais desenvolvidas é bem maior do
que o número de médicos, ou de camas de
agudos ou as despesas totais ou públicas com a
saúde.”
Jorge Simões
8. Sistema de Saúde
• Health in all Policies:
• Sistema Educativo
• Media
• Indústria
• Religião
• Os indivíduos
• Etc...
10. • Despacho Arnaut
(1978) - Acesso aos
Serviços Médico-
Sociais a todos
• SNS (79)
• Todos os cuidados
integrados de saúde
• Gratuito, mas... taxas
• Descentralizada e
desconcentrada
O SNS Português
11.
12. “A Ordem manifestou-se não
contra o SNS, mas contra aquele
modelo (...) como é bem sabido, a
saúde em Portugal é tudo menos
gratuita para a população, já que
somos um dos países da Europa
onde os cidadãos pagam a maior
percentagem dos custos dos seus
cuidados de saúde.“
O SNS Português
13. “A nossa proposta era um
modelo que, tendo por base a
liberdade de escolha, assentava
numa Medicina convencionada
com uma base contratual. Seria
financiada por um seguro nacional
de saúde obrigatório, independente
do Orçamento Geral do Estado.“
António Gentil Martins
O SNS Português
15. Conceitos base
• Mais e melhor saúde com maior justiça na contribuição
financeira (WHO 2000)
• O equilíbrio entre os recursos escassos (riqueza e preços)
e as necessidades crescentes (moral e estado de saúde)
• A noção da saúde como um bem público
• Falhas de mercado na saúde (assimetria da informação,
monopólios/ou quase, externalidades, incertezas e seguros)
• Eficiência económica Vs equidade
16. Modelos teóricos
Modelo Bysmark (Alemanha, finais do século XIX):
• Financiamento por empregadores e empregados (salário),
independentemente do risco de doença individual
• Estado assegura contribuição de quem não pode pagar
• Estado define princípios gerais do funcionamento dos
seguros de saúde e do sistema de prestação de cuidados
• Recolha de fundos pode ser geográfica/profissão ou por
concorrência (não é o estado)
• Estado responsável pela acreditação, controlo de qualidade
e gestão dos hospitais públicos.
17. Modelos teóricos
Modelo Beveridge (UK, após II Guerra Mundial):
• Estado gere financiamento e prestação de cuidados;
• Financiamento obrigatório por via de impostos
(progressivos) – cuidados “gratuitos” ou quase
• Poderes públicos envolvidos no planeamento e na
gestão dos serviços.
• A afetação de recursos constitui um instrumento
fundamental nas políticas de saúde
18. Modelos teóricos
Modelo de Seguros privados (EUA):
• Financiamento privado por via do indivíduo ou
empregador;
• Contribuições dependentes do risco individual
• Grande competição
19. Modelos teóricos
• Bismarkianos – seguro social/convenções com
prestadores privados (Alemanha, Holanda, Bélgica,
França)
• Beveridgianos – SNS (Reino Unido, Portugal, Irlanda,
Suécia, Dinamarca)
• Livre escolha e competição – sistema de seguro
privado (EUA), com seguro público para idosos
(Medicare) e para os pobres (Medicaid)
20. Que Modelo seguir?
“Em diversos países, a estratégia seguida foi no
sentido da combinação de elementos dos dois
modelos. Procurou-se uma utilização plural de
incentivos típicos do mercado, com a manutenção da
propriedade pelo sector Estado.”
Jorge Simões
36. Reconhecimento
• Automático (nem todas as especialidades) ao abrigo da Diretiva
comunitária 2005/36/EC
• União Europeia
• Membros do Espaço Económico Europeu
(Noruega, Islândia, and Liechtenstein)
• Suíça
• Fora da União Europeia
• Diferentes processos de reconhecimento pelos
colégios de Especialidade
37. Documentos Necessários
• Certidão de conclusão do MIM em inglês ou na
língua oficial do destino
• Certificado de língua
• Curriculum vitae
• Cartas de recomendação
• Carta de motivação
• Comprovativo de inscrição na OM (do destino)
38. Austrália
• Certificado de Inglês (2 anos)
• Exame TP de acesso ao Medical Council
• Pre-employment structured clinical interview
(PESCIs)
• Cada território/estado
• Custos associados: $1,650 AUD (aprox. 1330€).
Videoconferência $1,500 AUD (aprox. 1210€)
• Espécie de ano comum
• Estrutura IM variável
39. Brasil
• Vistos de trabalho e limitações
• 2 processos de candidatura:
• Tradicional – variável – certidão, CV, entrevista, provas TP
• Projeto Piloto REVALIDA – inscrição em Universidades Piloto
• Exame de seriação Hospitais-Escola:
• Competitivo; Prova escrita, pratica e entrevista
• Algumas especialidade sem acesso direto
40. EUA
• Educational Commission for Foreign Medical Graduates
(ECFMG)
• United States Medical Licensing Examination (USMLE)
• Step 1, 2 e 3
• Residency:
• Cada colégio define pré-requesitos e currículo
• 3-7 anos
• 1 ano de internato geral
• Board Certification
41. Reino Unido
• IELTS > 7.5 em cada componente (2 anos)
• 2 cartas de recomendação (1 clínica 1 académica)
• Inscrição no General Medical Council (GMC):
• Provisional registration
• Full registration (ano comum) Entrada especialidade
• Foundation Programme 1 – em julho-Agosto (teste EM)
• FP2 – Março a Maio – CV+entrevista; recrutamento local
• Especialidade: 7 a 10 anos
42. Suíça
• Certidão MIM traduzida para língua destino
• Certificado língua (observacionais remunerados)
• Candidatura direta ao Hospital (entrevista + CV)
• 5 a 8 anos
• Estrutura flexível com requisitos mínimos
• Avaliação final por cada colégio
43. Alemanha
• Certificado língua B2 (observacionais)
• Candidatura direta ao Hospital (entrevista + CV)
• 5 a 8 anos
• Estrutura flexível com requisitos mínimos
• Avaliação final por cada colégio
• Salário aumenta anualmente conforme progressão
44. Bélgica
• Língua (exame francês na Valónia)
• Registo por região
• Processo centrado nas universidades:
• Grande variabilidade: datas, seleção
• Cerca de 2 a 3 meses
• 1 ano de antecedência B2 (observacionais)
• Não há ano comum – início Agosto – Outubro
• 4 a 7 anos; 48-60 hs/semana; 3250€/mês
• Autonomia limitada no privado
45. Canadá
• Exame TP
• Língua (província)
• Candidatura por match (Agosto a Julho)
• IMGs concurso paralelo com vagas limitadas (nº e tipo)
• Vagas limitadas (nº e tipo)
• 4 a 5 anos
• Bolsas para atividade científica
• 37500€/ano a 60000€/ano (província)
46. França
• Conclusão MIM em francês
• Semelhante a Portugal:
• PNS com vaga
• Inscrição março, realização maio
• Conclusão MIM 11 julho
• Escolha nacional setembro
• Início 1 Novembro
• Registo OM francesa
• 3 a 5 anos - tese para terminar especialização
• Salário bruto: 1º - 1300€/mês; > 3º - 3000€
53. Algumas tendências
• Crescimento de Escolas Médicas na América Latina
Fonte: PAFAMS/FEPAFEM
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1969 1975 1988 1992 2004 2010
BRASIL
MEXICO
COLOMBIA
PERU
ARGENTINA
ECUADOR
VENEZUELA
55. Algumas tendências
• Report of the High-Level Commission on Health
Employment and Economic Growth Working for
health and growth: investing in the health workforce:
56. Algumas tendências
• Report of the High-Level Commission on Health
Employment and Economic Growth Working for
health and growth: investing in the health workforce:
“Its task: to make recommendations to stimulate and guide
the creation of at least 40 million new jobs in the health and
social sectors, and to reduce the projected shortfall of 18
million health workers, primarily in low- and lower-middle-
income countries, by 2030.”
57. Motivações para a mobilidade
Fonte: Health Professional Mobility and Heath Systems – Evidence from 17
European countries
58. Motivações para a mobilidade
• Financeiras (mobilidade diminui com aumento salarial)
• Ambiente e condições laborais (flexibilidade de horário)
• Relações no trabalho (hierarquia)
• Acesso a boas infra-estruturas e equipamento
• Desenvolvimento profissional e progressão na carreira
• Qualidade de formação
• Rapidez no acesso e tipos de vagas de formação
• Desemprego
Fonte: Health Professional Mobility and Heath Systems – Evidence from 17
European countries
59. Motivações para a mobilidade
• Acesso a oportunidade científicas
• Qualidade de vida
• Prestígio social (Sentido de justiça)
• Mobilidade de curta duração (diáspora)
Fonte: Health Professional Mobility and Heath Systems – Evidence from 17
European countries
60. Fatores a ponderar
Formação
Médica
Estrutura Internato
Certeza de terminar a especialidade
Tutor/orientador
Oportunidades de formação
Possibilidade de fazer investigação
Qualidade técnico-científica serviços
hospitalares
61. Fatores a ponderar
Condições de Trabalho
Carga horária semanal
Vencimento
Regime de férias
Direitos
casamento/maternidade/p
aternidade
64. Desafios
• Planeamento (Sérvia e Montenegro 9-12 biliões US$)
• Numerus clausus / Bolonha / Novo Decreto
• Capacidade de efetivamente ensinar competências
• Resposta em urgência
• Pensamento crítico
• Comunicação
• Inovação Vs Curricula
• A capacidade de formar médicos honrados
66. Intenções:
1. Definir “claramente“ a diferença entre um sistema
nacional de saúde e um serviço nacional de saúde
2. Modelos teóricos de Sistemas de Saúde
3. Exemplos de diferenças entre sistemas de saúde
4. Questões de particular interesse laboral para
médicos
5. (Internatos no estrangeiro)
68. Fontes
1. História do SNS português: www.sns.gov.pt/sns/servico-nacional-
de-saude/
2. “Retrato Político da Saúde – dependência do percurso e inovação
em saúde: da ideologia ao desempenho”; Jorge Simões
3. “Ser bom aluno não chega” António Gentil Martins com Marta F.
Reis
4. Diapositivos da aula sobre Sistemas de Saúde do Professor Paulo
Sousa, ao XLVII CEAH, da ENSP-UNL
5. Diapositivos da aula do Dr. Manuel Serrano Alarcón sobre
Produção de saúde e indução da procura de cuidados ao XLVII
CEAH, da UNSP-UNL
6. Health Professional Mobility and Heath Systems – Evidence from
17 European countries
7. Ícons do site: www.iconfinder.com
1978 - O Despacho ministerial publicado em Diário da República, 2.ª série, de 29 de julho de 1978, mais conhecido como o “Despacho Arnaut”, constitui uma verdadeira antecipação do SNS, na medida em que abre o acesso aos Serviços Médico-Sociais a todos os cidadãos, independentemente da sua capacidade contributiva. É garantida assim, pela primeira vez, a universalidade, generalidade e gratuitidade dos cuidados de saúde e a comparticipação medicamentosa.
1979 – A Lei n.º 56/79, de 15 de setembro, cria o Serviço Nacional de Saúde, no âmbito do Ministério dos Assuntos Sociais, enquanto instrumento do Estado para assegurar o direito à proteção da saúde, nos termos da Constituição. O acesso é garantido a todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica e social, bem como aos estrangeiros, em regime de reciprocidade, apátridas e refugiados políticos.
O SNS envolve todos os cuidados integrados de saúde, compreendendo a promoção e vigilância da saúde, a prevenção da doença, o diagnóstico e tratamento dos doentes e a reabilitação médica e social. Define que o acesso é gratuito, mas contempla a possibilidade de criação de taxas moderadoras, a fim de racionalizar a utilização das prestações.
O diploma estabelece que o SNS goza de autonomia administrativa e financeira e estrutura-se numa organização descentralizada e desconcentrada, compreendendo órgãos centrais, regionais e locais e dispondo de serviços prestadores de cuidados de saúde primários (centros comunitários de saúde) e de serviços prestadores de cuidados diferenciados (hospitais gerais, hospitais especializados e outras instituições especializadas).
Ajustado a PPP
Para informações mais detalhadas consultar a apresentação da Dra. Mariana Reis Costa: http://www.slideshare.net/MarianaReisCosta/internato-medico-no-estrangeiro
Grupo no Facebook dedicado a esta temática: https://www.facebook.com/groups/236267776448977/?fref=ts