O documento fornece um resumo da vida e obra de Platão em 3 frases:
1) Platão nasceu em Atenas no século V a.C. e fundou a Academia, primeira instituição de pesquisa filosófica.
2) Influenciado por Sócrates, Platão escreveu diálogos que discutem ética, política e epistemologia de forma aporética.
3) Ao longo de sua vida, Platão alternou entre atividade filosófica e tentativas frustradas de aplicar suas ideias na política de
4. Platão nasceu em Atenas
em 428-7 a.C. e morreu
em 348-7 a.C.
Platão nasceu em Atenas
em 428-7 a.C. e morreu
em 348-7 a.C.
5. • A vida de Platão transcorreu, portanto, entre
a fase áurea da democracia ateniense e o
final do período helênico.
6. • Seu nome verdadeiro era Arístocles, mas
recebeu o apelido de Platão, que em grego
significa de ombros largos.
7. • Filho de Ariston e de Perictione, Platão
pertencia a tradicionais famílias de Atenas e
estava ligado, sobretudo pelo lado materno, a
figuras eminentes do mundo político.
8. • Sua mãe descendia de Sólon, o grande
legislador, e era irmã de Cármides e prima de
Crítias, dois dos Trinta Tiranos que
dominaram a cidade durante algum tempo.
9. • Como todo aristocrata de sua época, recebeu
educação especial, estudou leitura e escrita,
música, pintura e poesia e ginástica. Era
excelente atleta, participou dos jogos
olímpicos como lutador.
10. • Se Platão em geral manifesta desapreço pelos
políticos de seu tempo, ele o faz como alguém
que viveu nos bastidores das encenações
políticas desde a infância.
11. • O grande acontecimento da mocidade de
Platão foi o encontro com Sócrates.
• Platão, que seguira os debates de Sócrates,
pôde acompanhar de perto o tratamento que
seu mestre recebera de ambas as facções
políticas.
12. • Diante da injustiça sofrida por Sócrates,
aprofunda-se o desencanto de Platão com
aquela política e com aquela democracia.
• Com Sócrates, também, o jovem Platão
pudera sentir a necessidade de fundamentar
qualquer atividade em conceitos claros e
seguros.
13. • Por intermédio de Sócrates e de sua
incessante ação como perquiridor de
consciências e de crítico de idéias vagas ou
preconcebidas, o primado da política torna-
se, para Platão, o primado da verdade, da
ciência.
14. • Se o interesse de Platão foi inicialmente
dirigido para a política, através da influência
de Sócrates ele reconhece que o importante
não era fazer política, qualquer política, mas
a política.
15. • Depois da morte de Sócrates, disperso o
núcleo que se congregara em torno do
mestre, Platão viaja.
16. • Megara: onde Euclides, que também
pertencera ao grupo socrático, fundara uma
escola filosófica, vinculando socratismo e
eleatismo.
17. • Sul da Itália (Magna Grécia): onde convive
com Arquitas de Tarento, um famoso
matemático e político pitagórico que dá-lhe
um exemplo vivo de sábio governante.
18. • Na Sicília, em Siracusa, conquista a amizade e
a inteira confiança de Dion, cunhado do tirano
Dionísio.
20. • Nessa época Platão compõe seus primeiros
Diálogos, geralmente chamados "diálogos
socráticos", pois têm em Sócrates a
personagem central.
21. DIÁLOGOS SOCRÁTICOS
• Apologia de Sócrates
• Críton
• Laques
• Lísis
• Cármides
• Eutífron
• Hípias Menor (talvez também o Hípias Maior)
• Protágoras
• Górgias
22. • πολογία ΣωκράτουςἈ : é a versão
de Platão de um discurso dado
por Sócrates em cerca de 399 a.C.
• Κρίτων: é um diálogo entre Sócrates e seu
amigo rico Críton em matéria de justiça (δικη),
injustiça (αδικια), e a resposta apropriada a
injustiça.
23. • Λάχης: é um diálogo socrático que apresenta
definições concorrentes sobre o conceito
de coragem.
• Λυσις é um diálogo platônico que ocupa-se
com o conceito de phylia (amizade, amor).
24. • Χαρµιδες é um diálogo platônico que
ocupa-se com o tema da ética, mediante
discussão do conceito de σωφροσύνη, isto
é, sofrósina.
• Ε θύφρωνὐ : é um dos
primeiros diálogos de Platão datado por volta
de 399 a.C. que apresenta Sócrates e Eutifro
tentando estabelecer uma definição para
piedade.
25. • Hípias menor é um diálogo platônico que
ocupa-se com a ação correta.
• Protágoras é um diálogo platônico que ocupa-
se com a natureza da virtude, discutindo,
basicamente, se a virtude é ou não ensinável.
26. • Górgias: Este dialogo tem como tema
principal a Retórica, qual a sua função e como
esta deve ser utilizada.
27. • Em geral, os "diálogos socráticos"
desenvolvem discussões sobre ética,
procurando definir determinada virtude.
• Mas são diálogos aporéticos, ou seja, fazem o
levantamento de diferentes modos de se
conceituar aquelas virtudes, denunciam a
fragilidade dessas conceituações, mas deixam
a questão aberta, inconclusa.
28. • Isso possivelmente estaria relacionado ao
objetivo do próprio Sócrates, que se
preocupava antes com o desencadeamento
do conhecimento de si mesmo e não
propriamente com definições de conceitos.
29. • Os outros diálogos dessa fase manifestam
duas preocupações que permanecerão
constantes na obra platônica: o problema
político (como no Cármides) e o do papel que
a retórica pode desempenhar na ética e na
educação (Górgias, Protágoras, os dois
Hípias).
30. • Cerca de 387 a.C. Platão funda em Atenas a
Academia, sua própria escola de investigação
científica e filosófica.
• Platão torna-se o primeiro dirigente de uma
instituição permanente, voltada para a
pesquisa original e não um corpo de
doutrinas a serem simplesmente
resguardadas e transmitidas.
31. • Nessa mesma época, em Atenas, Isócrates
dirige um outro estabelecimento de educação
superior.
• Mas Isócrates — seguindo a linha dos sofistas
— pretende educar o aspirante à vida pública,
dotando-o de recursos retóricos.
32. • Para Platão a política não se limita à prática,
insegura e circunstancial.
• Deve pressupor a investigação sistemática dos
fundamentos da conduta humana — como
Sócrates ensinara.
33. • Depois de suas viagens, quando freqüentou
centros pitagóricos de pesquisa científica,
Platão via na matemática a promessa de um
caminho que ultrapassaria as aporias
socráticas — as perguntas que Sócrates fazia,
mas afinal deixava sem resposta — e
conduziria à certeza.
34. • A educação deveria, em última instância,
basear-se numa episteme (ciência) e
ultrapassar o plano instável da opinião (doxa).
35. • E a política poderia deixar de ser o jogo
fortuito de ações motivadas por interesses
nem sempre claros e freqüentemente pouco
dignos, para se transformar numa ação
iluminada pela verdade e um gesto criador de
harmonia, justiça e beleza.
36. • Sob forte influência do pitagorismo, escreve
os "diálogos de transição", que justamente
marcam o progressivo desligamento das
posições originariamente socráticas e a
formulação de uma filosofia própria, a partir
da nova solução para o problema do
conhecimento, representada pela doutrina
das idéias.
38. • Mênon:investiga a natureza
do conhecimento, argumentando que
a mente, ou a alma, tem atravessado muitas
existências, tanto dentro como fora dos
corpos. O conhecimento consiste em lembrar-
se destas experiências anteriores.
39. • Φαίδων: seu tema é sobre a imortalidade da
alma.
• Συμπόσιον (Banquete): Constitui-se
basicamente de uma série de discursos sobre
a natureza e as qualidades do amor (eros).
40. • Πολιτεία (República): é um diálogo socrático
narrado em primeira pessoa por Sócrates e o
tema central da obra é a justiça.
• Φα δροςῖ : Embora ostensivamente sobre o
tema do amor, a discussão no diálogo gira em
torno da arte da retórica e como deve ser
praticada, e apoia-se sobre temas tão diversos
quanto a metempsicose e o amor erótico.
41. • νάμνησιςἀ (Eutidemo): é um diálogo
de Platão que satiriza o que Platão apresenta
como falácias lógicas dos sofistas e
manipulação dos discurso.
• Menexêno é um diálogo platônico que ocupa-
se com a morte no campo de batalha.
42. • Κρατύλος: este texto tornou-se numa das
primeiras obras filosóficas do período clássico
grego a tratar de matérias como
a etimologia e a linguística.
43. • Mas um fato interrompe a produção filosófica
de Platão e seu magistério na Academia.
• Novamente o apelo de Siracusa e da prática
política: em 367 a.C. morre Dionísio I, o tirano,
que é então sucedido por Dionísio II.
• Dion chama Platão a Siracusa.
44. DIÁLOGOS DA MATURIDADE
• Essa segunda tentativa política malograda
deve ter interrompido a composição da série
de diálogos constituída pelo Parmênides,
Teeteto, Sofista e Político.
45. • Παρμενίδης: No diálogo é apresentado
eminentemente questões referentes à tese
das formas inteligíveis, à ontologia platônica e
ao Um (ou "Uno").
• Θεαίτητος: é um diálogo platônico sobre a
natureza do conhecimento.
46. • Σοφιστής: é um diálogo platônico que ocupa-
se com os conceitos de sofista, homem
político e filósofo.
• Πολιτικός: é um diálogo platônico que ocupa-
se, como o nome indica, com o perfil do
homem político.
47. • Diálogos da plena maturidade intelectual de
Platão, neles as primeiras formulações da
"doutrina das idéias" (como, por exemplo,
apareciam no Fédon) começam a ser revistas
e todo o pensamento platônico reestrutura-
se a partir de bases epistemológicas mais
exigentes e seguras.
48. • Ao mesmo tempo, as fronteiras entre o
pensamento do próprio Platão e do seu
mestre tornam-se mais nítidas, de tal modo
que, no Parmênides, em lugar de Sócrates
conduzir e dominar a discussão ele aparece
jovem e inseguro.
49. • Através da Carta VII sabe-se que Platão volta
uma vez mais a Siracusa, pressionado por
Dion e por Arquitas e a convite de Dionísio II,
que se declara disposto a seguir sua
orientação filosófica.
50. • Essa nova incursão de Platão a Siracusa foi
decepcionante.
• Perdido o amigo, encerrada a aventura
política de Siracusa, restam a Platão os
debates da Academia e a elaboração de sua
obra escrita. Resta-lhe o principal: o seu
mundo de idéias.
51. • Manifestando uma vida espiritual inquieta,
em reelaboração permanente, as últimas
obras de Platão levantam novos problemas ou
reexaminam os antigos sob outros ângulos.
53. • Τίμαιος: O trabalho apresenta a especulação
sobre a natureza do mundo físico e os seres
humanos.
• Κριτίας: é um dos últimos diálogos de
Platão. O caráter inconclusivo de seu
conteúdo descreve a guerra entre
a Atenas pré-helênica e Atlântida, hipotético
império ocidental e ilha misteriosa descrito
por Crítias.
54. • Φίληβος: é um diálogo platônico que ocupa-se
com a dialética e ontologia.
• Leis: é um diálogo platônico que ocupa-se com
uma vasta gama de assuntos. A discussão
das Leis, a fim de compreender a conduta do
cidadão e da promulgação de leis, perpassa por
elementos da psicologia, gnosiologia, ética,
política, ontologia e mesmo astronomia e
matemática. É o último diálogo de Platão e o
mais extenso.
55. • 428-427 a.C. — Nasce Platão em Atenas.
• 399 a.C. — Julgado pela Assembléia popular de Atenas,
Sócrates é condenado a morrer bebendo cicuta.
• 388 a.C. (aproximadamente) — Platão viaja: Magna
Grécia (sul da Itália, Sicília); em Siracusa, conhece Dion,
cunhado do tirano Dionísio I; convive com Euclides em
Megara; vai a drene (onde toma ciência das pesquisas
matemáticas de Teodoro) e visita o Egito.
• 387 a.C. — Platão funda, em Atenas, a Academia.
• 367 a.C. — Morre Dionísio I, de Siracusa, sendo
sucedido por seu filho Dionísio II. Segunda viagem de
Platão a Siracusa.
• 361 a.C. — Terceira viagem a Siracusa.
• 348-347 a.C. — Platão morre em Atenas.
56. CORPUS PLATONICUM
• Tradicionalmente, a obra de Platão costuma
ser organizada em nove grupos de quatro
diálogos (tetralogia) cada um.
• Esta forma de organizar o corpus aparece já
consolidada no texto de Diógenes Laércio é
atribuída a Trasilo de Mendes.
57. • (1) Eutifron ou Sobre a
piedade (peirástico);
• Apologia de Sócrates
(ético);
• Críton ou Sobre o dever
(ético);
• Fédon ou Sobre a alma
(ético);
• (2) Crátilo ou Sobre a
correcçao das palavras
(lógico);
• Teeteto ou Sobre o
conhecimento
(peirástico);
• Sofista ou Sobre o ser
(lógico);
• Político ou Sobre a
realeza (lógico);
58. • (3) Parménides ou Sobre
as Ideias (lógico);
• Filebo ou Sobre o prazer
(ético);
• Banquete ou Sobre o
Bem (ético);
• Fedro ou Sobre o Amor
(ético);
• (4) Alcibíades ou Sobre
a natureza do Homem
(maiêutico) (*);
• Alcibíades II ou Sobre a
prece (maiêutico) (**);
• Hiparco ou Sobre a
ganância (ético) (**);
• Amantes ou Sobre a
filosofia (ético) (**);
59. • (5) Teages ou Sobre a
filosofia (ético) (**);
• Cármides ou Sobre a
moderaçao (peirástico);
• Laques ou Sobre a
coragem (maiêutico);
• Lísis ou Sobre a amizade
(maiêutico);
• (6) Eutidemo ou Erístico
(refutativo);
• Protágoras ou Sofistas
(probatório);
• Górgias ou Sobre a
retórica (refutativo);
• Ménon ou Sobre a
virtude (peirástico);
60. • (7) Hípias Maior ou
Sobre o Belo (refutativo)
(*);
• Hípias Menor ou Sobre
o erro (refutativo);
• Íon ou Sobre a Ilíada
(peirástico);
• Menéxeno ou Epitáfio
(ético);
• (8) Clitofonte ou
Protréptico (ético) (*);
• República ou Sobre o
Justo (político);
• Timeu ou Sobre a
Natureza (físico);
• Crítias ou Atlântico
(ético);
61. • Minos ou Sobre a lei
(político) (**);
• Leis ou Sobre a
legislaçao (político);
• Epínomis ou Assembleia
nocturna ou Filósofo
(político) (**);
• Cartas (éticas) (*);
• (*)= duvidosos
• (**) = apócrifos
62. • O total de 36 diálogos é: 9x4=36.
• Para um pitagórico, o número ‘9’ era perfeito
por representar o quadrado de ‘3’, o primeiro
número ímpar.
• O número ‘4’ representaria a tetraktys (raiz
perfeita de todas as coisas), soma dos
primeiros quatro números inteiros; isto é,
1+2+3+4=10.
64. • O diálogo é contado a partir da perspectiva de
um dos alunos de Sócrates, Fédon de Elis.
• Tendo estado presente no leito de morte de
Sócrates, Fédon relata o diálogo desde aquele
dia para Equécrates, um filósofo de Pitágoras.
65. • Na obra, Equécrates ao encontrar Fédon
pergunta a este quais foram as últimas
palavras e ensinamentos do mestre Sócrates
antes de morrer
• Sócrates fala sobre a morte, a idea , o destino
da alma , dentre outros assuntos.
66. • Sócrates foi preso e condenado à morte por
um júri ateniense por não acreditar nos
deuses do Estado e de supostamente
corromper a juventude da cidade.
67. • O mais importante, antes de iniciar a leitura
do diálogo, é que este é um diálogo que não
pertence à "fase socrática" de Platão.
• Assim, ele estaria somente usando a imagem
do mestre para "divulgar" seu próprio
projecto filosófico.
68. • Platão recebeu uma influência muito forte da
religião Órfica, que cria na alma e
reencarnação.
• O diálogo Fédon é uma máxima desta
influência, onde Platão faz o primeiro
postulado acerca da alma.
69. • Por volta dos seus quarenta anos, após
regressar a Atenas da sua viagem
à Sicília (Carta VII, 324a), funda a Academia e
escreve o Fédon, o Banquete, A República e
o Fedro, aproximadamente por esta ordem.
• Isto acontece por volta do ano 387 a.C.
70. BIBLIOGRAFIA
• PESSANHA, J. A. M. Vida e Obra. In: Platão. Diálogos /
Platão ; seleção de textos de José Américo Motta
Pessanha ; tradução e notas de José Cavalcante de
Souza, Jorge Paleikat e João Cruz Costa. — 5. ed. —
São Paulo : Nova Cultural, 1991. — (Os pensadores)
• LOPES, R. A organização tetralógica do corpus
platonicum (3.56-62): uma revisão do problema. In:
LEÃO, D.; et. al. Dos Homens e suas ideias. Estudos
sobre as vidas de Diógenes Laércio. Coimbra: Imprensa
da Universidade de Coimbra, 2016.
71. • ROSS, D. The Order of the Dialogues. In: Plato`s
Theory of Ideas. Oxford: Clarendon Press, 1966.
• SANTOS, J. T. Platão e a escolha do diálogo como
meio de criação filosófica. Humanitas, v.XLVI,
1994, 163-176p.
• CABRAL, João Francisco Pereira. "O Diálogo como
forma escrita e a Dialética em Platão"; Brasil
Escola. Disponível em
http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-dialogo-com
. Acesso em 04 de fevereiro de 2016.