2. INTRODUÇÃO
“Três aspectos fundamentais na evolução da Ciência Moderna
[...] O início do entrosamento Ciência e Tecnologia, a
formulação de metodologias adequadas para o avanço de
diversos ramos das Ciências e para a formação de um
pensamento científico, e o surgimento de um novo ambiente
intelectual representado pelas Sociedades científicas que
foram responsáveis, em grande parte, pelo advento no século
XVII do que se convencionou chamar de Ciência Moderna”
(ROSA, 2012).
3. CIÊNCIA E TÉCNICA
“A ausência de adequados instrumentos, em épocas
anteriores, fora um fator limitativo para a evolução do
conhecimento científico; até o Renascimento Científico, a
instrumentação se reduzia a uns poucos em uso na
Astronomia, como o astrolábio, o quadrante e as esferas
armilares” (ROSA, 2012).
4. “Somente a partir do Renascimento Científico a situação
começaria a se alterar, pelo reconhecimento, por ambos os
lados, da necessidade de dispor de conhecimento teórico e
prático para o avanço de suas respectivas atividades.
Engenheiros, marinheiros, médicos, matemáticos, artesãos e
artistas contribuiriam de diversas maneiras para o começo de
um entrosamento e complementaridade entre a Ciência e a
Técnica, inclusive com a divulgação de suas experiências”
(ROSA, 2012).
5. “A técnica, até então empírica, passaria a incorporar, cada
vez mais, conhecimento científico, assim como a Ciência se
beneficiaria dos produtos tecnologicamente mais apropriados
para suas atividades. [...] A contribuição das invenções,
inovações e descobertas, através de aparelhos, equipamentos
e instrumentos de precisão e medição, seria imensa e decisiva
para o rápido desenvolvimento científico e para o surgimento
da chamada revolução científica” (ROSA, 2012).
6. “Caberia citar, nesse contexto, as seguintes invenções, que seriam
constantemente aperfeiçoadas: o microscópio (1590, Zacarias
Jansen); o termômetro (1593, Galileu); a luneta (1608, Hans
Lippershey); a turbina a vapor (1629, Giovanni Branca); a
régua de cálculo (1631, Oughtred); o micrômetro (1636,
Gascoigne); a máquina de somar (1642, Pascal); o barômetro
(1643, Torricelli); a bomba de ar (1650, Guericke); o relógio
de pêndulo (1656, Huygens); a máquina de calcular (1671,
Leibniz); a máquina de pistão a vapor (1687, Denis Papin); a
bomba a vapor (1698, Savery); a semeadeira (1701, Jethro
Tull); a máquina a vapor de baixa pressão (1712,
Newcomen); e o termômetro de mercúrio (1714,
Fahrenheit)” (ROSA, 2012)
7. REVOLUÇÃO CIENTÍFICA
“Os principais edificadores desse novo edifício conceitual
[Revolução Científica], fadado a prevalecer nos séculos
seguintes, foram Galileu, Bacon e, principalmente, Descartes
e Newton, razão pela qual o vasto paradigma moderno pode
ser denominado cartesiano-newtoniano” (CREMA, 1989).
8. A QUESTÃO DO MÉTODO
“A partir do século XVII os trabalhos dedicados à questão
metodológica manifestam propensão a creditar a
superioridade explicativa da ciência, por oposição às
pseudociências e à especulação, ao fato de se devotar, as
meticulosas e rigorosas observações a partir das quais se
formam, via indução, teorias fatualmente enraizadas”
(OLIVA, 1990).
9. “Aliás, o discurso do método, que emerge com a filosofia
moderna, tenta se legitimar tanto como humilde descrição
do que se passa no campo da pesquisa científica quanto como
incisiva regulamentação de como devemos agir se
pretendemos obter autêntico conhecimento suscetível de
plena justificação [...] O discurso metodológico ora tenta se
justificar como mero registrador do que supostamente
constata em processos específicos de pesquisa, ora se define
como um conjunto de prescrições capazes de incrementar
[...] o processo de crescimento da ciência...” (OLIVA,
1990).
10. “Essa exagerada confiança nas regras faz com que o ritual de
produção de conhecimentos seja submetido a rígidos
procedimentos absolutizados em sua força inventiva e em sua
capacidade justificadora. Essa fé nas regras metodológicas,
que viria se mostrar crédula, é exacerbada pelo implícito
normativismo caracterizador das formulações metológicas
pioneiras da filosofia moderna” (OLIVA, 1990)
11. “O racionalismo, como sua tendência a caracterizar as
ciências como sistemas dedutivos, não exerceu tanta
influência sobre o discurso metodológico corrente em
virtude de jamais ter dado proeminência à problemática do
estabelecimento de linhas divisórias entre o metafísico e o
científico” (OLIVA, 1990).
12. DEMARCAÇÃO DA CIÊNCIA MODERNA
“A vigência de tal critério de demarcação [o método indutivo
de Bacon como especificadamente científico] fez com que a
observação tendesse a ser encarada como a única forma de
refrear nosso pendor ao especulativismo fatualmente vazio e
de garantir a posse de um conhecimento que, por se basear
na íntrínseca dos fenômenos, pode atuar sobre a natureza...”
(OLIVA, 1990).
13. BACON
“Francis Bacon (1561-1626) [...] criador do método empírico de
investigação e primeiro formulador do raciocínio indutivo, cuja
metodologia parte da experimentação para se chegar a conclusões
científicas...”
“... o conhecimento científico tem por suprema finalidade servir o
homem e propiciar-lhe poder sobre a natureza...”
“... na parte ‘destrutiva’ da sua teoria Bacon proclamou o expurgo
das opiniões inúteis, noções falsas ou ‘ídolos’ [...] Na parte
construtiva, formulou um novo sistema de investigação natural
para o correto conhecimento dos fenômenos, que consiste em se
partir dos fatos concretos de experiência, ascendendo-se às formas
gerais, na forma de leis e causas: o método indutivo” (CREMA,
1989).
14. “ [Para Bacon] O conhecimento não tem valor em si, mas,
pelos resultados que possa gerar. Sua frase preferida era
“Saber é poder”, ou seja, utilizar o conhecimento em
benefício da Humanidade, pois o conhecimento das Leis da
Natureza permitiria ao Homem fazer previsões e controlar os
fenômenos. O conhecimento pelo conhecimento não fazia
sentido para Francis Bacon, por sua inutilidade para a
Sociedade. A fim de sanar essa grave falha, a principal tarefa
seria a de criar uma nova metodologia, uma nova via que,
diferente da até então utilizada, pudesse estabelecer as bases
sólidas para o progresso do conhecimento humano”. (ROSA,
2012).
15. “Importante registrar, ainda, a divisão, em três índices, que
Bacon faz das experiências: o índice de presença, no qual
seriam registradas todas as condições em que se produz o
fenômeno que se busca entender; o índice de ausência, que
conteria as condições sob as quais o fenômeno estudado não
se verifica; e o índice de graduação, com o registro das
condições sob as quais o fenômeno varia. Assim, estaria
estabelecida a diferença entre a indução definida por Bacon e
a utilizada por Aristóteles, limitada esta ao registro e à
enumeração das condições em que se verifica o fenômeno
(índice de presença), sem considerar as outras duas situações
ou índices” (ROSA, 2012).
16. DESCARTES
“René Descartes (1596-1650) [...] repensou a Filosofia da sua
época, desenvolvendo um corpo doutrinário segundo a
célebre imagem da ‘árvore do conhecimento’...”
“... Partindo da dúvida metódica utilizada como instrumento
básico de raciocínio e fulminante arma contra o dogmatismo
vigente na sua época” decorre o “famoso Cogito cartesiano”
que por sua vez “decorre o racionalismo que haveria de
contagiar três séculos de cultura ocidental”.
“... utilizando como critério da verdade a clareza e a
distinção, o método cartesiano é analítico, implicando o
processo lógico de decomposição do objeto em seus
componentes básicos” (CREMA, 1989).
17. “Do princípio da ‘imutalibilidade divina’ Descartes extraiu as
leis básicas da natureza, postulando sua Mecânica, que se
reduzia a uma teoria de comunicação de movimentos”
“Surge assim, sob sua orientação intelectual, a concepção
mecanicista: o homem-máquina habita o grandioso Universo-
máquina, regido por leis matemáticas perfeitas”
“... por força da ideologia cartesiana, que impregnou o
paradigma dominante da ciência moderna, produziu-se o
homem mecanizado e alienado...” (CREMA, 1989).
18. NEWTON
“Isaac Newton (1642-1727) [...] foi quem estabeleceu, além
da tentativa um tanto precária de Hobbes, a grande síntese,
aliando e superando o método empírico-indutivo de Bacon e
o racionalismo-dedutivo de Descartes, no seu sistema que
unificou a metodologia da experiência e da matematização”
“Postulando uma ‘mecânica racional’, Newton desdobrou os
seus esforços para investigar o que considerava como a
‘dificuldade precípua da filosofia’: o estudo a partir dos
fenômenos dos movimentos, das forças da natureza,
demonstrando por meio dessas forças outros fenômenos”
(CREMA, 1989).
19. “Segundo Capra [O ponto de mutação], são quatro os grupos de
conceitos que conformam o substrato conceitual da ciência
moderna: os conceitos de espaço e tempo absolutos e o de
partículas materiais que se movimentam e interagem
mecanicamente no espaço tridimensional; o conceito de
forças fundamentais distintas da matéria; o conceito de leis
fundamentais e a descrição dos fenômenos em termos de
relações quantitativas e, finalmente, o conceito de rigoroso
determinismo e da possibilidade de uma descrição objetiva
dos fenômenos naturais, alicerçada na dualidade cartesiana
matéria-mente” (CREMA, 1989).
20. REFERÊNCIAS
ROSA, Carlos Augusto de Proença. A ciência moderna. In:
História da Ciência. Da Antiguidade ao Renascimento
científico. 2.ed. Brasília: FUNAG, 2012, v.I, pp.28-83.
CREMA, R. O paradigma cartesiano-newtoniano. In: Introdução
à visão holística. Breve relato de viagem do velho ao novo
paradigma. São Paulo: Summus, 1989, pp.29-38.
ANEXOS:
OLIVA, Alberto (Org.) A hegemonia da concepção empirista de
ciência a partir do Novum Organom de F. Bacon. Epistemologia: a
cientificidade em questão. Campinas: Papirus, 1990, pp.11-
34.
DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Ática,
1989.