2. •Especialização da atividade jornalística
direcionada à cobertura de Ciência e
Tecnologia.
• Para Steve Mirsky, um conceituado
jornalista científico, é a área que tem o
“privilégio de ser a porta-voz da
fronteira do conhecimento humano”.
Steve Mirsky
3. CONCEITO
Para Wilson Bueno, jornalista científico, trata-se da “Divulgação
da ciência e tecnologia pelos meios de comunicação de massa,
segundo critérios jornalísticos”
Bueno, no entanto, faz uma ressalva: “nem tudo que fala sobre
ciência e está escrito em jornais ou revistas é jornalismo
científico.”
4. Exemplo
Textos ou artigos de anunciantes sobre Ciência e
Tecnologia não podem ser considerados jornalismo
científico.
Uma coleção de fascículos sobre história da Ciência
e da Tecnologia, encartada num jornal ou revista,
também não se constitui em exemplo de JC.
5. - Alguns artigos publicados pela revista Ciência Hoje, da SBPC,
escritos por pesquisadores, apesar de bem ilustrados, não
podem ser incluídos na categoria Jornalismo Científico. Não
porque não sejam bons, mas porque nada tem a ver com o
Jornalismo.
* NÃO QUE ESSES MATERIAIS NÃO SEJAM IMPORTANTES PARA A
CONSULTA, MAS NÃO FORAM PRODUZIDOS DE ACORDO
COM AS TÉCNICAS DO “FAZER JORNALÍSTICO” E NÃO SÃO
DIRECIONADOS AO PÚBLICO EM GERAL (LEIGO NO QUE DIZ
RESPEITO À CIÊNCIA).
6. Textos jornalísticos ou outros materiais sobre temas da
ciência e tecnologia que não são escritos no formato
jornalístico são chamados de divulgação científica.
Portanto, Jornalismo Científicoe Divulgação Científica
não são a mesma coisa
7. Ambos têm o objetivo de divulgar a ciência, mas o
Jornalismo Científico, na verdade, é uma especialização
da Divulgação Científica.
Cada um tem um públio-alvo diferente.
Um, destina-se ao leigo (Jornalismo Científico). O
outro, para a comunidade científica (Divulgação
Cientítica)
8. SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO
• A divulgação da Ciência teve início com o
próprio advento da imprensa de tipos móveis,
em meados do século XV. Esse invento da
Ciência tornou possível a reprodução em
massa de uma série de ideias, estudos e
ilustrações científicas.
•O público, ainda que restrito à pequena
camada letrada da população (clero, nobreza e
burguesia), começou a ter acesso a estudos
científicos que antes não eram disseminados.
9. * O jornalismo científico propriamente dito surge 200 anos
depois, no século XVII, mais especificamente em 1610, quando o
astrônomo italiano Galileu Galilei publica o livro Mensageiro
Celeste, no qual, utilizando uma linguagem coloquial, faz um
relato acessível ao público sobre a sua descoberta das três luas
de Júpiter. Seu livro causa sensação em toda a Europa.
“(...) a demonstração por observação direta que os corpos
celestes podiam se mover ao redor de outros centros que não
fossem a Terra era o assunto do momento nos salões da nobreza
e nos bares dos peixeiros”, relata o pesquisador e escritor Joseph
Schwartz (1992).
- Pagou caro por ter utilizado linguagem acessível. A nova ciência
astronômica, que com a evolução do telescópio permitia a
observação direta dos corpos celestes, contrariava as sagradas
escrituras. Foi perseguido pela Inquisição por mais de 20 anos.
Conclusão: nas obras seguintes passou a utilizar linguagem
matemática inacessível ao grande público, inclusive ao clero.
10. SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO
* Mas apesar das resistências, viveu-se naquele período
na Europa uma verdadeira “revolução científica”, que
implicava não somente o desenvolvimento no campo da
Ciência e Tecnologia (C&T), mas grandes
transformações na filosofia, na religião e nos
pensamentos social, moral e político. Descartes
* Além de Galileu, é preciso destacar nomes como o do
francês René Descartes (pai da geometria analítica e
grande filósofo) e do inglês Isaac Newton (criador de
importantes leis da Física). Esses nomes influenciaram
fortemente a cultura científica do Iluminismo nos
séculos XVIII e XIX.
Newton
11. SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO
* A Inglaterra no século XVII pode ser tida como o
berço da divulgação científica.
* Ocorre a partir daquele país a circulação intensa de
cartas manuscritas expedidas por cientistas sobre
suas novas ideias e descobertas.
12. SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO
*Mas o pioneirismo do jornalismo científico se deu
com o alemão Henry Oldenburg, que começou a
difundir cartas IMPRESSAS sobre as principais ideias
científicas da época. A partir de 1666, passou a ser
renumerado pela Real Sociedade Britânica para
fazer essa divulgação, por isso é considerado o
primeiro jornalista científico do mundo.
•Criou em 1665 o periódico científico Philosophical
Transactions, que durante mais de 200 anos foi Oldenburg
usado como modelo para as modernas publicações
científicas. Era um empreendimento pessoal, que
não lhe dava retorno financeiro.
13. SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO
* A partir da segunda metade do século XIX o jornalismo científico tem grande
impulso na Europa (em especial na França, que rouba da Inglaterra o título de
nação mais cientificamente avançada) como reflexo do Iluminismo: CIÊNCIA SE
TORNA PARTE INTEGRANTE DO COTIDIANO DAS ELITES.
* No século XX, as duas grandes guerras, em função das diversas invenções
tecnológicas que delas decorrem, também contribuíram para o avanço desse
jornalismo. Havia a necessidade de se relatar o que os cientistas estavam
planejando em termos bélicos: novas armas de grande potencial, gases
venenosos, aeroplanos e submarinos, etc...
* É nessa época que surgem as primeiras associações de jornalismo científico:
- 1945 é criada a Associação Britânica dos Escritores de Ciência.
- 1971 é criada a União Européia das Associações de Jornalismo Científico – EUSJA
(European Union of Science Journalism Associations).
14. SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO
* Também nos EUA, país onde o jornalismo científico é melhor
desenvolvido hoje, é possível verificar grande impulsão no século
XX.
* Alva Johnston, do New York Times, ganhou o primeiro prêmio
Pulitzer de jornalismo científico pela cobertura que fez da reunião
da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS), em
1922, que teve entre outros debates, a “teoria da evolução”.
* Em 1921 foi criado, por E.W. Scripps, o Science Service – primeira
agência de notícias científica dos EUA.
15. SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO
* 1934 - Criada a Associação Nacional de Escritores de Ciência
(National Association of Science Writers - NASW), que congrega hoje
mais de 3000 escritores da área.
* 1945 – Criado o Prêmio de Jornalismo Científico da Associação
Americana para o Progresso da Ciência (AAAS).
* A AAAS é responsável por publicar a prestigiada revista semanal
Science (fundada pelo cientista Thomas Edison em 1880) e possui
um serviço digital de divulgação de notícias sobre a área científica,
o EurekAlert.
* 1965 – Criada a Associação Internacional de Escritores de Ciência
(ISWA)
16. SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO
•CONTUDO, tanto a comunidade científica como os jornalistas americanos,
desde o século XIX até o século XX, voltaram seus esforços para a
divulgação científica usando a filosofia funcionalista: a Ciência a favor do
Estado. Estimulavam a sociedade a valorizar a Ciência em prol do Estado
americano. Uma visão um tanto quanto acrítica.
* Essa visão permitiu, por exemplo, o avanço do programa espacial
americano nas décadas de 60 e 70, principal mote tecnológico do período
da Guerra Fria.
* A fase do questionamento e de um posicionamento mais crítico só
começa em 1987, com a explosão do ônibus espacial Challenger. Os
jornalistas científicos começaram a debater por que com tantos indícios
não conseguiram prever o acidente.
17. SURGIMENTO DO J. CIENTÍFICO
* Na década de 90, com os longos debates sobre as mudanças
climáticas globais, a biotecnologia e a enorme possibilidade de
acesso a diferentes fontes, o jornalismo científico norte-
americano ficou mais crítico e menos ufanista.
•O jornalismo científico, não só nos EUA como no mundo,
começou a dar grande importância à questão ambiental.
Eventos como a ECO-92 (Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento), realizada entre 3 e 14 de
junho de 1992, no Rio de Janeiro, começaram a ter grande
destaque na cobertura científica, com enfoque de que os danos
ao meio ambiente são majoritariamente causados pelos países
desenvolvidos.
18. PIONEIROS
•EUCLIDES DA CUNHA, especialmente com
Os Sertões (1897).
- No livro Euclides faz profunda reflexão
sobre a influência do meio ambiente na
formação do homem brasileiro e discute
com primor a vegetação e as variações
climáticas da região de Canudos.
19. PIONEIROS
•JOSÉ REIS – médico, pesquisador, educador e jornalista,
considerado o patrono do jornalismo científico brasileiro,
em função de diversos feitos:
-Escreveu coluna na Folha de S.Paulo de 1947 (grupo Folha
da Manhã) até o fim da sua vida em 2002;
- Foi o fundador da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência, criada em 1948, como já dissemos.
-Fundou em 1977 a Associação Brasileira de Jornalismo
Científico (ABJC).
-Para reconhecer esse pioneiro, em 1979 o CNPq criou o
Prêmio José Reis de Divulgação Científica, destinado
àqueles que tenham contribuído significativamente para tornar
a Ciência, a Tecnologia e a pesquisa conhecidas do público
leigo.
20. J. CIENTÍFICO - BRASIL
* Enquanto na Europa e nos EUA o século XVIII foi marcado por grande
efervescência científica, no Brasil até 1808 não existia nada, graças à censura
promovida pela Coroa portuguesa.
* Mesmo após a vinda da família Real, a leitura e os estudos eram privilégio dos
filhos na nobreza, que podiam se dar ao luxo de estudar na Europa. Escolas de
nível superior só surgiram no Brasil na segunda metade do século XIX e as
primeiras universidades na década de 1930.
* A pesquisa científica brasileira só começa a mostrar alguma força a partir do
final do século XIX, quando a comunidade científica começa a se organizar.
21. J. CIENTÍFICO - BRASIL
-Nas últimas décadas do século XIX surgem os
primeiros periódicos brasileiros que cobriam
Ciência e Tecnologia: Revista Braziliense (1857);
Revista do Rio de Janeiro (1876); Revista
Observatório (1886).
- Maior crescimento a partir da década de 20, com
muitas iniciativas em divulgação e jornalismo
científico, em especial no Rio de Janeiro.
22. J. CIENTÍFICO - BRASIL
-Seu impulso mesmo só ocorre a partir da década 1940 (após o fim da
ditadura Vargas), quando a Ciência entra para a agenda do governo e da
sociedade.
- O término da II Guerra também acelera a pesquisa científica por aqui.
- Em 1948, foi criada a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC), entidade que hoje congrega todas as sociedades científicas do país.
- Em 1951, foi criado o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), que até hoje
é um dos principais órgãos a regulamentar e fomentar a pesquisa científica
nacional. Apesar de suas origens estarem ligadas à ideologia de “segurança
nacional” defendida por militares e burocratas do aparelho estatal desde
1940, foi essencial para o crescimento da pesquisa científica no país.
23. J. CIENTÍFICO - BRASIL
-É preciso destacar que o regime militar, apesar de todo o mal que causou
ao país, deu grande impulso ao desenvolvimento científico e tecnológico,
ainda que tenha usado a C& T apenas a seu favor. A Tecnologia e a Ciência
eram vistas como prioridades, como instrumentos para levar o país a ser
soberano e independente. Muitos investimentos na área. As entidades de
pesquisa governamental tinham projetos definidos e verbas alocadas.
- Por outro lado, o jornalismo científico ficou prejudicado nesse período.
Seguia à risca a batuta dos censores, divulgando com ufanismo os
grandiosos projetos da época (Transamazônica, grandes hidrelétricas,
programa nuclear e programa espacial).
24. J. CIENTÍFICO - BRASIL
-Da década de 80 até a atualidade, a divulgação e o jornalismo científico no
Brasil cresceram significativamente. Surgem novas revistas como Ciência
Hoje, da SBPC.
-Em 1990, a editora Globo lançou a Revista Globo Ciência e no mesmo ano a
Abril lançou Superinteressante.
-Além disso surgiram programas na tevê como Globo Ciência (Globo).
- o CNPq reeditou a Revista Brasileira de Tecnologia (RBT), criada nos anos 60,
que passou a ser feita por jornalistas.
- Em 1985, foi criado o Ministério da Ciência e Tecnologia, refletindo a
importância que o tema ganhou no país.
25. J. CIENTÍFICO - BRASIL
-Grandes eventos de repercussão internacional influenciaram esse
boom, como a passagem do cometa Halley (1986), as viagens
espaciais e a questão ambiental.
-À época da Rio-92 já era grande o número de jornais brasileiros com
editoria de Ciência e Tecnologia.
-Cresce também o número de Assessorias de Imprensa das
universidades, instituições de pesquisa e agências de fomento,
com a produção de informativos e maior divulgação de
informações sobre o que vem sendo estudado.