O documento discute a história da divulgação da ciência desde a invenção da imprensa no século 15 até o crescimento do jornalismo científico na década de 1980 no Brasil. Também aborda a diferença entre divulgação científica e jornalismo científico e os desafios enfrentados por este último, como o analfabetismo científico e a relação entre jornalistas e cientistas.
2. HISTÓRIA DA DIVULGAÇÃO DA CIÊNCIA
Há indícios de que a divulgação da ciência inicia com o
próprio advento da imprensa de Gutenberg, no século
XV. A difusão da impressão tornou disponíveis idéias e
ilustrações científicas a um maior número de pessoas,
porém essas informações ficavam restritas aos
representantes do clero, da nobreza e da burguesia
mercantil.
Desde os seus primórdios, os jornais impressos traziam
notícias científicas. Na França, 34 anos após a criação
do jornal La Gazette, de propriedade do médico
Théophraste Renaudot, surge em 1665, o Journal des
savants. Essa publicação continha relatos dos trabalhos
sobre matemática, ciência, história e letras.
3. HISTÓRIA DA DIVULGAÇÃO DA CIÊNCIA
Nos séculos XVII e XVIII vivia-se um período de
transformações. Mudanças que extrapolavam os
limites do desenvolvimento científico, atingindo
campos mais amplos, como a filosofia, a religião e
o pensamento social, moral e político. Nesse
período, a Inglaterra foi o berço da divulgação
científica devido à grande quantidade de cartas
expedidas por cientistas sobre suas ideias e novas
descobertas.
No século XIX, foram criadas as revistas American
Journal od Science (EUA, 1818), a Scientific
American (EUA, 1845), Nature (Inglaterra, 1869) e
Science (EUA, 1880).
4. HISTÓRIA DA DIVULGAÇÃO DA CIÊNCIA
No final do século XVIII e início do século XIX, com o retorno
dos brasileiros que tinham ido para a Europa frequentar
cursos superiores, começava no país uma discreta difusão
das novas concepções científicas.
SBPC, 1949; CNPq, 1951; MC&T, 1985
Na década de 1980, a divulgação e o jornalismo científico
cresceram significativamente com o surgimento de novas
revistas como Ciência Hoje (SBPC), Ciência Ilustrada (Editora
Abril). Em 1990, a Editora Globo lançou a revista Globo
Ciência e, no mesmo ano, a Editora Abril lançou a
Superinteressante. Além disso, surgiram programas de
televisão como Globo Ciência (TV Globo) e Estação Ciência
(antiga TV Manchete), e já eram freqüentes as manchetes
sobre Ciência e Tecnologia nos noticiários televisivos do dia-
a-dia.
5. JORNALISMO CIENTIFICO X DIVULGAÇÃO
CIENTIFICA
Divulgação cientifica contém o jornalismo científico.
Ela é mais ampla e é feita através de livros, de
conferências, de aulas, de artigos, etc, além de ser
produzida pelos próprios cientistas e
pesquisadores.
Para Wilson da Costa Bueno, o jornalismo
científico refere-se a “processos, estratégias,
técnicas e mecanismos para veiculação de fatos
que se situam no campo da ciência e da
tecnologia. Desempenham funções econômicas,
político-ideológicas e sócio-culturais importantes e
viabiliza-se, na prática, através de um conjunto
diversificado de gêneros jornalísticos”.
6. JORNALISMO CIENTIFICO X DIVULGAÇÃO
CIENTIFICA
Wilson Bueno vislumbra uma grande atividade designada
como difusão científica que seria subdivida em difusão para
especialistas e difusão para o público em geral.
Direcionada aos especialistas, ela passa a ser designada
como disseminação científica.
Por outro, ao ser voltado para o público, teríamos a
divulgação científica. É nessa última atividade que estaria
incluído o jornalismo científico, assim como os livros
didáticos, as aulas de ciência, os cursos de extensão para
não-especialistas, as histórias em quadrinhos, os
suplementos infantis, os folhetos de extensão rural e de
campanhas educativas, as publicações das grandes editoras,
documentários e programas de rádio e televisão.
7. LINGUAGEM DO JORNALISMO CIENTIFICO
O empenho em produzir textos endereçados ao
“leitor comum” remete os questionamentos para
uma das mais discutíveis e corriqueiras
observações sobre a prática do jornalismo
científico: é o profissional atuante nesta área
apenas um “tradutor” (esse é o termo comumente
utilizado pela maior parte das análises) do discurso
científico para um vocabulário inteligível pelo
homem do povo? (Praticco, 2003).
8. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE NOTÍCIAS
1. Senso de oportunidade
2. “Timing”
3. Impacto
4. Siginificado
5. Pioneirismo
6. Interesse humano
7. Personagens célebres ou de ampla exploração na
mídia
8. Proximidade
9. Variedade e equilíbrio
10. Conflito
11. Necessidade de sobrevivência
12. Necessidades culturais
13. Necessidade do conhecimento
9. PERCALÇOS NO JORNALISMO CIENTÍFICO
1. Analfabetismo cientifico
2. Interesses de empresas e dos institutos de
pesquisa
3. Cientistas x jornalistas
4. Questão das fontes
a) Palestras à imprensa
b) Comunicado a imprensa
c) Congressos científicos
d) Resumos
e) Press-releases
10. ASPECTOS ÉTICOS DO JC (PARA BURKETT)
1. conflito de interesses: aceitar qualquer tipo de privilégio ou presente para
realizar uma matéria.
2. ganho financeiro pessoal: geralmente é proibido que um jornalista noticie fatos
de uma companhia com a qual ele mantenha vínculos mais próximos, como por
exemplo, sendo acionista.
3. ética das publicações: os canais de comunicação de massa não devem
anunciar, junto às notícias científicas, produtos diretamente envolvidos com as
matérias e nem mesmo aqueles que oferecem facilidades para a obtenção do
saber científico.
4. contar o que se sabe: cabe ao jornalista relatar ao público tudo que sabe e
acredita que seja de importância, quer conflitos existentes no interior da própria
comunidade científica, quer assunto que um pesquisador já comprovou a
veracidade, mas que é mal visto pelos seus pares.
5. ética nas escolhas: um jornalista, inevitavelmente, coloca sua opinião nos seus
textos, por mais que ele queira se omitir em nome de uma pretensa
objetividade.