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O Texto Jornalístico
Classificação dos jornais
Quanto à sua finalidade em:

- Especializados (estes jornais são direccionados para áreas muito específicas e podem
ter uma abordagem cultural, técnica ou desportiva).
- Informativos (estes jornais têm como objectivo informar o público acerca de notícias
de interesse geral).
- Formativos (estes jornais pretendem transmitir notícias de carácter científico).

Quanto à sua periodicidade em:

- Diário: matutino (distribuído de manhã - é a periodicidade mais comum em Portugal);
vespertino (distribuído de tarde).
- Não diário: semanário (distribuído uma vez por semana); quinzenário (distribuído de
quinze em quinze dias); mensal (distribuído uma vez por mês).


al
A Primeira página
A primeira página de um jornal deve ser:
• original e apelativa.
• insere a notícia vedeta, aquela que é o rosto do jornal. A escolha desta notícia depende da
orientação política, ideológica ou comercial do jornal.
• são apresentados os temas de maior destaque do jornal, através de títulos, excertos de notícias ou
breves sumários dos assuntos mais importantes, acompanhados da indicação da página onde a
respectiva notícia é desenvolvida.
• Relativamente aos títulos da primeira página, a sua função é a de captar a atenção do leitor e
informar acerca do conteúdo das notícias. Deste modo, para além de informativos, devem ser
atraentes e originais.
• Em termos gráficos, os títulos têm um impacto visual muito importante na página, devido ao corpo
e tipo de letra usado.
• Há ainda a considerar o impacto gráfico que as fotos têm na primeira página, já que contribuem
para definir a fisionomia do jornal. Estas apresentam-se em cores e tamanhos diversificados e
ilustram as notícias a desenvolver.
• Por fim, é de salientar a importância do cabeçalho onde constam informações relativas à
periodicidade do jornal, ao ano de fundação, ao número de edição, ao preço, à tiragem e direcção do
jornal.
Trabalho de recolha:
Recolhe de jornais:
    . Uma notícia que te revolte;
    . Uma notícia que destaques pela sua importância;
    . Uma notícia que seja engraçada;
Cola as notícias recolhidas numa folha A4 branca e inclui a sua origem
                                     ( por exemplo: in, Diário de Notícias, 23/09/2011)

Prepara a apresentação oral da tua recolha e respectiva justificação para a escolha
Os géneros jornalísticos
    informação                                                                  Opinião

- Textos que procuram a informação           -privilegiam a opinião e o comentário como traços
- Utilizam uma linguagem mais                preponderantes
objectiva e factual.                         - recorrem a uma linguagem mais subjectiva e
- Estes textos procuram o relato de          valorativa.
factos actuais através:                      -Estes textos incidem sobre a realidade quotidiana,
 . do uso da função informativa da           comentando-a e perspectivando-a criticamente,
linguagem                                    usando:
 . Utilizar os nomes e os verbos em            . as funções informativa e emotiva da linguagem
detrimento dos adjectivos valorativos,         . a 1.ª pessoa gramatical, já que veicula uma opinião
de forma a ser mais claro e objectivo        daquele que escreve.
 . do relato na 3.ª pessoa gramatical.
                                             Exemplos destes textos jornalísticos são:
Exemplos deste tipo de texto são:                       a crónica, o texto de opinião e a crítica.
   a notícia e a reportagem


A entrevista:
- género jornalístico que tanto pode privilegiar a informação como a opinião
- depende das características do entrevistado e do objectivo da entrevista.
- A entrevista utiliza o código oral e sequência pergunta/resposta.
O estilo e os géneros
                 jornalísticos

Apesar de evidentes diferenças, todos estes géneros jornalísticos devem
apresentar características comuns:

                     a preocupação com a simplicidade,
                                 a clareza,
                                a exactidão
                              a actualidade.
Os títulos
Os grandes objectivos dos títulos dos géneros jornalísticos são:
captar a atenção do leitor e informar.

Como tal, o título deve ser:

•   interessante, atractivo, original, inédito,
•   deve ser curto;
•   utilizar nomes em detrimento de outras classes de palavras;
•   usar frases interrogativas;
•   possuir jogos de palavras;
•   ter recursos expressivos;




Ver página 28 - manual
A Notícia
  • A notícia é uma narrativa curta (refere o fundamental), de um acontecimento actual
  (24 horas) do interesse geral.
  • A notícia caracteriza-se, assim, pela:
  actualidade, objectividade, brevidade e interesse geral.

Estrutura:
Título - pode, ainda, ter antetítulo e/ou subtítulo (facultativos);

Lead - é o primeiro parágrafo da notícia que contém a informação mais
importante, respondendo às questões: Quem? 0 Quê? Onde? E Quando?

Corpo da notícia - parágrafos seguintes, constituindo o desenvolvimento da notícia
e respondendo às questões: Como? Porquê?
                - podem incluir-se breves testemunhos
Lê esta notícia e atenta nas anotações.



«Sophia relembrada com o coração» é o título de uma conferência que Alberto Vaz da Silva
   nnn




proferirá terça-feira no Centro Nacional de Cultura, em Lisboa, para assinalar os três anos da
morte da poetisa.
«Conheci-a por volta dos anos 50», disse à Lusa Vaz da Silva, antecipando que a sua
conferência para evocar Sophia será «muito intimista» e baseada em memórias pessoais.
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto a 6 de Novembro de 1919 e passou a
infância nesta cidade e em Lisboa.
Os anos da juventude da poetisa, os tempos da resistência ao salazarismo e a sua paixão pela
Grécia serão alguns aspectos abordados na conferência do Centro Nacional de Cultura, onde
Alberto Vaz da Silva vai falar de uma viagem que fez com a escritora, com a mulher (Helena
Vaz da Silva) e outros amigos à Sicília, em 1990. O investigador promete também fazer uma
espécie de balanço «sobre o lugar gigantesco que a poesia de Sophia tem na cultura
portuguesa». Sophia de Mello Breyner Andresen morreu em Lisboa a 2 de Julho de 2004.


                                                           in, Diário de Notícias, 1 Julho 2004


   Cria um título apelativo para esta notícia.
A Reportagem
 A reportagem é
 • um conteúdo jornalístico, escrito ou falado, baseado no testemunho directo dos fatos e
 situações explicadas numa perspectiva actual, em histórias vividas por pessoas,
 relacionadas com o seu contexto.

• A reportagem televisiva, testemunho de acções espontâneas, relata histórias em palavras,
imagens e sons. A reportagem costuma ser acompanhada de fotografias.

• O repórter pode valer-se também de fontes secundárias (documentos, livros,
relatórios, etc.) ou servir-se de material enviado por órgãos especializados como as
agências de notícias e as assessorias de imprensa).

 • Uma reportagem é uma notícia mais aprofundada, que pode conter opiniões de
 terceiros.
• Normalmente, a sugestão para fazer uma reportagem parte de uma notícia cujo assunto pode ser
explorado, de acordo com as características do jornal.

• Por vezes, possui o carácter de denúncia de algo que importa corrigir: o mau estado de um hospital,
de uma escola, situações de marginalidade social ou de delinquência, de agressão ao meio ambiente,
etc.

•São imensos os assuntos possíveis e o posicionamento que pode adoptar o repórter.
 A reportagem informa sobre:
• assunto de interesse geral, actual ou não;
• "coisas vistas" (o repórter desloca-se ao local do acontecimento).


Estilo da Reportagem
• Objectividade, mas incluindo a subjectividade de outras opiniões;
• exprime por vezes comentários pessoais (podendo ser, por isso, assinada — subjectividade);
• detém-se essencialmente no como? e no porquê?;
• integra testemunhos de personagens ligadas ao assunto.
• Usa uma linguagem:
      - clara, viva, redigida em estilo directo;
      - predominância da função informativa, o que não exclui as funções emotiva e poética;
      - o discurso de 3ª pessoa com possíveis marcas do discurso de 1ª pessoa;
      - linguagem corrente, mas por vezes com alguma preocupação estilística.
Comemorou-se ontem o Dia Mundial do Não Fumador
Deixar de Fumar Compensa

Foram ontem apresentados os resultados preliminares dos resultados da campanha "Quit and Win 98", lançada pelo Instituto Nacional de Cardiologia
Preventiva (INCP) para incentivar os fumadores a largarem o vício. Um ano depois, 28 por cento dos participantes continuam sem fumar.
Os resultados do INCP, apresentados por ocasião do Dia Mundial do Não Fumador (ver mais noticiário nas páginas 24 e 25) mostram os efeitos - de
duas horas até dez anos - de deixar de fumar. Logo duas horas após o último cigarro, a nicotina começa a deixar o corpo. É aqui que começam os
sintomas de abstinência. Quatro horas mais tarde e frequência cardíaca e pressão arterial começam a diminuir, apesar de poderem levar cerca de seis
semanas a atingir os níveis normais.
Doze horas após a última baforada, o monóxido de carbono começa a sair do sistema e os pulmões começam a funcionar melhor, fazendo com que as
faltas de ar se tornem menos frequentes e agudas.
Dois dias mais tarde, o ex-fumador começará a sentir melhor o gosto e o cheiro das coisas, e entre duas a 12 semanas, andará e correrá mais
facilmente, já que houve uma melhora na circulação sanguínea. De três a nove meses as melhoras no sistema respiratório são ainda maiores: a
capacidade pulmonar aumenta cerca de 10 por cento.
Os grandes riscos como o de ataque cardíaco ou cancro do pulmão diminuem mesmo depois de anos de abstinência. Cinco anos depois de se deixar de
fumar, o risco de ataque cardíaco é duas vezes menor do que num fumador, e em dez desce mesmo para níveis idênticos aos de uma pessoa que nunca
fumou. Nesta altura, o risco de cancro do pulmão diminui, passando a ser metade do de um fumador.
Os substitutos da nicotina em Portugal
Os substitutos de nicotina, em forma de pensos e pastilhas, são de venda livre em Portugal. No entanto, um parecer da Comissão Técnica de
Medicamentos (CTM) do Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) aconselha a que estes comecem a ser dispensados apenas com
receita médica.
É que a nicotina é uma droga que tem "grande responsabilidade na génese de sérias doenças cardiovasculares e participação nalgumas respiratórias",
diz o parecer. Além disso, numa dose de 30 a 60 miligramas "produz a morte em alguns minutos, por paragem respiratória".
"Só porque induzem habituação, todas as substâncias medicamentosas consideradas droga são objecto não só de uma receita médica, mas de uma
receita médica especial", lembra o documento. Por isso a nicotina "é o protótipo de fármaco que deverá ser utilizada exclusivamente com prescrição
médica e como parte integrante de programas de desintoxicação estruturados", conclui o parecer. O Infarmed só deverá tomar uma decisão depois de
uma discussão mais alargada, que deverá incluir também a Direcção-Geral da Saúde.
No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem uma posição oposta à do parecer da comissão técnica do Infarmed. No seu relatório para
1999, a OMS propõe uma acção global concertada de luta contra o tabaco que incluía, entre outras medidas, o "melhor acesso a substitutos como os
pensos de nicotina".
O Infarmed afirma que mesmo com a prescrição obrigatória a acessibilidade não fica diminuída, até porque assim poderia eventualmente abrir-se a
porta à comparticipação dos substitutos. No entanto, para isso, tinha de ser feita a relação custo/benefício destes medicamentos.
Curiosamente, a OMS tinha proposto recentemente que o tabaco, esse sim, é que devia ser vendido nas farmácias e só com receita médica - os
argumentos eram sensivelmente os mesmos que são agora invocados para a obrigatoriamente de receita dos substitutos: o tabaco provoca habituação
e pode causar até a morte.
De qualquer maneira, os substitutos de nicotina estão contra indicados em pessoas que tenham tido acidentes cardiovasculares, arritmias cardíacas ou
anginas de peito, úlceras pépticas, insuficiência renal ou hepática, diabetes e mulheres grávidas.
                                                                                         Maria João Guimarães (O Público 18/11/99)
O texto de opinião / crónica
O texto de opinião é uma exposição que exprime os pontos de vista pessoais de alguém sobre
determinado assunto.
Apesar de não possuir uma estrutura rígida e fixa, podemos considerar alguns momentos chave no
desenvolvimento de um texto de opinião:

Estrutura:
Título - Muitas vezes antecipa a opinião do autor ou o assunto que está a ser considerado.
Introdução - Identificação do assunto/tema, algumas vezes sob a forma de pergunta.
Mostra-se a actualidade/ pertinência de pensar sobre o assunto.
Desenvolvimento:
- Análise do tema
- Apresentação de informação pertinente sobre o assunto: factos, dados, informações…
- Tomada de posição: o autor apresenta os seus pontos de vista e afirma claramente a sua
opinião. Tomar posição é não ser neutro face a uma realidade, mas estar a favor ou
contra alguma coisa.
- Argumentação: conjunto de razões apresentadas pelo autor para sustentar a sua
posição pessoal e atingir o seu objectivo.
- contra-argumentação: conjunto de razões que rebatem opiniões contrárias.
Conclusão - No fim do seu trabalho, o autor resume a sua argumentação e demonstra de
que forma esta justifica a sua tomada de posição. Não deve acrescentar ideias novas.
Linguagem e Estilo
• A opinião tem na polissemia um poderoso aliado, pois procura sempre apresentar uma visão
crítica, tentando induzir o receptor e levá-lo a compartilhar das suas posições.

• Os recursos expressivos são variados, mas a comparação, a metáfora, a imagem, a hipérbole e a
ironia são os mais comuns.
A ironia é uma marca de subjectividade presente muitas vezes neste tipo de texto.

• Enquanto a notícia dá a informação, a interpretação explica os factos e as razões, a
opinião adianta juízos de valor.

• A opinião tem por finalidade informar e influenciar, nomeadamente a nível político
ou ideológico. Os opinion makers utilizam os dados da realidade para, a partir deles,
convencer.
literatura de casa de banho

A tão negligenciada literatura de casa de banho acaba de obter o significativo patrocínio do Estado. O recente panfleto que a Direcção-Geral de
Saúde espalhou por todas as casas de banho públicas do País é, antes de tudo, inquietante - como toda a boa literatura deve ser. Intitulado "Como
lavar as mãos?", o texto começa por ser magistral no modo como manipula a arrogância do leitor para, em primeiro lugar, provocar o riso. Um riso
que depressa se torna amargo: em poucos segundos, o mesmo leitor que intimamente escarneceu da intenção de quem se propunha ensinar-lhe
insignificâncias é tomado pelo assombro de verificar que nunca, em toda a vida, teve as mãos verdadeiramente lavadas. O panfleto apresenta um
plano de lavagem das mãos em 12 (doze) passos, incluindo manobras de esterilização com as quais o cidadão médio jamais terá sonhado. Não haja
dúvidas: estamos perante um compêndio da higiene manual e digital, uma bíblia da desinfecção do carpo e metacarpo. Este detalhado e rigoroso
guia não deixa nem uma falangeta por purificar. Mas - e isto é que é terrível -, ao mesmo tempo que o faz, esfrega-nos na cara a nossa imundície
passada e presente.
Ao primeiro passo da boa lavagem de mãos é atribuído, misteriosamente, o número zero: "Molhe as mãos com água." Trata-se, é claro, de um
momento propedêutico em relação à lavagem propriamente dita, mas não deixa de ser surpreendente que a Direcção-Geral de Saúde não lhe
reconheça dignidade suficiente para lhe atribuir um número natural. O passo número um vem então a ser o seguinte: "Aplique sabão para cobrir
todas as superfícies das mãos." É aqui que começa a vergonha. Quem sempre ensaboou não deixará de sentir a humilhação de nunca ter aplicado
sabão. A instrução encontra na linguística um cruel elemento diferenciador do grau de asseio: quem sabe lavar-se aplica sabão; os porcos ensaboam-
se. Porcos esses que, como é óbvio, olham pela primeira vez para as mãos como extremidades dotadas de uma pluralidade de superfícies.
No passo número dois ("Esfregue as palmas das mãos, uma na outra", recomendação acompanhada de um desenho em que duas mãos se esfregam
em movimentos circulares contrários ao movimento dos ponteiros do relógio), quem sempre esfregou no sentido inverso, como é o meu caso, sente
que desperdiçou uma vida inteira de higiene pessoal. Os passos seguintes fazem o mesmo, embora em menor grau: em terceiro lugar há que
"esfregar a palma da mão direita no dorso da esquerda, com os dedos entrelaçados, e vice-versa"; o quarto passo apela a que se esfregue "palma
com palma com os dedos entrelaçados"; e o quinto passo aconselha uma fricção da "parte de trás dos dedos nas palmas opostas com os dedos
entrelaçados". Bem ou mal, com os dedos mais ou menos entrelaçados, estes passos descrevem esfregas que estão ao alcance da imaginação de
qualquer pessoa. A partir daqui, o caso piora de novo. O passo seis determina que se "esfregue o polegar esquerdo em sentido rotativo, entrelaçado
na palma direita e vice-versa", em movimentos semelhantes aos que se fazem quando se acelera numa motorizada, e o passo sete recomenda que
se "esfregue rotativamente para trás e para a frente os dedos da mão direita na palma da mão esquerda e vice-versa". O cuidado posto nestes
preceitos amesquinha quem até aqui se limitava a esfregar as mãos uma na outra, descurando, por exemplo, o papel que os dedos devem
desempenhar, e logo rotativamente, na higiene.
Enxaguar as mãos é o passo oito. Secar as mãos com toalhete descartável, o passo nove. Mas o passo dez volta a revelar que o processo é complexo:
"Utilize o toalhete para fechar a torneira, se esta for de comando manual." A torneira deve, por isso, continuar a correr durante todo o passo nove,
provavelmente para prevenir eventuais emergências de enxaguamento, sendo fechada apenas no passo dez. O décimo primeiro passo é o mais
interessante: "Agora as suas mãos estão limpas e seguras." A contemplação da limpeza e segurança das mãos constitui, portanto, um passo
autónomo neste processo de lavagem manual. No fim da lavagem, falta apenas, com as mãos impecavelmente limpas (e seguras), sair da casa de
banho abrindo a porta em que toda a gente mexeu. E, creio, voltar atrás para repetir o processo.

Ricardo Araújo Pereira, Visão
Mais vasta e perniciosa do que a pandemia de gripe A, talvez só a pandemia de informações acerca da gripe A.
Julgo que Esopo escreveu a fábula Pedro e o Lobo apenas porque, na Antiguidade, não havia jornais. Se
houvesse, estou certo de que teria optado por escrever a fábula O jornalista e a pandemia.
Que me lembre, esta é a terceira pandemia que o mundo enfrenta com sucesso no espaço de 10 anos. Primeiro,
a doença das vacas loucas ia dizimar dois terços da humanidade, e a imprensa publicou artigos que ensinavam a
distinguir um bife infectado de um bife escorreito, entrevistas a cientistas, criadores de gado e homens do talho,
e reportagens sobre ministros que comiam miolos. Depois, a gripe das aves ia matar mais do que a peste negra.
Vários pombos faleceram e algumas gaivotas ficaram estropiadas para sempre, mas a pandemia acabou por
nunca se verificar. Neste momento, vivemos a pandemia da gripe suína. Já foi dito que a gripe A é menos
perigosa e letal do que a gripe vulgar, mas até agora isso não impediu nenhum jornalista de ir para a porta do
hospital contar toda a gente que entra nas urgências a espirrar. Se, de facto, estamos perante uma versão mais
fraca mas igualmente contagiosa da gripe normal, os jornalistas terão muito trabalho para acompanhar todos os
casos, como parece ter sido a intenção até aqui. Todos os estágios da gripe A terão de ser relatados, e portanto
não bastará comunicar ao país que se registaram 20 novos casos. Será necessário informar que os 73 casos
registados no distrito de Setúbal já estão a canja de galinha, ao passo que os 92 casos do distrito de Beja ainda se
assoam com uma regularidade apreciável (12 vezes por hora).
É certo que será urgente descobrir um tratamento eficaz para todas estas doenças, mas não é menos urgente
encontrar melhores nomes para elas. Vacas loucas, gripe das aves e gripe dos porcos, por muito que sejam
depois rebaptizadas mais dignamente com as aborrecidas (e, logo, mais honradas) designações BSE, H5N1 e
H1N1, têm problemas de credibilidade inultrapassáveis. É difícil temer doenças que atacam a bicharada com
resfriados e loucura. Qualquer dia aparece o pé de atleta dos texugos, ou o herpes labial da mosca, esses sim
verdadeiramente mortíferos e pandémicos - e ninguém acredita.
Acaba por ser inquietante registar que os animais andam, pelos vistos, a conspirar para gerar pandemias. Nos
filmes, quem procura devastar o planeta com vírus novos são cientistas loucos. Na realidade, são vacas loucas. E
porcos constipados. Felizmente, até agora, a bicharada tem evidenciado menos talento para dizimar do que para
vender jornais.

Ricardo Araújo Pereira, Visão
O texto de opinião / crítica
O texto crítico exprime as opiniões (favoráveis ou desfavoráveis) de quem escreve a
propósito de determinado facto ou de determinada produção.
O texto crítico é subjectivo e pessoal, por isso predomina a 1.ª pessoa (marca gramatical
da presença do autor).

A crítica espelha de forma muito clara a opinião do seu autor, este pode utilizar as
seguintes fórmulas para expressar a sua opinião:
- Creio que...
- Na minha opinião...
- No meu ponto de vista...
- Na minha perspectiva...
- Considero que...
- Diria que...
Linguagem e estilo
-Utilização de frases predominantemente declarativas e exclamativas.
- Selecção de um título sugestivo.
- Uso de figuras de estilo que estejam de acordo com as intenções da crítica (hipérbole,
metáfora, comparação, ironia, etc.).
- Linguagem e estilo muito próximos do texto de opinião. Pode, no entanto, ser menos
extenso.

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Texto jornalístico

  • 2. Classificação dos jornais Quanto à sua finalidade em: - Especializados (estes jornais são direccionados para áreas muito específicas e podem ter uma abordagem cultural, técnica ou desportiva). - Informativos (estes jornais têm como objectivo informar o público acerca de notícias de interesse geral). - Formativos (estes jornais pretendem transmitir notícias de carácter científico). Quanto à sua periodicidade em: - Diário: matutino (distribuído de manhã - é a periodicidade mais comum em Portugal); vespertino (distribuído de tarde). - Não diário: semanário (distribuído uma vez por semana); quinzenário (distribuído de quinze em quinze dias); mensal (distribuído uma vez por mês). al
  • 3. A Primeira página A primeira página de um jornal deve ser: • original e apelativa. • insere a notícia vedeta, aquela que é o rosto do jornal. A escolha desta notícia depende da orientação política, ideológica ou comercial do jornal. • são apresentados os temas de maior destaque do jornal, através de títulos, excertos de notícias ou breves sumários dos assuntos mais importantes, acompanhados da indicação da página onde a respectiva notícia é desenvolvida. • Relativamente aos títulos da primeira página, a sua função é a de captar a atenção do leitor e informar acerca do conteúdo das notícias. Deste modo, para além de informativos, devem ser atraentes e originais. • Em termos gráficos, os títulos têm um impacto visual muito importante na página, devido ao corpo e tipo de letra usado. • Há ainda a considerar o impacto gráfico que as fotos têm na primeira página, já que contribuem para definir a fisionomia do jornal. Estas apresentam-se em cores e tamanhos diversificados e ilustram as notícias a desenvolver. • Por fim, é de salientar a importância do cabeçalho onde constam informações relativas à periodicidade do jornal, ao ano de fundação, ao número de edição, ao preço, à tiragem e direcção do jornal.
  • 4. Trabalho de recolha: Recolhe de jornais: . Uma notícia que te revolte; . Uma notícia que destaques pela sua importância; . Uma notícia que seja engraçada; Cola as notícias recolhidas numa folha A4 branca e inclui a sua origem ( por exemplo: in, Diário de Notícias, 23/09/2011) Prepara a apresentação oral da tua recolha e respectiva justificação para a escolha
  • 5. Os géneros jornalísticos informação Opinião - Textos que procuram a informação -privilegiam a opinião e o comentário como traços - Utilizam uma linguagem mais preponderantes objectiva e factual. - recorrem a uma linguagem mais subjectiva e - Estes textos procuram o relato de valorativa. factos actuais através: -Estes textos incidem sobre a realidade quotidiana, . do uso da função informativa da comentando-a e perspectivando-a criticamente, linguagem usando: . Utilizar os nomes e os verbos em . as funções informativa e emotiva da linguagem detrimento dos adjectivos valorativos, . a 1.ª pessoa gramatical, já que veicula uma opinião de forma a ser mais claro e objectivo daquele que escreve. . do relato na 3.ª pessoa gramatical. Exemplos destes textos jornalísticos são: Exemplos deste tipo de texto são: a crónica, o texto de opinião e a crítica. a notícia e a reportagem A entrevista: - género jornalístico que tanto pode privilegiar a informação como a opinião - depende das características do entrevistado e do objectivo da entrevista. - A entrevista utiliza o código oral e sequência pergunta/resposta.
  • 6. O estilo e os géneros jornalísticos Apesar de evidentes diferenças, todos estes géneros jornalísticos devem apresentar características comuns: a preocupação com a simplicidade, a clareza, a exactidão a actualidade.
  • 7. Os títulos Os grandes objectivos dos títulos dos géneros jornalísticos são: captar a atenção do leitor e informar. Como tal, o título deve ser: • interessante, atractivo, original, inédito, • deve ser curto; • utilizar nomes em detrimento de outras classes de palavras; • usar frases interrogativas; • possuir jogos de palavras; • ter recursos expressivos; Ver página 28 - manual
  • 8. A Notícia • A notícia é uma narrativa curta (refere o fundamental), de um acontecimento actual (24 horas) do interesse geral. • A notícia caracteriza-se, assim, pela: actualidade, objectividade, brevidade e interesse geral. Estrutura: Título - pode, ainda, ter antetítulo e/ou subtítulo (facultativos); Lead - é o primeiro parágrafo da notícia que contém a informação mais importante, respondendo às questões: Quem? 0 Quê? Onde? E Quando? Corpo da notícia - parágrafos seguintes, constituindo o desenvolvimento da notícia e respondendo às questões: Como? Porquê? - podem incluir-se breves testemunhos
  • 9. Lê esta notícia e atenta nas anotações. «Sophia relembrada com o coração» é o título de uma conferência que Alberto Vaz da Silva nnn proferirá terça-feira no Centro Nacional de Cultura, em Lisboa, para assinalar os três anos da morte da poetisa. «Conheci-a por volta dos anos 50», disse à Lusa Vaz da Silva, antecipando que a sua conferência para evocar Sophia será «muito intimista» e baseada em memórias pessoais. Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto a 6 de Novembro de 1919 e passou a infância nesta cidade e em Lisboa. Os anos da juventude da poetisa, os tempos da resistência ao salazarismo e a sua paixão pela Grécia serão alguns aspectos abordados na conferência do Centro Nacional de Cultura, onde Alberto Vaz da Silva vai falar de uma viagem que fez com a escritora, com a mulher (Helena Vaz da Silva) e outros amigos à Sicília, em 1990. O investigador promete também fazer uma espécie de balanço «sobre o lugar gigantesco que a poesia de Sophia tem na cultura portuguesa». Sophia de Mello Breyner Andresen morreu em Lisboa a 2 de Julho de 2004. in, Diário de Notícias, 1 Julho 2004 Cria um título apelativo para esta notícia.
  • 10. A Reportagem A reportagem é • um conteúdo jornalístico, escrito ou falado, baseado no testemunho directo dos fatos e situações explicadas numa perspectiva actual, em histórias vividas por pessoas, relacionadas com o seu contexto. • A reportagem televisiva, testemunho de acções espontâneas, relata histórias em palavras, imagens e sons. A reportagem costuma ser acompanhada de fotografias. • O repórter pode valer-se também de fontes secundárias (documentos, livros, relatórios, etc.) ou servir-se de material enviado por órgãos especializados como as agências de notícias e as assessorias de imprensa). • Uma reportagem é uma notícia mais aprofundada, que pode conter opiniões de terceiros.
  • 11. • Normalmente, a sugestão para fazer uma reportagem parte de uma notícia cujo assunto pode ser explorado, de acordo com as características do jornal. • Por vezes, possui o carácter de denúncia de algo que importa corrigir: o mau estado de um hospital, de uma escola, situações de marginalidade social ou de delinquência, de agressão ao meio ambiente, etc. •São imensos os assuntos possíveis e o posicionamento que pode adoptar o repórter. A reportagem informa sobre: • assunto de interesse geral, actual ou não; • "coisas vistas" (o repórter desloca-se ao local do acontecimento). Estilo da Reportagem • Objectividade, mas incluindo a subjectividade de outras opiniões; • exprime por vezes comentários pessoais (podendo ser, por isso, assinada — subjectividade); • detém-se essencialmente no como? e no porquê?; • integra testemunhos de personagens ligadas ao assunto. • Usa uma linguagem: - clara, viva, redigida em estilo directo; - predominância da função informativa, o que não exclui as funções emotiva e poética; - o discurso de 3ª pessoa com possíveis marcas do discurso de 1ª pessoa; - linguagem corrente, mas por vezes com alguma preocupação estilística.
  • 12. Comemorou-se ontem o Dia Mundial do Não Fumador Deixar de Fumar Compensa Foram ontem apresentados os resultados preliminares dos resultados da campanha "Quit and Win 98", lançada pelo Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva (INCP) para incentivar os fumadores a largarem o vício. Um ano depois, 28 por cento dos participantes continuam sem fumar. Os resultados do INCP, apresentados por ocasião do Dia Mundial do Não Fumador (ver mais noticiário nas páginas 24 e 25) mostram os efeitos - de duas horas até dez anos - de deixar de fumar. Logo duas horas após o último cigarro, a nicotina começa a deixar o corpo. É aqui que começam os sintomas de abstinência. Quatro horas mais tarde e frequência cardíaca e pressão arterial começam a diminuir, apesar de poderem levar cerca de seis semanas a atingir os níveis normais. Doze horas após a última baforada, o monóxido de carbono começa a sair do sistema e os pulmões começam a funcionar melhor, fazendo com que as faltas de ar se tornem menos frequentes e agudas. Dois dias mais tarde, o ex-fumador começará a sentir melhor o gosto e o cheiro das coisas, e entre duas a 12 semanas, andará e correrá mais facilmente, já que houve uma melhora na circulação sanguínea. De três a nove meses as melhoras no sistema respiratório são ainda maiores: a capacidade pulmonar aumenta cerca de 10 por cento. Os grandes riscos como o de ataque cardíaco ou cancro do pulmão diminuem mesmo depois de anos de abstinência. Cinco anos depois de se deixar de fumar, o risco de ataque cardíaco é duas vezes menor do que num fumador, e em dez desce mesmo para níveis idênticos aos de uma pessoa que nunca fumou. Nesta altura, o risco de cancro do pulmão diminui, passando a ser metade do de um fumador. Os substitutos da nicotina em Portugal Os substitutos de nicotina, em forma de pensos e pastilhas, são de venda livre em Portugal. No entanto, um parecer da Comissão Técnica de Medicamentos (CTM) do Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) aconselha a que estes comecem a ser dispensados apenas com receita médica. É que a nicotina é uma droga que tem "grande responsabilidade na génese de sérias doenças cardiovasculares e participação nalgumas respiratórias", diz o parecer. Além disso, numa dose de 30 a 60 miligramas "produz a morte em alguns minutos, por paragem respiratória". "Só porque induzem habituação, todas as substâncias medicamentosas consideradas droga são objecto não só de uma receita médica, mas de uma receita médica especial", lembra o documento. Por isso a nicotina "é o protótipo de fármaco que deverá ser utilizada exclusivamente com prescrição médica e como parte integrante de programas de desintoxicação estruturados", conclui o parecer. O Infarmed só deverá tomar uma decisão depois de uma discussão mais alargada, que deverá incluir também a Direcção-Geral da Saúde. No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem uma posição oposta à do parecer da comissão técnica do Infarmed. No seu relatório para 1999, a OMS propõe uma acção global concertada de luta contra o tabaco que incluía, entre outras medidas, o "melhor acesso a substitutos como os pensos de nicotina". O Infarmed afirma que mesmo com a prescrição obrigatória a acessibilidade não fica diminuída, até porque assim poderia eventualmente abrir-se a porta à comparticipação dos substitutos. No entanto, para isso, tinha de ser feita a relação custo/benefício destes medicamentos. Curiosamente, a OMS tinha proposto recentemente que o tabaco, esse sim, é que devia ser vendido nas farmácias e só com receita médica - os argumentos eram sensivelmente os mesmos que são agora invocados para a obrigatoriamente de receita dos substitutos: o tabaco provoca habituação e pode causar até a morte. De qualquer maneira, os substitutos de nicotina estão contra indicados em pessoas que tenham tido acidentes cardiovasculares, arritmias cardíacas ou anginas de peito, úlceras pépticas, insuficiência renal ou hepática, diabetes e mulheres grávidas. Maria João Guimarães (O Público 18/11/99)
  • 13. O texto de opinião / crónica O texto de opinião é uma exposição que exprime os pontos de vista pessoais de alguém sobre determinado assunto. Apesar de não possuir uma estrutura rígida e fixa, podemos considerar alguns momentos chave no desenvolvimento de um texto de opinião: Estrutura: Título - Muitas vezes antecipa a opinião do autor ou o assunto que está a ser considerado. Introdução - Identificação do assunto/tema, algumas vezes sob a forma de pergunta. Mostra-se a actualidade/ pertinência de pensar sobre o assunto. Desenvolvimento: - Análise do tema - Apresentação de informação pertinente sobre o assunto: factos, dados, informações… - Tomada de posição: o autor apresenta os seus pontos de vista e afirma claramente a sua opinião. Tomar posição é não ser neutro face a uma realidade, mas estar a favor ou contra alguma coisa. - Argumentação: conjunto de razões apresentadas pelo autor para sustentar a sua posição pessoal e atingir o seu objectivo. - contra-argumentação: conjunto de razões que rebatem opiniões contrárias. Conclusão - No fim do seu trabalho, o autor resume a sua argumentação e demonstra de que forma esta justifica a sua tomada de posição. Não deve acrescentar ideias novas.
  • 14. Linguagem e Estilo • A opinião tem na polissemia um poderoso aliado, pois procura sempre apresentar uma visão crítica, tentando induzir o receptor e levá-lo a compartilhar das suas posições. • Os recursos expressivos são variados, mas a comparação, a metáfora, a imagem, a hipérbole e a ironia são os mais comuns. A ironia é uma marca de subjectividade presente muitas vezes neste tipo de texto. • Enquanto a notícia dá a informação, a interpretação explica os factos e as razões, a opinião adianta juízos de valor. • A opinião tem por finalidade informar e influenciar, nomeadamente a nível político ou ideológico. Os opinion makers utilizam os dados da realidade para, a partir deles, convencer.
  • 15. literatura de casa de banho A tão negligenciada literatura de casa de banho acaba de obter o significativo patrocínio do Estado. O recente panfleto que a Direcção-Geral de Saúde espalhou por todas as casas de banho públicas do País é, antes de tudo, inquietante - como toda a boa literatura deve ser. Intitulado "Como lavar as mãos?", o texto começa por ser magistral no modo como manipula a arrogância do leitor para, em primeiro lugar, provocar o riso. Um riso que depressa se torna amargo: em poucos segundos, o mesmo leitor que intimamente escarneceu da intenção de quem se propunha ensinar-lhe insignificâncias é tomado pelo assombro de verificar que nunca, em toda a vida, teve as mãos verdadeiramente lavadas. O panfleto apresenta um plano de lavagem das mãos em 12 (doze) passos, incluindo manobras de esterilização com as quais o cidadão médio jamais terá sonhado. Não haja dúvidas: estamos perante um compêndio da higiene manual e digital, uma bíblia da desinfecção do carpo e metacarpo. Este detalhado e rigoroso guia não deixa nem uma falangeta por purificar. Mas - e isto é que é terrível -, ao mesmo tempo que o faz, esfrega-nos na cara a nossa imundície passada e presente. Ao primeiro passo da boa lavagem de mãos é atribuído, misteriosamente, o número zero: "Molhe as mãos com água." Trata-se, é claro, de um momento propedêutico em relação à lavagem propriamente dita, mas não deixa de ser surpreendente que a Direcção-Geral de Saúde não lhe reconheça dignidade suficiente para lhe atribuir um número natural. O passo número um vem então a ser o seguinte: "Aplique sabão para cobrir todas as superfícies das mãos." É aqui que começa a vergonha. Quem sempre ensaboou não deixará de sentir a humilhação de nunca ter aplicado sabão. A instrução encontra na linguística um cruel elemento diferenciador do grau de asseio: quem sabe lavar-se aplica sabão; os porcos ensaboam- se. Porcos esses que, como é óbvio, olham pela primeira vez para as mãos como extremidades dotadas de uma pluralidade de superfícies. No passo número dois ("Esfregue as palmas das mãos, uma na outra", recomendação acompanhada de um desenho em que duas mãos se esfregam em movimentos circulares contrários ao movimento dos ponteiros do relógio), quem sempre esfregou no sentido inverso, como é o meu caso, sente que desperdiçou uma vida inteira de higiene pessoal. Os passos seguintes fazem o mesmo, embora em menor grau: em terceiro lugar há que "esfregar a palma da mão direita no dorso da esquerda, com os dedos entrelaçados, e vice-versa"; o quarto passo apela a que se esfregue "palma com palma com os dedos entrelaçados"; e o quinto passo aconselha uma fricção da "parte de trás dos dedos nas palmas opostas com os dedos entrelaçados". Bem ou mal, com os dedos mais ou menos entrelaçados, estes passos descrevem esfregas que estão ao alcance da imaginação de qualquer pessoa. A partir daqui, o caso piora de novo. O passo seis determina que se "esfregue o polegar esquerdo em sentido rotativo, entrelaçado na palma direita e vice-versa", em movimentos semelhantes aos que se fazem quando se acelera numa motorizada, e o passo sete recomenda que se "esfregue rotativamente para trás e para a frente os dedos da mão direita na palma da mão esquerda e vice-versa". O cuidado posto nestes preceitos amesquinha quem até aqui se limitava a esfregar as mãos uma na outra, descurando, por exemplo, o papel que os dedos devem desempenhar, e logo rotativamente, na higiene. Enxaguar as mãos é o passo oito. Secar as mãos com toalhete descartável, o passo nove. Mas o passo dez volta a revelar que o processo é complexo: "Utilize o toalhete para fechar a torneira, se esta for de comando manual." A torneira deve, por isso, continuar a correr durante todo o passo nove, provavelmente para prevenir eventuais emergências de enxaguamento, sendo fechada apenas no passo dez. O décimo primeiro passo é o mais interessante: "Agora as suas mãos estão limpas e seguras." A contemplação da limpeza e segurança das mãos constitui, portanto, um passo autónomo neste processo de lavagem manual. No fim da lavagem, falta apenas, com as mãos impecavelmente limpas (e seguras), sair da casa de banho abrindo a porta em que toda a gente mexeu. E, creio, voltar atrás para repetir o processo. Ricardo Araújo Pereira, Visão
  • 16.
  • 17. Mais vasta e perniciosa do que a pandemia de gripe A, talvez só a pandemia de informações acerca da gripe A. Julgo que Esopo escreveu a fábula Pedro e o Lobo apenas porque, na Antiguidade, não havia jornais. Se houvesse, estou certo de que teria optado por escrever a fábula O jornalista e a pandemia. Que me lembre, esta é a terceira pandemia que o mundo enfrenta com sucesso no espaço de 10 anos. Primeiro, a doença das vacas loucas ia dizimar dois terços da humanidade, e a imprensa publicou artigos que ensinavam a distinguir um bife infectado de um bife escorreito, entrevistas a cientistas, criadores de gado e homens do talho, e reportagens sobre ministros que comiam miolos. Depois, a gripe das aves ia matar mais do que a peste negra. Vários pombos faleceram e algumas gaivotas ficaram estropiadas para sempre, mas a pandemia acabou por nunca se verificar. Neste momento, vivemos a pandemia da gripe suína. Já foi dito que a gripe A é menos perigosa e letal do que a gripe vulgar, mas até agora isso não impediu nenhum jornalista de ir para a porta do hospital contar toda a gente que entra nas urgências a espirrar. Se, de facto, estamos perante uma versão mais fraca mas igualmente contagiosa da gripe normal, os jornalistas terão muito trabalho para acompanhar todos os casos, como parece ter sido a intenção até aqui. Todos os estágios da gripe A terão de ser relatados, e portanto não bastará comunicar ao país que se registaram 20 novos casos. Será necessário informar que os 73 casos registados no distrito de Setúbal já estão a canja de galinha, ao passo que os 92 casos do distrito de Beja ainda se assoam com uma regularidade apreciável (12 vezes por hora). É certo que será urgente descobrir um tratamento eficaz para todas estas doenças, mas não é menos urgente encontrar melhores nomes para elas. Vacas loucas, gripe das aves e gripe dos porcos, por muito que sejam depois rebaptizadas mais dignamente com as aborrecidas (e, logo, mais honradas) designações BSE, H5N1 e H1N1, têm problemas de credibilidade inultrapassáveis. É difícil temer doenças que atacam a bicharada com resfriados e loucura. Qualquer dia aparece o pé de atleta dos texugos, ou o herpes labial da mosca, esses sim verdadeiramente mortíferos e pandémicos - e ninguém acredita. Acaba por ser inquietante registar que os animais andam, pelos vistos, a conspirar para gerar pandemias. Nos filmes, quem procura devastar o planeta com vírus novos são cientistas loucos. Na realidade, são vacas loucas. E porcos constipados. Felizmente, até agora, a bicharada tem evidenciado menos talento para dizimar do que para vender jornais. Ricardo Araújo Pereira, Visão
  • 18. O texto de opinião / crítica O texto crítico exprime as opiniões (favoráveis ou desfavoráveis) de quem escreve a propósito de determinado facto ou de determinada produção. O texto crítico é subjectivo e pessoal, por isso predomina a 1.ª pessoa (marca gramatical da presença do autor). A crítica espelha de forma muito clara a opinião do seu autor, este pode utilizar as seguintes fórmulas para expressar a sua opinião: - Creio que... - Na minha opinião... - No meu ponto de vista... - Na minha perspectiva... - Considero que... - Diria que... Linguagem e estilo -Utilização de frases predominantemente declarativas e exclamativas. - Selecção de um título sugestivo. - Uso de figuras de estilo que estejam de acordo com as intenções da crítica (hipérbole, metáfora, comparação, ironia, etc.). - Linguagem e estilo muito próximos do texto de opinião. Pode, no entanto, ser menos extenso.